ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ACADEMIA REAL MILITAR (1811) CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES

Guilherme Henrique Gonzato Weidlich

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS VIATURAS DE TRANSPORTE NÃO ESPECIALIZADO PÓS-GUERRA

Resende 2020

Guilherme Henrique Gonzato Weidlich

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS VIATURAS DE TRANSPORTE NÃO ESPECIALIZADO PÓS-GUERRA

Monografia apresentada ao Curso

de Graduação em Ciências Militares, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito parcial para obtenção do

título de Bacharel em Ciências Militares.

Orientador: Cap Marcos Vinicius Teixeira.

Resende 2020

Guilherme Henrique Gonzato Weidlich

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS VIATURAS DE TRANSPORTE NÃO ESPECIALIZADO PÓS-GUERRA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Militares, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares.

Aprovado em _____ de ______de 2020.

Banca examinadora:

______Marcos Vinicius Teixeira - Cap (Presidente/Orientador)

______Guilherme Eduardo da Cunha Barbosa - TC

______Raíssa de Almeida Gouvêa - 1º Ten

Resende 2020

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, que me guiou por este caminho, abrindo oportunidades para que hoje eu possa estar realizando meu sonho, tornar-me oficial do Exército Brasileiro e, também, ao meu pai por ter sempre me apoiado e me estimulado a nunca desistir de meus sonhos.

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado a oportunidade de ter ingressado na AMAN e as forças para que eu nunca esmorecesse perante as dificuldades e que, deste modo, pudesse estar concluindo meu maior sonho, me tornar oficial do Exército Brasileiro. Agradeço também meu pai, por estar sempre ao meu lado, me apoiando em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins.

RESUMO

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS VIATURAS DE TRANSPORTE NÃO ESPECIALIZADO PÓS-GUERRA. Autor: Guilherme Henrique Gonzato Weidlich Orientador: Marcos Vinicius Teixeira As viaturas de transporte não especializado são essenciais para o Exército brasileiro, são as viaturas mais empregadas, devido a grande versatilidade que elas possuem, são utilizadas em todas as operações, seja na linha de frente seja na retaguarda auxiliando a logística, também são utilizadas nos serviços diários das organizações militares, e em muitas outras missões rotineiras dos quarteis. Esse trabalho tem por finalidade apresentar as viaturas de transporte não especializado com capacidade de carga até ¾ de tonelada utilizadas pelo Exercito Brasileiro no período pós-segunda guerra mundial até os dias atuais, através da busca por dados técnicos relativos as viaturas. Serão analisadas as principais mudanças entre os diversos modelos de viaturas, evidenciando as principais evoluções mecânicas entre as viaturas utilizadas. As viaturas apresentadas são: Dodge WC-56 e WC-57, Willys, Ford F- 85, GM C-15, EE-34, Xingu, JPX Montez, Land Rover Defender, Marruá e Toyota Hilux.

Palavras-chave: viaturas. transporte. não especializado. evolução. pós-guerra.

ABSTRACT

THE HISTORICAL EVOLUTION OF NON-SPECIALIZED POST-WAR

TRANSPORT VEHICLES.

Author: Guilherme Henrique Gonzato Weidlich

Advisor: Marcos Vinicius Teixeira

Non-specialized transport vehicles are essential for the , they are the most used vehicles, due to the great versatility they have, they are used in all operations, whether in the front line or in the rear assisting logistics, they are also used in daily services of military organizations, and on many other routine barracks missions. This work aims to present the non-specialized transport vehicles with a load capacity up to ¾ ton used by the Brazilian Army in the post-World War II period to the present day, through the search for technical data related to the vehicles. The main changes will be analyzed among the various models of vehicles, showing the main mechanical developments between the vehicles used. The vehicles presented are: Dodge WC-56 and WC-57, Jeep Willys, Ford F-85, GM C-15, Engesa EE-34, Toyota Xingu, JPX Montez, Land Rover Defender, Agrale Marruá and Toyota Hilux.

Keywords : non-specialized. transport. vehicles. evolution. post-war.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Ficha Técnica Dodge Command WC-56 ¾ ton ...... Erro! Indicador não definido. 4 Quadro 2 – Ficha Técnica Jeep Willys Overlan CJ-3A ...... Erro! Indicador não definido. 16 Quadro 3 – Ficha Técnica Camioneta Militar Jeep Willys ¾ ton ...... Erro! Indicador não definido. 19 Quadro 4 – Ficha Técnica GM C-15 ...... 21 Quadro 5 – Ficha Técnica Engesa EE- 34 ...... Erro! Indicador não definido. 2 Quadro 6 – Ficha Técnica Toyota Xingu ...... Erro! Indicador não definido. 4 Quadro 7 – Ficha Técnica JPX Montez ...... Erro! Indicador não definido. 6 Quadro 8 – Ficha Técnica Land Rover Defender ...... 28 Quadro 9 – Ficha Técnica Agrele Marruá ...... 30 Quadro 10 – Ficha Técnica Toyota Hilux ...... Erro! Indicador não definido. 1

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Dodge WC-57 ...... 15 Figura 2 - Ford CJ-5 ...... 18 Figura 3 - Ford F-85 ...... 20 Figura 4 - GM C-15...... 21 Figura 5- Engesa EE-34 ...... 23 Figura 6 - Toyota Xingu ...... 25 Figura 7 - JPX Montez ...... 27 Figura 8 - Land Rover Defender ...... 28 Figura 9 - Agrale Marruá ...... 31 Figura 10 - Toyota Hilux ...... 33

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

HP Horse Power. % Percentual. WOB Willys Overland do Brasil. L Litros. mm Milímetro. cm³ Centímetro cúbico. M.Kgf Metro x quilograma-força. RPM Rotações por minuto CJ Civilian Jeep GM General Motors Kg Quilograma. DCT Departamento de ciência e tecnologia MWM Motoren Werke Mannheim. " Polegada ° Grau Km Quilometro. GEIA Grupo Executivo da Indústria Automobilística

SUMÁRIO

RESUMO ...... 5

ABSTRACT ...... 6

LISTA DE QUADROS ...... 7

LISTA DE FIGURAS ...... 8

1 INTRODUÇÃO ...... 11 1.1 OBJETIVOS ...... 11 1.1.1 Objetivo geral ...... 11 1.1.2 Objetivos específicos ...... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO ...... 13 2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema ...... 13 2.1.1 Viatura de transporte não especializado ...... 13 2.1.2 Indústria automobilística mundial ...... 13 2.1.3 Dodge WC-56 e WC-57 Command Car ...... 14 2.1.4 Jeep Willys ...... 15 2.1.5 camioneta militar Jeep willys 3/4 tonelada ...... 18 2.1.6 Gm C-15 ...... 20 2.1.7 Engesa EE- 34 ...... 21 2.1.8 Toyota Xingu ...... 23 2.1.9 JPX- Montez ...... 25 2.1.10 Land Rover Defender ...... 27 2.1.11 Agrale Marruá ...... 29 2.1.12 Toyota Hilux ...... 31

3 REFERENCIAL METODOLOGICO ...... 34 3.1. Referencial metodológico ...... 34 3.2. Perspectiva Teórica ...... 34

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 37

REFERENCIAS ...... 39

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1 INTRODUÇÃO

A pesquisa se propõe a tratar do tema “A evolução histórica das viaturas de transporte não especializado de ¾ de tonelada do pós-guerra aos dias atuais”. O fim do furacão da Segunda Guerra Mundial, em 14 de agosto de 1945, de repente liberou a indústria para uma reconversão total na produção em tempos de paz. A atenção desde então foi centrada na indústria automobilística. Uma retomada rápida da produção civil daria emprego direto e indireto a milhões de trabalhadores, o que estimularia a atividade econômica mundial, e impulsionaria a transição de toda a economia da guerra para a paz.

Com isso, as viaturas de transporte não especializado utilizadas pelo Exército Brasileiro passaram por muitas evoluções, desde os primeiros Dodge série WC, até os mais modernos Agrale Marruá.

Segundo Botelho (2000), ocorreu uma grande competitividade no setor, havendo um investimento maciço por parte das empresas de automóveis americanas, europeias e japonesas, as quais procuravam modernizar seus veículos, buscando um diferencial competitivo.

O surgimento da indústria automobilística brasileira na década de 1950, juntamente com as crescentes necessidades de modernização e ampliação da frota do Exército Brasileiro, levou a grandes investimentos na indústria automobilística, fato este que foi de fundamental importância para o desenvolvimento do país.

Assim sendo, cabe problematizar a questão: o que levou as indústrias automobilísticas no pós-guerra a modernizar as viaturas de transporte não especializado? Como se deu essa evolução histórica?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Analisar a evolução histórica das viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada utilizadas pelo Exército Brasileiro, do pós-guerra aos dias atuais.

1.1.2 Objetivos específicos

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Verificar a evolução histórica das viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada utilizadas pelo Exército Brasileiro: Dodge série WC; Willys Overland MK-II, CJ-3A, CJ-3B, CJ-5, Pick-up e Rural; Ford CJ-5, F-85 e F-106; GM C-14 e C- 15 4x4; Engesa EE-34; Toyota Bandeirante; JPX Montez; Land Rover Defender; Agrale Marruá; e Toyota Hilux, focando principalmente nas diferenças de motorização entres estas viaturas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO Nosso tema de pesquisa insere-se na linha de pesquisa história militar e na área de viaturas de transporte não especializado

2.1 Revisão da literatura e antecedentes do problema

2.1.1 Viatura de transporte não especializado

As viaturas de transporte não especializado são viaturas operacionais. Segundo a PORTARIA Nº 023-DMB, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1998 uma viatura operacional é definida como:

São viaturas destinadas a atividades táticas ou logísticas diretamente ligadas a exercícios de instrução e a operações militares. São dotadas de equipamentos e/ou acessórios que possibilitam a sua utilização em condições especiais. Podem ser classificadas em categorias conforme o grau de aptidão ao emprego em operações militares. Sua adoção pelo Exército e distribuição às OM deve atender ao Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos Materiais de Emprego Militar. Essas viaturas possuem amplo emprego nas diversas organizações militares, são utilizadas em praticamente todas as operações militares, no auxílio aos serviços de escala e outras missões variadas.

2.1.2 Indústria automobilística mundial

Segundo Gilbert (2014), muitos americanos temiam que o fim da Segunda Guerra Mundial e a subsequente queda nos gastos militares pudessem trazer de volta os tempos difíceis da Grande Depressão. Mas, ao invés disso, a demanda reprimida do consumidor alimentou um crescimento econômico excepcionalmente forte no período pós-guerra. A indústria automobilística converteu-se com sucesso na produção de carros e novas indústrias, como de aviação e de eletrônica, que cresceram a passos largos.

Como a fabricação de veículos para o mercado civil cessou em 1942 e os pneus e a gasolina foram severamente racionados, as viagens de veículos motorizados caíram drasticamente durante os anos de guerra. Os carros que foram sucateados muito tempo depois de estarem prontos para serem eliminados foram reformados, garantindo uma grande demanda reprimida por novos carros no final da guerra (NOGUEIRA, 1999).

Ford, General Motors e Chrysler, no período pós-guerra, criaram modelos e opções que proliferaram e, a cada ano, os carros se tornavam mais compridos e pesados,

14 mais potentes, mais enfeitados, mais caros para comprar e operar, seguindo o truísmo de que os carros grandes são mais lucrativos de vender do que os pequenos.

2.1.3 Dodge WC-56 e WC-57 Command Car

Segundo Giucci (2007), a série Dodge WC era uma gama de caminhões militares leves produzidos pela Dodge durante a Segunda Guerra Mundial. A série incluía porta-armas, caminhões de instalação de telefone, ambulâncias, veículos de reconhecimento, oficinas móveis e carros de comando. Eles foram substituídos após a guerra pelos veículos da série D da Dodge. WC era um código de modelo Dodge: W para 1941 e C para classificação de meia tonelada.

O Exército Brasileiro em 1942 recebeu cerca de 100 Viaturas Dodge WC 56 e 57 do Exército Americano, devido à assinatura da lei Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Nas operações da Segunda Guerra Mundial, a FEB também utilizou esse tipo de viatura, após a Guerra essas Viaturas foram incorporadas a frota brasileira. O Exército Brasileiro incorporou à sua frota 223 viaturas Dodge WC 56 e 57.

As viaturas Dodge WC 56 e 57 foram empregadas principalmente no transporte de pessoal e como carro de comando. Devido a esta função ficaram conhecidas na caserna como “Dodge Commander”.

Quadro 1 - Ficha Técnica Dodge Command WC-56 ¾ tonelada. Fabricante Chrysler Co. Dodge Brothers Co. País de fabricação Estados Unidos País de confecção do projeto Estados Unidos Motor Motor - Dodge T-214 Cilindrada 3780 cm³ Potencia 92 HP Torque 24,8 M.Kgf a 1200 RPM Tanque 114 litros Câmbio Manual de 4 marchas à frente e 1 à ré Comprimento 4220 mm Largura 1990 mm Altura livre do solo 273 mm Distancia entre eixos 2490 mm Peso 2575 Kg Carga útil 820 Kg

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Freios Hidráulicos a tambor Suspensão Molas semielípticas e amortecedores hidráulicos Ângulos de entrada/saída 53° / 31° Pneus 9,00" x 16,00" Velocidade Máxima 85 Km / h Consumo 28 litros / 100 Km ou 3,57 Km / litro Combustível Gasolina Fonte: Souza, G e Souza, H (200-?). As viaturas Dodge série WC 56 e 57 permaneceram em uso até meados da década de 1980, hoje ainda existe algumas viaturas remanescentes que são utilizadas como viaturas históricas.

Figura 1- Dodge WC-57

Fonte: MUSEU MILITAR (2020)

2.1.4 Jeep Willys

Os modelos Jeep são uma gama de veículos off-road pequenos, de corpo aberto e picapes compactas, construídos e vendidos por várias versões sucessivas da marca de automóveis Jeep de 1941 a 1986. O Jeep Willys de 1945 foi o primeiro carro civil de tração nas quatro rodas produzido em massa no mundo (GIUCCI, 2007).

Em 1944, a Willys-Overland, uma das duas principais fabricantes do jipe militar da Segunda Guerra Mundial, construiu os primeiros protótipos para uma versão comercial. A partir de então, todos os Jeep consistentemente tinham um corpo e um

16 chassi separados, eixos rígidos com molas de lâmina dianteira e traseira, um design de nariz afilado com para-choques reforçados, para-brisa plano e podiam ser conduzidos sem portas. Além disso, eles tinham sistemas de tração nas quatro rodas a tempo parcial, com a escolha de engrenagens altas e baixas, e corpos abertos com tampas rígidas ou moles removíveis (GIUCCI, 2007).

O Exército Brasileiro começou a utilizar os veículos da linha Jeep em 1941, processo que se daria pela assinatura de adesão do Brasil aos termos do Leand & Lease Bill Act , que criaria uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico. O Jeep foi utilizado pela Força Expedicionária Brasileira na Itália e, após o término do conflito, estas viaturas retornaram ao Brasil juntamente com os pracinhas.

As primeiras viaturas Jeep utilizadas pelo Exército Brasileiro eram do modelo MB, modelo utilizado pelo Exército Americano durante a segunda Guerra.

Quadro 2 – Ficha Técnica Jeep Willys Overland Cj-3A Fabricante Willys País de fabricação Estados Unidos País de confecção do Estados Unidos projeto Motor - "L-head" "Go Devil" Cilindrada 2200 cm³ Potencia 54 HP Torque 14,48 M.Kgf a 2.000 rpm Tanque 57 litros Câmbio Manual de 3 marchas à frente e 1 à ré Comprimento 3330 mm Largura 1574 mm Altura livre do solo 222 mm Distancia entre eixos 2032 mm Peso 1100 Kg Carga útil 362 Kg Freios Mecânico a tambor Suspensão Molas semielípticas e amortecedores hidráulicos Ângulos de 45° / 35° entrada/saída Pneus 6,00" x 16,00" Velocidade Máxima 105 Km / h Consumo 12 -18 litros / 100 Km ou 8,33 - 5,55 Km / litro

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Combustível Gasolina Fonte: Armas nacionais (2017)

A partir de 1951 passou a ser produzido o Jeep CJ-3A, que ficou em produção até 1953. Para o Exército passou a ser produzida uma versão militarizada, e esta consistia na adição de faróis militares, luz de mapa e sirene. O CJ-3B foi a primeira viatura utilizada pelo Exército a ter fabricação nacional, e sua produção iniciou-se em 1954 e durou apenas um ano, sendo substituído pelo modelo CJ-5, mais moderno. Apesar de produzido no Brasil, todas as peças vinham dos Estados Unidos, sendo apenas montados em território nacional.(CAMARGO, 2019)

Até 1969, os veículos da linha Jeep eram produzidos pela Willys Overland do Brasil (WOB), e, após esse ano, passaram a ser produzidos pela Ford do Brasil, por ocasião da compra da WOB pela Ford do Brasil. A Ford forneceria o modelo CJ-5 até o ano de 1981, quando encerrou a produção.

Segundo Angel-fire (200?), durante a sua vida os “ Jeep s” sofreram diversas evoluções, principalmente na parte mecânica. Possuiu em toda sua vida 3 motores distintos, sendo o primeiro um 4 cilindros de 2,2 L de 54 HP. Esse motor equipou 3 modelos de Jeep , o MB, CJ-3A, CJ-3B e CJ-5 até o ano de 1959, quando passou a ser adotado o Motor BF-161 de 6 cilindros, 2,6 L e 90 HP. Em 1970 o BF-161 passou por uma atualização, que aumentou a sua capacidade volumétrica para 3,0 L e 112 HP. Tal atualização fez com que o motor fosse rebatizado de BF-184. Em 1976, o motor OHC de 4 cilindros 2,3 L e 99 HP, o motor OHC mais moderno que o antiquado BF-184, tornou o CJ-5 mais ágil, apesar da maior potência do BF-184 o OHC. Era mais eficiente, mais leve e principalmente econômico.

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Figura 2 - Ford CJ-5

Fonte: Armas nacionais (2017)

2.1.5 Camioneta militar Jeep Willys 3/4 tonelada

No final da década de 1950, o Exército necessitava atualizar a frota de viaturas de 3/4ton, as viaturas até então utilizadas eram as viaturas Dodge WC, que estavam sofrendo a falta de suprimento de peças. Como no Brasil estava ocorrendo à implantação da indústria automobilística nacional, era vantagem para o Exército à nacionalização da frota e estabelecimento da Indústria Nacional de Defesa.

A Willys Overland do Brasil ofertou para o Exército a camioneta militar Jeep willys ¾ tonelada, que era uma versão militarizada do Rural Jeep Willys ¾ tonelada. De acordo com Garcia (2000), as principais modificações da versão militar para a civil eram o chassis reforçado, diferenciais com relação curta 53x9, pneus 750x16, tala das rodas 1” mais largo, para-choques reforçados, faróis militares, para-brisas basculante, capota de lona.

A camioneta militar Jeep willys ¾ tonelada foi produzida pela WOB até o ano de 1967 quando a mesma passou ao controle da Ford do Brasil. Segundo Garcia (2000), a viatura foi rebatizada de F-85, ficou em produção até o ano de 1983 e essa viatura foi apelidada nos quartéis como Cachorro Louco, por ser valente e muito bruta nos serviços prestados.

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Quadro 3 – Ficha técnica Camioneta militar Jeep Willys ¾ tonelada Fabricante Willys País de fabricação Brasil País de confecção do Estados Unidos projeto Motor BF-184 Cilindrada 3000 cm³ Potencia 112 HP Torque 22,6 kgmf a 2200 rpm Tanque 66 litros Câmbio Manual de 3 marchas à frente e 1 à ré Comprimento 5100mm Largura 1880mm Altura livre do solo 220mm Distancia entre eixos 2997mm Peso 1549 kg Carga útil 750 kg Freios Hidráulico a tambor Suspensão Molas semielípticas e amortecedores hidráulicos Ângulos de entrada /saída 33° / 28° Pneus 9,00" x 16,00" Velocidade Máxima 105 km/h Consumo 5,0 Km /litro Combustível Gasolina Fonte: Bitu (2016)

A partir de 1976, a F-85 passou a vir equipada com o motor Ford OHC 2,3 L de 99 HP, assim como ocorreu com o Ford CJ-5.

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Figura 3 - Ford F-85

Fonte: Garcia (2000)

2.1.6 Gm C-15

Em meados de 1975, a apresentou o protótipo da picape C-15 com tração 4x4, fornecida pela Engesa. A picape tinha por objetivo suprir a necessidade do Exército de substituir os Dodge da serie WC, oriundos dos anos 1940, devido a dificuldade de suprimento, já que as viaturas Dodge eram de fabricação americana. As viaturas F-85, F-106 e Toyota Bandeirante também substituíram as Viaturas Dodge da serie WC. De acordo com Armas Nacionais (2018), a C-15 se diferenciava das versões civis por dispor de tração 4x4, para-choques reforçados com grade de proteção para os faróis, caçamba com piso reforçado, sistema elétrico de 24 volts, cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante.

A viatura começou a integrar as fileiras do Exército em setembro de 1975, em duas versões: C-14, chassis curto, e C-15, chassis longo. O Exército adquiriu as viaturas da GM até 1981, quando foi iniciada a produção da Engesa EE-34, que possuía algumas melhorias em relação as C-15, principalmente o motor movido a Diesel. Devido à mudança na legislação brasileira, Portaria 346, de 19 de novembro de 1976, do MIC, que alterou as normas para utilização de motores a diesel nos veículos automotores.

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Quadro 4– Ficha Técnica GM C-15 Fabricante GM do Brasil País de fabricação Brasil País de confecção do Brasil projeto Motor GM-261 Cilindrada 4300 cm³ Potencia 151 HP Torque 32,0 kgmf a 2400 rpm Tanque 68 litros Câmbio Manual de 3 marchas à frente e 1 à ré Comprimento 4840mm Largura 1970 mm Altura livre do solo 230 mm Distancia entre eixos 2920 mm Peso 1570 k Carga útil 750 kg Freios Dianteiro a disco; traseiro a tambor. Dianteira: independente com molas helicoidais; traseira: molas Suspensão semielípticas. Ângulos de entrada/saída 30°/ 26° Pneus 6,50 x 16,00" Velocidade Máxima 130 km/h Consumo 6,0 km/ litro Combustível Gasolina Fonte: Bitu (2017)

Figura 4 - GM C-15

Fonte: Meliani (2014)

2.1.7 Engesa EE- 34

De acordo com Bitu (2012) o sucesso das viaturas GM em operações fez com que a Engesa juntamente com a Envemo, desenvolvesse a viatura EE-34, a qual usava a

22 plataforma dos picapes GM C-14 e C-15, a viatura EE-34 foi adquirida pelo Exército nos anos de 1981 á 1985. A EE-34 tinha a mesma missão das C-14 e C-15, apresentava vantagens em relação aos picapes da GM por ter sido feito especificamente para as Forças Armadas e por utilizar a motorização da GM D-10, o motor Perkins 4236, diferentemente das outras viaturas de transporte não especializado que o exército possuía até o momento, que não passavam de viaturas civis militarizadas e eram movidas a gasolina.

A EE-34 foi a primeira viatura de transporte não especializado de até ¾ de tonelada utilizada pelo Exército projetada e produzida por uma empresa 100% nacional.

Quadro 5 – Ficha Técnica Engesa EE-34 Fabricante Engesa País de fabricação Brasil País de confecção do Brasil projeto Motor Perkins 4236 Cilindrada 3861 cm³ Potencia 86 HP Torque 26,4 kgmf a 1400 rpm Tanque 88 litros Manual de 5 marchas, tração traseira permanente e tração 4×4 Câmbio temporária. Comprimento 5110mm Largura 2040mm Altura livre do solo 235mm Distancia entre eixos 2920mm Peso 2500 kg Carga útil 750 kg Freios Dianteiro a disco; traseiro a tambor. Dianteira independente com molas helicoidais; traseira molas Suspensão semielípticas. Ângulos de entrada/saída 32°/25° Pneus 7,50" x 16,00" Velocidade Máxima 105 km/h Consumo 8,5 km/litro Combustível Diesel Fonte: Armas Nacionais (2017)

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Figura 5- Engesa EE-34

Fonte: Quatro Rodas (2016)

2.1.8 Toyota Xingu

No Brasil, em 1958, a Toyota iniciou sua trajetória sendo montada sob o nome de Land Cruiser FJ-251 (série J5). Somente a partir de 1962 sua fabricação foi nacionalizada, atendendo as exigências previstas pelo Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA). Suas características mais marcantes são o fato de se locomover em terrenos desfavoráveis a automóveis de passeio e ser um veículo robusto (GIUCCI, 2007).

O Exército Brasileiro firmou os primeiros contratos de fornecimento com a Toyota, em meados da década de 1950, das versões do jipe curto com teto de lona ou aço. Sendo seguidos por unidades do modelo perua com teto de aço e picapes curta e longa, por possuírem a eficiente tração 4x4 (GIUCCI, 2007).

A primeira versão da Toyota bandeirante verdadeiramente militar surgiu em 1985, após o Exército abrir uma concorrência para a compra de jipes militares, surgiu assim o jipe “Xingu”. O Xingu era disponibilizado em três tamanhos de chassis, contava ainda com para-brisa rebatível, santo antônio, guincho mecânico, faróis militares e suspensão e lataria reforçados (BITU, 2017).

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Quadro 6 – Ficha técnica Toyota Xingu Fabricante Toyota do Brasil País de fabricação Brasil País de confecção do Japão projeto Motor OM 324 Cilindrada 3784 cm³ Potencia 95,3 HP Torque 26 kgmf a 2800 rpm Tanque 53 litros Câmbio manual de 4 marchas Comprimento 3830 mm Largura 1660 mm Altura livre do solo 210 mm Distancia entre eixos 2285mm Peso 1580 kg Carga útil 750 kg Freios tambor nas 4 rodas Suspensão Molas semielípticas e amortecedores hidráulicos Ângulos de entrada/saída 40°/31° Pneus 215/80R16 Velocidade Máxima 120 km/h Consumo 9,5 km/litro Combustível Diesel Fonte: Bitu (2017) O Toyota Xingu foi criado especificamente para o Exército Brasileiro. Foram realizadas modificações em cima do projeto original, que é de origem japonesa pela Toyota do Brasil.

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Figura 6 - Toyota Xingu

Fonte: Museu Militar (2020)

2.1.9 JPX- Montez

O JPX Montez foi produzido pelo grupo EBX, do empresário Eike Batista, com o intuito de suprir a lacuna aberta no mercado após Ford deixar de produzir o CJ-5. O Exército viu no JPX uma oportunidade de renovar a sua frota, já que os CJ-5 mais novos já tinham dez anos e começavam a apresentar problemas.

Segundo Rodriguez (2017), o JPX era um projeto de origem francesa, da empresa Auverland A-3. O motor 1.9 diesel de 71HP o câmbio eram da Peugeot. As caixas de redução e transferência Auverland também vinham da França, enquanto os eixos e diferenciais Carraro e os freios eram italianos. A grande quantidade de peças importadas dificultava a manutenção e suprimento, o que resultou em grande quantidade de viaturas indisponíveis. A dificuldade de manutenção e a grande indisponibilidade fez com que o Exército encerrasse as compras do JPX.

De acordo com Bastos (2005), o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) em parceria com Arsenal de Guerra do Rio (AGR) fez um projeto de atualização da mecânica do JPX. Foi instalado um motor MWM 2.8, uma suspensão reforçada,

26 reforços estruturais, para que o veiculo suportasse uma metralhadora MAG 7,62mm, e novos suportes para o conjunto de força. O projeto não teve prosseguimento.

A grande indisponibilidade das viatura JPX fizeram que o Exército as descarregasse antes do tempo de vida útil previsto, 25 anos, conforme o BI nº21 de 27 de maio de 2016.

Quadro 7 – Ficha Técnica JPX Montez Fabricante Grupo EBX País de fabricação Brasil País de confecção do França projeto Motor XUD-9ª Cilindrada 1900 cm3 Potencia 90,5 HP Torque 17,4 kgmf a 2250 rpm Tanque 80 litros Câmbio manual de 5 marchas Comprimento 4756 mm Largura 1640 mm Altura livre do solo 250 mm Distancia entre eixos 2900mm Peso 1760 kg Carga útil 500 kg Freios dianteiro a disco; traseiro a tambor. Suspensão eixo rígido com mola helicoidal Ângulos de entrada/saída 50°/25° Pneus 215/80R16 Velocidade Máxima 130 km/h Consumo 12,8 km/litros Combustível Diesel Fonte: Rodriguez (2017)

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Figura 7 - JPX Montez

Fonte: 4X4 Brasil (2003)

2.1.10 Land Rover Defender

De acordo com o Lexicar (2018), a Land Rover iniciou sua produção no Brasil em 1997, disponibilizando o modelo Defender, em três variações os modelos: 90, com 90” distância entre eixos, com opção de capota de lona ou de aço; 110, com 110” de distância entre eixos, nas opções cabine picape cabine simples e Station Wagon; e 130, com 130” de distância entre eixos, disponível somente na opção de picape cabine dupla.

O Exército Brasileiro comprou as viaturas Land Rover Defender nas três opções de chassis, em sua maioria com capota de lona, com o objetivo de substituir as últimas unidades das viaturas CJ-5, F-85, F-106, Bandeirante, GM e Engesa, que ainda estavam em uso em algumas unidades. Os contratos de compra das viaturas Defender foram firmados de 1999 a 2005, ano em que a Land Rover desativou sua linha de produção no Brasil.

Quadro 8 – Ficha Técnica Land Rover Defender Fabricante Land Rover País de fabricação Brasil País de confecção do Inglaterra projeto

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Motor Maxion HSD Cilindrada 2500 cm³ Potencia 115 HP Torque 29,6 kgmf a 1600 rpm Tanque 75 litros Câmbio Manual de 5 marchas Comprimento 4599 mm Largura 1790 mm Altura livre do solo 215 mm Distancia entre eixos 2794 mm Peso 2028 kg Carga útil 920 kg Freios dianteiro a disco; traseiro a tambor. Suspensão eixo rígido com mola helicoidal Ângulos de entrada/saída 51° / 34° Pneus 265/80R16 Velocidade Máxima 140 km/h Consumo 8,9 km/litros Combustível Diesel Fonte: Lexicar (2018) Figura 8 - Land Rover Defender

Fonte: Lexicar (2018)

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2.1.11 Agrale Marruá

No ano de 2003, a Agrale apresentou o primeiro protótipo do Agrale Marruá AM-2, o protótipo surgiu do desenvolvimento do projeto do Engesa-4, um jipe produzido pela Engesa na década de 1980, o principal motivo para o Exército Brasileiro escolher a Agrale para a produção do Marruá é fato de ela ser uma empresa de capital 100% nacional, característica importante para a Indústria de Defesa Nacional.

O AM-2 atendeu plenamente ao Requisito Técnico Básico 063/94, estabelecido pelo Exército Brasileiro, o AM-2 é classificado como VTNE ½ 4X4, destinado para o transporte de pessoal ou carga, podendo carregar 500 kg em qualquer terreno, podendo ainda dispor de um reboque militar com mais 250 kg.

O Exército Brasileiro recebeu as primeiras unidades do AM-2 em 2006, essas viaturas foram enviadas para Grupo de Exploradores dos Pelotões de Cavalaria e Pelotões de Exploradores do Comando Militar do Sul.

A Agrale desenvolveu outros modelos do Agrale Marruá são eles: AM-10; AM- 11; AM-20; AM-21; AM-23; AM-31. Os modelos AM-10 e AM-11 são viaturas de reconhecimento, transporte de tripulantes e carga, sendo a AM-10 equipada com motorização Euro II e a AM-11 equipada com motorização Euro III. Os modelos AM- 20 e AM-21 são viaturas para transporte de tripulantes ou carga de até 750 kg, com capota removível e carroceria metálica com teto de vinil, sendo a AM-20 equipada com motorização Euro II e a AM-21 equipada com motorização Euro III. O AM-23 se diferencia do modelo AM-21 por ter cabine com teto rígido e capacidade de carga de 800 kg. O modelo AM-31 é uma viatura para transporte de tripulantes ou carga de 1500 kg, carroceria metálica e teto rígido.

Os primeiros marruá eram equipados com motor MWM Sprint 4.07TCA 2.8 L com injeção mecânica e 150 HP, esse motor atendia as normas Euro II. Com a chegada das normas Euro III continuou sendo utilizado o mesmo motor MWM Sprint 4.07TCA 2.8 L só que com injeção eletrônica de combustível e 163 HP. Esse motor foi utilizado até o ano de 2014. A partir de 2015, a marruá foi equipada com o motor Cummins Isf 2.8 com injeção eletrônica e 150 HP. Esse motor, assim como o MWM, atende as normas Euro III, de acordo com a própria Agrale a troca do motor MWM pelo Cummins ocorreu devido ao fechamento da fabrica da MWM no Brasil.

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Quadro 9 – Ficha Técnica Agrale Marruá Fabricante Agrale País de fabricação Brasil País de confecção do Brasil projeto Motor Cummins isf Cilindrada 2800 cm³ Potencia 150 HP Torque 36 kgmf a 2700 rpm Tanque 100 litros Câmbio EATON FS 2305 C de 5 marchas à frente Comprimento 5300 mm Largura 2065 mm Altura livre do solo 230 mm Distancia entre eixos 3350 mm Peso 2840 kg Carga útil 750 kg Freios dianteiro a disco; traseiro a tambor. dianteira independente com molas helicoidais; traseira Suspensão molas semielípticas. Ângulos de entrada/saída 54°/26° Pneus 265/80R16 Velocidade Máxima 95,7 km/h Consumo 10 km/litro Combustível Diesel Fonte: Agrale (2020)

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Figura 9 - Agrale Marruá

Fonte: Plano Brasil (2018)

2.1.12 Toyota Hilux O Exército utiliza a viatura Toyota Hilux na configuração de quatro portas com motor 2,5 litros, uma das configurações mais básicas do portfólio da Toyota. A Hilux produzida para o Exército é basicamente é a mesma disponibilizada para o mercado civil, se diferencia apenas por um pacote de acessórios de militarização, que incluem para-choques reforçados, suporte para guincho, protetor de faróis e lanternas traseiras, snorkel, suporte para galão de combustível, suporte para ferramentas de sapa, pá e machado, iluminação militar, capota de lona, entre outras pequenas modificações.

Quadro 10 – Ficha Técnica Toyota Hilux Fabricante Toyota País de fabricação Argentina País de confecção do Japão projeto Motor Toyota D4-D 2KDFTV Cilindrada 2500 cm³ Potencia 102 HP Torque 26,3 kgmf a 2400 rpm Tanque 80 litros Câmbio Manual de 5 marchas Comprimento 5225 mm

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Largura 1760 mm Altura livre do solo 228 mm Distancia entre eixos 3085 mm Peso 1885 kg Carga útil 750 kg Freios Dianteiro a disco; traseiro a tambor. Dianteira com braços sobrepostos; Traseira molas Suspensão semielípticas. Ângulos de entrada/saída 30°/23° Pneus 205/70R16 Velocidade Máxima 150 km/h Consumo 13 km/litro Combustível Diesel Fonte: Vrum (2006) Com a Toyota Hilux o Exército voltou a comprar viaturas importadas. A última viatura de transporte não especializado de até ¾ de tonelada importada utilizada foi os primeiros Jeep Willys que eram oriundos do Estados Unidos, enquanto a Toyota Hilux é fabricada na Argentina. As Hilux são a viatura de transporte não especializado mais moderna utilizada pelo Exército. De acordo com a Revista O Mecânico, o modelo Turbo Diesel D4-D 2.5 litros tem 16 válvulas, quatro cilindros em linha, DOCH (duplo comando de válvulas). O desempenho atinge os 102 HP de potência a 3.600 rpm, com um torque máximo de 26,5 kgfm a 1.600 – 2400 rpm”.

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Figura 10 - Toyota Hilux

Fonte: Maisnoticiasms (2018)

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3 REFERENCIAL METODOLOGICO O tema dessa pesquisa insere-se na linha de pesquisa histórica militar, com ênfase na área de estudo de viaturas leves.

3.1. Referencial metodológico Visando investigar os motivos para a evolução das viaturas de transporte não especializado de ¾ de tonelada utilizadas pelo Exército Brasileiro da segunda guerra mundial até os dias atuais foi formulado o seguinte problema de pesquisa: Quais os principais fatores que influenciam no desenvolvimento das viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada?

Como objetivo geral foi definido: Analisar a evolução histórica das viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada utilizadas pelo Exército Brasileiro, do pós-guerra aos dias atuais. Através do estudo em cima da evolução ser capaz de analisar os motivos desse desenvolvimento. De forma a ajudar nessa pesquisa foram definidos como objetivos específicos:

A. Descrever a evolução das viaturas de transporte não especializado de ¾ de tonelada.

b. comparar a motorização das viaturas.

3.2. Perspectiva Teórica Para Ander-Egg (1978) apud Lakatos e Marconi (2005), a pesquisa é um procedimento controlado e crítico, que permite descoberta de novos dados, fatos, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento. De acordo com Silva e Menezes (2001) a pesquisa pode ser classificada: Quanto à natureza em:

a) Básica – quando a pesquisa tem por objetivo gerar conhecimentos novos e úteis, envolvendo interesses e verdades universais. b) Aplicada – quando a pesquisa pretende promover a geração de conhecimentos que possam ter aplicação prática na solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais. Quanto à forma de abordagem do problema em:

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a) Quantitativa – quando a pesquisa considera que tudo, como por exemplo, opiniões e informações, possam ser quantificáveis e traduzidas em números, requer o uso de recursos e técnicas em estatística. b) Qualitativa – quando a pesquisa é descritiva, nessa classificação o ambiente natural é fonte direta para coleta de dados, os pesquisadores tendem a fazer suas análises indutivamente. A relação entre o mundo real e o sujeito não pode ser traduzida em números, por isso não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. Quanto aos objetivos: Segundo Gil (1991) apud Silva e Menezes (2001), do ponto de vista de seus objetivos a pesquisa pode ser: a) Exploratória – envolve levantamento bibliográfico, análise de exemplos, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, visando oferecer maior familiaridade com o problema ou, para criar hipóteses. Geralmente assumindo a estrutura de estudo de caso ou de pesquisa bibliográfica. b) Descritiva – envolve a utilização de técnicas padronizadas de levantamento de dados, visando descrever as características de determinado fenômeno, população ou o envolvimento de relações entre as variáveis. Geralmente assumindo a forma de levantamento. c) Explicativa – envolve o método experimental quando é realizada nas ciências naturais, e o método observacional quando realizada nas ciências sociais. Visa identificar fatores que contribuem ou determinam a ocorrência dos fenômenos, explicando o “porquê” das coisas. Geralmente assumindo a forma de pesquisa experimental e pesquisa expost-facto. Quanto aos métodos: De acordo Gil (1991) apud Silva e Menezes (2001), sobre os métodos a pesquisa podem ser: a) Bibliográfica: elaborada por meio do uso de material já publicado, ou disponibilizado pela internet. b) Documental: elaborada por meio do uso de materiais que não receberam tratamento analítico. c) Experimental: elaborada após a determinação de um objeto de estudo, da seleção das variáveis, definindo a forma de controle e de observação que a variável produz no objeto.

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d) Levantamento: elaborada por meio da interrogação direta das pessoas, cujo comportamento deseja-se conhecer. e) Estudo de caso: elaborada por meio de um estudo profundo, de um ou poucos objetos para que se possa realizar seu amplo detalhamento e conhecimento. f) Expo-facto – elaborada quando o experimento se realiza depois dos fatos. Assim conclui-se que essa pesquisa é de natureza básica, por gerar novos conhecimentos de interesse universal. A forma de abordagem é qualitativa, levando em conta que as viaturas têm seu desempenho medido através de suas características físicas. Os objetivos desse trabalho são explicativos, levantando dados das características das viaturas. Por fim o método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico, levantando informações principalmente de dados da internet.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o período da segunda grande guerra até os dias atuais o Exército Brasileiro utilizou vários modelos de viaturas de variadas marcas e países de origem. Todas elas cumpriram muito bem o seu papel como viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada. Elas passaram por diversas evoluções e modificações em todos os seus sistemas. Estas acompanharam a evolução e disponibilidade das montadoras existentes no Brasil, que desenvolveram seus produtos principalmente, devido à competitividade entre elas e à exigência cada vez maior dos clientes. As primeiras viaturas utilizadas eram de origem estadunidense, resultado da aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos no pós-guerra. Possuíam grandes motores a gasolina e suspensão com molas semielípticas e eixos rígidos. Com o passar do tempo, devido ao estabelecimento da Indústria Nacional de Defesa, a fabricação das viaturas passou a ser nacional, sendo o CJ-3B o primeiro a ser montado em solo brasileiro. Todos os seus componentes eram importados, pois a nacionalização da maioria das peças chegou apenas no final da década de 1950, quando o CJ-5 passou a atender os parâmetros impostos pelo GEIA. No entanto, os projetos ainda eram americanos, com poucas modificações. Na década de 1980, vieram os primeiros projetos 100% nacionais, produzidos por empresas brasileiras. A primeira viatura projetada por um empresa nacional foi a EE-34. De acordo com Andrade (2015), a nacionalização dos projetos ocorreu no momento em que o governo brasileiro, na época comandado por militares, estava incentivando a produção tecnológica no Brasil, principalmente no setor de defesa. Acompanhando essa evolução dos projetos, chegaram os motores movidos a diesel, suspensão independente e o câmbio de cinco marchas. A nacionalização dos projetos foi benéfica para o desenvolvimento da indústria nacional de defesa e para o crescimento do Exército Brasileiro, pois trouxe independência tecnológica de outros Exércitos. Atualmente, as viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada utilizadas são de três modelos: Land Rover Defender, Agrale Marruá e Toyota Hilux. Desses, apenas a Agrale Marruá é um projeto brasileiro. A Land Rover Defender era produzida no Brasil, mas seu projeto é de origem inglesa, enquanto a Toyota Hilux, fabricada na Argentina e tem projeto de origem japonesa. Estas viaturas cumprem os requisitos exigidos pelo Exército Brasileiro.

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Nos próximos anos possivelmente teremos novas evoluções nas viaturas de transporte não especializado de até ¾ de tonelada, já que as viaturas Land Rover Defender estão próximas do final da sua vida útil (25 anos, de acordo com o BI nº21 de 27 de maio de 2016), e possivelmente serão trocadas por novas viaturas. As principais opções de compra que o Exército tem são os já conhecidos Agrale Marruá, Toyota Hilux e a Ford Ranger. A Ford ganhou a concorrência feita pelo Exército Argentino, que começou no final de 2018 e terminou em Abril de 2020. A principal concorrente da Ford Ranger era a Toyota Hilux.(ESTADÃO, 2020).

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