aHistoriada musicana Bahia por Paulinho Boca de Cantor origem História da Música na Bahia começa antes da chegada dos portugueses. Os índios com seus rituais de guerra e de paz, suas danças, festanças e pajelanças, ao seu modo, já Afaziam soar seus tambores de peles e de madeiras, seus caxixis e maracás, acompanhando seus cânticos, que se misturavam aos sons da natureza exuberante. Com a chegada do homem branco, trazendo seus costumes, sua língua, sua religiosidade, suas cantigas, suas modinhas e seus instrumentos musicais, a musica começa a se popularizar nos saraus e nas festas de ruas da velha cidade da Bahia. Segundo o radialista e historiador Perfilino Neto: “É nesse clima de melodias ternas, cantigas anônimas e gêneros folclóricos (como a FOFA DA BAHIA- gênero que antecede ao LUNDU e a CHULA- cujas primeiras pulsações foram trazidas de Portugal), que começa a aparecer uma leva de trovadores nas ruas da cidade do Salvador.” Mas sem dúvida, é a chegada dos negros, com seus batuques, suas danças, seus lamentos, seu ritmo e alegria contagiantes, a influência mais presente e mais forte nas variantes percussivas, que fazem a música e os músicos baianos, originais e respeitados em todo mundo. Paulo Roberto Figueredo de Oliveira Torno a citar um trecho do texto do historiador Perfilino Neto para ilustrar a presença Natural de Santa Inês-Ba marcante, constante e a importância da Bahia para a Musica Popular Brasileira: “Quem for contar hoje, a verdadeira história da Música Popular Brasileira ou se dispuser a fazer um levantamento circunstanciado de suas origens, por certo terá que admitir - e nisso não vem nenhum bairrismo - que esse processo cultural, começa e chega aos dias atuais com a Bahia ocupando o pioneirismo das manifestações musicais do povo brasileiro.” Portanto, partindo do princípio de que o Brasil foi descoberto na Bahia, a música brasileira também tem a Bahia como berço. E nossos artistas honraram esse pioneirismo, criando desde Paulinho Boca de Cantor sempre a trilha sonora da vida do nosso povo, mantendo sua alegria e felicidade espontâneas. ompositor e cantor popular, um dos integrantes do grupo Novos Baianos (prêmio de A mistura das culturas indígena, portuguesa e africana dão um toque especial e original a cmelhor disco feito no Brasil em todos os tempos- ACABOU CHORARE- Revista Rolling nossa “baianidade” musical. Stone – Out. 2007), começou sua carreira musical como “crooner” de orquestra em 1963, animando bailes em Salvador e no interior da Bahia. Em 1969 conheceu Moraes Moreira e Vamos contar um pouco dessa história. Faremos alguns comentários, falaremos de algumas Luiz Galvão e juntos idealizaram e fundaram o grupo Novos Baianos. peculiaridades, das músicas, dos movimentos marcantes e de seus autores e intérpretes. Além de se apresentar desde os anos 60 em shows musicais por todo Brasil e no exterior é No século XVII, o poeta Gregório de Matos já ensaiava a popularidade da musica na Bahia, também um estudioso da origem da musicalidade Brasileira. Tem produzido e apresentado trabalhos quando se apresentava com uma viola de arame, por ele mesmo improvisada, cantando seus lundus sobre a história da música no Brasil resultado de pesquisas e de resgate histórico do patrimônio com versos jocosos e obscenos, chocando a todos com sua “Boca do Inferno”. Mas contaremos “ A artístico e cultural, entre eles “DO LUNDU AO AXÉ – BAHIA DE TODAS AS MÚSICAS” (2002) através História da Musica na Bahia” a partir do Início do século passado, com os primeiros registros e os do FAZCULTURA - Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) e o projeto A BOSSA DO BOCA – 100 mais representativos da nossa produção musical. ANOS DE MÚSICA NO BRASIL, através do Ministério da Cultura – Fundo Nacional de Cultura (Pronac 064416). (2007) Apresentou o mesmo projeto em 10 cidades do interior da Bahia através Um olhar nosso, sobre momentos dessa história, que abrange nomes representativos, do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA.) 31/07 a 22/08/2008. Em 2010 idealizou e produziu, junto importância histórica, notoriedade, originalidade, mas também os movimentos e os fenômenos de com seu filho Betão Aguiar, pesquisa sobre a história da Musica de São Paulo, através de Convênio popularidade, que sempre aconteceram e continuam acontecendo até os dias atuais, na nossa com a Secretaria de Cultura do Estado se São Paulo, disponibilizada o resultado do trabalho no site musica popular. www.musicadesaopaulo.com.br Esse “levantamento circunstanciado” sobre a história da musica na Bahia, tem como objetivo O artista se apresenta nas festas populares e no Carnaval de Salvador desde 1976, sempre principal registrar nomes e obras importantes, fazer um apanhado cronologicamente da trajetória inovando e atualizando suas apresentações e foi responsável junto com os parceiros do grupo da nossa produção musical, mas acima de tudo é a nossa maneira de homenagear a todos os artistas “Novos Baianos” pela revolução tecnológica no Carnaval de Salvador, ao se apresentarem pela da nossa musica: compositores (as), músicos, cantores (as), por terem musicado e continuarem primeira vez num trio elétrico usando som de voz (o som do trio era somente instrumental). musicando ---nossas vidas e transformado a musica da Bahia numa das mais inventivas do planeta. Contribuindo para a efervescência musical da Bahia e para o surgimento das grandes estrelas da música baiana nos últimos 30 anos. 02 03 o começo Professor e Historiador Cid Teixeira nos conta que “O trovador, o modinheiro, o cantor Outro artista, o que melhor cantou as belezas da nossa terra e com certeza o maior de rua e de saraus domésticos é personagem obrigatória da vida Bahiana dos séculos colecionador de sucessos da musica brasileira é sem dúvida nenhuma, o grande Dorival Caymmi. OXVIII e XIX”, e que são muitos os letristas, compositores de pauta e instrumentistas Desde que pegou um “Ita no Norte e foi pro Rio morar,” foi um sucesso atrás do outro. Alem dos desta primeira época. “Até o poeta Castro Alves teve seus poemas musicados, entre eles o Gondoleiro sambas gravados por Carmen Miranda e por vários outros artistas brasileiros e por ele também, suas do Amor que alcançou grande popularidade”. E diz mais: “Bem antes do aparecimento do cilindro ou canções praieiras na sua voz grave e marcante lhe deram muita popularidade e na sua grande do disco a musica popular na Bahia já estava entre as de maior influência em todo Brasil. E o fato de maioria são verdadeiros e eternos clássicos da musica popular brasileira. Incensado e regravado ser o porto da cidade do Salvador o ponto e confluência, não somente dos navios vindos de Portugal, com muita frequência até hoje, é um dos nomes mais importantes da nossa musica. como a grande maioria dos que trouxeram a cultura Africana, para o Brasil, fez da Bahia, também o local próprio para que os ritmos convivessem e se fundissem, tal como hoje continuam convivendo e Humberto Porto é outro baiano notável, respeitado no meio e parceiro e nomes importantes gerando novas formas de expressão”. como Assis Valente, Benedito Lacerda, Herivelton Martins e muitos outros. Gravado pela nata da musica brasileira, artistas como Carmen Miranda. Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Trio de Ouro. Começam os registros musicais, em cilindros depois em discos, no início do século passado. E Foi um dos precursores do “lamento” na rítmica brasileira e em suas canções exaltava a religiosidade a primeira musica brasileira gravada em disco no Brasil, pela Casa Edson – Rio de Janeiro em 1902- baiana, falando sobre os negros e suas histórias. Um dos maiores sucessos da nossa musica em todos foi o Lundu “ Isto é Bom” de autoria do ator, musico e compositor baiano Xisto Bahia. Interpretada os tempos é de sua autoria: a marcha carnavalesca Jardineira, em parceria com Benedito Lacerda. por “Bahiano” nome artístico de Manoel Pedro dos Santos, natural de Santo Amaro da Purificação. Quem não sabe cantar: “ô jardineira porque estás tão triste? O que foi que aconteceu?” Sucesso que torna tanto o compositor como o intérprete conhecidíssimos em todo Brasil. O Xisto Bahia, excursionou pelo Nordeste cantando chulas, e consolidou seu sucesso no Rio de Janeiro por Chegando na década de 40 do século passado, todos esses nomes expressivos da musica volta de 1880. Chegou a receber aplausos até do Imperador D. Pedro II. baiana continuavam a fazer sucesso e outros começam a despontar na cena musical brasileira, que tinha o Rio de Janeiro como a grande vitrine. O compositor e cantor Waldeck Arthur de Macedo – Chega a era do rádio, início do século passado e a Bahia continua presente nas manifestações conhecido como Gordurinha- apelido que ganhou quando trabalhava na Rádio Sociedade da Bahia, musicais do Brasil. Vários compositores baianos começam a se destacar e suas canções começam a por ironia a sua magreza- foi um desse nomes. Batalhou muito no Rio mas foi quando voltou para a fazer muito sucesso nas rádios de todo Pais. Bahia e gravou suas próprias composições, cheias de humor e de ginga, que conquistou de vez o Brasil. Quem não conhece Chiclete com Banana (a mais conhecida e gravada, foi sucesso, primeiro A “semba” – dança africana- que as baianas, quituteiras e serviçais, levaram junto com a corte com Jackson do Pandeiro e até hoje, com outros artistas), Mambo da Cantareira, Suplica Cearense, para o Rio de Janeiro, terminou dando nome ao gênero mais conhecido da musica brasileira em todo Orora Analfabeta, Carta a Maceió e Vendedor de Caranqueijo- esta regravada recentemente por mundo: o samba. Gilberto Gil. Figura das mais engraçadas e populares da nossa musica, não fazia só sambas, sua musica tinha uma influência muito forte da musica nordestina. Com a chegada e popularização desse fenômeno musical, e com o samba fazendo sucesso no rádio e nas gafieiras, vários compositores e sambistas baianos, radicados no Rio de Janeiro, ganham destaque na cena musical , no Brasil e no exterior.