17ª Tafona da Canção Nativa de Osório Textos: Cássio Ricardo O "Informativo Tafona 2005" não tem a intenção de ser uma cobertura jornalística , mas sim um simples registro do evento.

...... foto: Luciana Martins

CANTIGAS DE MAR - 1º Lugar Ivo Ladislau e Carlos Catuípe Veja aqui o Resultado da Tafona

PROGRAMAÇÃO DA TAFONA, SHOWS E BAILES

Dia 01/04/05 Sexta-feira Baile de lançamento com Junior e Juliano

Dia 06/04/05 – Quarta-feira 20h – Show de Teixeirinha Filho & Fandango Gaúcho (na carreta) – PLANETA OSÓRIO (palco de anfiteatro) – Banda Alquimistas – Banda Tribais – Banda Reggae Ruts – Banda Réus da Korte – Zé Caradípia – Produto Nacional – Banda Bidê ou Balde – Armandinho e Banda 23h30min - Baile com os conjuntos “Gaitaço.com” e “Vanerão no Pé” (pavilhão do parque)

Dia 07/04/05 – Quinta-feira 19h – Show com Sebastião Teixeira e Grupo (palco Anfiteatro) 19h50min - Show de Paulinho DiCasa e Banda 20h30min – Abertura oficial da 17ª Tafona da Canção Nativa - Apresentação de 08 músicas concorrentes Águas, vidas e remanso - Nenito Sarturi, Manoel Loureiro, Luiz Cardozo - Santiago Ao norte do litoral - Alvandi Rodrigues, Adair de Freitas - Marco Araujo - Novo Hamburgo Aos olhos da espera - Maurício Barcelos - Porto Alegre Cais - Cilon Ramos, Adriano Sperandir - Adriana Sperandir – Osório Cantigas de mar - Ivo Ladislau, Carlos Catuípe - Capão da Canoa Canto ao mar -Nilton Júnior da Silveira - Antonyo Rycardo - Santo Antonio da Patrulha Converse de boto - Ivan Terra, Jociel Lima, Humberto Cunha - Cidreira Libélula - Vaine Darde, Carlos Madruga - Loma - Porto Alegre

– Show com Volmir Martins e João de Almeida Neto 23h30min– Baile com “Balanço do Tchê” (pavilhão do parque)

Dia 08/04/05 – Sexta-feira 19h – Show de Zé e Dujo Vidal (palco anfiteatro) 19h50min - Show de Mauro Moraes 20h30min – Apresentação das 08 músicas concorrentes da 17ª Tafona da Canção Nativa Magia do Mar - Jociel Lima - Cidreira Mundo negro - Mário Duleodato, Fernando Lima - Tribo Maçambiqueira - Osório Não vinha nada no brete - Carlos Omar Gomes, Tony Brum – com Vinícius Brum - Santa Maria Nas veias o mar - Juarez Pereira, Adriano Sperandir - Capão da Canoa Puxa puxê - Mário Tressoldi, Chico Saga - Tramandaí Romance de pedra e mar - Ramires Monteiro, Dado Jaeger - Porto Alegre Um dia - Tuny Brum - Ângela Gomes - Santa Maria Um terno pela paz - Ivo Ladislau,Vaine Darde,Mário Tressoldi,Carlos Catuípe - Capão da Canoa

- Show com KleiTon & KleDir e CanTadoRes do LiToRal

23h30min– Baile com Porca Veia e show de Renato Borghetti (pavilhão do parque)

Dia 09/04/05 - Sábado 19h – Show de Renato Júnior ( palco do anfiteatro) 19h50min - Show de Loreno Santos e Banda 20h30min – Apresentação das 16 músicas da Tafona da Canção Nativa. – Premiação das músicas classificadas da Tafona

- Show com Pepeu Gomes e Banda (lançamento de CD e DVD)

23h30min - Baile com Eco do Minuano e show de Daniel Torres (pavilhão do parque)

Dia 10/04/05 – Domingo Shows de encerramento com CTG Estância da Serra e CTG Herança Charrua

Pepeu Gomes: brasileiro Guitarristas, instrumentistas e o povo osoriense irão receber um presente no dia 9 de abril. No anfiteatro do Parque Jorge Dariva, Pepeu Gomes, o baiano virtuose da guitarra, vem mostrar o seu talento para nós. Na estrada desde 1967, ele começou a despontar como grande instrumentista em 1972, no Grupo , após gravar o clássico “”. Mas, foi em 1978 o grande salto da carreira. Ele estreou solo com o disco instrumental “Geração do som” e passou a ser considerado um dos melhores guitarristas do Brasil. A partir dos anos 80, viajou mais pelo lado pop da música. Recebeu convites para tocar em festivais internacionais (Montreaux) e em bandas do exterior como ‘’ e ‘’, obtendo nos Estados Unidos a reputação de ‘Hendrix Brasileiro”. É imperdível! Dia 9 de abril: “Pepeu Hendrix” para o deleite dos guitarristas osorienses.

KleiTon & KleDir e CanTadoRes do LiToRal Dia oito de abril, no palco do anfiteatro do 25º Rodeio e 17ª Tafona, estarão juntos os dois ícones nacionais da música do Rio Grande do Sul e o grupo que se propõe a resgatar e difundir os traços culturais afro- açorianos do nosso território mais meridional do Brasil: Adriano Linhares, Carlos Catuype, Cássio Ricardo, Cléa Gomes, DaCostta, Juliano Gonçalves, Kledir, Kleiton, Loma, Lúcio Pereira , Mário Tressoldi, Nilton Júnior, Paulo de Campos e Rodrigo Reis estarão compartilhando e proporcionando ao público osoriense, gaúcho e brasileiro um dos importantes momentos da música popular gaúcha dos últimos tempos. No repertorio, músicas como Deu Pra Ti, Paixão, Um Canto à Terra, Vira Virou, Trova, Cantador do Litoral, Nem Pensar, Tô que Tô, Ventre Livre, Fonte da Saudade e Lagoa dos Patos.

As Músicas selecionadas para a 17ª Tafona da Canção Nativa de Osório Águas, vidas e remanso - Nenito Sarturi, Manoel Loureiro, Luiz Cardozo - Santiago Ao norte do litoral - Alvandi Rodrigues, Adair de Freitas - Marco Araujo - Novo Hamburgo Aos olhos da espera - Maurício Barcelos - Porto Alegre Cais - Cilon Ramos, Adriano Sperandir - Adriana Sperandir – Osório Cantigas de mar - Ivo Ladislau, Carlos Catuípe - Capão da Canoa Canto ao mar -Nilton Júnior da Silveira - Antonyo Rycardo - Santo Antonio da Patrulha Converse de boto - Ivan Terra, Jociel Lima, Humberto Cunha - Cidreira Libélula - Vaine Darde, Carlos Madruga - Loma - Porto Alegre Magia do Mar - Jociel Lima - Cidreira Mundo negro - Mário Duleodato, Fernando Lima - Tribo Maçambiqueira - Osório Não vinha nada no brete - Carlos Omar Gomes, Tony Brum – com Vinícius Brum - Santa Maria Nas veias o mar - Juarez Pereira, Adriano Sperandir - Capão da Canoa Puxa puxê - Mário Tressoldi, Chico Saga - Tramandaí Romance de pedra e mar - Ramires Monteiro, Dado Jaeger - Porto Alegre Um dia - Tuny Brum - Ângela Gomes - Santa Maria Um terno pela paz - Ivo Ladislau,Vaine Darde,Mário Tressoldi,Carlos Catuípe - Capão da Canoa

Ordem de Apresentação: Pelo Regulamento, a apresentação das músicas deve respeitar, regorosamente, a ordem alfabética, em todas as noites do evento.

Etapa Litorânea da 17ª Tafona da Canção Nativa veja também as fotos do show

. . . Melhor Música na Opinião doPúblico: Nas Veias o Mar (1) Melhor Instrumentista: Adriano Sperandir (4) Melhor Intérprete: Adriana Sperandir (4)

Musicas Classificadas para etapa estadual: Magia do Mar - Josiel Lima (2) Nas Veias o Mar- Joarez Pereira e Adriano Sperandir (3)

Comissão Julgadora (*)entrevistas *Paulo de Campos *Pedro Guerra Beto Bollo Celso Bastos *Renato Júnior

Foi prorrogado o prazo de inscrições da Etapa Estadual da 17ª Tafona da Canção até o dia 10 de dezembro. Na mesma nota, expedida pela Secretaria de Desenvolvimento e Turismo, está também a divulgação do Corpo de Jurados que faz as triagens e atua nas Etapas Litoânea e Estadual: Beto Bollo, Celso Bastos, Paulo de Campos, Pedro Guerra e Renato Júnior.

A Etapa Litorânea da Tafona será no dia 17 de dezembro, no CTG Estância da Serra. Participam dez canções. Duas delas estarão na Etapa Estadual, que acontece em 7, 8 e 9 de abril.

As classificadas na Etapa Litorânea da Tafona da Canção: Cais de Cilon Ramos e Adriano Sperandir; Feitiço da Lua de Anderson Rolim e Jocial Lima; Flor da Paixão de Flávio Guglieri e Jociel Lima; Lamentos de um Pescador de Douglas Teixeira dos Anjos; Magia do Mar de Jociel Lima; Mulheres do Mar de Nilton Júnior da Silveira; Na Areia da Praia de Regina Barcelos e Nilton Júnior da Silveira; Nas veias o Mar de Juarez Pereira e Adriano Sperandir; Poema na Areia de Ivone Selistre e Nilton Júnior da Silveira; Velho Pescador de Sandro Araújo.

O RESULTADO DA 17ª TAFONA DA CANÇÃO

CANTIGAS DE MAR - 1º Lugar Ivo Ladislau e Carlos Catuípe

LIBÉLULA - 2º Lugar Vaine Darde e Carlos Madruga

UM TERNO PELA PAZ - 3º Lugar Vaine Darde, Ivo Ladislau, Carlos Catuípe e Mário Tressoldi Melhor Tema Osoriense Melhor Conjunto Vocal Melhor Instrumentista - Rodrigo Reis (percussão)

PUXA PUXÊ Chico Saga e Mário Tressoldi Melhor Música na Opinião do Público Melhor Tema Litoral Norte

ÁGUAS, VIDAS E REMANSO Nenito Sarturi, Manoel Loureiro e Luiz Cardozo Melhor Tema Campeiro

CAIS Cilon Ramos e Adriano Sperandir Melhor Arranjo

ROMANCE DE PEDRA E MAR Ramires Monteiro e Dado Jaeger Melhor Intérprete - Maria Helena Anversa

UM DIA Tuny Brum Melhor Conjunto Instrumental ENTREVISTAS

Renato Júnior Ele é um excelente cantor e um inspirado compositor, além de advogado competente. Domina o palco como poucos exibindo um talendo singular para cativar e se comunicar com o público. Vencedor de inúmeros festivais como intérprete e como compositor, este ano está "do outro lado" como jurado da Tafona, o que diz ser "uma nova disciplina". Vamos conhecer um pouco mais de Renato Júnior:

Depois de um consagrado trabalho como intérprete e compositor, ser jurado da Tafona pode ser considerado um coroamento do teu trabalho, já que há o reconhecimento do profundo domínio da cultura gaúcha e litorânea aliado a bagagem musical? Não encaro como coroamento. Acho que a Tafona tem se preocupado com a formação de músicos como um todo. Minha primeira participação em festivais profissionais foi aqui, minha primeira atuação como jurado está sendo aqui. Acho que a Tafona está agindo não me coroando, mas me levando a aprender uma nova "disciplina". É importante conhecer o outro lado e acho que isso deve e vai acontecer com todos que já pisaram naquele palco.

E quanto ao teu trabalho na área musical: quais são tuas principais ocupações hoje e quais os objetivos a serem alcançados? Estou vivendo um momento profissional onde o conflito entre as minhas duas atividades está me obrigando a dar atenção a uma delas em detrimento da outra. Óbviamente tenho planos de gravar mais trabalhos e de continuar mandando músicas para festivais, mas confesso que a atuação no escritório tem me tomado um tempo considerável. Musicalmente falando, quero continuar participando de festivais e estou, aos poucos, começando a escolher o repertório do terceiro CD. Só tenho uma certeza, este trabalho que virá será gravado em um estúdio próprio, sem correria e sairá quando acharmos que ele está maduro: "Deixa a vida me levar .. vida leva eu !!!"

Quando o público poderá conehcer e apreciar teu novo CD? Que trabalhos conterá? Como te falei estamos sem prazo para lançar o 3º CD. O que posso garantir é que trabalhos como CLASSIFICADOS, NO TEMPO VELHO DAS ESTRADAS LONGAS, MOTIVOS, entre outros, pelo simples fato de terem sido classificadas em festivais do centro do país, tem um lugar reservado. Claro que isso é hoje ... "Como será o amanhã ? Responda quem puder !!!"

Sabemos que o Renatinho é advogado além de ser compositor e músico, e que tem conseguido vitórias importantes para os músicos e artistas. Que conquistas podes nos citar como importantes para a categoria artística? Contra a OMB já conseguimos um número significativo de conquistas no que diz respeito a liberação de músicos para atuar sem vinculação a referida entidade. Tive um trabalho também atuando em defesa dos direitos de imagem da Ex miss Brasil e Ex BBB Joseane Oliveira que acabou t endo uma repercussão a nível nacional e isso foi bom demais. Hoje, estou preparando um projeto para registro de Marcas. Estamos nos instantes finais e nos próximos dias divulgaremos nossas intenções ao empresáriado da região e futuramente do Estado do RS.

Das inúmeras viagens e parcerias, certamente há passagens muito engraçadas. Gostaríamos que nos contasse algumas delas. Ahhhhhh !!!! Olha esta página seria pequena para contar tanta coisa BOA e ENGRAÇADA que vivemos durante os nossos passeios. Passo a bola para o Chico Saga. Ele era o comediante da turma.

Claro que há também os momentos de tristeza e preocupação. Algum em especial? O medo da estrada sempre foi um companheiro. Sempre que eu saia de casa eu olhava para a porta. Quando eu voltava olhava novamente e sempre dizia: "Fechei o círculo !" Se choramos foi de alegria. É impossível estar triste quando se faz o que se ama !

A pessoa que se torna um artista consagrado e conhecido como tu, passa a ser referência em muitos aspectos para outras pessoas e para os que estão iniciando. Que lições e incentivo tu podes dar para eles? Sabe, as palavras "consagrado" e "conhecido" me causam um certo desconforto. Acho que nunca vou saber lidar com essa idéia por achar que consagrado morreu o César ... jovem pelo trabalho (GURI) e voando pelo sobrenome. Se um dia alguém me fizesse alguma pergunta sobre o que esperar desse mundo das artes, acho que eu seria mais sincero se eu dissesse: "Espera o teu amor chegar ... espera o teu pai te abraçar ... tua mãe te carinhar ... espera o conselho do teu avô ... espera o beija-flor ... não espera para encontrar o caminho certo que leva à arte perfeita ... Alguns cedo, outros tarde demais, decobrem que tudo o que procuravam estava naquilo tudo que eu falei, enquanto a gente perdia um tempo precioso em casa sentado na frente de um computador procurando a conjugação verbal correta para agradar a comissão julgadora de um festival. Se alguém resolvesse me ouvir eu diria, escreves e musicas o que o teu coração manda. Lembra que a partitura deve servir à canção e não o contrário. Que a teoria serve para explicar o que, de extraordinário, alguém inventou com a força da alma, mas a ajuda indispensável de Deus. Lembra de Quintana que diz que não se deve correr atrás das borboletas e sim arrumar o jardim ... lembra do Adoniran que vê no namoro da mariposa e da "lâmpida" um motivo pra viver. Assim, meu amigo tu entenderás porque, ao me referir a Deus usei a expressão "indispensável" e, ao falar dos dois últimos, conjuguei o verbo no PRESENTE !

Autor: Nelson Crystalino G. Sampaio Pedro Guerra Pedro Guerra é músico, compositor, arranjador. Possui vários prêmios como arranjador, destacando-se o da 12ª Tafona, com a música “Última Viagem”, música em parceria com o saudoso José Hilário Retamozo, onde obteve melhor arranjo vocal e instrumental e terceiro lugar, também melhor arranjo na 8ª Moenda, com a música “Maputo”, dividindo a composição e arranjo com Beto Bollo, e letra Márcio Camargo Costa, onde conquistamos o segundo lugar, além de muitos prêmios de primeiro e segundo lugares e de melhor vocal, na maioria destes com a presença do amigo e grande músico Costa Lima e o intérprete da música.

Tu és um artista que está há muito tempo na estrada, sempre envolvido com a música gaúcha. Que análise podes fazer do momento atual e que caminhos podemos esperar que percorra no futuro

Realmente, já faz bastante tempo que estou na estrada, trabalhando com a música gaúcha, em festivais participo desde 1980, quando fui na Guarita da Canção, juntamente com meu pai, Airton Pimentel, formando grupo com esse amigo de longa data, o Paulo Campos de Campos e, por acaso, neste júri da 17ª Tafona, dois grandes amigos de momentos importantes da minha vida musical fazem parte dos jurados comigo, que são o Paulo de Campos, que presenciou o meu início musical e de quem certamente pude absorver algum mistério da harmonia, e o Beto Bollo, com quem tive o privilégio de criar várias músicas, das quais, pelo menos 80% delas são premiadas, como pro exemplo “Maputo”(8ª Moenda), “Corda Solta”(Tertúlia), “Carina”(Sapecada), etc. Mas analisando o momento atual, não é muito diferente de outros momentos por que já passou a nossa música, todavia, podemos dizer que há uma grande variedade de estilos musicais hoje no nosso Estado, muito mais do que havia há 10 ou 15 anos atrás. Hoje temos festivais onde claramente se vê a preponderância da música com características locais, podendo citar como exemplo tanto os festivais do litoral (preponderando as raízes litorâneas), como os festivais da fronteira (preponderando as raízes fronteiriças), o que acho muito salutar, pois se há especificidades culturais, estas devem ser trabalhadas para que se imortalizem. Os festivais têm um papel importantíssimo, desde que surgiram, pois uma espécie de oficina musical, não só para compositores, como para músicos, arranjadores, intérpretes, e mesclado com o fundamento cultural, qual seja, preservar as raízes culturais do nosso povo, eles prestam bem esta função. No entanto, com o advento da “grande mídia”, onde “o que vende é o que importa”, o espaço para a música melhor elaborada, com uma letra mais política, cultural, e uma música mais rebuscada em harmonia foi abafado, e este fenômeno ocorreu em todo o país. Eu penso que os festivais teriam que passar por uma reformulação e ter uma preocupação maior com o aspecto “comercialização”. Neste momento não posso ser mal entendido. O que quero dizer é que o modelo de laboratório musical está bom, de onde surgem grandes músicas e este, certamente eu considero um excelente produto de mercado, para o público que se identifica com as coisas do Rio Grande, nas variadas formas de manifestação. Além disso, o resultado dos CDs tem sido muito bom, pois os músicos gaúchos estão num patamar elevado de qualidade técnica, bem como a qualidade técnica de som hoje está mais democratizada. A falha vem depois disso, pois não se tem uma preocupação de comercialização desse discos, não se compra espaço nas rádios, não há preocupação com distribuição, esta parte, que é crucial em matéria de comercio, está inerte há pelo menos 20 anos. Nada se faz para mudar, somente reclamamos, mas podem crer, este hoje é o maior problema da nossa música não deslanchar. Num outro momento podemos aprofundar esse assunto.

Qual a importância para o artista Pedro Guerra do convite para ser jurado na 17ª Tafona?

Este convite eu encaro como de suma importância, pois, de certa forma, é um reconhecimento pelo trabalho que eu venho desenvolvendo na vida musical, sem contar que eu aprendo muito quando julgo, pois cada crítica para alguma música, por mim ou pro outro jurado, eu levo como uma autocrítica para o meu trabalho. Também o aspecto de poder participar ativamente de um evento cultural desta relevância, e que sabemos ser de grande importância para a sociedade osoriense, enfim, é uma honra participar da Tafona como jurado, sendo esta a segunda vez, pois fui jurado na IV Tafona.

Qual sua impressão sobre a cultura litorânea, inspiradora de tantas obras musicais e literárias?

Sem dúvida é um resgate das raízes locais, frente a toda essa massificação da música dita comercial que ocupa todo o espaço das rádios e meios de comunicação, é um exemplo de resistência e hoje alcançou um nível musical elevado, tendo trabalhos de grande beleza plástica.

Nos fale sobre teu trabalho atual e quais os projetos em andamento?

Hoje, infelizmente, não posso dedicar muito tempo para o que eu mais gosto de trabalhar que é com a música, pois neste semestre estou me formando em Direito e, além disso, o meu trabalho como funcionário público ocupa quase que a totalidade do meu dia. De projetos, poderia dizer que eu gostaria de gravar um CD, para registrar os meus trabalhos, não tenho nenhuma idéia pronta, mas tenho muitas músicas que gostaria de registrar, vamos ver quando é que vai dar.

Sendo um artista de tanta experiência, alguns fatos pitorescos devem ter acontecido nestes anos. Queremos saber de alguns.

Realmente a gente vivencia fatos diferentes, originais. Lembro-me de um ocorrido no segundo festival de que participei, na 4ª Ciranda da Canção, de Taquara, em 1980, apresentávamos “Pilchas” (Luiz Coronel/Airton Pimentel), e o intérprete era o meu amigo, saudoso Leopoldo Rassier. O Leopoldo se pichava até os dentes, sempre de acordo com o tema da música que interpretava, e encenava com alguns gestos, fortalecendo sua interpretação. Quando tocávamos a música na última noite, no refrão final da música que diz “... atirei as boleadeiras, contra a noite que surgia, noite adentro entre as estrelas, se tornaram três-marias”, o Leopoldo resolveu tirar da cintura as boleadeiras e começou a girá-las no palco, quase derrubando microfones e quase batendo na cabeça de quem estava atrás tocando violão. O Leopoldo era uma figura e tanto.

Qual a mensagem final que deixas para o público osoriense e para os músicos que estão começando na atividade?

O caminho da cultura do Rio Grande, no que diz respeito a festivais, está certo, precisando somente alguns reparos, portando, o público osoriense pode e deve incentivar e participar, pois o que fazemos no festival é muito representativo das suas raízes. E quanto aos músicos e compositores, a minha opinião é que a qualidade destes do litoral já representa um diferencial no panorama gaúcho, pois tenho ouvido coisas lindas, feitas pelas crias do litoral.

Autor: Nelson Crystalino G. Sampaio Paulo de Campos O maestro Paulo de Campos está há anos radicado em Osório. Agitador Cultural, não se furta a uma polêmica se isto for preciso para defender a cultura local e o valor dos músicos da região. Ele é Maestro, Bacharel em Composição e Regência, Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Música e Pós- Graduado em Folclore. Saiba um pouco mais sobre o "Maestro" como é chamado pelos amigos:

1) Litorâneo da Costa Doce, como o Paulinho de Campos veio parar em Osório?

Nasci e vivi em Pelotas até a minha adolescência. Lá, formei o conjunto The Hippies que animava boates, bailes e festas de 15 anos das menininhas da alta sociedade pelotense. Depois, em Porto Alegre, participava de festivais estudantis (sempre tentando driblar a censura para que pudesse mostrar as minhas composições com temas sociais). Criei o Grupo Cordas & Rimas. Realizamos muitos shows. Enquanto cursava as minhas faculdades, produzia e redigia o Suplemento dos Municípios do jornal Diário de Notícias e era responsável pela música ao vivo dos principais bares, entre eles o Vinha D’Alho. Mais tarde, dava aulas na Faculdade de Música Palestrina, produzia o Festibar, organizava e divulgava as apresentações de mais de quarenta músicos por semana em três bares, além das temporadas de shows em teatros. Não compunha nem tocava mais, não havia tempo. Estava cansando. Como a família da Elaine é daqui de Osório (pertinho de PA). E, o interior e as cidades litorâneas me cativavam, resolvemos trazer a Central Rima Produções - e com ela uma academia de música - para cá. Em quatro de abril de 1989 a idéia foi plantada e em quinze de maio a Rima já iniciava as suas atividades na rua Major João Marques.

2) Como foi o processo de integração com a cultura e a produção cultural no Litoral?

Como resposta a essa pergunta, transcrevo um trecho da apresentação que faço no site do Grupo Cultural e Religioso Maçambique de Osório: " Quando, em 1985, assisti as aulas da disciplina Festas e Folguedos do curso de Pós-graduação em Folclore, ministradas brilhantemente por Paixão Cortes, fiquei, primeiro surpreso, mas também fascinado e intrigado com a sua afirmação de que ‘as únicas manifestações folclóricas vigentes e ainda puras no Rio Grande do Sul estavam na região Litoral Norte’. Falava ele sobre as Folias do Divino, os Ternos de Reis, as Cavalhadas e os Maçambiques, entre outras tantas... Na época, eu nem imaginava que, um dia, estaria vivendo aqui. Agora, integrado a esta comunidade e, por conseqüência, envolvido cultural e afetivamente com ela, não posso me furtar de uma efetiva participação nesses fatos. ..."

3) O maestro Paulo de Campos sempre foi um guerreiro na produção de eventos que enaltecessem a cultura litorânea. Que fatos e eventos marcaram mais nesta trajetória?

Cheguei aqui e imediatamente comecei a trazer shows para a cidade: Dante Ledesma, Fátima Gimenez e Renato Borghetti. Percebi que ainda não havia uma conscientização nem por parte da população, nem por parte dos responsáveis pelo fazer cultural. Muitas barreiras me foram impostas. Mas com perseverança e principalmente por acreditar neste povo osoriense continuei investindo. Quando tivemos oportunidade (Catuipe, Ivo e eu), criamos a Etapa Litorânea da Tafona. Depois, criamos (Mário Tressoldi e eu) o grupo de alunos e ex-alunos da Rima, que se transformou no Grupo Cantadores do Litoral, eles sim - por seu talento e competência - são os verdadeiros agentes transformadores. Agora, um trabalho que me realizo ao fazer é dar aulas de Educação Artística nas escolas de periferia, onde tenho a oportunidade de – diretamente - passar para os meus alunos conhecimentos à cerca das ricas e importantes manifestações folclóricas desta região. Muitos desses alunos são os próprios atores sociais mantenedores destas vertentes culturais. É um trabalho em longo prazo, mas gratificante. Ainda há muito por fazer.

4) Depois de centenas de alunos e artistas formados, já há a sensação do dever cumprido ou ainda está acesa a velha chama da militância pela música e pela cultura?

Essa chama não apagará jamais! Claro que me sinto orgulhoso do que plantei. Hoje, além dos que são professores e grandes músicos que dão continuidade a minha luta, existem ex-alunos da Rima atuando com muito sucesso na Inglaterra, Portugal e por este Brasil afora. Mas, na realidade, estamos dando os primeiros passos na nossa caminhada. Nossa música litorânea através dos Cantadores do Litoral, de Carlos Catuipe e de Ivo Ladislau está sendo ouvida e divulgada nas Ilhas Açorianas, em Portugal e no Canadá. E, segundo as palavras do próprio Presidente do Governo Regional dos Açores são estes músicos do litoral do Estado mais meridional do Brasil, junto com artistas açorianos e canadenses, o elo principal e os responsáveis pelo início de uma grande "Rede Atlântica" de preservação e propagação da cultura afro-açoriana.

5) Com toda a tua experiência no mundo musical e cultural, certamente em muitas passagens engraçadas tivestes participação. Conta algumas delas para nós.

*Há muitos anos, quando surgiam os primeiros programas de escrita de partituras musicais em computadores, presenteei o Kleiton com uma cópia impressa dos arranjos de uma música que fizemos em parceria. Kleiton, todo orgulhoso, foi mostrar a partitura para o Kledir que disse: “Essa é sem dúvida a tua música mais bonita que eu ‘já vi’!”

*Airton Pimentel, meu querido parceiro, figura pitoresca e divertida costuma beijar a todas as pessoas que ele gosta, é uma forma singela de demonstrar o seu carinhoso respeito. Durante o Festibar, que era apresentado pelo cantor Luiz Eugênio, estávamos em uma mesa e o Pimentel surgiu lá na porta do João de Barro. Luiz Eugênio levantou-se subitamente e disse: "- Vou lá correndo beijar o Pimentel, antes que ele 'se emborrache' e me beije na boca!"

*Voltávamos de um show (Toronto de Campos, Plauto Cruz e eu). Cansados, após 400 quilômetros de viagem. Plauto mora no Bairro Cavalhada em PA. Transitávamos na Av. Azenha atrás de um DKW que a 20km/h atrapalhava o fluxo. Quando o Plauto resolveu nos ensinar um atalho. Subimos morro, dobramos ruas, quebramos esquinas, descemos morro e ao entrarmos na avenida que levava a sua casa, a "deka" (que havia cumprido todo o trajeto normal) estava outra vez na nossa frente.

*Em aula, falando sobre as figuras musicais (que sucessivamente têm durações proporcionais, isto é, uma é a metade da outra) ao perguntar para uma aluna: "O que a semínima é da mínima?" A resposta foi imediata e sem vacilo: "- Amiga!"

*Outro momento divertido foi o do início deste portal LN, quando criamos os nossos personagens, com os quais promovíamos altas brincadeiras uns com os outros. Aliás, acho que a Paty Nirvan até poderia voltar de Floripa onde foi fazer pós-graduação em surf, tatuagem e “pirsing”. ...Vou escrever pra ela...

6) Mas nem tudo é alegria, certamente houve momentos tristes. Quais que mais marcaram?

Nos tempos de Porto Alegre, não! Trago e guardo ainda comigo toda a amizade e o respeito que dei e recebi de todos os músicos, cantores, técnicos de áudio, iluminadores, imprensa, produtores, agenciadores, colegas, professores, atores, políticos, enfim de todos com os quais tive algum envolvimento cultural não só na capital, mas em todo o estado. A não ser a perda de amigos. Lembro agora que foi muito marcante e triste o desaparecimento do cantor Luiz Eugênio e também do meu primeiro mestre de folclore Glauco Saraiva. Agora, aqui em Osório, tive sim grandes decepções. Principalmente pelas ações de pessoas que por se acharem “donos da cultura” e que, por ganância ou “por medo de perder o troninho”, com atitudes descabidas e incoerentes só o que fizeram foi prejudicar o crescimento cultural e turístico da nossa cidade. O que me magoa é que elas não prejudicaram somente a mim, mas sim a toda a comunidade que não merecia isso. 7) Atualmente agenciando artistas, ensinando música, produzindo os Cantadores do Litoral e outras atividades mais, quais são os planos futuros do Maestro ?

Nossos objetivos imediatos são a realização dos projetos aprovados pelas Leis de Incentivo Estadual e Federal com os quais mostraremos a nossa música de influência afro-açoriana, faremos palestras e oficinas para professores e alunos de arte-educação em varias cidades do RS e Santa Catarina, a gravação do CD e DVD Cantadores do Litoral ao vivo, além da viagem ao Arquipélago dos Açores para a realização de shows com toda a equipe dos Cantadores do Litoral.

8) Quais são as projeções para a cultura e a música Litorânea?

A música litorânea, por sua universalidade e ritmo quente, é a que mais tem condições de atravessar o Mampituba e espalhar-se pelo Brasil e pelos paises e comunidades de língua portuguesa. Estamos trabalhando para isso. Não temos a pretensão de atingirmos esses objetivos comercialmente; pelo contrário, o que se quer é dar conhecimento deste importante legado cultural de tão grande valia e belezas folclórica, estética e histórica.

9) Qual é a importância de ser jurado de um festival do porte da Tafona da Canção?

É uma ação de muita responsabilidade. Quero ser capaz e digno de cumprir essa tarefa. Mas isso me será facilitado pela grande capacidade e experiência de meus colegas de júri: Beto Bollo, Celso Bastos, Pedro Guerra e Renato Júnior.

10) Por favor deixa uma mensagem final para teus alunos e para os ativistas culturais do litoral.

A hora é de união. Temos que nos preparar para o que está por vir. Os olhos - de vários produtores, de televisões de vários estados, agenciadores, pesquisadores e investidores culturais - estão voltados para o que começa a acontecer no Litoral Norte. Ninguém faz nada sozinho. Toda a produção cultural e artística da região deve crescer simultaneamente para que o que estamos plantando se torne realmente um movimento cultural que possa propiciar o crescimento da nossa região como um todo.

Nelson, obrigado pela oportunidade. Fica aqui o convite para que os internautas continuem acessando o nosso portal do Litoral Norte RS, e também o site dos Cantadores do Litoral, nos quais a minha coluna Staccatos é veiculada. Ah! Espero todos lá no Parque Jorge Dariva, dia 8 de abril, para o nosso show: “KleiTon & Kledir e os CanTadoRes do LiToRal”.

Autor: Nelson Sampaio

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