Moraes Moreira Carnaval Postado Em: 25/02/2017 08:00
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SecultBA - Secretaria de Cultura - Governo do Estado da Bahia - Entrevista Especial - Moraes Moreira Carnaval Postado em: 25/02/2017 08:00 "Tem que dançar a dança que a nossa dor balança o chão da praça ô u ô u ô, balança o chão da praça ô u ô u ô". Com este refrão quatro décadas atrás, o jovem Moraes Moreira surpreendeu a multidão até então acostumada com o solo da guitarra baiana. O músico foi o primeiro cantor a subir no trio elétrico e soltar a voz. Um divisor de águas para o carnaval da Bahia. Depois veio a sequência de sucessos a exemplo da música que virou o hino da folia, Chame-Gente. Em 2017, Moraes completa 70 anos de idade com muito vigor. Nesta entrevista especial relembra o passado de olho no futuro. Leia a entrevista. Amanhã será a vez de Armandinho declarar seu amor ao carnaval. Você foi o primeiro cantor a subir no Trio de Dodô e Osmar e lançar diversos sucessos, o que ficou conhecido como "frevo trieletrizado". Hits como: "Pombo Correio", "Vassourinha Elétrica" e "Bloco do Prazer", dentre outros foram imortalizados. Este título de Primeiro Cantor do Trio me foi dado por Dodô e Osmar. Acredito que ninguém poderá tirá-lo de mim. Os sucessos que vieram, confirmam tudo. São verdadeiras crônicas sobre o universo fantástico que envolve Dodô e Osmar e toda a família, pioneiros de um maravilhoso invento. Logo após a minha saída dos NOVOS BAIANOS, a cabeça fervilhava, alimentando várias ideias, entre elas a de fazer um trabalho com a música carnavalesca. Uma música que marcasse a vida das pessoas, assim como fizeram os Mestres Braguinha, Lamartine Babo, Zé Keti e tantos outros, sem esquecer aqui os clássicos frevos pernambucanos, que formavam o repertório inicial do Trio. Nas asas de um Pombo Correio decolei para a carreira solo. São 50 anos do Tropicalismo, de certa forma você fez parte disso. Conheceu Tom Zé quando se mudou para Salvador e daí começaram uma amizade. Como você vê a influência do movimento hoje, na cultura e em seus trabalhos? O Tropicalismo foi uma grande inspiração. Daquela hora em diante tivemos certeza da nossa escolha pela música. Arte era o nosso caminho. Seguimos com coragem, tendo como referência Caetano, Gil Gal, Tom Zé. Conheci Tom Zé nos Seminários de Música da Bahia. Com muita timidez me aproximei dele, e me tornei seu aluno no curso de violão. Ele me motivava. Ao escutar minhas primeiras canções reconheceu meu talento, me incentivou a continuar criando. Foi ele quem me apresentou Luiz Galvão, poeta de Juazeiro, pois acreditava que juntos poderíamos fazer um belo trabalho. Foi o que aconteceu. Em pouco mais de um mês, já morando juntos compusemos mais de dez canções. Assim surgiu os Novos Baianos, que recebeu o reforço com a chegada de Paulinho e Baby. http://www.cultura.ba.gov.br 30/9/2021 13:51:18 - 1 Já são 40 discos gravados, entre Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar e ainda dois discos em parceria com Pepeu Gomes. Sua marca está na versatilidade ao misturar ritmos como frevo, baião, rock, samba, choro e até mesmo música erudita. O que pensa desse novo cenário musical baiano? A Bahia é uma fonte inesgotável de talentos. Acho que no momento passa por uma necessária reflexão. Precisamos pensar mais na qualidade, que na quantidade. Quanto aos discos que gravei, fico feliz, pois na sua grande maioria continuam preservados no coração e na alma das pessoas. Como fazer para repetir a façanha de ter um disco (álbum Acabou Chorare, em 1972) considerado um dos 100 melhores álbuns da história da música brasileira? O Acabou Chorare será uma eterna referência para nós. Costumo dizer que é a nossa Bíblia, para onde sempre voltamos para consultar e dirimir qualquer dúvida. Pra mim é um desafio, um risco que gosto de correr, a cada novo trabalho chegar pelo menos perto. Salvador foi considerada a cidade da música pela UNESCO e você tem uma contribuição neste título. Você concorda? Fico feliz por ter trabalhado, fazendo coisas que enriquecem a nossa cultura popular, acho sim que faço parte desse legado. Você tem vários shows acontecendo nessa época. Qual a sensação de ano após ano tocar no carnaval de Salvador? Uma sensação única, estar no meu Estado, tocando e cantando pra essa massa maravilhosa, sempre chamando gente. Agradeço a todos de coração por terem viabilizado minha presença no Carnaval da Bahia neste momento em que completo 70 Carnavais. http://www.cultura.ba.gov.br 30/9/2021 13:51:18 - 2.