Os Clowns De Fellini
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OS CLOWNS DE FELLINI: A PORÇÃO PALHAÇA DA SUBJETIVIDADE Por Inês Staub Araldi Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina Orientador: Prof. Dr. Luiz Felipe Soares Florianópolis, abril de 2013 INÊS STAUB ARALDI OS CLOWNS DE FEDERICO FELLINI: A PORÇÃO PALHAÇA DA SUBJETIVIDADE Esta Tese foi julgada adequada à obtenção do título de Doutor em Literatura e aprovada em sua forma final pelo Curso de Pós-graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 1 de abril de 2013. _______________________________________________ Prof. Dr. Luiz Felipe Soares (orientador) Universidade Federal de Santa Catarina ______________________________________________________ Profa. Dra. Roberta Barni Universidade de São Paulo ______________________________________________________ Profa. Dra. Ramayana Lira Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Eduardo Capela Universidade Federal de Santa Catarina ______________________________________________________ Prof. Dr. Andrea Santurbano Universidade Federal de Santa Catarina ______________________________________________________ Profa. Dra. Patrícia Peterle Universidade Federal de Santa Catarina Dedico este trabalho a todos aqueles que não têm vergonha do ridículo, que se vestem como querem, que seguem a intuição, que são confusos, inconstantes e criativos. Também àqueles que são capazes de rir ou chorar até perder o fôlego e que são, autenticamente, geniais! Agradecimentos Esta tese é apenas o registro escrito de uma longa trajetória durante a qual muitas ideias foram geradas. Muitas delas se perderam ao longo do caminho, outras foram descartadas por opção e, do que restou, nem tudo está aqui. Daquilo que li, pesquisei, observei e compartilhei em longas conversas com pessoas espetaculares, este trabalho me parece tão somente um apanhado de sementes recolhidas ao acaso no imenso campo dos meus contatos. Agradecer aos que participaram da colheita é o que tentarei fazer agora. Agradeço primeiramente aos meus três amores, Antoninho, Rodrigo e Emanuel, pela compreensão e pela companhia, mas principalmente pela paciência e pelo amor incondicional. Conseguimos, rapazes! Na sequência, agradeço a todas as pessoas relacionadas ao curso de pós-graduação em literatura. Dos colegas aos professores e funcionários, ali estão as pessoas que contribuíram decisivamente para que este fosse o desfecho do meu trabalho. Agradeço a todos, pelo incentivo, pelas reprimendas, pela confiança e pela descrença. Agradeço principalmente pelos apontamentos decisivos, que foram tantos. Professores Liliana, Pedro, Walter, Tânia, Raul, Capela, Patrícia, Marcos, obrigado. E um agradecimento especial ao meu orientador professor Felipe Soares, profissional competente e dedicado que mudou os rumos deste trabalho e, por consequência, muitos aspectos relacionados ao meu modo de olhar para a vida. Também não podem ficar de fora deste agradecimento todos aqueles que contribuíram com a italianidade que agora também faz parte de mim: professor Antonio Costa meu tutor na IUAV de Veneza e um bom conselheiro, Andrea Cavalletti. Os amigos Neville, Alessandra, Gaia, Cinzia, Giuliano, Franco, Lisa, Angelo, Ciro. Agradeço também o apoio dos colegas de trabalho, o empurrão da Alba, a força dos amigos de uma vida, de alguns irmãos de alma, dos irmãos de sangue, e a torcida organizada dos pais. Agradeço a muitos outros, cujos nomes eu não escrevi. Alguns porque não me ocorre agora, outros porque não tem como explicar. Outros ainda porque as palavras não dão conta de retribuir significativamente presenças que modificaram a minha história de vida. Obrigada a você também, Federico Fellini! Ma perché lei vuol sapere che film voglio fare? Non bisognerebbe mai parlarne dei film! Prima di tutto perché nella sua vera natura un film è indescricrivibile a parole: sarebbe come pretendere di raccontare un quadro o riferire verbalmente uno spartito musicale. Poi, perché, parlandone, si scivola in una serie di ipotesi imprigionante, vischiose, che lo fissano in immagini, strutture, caratteristiche inevitabilmente riduttive. Così che corri il rischio di non riconoscerlo più tuo, il film, e, al limite, di dimenticarlo. (Fellini) Os clowns de Fellini: a porção palhaça da subjetividade. Resumo Trata-se uma leitura dos filmes de Federico Fellini, fundamentada na teoria da imagem cinematográfica de Gilles Deleuze e na relação entre magia e felicidade em Giorgio Agamben. É nas imagens-sonho e nas imagens-lembrança que trazem para a tela os clowns de Fellini que busco os germes de um cristal em formação que nos oferece a vida enquanto espetáculo, mas também, paradoxalmente, em toda sua espontaneidade. Por ser a imagem-cristal uma operação fundamental do tempo, no sentido em que nela se pode ver a coexistência entre o presente e o passado, é no carnaval e nas festas de loucos, na história do riso, da máscara e do circo que busco elementos para compreender a importância dos clowns no contexto dos filmes de Fellini, incluindo seus escritos e suas declarações. Depois, acompanho a suposta desaparição da graça e do inumano na virada epistemológica que marca os anos finais da era clássica: é aí que Bakhtin, em seu estudo sobre Rabelais, encontra uma mudança radical de atitude em relação ao riso, que já não pode mais fazer parte do sério; aí também Foucault analisa a exclusão da loucura, no cogito cartesiano. Não por acaso, é também aí que Rossi e Yates inserem a passagem da magia à ciência. Nesse contexto faço a leitura dos clowns de Fellini buscando enxergar neles “o passado que se conserva e assume todas as virtudes do começo e do recomeço”.1 Esse passado que essas figuras conservam pode nos fazer contemporâneos da criança que fomos e nos fazer ver que “o que podemos alcançar por nossos méritos e esforços não pode nos tornar realmente felizes”.2 Palavras-chave: Fellini clowns, felicidade, magia, imagem, cinema 1 Deleuze, Gilles. Cinema 2: Imagem-tempo. Tradução de Heloísa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2007, p. 114. 2 Agamben, Profanações. Tradução e apresentação de Silvino José Assmann. São Paulo: Boitempo, 2007, p. 23. I clowns di Fellini: la porzione buffa della soggettività Riassunto Si tratta di una lettura dei film di Federico Fellini, fondata sulla teoria dell’ immagine cinematografica di Giles Deleuze e nel rapporto tra magia e felicita’ di Giorgio Agamben. E’ nelle immagini-sogni e nelle immagini-ricordo che portano sullo schermo i clowns di Fellini, che cerco i germi di un cristallo in embrione che ci offre la vita, in quanto spettacolo, ma anche piena, paradossalmente, in tutta la sua spontaneita’. L’ immagine-cristallo é un’operazione fondamentale del tempo, nel senso che si puo’ notare in quella, la coesistenza tra il passato e il presente. E’ per questo che sarà nel carnevale, nella festa dei pazzi, nella storia della risata, della maschera e del circo, che cerco elementi per comprendere l’importanza dei clowns, nel contesto dei film di Fellini, includendo i suoi scritti e le sue dichiarazioni. Poi cerco una presunta scomparsa della grazia e del disumano nel cambiamento epistemologico che evidenziano gli anni finali dell’era classica: e’ li che Bakhtin, nel suo studio su Rabelais, incontra un cambiamento radicale rispetto alla risata, che gia’ non puo’ piu’ far parte della serieta’; E quindi lo stesso Foucault analizza l’esclusione della pazzia, nel cogito cartesiano. Non a caso, e’ sempre li che Rossi e Yates inseriscono un passaggio dalla magia alla scienza. In questo contesto, leggo i Clowns di Fellini cercando di vedere in essi “o passado que se conserva e assume todas as virtudes do começo e do recomeço”.3 Questo passato che tali figure conservano, possono farci tornare ad essere i bambini che eravamo ma, anche a farci capire che, “ nonostante la nostra buona volonta’ e i nostri sforzi, non ci potra’ mai far tornare ad essere realmente felici”. 3 Deleuze, Gilles. Cinema 2: Imagem-tempo. Tradução de Heloísa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2007, p. 114. SUMÁRIO PRÓLOGO..........................................................................................................17 1. CAPITULO I: O CINEMA DE FEDERICO FELLINI........................19 1.1 O NEORREALISMO: DA IMAGEM MOVIMENTO PARA A IMAGEM TEMPO......................................................................28 1.2 A IMAGEM TEMPO...................................................................35 1.3 A IMAGEM CRISTAL E OS CRISTAIS DO TEMPO..............44 1.4 FEDERICO FELLINI E O CRISTAL EM FORMAÇÃO..........48 2. CAPITULO II: UM UNIVERSO FABULOSO...................................53 2.1 O UNIVERSO DOS SERES FANTÁSTICOS...........................57 2.2 O MUNDO MÁGICO.................................................................60 2.3 TEMPOS DE FESTA..................................................................72 2.3.1 A FESTA DOS LOUCOS....................................................77 2.3.2 A FESTA DO ASNO............................................................79 2.3.3 A FESTA DOS INOCENTES..............................................80 2.3.4 O CARNAVAL....................................................................82 2.3.5 AS MÁSCARAS..................................................................86 3. CAPÍTULO III: SINAIS DE MUDANÇAS .....................................101 3.1 O TEMPO E AS IDADES.........................................................119 3.1.1 OS ANOS E AS IDADES SEGUNDO