ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO I - APRESENTAÇÃO E ENQUADRAMENTO GERAL 3

2.1 FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE REVISÃO ...... 3

2.1 ENQUADRAMENTO DO PDM COM OS INSTRUMENTOS, ESTRATÉGIAS E POLITICAS DE GESTÃO TERRITORIAL ...... 6

2.3 ÂMBITO TERRITORIAL ...... 11

CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA BIOFÍSICO, AMBIENTAL E PAISAGÍSTICO 13

2.1. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA ...... 14

2.2. CARACTERIZAÇÃO ECOLÓGICA ...... 16

3.3. PAISAGEM ...... 26

CAPÍTULO III - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA SOCIO-ECONÓMICO 27

3.1. INTRODUÇÃO ...... 27

3.2. CARATERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE PORTIMÃO ...... 27

3.3. EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA DO CONCELHO DE PORTIMÃO E BARLAVENTO DO - (1981-2021) ...... 29

3.4. DINÂMICAS ECONÓMICAS ...... 33

CAPÍTULO IV - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE PATRIMONIAL 46

1. INTRODUÇÃO ...... 46

2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA ...... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.48

3. VALORAÇÃO PATRIMONIAL ...... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.48

4. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA DO MUNICÍPIO ...... 48

5. PROPOSTAS PARA A REALIZAÇÃO DA VERSÃO PRELIMINAR DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL ...... 54

6. LEVANTAMENTOS DO PATRIMÓNIO EDIFICADO DO MUNICÍPIO ...... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.56

CAPÍTULO V - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA DE REDES E INFRAESTRUTURAS URBANAS 57

1. REDES DE INFRAESTRUTURAS ...... 57

2. INFRAESTRUTURAS DE SANEAMENTO ...... 6059

3. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ...... 62

4. ENERGIA ...... 65

5. GÁS NATURAL ...... 66

6. COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS ...... 67

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CAPÍTULO VI - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS 67

1. INTRODUÇÃO ...... 67

2. EQUIPAMENTOS DE EDUCAÇÃO ...... 68

3. EQUIPAMENTOS DE SAÚDE ...... 74

4. EQUIPAMENTOS DESPORTIVOS ...... 77

5. EQUIPAMENTOS DE SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL ...... 85

6. EQUIPAMENTOS CULTURAIS ...... 85

7. EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA PÚBLICA ...... 86

8. ADMINISTRATIVOS, CORREIOS E TELECOMUNICAÇÕES ...... 87

CAPÍTULO VII - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA VIÁRIO, DE TRANSPORTES E DE CIRCULAÇÃO 8988

1. CONTEXTO REGIONAL E ACESSIBILIDADES EXTERIORES ...... 88

2. REDE VIÁRIA CONCELHIA: ESTRUTURA E HIERARQUIZAÇÃO ...... 90

3. TRANSPORTE PÚBLICO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS ...... 95

4. MOBILIDADE E MOVIMENTOS INTRA-CONCELHIOS ...... 97

5. CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA OCUPAÇÃO E USO ATUAL DO SOLO ...... 99100

6. SISTEMA DE POVOAMENTO E URBANO ...... 105

7. PROCESSO DE OCUPAÇÃO URBANÍSTICA ...... 107

8. SECTOR DE HABITAÇÃO ...... 111

9. ALVARÁS DE LOTEAMENTO EMITIDOS ...... 114

10. UNIDADES OPERATIVAS DE PLANEAMENTO E GESTÃO ...... 117

11. OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO ...... 122

CAPÍTULO VIII - ANÁLISE SWOT 124

BIBLIOGRAFIA 126

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CAPÍTULO I - APRESENTAÇÃO E ENQUADRAMENTO GERAL

1.1 - Fundamentação do processo de revisão

O PDM do concelho de Portimão foi aprovado pela Assembleia Municipal em 7 de Abril de 1994 e ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º53/95, estando assim cumprido o tempo previsto para se iniciar o processo de revisão.

Decorrido o prazo de aplicação e principalmente, o quadro temporal de referência em que foram elaborados os estudos do PDM, consideramos estes factos desde já, razões fundamentais para equacionar a atualidade e desempenho deste instrumento de planeamento, na estruturação e ordenamento do território do concelho.

Acresce que durante o prazo de vigência do PDM ocorreram (e estão a ocorrer) um conjunto de alterações legais e regulamentares, que só terão uma incorporação adequada no PDM, se equacionadas e integradas num processo de revisão do próprio Plano.

O processo de revisão do PDM justifica-se entre outras razões, nas perspetivas fundamentais, de um processo de avaliação e de um processo de atualização/evolução do modelo de ordenamento na sua dimensão regulamentar e estratégica.

As principais razões que desencadearam o processo de revisão do PDM de Portimão

a) A revisão do conceito e integração do PDM no quadro da Política de Ordenamento do Território do Concelho;

b) As alterações legais e regulamentares que ocorreram após a entrada em vigor do PDM;

c) A alteração e novas dinâmicas do quadro económico, social, culturais e ambientais com expressão territorial que ocorrem no concelho;

d) Os acertos inevitáveis e a evolução do modelo regulamentar.

a) A revisão do conceito e integração do PDM no quadro da Política de Ordenamento do Território do Concelho:

O PDM em vigor, elaborado sob o enquadramento do Decreto-Lei n.º69/90, e fazendo parte dos chamados “PDM’s de 1.ª Geração”, que se caracterizam pelos contextos de inexperiência generalizada, obrigatoriedade, rapidez de execução, conduziu à produção de instrumentos de planeamento, por vezes de interpretação difícil, que apenas apoiavam, mesmo que de forma deficiente a gestão do território e que, na sua grande maioria, decorriam de estudos que, na prática, não se refletiam no documento final,

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resumindo-se quase exclusivamente, a planos de zonamento e classificação de regimes gerais de edificabilidade.

Considera-se de suscitar uma evolução do papel do atual PDM, numa perspetiva de acrescentar ao seu papel regulamentador as funções de orientação e promoção ativa do desenvolvimento concelhio para que se verifique:

 Conformidade do PDM com as novas estratégias definidas no Programa Nacional da Politica de Ordenamento do território;

 Conformidade do PDM com as disposições contidas no Plano de Ordenamento da Orla Costeira;

 Conformidade do PDM com o Plano sectorial relativo à implementação da Rede Natura 2000;

 Conformidade do PDM com o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve;

 A integração dos estudos e estratégias definidas na Agenda 21 Local;

 A integração, no quadro da avaliação dos resultados do PDM em vigor, da política municipal de ordenamento consagrada com a dinâmica das condições sócio - económicas, culturais e ambientais entretanto verificadas;

 A integração com as estratégias e políticas definidas nos diversos planos de urbanização e de pormenor em elaboração e publicados durante o período de vigência do PDM, bem como planos de carácter estratégico e estudos existentes;

 Necessidade de atualização das disposições vinculativas das particulares contidas nos regulamentos e nas plantas que os representem.

b) As alterações legais e regulamentares que ocorreram após a entrada em vigor do PDM:

 DL n.º48/98 de 11.08 – Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e Urbanismo;

 DL n.º364/98 de 21.11 - Obrigatoriedade de elaboração de cartas para os aglomerados com zonas inundáveis;

 DL n.º380/99 de 22.09, com a redação que lhe é conferida pelo DL n.º310/06 de 10.12 e pelo DL n.º 316/07 de 19.09 e retificado pela Declaração de retificação n.º104/07 de 06.11 – R.G.I.T e alterado pelo Decreto-Lei n.º181/2009, de 07.08;

 Portaria n.º 138/2005 de 2.02 - fixa os elementos que devem acompanhar os PMOTs;

 DL n.º555/99 alterado pela L n.º136/2014, de 09.09- RJUE;

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 DL n.º292/2000 de 14 de Novembro, com as alterações introduzidas pelo DL n.º9/2007 de 17.01;

 DL n.º80/2015 – Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

 Portaria n.º1474/2007 de 16.11rectificada pela D.R.n.º1-C/2008, de 15.01 – Regula o funcionamento da C.A.;

 D.L. n.º166/08, de 22.08, retificado pela D.R. n.º63-B/08 de 21.10 – Estabelece o regime da REN;

 DL n.º232/2007, de 15.06 – Estabelece o regime a que fica sujeita a avaliação dos efeitos de determinados planos e programas no ambiente;

 DR n.º9/2009, de 29.05 – Estabelece os conceitos técnicos nos domínios do ordenamento do território e do urbanismo a utilizar nos instrumentos de gestão territorial;

 DR n.º9/2009, de 29.05 retificado pela Declaração de Retificação n.º53/2009, de 28.07 que estabelece os conceitos técnicos nos domínios do ordenamento do território e do urbanismo a utilizar nos instrumentos de gestão territorial;

 DR n.º10/2009, de 29.05 retificado pela Declaração de Retificação n.º54/2009, de 28.07 que fixa a cartografia a utilizar nos instrumentos de gestão territorial, bem como na representação de quaisquer condicionantes

 DR n.º11/2009, de 29.05 - Estabelece os critérios uniformes de classificação e reclassificação do solo, de definição de utilização dominante, bem como das categorias relativas ao solo rural e urbano, aplicáveis a todo o território nacional;

 DR n.º 15/2015 de 19 de agosto Base da política pública de solos

c) A alteração e novas dinâmicas do quadro económico, social e cultural com expressão territorial:

Os contextos de análise e previsão em que fundamentou o modelo de organização do território substanciado no PDM em vigor registaram alterações, nomeadamente:

 Entre 1991 e 2011 o concelho de Portimão teve um aumento demográfico;

 A distribuição da população do concelho de Portimão faz-se essencialmente entre três grandes núcleos urbanos;

 Aumento na forma da ocupação dos alojamentos, entre 1991 e2011;

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 A afirmação do sector turístico nas duas últimas décadas com repercussões na economia local, nomeadamente no sector imobiliário mas também nas atividades associadas ao comércio, pesca e indústria;

d) Os acertos e evoluções do modelo regulamentar

O modelo de ordenamento do PDM e o regulamento que o suporta têm vindo a evidenciar, pela sua aplicação na gestão urbanística, um conjunto de situações em que claramente se impõem uma revisão dos critérios de classificação (e delimitação) e regime de uso de certos tipos de espaços.

No âmbito da revisão do PDM consideram-se de rever as disposições relativas a:

 Dadas as repercussões que as estratégias definidas na revisão do PROTAL terão no modelo de ordenamento e corpo regulamentar do concelho,

 Correção/revisão do modelo de ordenamento do Plano, tendo em conta os compromissos urbanísticos assumidos,

 Redefinição das restrições de utilidade pública RAN e REN tendo em consideração erros cartográficos herdados de um contexto tecnológico pouco eficaz;

 Redefinição dos parâmetros de edificabilidade em espaços urbanos

1.2 - Enquadramento do PDM com os instrumentos, estratégias e politicas de gestão territorial

A revisão do PDM terá que conformar-se com as estratégias e orientações expressas num conjunto de instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional, regional e municipal, nomeadamente:

a) Estratégias e Programas Nacionais:

. Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território – PNPOT

b) Planos Sectoriais com incidência territorial:

. Plano Sectorial da Rede Natura 2000

. Plano das Bacias Hidrográficas da Ribeiras do Algarve

. Plano Estratégico Nacional do Turismo

. Plano Regional de Ordenamento Florestal do Algarve

c) Planos Especiais:

. Plano de Ordenamento da Orla Costeira Burgau – Vilamoura

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d) Planos Regionais:

. Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve

e) De âmbito municipal:

. Agenda 21 local

. Diversos planos de urbanização e de pormenor publicados e em elaboração

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Tabela 1 - Enquadramento e objetivos definidos nos instrumentos de gestão territorial e noutros documentos estratégicos

Plano Enquadramento e Objetivos

É um instrumento de gestão territorial, de concretização da política nacional de conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização dos sítios e das zonas de proteção especial do território continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas.

De acordo com as fichas de sítios da Lista Nacional (Sítios) o concelho de Portimão está abrangido pelos sítios Arade/Odelouca (PTCON0052) e Ria de Alvor (PTCON0058). Plano Sectorial da Rede Natura 2000 Na revisão do PDM deverão ser transpostos os limites desses sítios para a respetiva escala de elaboração e vertidos para a planta de condicionantes. Para esses sítios estão definidas medidas e orientações de gestão no PSRN 2000 que deverão ser operacionalizadas no contexto do cenário de ordenamento e desenvolvimento económico e social, fixando os usos, a ocupação e a transformação do solo.

No regulamento da revisão do PDM deverão ser estabelecidos parâmetros de ocupação e utilização do solo, de modo a assegurar a compatibilização das funções de conservação, regulação com os usos produtivos, o recreio e o bem - estar das populações.

E um plano sectorial, que tem em vista estabelecer de forma estruturada e programática uma estratégia racional de gestão e utilização da bacia hidrográfica das ribeiras do Algarve, em articulação com o ordenamento do território e a conservação e proteção do ambiente.

Na revisão do PDM dever-se-á ter em conta: Plano das Bacias Hidrográficas - As orientações e condicionamentos para todas as atividades que constituam ocupações e utilizações com potenciais impactes significativos sobre o meio hídrico, da Ribeiras do Algarve designadamente: captações de águas superficiais e subterrâneas, movimentação de terras, florestação, atividades agrícolas, instalação de unidades industriais e grandes superfícies comerciais, navegação e competições desportivas, campos de golfe, espaços de recreio e lazer; - A delimitação das sub-regiões definidas no PBH das Ribeiras do Algarve, Alvor e Arade; - As zonas de maior infiltração e zonas mais sujeitas a riscos de inundação definidas no PBH das Ribeiras do Algarve, a integrar na delimitação da REN.

Plano Estratégico Nacional do O sol e mar são identificados como um dos produtos que deve ser requalificado, com prioridade no Algarve, e deve haver uma aposta no desenvolvimento de atividades Turismo que reforcem a proposta de valor para o turista.

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Plano Enquadramento e Objetivos

É definida a seguinte linha orientadora para a região do Algarve:

O crescimento a curto prazo deve ter como base os produtos sol e mar, golfe e turismo de negócios. O sol e mar devem ter uma oferta multi - segmentada e de estação alargada. A aposta no turismo de negócios e no golfe pretende reduzir a sazonalidade. Devem também ser desenvolvidos o turismo náutico, a saúde e bem-estar e o turismo residencial na modalidade dos conjuntos turísticos (resorts) integrados. Do conjunto de intervenções necessárias ao desenvolvimento dos produtos, destaca-se a importância do ordenamento do território, a valorização dos recursos ambientais, a proteção da orla costeira e a preservação do património;

É um instrumento de gestão de política sectorial, que incidem sobre os espaços florestais e visam enquadrar e estabelecer normas específicas de uso, ocupação, utilização e ordenamento florestal, por forma a promover e garantir a produção de bens e serviços e o desenvolvimento sustentado destes espaços. Plano Regional de Ordenamento Florestal do Algarve Na revisão do PDM dever-se-á ter em conta as sub-regiões que atravessam o Concelho, nomeadamente: Meia Serra, Barrocal e Litoral, bem como os objetivos específicos definidos para essas sub-regiões, bem como com as medidas estratégicas de defesa da floresta contra incêndios que venham a ser definidas no Plano Intermunicipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, em elaboração.

A revisão do PDM deverá conformar-se na área de intervenção do POOC, com: Plano de Ordenamento da Orla - As classes de espaço definidas nesse plano especial e respetivos parâmetros urbanísticos; Costeira Burgau - Vilamoura - Unidades operativas definidas para o Concelho de Portimão.

Plano Regional de Ordenamento A revisão do PDM, deverá articular-se com as opções e objetivos estratégicos, o modelo territorial proposto e com as normas orientadoras para a gestão e uso do do Território do Algarve território

Ambição para a Bacia do ARADE

Plano Estratégico do Arade “Em 2015, um Pólo de atracão turística consolidado, assente na excelência dos recursos, na qualidade urbana, na preservação ambiental e na economia do conhecimento. “

Objetivos Estratégicos:

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Plano Enquadramento e Objetivos - Projetar a imagem da Bacia do Arade; - Reforçar a economia do conhecimento; - Reter um conjunto de recursos humanos qualificados; - Estruturar a rede urbana; - Qualificar o ambiente.

Na agenda 21 local estão definidas quatro linhas de orientação estratégica: - Ambiente; - Uso do solo;

Agenda 21 local - Cidadania; - Turismo.

Para cada uma das linhas de orientação estão definidas vetores estratégicos e os objetivos de cada um desses vetores. Neste documento estão também definidos um conjunto de ações para a prossecução da estratégia e objetivos em cada uma das linhas estratégicas, que deverão ser tidas em consideração na revisão do PDM. dos vários planos e estratégias definidas para a região do Algarve e em particular para o concelho de Portimão, constata-se que estes incidem essencialmente sobre os seguintes vetores:

 Economia;

 Turismo;

 Ambiente;

 Reequilíbrio Territorial e Uso do Solo.

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a) Economia

Um objetivo estratégico definido no PNPOT, para a Região do Algarve e que foi transposto para o PROTAL é o seguinte:

“Robustecer e qualificar a economia e promover atividades intensivas em conhecimento”

De acordo com o definido no PROTAL a qualificação da economia do Algarve pressupõe aumentar o valor acrescentado das cadeias de valor do cluster turismo/lazer e a criação de novos pilares de dinamização da economia no longo prazo. b) Turismo

O Turismo é identificado como a estratégia principal do desenvolvimento económico da região do Algarve, para a sua afirmação e competitividade territorial.

A “Qualificação e diversificação do Cluster Turismo/Lazer” é uma das estratégias de desenvolvimento identificadas no PNPOT para a Região do Algarve e é um dos objetivos estratégicos do PROTAL e constitui uma das linhas de orientação estratégica definida na Agenda 21 Local.

c) Ambiente

Alguns dos principais problemas identificados nos diversos planos são:

 A forte expansão urbana sobre a faixa costeira;

 A falta de espaços verdes e de lazer, em particular nas zonas urbanas;

 A contaminação dos aquíferos e do solo devido ao uso intensivo de pesticidas e fertilizantes, a degradação dos recursos hídricos criando situações de risco para pessoas e bens;

 O abandono da gestão agro - silvo pastoril tradicional, especialmente nas zonas de serra e barrocal;

 A florestação com espécies e técnicas desadequadas;

 As más práticas agrícolas;

 A poluição atmosférica e sonora;

 A destruição dos espaços naturais;

 O aumento os fogos florestais;

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 A extração de inertes (sobretudo no barrocal);

 As alterações climáticas.

As áreas com maior valor de conservação encontram-se incluídas em áreas com estatuto de proteção, nomeadamente as zonas de proteção especial (ZPE) e Sítios de Importância Comunitária no âmbito da Rede Natura 2000, conforme já acima citado.

A proteção e valorização ambiental são um objetivo comum aos vários planos e estratégias em análise.

Para a prossecução desse objetivo serão definidas algumas medidas e ações, que deverão ser consideradas na proposta de modelo de organização da revisão do PDM Reequilíbrio Territorial e uso do solo

Os principais problemas da estrutura urbana a nível regional estão associados à pressão urbanística sobre o litoral, a inexistência de uma estrutura de área afetas a outros usos que não o edificado, ao abandono do interior e à fragmentação da rede urbana.

A nível concelhio, além dos problemas acima identificados, na agenda 21 local são também mencionados os seguintes: a degradação/desertificação das zonas urbanas antigas, a proliferação de sinalização não normalizada e em excesso, risco da mono especialização da matriz produtiva do concelho no sector do turismo, a consideração da legislação reguladora do uso do solo como obsoleta e a relação preço/qualidade que afeta algumas categorias.

“Promover um modelo territorial equilibrado e competitivo” é um dos objetivos estratégicos que está definido no PNPOT e no PROTAL.

No sistema urbano definido do PROTAL é proposto a consolidação de um sistema policêntrico, apoiado nas complementaridades entre os diversos centros urbanos, de forma a criar aglomerações que permitam um elevado nível de competitividade e uma boa inserção nas redes urbanas nacional e europeia. São definidas as seguintes grandes aglomerações:

 Faro - Loulé - Olhão;

 Portimão - Lagoa - Lagos;

 Vila Real de Santo António - Castro Marim

A Agenda 21 Local consubstancia as orientações definidas no PROTAL, para o uso do solo e identifica os seguintes vetores de orientação estratégica:

 Promover um ordenamento do território equilibrado;

 Promover o ordenamento e qualificação dos sistemas urbanos;

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 Regular a expansão urbana, promovendo a contenção da mancha urbana, salvaguardando assim a qualificação dos aglomerados e a preservação das áreas agrícolas, florestais e naturais adjacentes.

1.3 - Âmbito territorial

O Concelho de Portimão localiza-se na Região do Algarve (NUTS II e III) e no Distrito de Faro. Tem uma área total de 18 208 ha (IGP, 2007), distribuídos por 3 freguesias, Portimão, Alvor e Mexilhoeira Grande. Faz fronteira a Norte com o Concelho de , a Este com os Concelhos de Silves e Lagoa, a Oeste com o Concelho de Lagos. É banhado a Sul, numa extensão de 9 km, pelo Oceano Atlântico (vide planta 1).

Também situado no designado Barlavento Algarvio, na metade ocidental do Algarve, entre o maciço sienítico de Monchique e a Costa Atlântica, delimitado a Oeste pela Ria de Alvor e a Este pelo Rio Arade, Portimão possui um enquadramento natural único, que desde cedo foi motivo de atracão de povos e atividades económicas.

Mapa 1 - Enquadramento Regional do Concelho de Portimão

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Atualmente, Portimão é o segundo mais importante pólo algarvio e o primeiro do Barlavento. Até à década de 50 do século passado, a atividade piscatória, associada à indústria conserveira, foi motor da economia portimonense, altura em que começou a entrar em declínio.

A partir dos anos 60, sobretudo, a partir da construção do Aeroporto de Faro, em 1965, beneficiando das suas condições naturais excelentes, a atividade turística começou a ganhar importância, vindo a tornar- se na principal atividade económica do concelho, bem como de toda a região.

Portimão, pela sua importância regional e pelas suas características naturais, associadas a uma atividade turística competitiva, facilmente se tornou num pólo de atracão que ultrapassou as fronteiras regionais. Hoje, é um facto indubitável, Portimão conseguiu afirmar-se como segundo pólo urbano da Região e principal pólo turístico do Algarve. O nome de Portimão, talvez ignorado ou desconhecido há alguns anos atrás, não passa hoje a ninguém despercebido.

CAPITULO II - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA BIOFÍSICO, AMBIENTAL E PAISAGÍSTICO

Face à relevância que os fatores biofísicos, paisagísticos e ambientais assumem na preservação do suporte físico essencial à manutenção da atividade humana, importa reunir, analisar e sistematizar um conjunto de descritores que pela sua natureza constituirão um contributo essencial para o processo de ordenamento do território que a revisão do PDM do concelho de Portimão encerra.

Situado entre os concelhos de Lagoa a Este, Silves a Nordeste, Monchique a Norte e Lagos a Oeste, o concelho de Portimão fica encaixado entre o Oceano e a Serra, possuindo as três unidades geomorfológicas presentes na região Algarvia: o Litoral, o Barrocal e a Serra, conforme se pode verificar no mapa abaixo. Estas três tipologias de território possuem características próprias e distintas entre si, e são determinantes para os processos e relações biofísicas fundamentais que se estabelecem no território.

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Mapa 2 – Unidades Geomorfológicas do Concelho

Fonte: Elaborado pelos serviços da CMP tendo em conta o PROTAL e o PMDFC

2.1Caracterização Biofísica

2.1.1 - Hipsometria / Relevo

A distribuição geográfica da altitude e relevo do concelho de Portimão acompanham genericamente as três tipologias de território presentes no Barlavento: o Litoral, o Barrocal e a Serra. Estas três tipologias, cujo desenvolvimento acontece em faixas paralelas à costa, possuem uma especificidade própria ao nível do relevo, sendo que este traduz as características geológicas, morfológicas e pedológicas próprias de cada uma.

Em termos de extensão geográfica, verifica-se que a zona da Serra é aquela que apresenta maior representatividade, caracterizando-se pela predominância de um declive acentuado, que ultrapassa os 30% de inclinação, e uma variação altimétrica aproximadamente entre os 50 e os 330 m de altitude.

A zona do barrocal, caracteriza-se por declives suaves com inclinações aproximadamente compreendidas entre os 12 e os 25 %, e apresenta uma variabilidade altimétrica aproximadamente entre os 50 e os 150m.

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A restante área coincide sensivelmente com o litoral, pode considerar-se ao nível do relevo praticamente plana ou com declives muito suaves, predominantemente inferiores a 12 % de inclinação, apresentando altitudes quase sempre abaixo dos 50m.

2.1.2 - Clima

O clima da faixa litoral sul, marcadamente mediterrânico, caracteriza-se por verões quentes e secos, e Invernos húmidos, frios e pouco chuvosos. Com uma insolação elevada, que ronda as 3200 h anuais, o concelho apresenta temperaturas médias a rondar os 16º / 17.5 º C, sendo que estes valores superam regularmente os 30ºC nos meses de Julho a Setembro. Estas características climáticas, revelam o baixo carácter continental da faixa litoral sul, cuja amplitude média anual da temperatura do ar é de aproximadamente 12 a 13 ºC.

2.1.3 - Alterações climáticas

Face à abrangência e intensidade que os impactes dos fenómenos das alterações climáticas (AC) poderão assumir nos mais diversos sectores da atividade humana, importa identificar quais as principais implicações que as mesmas poderão assumir ao nível da Região do Algarve e particularmente do concelho de Portimão.

Sendo um fenómeno incontornável, as ACs terão impactes negativos e positivos sobre os sistemas naturais, sociais e económicos, cujos efeitos se repercutirão de forma diferenciada de local para local, mediante as medidas de adaptação e mitigação que as diferentes unidades de território consigam por em prática. Esses impactes incidirão particularmente nos recursos e nos sectores económicos cuja subsistência se encontra fortemente dependente das condições climáticas, designadamente nos ecossistemas, na biodiversidade, na floresta, na agricultura, nas pescas, no turismo, na saúde humana, nas infraestruturas e na energia, e far-se-ão sentir com uma intensidade desconhecida e incerta.

2.1.4 - Solos

Os solos que é possível encontrar na zona da Serra são na grande maioria constituídos por Litossolos de xistos ou grauvaques, em grandes manchas isoladas ou em complexos com Solos Mediterrâneos Pardos, do mesmo material originário. Os processos erosivos que o relevo da serra proporciona, dificultam o processo de formação do solo ao impedir a deposição do material superficial de textura mais fina. Este fenómeno justifica a predominância de solos esqueléticos e a grande proporção de afloramentos rochosos na maioria de xistos ou de grauvaques. Associado a este fenómeno é possível encontrar pontualmente em vales encaixados ou junto a linhas de água a ocorrência de Coluviossolos ou Aluviossolos Modernos isolados ou em complexos com os solos dominantes existentes nessas zonas. A análise da cartografia pedológica do Algarve mostra que a separação entre as 3 zonas geomorfologicas existentes acontece de maneira distinta. A transição entre a Serra e o Barrocal acontece de uma forma muito nítida, ao contrário

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do que acontece na transição entre o Barrocal e o Litoral, onde o facto de ambas as zonas partilharem alguns tipos de solos não permite uma definição clara dos seus limites.

Os solos do Barrocal, são constituídos genericamente por formações calcárias menos dobradas e com afloramentos rochosos, predominando os solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos, os Solos Calcários Vermelhos e os Solos Calcários Pardos, de calcários duros e dolomites ou de margas, em manchas isoladas ou, como é mais frequente ocorrer, em complexos com Afloramentos Rochosos.

O Barrocal e o Litoral partilham alguns solos, nomeadamente Solos Calcários Vermelhos e Pardos, de calcários friáveis ou margas arenosas.

2.1.5 Recursos Hídricos

A caracterização dos Recursos Hídricos Subterrâneos foi realizada com base nos elementos do ‘Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve’, segundo o qual o concelho de Portimão abrange duas Sub- bacias: Sub-bacia Alvor e a Sub-bacia do Arade.

O sistema aquífero Mexilhoeira Grande-Portimão, localiza-se entre a ribeira do Arão a Oeste e a ribeira de Boina a Este, sendo limitado a Norte pelas formações do Hetangiano. É constituído por litologias carbonatadas do Lias-Dogger na sua metade setentrional enquanto a parte litoral é formada por litologias carbonatadas e detríticas do Miocénico. Trata-se portanto de um sistema multiaquífero, constituído por um aquífero cársico e um aquífero poroso.

A Sub-bacia do Arade tem como sistemas aquíferos importantes o Mexilhoeira-Portimão, que é partilhado pela sub-bacia do Alvor, e uma pequena parte dos sistemas de Querença-Silves e Ferragudo-. Esta Sub-bacia é quase totalmente constituída por materiais com escassa aptidão aquífera.

2.2 Caracterização Ecológica

A manifestação de diferentes valores Faunísticos e Florísticos traduzem, em parte, a especificidade de cada um dos sistemas territoriais existentes no concelho: Serra, Barrocal e Litoral, pelo que a caracterização genérica da Biodiversidade é apresentada de acordo com esta distribuição. Os sítios classificados na Lista Nacional de Sítios: Ria de Alvor e Arade/Odelouca, são objeto de uma observação particular em função do elevado valor que estes apresentam, quer no plano local, quer no plano regional.

2.2.1 - Serra

O coberto vegetal pobre, geralmente de urzes, estevas, medronheiros e azinheiras, que predomina na área de serra abrangida pelo concelho de Portimão, é um reflexo dos solos delgados, predominantemente xistos argilosos, aí existentes. A baixa fertilidade destes solos e a perspetiva de uma maior rentabilidade económica terá em parte justificado a ocupação extensiva do solo com Eucaliptos e Pinheiros (Eucaliptus sp. e Pinus sp.), que foram introduzidos em substituição das espécies originais particularmente do Sobreiro

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(Quercus suber). As antigas florestas de Sobreiro e Azinheira (Quercus rotundifolia) subsistem em formações degradadas onde se verifica, no caso da primeira espécie, a ocorrência de medronhais (Arbutus unedo).

Na Serra ocorrem ainda com alguma regularidade manchas de esteva (Cistus ladanifer), tojo (Ulex argenteus e Stauracanthus genistoides) e rosmaninho (Lavandula luisieri), assim como pontualmente formações de montado de sobro.

A Palmeira anã (Chamaerops humilis), também conhecida por Palmeira das vassouras, é uma espécie endémica que ocorre na serra, mas também muito frequentemente no Barrocal e nalgumas zonas menos perturbadas do Litoral, ocupando solos de características arenosas ou pedregosas, em colinas e barrancos secos e ensolarados, que evidência particular interesse por ser a única palmeira nativa da Europa.

Na Serra de Monchique é ainda possível encontrar muito raramente exemplares de Quercus canariensis e Quercus faginea, que são dois endemismos ibéricos raros em Portugal e que se encontram seriamente ameaçados.

As espécies mais comuns que ocorrem na Serra são espécies de mamíferos, comuns no contexto regional, designadamente o javali (Sus scrofa), a raposa (Vulpes vulpes), a gineta (Genetta genetta), o saca-rabos (Herpestres ichneumon), a fuinha e o texugo (Meles meles). Algumas espécies de aves como o Bufo-real (Bubo bubo), o Peto verde (Picus viridis), o pica-pau malhado grande (Dendrocopos major), o pica-pau malhado pequeno (Dendrocopos minor), ou a perdiz (Alectoris rufa) fazem parte do elenco faunístico existente, instalando-se nesta área por aí encontrarem as condições necessárias à sua subsistência. Os répteis, lagarto de água (Lacerta schreiberi), a cobra de água viperina (Natrix maura), o cágado (Mauremys leprosa) e o cágado de carapaça estriada (Emys orbicularis) são outras das espécies características desta zona, tal como alguns anfíbios como o tritão de ventre laranja (Triturus boscai), o tritão marmoreado (Triturus marmoratus), a rã verde (Rana perezi) e rela meridional (Hyla meridional).

2.2.2 - Barrocal

Encaixado entre a serra e o litoral, o Barrocal, é uma área de características acentuadamente mediterrânicas, cuja vegetação reflete a natureza dos solos calcários aí existentes. Neste contexto regista- se uma predominância da associação mediterrânica Oleo-Ceratonium, caracterizada pela ocorrência das espécies vegetais: zambujeiro ou oliveira brava (Oleo europaea vr. Silvestris), a alfarrobeira (Ceratonia siliqua) e a palmeira anã (Chamaerops humilis). A intervenção humana a que os solos foram submetidos durante anos, levada a cabo com o intuito de tornar os solos aráveis, determinou a extinção de praticamente toda a floresta original existente. As operações de despedrega e mobilização dos solos tornaram-nos aptos à plantação de pomares de

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sequeiro, os quais foram ocupados principalmente com espécies tradicionais como as figueiras, as amendoeiras e as alfarrobeiras, sendo estes explorados em consociação com a cevada e o trigo. Atualmente, devido ao abando das praticas agrícolas e à falta de operações de manutenção, é muito comum encontrar os pomares ocupados por espécies endémicas como a aroeira (Pistacia lentiscus), o carrasco (Quercus coccifera), e as estevas (Cystus sp.), que se instalam preferencialmente nas covas das árvores de fruto, aproveitando a maior fertilidade destes solos para potenciarem o seu desenvolvimento.

Relativamente à fauna existente mencionam-se alguns dos mamíferos mais comuns como a raposa, a gineta, o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus) e o texugo, entre outros. Entre as aves destacam-se as aves de rapina diurnas e nocturnas, nomeadamente o mocho galego (Athene noctua), a coruja das torres (Tyto alba), o peneireiro vulgar (Falco tinnunculus), a águia de asa redonda (Buteo buteo) e o falcão peregrino (Falco peregrinus), cujas populações têm vindo a diminuir em função do contínuo desaparecimento dos seus habitats. As outras espécies de aves mais comuns no território concelhio são o abelharuco (Merops apiaster), o papa-figos (Oriolus oriolus), o charneco (Cyanopica cyana), o picanço, o pintassilgo (Carduelis carduelis), o verdilhão (Carduelis chloris) e as toutinegras, entre outras.

2.2.3 - Litoral

O Litoral Algarvio é a zona com maior densidade populacional de entre as três zonas mencionadas. Este facto é explicado, por um lado, com a maior apetência turística desta zona, devido à proximidade do mar e às condições climatológicas mais propícias para a prática balnear, apresentando temperaturas mais quentes e menor pluviosidade, e por outro, com a apetência agrícola dos seus solos, onde a disponibilidade de um sistema de rega assegura culturas temporãs.

Esta zona é constituída por formações do Terciário e Quaternário e o seu relevo é considerado genericamente plano. A sua costa é predominantemente constituída por arribas areníticas e arenosas, de elevada sensibilidade geomorfológica, à exceção do extenso cordão dunar que serve de barreira à ria de Alvor.

A vegetação mais relevante do litoral está associada aos sistemas dunares, e apresenta características morfológicas e fisiológicas especificas que lhes permitem resistir às condições adversas do meio, designadamente a um solo pobre em nutrientes, às elevadas amplitudes térmicas, aos ventos fortes, à carências de água doce e à salsugem. O Estorno (Ammophila arenaria), a Couve-marinha (Calystegia soldanella), o Cardo-marítimo (Eryngium maritimum), o Cordeirinhos-da-praia (Otanthus maritimus) o Cravo-das-areias (Armeria pungens) ou o Narciso-das-areias (Pancratium maritimum) são alguns exemplos das cinquenta espécies que ocupam o espaço dunar, e de entre as quais destacamos o Tomilho marítimo (Thymus sp.) que apenas existe no nosso país, nas regiões do Algarve e Alentejo.

A Fauna mais relevante da zona litoral do concelho é representada pelo vasto número de aves aquáticas e migratórias que procura fundamentalmente as duas zonas estuarinas existentes no concelho: a Ria de

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Alvor e a Bacia do Rio Arade. A disponibilidade de alimento vegetal e animal faz deste um local procurado por espécies como a Águia Pesqueira (Pandion haliaetus) ou a Águia Sapeira (Circus aeroginosus). O mesmo acontece com outras espécies migratórias que usam estas áreas como locais de passagem ou de invernada, como é o caso do Alfaite (Recurvirostra avosetta), do Corvo-marinho (Phalacrocorax carbo), do Fuselo (Limosa lapponica) ou da Tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola). Outras espécies como o Pernilongo (Himantopus himantopus), a Chilreta (Sterna albifrons), o Pilrito-de-peito-preto (Calidris alpina) ou o Maçarico-galego (Numenius phaeopus), por sua vez usam estas zonas para nidificar, durante os meses de Primavera e Verão. È ainda possível encontrar no litoral uma variedade de mamíferos, nomeadamente depredadores, comuns a outras zonas mas também a lontra (Lutra lutra) que encontra nas zonas húmidas e nos seus afluentes o seu habitat natural.

Nestas zonas húmidas, assim como nas áreas irrigadas é comum encontrar diversas espécies anfíbias nomeadamente o tritão de ventre laranja (Triturus boscai), o tritão marmoreado (Triturus marmoratus), a rã verde (Rana perezi), a rela (Hyla arborea) e rela meridional (Hyla meridional), o sapo (Bufo bufo) e o sapo de unha negra (Pelobates cultripes) e a salamandra de costelas salientes (Pleurodeles walt).

De entre as espécies de répteis destacam-se o cágado (Mauremys leprosa), o cágado de carapaça estriada (Emys orbicularis), o camaleão (Chamaleo chamaleon), a cobra de água viperina (Natrix maura), a cobra de água de colar (Natrix natrix) e a cobra-de-ferradura Coluber hippocrepis

2.2.4 - Áreas classificadas

2.2.4.1 Sítio Ria de Alvor

O sítio classificado ‘ Ria de Alvor’, possui uma área total de 1 454 ha, dos quais 72% estão inseridos no concelho de Portimão, o que corresponde a 6% do território concelhio.

Este sítio resulta da confluência de quatro linhas de água provenientes da encosta sul da Serra de Monchique: as ribeiras do Farelo e da Torre que formam o Rio Alvor do lado nascente, e a Ribeira de Odiáxere e a sua afluente, a Ribeira do Arão, do lado poente, que desaguam formando o mais importante complexo estuarino do Barlavento Algarvio. Este complexo, que é constituído por diversas unidades ecológicas nomeadamente pela zona lagunar com bancos de areia e vasa, sapais, salinas e pisciculturas, é protegido da ação do oceano por duas barreiras litorais de dunas fixas que a limitam e fazem a transição do sistema estuarino para o Marinho. A comunicação entre os sistemas, estuarino e marítimo é realizada por uma barra artificializada que condiciona significativamente o processo evolutivo da laguna, uma vez que esta depende da ação conjunta das marés, do transporte de sedimentos de origem marinha e, noutro plano, da deposição de partículas fluviais.

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A relevância da Ria de Alvor reside na Figura - Ria de Alvor sua elevada diversidade ecológica mas também na sua elevada produtividade, que naturalmente tem um reflexo económico local muito expressivo. Ao ser um espaço abrigado do oceano por dunas cinzentas, ocupadas com matos camefíticos dominados por Armeria pungen e Thymus carnosus, constituem um habitat propício para as diversas espécies de peixe jovem e de larvas de crustáceos e de moluscos que aí se desenvolvem, sendo por este motivo determinante na manutenção dos stocks de determinadas espécies, algumas muito relevantes para a economia local.

Nos seguintes quadros discriminam-se os habitats e as espécies listados no Sítio Ria de Alvor:

Tabela 1 - Habitats naturais e seminaturais constantes do anexo B-I do Dec. Lei nº 49/2005

Código Habitats

1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda

1130 Estuários

1140 Lodaçais e areais a descoberto na maré baixa

1150* Lagunas costeiras

1160 Enseadas e baías pouco profundas

1210 Vegetação anual das zonas de acumulação de detritos pela maré

1310 Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e arenosas

1320 Prados de Spartina (Spartinion maritimae)

1410 Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimi)

1420 Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi)

1430 Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea)

1510* Estepes salgadas mediterrânicas (Limonietalia)

2110 Dunas móveis embrionárias

2120 Dunas móveis do cordão litoral com Ammophila arenaria («dunas brancas»)

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2130* Dunas fixas com vegetação herbácea («dunas cinzentas»)

2230 Dunas com prados da Malcolmietalia

5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos

6420 Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion

92D0 Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae)

* habitats prioritários

Mapa 3 - Distribuição dos Habitats da Rede Natura 2000 listados no Sítio Ria de Alvor

Fonte: ICNB

Tabela 2 - Espécies da Flora constantes do Anexo B-II do Dec. Lei nº 49/2005 de 24/02

Código da Espécie Anexos Espécie

1639 Limonium lanceolatum II, IV

1726 Linaria algarviana II, IV

1695* Thymus camphoratus II, IV

* espécies prioritárias

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Mapa 4 – Ria de Alvor

Fonte: ICNB

Tabela 3 - Espécies da Fauna constantes do Anexo B-II do Dec. Lei nº 49/2005 de 24/02

Código da Espécie Anexos Espécie

1221 Mauremys leprosa II, IV

1355 Lutra lutra II, IV

1304 Rhinolophus ferrumequinum II, IV

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Tabela 4 - Outras Espécies dos Anexos B-IV e B-V do Dec. Lei nº 49/2005 de 24/02

Espécie Anexos

Bufo calamita V

Discoglossus galganoi IV

Hyla meridionalis IV Fauna Chamaeleo chamaeleon IV

Coluber hippocrepis V

Caretta caretta IV

Dermochelys coriacea IV

A caracterização ecológica detalhada dos habitats e espécies existentes no Sítio Ria de Alvor encontra-se descrita no anexo II ‘Caracterização Ecológica da Ria De Alvor’.

2.2.4.2 Sítio Arade/Odelouca

O Sítio Arade/Odelouca engloba o estuário do rio Arade, que se situa entre os concelhos de Portimão, Lagoa estendendo-se para Norte e para Sul, até ao concelho de Silves. Apesar da sua reduzida dimensão este é o segundo maior estuário do Algarve, a seguir ao do Guadiana, abrangendo os troços mais a jusante do rio Arade e do seu principal afluente, a ribeira de Odelouca. Estes cursos de água possuem um regime torrencial característico dos climas mediterrânicos.

Figura - Arade Ao observar o rio verifica-se que este possui características diferenciadas à medida que percorremos o seu estuário. Este facto confere ao Sítio um gradiente biofísico, que varia desde os vales encaixados preenchidos por galerias ripícolas serranas, na sua parte superior, a vales mais largos à medida que nos aproximamos da sua foz. É nesta zona mais a Sul que o carácter estuarino do Sítio é mais marcado devido à crescente intrusão das águas salinas, apresentando margens aplanadas preenchidas por lodaçais, sapais, áreas de salgados e pequenas praias de areias, intercaladas com zonas agrícolas.

Na perspectiva ecológica o estuário é considerado de estrema importância para a manutenção da diversidade genética de ciprinídeos, desiganadamente da Boga-do-sudoeste (Chondrostoma almacai), uma espécie endémica que apenas ocorre nas bacias hidrográficas do rios Mira e Arade.

No campo das ameaças, indicam-se como principais fatores os que resultam da intervenção humana designadamente a poluição do meio aquático devido à prática de atividades desportivas de motonáutica

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na zona estuarina e a sobrecarga orgânica provocada pelos efluentes de suinicultura, sobretudo na ribeira de Odelouca, e pela ineficiência de funcionamento da ETAR de Portimão no período estival. Por outro lado as intervenções que tem como consequência a alteração das características biofísicas do estuário como o corte da vegetação ripícola, as dragagens de areias e a construção de marinas e barragens deverão acarretar efeitos nefastos nas populações que o habitam.

Nos seguintes quadros discriminam-se os habitats e as espécies listados no Sítio Arade/Odelouca:

Tabela 5 - Habitats naturais e seminaturais constantes do anexo B-I do Dec. Lei nº 49/2005

Código Habitats

1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda

1130 Estuários

1140 Lodaçais e areais a descoberto na maré baixa

3150 Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition

3260 Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis e da Callitricho-Batrachion

Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de 3280 Salix e Populus alba

3290 Cursos de água mediterrânicos intermitentes da Paspalo-Agrostidion

4030 Charnecas secas europeias

6310 Montados de Quercus spp de folha perene

8220 Vertentes rochosas siliciosas com vegetação casmofítica

8310 Grutas não exploradas pelo turismo

92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba

92D0 Galerias e matos ribeirinhos meridionais (Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae)

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Mapa 5 - Lista de Habitats da Rede Natura 2000 listados no Sítio Arade/Odelouca

Fonte: ICNB

Tabela 6 - Espécies da Fauna do AnexoB-II do Dec. Lei nº 49/2005 de 24/02

Código da Espécie Anexos Espécie

1065 Euphydryas aurinia II

1128 Chondrostoma lusitanicum* II

1221 Mauremys leprosa II, IV

1355 Lutra lutra II, IV

1310 Miniopterus schreibersii II, IV

1307 Myotis blythii II, IV

1303 Rhinolophus hipposideros II, IV

1302 Rhinolophus mehelyi II, IV * O Plano Sectorial da Rede Natura 2000, refere que ‘A partir da entidade anteriormente considerada como C. lusitanicum, foi descrita uma nova espécie: C. almacai, ocorrendo neste sítio a espécie C. almacai’.

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Mapa 6 - Lista de Sitios de Interesse Comunitário da Rede Natura 2000 listados no Sítio Arade/Odelouca

Fonte: ICNB

Tabela 7 - Outras Espécies dos Anexo B-IV e B-V do Dec. Lei nº 49/2005 de 24/02

Espécie Anexos Fauna Euphydryas aurinia IV

2.3 - Paisagem

As últimas três décadas trouxeram grandes transformações à paisagem do litoral algarvio, incluindo ao concelho de Portimão. As profundas alterações no tecido económico, nomeadamente o acentuado investimento no segmento do turismo de Sol e Praia e o crescente desinteresse pelo sector agrícola, resultaram numa construção massiva junto à faixa litoral e no progressivo abandono dos campos agrícolas. Estes fatores induziram de forma determinante a alteração da identidade dos sítios, e a descaracterização da paisagem tradicional, sentida com maior intensidade nos aglomerados do litoral: Portimão, Praia da Rocha e Alvor, onde edifícios habitacionais e aldeamentos turísticos proliferaram, numa estreita faixa contígua à linha de costa.

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CAPITULO III - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA SOCIO- ECONÓMICO

3.1 - Introdução

A caracterização, análise e evolução dos parâmetros sócio -económicos do município constituem dos principais aspetos a considerar no âmbito da elaboração do P.D.M., já que para o efeito se torna determinante conhecer as relações e atividades económicas no território, o comportamento e evolução sócio – demográfica das populações e a maneira como se distribuem quer no território, quer do ponto de vista sócio -profissional, assim como outros indicadores permitindo aferir o grau de desenvolvimento social e as potencialidades de futuro ordenamento e desenvolvimento estratégico sustentável para Portimão.

É notório por outro lado, a predominância que o sector do turismo, as atividades terciárias e dos serviços foram assumindo na região nos últimos 20/30 anos e, em particular, desde a aprovação em 1995, do P.D.M. Atualmente em vigor, com as consequências que daí advieram não só em termos urbanísticos e de gestão do território, mas também e sobretudo no capítulo demográfico, da mobilidade profissional, das mudanças ocorridas em termos de educação e formação profissional para se corresponder às necessidades originadas pelas dinâmicas económicas e ainda às exigências crescentes das populações em matéria, cultural, desportiva, social, no sentido de uma constante melhoria das suas condições de vida e bem-estar e do progresso do Município.

3.2 - Caracterização Demográfica do Município de Portimão

Segundo o XV Recenseamento Geral da População (Censos de 2011), o número de habitantes presentes no Município é de 56.530 pessoas, o que perfaz 12% da população do Algarve.

A evolução da população do Município, desde 1864, (data em que se registam os primeiros dados conhecidos) até 2011, pode dividir-se em três períodos principais: até 1920, com totais inferiores a 20.000 habitantes e crescimentos positivos, em média, inferiores a 20%.

De 1920 a 1960, com taxas de variação decenais muito diversas, mas durante o qual o Município estabiliza próximo dos 20.000 habitantes, de 1960 a 2011 com taxas de crescimento decenais sempre crescentes não sendo notório o efeito da emigração dos anos 60.

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3.2.1 Caracterização das Freguesias

A freguesia com maior efetivo populacional é a de Portimão com 45.431, representando 82% da população total do Município, seguindo-se a de Alvor com 6.154 representando 11% e a de Mexilhoeira Grande com 4.029 representando 7%.

A Freguesia de Portimão engloba a área da cidade juntamente com a Praia da Rocha, que constitui uma das mais belas paisagens marítimas do Mundo e um dos mais importantes pólos de diversão e vida noturna do Algarve, aglomerando bares e discotecas para todos os gostos e bolsas. Terra de mareantes desde as origens, foi também de senhores desde que se tornou Vila. À beira do Mediterrâneo, virada para África, cedo adquiriu o gosto pela viagem. Povos que vieram de fora, deixaram-lhe marcas profundas materializadas em vestígios arqueológicos significativos da sua presença. Alcalar, necrópole megalítica e Abicada, villa romana, Atualmente sitas na freguesia da Mexilhoeira Grande, são testemunhos desse passado remoto.

A Freguesia de Alvor, antiquíssima povoação piscatória, localiza-se junto da ria do mesmo nome. Remonta às épocas do domínio romano e árabe, existindo no local hoje conhecido por Vila Velha uma importante estação arqueológica daquele período, área de grande interesse cultural que deve ser preservada. Alvor é hoje, um dos mais típicos centros turísticos do Algarve a que se ligam a Praia de Alvor e a Praia dos Três Irmãos, constituindo o segundo núcleo mais importante do Município de Portimão.

A Freguesia da Mexilhoeira Grande localizada na zona mais rural do Município constitui um núcleo urbano muito antigo, provavelmente com origens romanas. Localiza-se a oeste de Portimão, numa elevação em que corre a Ribeira do Farelo, afluente da Ria de Alvor.

Até ao século XVI é desconhecida a sua evolução urbana, altura em que contava com trezentos e cinquenta habitantes. Tal facto fez com que o acervo edificado abrangesse grande área de construções de apenas um piso, com vãos de cantaria chanfrada ao gosto quinhentista. A igreja matriz, considerada de boa dimensão, com portal renascentista e porta lateral manuelina, confirma a importância de Mexilhoeira Grande na época referida. Tabela 8 - Variação da População Residente no Concelho de Portimão, por freguesia, entre 1981 e 2011

1981 Var. % 1991 Var. % 2001 Var. % 2011

Alvor 4805 -11,8 4236 17,5 4977 23,6 6154

Mexilhoeira Grande 3391 -0,5 3374 6,6 3598 12 4029

Portimão 26268 18,9 31223 16,1 36243 25,3 45431

Concelho 34464 12,7 38883 15,4 44818 24 55614

Fonte: INE, Censos 1981, 1991, 2001,2011

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3.3 Evolução Demográfica do Concelho de Portimão e Barlavento do Algarve -

(1981-2021)1

Na implementação da “Agenda 21 Local: Proposta de Implementação e Acompanhamento, com extensão ao Plano Estratégico de Marketing Territorial de Portimão”, em desenvolvimento pelo Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve”, sob o acrónimo Marketing 21 Portimão, o presente Relatório Intercalar Nº 1 é objeto de particular relevo pelo momento coincidente com a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Portimão, no qual um dos conhecimentos centrais para o dimensionamento dos equipamentos e capacidade de atracão/produtividade baseia-se exatamente na dimensão da população/residentes que vivem o território. Justifica-se assim a estimativa da população, quer na cóptica do concelho de Portimão quer numa perspetival mais alargada ao Barlavento do Algarve.

3.3.1 Enquadramento Em Portugal a partir dos anos 40 o ritmo de crescimento da população, ainda que positivo, desacelera em relação às décadas anteriores. É possível observar um decréscimo populacional entre 1965 e 1973. Após 1974, o fluxo das ex-colónias vem permitir um aumento do dinamismo demográfico em Portugal. No entanto, a partir de meados dos anos oitenta é novamente registado por um abrandamento do crescimento populacional, o qual só é travado nos anos noventa, em resultado, por um lado, do fluxo de imigração que caracterizou aquele período e do aumento da esperança de vida, por outro. torna expectável uma evolução favorável da população no horizonte temporal definido para a aplicação do modelo de previsão 2008-2012-2021.

3.3.2 Notas Metodológicas

- Justificação da metodologia utilizada

O grau de incerteza associado a previsões de longo prazo em termos das dinâmicas demográficas aconselha a uma separação entre uma componente previsional de curto médio prazo (2008-2012), para a qual se obtêm resultados com boa fiabilidade e uma componente de longo prazo, dependente de numerosos aspetos socioeconómicos, não controláveis e geradores de um elevado grau de incerteza.

- Dados e Fontes

1 Realizado pela Equipa de I&D: Pedro Gouveia (coord. do relatório), Fernando Perna, Maria João Custódio, Vanessa Oliveira

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O estudo de previsão desenvolvido recorre a 40 séries temporais relativas à população residente nos concelhos que compõem o Barlavento (, Lagoa, Lagos, Monchique, Portimão, Silves e ), tendo por base uma estratificação da população segundo a faixa etária (0-14 anos, 15-24 anos, 25- 65 anos e mais de 65 anos). Parte dos dados que suportam o exercício de modelação são estimados por interpolação linear a partir de dados oficiais publicados INE.

- Modelo de Previsão

O modelo que suporta a previsão assume a forma de um modelo autorregressivo de ordem p AR(p) dado pela expressão,

p y    t   y   t  i t1 t [1] i1

 Onde  representa o termo constante,  corresponde ao coeficiente associado à tendência, i representa o coeficiente associado ao desfasamento de ordem i (com i=1,…,p) da componente  autorregressiva do modelo e t representa o erro do modelo. (para uma abordagem exaustiva aos modelos autorregressivos vide, interalia, Hamilton 1994).

- Índice de Envelhecimento

Na medida em que o envelhecimento da população constitui um dos principais problemas demográficos e socioeconómicos a nível regional, nacional e europeu, procedeu-se também à construção de um Índice de Envelhecimento, o qual estabelece a relação entre a população idosa e a população jovem. Este indicador segue uma metodologia semelhante à normalmente utilizada pelo Instituto Nacional de Estatística. Neste caso, a população idosa e a população jovem são definidas como o rácio entre o número de pessoas com mais de 65 anos e o número de pessoas na faixa entre os zero e os catorze anos de idade. Em termos formais, o Índice de Envelhecimento pode ser dado pela expressão,

IE = [P (65 e mais ano)]/[P(0-14 anos)], [2] onde P(.) representa a população correspondente a uma determinada faixa etária. Este indicador pode ser interpretado como o número de idosos (pessoas com mais de 65 anos) por cada pessoa com menos de 14 anos.

- Análise dos resultados do estudo de previsão e caracterização do Perfil demográfico do Concelho de Portimão: 1981-2012

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Para efeitos da evolução populacional do concelho de Portimão foi utilizado um modelo autorregressivo de ordem um (AR[1]). O valor observado para o coeficiente de determinação é revelador de um bom ajustamento do modelo à série da população do concelho.

Neste horizonte mais próximo de previsão e, por este modo, menos sujeito à incerteza, é possível concluir que a dinâmica demográfica do concelho conduzirá a que a partir de 2009, a população do concelho de Portimão irá situar-se acima dos 50000 habitantes.

3.3.3 Evolução Demográfica do Concelho de Portimão e do Barlavento: 1981-2021

Relativamente ao capítulo anterior focado no horizonte 2012, o exercício de previsão para o período 2008-2021 está associado a um superior grau de incerteza. Com efeito, na evolução dos padrões demográficos de longo prazo decorrem de alterações de ordem socioeconómicas que à partida são desconhecidos e que dificultam a realização de previsões. Neste contexto, opta-se por limitar a aplicação do modelo de previsão apenas às variáveis com maior nível de agregação (população de Portimão e do Barlavento).

Uma outra consequência da previsão a longo prazo, em contexto de elevada incerteza, prende-se com a prudência que deve estar associada à análise dos resultados obtidos. Esta necessidade decorre dos pressupostos assumidos para suportar o processo de modelação e previsão e que consistem na ausência de alterações significativas nos fatores que influenciam as dinâmicas demográficas.

Gráfico 1 - Previsão da População do Concelho de Portimão até 2021

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Tabela 92 - Estimativas da População Residente Portimão/Barlavento 2021 (valores máximos esperados)

2001 % 2012 % 2021 % Portimão Total 44.800 100,0 53.000 100,0 59.200 100,0 0-14 6.700 15,0 8.500 16,0 9.500 16,0 14-25 5.900 13,2 5.600 10,6 5.000 8,4 25-64 24.500 54,7 30.200 57,0 35.100 59,3 65 mais 7.800 17,4 9.100 17,2 11.100 18,8 Barlavento Total 142.300 100,0 168.600 100.0 182.400 100,0 0-14 19.500 13,7 23.100 13,7 21.900 12,0 14-25 16.100 11,3 16.900 10.0 16.800 9,2 25-64 70.400 49,5 102.100 60,6 113.600 62,3 65 mais 28.000 19,7 32.600 19,3 37.000 20,3 Nota: Valores arredondados à centena

Tabela 30 - Distribuição Relativa da População do Concelho de Portimão (previsão para 2021)

1991 2001 2012 2021

Alvor 10,91% 11,10% 11,13% 11,15%

M. Grande 8,69% 8,03% 7,70% 7,25%

Portimão 80,40% 80,87% 81,17% 81,60%

No pressuposto de que as tendências atuais da evolução da população de Portimão se mantêm sem alterações significativas no horizonte 2012-2021, a aplicação do modelo de previsão permite concluir por uma evolução favorável da população até 2021, ano em que a população de concelho poderá estar próxima dos 59.000 habitantes (Gráfico 24, Tabela 16). Uma evolução semelhante é observável para o Barlavento neste caso, a população poderá alcançar no ano 2021 cerca de 180.000 habitantes (Gráfico 25, Tabela 16).

3.3.4 Conclusão

A evolução da população do Barlavento do Algarve no período 2008-2021 traduz dois tipos de realidades, associadas a dois grupos de concelhos. Um primeiro grupo de concelhos, composto por Aljezur, Vila do Bispo e Monchique apresenta um comportamento que vai ao encontro da evolução demográfica a nível nacional dos anos mais recentes e das estimativas efetuadas pelo INE para o período 2003-2050 (vide Estatísticas do INE, 2007). Segundo estas estimativas, Portugal poderá esperar um aumento da população até 2010 para cerca de 10.626.000 habitantes, invertendo-se a tendência de crescimento a partir desse ano, com um decréscimo até aos 9.302.000 de habitantes em 2050 (em resultado de taxas de crescimento

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natural negativas e do abrandamento do saldo migratório). Como consequência deste tipo de evolução a proporção de jovens tenderá a diminuir e a percentagem de idosos irá aumentar, prevendo-se um agravamento do Índice de Envelhecimento, o qual poderá atingir, em 2050 e, em termos de média nacional, um valor próximo de 2,43 (ou seja 2,43 idosos por cada jovem com menos de 14 anos).

3.4 Dinâmicas Económicas

A exemplo do que aconteceu em praticamente toda a região, se bem que de maneira desigual, a partir dos anos 60/70 o “boom” turístico provocou profundas alterações nas atividades económicas tradicionais do Algarve.

A concentração económica e a intensa ocupação urbana do litoral conduziram a desigualdades no âmbito da ocupação do território e da estrutura económica e social local, implicando a concentração espacial e sectorial dos investimentos públicos e privados, no litoral ao mesmo tempo que se foi registando uma progressiva desertificação e envelhecimento demográfico do interior.

O Barlavento e o Município de Portimão em particular, registaram mudanças acentuadas que se traduziram na quebra acentuada de importância do sector primário até então com predomínio acentuado do sector das pescas e da indústria conserveira, para uma cada vez maior dependência do turismo como principal sector da atividade económica.

Em termos urbanísticos as freguesias de Portimão e Alvor, em grande parte situadas junto à orla marítima, sujeitam-se a fortes pressões urbanísticas esboçando um contínuo urbano entre a Praia da Rocha e Alvor.

O sector terciário com base no Turismo e nos serviços tornou – se, nos dias de hoje, o principal suporte da atividade económica do Município de Portimão, com 76,9% da população ativa enquanto os sectores primário e secundário detêm em 2001, 2,65% e 20,55 % dos ativos totais.

Registe-se ainda que a freguesia onde as atividades agrícolas têm ainda alguma expressão é somente a Mexilhoeira Grande (8,8% dos ativos). (Idem)

3.4.1 Estrutural Empresarial

O número de empresas criadas em Portimão é ligeiramente inferior à dinâmica média do Algarve. Porém, em ambos os casos a taxa de crescimento médio anual do número de empresas é superior à verificada em Portugal (3,8%), enquanto o Algarve atinge os 5,0% e Portimão 4,0%.

O rácio entre o número de empresas e o número de pessoas ao serviço aponta para empresas com uma dimensão média de 6,3 pessoas em Portimão, 6,1 no Algarve e 7,8 em Portugal. Esta dimensão traduz o tecido empresarial existente no país, maioritariamente constituído por micro e médias empresas de estrutura familiar.

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Com uma estrutura sensivelmente homogénea entre o Algarve e Portimão, verifica-se que as atividades mais representativas segundo a classificação da atividade económica das empresas são o comércio por grosso e a retalho, o alojamento, a restauração e similares e a construção. Estas atividades refletem o peso sectorial do turismo na região e no concelho de Portimão. Todas as outras atividades representam menos de 5% das empresas sedeadas na região.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Agricultura, Produção Animal, Caça, Floresta e … 31 Indústrias Transformadoras 95 Construção 459 Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de … 898 Transpotes e Armazenagem 95 Alojamento, Restauração e Similares 664 Actividades de Informação e de Comunicação 30 Actividades Financeiras e de Seguros 63 Actividades Imobiliárias 140 Actividades de Consultoria, Científica, Técnicas e … 144 Actividades Administrativas e dos Serviçços de … 147 Educação 34 Actividades de Saúde Humana e Apoio Social 112 Actividades Artísticas, de Espectáculos, … 33 Outras Actividades de Serviços 129 Outras 18

Fonte: Gabinete de Estudos e Planeamento do MTSS Gráfico 21 - Empresas em Portimão segundo a Atividade Económica

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Agricultura, Produção Animal, Caça, … Indústrias Transformadoras Construção Comércio por Grosso e a Retalho; … Transpotes e Armazenagem Alojamento, Restauração e Similares Actividades de Informação e de… Portimão Actividades Financeiras e de Seguros Algarve Actividades Imobiliárias Actividades de Consultoria, Científica, … Actividades Administrativas e dos … Educação Actividades de Saúde Humana e Apoio … Actividades Artísticas, de Espectáculos, … Outras Actividades de Serviços Outras

Fonte: Gabinete de Estudos e Planeamento do MTSS

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Gráfico 2 - Percentagem de Empresas por Ramo de Atividade em Portimão e Algarve

3.4.2 Análise Sectorial

3.4.2.1 Sector primário

a) Agricultura

Os dados de que se dispõe para análise do sector primário são bastante limitados sendo que tal situação condiciona uma análise tão aprofundada e objetiva quanto se desejaria.

Mas, tal como acima já se referiu constata-se nas últimas décadas uma perda funcional objetiva da importância dos subsectores “Agricultura, produção animal, caça, silvicultura e pesca” e “Indústrias extrativas” registam apenas 380 empresas. O volume de negócios das sociedades (1077) confirma a reduzida expressão do sector primário no concelho de Portimão.

No que concerne à utilização do solo para fins agrícolas, as culturas permanentes ocupam 1547ha de área cultivada incluindo-se aqui os frutos secos.

Por analogia com os restantes concelhos, Portimão regista uma superfície agrícola muito reduzida, apenas utilizando 2,48% do solo para o efeito o que representa uma das taxas mais baixas do Algarve, nos termos do Recenseamento Agrícola de 1999.

Os frutos secos, frescos e a horticultura constituem as principais atividades agrícolas no Município, sendo no entanto, de salientar como fator positivo a redinamização do sector vitivinícola nos últimos anos com o aparecimento de novas empresas no sector da produção de vinho e emergência de marcas locais (Portimão e Alvor) com qualidade, podendo essa produção constituir uma oportunidade de diversificação económica sustentável Pescas

Tal como a agricultura a pesca tem vindo a sofrer a mesma evolução no sentido da progressiva perda de importância funcional em termos de criação de riqueza no Município.

O Município de Portimão continua a ter no entanto o 2º porto de pesca mais importante do Algarve, sobretudo devido á descarga e venda de sardinha, atividade na qual constitui o 4º porto do país.

A pesca da sardinha apesar dos barcos matriculados na pesca do cerco terem hoje um valor bastante menos significativo relativamente ao que foi no passado, conserva ainda um significado simbólico em Portimão, cuja imagem gastronómica continua fortemente ligada ao consumo da sardinha que, constitui aliás, um dos ex - libris turísticos do Município.

No que respeita à indústria transformadora da pesca hoje totalmente desaparecida apenas se regista uma unidade produtora de pasta de sardinha.

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3.4.2.2 Sector Secundário

Com exceção do período de vigência da indústria conserveira, pode-se considerar que historicamente o sector secundário e, em particular a indústria “transformadora”, nunca foi um sector de relevo na estrutura económica do Município.

Todavia e de maneira geral, o seu “peso relativo” do sector secundário conheceu alterações visíveis no período que medeia os últimos censos e em particular desde os anos 80 até ao Censo de 2001, ano em que representava 20,55% da população empregada por sector de atividade, contra 2,58% do sector primário e 76,87% do sector terciário. Tal situação deve-se sobretudo á atividade no sector da construção, intimamente ligado á atividade turística. O sector da construção á também “responsável” pela captação de mão - de - obra imigrante no município.

3.4.2.3 Sector Terciário

a) Comércio

Portimão é um concelho que consegue aliar a vertente urbana em conjunto com a atividade turística. Esta capacidade tem contribuído para que este constitua um forte polo de atracão e fixação de população.

Este é um concelho que apostou na implementação de um modelo de organização económico e comercial em torno do negócio turístico, facto que se repercute no aspeto da organização comercial encontrada.

Desta forma, o retrato comercial deste concelho permite constatar, entre outros fatores, uma densidade comercial muito acima da média da região, bem como uma substancial área comercial edificada.

De forma a abastecer uma ávida procura que resulta da atividade turística, bem como a crescente população urbana, está disponível uma robusta Oferta Comercial (que compreende 14,5% dos estabelecimentos da região), que se expressa qualitativamente através de múltiplos formatos comerciais e onde se destacam as categorias comerciais correspondentes a Móveis e Artigos para o Lar, entre outras.

Deve-se destacar a prevalência do retalho não alimentar (atente-se que concentra 15,6% do total da região), que demonstra a importância da grande distribuição e do comércio independente de proximidade. No que toca ao retalho alimentar e misto (também ele representativo face ao total da região), ressalta o predomínio do comércio independente de proximidade e dos hipermercados sobre outros tipos de estabelecimentos.

O concelho de Portimão apresenta ainda visível uma percentagem assinalável de conjuntos comerciais nos quais se evidenciam em especial a grande distribuição e o CIP.

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No que diz respeito à dispersão geográfica do comércio é possível distinguir diferentes zonas independentes entre si, neste âmbito a zona de relevância comercial destaca-se, concentrando uma muito substancial importância da grande distribuição (concentrado em especial estabelecimentos associados às grandes cadeias de distribuição e franchising) e do CIP, onde prevalece a categoria vestuário, calçado e acessórios.

Tabela 11 - Indicadores gerais

Área do Concelho 182 080 000 m2 (3,6% da Região)

População Residente 47 189 hab. (11,5% da Região)

Densidade Comercial (por 1000 habitantes) 23 Estabelecimentos

N.º Total de Estabelecimentos 1 281

Dentro daquela que é a zona de expansão comercial dentro do perímetro urbano está claramente instalada uma elevada percentagem de estabelecimentos que correspondem a GD e CIP; na zona de expansão comercial fora do perímetro urbano deve-se salientar novamente a GD e em especial os produtos alimentares, bebidas e tabaco.

b) - Turismo2

O Algarve é uma região de contrastes acentuados, as zonas perto do mar onde se localizam as melhores terras agrícolas, o barrocal e a planície que acompanha grande parte da costa onde se concentra a maior parte da população. Com uma rápida evolução desde o final da década de 60 do século XX. Enquanto principal região turística de Portugal, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) disponíveis no IMPACTUR – Indicadores de Monitorização e Previsão da Atividade Turística (www.impactur.pt), um total de 14,7 milhões de dormidas na hotelaria classificada, cerca de 37,1% do total nacional e 21,8% do total de nacional de hóspedes. Detém ainda uma estada média de 4,8 noites, registo influenciado pela característica de destino de sol e praia e uma taxa de ocupação cama (líquida) média anual de 48,7%, superiorizando-se aos 40,8% registados em Portugal. Em termos de oferta e de acordo com o INE, assegura 37,2% dos estabelecimentos hoteleiros classificados do país, 36,9% da capacidade de alojamento e 30,5% do total de proveitos por aposento.

2 Este capítulo reproduz na integra o trabalho realizado sobre o assunto pelo CIITT realizado pelo Prof. Fernando Perna e a equipa constituídos pelos ……….. em, 2009

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O concelho de Portimão sendo um concelho cuja beleza cénica do litoral (e não só) desde cedo é destacada por Teixeira Gomes (1935), vem inserir-se e dinamizar esta macro-tendência regional.

Neste contexto, impõe-se 3 breves notas históricas sobre o turismo no concelho: a) a abertura do casino na Praia da Rocha no ano de 1910, o qual marca os primeiros passos como destino turístico, captando turistas de outras regiões de Portugal e da Andaluzia; b) tal como o resto do Algarve, o concelho de Portimão conheceu um verdadeiro boom turístico na década de 60, resultante tanto da conjuntura económica internacional favorável como da inauguração do Aeroporto Internacional de Faro (1965); e finalmente, c) a abertura do primeiro campo de golfe do Algarve na Penina no ano de 1966.

Com especial relevo para as freguesias de Portimão e Alvor, o concelho é conhecido por ser um destino maioritariamente de sol e praia, onde no total possui 8 km de praias e o sempre presente ícone “Praia da Rocha”. No entanto, o concelho vem progressivamente interiorizando na sua fileira turística outros fatores de diferenciação, onde se destacam o rico património histórico, as potencialidades para a prática de desportos (desportos náuticos, golfe, entre outros), a gastronomia e a animação nocturna, entre outros aspetos. A inauguração da Marina de Portimão em 2000 com uma capacidade de 620 amarrações (segunda maior do Algarve), a organização desde 1998 do Grande Prémio de Fórmula 1 de Motonáutica, a inclusão de Portimão como vila-etapa do Lisboa – Dakar, o Algarve Open 2006 de golfe no campo da Penina em Portimão, o Autódromo Internacional do Algarve, inaugurado em Novembro de 2008 e ainda o Museu Municipal de Portimão, inaugurado em Maio de 2008, são alguns dos exemplos desta diferenciação que progressivamente se consolida.

É tudo isto que no conjunto torna este concelho atrativo para os visitantes e que faz com que seja considerado um dos mais importantes destinos turísticos dentro do destino Algarve, o segundo dados de 2007, cerca de 14,2% do total de dormidas da região, logo após Albufeira que detém 43,7% das dormidas e superiorizando-se a Loulé com 13,7% das dormidas. c) - Procura

Relativamente à procura turística importa analisar a evolução do número de dormidas e do número de hóspedes em estabelecimentos hoteleiros classificados no concelho de Portimão e no Algarve. d) - Evolução do número de Dormidas

O número de dormidas na região do Algarve tem sido instável ao longo dos anos importa referir que ao longo deste período são registadas quebras na evolução do número de dormidas, sendo a taxa de crescimento média anual registada é de 1,3% que demonstra um aumento gradual da procura turística em termos físicos.

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e) - Evolução do Número de Hóspedes

A progressão do número de hóspedes na região do Algarve e no concelho de Portimão regista também uma evolução instável. No Algarve o número mínimo e máximo de hóspedes registam-se nos anos de 1993 e 2007 respetivamente. Apesar do número de hóspedes no concelho de Portimão nunca ultrapassar a barreira dos 450.000 hóspedes, este representa uma média de 18,3% do total de hóspedes na região algarvia. Estada Média

A estada média registada tanto no concelho de Portimão como na região do Algarve apresenta níveis razoáveis para um destino de sol e praia, embora a sua evolução seja algo irregular. No Algarve o valor mais baixo é de 5,0 noites. Já o valor mais alto registado é de 7,4 noites. Quanto ao concelho de Portimão, o valor mais baixo é de 5,2 noites e o valor mais alto é de 8,3noites.

f) Dormidas por nacionalidade

Os cinco maiores mercados a nível turístico do concelho de Portimão, em 2006, são por ordem de dimensão Reino Unido, Portugal, Alemanha, Países Baixos e Espanha. O mercado do Reino Unido que lidera o número de dormidas no concelho de Portimão com cerca de 37,3% das dormidas.

A Alemanha o segundo maior mercado do concelho de Portimão com cerca de 18,0% das dormidas totais. No entanto, este mercado recua 8,0 pontos percentuais o que corresponde a uma perda de 290.075 dormidas.

Na região, apesar de permanecer referencial, o mercado alemão apresenta também um visível decréscimo, o que pode apresentar algum risco caso não inverta esta tendência. Quanto ao mercado português, em Portimão, destaca-se pela positiva, sendo o que regista um aumento do número de dormidas no concelho, Portugal destaca-se igualmente pela positiva na região algarvia uma vez que aumenta o seu número de dormidas em 5,1%, tornando-se o segundo maior mercado do Algarve.

Ainda com algum destaque no concelho de Portimão existem os mercados dos Países Baixos e Espanha, tendo os primeiros diminuído em 0,7% a participação no total do número de dormidas, enquanto o segundo aumentou a sua quota em 2,7% do total de dormidas.

No que respeita ao Algarve, tem-se que a Espanha, os Países Baixos e Portugal apresentam um saldo positivo. Espanha regista um aumento de 2,7%. Apenas a Alemanha e a Itália registam uma diminuição do número de dormidas em cerca de 12,7% e 0,3% respetivamente.

g) - Sazonalidade

Relativamente à sazonalidade, tanto para a região do Algarve como para o concelho de Portimão, esta vinca o peso do terceiro trimestre de cada ano, meses de Junho, Julho e Agosto. Verifica-se que na região do Algarve, em média 42,5% do total das dormidas ocorrem neste trimestre. Embora com valores não

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totalmente coincidentes no que se refere ao Algarve, também o concelho de Portimão apresenta valores acentuados de sazonalidade. Estes valores apresentam-se instáveis mas sempre entre os 42,9 e os 48,9% do número de dormidas concentradas no terceiro semestre.

h) - Taxa de Ocupação Hoteleira

Numa visão geral e relativamente à taxa de ocupação hoteleira, tanto ao nível do Algarve como do concelho de Portimão, verificam-se oscilações ao longo do período em estudo. No Algarve, o valor mais baixo apresentado é de 40,9% e o valor mais alto registado corresponde a 46,0%.

i) - Voltas vendidas por campos de golfe

Analisando a procura ao nível do golfe no Algarve, através do número de voltas vendidas em campos de golfe, a evolução apresenta uma curva francamente positiva.

No concelho de Portimão no que respeita à procura no verifica-se um aumento inconstante do número de voltas vendidas no concelho, sendo porém o saldo muito positivo no conjunto período em análise. Um dos fatores sempre referidos na aposta estratégica do golfe na região consiste na sua capacidade de atenuar a sazonalidade da procura, turística no geral, dados os seus picos registarem-se fora da época alta de veraneio.

j) - Movimento por Marinas

Devido à sua forte vocação para o mar e ao sector predominante na região Algarvia, o turismo, é de destacar a existência na região de 11 instalações de suporte à náutica de recreio: 4 Marinas, 3 Portos de Recreio, 2 Docas de Recreio, um cais e uma instalação integrada em resort turístico, os quais no conjunto desempenham um papel relevante na oferta. A maior e mais antiga Marina do Algarve é a Marina de Vilamoura com 953 amarrações. A Marina de Portimão é, Atualmente a segunda maior Marina do Algarve, com um total de 620 lugares. É de destacar também a existência de três instalações em Portimão, o Porto de Recreio sob gestão do Clube Naval de Portimão, com disponibilidade de 240 amarrações, o Cais de Bartolomeu Dias e a Doca de S. Francisco sob gestão direta do APS com 64 e 74 amarrações respetivamente. No total em Portimão Resumindo, no total, no Algarve estão disponibilizadas 4.081 amarrações, distribuídas pelas instalações acima referidas, sendo que do total da oferta 18,6% se situa no concelho de Portimão. Deste valor é ainda de referir que 4,2% do total da oferta está reservada a passantes enquanto os restantes 95,8% são lugares onde é possível efetuar contratos de permanência (Perna, F. et al, 2008).

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k) - Evolução da capacidade de Alojamento A capacidade de alojamento ao longo do período em estudo regista no Algarve, o valor do crescimento médio anual situa-se nos 2,3%. A capacidade em número de camas dos hotéis no concelho de Portimão representa 14,6% do total do Algarve, os apartamentos turísticos no concelho de Portimão representam cerca de 22,0%, os hotéis 15,9% e as pensões 12,0% da região.

l) - Evolução do Número de Estabelecimentos Em termos da evolução mais recente, o número de estabelecimentos, no Algarve e em Portimão registou um aumento m) - Golfe O golfe como atividade económica ligada ao turismo tem vindo a conhecer um crescimento exponencial no Algarve. A região é considerada um destino turístico com enormes potencialidades de consolidação no que diz respeito ao golfe, em grande parte devido às suas características naturais e climatéricas e à qualidade dos campos existentes. Como tal, é possível verificar uma evolução significativa, sendo que existiam 19 campos de golfe e atualmente o Algarve passou a contar com 34 campos de golfe com 18 buracos.

n) - Pressão Demográfica O Indicador de Pressão Demográfica tem como objetivo contribuir para o diagnóstico de situações de potencial risco numa região, sendo importante a sua aferição durante um longo período de tempo para captar mais do que valores absolutos, tendências ao longo do tempo. A construção deste indicador resulta da adaptação da metodologia utilizada pelo CISET (Centro Internazionale di Studi e Ricerche sull’Economia Turística), na qualidade de centro consultar da Organização Mundial de Turismo. Em termos operacionais o indicador compara o número de dormidas efetuadas numa região em alojamentos classificados com o número de dormidas efetuadas pelos residentes. É ainda importante mencionar que o indicador apenas permite comparar as dormidas efetuadas em estabelecimentos hoteleiros classificados, deixando de fora as casas alugadas e as segundas residências, o que se fosse possível incluir originaria, previsivelmente, a duplicação do número de dormidas registadas na região do Algarve de acordo com as estimativas do PRTA (1994).

o) - Pressão Territorial A pressão territorial pretende analisar a relação entre o total de dormidas por turistas adicionado ao número de dormidas da população residente, num determinado período, valor este que é cruzado com a área total da região excluindo a área da Rede Natura 2000. Uma situação de elevada pressão territorial traduz um fator de risco no destino, sento esta também uma adaptação pelo CISET (Centro Internazionale di Studi e Ricerche sull’Economia Turística), a qual defende que o total da área não deve incluir as áreas ambientalmente protegidas, como é o caso da Rede Natura 2000, não porque estas não possam ser

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inseridos na cadeia de valor do turismo – porque o são – mas sim porque não constituem regra geral objeto de infraestruturação para um ciclo completo de permanência de 24 horas pelo turista. Tal como acontece no indicador de pressão demográfica, este indicador capta apenas as dormidas efetuadas em estabelecimentos hoteleiros classificados, deixando de fora as casas alugadas e as segundas residências por insuficiência de dados estatísticos.

Numa primeira análise à pressão territorial verifica-se que os níveis de pressão são sempre mais elevados no concelho de Portimão que na região do Algarve. Em termos de Portimão estes dados estão relacionados com o facto de o concelho ter uma superfície total de apenas 182 km² enquanto o Algarve tem uma superfície total de 4.996km². Da superfície de Portimão há a considerar que 1400 hectares pertencem à Rede Natura 2000 e que é assim nesta dinâmica de crescimento e preservação que ocorrem cerca 14% das dormidas em turismo da região e 8,6% da população do Algarve.

Como também era esperado, é no terceiro trimestre que existe uma maior pressão territorial tanto no concelho como no Algarve. Contudo a pressão territorial é constante e sem oscilações relevantes ao longo dos seis anos analisados.

p) - Linhas de Orientação Estratégica

Em função das quatro grandes áreas temáticas de desenvolvimento da Agenda 21 Local de Portimão e do vasto conjunto de informação recebida e analisada ao longo dos diferentes fóruns temáticos, seminários e apresentações, conducentes ao diagnóstico participado, bem como do extenso trabalho de caracterização estatística do concelho conducente ao diagnóstico técnico, seguem no imediato as principais linhas de orientação estratégica propostas pela equipa dinamizadora do Relatório da Agenda 21, agrupadas pelas áreas temáticas consideradas. Uma vez mais se reforça o posicionamento que cientifica e territorialmente não existem áreas estanques, mas que a gestão, respetiva planificação e responsabilização, aconselha e obriga a esta repartição. No conjunto, o processo só funcionará se todas as partes se movimentarem em simultâneo, sendo ainda evidente que se todo for devidamente integrado, o benefício agregado será sempre superior à elementar adição das partes.

Na sequência metodológica adotada, a definição das linhas de orientação estratégica para o domínio do turismo parte da análise dos 102 pontos de entrada da matriz SWOT. Neste âmbito os principais pontos fortes diagnosticados, entre outros, incidem sobre a riqueza e diversidade da gastronomia, as potencialidades do Rio Arade, bem como o conjunto de praias que o município dispõe. Os pontos fracos manifestam a escassez de espaços verdes, a dificuldade no ordenamento e fluidez do trânsito e um parque hoteleiro relativamente envelhecido.

Na análise à componente externa do município, sendo novamente considerado externo as questões que exigem uma articulação/influência para além da escala municipal e/ou as variáveis não passíveis de endogeneização pelo município, tem-se que as principais ameaças apresentadas resultam do risco de

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escassez de recursos hídricos, a descoordenação institucional do sector e a atracão dos media pela edição de campanhas negativas. Quanto às oportunidades estas relevam sobretudo os novos produtos complementares à oferta âncora de sol & praia, designadamente o golfe, a náutica de recreio e o conjunto de potencialidades que o porto de cruzeiros encerra.

Da análise conjunta dos fatores enunciados e dos anteriormente detalhados nos vários capítulos, tem-se que a definição dos 3 vetores de orientação estratégica para o desenvolvimento sustentável de Portimão no domínio do turismo, assentam na aposta da qualidade integrada do produto e do destino, na diversificação turística em termos de produtos com reflexos na sazonalidade e receitas e, finalmente, no incremento da competitividade turística através da componente empresarial, domínio de mercados e desenvolvimento do conhecimento científico do sector.

Figuras - Linhas de Orientação Estratégica para o Turismo

4. TURISMO Linhas de Orientação Estratégica

Vector 4.1 Apostar na Qualidade Integrada

Vector 4.2 Diversificar os Produtos Turísticos

Vector 4.3 Aumentar a Competitividade Turística

Fonte: Agenda 21 Local

Estas linhas de orientação estratégica sintetizadas nos três vetores do desenvolvimento sustentável do turismo, fundamentam-se na prossecução dos seguintes objetivos associados a cada vetor. Posteriormente será função deste enquadramento que se procede ao enunciado do conjunto de ações através das quais o município, sempre numa perspetiva integradora, poderá concretizar os instrumentos para a sua realização e aferição.

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q) - População Ativa e Desemprego

- Evolução dos trabalhadores ao serviço das empresas e das profissões

A terciarização do Algarve manifesta-se, também, na percentagem de população trabalhando por conta de outrem, segundo os sectores de atividade.

Regista-se, com efeito, que os Municípios do litoral são os que apresentam maiores percentagens de trabalhadores por conta de outrem.

Albufeira, Faro e Portimão são, por ordem decrescente com valores iguais ou superiores a 80% os que apresentam as maiores taxas de atividade de trabalho dependente no terciário por conta de outrem enquanto no fim da tabela, são os municípios do interior ou dos extremos Barlavento e Sotavento ou seja os mais rurais que apresentam menores taxas de trabalho por conta de outrem no terciário.

Uma exceção todavia: Olhão, que detém a maior percentagem de trabalhadores por conta de outrem no sector secundário.

Portimão, com praticamente 80% de trabalhadores por conta de outrem no terciário, revela a importância que o sector tem para a economia local, sendo que o sector “terciário” não engloba apenas a atividade turística ou o comércio, mas também, tal como já se referiu anteriormente, a dos serviços que, entretanto adquiriram no município um cada vez maior peso.

A população ativa em Portugal, na região do Algarve e no concelho de Portimão concentra-se maioritariamente no sector terciário, sendo que a maior percentagem relativa neste sector regista-se no concelho de Portimão.

Em Portimão o sector secundário representa 20,5% e o sector primário apenas 2,6%.

Em termos das habilitações literárias do pessoal ao serviço nas empresas, estas são proporcionais no Algarve e Portimão. Referindo o caso de Portimão, este concelho revela o predomínio no ensino básico (cerca de 64%, correspondente à escolaridade obrigatória), seguido do ensino secundário. As habilitações de ensino superior correspondem a 8,9% do pessoal, com tendência para aumentar.

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100% 0,4% 0,4% 6,5% 6,3% Mestrado 2,6% 2,3% 90% 3,9% 2,8% Licenciatura 80% 20,5% 21,4% 70% Inferior ao 1º Ciclo do Ensino Básico 60% Ignorada 50% Ensino Secundário 40% 63,5% 64,5% Ensino pós Secundário não 30% Superior Nível IV 20% Ensino Básico

10% Doutoramento 0% 1,9% 1,9% Bacharelato Portimão Algarve

Fonte: Gabinete de Estudos e Planeamento do MTSS

Gráfico 43 - Pessoal ao Serviço segundo as Habilitações Literárias no Algarve e Portimão - Notas Conclusivas

O que precede permite constatar os níveis de habilitações dos trabalhadores exercendo funções por conta de outrem no Município.

Se comparamos com a média das habilitações do conjunto da mão-de-obra por conta de outrem do Algarve, verifica-se que Portimão apresenta globalmente valores superiores à região para os quatro níveis inferiores de habilitações e inferiores se bem que com pouca diferença – relativamente aos três restantes níveis, a saber: estudos secundários, bacharelato e licenciaturas.

Se comparada com Faro a posição de Portimão aparece algo mais desfavorecida, já que as diferenças entre os níveis de habilitações identificados são de cerca de 10 pontos percentuais. (Ver documentos anexo).

Mesmo que a evolução dos últimos anos tenha sido num sentido mais favorável, convém salientar que o baixo nível educacional e de formação profissional representa um problema relativamente delicado para o futuro e que exige medidas adequadas em tempo útil, já que esta carência de formação poderá levar a processos de aprofundamento de desigualdades sociais e de igualdade de oportunidades. Tal facto pode ainda levar a explicar fenómenos tais como uma maior propensão do município para o desemprego, onde Portimão regista uma das maiores taxas da região.

Por outro lado o Município regista algumas assimetrias sociais entre as freguesias do “Litoral” e do “Interior”, ou seja, entre Portimão e Alvor por um lado, e a Freguesia da Mexilhoeira Grande por outro.

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Esta última representa nos diversos domínios em análise numa diferenciação negativa que convirá equacionar nas estratégias de desenvolvimento futuro do Município de maneira a torná-lo -mais coeso, com a criação de novas oportunidades de desenvolvimento económico e social naquela zona.

Tudo indica que estamos perante uma mudança de paradigma no desenvolvimento económico do Município.

Com efeito, o Turismo tem constituído o principal elemento estruturador central da economia local (e a da região) nos últimos trinta anos, sendo que esta atividade predominante e quase exclusiva, apresenta simultaneamente alguns pontos fracos que nomeadamente consubstanciados numa grande sazonalidade, fraca diversificação da oferta, qualidade mediana geral dos equipamentos e do serviço inerentes ao turismo de massas, etc.

Nos últimos 10 anos tem-se assistido simultaneamente a uma evolução no sentido da melhoria dos equipamentos (projetos privados para construção de novas unidades hoteleiras e compôs de golf, renovação de equipamentos, etc.) e diversificação da oferta com vista à valorização do sector, mas também têm emergido novas atividades e empresas ligadas ao sector dos serviços e que têm vindo a enriquecer e a fortalecer o tecido económico do Município, no qual têm hoje um papel importante.

CAPITULO IV - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE PATRIMONIAL

1.Introdução

Tendo em consideração a relevância da articulação da gestão territorial e urbanística das Autarquias com a gestão do seu património, pretende-se com este relatório efetuar uma caracterização histórica e um levantamento sumário dos elementos patrimoniais do Município de Portimão.

Através da identificação e caracterização das principais ocorrências e vestígios de natureza arqueológica e arquitetónica, bem como de uma abordagem de âmbito abrangente e complementar do património cultural, procura-se a elaboração de instrumentos técnicos de suporte à sua validação e integração, nas subsequentes fases, do processo de revisão do Plano Diretor Municipal de Portimão.

A componente Patrimonial dos Planos de Ordenamento decorre das Cartas Internacionais do Património e da atual legislação nacional relativa ao património:

-Convenção Europeia para a Proteção do Património Arqueológico (Revista), ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 74/97 de 16 de Setembro;

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-Lei de Bases do Património Cultural (Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro);

-Lei de Bases da Politica de Ordenamento do Território e de Urbanismo (Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto);

-Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (Decreto-lei n.º 380/99, de 22 de Setembro);

-Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território. 3º Relatório: Transformações na ocupação do território: Retrospetiva e tendências. Vol. III – Recursos Naturais, Ambiente, Património e riscos. Fevereiro 2004.

O Património Cultural, nomeadamente o arqueológico e o arquitetónico, constitui um bem não renovável, pelo que a sua destruição, sem que previamente tenha sido efetuado o seu estudo e registo, constitui uma perda irreversível.

As medidas de preservação patrimonial baseiam-se maioritariamente no princípio, consagrado na legislação, da conservação através do registo, pelo que se deve desmistificar a premissa que automaticamente associa a ação de salvaguarda ao impedimento construtivo.

Na maioria dos PDM de 1ª geração, as questões do Património foram tratadas de forma estática e restritiva, resumindo-se a uma planta e a uma mera listagem de inventário de bens culturais.

As atuais competências municipais ao nível da preservação patrimonial requerem um grau de exigência superior, pelo que se justifica que o PDM em revisão opere, de igual forma, como um instrumento de gestão patrimonial.

Este deverá integrar diversas valências disciplinares, tais como a Arqueologia, História, Antropologia e Arquitetura, de modo a possuirmos uma visão o mais objetiva e completa da realidade patrimonial do município.

Desta forma, a inclusão do Descritor Patrimonial no Plano permitirá cumprir o objetivo estratégico de salvaguarda e valorização patrimonial, na sua vertente cultural, identitária e de recurso económico e social, operando como um instrumento de planeamento e gestão territorial integrado, no âmbito do ordenamento, urbanismo e arquitetura, sendo também fundamental para o desenvolvimento sustentável do município e para a coesão cultural e social da sua população.

De igual modo, o Descritor Patrimonial no Plano deverá integrar a definição das componentes da política patrimonial e das prioridades de investimento no que diz respeito às ações de manutenção, conservação, restauro, investigação, promoção e divulgação.

A definição de uma estratégia interpretativa do território e da sua componente cultural permite a gestão dos projetos de valorização e divulgação do património, realizados através da criação de Centros Interpretativos,

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Itinerários e Roteiros Culturais e Patrimoniais, Jornadas de Divulgação Patrimonial, etc., para além de permitir o estabelecimento de condições para a realização de parcerias entre autarquia e entidades públicas ou privadas, com vista ao apoio de trabalhos de investigação/promoção sobre a história dos núcleos urbanos e a evolutiva antropização do território municipal.

2. Caracterização da situação de referência

Metodologia

Com vista à caracterização da situação de referência foram considerados vários elementos patrimoniais, incluindo-se nesta abordagem os seguintes valores:

-Elementos abrangidos por figuras de proteção legal, nomeadamente imóveis classificados ou em vias de classificação.

-Elementos de reconhecido valor patrimonial/ científico, que não abrangidos pela situação anterior, constem em trabalhos científicos ou inventários patrimoniais.

A metodologia para a realização da situação de referência, ao nível patrimonial, baseou-se num processo faseado com o objetivo de identificar e caracterizar as ocorrências patrimoniais implantadas na área de análise.

3.Valoração Patrimonial

3.1. Metodologia

Através do processo de valoração patrimonial pretende-se realizar futuramente uma hierarquização dos elementos patrimoniais reconhecidos na presente fase de identificação e caracterização.

Do ponto de vista metodológico, a avaliação da sensibilidade patrimonial passa, numa primeira fase, pelo estabelecimento da hierarquia do interesse ou potencial científico/ cultural, tendo em consideração vários parâmetros que caracterizam os sítios arqueológicos e outros elementos patrimoniais.

3.2. Valoração científica e patrimonial

O valor patrimonial atribuído a cada uma das ocorrências identificadas nesta primeira fase, bem como as próprias características destes vestígios, será o critério de fundamentação para a proposta de medidas de salvaguarda patrimonial.

4. Caracterização histórica do Município

A ocupação humana do Município de Portimão remonta ao Paleolítico, tendo sido identificados nove sítios com materiais líticos associados a esta época (ex: Bemposta 1, Vau 1, Monte Isabel, Terraço da Rocha). O Paleolítico Médio no Algarve caracteriza-se pela presença de alguns utensílios retocados e material “levallois”,

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nos depósitos de areias litorais, não existindo registos de materiais do paleolítico superior de tipo laminar ou micro laminar.

A rutura com o sistema de exploração dos recursos naturais anterior dá-se no Neolítico, com a introdução da agricultura e a domesticação dos animais, que por sua vez conduziram a uma ocupação do território de forma mais sedentária. A cultura material associada a este período caracteriza-se pela presença de cerâmica cardial, mós manuais e uma indústria lítica de tradição mesolítica. O número de vestígios desta época aumenta relativamente aos períodos anteriores, denotando-se em alguns casos o prolongamento desta ocupação para o período Calcolítico. Neste momento dá-se o aparecimento de sociedades com um grau de estabilização maior, fruto de práticas económicas diversificadas (agricultura intensiva, transformação de produtos secundários, metalurgia do cobre), que conduzem a uma expansão de populações excedentárias.

O Município de Portimão possui um conjunto de sítios de grande relevância patrimonial datáveis do Calcolítico, dos quais naturalmente se destacam os monumentos funerários de Alcalar e Monte Canelas e o conjunto de povoados associados. Na Idade do Bronze as diferenças regionais - derivadas de riquezas naturais, meias de produção e comercialização disponíveis a cada comunidade – acentuam-se e condicionam o desenvolvimento destas populações. Os vestígios referentes à ocupação da Idade do Bronze, nomeadamente do seu período final, encontram-se consubstanciados em cerca de uma vintena de arqueossítios, maioritariamente correspondentes a necrópole de cistas.

Os vestígios da ocupação humana durante a Idade do Ferro são escassos mas reveladores da importância que este território adquire durante este período. Naturalmente destaca-se o sítio de Vila Velha de Alvor, correspondente á povoação sidérica de Ipses. Este habitat mantém a sua importância estratégica durante o período romano, chegando a cunhar moeda própria.

Denota-se a partir deste momento um aumento exponencial da importância do complexo portuário do rio Arade, que se irá manter e intensificar durante o período romano. A romanização deste território opera uma transformação profunda com a criação de uma nova ordem político – administrativa. A localização de Portus Hannibalis (lugar citado pelo escritor latino Pompónio Mela), ainda não assegurada, poderá eventualmente corresponder a uma povoação marítima com boas condições portuárias, cujo nome indígena tenha sido substituído durante o período dos Barcidas, provavelmente localizada nas margens flúvio-maritimas do Município.

Portus Hannibalis corresponderia a um centro portuário romano sem o estatuto de cidade, pertencendo ao território de Cilpes (Silves) e aparentemente englobada na área de Lacobriga (Lagos) numa altura indeterminada. De momento temos conhecimento da presença na zona ribeirinha de Portimão, de uma área industrial relacionada com a produção de preparados de peixe - “garum” (Mabor, Estrumal - Convento S.

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Francisco), destacando-se, de igual forma, vários achados na zona estuarina, como é o caso de um tesouro monetário e uma estatueta de guerreiro. No núcleo antigo de Portimão poderá eventualmente situar-se uma zona residencial, tal como nos indiciam as menções, não comprovadas, da presença de mosaicos e estruturas.

As condições naturais existentes no Município de Portimão, designadamente nas áreas estuarinas de Alvor e Arade, sobretudo a presença abundante de peixe de variadas espécies, as condições climatéricas vantajosas para a extração de sal e os bons portos nos estuários existentes, favoreceram o florescimento de atividades relacionadas com a exploração e comercialização e exportação de preparados piscícolas. A proximidade a aglomerados urbanos - Ipses, Lacobriga e Cilpes – terá tido a sua influência para a concentração de vestígios de época romana, denotando-se uma concentração de estruturas de exploração de recursos marinhos nos arredores de dois destes locais (Alvor e Portimão).

A intensa ocupação de carácter urbano facilitou e incentivou a ocupação rural das zonas envolventes, onde se instalam as propriedades rurais denominadas de villae, das quais são excelentes exemplos as villae da Abicada, Montemar, Vale Arrancada e Baralha.

Durante o período do Baixo-Império a ordem política administrativa vigente entra em decadência, devido às sucessivas guerras políticas e à instabilidade nas fronteiras do império romano. Esta situação acarreta consequências ao nível do comércio a larga escala, conduzindo ao abandono de alguns núcleos populacionais. Contudo, denota-se em geral a manutenção dos sítios romanos durante este período, provavelmente já integrados em novas rotas e outros protagonistas comerciais, tal como é o caso da Villa de Vale da Arrancada e da fábrica de preparados de peixe da Mabor, Portimão.

O Algarve foi integrado no Califado Omíada de Damasco em 713, circunstância que despoletou uma série de alterações socioeconómicas, políticas e ideológicas. Em meados do séc. X, Silves surge na documentação Islâmica como cidade de relevante posição e prestígio dentro do Garb Al-Andaluz, elevando-se a sua ambiência patrimonial e cultural. A sua importância é mantida e manifesta-se durante os anos posteriores em que a soberania foi exercida por Almorávidas e Almóadas.

De forma natural, aproveitando a estabilidade e dinamismo verificados durante este período, irão desenvolver- se em torno de Silves, além de núcleos urbanos e fortificações, diferentes estruturas agrícolas e comunidades instaladas junto à costa ou perto das embocaduras e leito dos rios, aproveitando a navegabilidade natural que permitia e facilitava as incursões para o interior, privilegiando contactos e relações de comércio. A pesca e a agricultura seriam conciliadas, explorando-se os recursos naturais e os meios de produção disponíveis, consoante as épocas do ano, as oportunidades e a rentabilidade pretendida.

É neste contexto específico que se pode integrar a “Alcaria de Arge”, estrategicamente implantada num ponto de perfeito domínio visual sobre a barra do rio Arade, acesso direto e privilegiado (mantendo-se como via 51

principal até ao séc. XVI) à imponente Xelb muçulmana, possibilitando, desta forma, o controle e inclusão em rotas terrestres e fluviais, nomeadamente com o seu provável aproveitamento e integração nas malhas de uma rede de comércio que se adivinha sólida e de boa articulação. O abandono definitivo deste aglomerado de carácter agrícola pode fixar-se no séc. XIII, em situação forçada de expulsão, talvez violenta.

De igual forma, conhecem-se sítios islâmicos de carácter defensivo no concelho de Portimão, como é o caso do Castelo “Belinho” - construído provavelmente após a reconquista almóada de Silves em 1191, sendo abandonado aquando da reconquista cristã de Silves – e também o castelo de Alvor, cuja localização precisa é alvo de debate, podendo corresponder aos vestígios visíveis de uma fortificação em Vila Velha de Alvor ou ao habitualmente denominado Castelo de Alvor, cuja construção poderá já remontar ao período cristão. Também no campo religioso e como aparente testemunho da influência da presença islâmica, ao nível dos processos e da gramática construtiva, restam os morabitos Alvor.

Em meados do séc. XV, o núcleo urbano mais importante na área do atual Município, era Alvor, que nesta altura de desvinculou do termo de Silves e fundou a sua Igreja Matriz. É também neste período que se dá início à criação de um pequeno aglomerado, com habitantes proveniente de Silves, que começava a sofrer os efeitos do assoreamento do rio Arade e denominado de S. Lourenço da Barrosa. Surge na mesma época o sítio de Portimão, que seria doado por D. Afonso V a Gonçalo Vaz de Castelo Branco e que viria mais tarde a absorver o lugar de S. Lourenço da Barrosa.

Em 1462 inicia-se a construção das muralhas e o sítio recebe então a categoria de Vila, passando a designar- se Vila Nova de Portimão, “titulo” esse que surge pela primeira vez, nas cortes de Évora, em 1475. Desta mesma época data a construção da Igreja Matriz, que terá sido fundada em 1476. Este crescimento deve-se sobretudo à sua dinâmica comercial, piscícola e agrícola, incrementado pela atribuição de Foral próprio (concedido por D. Manuel I, em 1 de Julho, de 1504) e pela respetiva desvinculação do termo de Silves. Aqui ancoravam os grandes navios estrangeiros, para efetuarem trocas comercias. Frei João de S. José refere na sua Corografia do Reino do Algarve que aqui se «embarca o mais figo do Algarve», o que atesta a importância dos portos de Portimão para a economia regional.

O sal, explorado nas marinhas e salinas na zona dos antigos sapais, constituía também um importante produto de exportação. Associada a este dinamismo, encontravam-se uma série de indústrias-base, sendo a mais importante de todas a da construção naval, com bastantes privilégios descritos no Foral Manuelino e a agricultura, com o Município a acolher importantes morgados como o do Reguengo ou o de Arge, e havendo ainda bastantes vestígios de moinhos (eólicos e de maré) e de outros equipamentos rurais como fontes ou lagares.

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A vila cresce a um ritmo intenso, estendendo-se para além das muralhas, que acabam por ser completamente absorvidas no seu casario. Toda esta expansão ainda é hoje documentada pela existência de cantarias chanfradas na rua Manuel Dias Barão, Largo da Barca ou por elementos quinhentistas dispersos (Ex.: Janela quinhentista Quinta do Morais) que se podem encontrar igualmente distribuídos por Alvor, Montes de Alvor, Figueira e Mexilhoeira-Grande.

A frequência de ataques à costa algarvia, tornou urgente o reforço de fortificações e espaços muralhados junto ao litoral, situação que esteve na base da reparação vários troços de muralha junto ao rio e da construção, (entre 1629 e 1633), da fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha. Constituindo-se como primeira linha de defesa de Vila Nova de Portimão e do seu importante porto, coadjuvada por pequenas edificações dispostos entre a foz do Arade e a ria de Alvor, como o castelo de Camarões, a torre do Facho ou o forte da Rocha (Quinta da Rocha). A partir de 1660, Diogo Gonçalves, um benemérito local, faz construir o Colégio dos Jesuítas, o qual chegou a lecionar cursos de nível universitário e que cuja cerca era bastante extensa.

No séc. XVIII, à semelhança do restante Algarve, Portimão é assolado pelo terramoto de 1755, tendo grande parte da vila sido arrasada e muitos dos monumentos sofreram danos profundos. Contudo, a vila haveria de recuperar o seu fulgor e em 1773, D. José I preconiza a elevação da Vila, à categoria de Cidade. A demora na publicação do decreto e a demissão do Marquês de Pombal determinaram que Portimão se mantivesse com a categoria de Vila.

Igualmente no ano de 1773 e por suposta vingança do Marques de Pombal contra os Távoras, condes de Alvor, é retirado a esta o estatuto de vila, passando a mesma a possuir a simples categoria de lugar, o qual só seria alterado em 1988,repondo a designação de Vila de Alvor.

Em1924 Manuel Teixeira Gomes elevaria finalmente a sua terra natal, à categoria de Cidade. Uma população numerosa, uma forte e constante atividade económica e um meio ambiente favorável, constituem três dos fatores-chave que caracterizam Portimão, ao longo dos séculos XIX e XX, determinando decisivamente os seus modelos de desenvolvimento e a sua capacidade de gerar dinâmicas de fixação e atracão de populações, a partir de um território, no qual, a geografia da sua envolvente fluvial e marítima, sempre exerceu um impacte positivo na modelação das suas atividades, desde a antiga vila industrial e piscatória, à atual cidade prestadora de serviços de acolhimento às sociedades de lazer e do turismo contemporâneas.

Esta dinâmica constitui um enorme chamariz para as populações dos concelhos vizinhos, a virem procurar trabalho em Portimão, o que levou a uma forçada expansão da cidade, surgindo numa série de bairros, quer de iniciativa privada, quer de iniciativa estatal (como o Bairro Operário, do Pontal ou dos Pescadores),

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surgindo toda uma série de equipamentos como o dispensário anti tuberculose, escolas primárias (estrada de Alvor, Pontal) ou os correios da praça Teixeira Gomes.

Histórica e socialmente, aqueles fatores são responsáveis pelos crescentes fluxos migratórios (internos e externos), que para Portimão se direcionaram, inicialmente orientados para as oportunidades de investimento nos produtos agrícolas (frutos secos,), industriais (moagens, lagares, construção naval, conservas) e marítimos (pesca), para o preenchimento das necessidades de mão-de-obra, desse emergente mercado de trabalho, para refúgio alternativo de guerras que dilaceraram a Europa e finalmente, para destino dos primeiros turistas, protagonistas e pioneiros das grandes “migrações” do nosso tempo, dirigidas para o preenchimento dos tempos livres e a fruição das viagens.

Com o declínio das fábricas de conservas, devido à escassez do pescado, à agressividade concorrencial dos países do Norte de África, à insustentabilidade dos sistemas, ritmos e condições de trabalho, ao desinvestimento industrial e promocional nas conservas, Portimão assiste nos anos 70, ao relançar e à retoma de um novo ciclo económico e social, no qual mais uma vez, a geografia e os particularismos do seu território (clima e recursos naturais), aos quais se juntam os fatores acima referidos, são os grandes responsáveis para a sua afirmação enquanto importante destino turístico nacional e internacional e para a sua mais profunda metamorfose social e urbana.

Em Portimão, essa transformação estrutural está bem expressa na deslocação do eixo de desenvolvimento das suas principais atividades económicas:

1- O primeiro e tradicional eixo, baseado no núcleo quinhentista e muralhado da Vila Nova, rapidamente ultrapassado pela expansão urbana subsequente, a norte e estendendo-se pela faixa ribeirinha, distribuía-se entre as duas pontes de ferro (rodoviária e ferroviária) e o Estrumal, no sentido Norte-Sul e aí se localizavam os moinhos de maré, as salinas, fumeiros, fábricas de conserva, fabriquetas de gelo, litografia e fundição, a lota, guindastes, estaleiros, oficinas, etc.

Largos do Dique, Sapal, Largo da Barca, Caldeira do Moinho são topónimos que indicam claramente esta forte relação com as águas do Arade e com espaços ao rio conquistados, na construção da baixa portimonense.

Este período, correspondente a finais do século XIX, até ao final da primeira metade do século XX, é caracterizado pela transição da vida rural e da influência mediterrânica do sal na conservação, salmoura e estiva do pescado, para a crescente introdução da mecanização industrial e de um novo processo tecnológico de conservação, através da cozedura a vapor e da esterilização os quais, para além dos confronto e problemas sociais que produziram, viriam a desenhar na paisagem de Portimão, uma primeira densidade na sua volumetria, protagonizada pelas dezenas de edifícios fabris, implantados ao longo da margem direita do rio.

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As pontes rodoviárias e ferroviária marcam profundamente o tecido urbano da então Vila Nova de Portimão e determinam novas áreas e corredores de expansão construtiva. Este período caracteriza-se ainda pela fixação dos primeiros estrangeiros e industriais na Praia da Rocha, que aí iniciariam uma transformação na sua paisagem com a construção dos primeiros chalets.

Deste modo, associada a uma paisagem vincadamente industrial e marítima, surgem as construções tipo palacetes ou vivendas, refletindo o espaço e o gosto arquitetónico das elites locais.

2 - Um segundo eixo Este-Oeste, afastando-se do núcleo urbano e ribeirinho da cidade, ocupará a orla costeira marítima atlântica, criando aí uma nova centralidade e estende-se progressivamente desde a Praia da Rocha até Alvor.

Esta deslocação corresponde a um segundo período tem início com o “boom turístico” que se começa a sentir sobretudo a partir dos anos 60, com os aldeamentos turísticos, mas cujas marcas se começam a tornar visíveis a partir dos anos 70, coincidindo com o declínio das atividades tradicionais e com a vinda de portugueses das antigas colónias e de imigrantes africanos, no qual o turismo e a construção civil a ele associado, representava uma solução.

Estas transformações tiveram efeitos claros e visíveis na paisagem de Portimão e no enorme consumo do espaço do seu território, na tentativa de adequação às necessidades demográficas, de resposta à procura turística e de lazer que se fazia sentir, desenvolvendo-se à custa dos antigos chalets, de baixa densidade construtiva, substituindo-os pela construção exponencial de alta densidade, de edifícios-torre (apartamentos, hotéis, etc.), até à atual implantação de marinas e dos campos de golfe.

3 -Finalmente uma última fase mais exigente, a partir dos anos 90, enquadrada em Planos de Ordenamento e Planos Estratégicos, tenta responder com novas soluções de organização e disciplina nas alternativas urbanísticas, económicas e culturais e aos efeitos erosivos produzidos na paisagem e na qualidade de vida dos cidadãos, às quais se junta a planificação de novos equipamentos municipais coletivos, espaços de sociabilidade, áreas comerciais, industriais e de serviços e planos de pormenor de que são exemplo as zonas ribeirinhas de Portimão e Alvor.

5. Propostas para a realização da versão Preliminar do Plano Diretor Municipal

Apesar da área em questão ter sido sujeita a alguns programas de prospeção devemos salientar que a prospeção, per si, conduzem a resultados incompletos e em constante atualização, em consequência das várias variáveis que condicionam este tipo de intervenção arqueológica. Tendo em conta este panorama, consideramos que seria indispensável realizar um programa de prospeções arqueológicas que verificasse o estado atual dos sítios identificados e permitisse a georreferenciação da área de dispersão de vestígios.

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O levantamento agora realizado permitiu verificar no Endovélico (Carta Patrimonial de âmbito nacional da responsabilidade da Direção Geral do Património Cultural a inclusão em duplicado de várias ocorrências patrimoniais:

A proposta de revisão do Plano deve necessariamente incluir a definição dos sistemas de proteção dos valores patrimoniais, através da identificação das respetivas condicionantes, com o objetivo de implementar uma adequada política de salvaguarda e valorização do património.

Pretende-se conciliar o trabalho de identificação, levantamento e registo de bens arqueológicos e edificados com um levantamento de Património Cultural do Município de Portimão.

Composto pelas várias tipologias patrimoniais (materiais e imateriais), patentes as variadas representações sociais e identitárias dos grupos que compõem a comunidade local, o Património Cultural atesta o valor do município, nomeadamente através do valor social e simbólico inerente aos lugares, sítios, edifícios e à humanização das paisagens.

A referenciação de um determinado património material, para além das suas características físicas ou arquitetónicas faz-se também através da história das vivências e dos contextos sociais e históricos que acompanham esses locais, conferindo-lhes sentido, espessura coletiva, constituindo pontos–chave de forte representação social de referência para o quotidiano dos seus habitantes (coletividades, bairros operários, escolas, jardins, fábricas de conservas, cais, etc.)

Ressalvamos que a política patrimonial deverá ser estabelecida tendo como suporte vários componentes a elaborar durante revisão do Plano, a saber:

Regulamento do PDM com a integração de artigos especialmente vocacionados para as intervenções de carácter patrimonial, o que permitirá a definição de normas de atuação precisas e consensuais entre os vários serviços, no âmbito da salvaguarda do património arqueológico, histórico e arquitetónico, para além de promover padrões de qualidade nas referidas intervenções. Este regulamento funcionará como um guia de atuação para os promotores de obras (tanto públicas como privadas) e técnicos dos vários serviços da autarquia, integrando-se nos procedimentos municipais do planeamento urbano. Desta forma, assegura-se um conhecimento mais aprofundado da ocupação humana do município, prevenindo qualquer tipo de destruição irreversível do património, para além de conduzir a uma maior celeridade nas tramitações processuais dentro dos serviços municipais.

Em suma, pretende-se que o descritor patrimonial se reflita nas várias componentes do plano, nomeadamente:

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Regulamento, integrando um conjunto de normas condicionantes que assegurem a salvaguarda, conservação e investigação de cada ocorrência patrimonial de acordo com o carácter gradativo atribuído na valoração;

Plantas de Ordenamento e de Condicionantes, incluindo a sinalização da totalidade das ocorrências patrimoniais georreferenciadas e respetivas medidas de salvaguarda propostas;

Relatório onde se explicita os objetivos estratégicos (planeamento e gestão do património, promoção do seu potencial cientifico e cultural como suporte de qualificação dos munícipes) e por fim no Programa de execução.

6. Levantamentos do Património Edificado do Município

Tabela 12 - Lista do Património Edificado classificado existente no Concelho de Portimão

- Abicada Monumentos Nacionais - Conjunto Pré-histórico de Alcalar

- Pórticos Lateral e Principal da Igreja Matriz de Alvor

- Morabito Anexo à Igreja Matriz de Alvor

- Morabito de S. Pedro

- Morabito/Capela de S. João

- Castelo de Alvor Imóveis de Interesse - Igreja Matriz de Portimão Público Património - Fortaleza de Sta. Catarina Edificado classificado - Muralhas de Portimão

- Convento de S. Francisco/ Igreja de Nossa Senhora da Esperança

- Monólito da Pedra Mourinha

- Capela de S. José Imóveis de Interesse - Edifício onde nasceu Manuel Teixeira Gomes Municipal - Igreja e Convento do Colégio dos Jesuítas

Imóveis em Vias de - (nenhum) Classificação

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CAPITULO V - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA DE REDES E INFRAESTRUTURAS URBANAS

1. Redes de Infraestruturas

1.1. Abastecimento do Concelho de Portimão

Enquadramento A população de Portimão é abastecida através de um único sistema municipal de abastecimento público, que recebe água proveniente do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve desde o ano 2000, sob a gestão da Águas do Algarve. Toda a água consumida no município tem origem neste Sistema Multimunicipal e a entrega de caudal faz-se em dois pontos de entrega do município, na Grande Reserva de Chão das Donas e Morgado do Reguengo, estando previsto um terceiro ponto de entrega na freguesia da Mexilhoeira Grande e que será destinado ao abastecimento do autódromo.

A água entregue ao município tem origem nas albufeiras das Barragens do Funcho e Odelouca e no Aquífero Querença-Silves e é tratada na ETA de Alcantarilha, onde é sujeita a um tratamento convencional com pré- ozonização.

Para além deste sistema existem ainda dez furos de captação, estando cinco localizados nos subsistemas de Monte Canelas e quatro no subsistema Mexilhoeira Grande, permanecendo todas elas em reserva. Estes furos apenas são ativados em condições de seca quando as Águas do Algarve não conseguem servir todo o Município, servindo, portanto, de reforço no abastecimento.

O Município integra 33.2 Km de adutoras e condutas elevatórias e uma rede de distribuição com 418.4 Km de condutas.

1.2. Captações e Tratamento

Todas as freguesias do município recebem água tratada do Sistema Multimunicipal da Águas do Algarve. O Sistema de captação, tratamento, reserva e abastecimento, até ao ano 2000 gerido pelos serviços municipalizados de Portimão, integrava:

 Estação de tratamentos de Águas das Fontainhas;

 Estação Elevatória da Figueira;

 Furos;

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 Grande Reserva de águas de Chão das Donas.

1.3. Adução e Reserva

O sistema de Portimão é composto por um conjunto de adutoras e condutas elevatórias que partem da Grande Reserva de Chão das Donas e que transportam caudal até aos reservatórios a partir dos quais é alimentada a rede de distribuição do município.

Aos furos de captação estão associadas pequenas condutas elevatórias que transportam o caudal captado para a conduta principal. Estas condutas elevatórias estão fora de serviço e funcionam apenas quando os furos entram em funcionamento.

Em relação à reserva e elevação da água de abastecimento do sistema de Portimão, apresenta-se nos anexos as tabelas com a caracterização dos reservatórios e estacões elevatórias existentes.

1.4. Redes de Distribuição

O Município tem uma rede de distribuição de água que cobre praticamente a área do município. Trata-se de uma rede que foi remodelada em cerca de 90% da sua extensão, há menos de 15 anos.

Da Grande Reserva de Chão das Donas parte todo o caudal que abastece, em condições normais, 100 % da população servida do município. A exceção verifica-se quando é necessária a ativação dos furos existentes para reforço do caudal distribuído aos consumidores.

1.5. Obras em curso e Projetos existentes

A EMARP pretende direcionar os seus trabalhos futuros em remodelações de infraestruturas de água e de saneamento, em determinadas localidades do município.

1.6. Estado atual das infraestruturas

Todos os reservatórios integrados no sistema municipal de abastecimento respondem satisfatoriamente às necessidades da população, e como tal não se prevê a ampliação ou remodelação destas infraestruturas, tendo somente em conta a sua preservação.

A rede de distribuição do concelho de Portimão encontra-se em bom estado de conservação.

A maior parte da rede principal apresenta já diâmetro e materiais adequados, garantindo a satisfação dos consumos da população.

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As restantes infraestruturas, tais como captações, estações elevatórias e postos de cloragem, apresentam um estado de conservação razoável. Algumas destas infraestruturas têm sido sujeitas a obras de beneficiação.

1.7. Avaliação do Munícipe

A maioria das infraestruturas responde satisfatoriamente às necessidades das populações, permitindo manter um nível de conforto aceitável.

O município dispõe de uma capacidade de reserva de água tratada de cerca de 3,1 dias.

2. Infraestruturas de Saneamento 2.1. Enquadramento

O Sistema de Saneamento de Águas Residuais do Município de Portimão é composto por um sistema independente integrado no Sistema Multimunicipal de Saneamento da Águas do Algarve.

Estima-se que o volume total de águas residuais produzido no sistema de drenagem é tratado na instalação de tratamento da Companheira, Atualmente sob gestão da Águas do Algarve.

2.2. Instalações de Tratamento de Águas Residuais

A ETAR da Companheira, pertence desde Setembro de 2007 à empresa Águas do Algarve.

As águas residuais das redes de drenagem do Portimão são tratadas nesta instalação de tratamento com tratamento secundário. A capacidade diária de tratamento de águas residuais no município de Portimão é cerca de 26 277 m3/dia proporcionado pela instalação de tratamento, Atualmente da “Alta”.

2.3. Intercetores e Emissários

Grande parte dos intercetores e emissários do concelho passaram em 2007 para a empresa Águas do Algarve. Estações Elevatórias.

2.4. Estações Elevatórias

Na tabela seguinte apresenta-se uma caracterização das 17 pequenas estações elevatórias de águas residuais de Portimão. Atualmente sob gestão da EMARP.

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2.5. Redes de Drenagem das Águas Residuais

A informação disponibilizada pela EMARP refere que o sistema de saneamento do município é constituído por uma única rede de drenagem. Efetivamente o sistema divide-se em 12 bacias de drenagem integradas em 9 redes de drenagem.

A informação recolhida junto da entidade gestora sobre a gama de diâmetros é respeitante apenas à única rede anteriormente referida, sendo o diâmetro nominal entre 200 mm e 500 mm. Nos últimos 20 anos a grande maioria das redes do sistema de saneamento foi remodelada, passando o material utilizado para PVC.

As redes de saneamento são na sua maioria pseudo-separativas. No entanto, verifica-se a existência de troço de rede unitária ainda por remodelar.

2.6. Projetos existentes

A maioria dos investimentos aplicados pela EMARP para execução de obras na Direção de Águas e Saneamento nos próximos anos, dizem respeito a remodelações de infraestruturas, em determinadas localidades do município. Caracterização geral

A população servida pelo sistema público de saneamento de águas residuais no município de Portimão é de 44 981 habitantes, representando cerca de 92,5 % da população residente.

Os aglomerados não servidos pelo sistema de saneamento são Arão, Pereira, Montes de Cima, Rasmalho, Quinta da Rocha e Poio. Contudo a EMARP já tem previsto o início da execução da rede de drenagem de águas residuais domésticas para o aglomerado de Arão.

2.7. Caracterização dos clientes

A entidade gestora aplica aos munícipes de Portimão uma tarifa variável de saneamento, tipificando os clientes em domésticos, não domésticos (inclui clientes de comércio e indústria), e serviços públicos (incluindo autarquias) com escalões definidos consoante o volume consumido de água.

A entidade gestora também aplica uma taxa de conservação e tratamento de esgotos ao município de acordo com a mesma tipificação de clientes, sendo os valores atuais de 3,5163 €, para os clientes domésticos e serviço público, e de 8,2655 € para os clientes não domésticos.

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2.8. Caracterização Geral

A população do concelho é, atualmente, 55 122 habitantes e a acessibilidade ao serviço de recolha de águas residuais é de 98%.

Os aglomerados não servidos pelo sistema de saneamento são: Arão, Pereira, Montes de Cima, Rasmalho, Quinta da Rocha e Poio.

2.9. Avaliação do Munícipe

O nível de cobertura e o nível de atendimento em Portimão são elevados, situando-se na ordem dos 92,5 %.

As infraestruturas respeitantes aos sistemas municipais de saneamento respondem satisfatoriamente às necessidades das populações, permitindo manter um nível de conforto aceitável (vide planta 6).

2.10. Diagnóstico das Infraestruturas

O sistema de saneamento de águas residuais de Portimão é constituído por várias redes de drenagem, que totalizam 50 km de extensão, encaminhando o esgoto produzido para um conjunto de emissários exploradas pela empresa da Águas do Algarve. O efluente final tratado na ETAR da Companheira, é descarregado no Rio Arade.

De acordo com a informação disponibilizada pela EMARP existe um ponto de recolha dos esgotos para o sistema em “alta”, situado na ETAR da Companheira. Na rede em “baixa” a recolha do efluente é feita em vários locais do concelho, sendo as descargas efetuadas ao longo do emissor (túnel) em “alta” existente e que liga à ETAR da Companheira.

Efetivamente, o sistema de drenagem da entidade gestora em “alta”, constituído por vários emissores e estações elevatórias, atravessa todo o concelho, sendo percetível que o esgoto seja entregue em diversos pontos. Contudo, a ausência de elementos não permite concluir com clareza sobre a totalidade dos pontos de recolha, admitindo neste estudo apenas o ponto de recolha declarado pela entidade gestora – Ponto de Recolha da Companheira (PR-001).

2.11. Estado atual das Infraestruturas

De acordo com a informação recolhida junto da entidade gestora, foram efetuados até 2014, investimentos no sistema de drenagem, sendo que nos últimos 20 anos a grande maioria das redes do sistema de saneamento foram remodeladas, passando grande parte para tubagem em PVC.

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Atualmente apenas 10 % da totalidade da extensão das redes necessitam de reabilitação, considerando então que estas apresentam um bom estado de conservação

3. Resíduos Sólidos Urbanos 3.1. Caracterização do serviço prestado

Recolha de RU/limpeza urbana

Em 1995, a recolha de RU e a limpeza urbana eram efetuadas pelo Departamento do Ambiente da Câmara Municipal de Portimão tendo afetos àquele serviço 124 colaboradores camarários.

O sistema de deposição de resíduos era constituído por 1.100 contentores coletivos de superfície, de 800 litros de capacidade, espalhados pelas zonas habitacionais do município de Portimão.

A limpeza urbana, não mecanizada, era efetuada nas zonas habitacionais e turísticas, como cidade de Portimão, Praia da Rocha, Alvor, Mexilhoeira Grande e Figueira.

Referente ao Ano 2014.

Em 2003, a EMARP assumiu a responsabilidade de efetuar os serviços de recolha de RU e limpeza urbana, anteriormente competências da Câmara Municipal de Portimão, através da celebração de um protocolo. A partir dessa data foi feita a modernização dos serviços. Em 2014, o sistema de deposição de resíduos urbanos no Município de Portimão ainda é um sistema misto de contentores de superfície de 800 e 1100l (852), agrupados em 396 pontos de contentorização, e contentores subterrâneos (737), agrupados em 335 Ilhas Ecológicas (IE). É intenção desta empresa a extensão do sistema de contentores subterrâneos a todo o município, exceto nas zonas mais rurais e de habitação mais dispersa do concelho. Atualmente, estão instaladas 353 IE no concelho de Portimão, as quais contêm contentores para deposição de resíduos indiferenciados e contentores para recolha seletiva, e prevê-se a instalação de mais 147 até ao final de 2019 (a que corresponde a instalação de mais 765 contentores enterrados, entre contentores para recolha indiferenciada e seletiva, correspondentes a 14.537m3 de capacidade de deposição), com o objetivo de atingir, até 2019, a meta inicialmente traçada para 2005, de 500 IE por todo o município. Existem ainda cerca de 5.000 papeleiras instaladas na cidade de Portimão, zonas habitacionais e urbanizações, que são recolhidas diariamente. Estão também instalados 244 dispensadores de sacos para recolha de dejetos caninos. A limpeza de praias do município é um serviço prestado por esta empresa desde Fevereiro de 2004, através de um protocolo assinado com a Câmara Municipal de Portimão. Neste serviço, é feita limpeza mecânica e

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manual do areal, limpeza de acessos e arribas, e recolha de RU dos baldes colocados ao longo do areal e nos apoios de praia, em que a recolha dos resíduos é efetuada seletivamente. Também é efetuada recolha de indiferenciados dos apoios de praia. Seguidamente é feita a caracterização dos equipamentos afetos a cada zona do município. De salientar que cada equipamento poderá estar afeto a mais de uma zona do município.

Caracterização da produção de urbanos Referente ao Ano 2014 No ano 2013 – última caracterização de resíduos disponível - a composição física média anual dos resíduos urbanos recolhidos indiferenciadamente foi a seguinte:

Tabela 13 - Composição física média anual de RU

Resíduos Bio- Papéis e finos Plásticos Têxteis Vidro Compósitos Metais Outros Total resíduos cartões (<20mm)

35,08% 15,95% 14,80% 11,63% 6,71% 5,63% 3,46% 2,02% 4,72% 100%

Fonte: ALGAR, SA

Até à década de 1990, a recolha seletiva no município era incipiente. Assim, durante o ano 1995 foram apenas recolhidas 15 toneladas de papel/cartão e 285 toneladas de vidro, cujo encaminhamento e receitas pertenciam ao Rotary Club de Portimão, pois era essa entidade quem solicitava à autarquia para colocar os seus equipamentos de recolha em locais por si escolhidos.

Relativamente à recolha indiferenciada de resíduos urbanos, a mesma era efetuada por veículos camarários e os resíduos eram depositados, sem qualquer tratamento, na Lixeira Municipal no Porto de Lagos.

A capitação diária, no ano 1995, era de 1,35 kg/hab.dia.

Referente ao Ano 2014

A recolha de RU indiferenciados é realizada pela EMARP através de 9 circuitos de recolha permanentes, acrescidos de mais um circuito projetado para os meses de Verão, de modo a dar resposta ao aumento estacional de população decorrente da época estival.

Tal como já foi referido, o sistema de recolha de RU compõe-se dum sistema misto de contentores de superfície e IE. Os RU recolhidos são transportados para as instalações da empresa ALGAR, S.A., no Porto de Lagos, e depositados em Aterro Sanitário.

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Desde Abril de 2015, a ALGAR possui, nas suas instalações do Aterro do Barlavento, um sistema de tratamento mecânico de resíduos, que permite separar mecanicamente os diferentes resíduos contidos na fração indiferenciada, de modo a que algumas destas frações (vidro, plásticos, metais) possam ser encaminhadas para reciclagem. Esta seleção mecânica permite reduzir a quantidade de resíduos a serem depositados em aterro, de modo a poder cumprir as metas estabelecidas no PERSU 2020.

A recolha seletiva de Papel/Cartão, Embalagens e Vidro é efetuada pela empresa ALGAR, S.A. que posteriormente comercializa este material para as indústrias recicladoras.

Em Março de 2010, dando cumprimento ao disposto no n.º2 do art. 3º do D.L. 46/2008, de 12 de Março, a EMARP começou a recolher os resíduos de construção e demolição (RCD's) provenientes de obras particulares isentas de licença e não submetidas a comunicação prévia. Para tal, os munícipes devem, à semelhança da recolha de monstros e verdes, ligar para a Linha Resíduos.

A capitação diária, no ano 2014, foi de 1,75 kg/hab.dia.

3.2. Projetos futuros a implementar no município, na área da Recolha de RU

PAYT (Pay-As-You-Throw):

A grande maioria dos municípios aplica uma taxa mensal/anual fixa de RU, frequentemente associada ao consumo de água dos munícipes. Neste sistema, a taxa a pagar pelos munícipes não tem correspondência com a quantidade de resíduos por eles produzidos e não reflete a sua adesão aos programas de reutilização, reciclagem e valorização orgânica. Desta forma, não há incentivos para que os munícipes reduzam a produção de resíduos e simultaneamente procedam à sua separação.

No sentido de contrariar esta tendência, o PERSU 2020 define o PAYT como um objetivo a alcançar, pelo que se assume igualmente como um dos principais objetivos traçados pela Administração da EMARP dotar o município de infraestruturas de deposição resíduos, as designadas IE, às quais é possível associar um sistema de verificação de volume dos resíduos depositados por cada munícipe.

Após a identificação do munícipe (por RFID ou similar), e aferição automática do volume dos resíduos depositados, os dados serão enviados telemetricamente para um servidor para processamento da faturação mensal respetiva. Este processo, que se prevê estar implementado até 2020, está profundamente relacionado com financiamento disponível.

O encerramento do Aterro Sanitário do Barlavento, inicialmente previsto para 2021, foi prorrogado até 2034 com a privatização da empresa estatal EGF.

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Quanto às perspetivas futuras, estão previstos para o Aterro do Barlavento os seguintes projetos:

- Implementação duma Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB), para aproveitamento da fração orgânica presente nos resíduos indiferenciados;

- Aumento da unidade de compostagem, de modo a incluir os resíduos orgânicos separados mecanicamente através da Unidade de TMB;

- Implementação dum sistema de recolha porta-a-porta, nos núcleos urbanos de Portimão e Alvor, que inclui a recolha seletiva e indiferenciada.

4. Energia

O consumo de energia pode refletir tanto o grau de industrialização de um país como o grau de desenvolvimento e bem-estar da sua população em termos médios. O consumo de energia nos países mais industrializados é aproximadamente 88 vezes superior ao consumo dos países menos desenvolvidos.

Portugal é um país com escassos recursos energéticos próprios, nomeadamente, aqueles que asseguram a generalidade das necessidades energéticas da maioria dos países desenvolvidos (como o petróleo, o carvão e o gás). Tal situação de escassez conduz a uma elevada dependência energética do exterior (82,9% em 2007), nomeadamente das importações de fontes primárias de origem fóssil. Importa assim aumentar a contribuição das energias renováveis: hídrica, eólica, solar, geotérmica, biogás e lenhas e resíduos.

O nosso país, a exemplo dos restantes países-membros da União Europeia, continua a aumentar o consumo de eletricidade, contrariando a intenção já anunciada da União Europeia de redução da carga energética, como forma de diminuir o dióxido de carbono e combater as alterações climáticas. O consumo de energia elétrica em Portugal tem aumentado de forma consistente nos últimos anos, registando uma subida de 72% na última década. Este aumento foi sentido em todas as regiões, sendo de destacar as regiões Sul e Interior Norte.

A região do Algarve apresenta, Atualmente, um consumo de energia final por habitante superior ao de Portugal. O uso doméstico é aquele que mais energia consome. Relativamente a este tipo de consumo, o Algarve apresenta o maior valor em termos nacionais. No Algarve, 10% das despesas correntes das autarquias devem-se às elevadas faturas provenientes do consumo de energia.

O Concelho de Portimão aparece na lista dos dez concelhos mais consumistas de energia a nível nacional. Como solução está em curso a elaboração de um Plano Energético Municipal, um programa que visa baixar os consumos de energia nos edifícios, tornando-os energeticamente mais eficientes e, se possível, com recurso a soluções alicerçadas nas energias alternativas. Pretende-se saber com este plano, a quantidade de energia consumida, onde é que se consome e de que forma é consumida.

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4.1. Consumo de Energia Elétrica por tipo de uso

O uso Doméstico é aquele que mais energia consome no nosso concelho, cerca de 75% do total da energia consumida. O uso Industrial regista 25% da energia consumida e por último o uso agrícola apresenta uns poucos expressivos 2%.

Em Portugal, no sector doméstico, assiste-se a um aumento do consumo de energia elétrica por unidade de alojamento. Em relação às formas de energia utilizadas, verifica-se uma estabilização nos consumos dos produtos de petróleo, a favor da eletricidade e do gás natural.

4.2. Projetos previstos

De acordo com informação prestada pela EDP distribuição

 Necessidade de construir uma nova Subestação 60/15KV a Noroeste de Portimão (Norte de Chão das Donas – Donalda), que reforçará a atual Rede de Distribuição de Média Tensão a 15 KV;

 Necessidade de reforço das atuais duas linhas aéreas que alimentam a Subestação de Portimão (LI SE Porto AT Porto Lagos – Portimão I e II);

 Necessidade de execução de 2 novas saídas em Média Tensão (15KV) a partir da SE 60-604 Porto de Lagos para garantir o aumento de carga dos novos empreendimentos Comerciais com instalação prevista na zona Norte da Cidade;  Com a implementação do plano de urbanização da UP5 será necessário prever uma nova saída subterrânea a 15 kV da SE 60-632 Portimão, até à nova zona a edificar junto à Marina de Portimão.  5. Gás Natural

O gás natural contribuiu, no último decénio, para diversificar a estrutura da oferta de energia e reduzir a dependência exterior em relação ao petróleo. Manifestou uma evolução positiva no mix energético, representando este combustível, 15% do total do consumo em energia primária em Portugal.

Atualmente, o Gás Natural assume também um papel importante no nosso concelho enquanto fonte de energia. Em 2005 foi concluído o projeto de gaseificação da cidade numa responsabilidade conjunta entre as empresas Medigás e Transgás.

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6. Combustíveis Fósseis

Em termos das regiões do continente o Algarve exibe níveis intermédios de consumo de energia de combustíveis fósseis por habitante.

Os combustíveis mais vendidos foram os gasóleos e as gasolinas. Os combustíveis que têm assumido menor destaque nas vendas são o gás-auto e o fuel. Importa referir que os Petróleos são um tipo de combustível que apresenta valores nulos de venda em Portimão.

CAPITULO VI - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS

1. Introdução

No presente capítulo é feita uma caracterização e análise da rede de equipamentos coletivos existentes no concelho de Portimão nomeadamente no respeitante à sua capacidade, modo de funcionamento, qualidade e distribuição espacial, de acordo com as “Normas para Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos, “ da Direção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (2002), as quais incidem sobre os seguintes equipamentos:

- Educação;

- Saúde;

- Desporto;

- Segurança Pública:

- Solidariedade e Segurança Social; Além dos equipamentos acima citados, ainda foram caracterizados os equipamentos culturais, administrativos e correios e telecomunicações existentes no Concelho. Para a caracterização dos diversos tipos de equipamentos coletivos existentes no Concelho, teve-se em conta as bases de dados existentes na Câmara Municipal, bem como os seguintes trabalhos:

- “Carta Educativa do Concelho de Portimão”;

- “Carta Desportiva do Concelho de Portimão”

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2. Equipamentos de Educação 2.1. Caracterização da frequência escolar no Concelho entre 2003-2008

Tendo em conta o parque escolar do Município de Portimão verifica-se que o mesmo atingiu 10840 alunos, sendo visível um aumento do número de alunos nos últimos anos.

Na Educação Pré-Escolar, o número foi de 1390 crianças, distribuídas pelo ensino pré-escolar da rede pública, com 846 crianças e 544 crianças para a rede particular. No que diz respeito ao 1º ciclo do ensino básico, a frequência foi de 2644 alunos, sendo que a rede pública contemplou 2384 alunos e a Rede Privada 260 alunos.

Relativamente ao ensino básico 2 º e 3 º ciclos, o mesmo abrangeu 3098 alunos. Por outro lado, foram 2552 os alunos que frequentaram o ensino secundário e profissional, no Município de Portimão.

O Ensino Superior apresenta valores totais de 1156 alunos correspondendo a 526 alunos do Ensino Superior Privado (ISMAT) e 630 do Ensino Superior Público (Pólo de Portimão da Universidade do Algarve).

O estudo da evolução destes valores é evidenciado no quadro e no gráfico que se seguem:

2.2. A evolução/distribuição nos últimos 5 anos e caracterização da oferta atual de educação e formação a) Ensino Pré-Escolar

A rede de estabelecimentos de Educação Pré-Escolar é composta por 14 Jardins de Infância que pertencem à rede pública e 10 que pertencem à rede particular.

Relativamente aos Jardins de Infância da rede pública cerca de 23% localizam-se em zona urbana e 77% situam- se em zonas consideradas periféricas. Os 14 Jardins de Infância da rede pública existentes no Município, contêm 36 Salas de Atividades.

No Município os Estabelecimentos de Educação Pré-Escolar da Rede Particular, existem em menor número que os oficiais, contudo detêm números totais de crianças aproximados durante o último triénio letivo, justificamos esta situação pelo facto destes estabelecimentos de ensino permitirem às famílias, apesar de despenderem uma parte significativa dos seus rendimentos, maiores disponibilidades na sua vida profissional. b) 1º Ciclo do Ensino Básico

A rede de escolas do 1º ciclo do ensino básico, no Município de Portimão é constituída por 11 estabelecimentos, em funcionamento, da rede pública e 7 estabelecimentos da rede particular.

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De acordo com os dados disponibilizados pelos Agrupamentos de Escolas, a rede pública das Escolas do 1º Ciclo abrange um universo de 2384 crianças,, que se encontram distribuídas pelos Estabelecimentos de Ensino das 3 freguesias correspondentes a 2 escolas na Freguesia da Mexilhoeira Grande, 2 escolas na Freguesia de Alvor e 6 escolas na Freguesia de Portimão.

A Escola E.B.1 Major David Neto, a Escola E.B.1 + JI da Pedra Mourinha, a Escola E.B.1 do Pontal e a Escola E.B.1 da Coca Maravilhas apresentam-se como as escolas de maior população escolar. Para além do facto destas escolas se situarem em zonas urbanas de alta e média densidade, a Escola E.B.1 do Pontal e a Escola E.B.1 da Coca Maravilhas estão localizadas perto de bairros sociais que, por essa razão, vão albergar de forma significativa, a concentração de crianças de grupos etários em idade escolar para este nível.

A maioria dos Estabelecimentos de Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, particular, situa-se na freguesia de Portimão, localizando-se apenas o Colégio Tité na Freguesia de Alvor. c) 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico

O ensino básico 2.º e 3.º ciclos é constituído por 6 estabelecimentos de ensino, distribuídos pelas 3 freguesias, correspondendo a 1 Escola na Freguesia da Mexilhoeira Grande, 1 Escola na Freguesia de Alvor e 4 Escolas na Freguesia de Portimão. d) Ensino Secundário

A rede de ensino secundário é constituída por dois estabelecimentos localizados na Freguesia de Portimão: a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes e a Escola Secundária Poeta António Aleixo, sendo a última a que apresenta maior frequência escolar, com 1230 alunos matriculados no ano letivo 2007/2008. e) Ensino Profissional

O ensino profissional é uma modalidade especial de educação, com dupla certificação académica e profissional, sob a tutela do Ministério de Educação.

Pretendemos abordar seguidamente a cobertura do Ensino Profissional no Município, tendo em conta não a procura para este nível de ensino.

Os Cursos Profissionais surgem na tentativa de dar resposta às necessidades locais, correspondendo aos desafios do desenvolvimento económico e social, dando equivalência ao 12º ano do ensino regular.

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A Escola Profissional Gil Eanes surgiu precisamente em Portimão para responder às necessidades locais, principalmente no que diz respeito às lacunas de recursos humanos, tendo em conta a empregabilidade no sector turístico.

A Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão (N.E.P.), tutelada pelo Turismo de Portugal, criada em 1970, dedicou-se, essencialmente, nos seus primeiros anos de atividade, à formação de ativos nas diversas áreas da atividade turística, hoteleira e línguas. Esta formação tem sido, essencialmente, dirigida a pessoas que se querem aperfeiçoar, profissionalmente.

O curso de Restaurante/Bar, da Escola Hoteleira com 60 alunos é aquele que apresenta maior frequência de alunos, sendo o de Turismo o que apresenta menor número de alunos. f) Ensino Superior

Relativamente ao Ensino Superior existem dois Estabelecimentos de Ensino no Município de Portimão, um universitário público - Pólo de Portimão da Universidade do Algarve e o outro pertencente à rede privada - Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (I.S.M.A.T.).

2.3. Caracterização do n.º de salas específicas pelos diversos tipos de equipamentos de

ensino e educação

a) Educação Pré-Escolar

Os Jardins de Infância do Pontal, Coca Maravilhas, Quatro Estradas, Fojo e JI + E.B.1 da Pedra Mourinha têm sala polivalente. O Jardim de Infância das Quatro Estradas e o Jardim de Infância do Fojo possuem cozinha, no entanto, apenas se encontra em funcionamento a cozinha do Jardim de Infância do Fojo.

Relativamente às salas específicas do Educação Pré-Escolar da Rede Privada, verifica-se que os Estabelecimentos de Educação encontram-se razoavelmente apetrechados, embora o Jardim de Infância “Os amiguinhos”, apenas possua 1 sala de Atividade e 1 escritório, pois a ginástica e as refeições são feitas no exterior.

b) 1º Ciclo do Ensino Básico

Verifica-se que as Escolas obedecem ao padrão regular das salas específicas que devem possuir.

É de realçar, no entanto, que a Escola E.B.1 Coca Maravilhas possui 1 sala de Música e 1 sala de carpintaria.

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Estabelecimentos de Ensino e Educação detêm salas de Creche, JI e EB1. As salas específicas são as mesmas referidas na secção da Educação Pré-Escolar- Rede Privada

No que diz respeito ao 1º Ciclo do Ensino Básico da Rede Particular, os Estabelecimentos de Ensino estão razoavelmente bem apetrechados.

c) 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico

As escolas destes 2 níveis de ensino estão bem apetrechadas no que diz respeito ao número de salas específicas. Relativamente às salas de Educação Visual Tecnológica são 10 o total de salas desta categoria. Por outro lado, a rede escolar deste nível de ensino beneficia a população escolar com 13 laboratórios, e todas as Escolas dispõem de uma sala destinada à Informática. Deste modo podemos dizer que o parque escolar dos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico do Município de Portimão possui 75 salas de aula, 13 salas diversas e 50 salas específicas, perfazendo o total de 138 salas.

d) Ensino Secundário

Tendo em conta o número de salas específicas, constata-se que ambos os estabelecimentos têm uma Biblioteca Escolar, 14 salas de Informática, 13 Laboratórios e 6 salas de Educação Visual. Relativamente às salas de aula, a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes tem mais 13 salas de aula do que a Escola Secundária Poeta António Aleixo, perfazendo a totalidade de 37 salas de aula.

Note-se que o número de salas diversas dizem respeito a salas de Eletrónica, Contabilidade, Secretariado, Expressão Dramática, Auditório e outras.

e) Ensino Profissional

De acordo com a especificidade de cada Estabelecimento do Ensino Profissional, considera-se, no quadro anteriormente apresentado, que a capacidade dos edifícios em termos de salas específicas estão adequadas para os cursos que ministram.

f) Ensino Superior O ISMAT possui uma grande diversidade de salas específicas, possuindo 24 salas de aula, enquanto que o Pólo da Universidade do Algarve apenas possui 7 salas. O ISMAT tem dois edifícios localizados em zonas diferentes no Município, talvez por isso reúna um número mais elevado de salas, considerando o Pólo da Universidade do Algarve um edifício mais pequeno e que funciona apenas como Pólo, sendo que o número de salas não é tão expressivo.

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2.4. As taxas de ocupação

O conceito de taxa de ocupação permite-nos equacionar a relação entre a capacidade de um edifício escolar em regime normal de funcionamento e o número de alunos, que efetivamente, o frequentam. a) Educação Pré-Escolar

Sete dos Jardins de Infância não atingirem a taxa de ocupação máxima. No entanto, poder-se-á afirmar que a cobertura da Educação Pré-escolar da rede pública, atinge valores satisfatórios em termos de média concelhia, apresentando uma taxa de ocupação total de 95%. Isso permite-nos refletir sobre o sucesso do esforço considerável que tem sido feito, no sentido da expansão da oferta da Educação Pré-Escolar, nomeadamente no que se refere às parcerias entre a Câmara Municipal de Portimão e o Ministério de Educação - Direção Regional de Educação do Algarve.

Contudo, poder-se-á acrescentar que a tendência para taxas de ocupação máximas verificam-se em zonas urbanas, enquanto que os Jardins de Infância com menor taxa situam-se em zonas periféricas. Será ainda de referir que a maioria dos Jardins de Infância inicia as atividades letivas com extensas listas de espera.

Tendo em conta a Educação Pré-Escolar da Rede privada, constata-se que esta rede apresenta igualmente valores satisfatórios de ocupação, não atingindo na totalidade os 100% de ocupação, mas apresentando uma taxa de 87%, admitindo uma boa cobertura. No entanto, como se pode observar no quadro abaixo representado, existe uma criança a mais numa das salas do Colégio Sta. Teresinha, perfazendo uma taxa de ocupação de 102%.

O Jardim de Infância “ A Flor”, o Jardim de Infância “Os amiguinhos”, o Colégio da Penina e a Sta. Casa da Misericórdia apresenta taxas de ocupação máximas de 100%. b) 1º Ciclo do Ensino Básico

Fazendo uma apreciação qualitativa dos dados observados constata-se que:

 30% das escolas funcionam em regime duplo e em regime normal.

 70% das escolas funcionam exclusivamente em regime normal.

 As Escolas E.B.1 Major David Neto, E.B.1 do Pontal e E.B.1 + JI Pedra Mourinha funcionam não só em regime de horário duplo, como também em regime de horário normal.

 As escolas E.B.1 Major David Neto, E.B.1 do Pontal e E.B.1 + JI da Pedra Mourinha ocupam os lugares cimeiros nas taxas de ocupação, apresentando taxas na ordem dos 135%.

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Em termos gerais, na sua totalidade houve 116 alunos a mais da capacidade total das Escolas, correspondendo a uma taxa total de ocupação de 105%, perfazendo o número de 20 turmas que se apresentam para além do número de salas existentes. Embora a situação dos horários em regime duplo sejam um facto no nosso Município, tem havido um esforço considerável para abolir o regime duplo. Foi construída uma nova Escola EBI da Mexª Grande e ampliação de salas na E.B.1 Coca Maravilhas, o que permitiu a diminuição de 7 salas que estavam a mais na capacidade de salas de aula disponíveis.

Relativamente ao 1º Ciclo do Ensino Básico da Rede Particular, poder-se-á considerar que não existe sobrelotação da capacidade dos Edifícios, apresentando uma taxa média de ocupação de 74%. c) 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico Para este nível de ensino as escolas não apresentam taxas de ocupação significativas, apresentando em média, uma taxa de 80%.

A Escola E.B.2,3 D. Martinho Castelo Branco, E.B.2,3 Júdice Fialho e E.B.2,3 Prof. José Buísel apresentam as taxas mais elevadas com 91% aproximadamente, enquanto a taxa mais reduzida é atribuída à Escola EB2,3 D. João II, representando 38%. d) Ensino Secundário

Verifica-se que a taxa média de ocupação, para este nível de ensino, é de 92%.

Revelam alguma sobrelotação nos dois estabelecimentos de ensino secundário do Município, partindo do princípio de que o número de alunos preferencial não deveria exceder os 28 alunos por turma. e) Ensino Profissional

De acordo com os dados anteriormente apresentados, a lotação destas duas Escolas está adequada ao número de alunos que frequentam estes Estabelecimentos de Ensino, apresentando uma taxa média de ocupação de 80%. f) Ensino Superior

Em relação às taxas de ocupação no Ensino Superior não existe nenhuma regulamentação que permita fazer o cálculo, uma vez que não subsiste um limite máximo de alunos por sala.

2.5. Identificação dos edifícios de ensino desativados nos últimos 10 anos

Nos últimos 10 anos letivos foram desativados os 13 Estabelecimentos de Ensino e Educação:

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2.6. Distribuição territorial

A nível de cobertura territorial por freguesia a situação é razoável, uma vez que em cada uma das freguesias existem Estabelecimentos de Ensino e Educação dos vários níveis de Ensino, desde a Educação Pré-Escolar até ao 3º Ciclo do Ensino Básico.

2.7. Identificação das principais carências e projetos previstos

2.7.1. Principais Carências  Na rede do 1º Ciclo do Ensino Básico, a oferta de espaços no perímetro urbano é insuficiente, sendo a taxa de ocupação elevada e funcionando em regime de horário duplo  Algumas carências ao nível de instalações desportivas nas Escolas mais antigas do 1º Ciclo  Relativamente aos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, apesar das taxas de ocupação não revelarem Estabelecimentos de Ensino sobrelotados, terá que haver algum descongestionamento no que se refere às instalações de alguns estabelecimentos de ensino, pois existe um número elevado de turmas a utilizar as salas específicas (informática, desenho, etc.), ao invés das salas normais de aulas.  Uma vez que o Município de Portimão possui apenas dois estabelecimentos do Ensino Secundário, considera-se que a curto prazo ter-se-á de racionalizar e redimensionar as estruturas deste nível de ensino. 2.7.2. Projetos Previstos A Carta Educativa aponta para a necessidade de novos equipamentos educativos ao nível da Educação Pré- Escolar, do Ensino Básico e do Ensino Secundário. Neste sentido, vem propor a construção de novos equipamentos, para reordenamento da rede escolar do Município, criando mais 15 salas de Jardim de Infância e 42 salas do 1º Ciclo do Ensino Básico. As propostas apresentadas no documento são as seguintes:

Tendo em conta a monitorização da Carta Educativa que tem vindo a ser, anualmente, efetuada, constata-se ainda a necessidade de Ampliação/ requalificação/ construção de novos Estabelecimentos de Ensino e Educação, assim como algumas alterações ao que foi inicialmente previsto.

3. Equipamentos de Saúde 3.1. Introdução De acordo com as “Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos” da DGOTDU a rede de serviços de prestação de cuidados de saúde é constituída por: - Cuidados de Saúde Primários; - Cuidados de Saúde Secundários.

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De acordo com as Normas acima citadas “A rede de cuidados de saúde primários é constituída por centros de saúde, unidades que prestam cuidados de prevenção primária (promoção e educação para a saúde), secundária (diagnóstico, tratamento e referência para os cuidados secundários) e terciária (reabilitação). Os cuidados são prestados em regime ambulatório, e para alguns locais também em internamento (unidades de internamento dos centros de saúde). “ Os centros de saúde localizam-se em cada sede de concelho e uma população base de 75.000 a 150.000 habitantes. No sentido de se conseguir uma melhor cobertura em termos de cuidados de saúde, os Centros de Saúde, dispõem de extensões de saúde, unidades mais pequenas, que frequentemente correspondem às freguesias e uma população base mínima de 4000 habitantes. De acordo com as “Normas para Programação de Equipamentos Coletivos” a rede de cuidados de saúde secundários é constituída por: - Hospitais Centrais: de âmbito nacional ou suprarregional, cumprindo as funções de hospital distrital para a sua área, incluindo todas as especialidades básicas diferenciadas e altamente diferenciadas; -Hospitais distritais Gerais: servem grupos de concelhos ou todo um distrito. Dispõem de especialidades básicas e de algumas diferenciadas;

3.2. Farmácias De acordo com a Portaria nº 1430/2007 de 2 de Novembro, a localização de novas farmácias depende da conjugação simultânea dos seguintes requisitos: - a capitação mínima por farmácia são 3.500 habitantes (calculado em função dos dados mais recentes disponibilizados pelo INE) - a distância mínima entre farmácias são 350 metros; - Distância mínima de 100 metros entre a farmácia e uma extensão de saúde, um centro de saúde ou um estabelecimento hospitalar, contados, em linha reta, dos respetivos limites exteriores, salvo em localidades com menos de 4000 habitantes.

3.3. Situação Atual

De acordo com os dados existentes na autarquia a situação atual do concelho é a seguinte:

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Tabela 144 - Distribuição dos equipamentos de saúde públicos por freguesia

Freguesias Tipo de Equipamento Total Portimão Alvor Mexilhoeira Grande

CHBA - Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, EPE 1 1

Centro de Sáude 1 1

Extensão do Centro de Saúde 1 1 2

Serviço de Atendimento Complementar (SAC) 1 1

Centro de Respostas Integradas do Algarve - Pólo do 1 1 Barlavento - (CAT Portimão)

Total 4 1 1 6

Fonte: Elaborado Pelos Serviços da CMP

Tabela 155 - Distribuição dos equipamentos de saúde privados por freguesia

Freguesias Tipo de Equipamento Total Portimão Alvor Mexilhoeira Grande

Análises Clínicas 6 1 - 7

Centros de Enfermagem 2 - - 2

Clínicas Dentárias 33 1 - 34

Clínicas médicas/Especialidades 88 10 - 98

Hospitais 1 1 - 2

Farmácias 10 1 1 12

Total 140 14 1 155

Fonte: Elaborado Pelos Serviços da CMP

Constata-se, assim, que o Concelho de Portimão respeita as áreas de influência definidas nas Normas da DGOTDU, na medida em que dispõe de um centro de saúde na sede de Concelho e de extensões dos centros de saúde correspondentes à área geográfica das freguesias. Os equipamentos de saúde privados localizam-se essencialmente na freguesia de Portimão e são praticamente inexistentes na freguesia da Mexilhoeira Grande que possui apenas uma farmácia, localizada na sede de freguesia.

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3.4. Doenças de Declaração Obrigatória

Em conformidade com os dados da Delegação de Saúde Pública de Portimão, as Doenças de Declaração Obrigatória registadas no concelho de Portimão são: Tuberculose Pulmonar, Meningite, Sífilis e Hepatite B.

Tabela 16 - Doenças de Declaração Obrigatória – Evolução 2005/2007- no Concelho

Ano Tuberculose Pulmonar Meningite Sífilis Hepatite B

2005 16 1 0 0

2006 9 1 0 0

2007 22 0 0 0

Fonte: Delegação de Saúde Pública

3.5. Centros de Saúde | Utentes | Consultas

Uma das grandes carências que se deteta é o elevado número de utentes sem médico de família do total de inscritos.

4. Equipamentos Desportivos 4.1. Introdução

A oferta de atividade física e desportiva está sempre intimamente associada à quantidade e qualidade das instalações desportivas disponíveis e em especial à tipologia de equipamentos formativos de base.

A Elaboração de um Censo de Instalações não se deve traduzir numa leitura direta dos parâmetros que relacionam o número de unidades existentes com a população residente em determinado território.

É um dado adquirido por estudos já realizados anteriormente que muitas vezes os parâmetros atrás referidos se revelam desfavoráveis para a maioria dos territórios com população elevada.

Num Plano de Equipamentos Desportivos Municipal é necessário contar com fatores como a diversidade do tipo de instalações, taxas de utilização, proprietários, quem são os agentes gestores, quais as necessidades manifestadas pelas populações, o clima e até mesmo a própria localização geográfica dado que poderá ter influência sobre o nível e as características de utilização dos equipamentos desportivos que se oferecem, devendo estes ser analisados de uma forma bastante mais detalhada e cuidada.

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Com esta relação que aqui se apresenta, pretende-se que seja um documento explorador da rede de instalações desportivas existentes no território do Concelho de Portimão, que permita elaborar uma primeira caracterização da situação e simultaneamente analisar as possíveis carências atuais e futuras.

Metodologia Os conceitos que levaram ao estabelecimento das categorias a tratar são os expressos no Dec. Lei 317/97 que classifica as instalações desportivas. Para os efeitos aquele diploma define que são instalações desportivas os espaços de acesso público organizados para a prática de atividades desportivas, constituídos por: 1. Espaços naturais adaptados, organizando-se estes em: a) Terrenos naturais b) Espaços aquáticos naturais. 2. Espaços artificiais ou edificados, incluindo as áreas de serviços anexos e complementares, podendo estes ser organizados em: a) Instalações desportivas de base que constituem o nível básico da rede de instalações para o desporto, agrupando-se em recreativas e formativas; b) Instalações desportivas especiais que se agrupam em equipamentos especializados e equipamentos para o espetáculo. Em síntese, a tipificação geral dos espaços de atividade desportiva, pode ser apresentada conforme os esquemas apresentados abaixo.

Figuras - EspaçosESPAÇOS de Atividades Desportivas ADAPTADOS

ESPAÇOS NATURAIS (AMBIENTE)

ESPAÇOS TERRENOS AQUÁTICOS NATURAIS NATURAIS

ESPAÇOS CONSTRUÍDOS

ESPAÇOS ARTIFICIAIS (EQUIPAMENTOS )

EQUIPAMENTOS EQUIPAMENTOS DE BASE ESPECIAIS

RECREATIVOS FORMATIVOS ESPECIALIZADOS ESPECTÁCULO

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A avaliação das carências ou satisfação de instalações desportivas é feita através dos critérios da DGOTDU que adaptam os critérios europeus ao nosso país.

Assim, a área útil desportiva recomendada por habitante é de quatro metros quadrados e distribuem-se pelas diferentes tipologias dos equipamentos formativos de base, tal e como está expresso no quadro seguinte.

4.2. Dotação Global de Equipamentos Desportivos

Comecemos por olhar para o panorama geral dos equipamentos de base formativos, principais responsáveis pela oferta desportiva do concelho, o que nos permitirá desde já, perceber os níveis de participação desportiva e as modalidades a eles afetos. Na freguesia de Portimão que se localizam a maioria (71%) dos equipamentos desportivos existentes no Concelho, o que está diretamente relacionado com a distribuição da população, uma vez que é na sede do Concelho que reside 80% do total da população.

Tabela 17 - Doenças de Declaração Obrigatória – Evolução 2005/2007- no Concelho

Alvor Mexilhoeira Grande Portimão Equipamentos n.º m2 n.º m2 n.º m2

Grandes 3 18.977 m2 1 7.700 m2 4 23.688 m2 Campos

Pistas de 0 0 m2 0 0 m2 2 5.280 m2 Atletismo

Pequenos 9 7.015 m2 2 2.646 m2 38 24.398 m2 Campos

Salas de 3 861 m2 1 196 m2 16 4.149 m2 Desporto

Pavilhões 0 0 m2 1 1.056 m2 3 2.969 m2

Piscinas 1 313 m2 1 312,50 m2 1 313 m2 Cobertas

Piscinas de Ar 0 0 m2 0 0 m2 0 0 m2 Livre

Índice m2/ Hab. 5,45m2 / hab 3,3m2 / hab 1,7m2 / hab

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Um outro dado interessante de analisar é a idade dos equipamentos desportivos, uma vez que nos permite caracterizar o nível de investimento de um determinado território neste tipo de equipamentos ao longo dos últimos anos, e em simultâneo verificar a adequação desses mesmos equipamentos às atuais exigências e necessidades, tendo em conta as suas características de desenho e construção e o seu estado de conservação.

No caso em estudo, a grande maioria dos equipamentos desportivos de base tem entre 10 e 30 anos de existência, e mais de 52% do total dos equipamentos tem mais de 20 anos de vida. Os dados disponíveis sobre os equipamentos do Concelho de Portimão, revelaram ainda que nos últimos 5 anos, foi apenas construída uma nova Instalação Desportiva. Instalação essa (Piscina Municipal da Mexilhoeira Grande) que está ainda em construção mas que já foi considerada como existente para este estudo.

Com um parque de instalações desportivas ligeiramente envelhecido como é o do Concelho de Portimão, é ainda mais importante haver uma boa política de manutenção de instalações, capaz de responder às permanentes e crescentes necessidades de conservação e adaptação de que as instalações desportivas mais velhas obviamente carecem.

4.3. Propriedade das Instalações Desportivas

As Escolas Públicas (Ministério da Educação), são as entidades que detêm a propriedade sobre um maior número de espaços desportivos, cabendo-lhes uma fatia que corresponde a 35,6% do total de espaços desportivos inventariados neste estudo. O Município é o segundo maior proprietário de espaços desportivos, detendo 32,7%. Os privados, maioritariamente, empreendimentos turísticos, detêm igualmente uma parte importante dos espaços desportivos do Concelho de Portimão, com cerca de 16,8% dos espaços existentes. Importa referir, a respeito dos privados, que não estão considerados nesta distribuição de propriedade as instalações desportivas especiais, tais como; campos de golfe, centros equestres, aeródromos, marinas, etc. Esta tipologia de instalações será alvo de uma análise específica, mais à frente neste documento. Os Clubes desportivos do Concelho detêm perto de 10% das instalações. A análise anterior sobre a propriedade dos espaços desportivos inventariados, referia - se ao número de espaços detidos sobre os diferentes tipos de proprietários, no entanto, e igualmente pertinente analisar a propriedade dos espaços desportivos tendo em consideração a área em m2 detida por cada um dos diferentes tipos de proprietários.

Como facilmente se verifica, ao se alterarem as premissas, analisando-se a superfície em m2 detida em vez do nº de espaços detidos, altera-se também e de forma significativa o peso dos diferentes tipos de proprietários dos espaços desportivos. O dado que ganha maior realce é indiscutivelmente o da importância que os Clubes

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passam a ter como proprietários de espaços desportivos, uma vez que detêm poucos espaços, mas são os terceiros maiores proprietários em termos de superfície de terreno. Como é evidente, esta situação está intimamente ligada com o Portimonense Sporting Clube e com o importante património desportivo detido por este Clube. Constata-se igualmente pela observação do gráfico que a Autarquia de Portimão é a proprietária que maior superfície de espaços desportivos detém com cerca de 30,9% do total existente no Concelho. As escolas, são detentoras da segunda maior fatia de terreno com espaços desportivos, com 24,5% do total.

Ainda a respeito da distribuição dos espaços desportivos existentes no Concelho de Portimão, e sem qualquer surpresa, constatamos que a grande maioria dos espaços (73%) está situada na Freguesia sede do Concelho e que aos mesmos corresponde 60,5% do total de superfície ocupada por espaços desportivos no Concelho.

Uma última analise que importa apresentar em relação à Propriedade dos Equipamentos Desportivos existentes no Concelho de Portimão, é a que nos indica o comportamento da Distribuição dos espaços por proprietário e tipologia de equipamento.

Como facilmente se pode concluir, os pequenos campos de jogos, são a tipologia de equipamento que mais existe no Concelho de Portimão, e que estes são maioritariamente propriedade municipal e/ou escolar. Importa ainda referir que, o facto de uma grande parte dos espaços desportivos ser propriedade das escolas, poderá significar que, estes espaços estão sobretudo vocacionados para o uso por alunos e poderão não estar disponíveis para utilização regular por parte da população em geral.

4.4. Grau de satisfação com as instalações por tipologia de equipamentos

Na análise das instalações desportivas de acordo com as normas de programação e caracterização de redes de equipamentos coletivos da DGOTDU, o Conselho de Portimão, Atualmente, revela carências em todas as tipologias de equipamentos coletivos considerados pela DGOTDU, à exceção das Salas e Pavilhões.

Importa contudo compreender que à aplicação deste método de determinação da satisfação para equipamentos desportivos, deverá sempre ser somada uma análise mais criteriosa, que cruze outros dados, como as taxas de utilização das instalações existentes, a área de influência, a proximidade de instalações de outros concelhos vizinhos, as procuras desportivas, etc.

4.5. Instalações Desportivas Municipais Existentes

O Estádio Municipal de Portimão e o Estádio Dois Irmãos, apesar de serem propriedade da Câmara Municipal de Portimão, os mesmos foram cedidos e são igualmente geridos pelo Portimonense SC através de um

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protocolo efetuado entre o Clube e a Autarquia. Atualmente o Campo de Futebol dos Montes de Alvor encontra-se desativado.

Muitas das instalações desportivas referidas têm uma gestão partilhada com alguns Clubes do Concelho e/ou Escolas.

4.6. Distribuição das Instalações Desportivas por Freguesia

Tabela 68 - Instalações desportivas municipais existentes na freguesia de Portimão

Instalação Tipologia Designação

Grandes Jogos Campo de Futebol Estádio Municipal de Portimão Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Estádio Dois Irmãos Grandes Jogos Campo de Futebol

Pequenos Jogos ou Polidesportivos Campo de Jogos

Escola EB 2,3 Prof. José Buísel Nave Principal Salas de Desporto Ginásio

Pequenos Jogos ou Polidesportivos Campo de Jogos

Escola EB 2,3 Júdice Fialho Nave Principal Salas de Desporto Ginásio

Pequenos Jogos ou Polidesportivos Campo de Jogos

Escola EB 2,3 Eng.º Nuno Mergulhão Nave Principal Salas de Desporto Ginásio

Pequenos Jogos ou Polidesportivos Campo de Jogos Escola EB 2,3 D. Martinho Castelo Branco Salas de Desporto Nave Principal

Polidesportivo da Coca-Maravilhas Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Polidesportivo da Quinta do Amparo Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Polidesportivo do Parque da Juventude Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Polidesportivo da Ladeira do Vau Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Polidesportivo do Gil Eanes Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Complexo Municipal de Ténis Pequenos Jogos ou Polidesportivos Courts de Ténis

Nave Principal Pavilhão Gimnodesportivo Municipal Salas de Desporto Ginásios (3)

Escola EB 1 Major David Neto Salas de Desporto Ginásio

Piscina Municipal de Portimão Piscinas Piscina

Campo de Futebol

Área Desportiva da Praia da Rocha Equipamentos Especiais Campo de Voleibol (3)

Campo de Basquetebol

Parques “Vitavó” Equipamentos Especiais Equipamentos Geriátricos

Fonte: Carta Desportiva

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Tabela 79 - Instalações desportivas municipais existentes na freguesia de Alvor

Instalação Tipologia Designação

Campo Montes de Alvor Grande Jogos Campo de Futebol

Pequenos Jogos ou Polidesportivos Campo de Jogos Escola EB 2,3 D. João II Nave Principal Salas de Desporto Ginásio

Polidesportivo dos Montes de Alvor Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Polidesportivo Pequenos Jogos ou Polidesportivos Complexo Desportivo de Alvor Courts de Ténis (3)

Piscinas Piscina

Fonte: Carta Desportiva

Tabela 80 - Instalações desportivas municipais existentes na freguesia da Mexilhoeira Grande

Instalação Tipologia Designação

Polidesportivo da Figueira Pequenos Jogos ou Polidesportivos Polidesportivo

Pequenos Jogos ou Polidesportivos Campo de Jogos

Escola EB 2,3 da Mexilhoeira Grande Nave Principal Salas de Desporto Ginásio

Grandes Jogos Campo de Futebol Complexo Desportivo da Mexilhoeira Grande Piscinas Piscina

Fonte: Carta Desportiva

4.7. Linhas Estratégicas

1. Construção de Novos Equipamentos Desportivos Formativos de Base

a. Prever a construção de um complexo desportivo a Norte da EN125, entre a Companheira e o Chão das Donas, de preferência na proximidade das Futuras Instalações Escolares Previstas, onde se inclua um grande campo com relva sintética, e um Pavilhão Desportivo de uso polivalente (oficina).

b. Prever a construção de uma Pista de Atletismo de 4 a 6 corredores que possibilite a prática formal de todas as disciplinas de pista, de um novo Complexo

Estudos de Caracterização – Fase I 84

Municipal de Ténis, e de um Campo de Tiro para competição e Lazer, apontando-se como localização possível a sua integração no Campo Major David Neto que será alvo de requalificação.

c. Construção de um Pavilhão Desportivo de uso polivalente na zona do Alvor, preferencialmente enquadrado na área do Complexo Desportivo já existente, potenciando assim as respostas do complexo em matéria de oferta desportiva.

d. Os Projeto Arquitetónicos de todos os equipamentos desportivos a construir deverão ser acompanhados de um projeto de gestão e de um estudo de viabilidade económica.

e. Com urgência redefinir a politica de planos de água (Piscinas) do Concelho.

2. Requalificação e Manutenção dos Equipamentos Desportivos Existentes

a. Desenvolver um Plano Global de Requalificação da zona de implementação do Campo Major David Neto, transformando essa área num parque desportivo municipal (Pista de Atletismo, Campos de Ténis, Campos de Tiro, zonas informais, etc.).

b. Requalificar o Pavilhão Municipal de Portimão, com vista à sua adequação às atuais normativas quer ao nível da segurança, quer ao nível das acessibilidades, e acrescentar novas valências que respondam às novas procuras.

c. Desenvolver um programa de requalificações e ajustamentos que enquadre todos os equipamentos desportivos municipais, com as atuais normativas relacionadas com a acessibilidade e com as exigências ambientais (eficiência energética).

3. Espaços Naturais e Urbanos, espaços de prática de atividade física e desportiva

a. Desenvolvimento de um programa de atividades desportivas/recreativas que potencie a utilização regular do espaço desportivo da Praia da Rocha.

b. Desenvolver uma campanha de promoção dos percursos pedestres existentes no concelho, e programas de atividade abertos e toda a população que utilizem estes espaços (escolas, clubes, etc.).

c. De forma a satisfazer as necessidades manifestadas por uma larga percentagem da população, deverão ser identificadas áreas naturais e urbanas (pelo menos uma em cada freguesia) para a dinamização de atividades desportivas espontâneas, adaptando e apetrechando as mesmas para o efeito (pequenos circuitos de manutenção, zonas de jogos informais, pistas de patins, espaços lúdico - desportivos, etc.).

d. Consolidar e potenciar o desenvolvimento de programas de atividade recreativa nos espaços urbanos, contribuindo para o fomento da prática de atividade física e desportiva, e simultaneamente consolidar a imagem de “concelho desportivo”.

Estudos de Caracterização – Fase I 85

e. Requalificar a área desportiva destinada às atividades, cada vez mais procuradas pelos jovens, no Parque da Juventude, aumentando a sua capacidade e diversidade de resposta (equipamentos diferenciados) e apetrechar as outras freguesias, Alvor, e Mexilhoeira Grande com uma instalação semelhante com dimensão apropriada à Freguesia.

f. Criar um mecanismo de avaliação e controlo regular sobre a utilização destes espaços, com vista à sua caracterização e permanente melhoria.

5. Equipamentos de solidariedade e segurança social

A análise da situação atual e tendo em conta “As Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos” da DGOTDU, divide-se nos seguintes grupos (vide planta 10.4):

- Serviços e Equipamentos Para Crianças e Jovens

- Serviços e Equipamentos Para Idosos

- Serviços e Equipamentos Para Família e Comunidade

- Serviços e Equipamentos Para Toxicodependentes

- Serviços e Equipamentos Para Pessoas Com Doença do Foro Mental ou Psiquiátrico

6. Equipamentos Culturais 6.1. Bibliotecas/ Pólos de Leitura – Análise da Situação Atual/Caracterização

De acordo com a tipologia definida pela Rede Nacional de Bibliotecas Públicas a Biblioteca de Portimão é uma BM2 (construída para servir 50000 habitantes).

A Biblioteca Municipal de Portimão e Pólo de Leitura, Atualmente com 11290 utilizadores inscritos no ficheiro automatizado para utilização do empréstimo domiciliário, disponibiliza aos utilizadores, para além dos chamados serviços tradicionais (leitura presencial e empréstimo domiciliário de documentos em vários suportes), computadores para consultas de CD-ROM’s, INTERNET e realização de trabalhos. Na Biblioteca Central funciona ainda um pequeno serviço de autoaprendizagem com um núcleo específico de documentos de apoio.

Consulta do OPAC – www.bmmtgomes.pt, através do qual são facultados ao utilizador alguns serviços online associados ao catálogo como:

6.2. Principais Carências

Considerando o apresentado é urgente prever novos equipamentos para futuros Pólo de leitura nas freguesias de Alvor e da Mexilhoeira Grande. Além disso, para os equipamentos existentes apresentam- se de seguida as principais carências:

Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes:

Estudos de Caracterização – Fase I 86

- Necessidade de ampliação das salas de leitura de adultos e infantil;

- Criação de uma sala de estudo;

- Criação de uma zona de cafetaria.

Pólo de Leitura de Alvor:

- Melhorar as acessibilidades;

- Necessidade de ampliação do espaço;

Pólo de Leitura da Mexilhoeira Grande:

- Melhorar as acessibilidades;

- Necessidade de ampliação do espaço.

7. Equipamentos de Segurança Pública

De acordo com e definido nas “ Normas para Programação de Equipamentos Coletivos “ A manutenção da segurança e ordem pública e a proteção e defesa da propriedade pública e particular, bem como a ação reguladora e de controlo do trânsito, é assegurada pela Polícia de Segurança Pública e pela Guarda Nacional Republicana.

A GNR exerce em geral o policiamento de áreas rurais ou de aglomerados, com menos de 10 000 habitantes.

Bombeiros - As Corporações de Bombeiros inserem-se no Associativismo Voluntário e só nos aglomerados com uma população superior a 100 000 habitantes é que legalmente é exigido um Corpo de Bombeiros Voluntários.

Os equipamentos de segurança pública existentes no Concelho, são os seguintes:

- Bombeiros Voluntários de Portimão

- Brigada Fiscal

- Guarda Nacional Republicana

- Polícia de Segurança Pública

- Posto da PSP na Praia da Rocha

- Polícia Judiciária- Dep. De Inv. Criminal

- Polícia Marítima de Portimão - Capitania do Porto de PTM

Estudos de Caracterização – Fase I 87

Os equipamentos de segurança pública localizam-se todas na freguesia de Portimão, nomeadamente no centro da Cidade, à exceção de um Posto da PSP que se localiza na Praia da Rocha e do Posto da GNR que confinante com a V6 e localiza-se próximo da zona industrial da Pedra Mourinha.

8. Administrativos, Correios e Telecomunicações

Tabela 219 - Distribuição dos Equipamentos Administrativos por Freguesia

Tipo de Equipamento Freguesia

Junta de Freguesia de Alvor Alvor

Junta de Freguesia da Mexilhoeira Grande Mexilhoeira Grande

Câmara Municipal de Portimão Portimão

Cartório Notarial Portimão

Conservatória do Registo Civil e Predial Portimão

Empresa de águas e Resíduos de Portimão Portimão

Repartição de Finanças e Tesouraria Portimão

Direção Regional de Agricultura do Algarve-Portimão Portimão

Instituto de Emprego e Formação Profissional Portimão

Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos Portimão

Junta de Freguesia de Portimão Portimão

Tribunal da Comarca/de Familia e Menores/de Trabalho de Portimão Portimão

Empresa Municipal Expoarade Portimão

Instituto de Solidariedade e Segurança Social Portimão

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras Portimão

Direção Regional de Desporto Portimão

Fonte: Base de dados da Câmara Municipal

Tabela 22 - Distribuição dos Correios e Telecomunicações no Concelho

Tipo de Equipamento Freguesia

Estudos de Caracterização – Fase I 88

Alvor Mexilhoeira Grande Praia da Rocha Correios Manuel Teixeira Gomes Portimão Avenida Afonso Henriques Gil Eanes Coca-Maravilhas Telecomunicações Portimão Portugal Telecom

Fonte: Base de dados da Câmara Municipal

CAPITULO VII - CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO SISTEMA VIÁRIO, DE TRANSPORTES E DE CIRCULAÇÃO

1. Contexto Regional e Acessibilidades exteriores

Situado no extremo ocidental da Península Ibérica, a Sul de Portugal, a Região do Algarve individualiza-se facilmente do restante território nacional. Delimitado a Sul e Oeste pelo Oceano Atlântico, a Este pela Andaluzia e o estuário do Guadiana e a Norte pelas cadeias montanhosas de Espinhaço de Cão, Monchique e Caldeirão. Com uma posição geográfica na periferia do Continente, não tem sido fácil a redução das diferenças de desenvolvimento entre a região e o centro europeu.

No que se refere aos eixos de acessibilidade, o Algarve apresenta diferentes níveis, sendo o litoral zona privilegiada para a localização dos principais eixos viários.

A rede viária da região possui um desenvolvimento paralelo à linha de costa. Este desenvolvimento transversal, Este-Oeste, das principais vias de comunicação da região, está intimamente ligado com a localização dos principais centros urbanos ao longo da costa. Esta localização encontra-se aliada, numa primeira fase, ao desenvolvimento de uma atividade piscatória que marcou a região durante muitas décadas e, posteriormente, ao desenvolvimento da atividade turística com estreitos laços com a costa (turismo sol/mar). Esta opção preferencial, e de certa forma espontânea, pelo litoral veio intensificar as assimetrias regionais, nomeadamente entre o litoral e o interior.

A nível regional podemos identificar duas vias de maior importância, a E.N. 125 e a A22. A primeira, que durante muito tempo foi a principal ligação interconcelhia ao longo do litoral, perdeu importância com a construção da A22. O facto de a E.N. 125 não estar classificada no PRN 2000 como IP ou IC, é prova evidente desta perda de importância. Tal situação encontra-se ligada, sobretudo, à falta de condições e de funcionalidade desta via, que em muitos dos seus troços funciona mais como uma via urbana do que com o carácter de Estrada Nacional. Por seu lado, a A22, pelas suas características, veio diminuir o tempo de

Estudos de Caracterização – Fase I 89

percurso entre os vários polos da região e é hoje de crucial importância na ligação e nas trocas comerciais com Espanha, nomeadamente, com a Região da Andaluzia.

A par disto, é de salientar o facto de A22 ser uma via sem custos para o utilizador (SCUT), sem portagem real porque a via alternativa (E.N. 125) tem um tempo de percurso ligeiramente acima do definido pelo Governo. Quanto aos restantes dois critérios utilizados pelo Governo para justificar a introdução de portagens nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) - o PIB per capita e o índice de poder de compra das regiões atravessadas - o Algarve ultrapassa claramente a média nacional.

No que diz respeito às ligações viárias a Norte, o Algarve possui outros dois eixos fundamentais, a A2 (IP1) e o IC1. A primeira é, sem dúvida, o principal eixo de ligação ao resto do território nacional. Já o IC1, que durante muitos anos foi a principal via rodoviária de ligação da região com o exterior, é hoje uma via de importância relativa, representando sobretudo uma alternativa aos custos de portagem da A2. Paralelamente a estes dois eixos centrais, a região possui ainda dois outros eixos de menor importância na ligação a Norte, um a Este, o IC27, e outro a Oeste, E.N. 120. Ambos funcionam como eixos complementares e que visam diminuir as assimetrias entre o Algarve e o Alentejo (litoral e interior raiano).

Ao nível do transporte ferroviário, o Algarve ainda é servido pelo traçado inicial construído no início do séc. XX. Apesar de alguns dos seus troços terem sido modernizados, nomeadamente entre Tunes e Faro, a restante linha ferroviária carece de impreterível modernização. A linha projetada para servir os aglomerados interiores que ainda tinham alguma importância e, ao mesmo tempo, servir os aglomerados do litoral, encontra-se hoje desfasada da realidade do atual sistema urbano, acabando em muitos casos, de pouco conseguir servir comodamente as populações da região.

Além disto, a região encontra-se servida por um Aeroporto Internacional que assume a segunda posição nacional, com um movimento de passageiros de 2,440 milhões em 1989, e de 3,513 milhões em 1996, a que corresponde uma variação de 44%. A maioria do movimento de passageiros corresponde a tráfego internacional, tendo este representado 93.2% e 96.2%, respetivamente, em 1989 e 1996. Por sua vez, a capacidade de utilização do aeroporto de Faro para o transporte de mercadorias encontra-se saturado (PROTAL, 2007).

Quanto aos portos, numa análise à priori, verifica-se uma tendência de especialização de Faro na área comercial e de Portimão na vertente turística (navios de cruzeiro e passeios ao longo da costa).

Ao analisarmos mais detalhadamente verifica-se que em relação aos portos a Região apresenta uma situação insatisfatória. São assim fundamentais para a integração ibérica os corredores de transportes terrestres transversais que, complementando o corredor longitudinal atlântico, potenciem o papel dos principais portos aí localizados e assegurem as conexões das redes multimodais e o fecho de malhas infraestruturais. Uma melhor acessibilidade do litoral atlântico de Portugal melhorará consideravelmente a sua competitividade e as possibilidades de desenvolvimento de vastas áreas do interior português e espanhol. A componente do transporte marítimo de mercadorias tem neste momento uma importância

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secundária, já que não existem infraestruturas ferroviárias de distribuição a partir dos portos algarvios, que permitam tráfegos de interesse internacional ou mesmo nacional. A favor da criação de alternativas modais, nomeadamente do crescimento do papel do transporte marítimo, jogam aspetos como a redução do congestionamento rodoviário, a redução da poluição e a menor pressão sobre a construção de novas infraestruturas (PROTAL, 2007).

Para além destes, ainda possui ao longo da costa vários portos de recreio, que confere à região grandes potencialidades no que diz respeito ao turismo náutico.

2. Rede Viária Concelhia: Estrutura e Hierarquização

A excelente localização geográfica de Portimão foi, de facto, embrião do seu desenvolvimento. A cidade desenvolveu-se sobretudo junto à Foz do Rio Arade, ligado a uma indústria conserveira proeminente.

Na senda de crescimento, a cidade foi expandindo-se no sentido Norte-Sul. A Construção do Bairro dos Pescadores e, posteriormente, a Avenida 25 de Abril, o Liceu, são exemplos do crescimento da cidade nesse sentido. A Praia de Rocha que se encontrava nitidamente separada da cidade, faz hoje parte integrante da sua malha urbana. Tendo a Praia da Rocha, como limite físico de crescimento a Sul, a cidade começou a expandir-se para Poente e para Norte, absorvendo núcleos que outrora eram isolados da cidade, tais como as Cardosas, Boavista, Pedra Mourinha, Três Bicos, Sobreiras e Vale França.

Construíram-se novas vias para se efetuar a ligação aos novos bairros da cidade. A Av. 25 de Abril, Av. Miguel Bombarda e a Av. São de Deus são alguns exemplos. No final da década de 80, princípio dos anos 90, parte da E.N. 124 que atravessava a cidade é transformada numa via mais apta às novas necessidades de circulação, a V6. Ao mesmo tempo é construída a V3 (troço Praia da Rocha – Vau) que veio funcionar como alternativa à marginal da Praia da Rocha.

A V6, Atualmente, Av. São Lourenço da Barrosa, nome da fundação de Portimão, dado por D. Afonso V, em 1463, funciona hoje como a espinha dorsal da estrutura viária da Cidade. Com a característica de possuir duas faixas de rodagem em cada sentido, esta via é nitidamente uma via urbana, que tem permitido uma fluidez notável. Apesar disto, com o crescimento da última década, tanto em termos populacionais, como em termos de tráfego automóvel, esta via já apresenta em alguns dos seus troços e nós, e em algumas épocas do ano, um congestionamento que até agora ainda não tinha conhecido. O caso mais evidente, a “Rotunda do modelo”, já apresenta um nível serviço próximo da saturação, por vezes atingindo a rotura (POCEC de Portimão, 2004).

Nas ligações exteriores, a Cidade de Portimão possui três entradas principais. A primeira, a ponte metálica (antiga E.N.125), que durante décadas foi a única entrada da cidade a Nascente, é hoje utilizada, sobretudo, nas ligações pendulares com o Concelho de Lagoa. A segunda, a V5 (antiga E.N. 125), corresponde à

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principal entrada da cidade a Poente, crucial nas ligações com o Concelho de Lagos e com os aglomerados de Montes de Alvor, Mexilhoeira Grande e Figueira.

A terceira e mais importante, a via Hospital - Cardosas, surge com a construção da variante à E.N. 125 e com a nova travessia do Arade. A partir deste momento, a via Hospital - Cardosas torna-se na principal porta de entrada e saída da cidade, originando um a aumento substancial de tráfego de trânsito nesta ligação. Surgiu, assim, a necessidade de se construir o Túnel das Cardosas, que veio, de certa forma, descongestionar esta ligação.

Apesar de todos estes desenvolvimentos, não surgiu uma verdadeira alternativa capaz de ser ajustada às necessidades crescentes de entrada de trânsito na cidade. Verdade que surgiu, entretanto, a A22 e com ela o nó da Penina, no entanto, apesar de útil, encontra-se mais vocacionada para servir a freguesia de Alvor e seus aglomerados, do que propriamente uma entrada acessória na cidade.

Com o aumento de tráfego verificado nos últimos anos, julga-se importante a necessidade de um novo acesso a Norte da cidade, que funcione em alternativa/complementaridade com o acesso “Hospital- Cardosas”.

O tráfego na cidade de Portimão é assente fundamentalmente em escassos, mas importantes eixos paralelos e perpendiculares ao Rio Arade, que funcionam como “talvegues” da fluidez rodoviária. Esta escassez está intimamente ligada à estrutura urbana que se permitiu desenvolver. Uma malha urbana que cresceu de forma ad-hoc, assente em operações de loteamento, pouco integrados em termos viários, impossibilitando a constituição de eixos viários contínuos, de modo a desenvolver uma estrutura urbana capaz de dar fôlego de tráfego aos principais eixos viários existentes.

Apesar do forte crescimento urbano da última década, pouco foi investido na construção de novos de eixos viários nevrálgicos. Depois de 1995, ano em que foi publicado o PDM em vigor, foram construídos a segunda fase da V3, para poente da Rotunda Simón Bolívar, a V7 (Av. das Olimpíadas), da “Rotunda do Modelo” – Aldeia das Sobreiras; para além da já referida A22 e respetivos acessos. Os restantes investimentos cingiram-se ao melhoramento e beneficiação de infraestruturas viárias existentes.

Em resumo, a forma como a cidade se tem expandido – a localização dos novos bairros residenciais, das escolas primárias e secundárias, dos novos serviços e as diversas densidades verificadas – aumentou o afastamento entre a cidade antiga e os novos pólos residenciais e de equipamentos. A cidade deixou a perceção da proximidade que se verificava na zona antiga, para se transformar num espaço em que se aumentaram as distâncias percorridas, para serem vencidas em modos motorizados, em particular, através do automóvel (POCEC de Portimão, 2004).

Ora, a esta rede, associam-se uma hierarquia e estrutura viária que, não estando nem completa nem ordenada, permite antever algumas dificuldades na interligação das malhas viárias antiga da cidade e das zonas novas, em particular, quando se pretende a aproximação dos transportes coletivos à coroa central da cidade, onde as velocidades se tornam bastante baixas.

Estudos de Caracterização – Fase I 92

Quanto mais se for promovendo a rede de transporte coletivo urbano e o aumento da confiança das populações em utilizar o serviço regular de transporte urbano de passageiros, mais possibilidade pode ter a alteração na estrutura da rede viária, como por exemplo, o aumento da extensão das ciclovias ou das ruas pedonais planas.

Relativamente ao resto do concelho, a estrutura viária surgiu de forma natural, isto é, de forma não planeada, como resultado da necessidade lógica de se interligar os vários aglomerados. Estes aglomerados estão interligados por estradas ou caminhos municipais que ao longo dos anos foram sofrendo melhorias e que, de um modo geral, dão resposta às necessidades das populações aí residentes.

No que respeita às acessibilidades do concelho com o exterior podemos transpor sinteticamente para o quadro seguinte.

Tabela 23 - Síntese das ligações exteriores do concelho

Via Nacional/Internacional Regional Local

Aljezur (EN120)

Lagos

Silves

Albufeira

Lisboa Loulé

IC4 (A22) Évora Faro

Sevilha S. B. de Alportel

Olhão

Tavira

Castro Marim

Alcoutim

Lagos Mexilhoeira Grande ER125 Lagoa Figueira Silves

Malheiro ER124 Monchique (EN266) Ladeira do Vau EN124 Silves Porto de Lagos

EN266 Monchique (via EN124) Rasmalho (via EN124)

Fonte: Base de dados da Câmara Municipal

Estudos de Caracterização – Fase I 93

Para além da rede rodoviária, o concelho ainda se encontra servido:

Pela linha ferroviária do Algarve, que permite ligações regionais, sendo estas estabelecidas entre Vila real de Santo António (Sotavento) e Lagos (Barlavento), servindo as cidades: Lagos, Portimão, Silves, albufeira, Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António. Algumas destas cidades não são servidas diretamente por esta linha, no entanto, têm ligação por autocarro até à estação, como é o caso de Albufeira ou Silves. A linha encontra-se ligada à rede ferroviária nacional a partir de Tunes (PROTAL, 2007).

É ainda importante salientar que o troço que Portimão integra, nomeadamente entre Tunes e Lagos, urge por investimentos na sua modernização.

Pelo Porto Comercial, hoje apto a receber navios de grande dimensão. Apresenta grande potencial de crescimento no segmento de navios de cruzeiro. Possui ainda um aeródromo municipal que tem vindo a sofrer sucessivos melhoramentos, no entanto, apenas se encontra apto para receber aeronaves de pequena dimensão.

Em suma, Portimão apresenta-se bem servido no que respeita às ligações exteriores e, de um modo geral, também possui boas acessibilidades internas. Não obstante, apresenta alguns pontos fracos, que todos reconhecem e que, por esse motivo, são considerados como investimentos prioritários em termos viários. São eles a construção de um novo acesso rodoviário a Norte, construção de do túnel da rotunda do modelo, construção de algumas rotundas que visam melhorar a fluidez e diminuir percursos. Para além destes investimentos, ditos mais urgentes, surgem na calha outros, como a construção de vários eixos já planeados pela autarquia.

Para facilitar e resumir a hierarquia da estrutura viária do concelho, apresenta-se o seguinte quadro:

Estudos de Caracterização – Fase I 94

Tabela 24 - Síntese da hierarquia da rede rodoviária concelhia

Rede Hierarquia da Rede Via

IC4 (A22)

Nacional EN124

Nacional EN266

ER124 Regional ER125

V2

V3

V5

V6 Distribuidoras V8 Principais V10

V13

V16

V18 Vias Municipais V1

V4

V7

V9 Distribuidoras V11 Secundárias Municipal V12

V14

V15

V17

EM531-1

EM532

EM533

CM1068 Estradas Municipais Principais CM1075

CM1145

CM1146

CM1149

Estradas Municipais Secundárias VNC1 à VNC 41

Vias de acesso local Restantes

Fonte: Base de dados da Câmara Municipal

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3. Transporte Público Rodoviário de Passageiros

O transporte público de passageiros no concelho de Portimão é assegurado pelas empresas Eva, Frota Azul, Vai Vem. A rede é constituída por um conjunto vasto de carreiras regulares, que asseguram as ligações entre os vários locais dentro do concelho, bem como a interligação com os concelhos vizinhos.

São, ainda, efetuadas ligações diárias, pela Rede de Expressos a Lisboa e à Guarda durante todo o ano, e a Portalegre durante o Verão e no período escolar semanalmente. Para além disso realizam-se 2 ligações diárias internacionais, assegurada pela rede de transportes que faz a interligação entre Lagos e Sevilha, com paragem em Portimão. O Vai-Vem é um meio de transporte urbano da empresa Frota Azul. Contabiliza 12 linhas identificadas por cores e cobre toda a área geográfica do concelho a sul da EN 125.

3.1. Transportes Escolares

O transporte dos alunos, que frequentam a escola primária das Vendas, referente ao ano de 2008 é assegurado em veículos da Câmara Municipal.

O transporte dos alunos que frequentam as diversas escolas EB 2,3 e as secundárias localizadas em Portimão é assegurado pelas carreiras da Frota Azul, através de passes escolares.

3.2. Análise dos Fluxos

O presente capítulo pretende analisar os fluxos os passageiros que utilizaram os serviços de Transporte da Eva, Frota Azul, Vai Vem e Expressos, nos meses de Abril e Agosto do ano transato no Concelho de Portimão.

Apenas foram considerados os passageiros com origem/destino em Portimão. Em relação ao serviço – Expressos -, apenas estão considerados os passageiros com origem em Portimão, não estando incluídos os passageiros com destino a Portimão, uma vez que estes ficheiros pertencem à empresa Rede de Expressos.

Não foi possível a obtenção de dados relativamente à faixa etária dos utilizadores, apenas podemos depreender esta informação tendo em conta o título de transporte.

Para o cálculo dos horários de maior fluxo de tráfego, considerámos apenas os passageiros com origem em Portimão.

Estudos de Caracterização – Fase I 96

O número de passageiros que circulam em cada uma das companhias. O Vai-Vem é aquele que mais utilizadores possui, aspeto que advêm do seu carácter urbano. Este meio de transporte é responsável por viagens de pequeno curso dentro do centro da cidade e arredores.

A Eva e a Frota Azul registam para o mês de Abril valores muito semelhantes não ultrapassando os 30.000 utilizadores. Estas duas frotas têm características semelhantes e isso traduz-se no perfil do utilizador.

Os Expressos dadas as suas características mobiliza um menor número de passageiros. A este aspeto acresce o facto de apenas termos contemplados os passageiros com origem em Portimão para o presente estudo.

Relativamente ao tipo de bilhete, na Eva é o Pré-comprado que assume maior destaque. Cerca de 30% dos bilhetes vendidos naquele mês de Abril. Na Frota Azul é o bilhete de bordo que assume maior expressão com uns claros 34%.

Nos Expressos os tipos de bilhete com mais saída são inteiros e os inteiros de ida/volta. Esta ocorrência deve-se ao facto de se tratar de viagens de médio/longo curso. No Vai-Vem destacam-se os bilhetes Pré- comprados, os de bordo e os urbanos.

Através da análise dos gráficos podemos constatar que mais de 85% dos utilizadores usufruem das companhias – Eva, Frota Azul e Vai-Vem – durante os 5 dias da semana. O fim-de-semana assume uma posição muito modesta não atingindo no total dos dois dias os 20% dos passageiros da semana.

Este facto prende-se com a necessidade de deslocações pendulares dos passageiros, tais como casa- trabalho-casa e casa-escola-casa.

Contrariamente a este cenário, os Expressos registam um valor bastante expressivo ao Domingo de quase 20 %. Este aspeto deve-se ao regresso de muitos passageiros que apenas vêm a Portimão passar o fim-de- semana com os seus familiares.

Se atendermos à situação ocorrida ao longo do dia podemos identificar os períodos de tempo com maior tráfego e afluxo de pessoas. A Eva, Frota Azul e Vai-Vem continuam a assumir um papel semelhante no que concerne aos horários mais concorridos. Nos seguimento do que já foi dito anteriormente, podemos constatar que os períodos entre as 7 e as 9 horas da manhã; entre as 12 e as 15 horas e o período entre as 17 e as 19 horas da tarde são os que mais solicitados. Estes períodos coincidem com a saída para o local de trabalho e/ou escola, com a hora de almoço e com o regresso a casa ao fim do dia.

3.2.1. Mês de Agosto

Se atendermos ao número de passageiros, reparamos que no mês de Agosto, comparativamente ao que se registou no mês de Abril, o afluxo quase que duplica.

O número de passageiros do Vai-Vem e dos Expressos é superior nesta época do ano devido à existência de mais pessoas de férias no Concelho.

Estudos de Caracterização – Fase I 97

Os Bilhetes de bordo, Pré-comprados e os de Bilheteira continuam a ser os mais solicitados.

Os Bilhetes relativos aos jovens/estudantes diminuem bruscamente, uma vez que este é um período sem aulas. Os valores chegam mesmo a ser nulos para a Eva e Frota Azul.

No mês de Agosto os dias úteis da semana continuam a ser aqueles que maior expressão têm em termos de fluxo de passageiros. Contudo, os valores não são tão elevados como se registavam no mês de Abril. Este facto é justificável, na medida em que em Agosto uma boa parte da população se encontra de férias laborais e as crianças e adolescentes gozam de um período alongado de férias escolares.

O fim-de-semana ganha maior expressão na medida em que os transportes assumem especial importância como veiculo prioritário até às praias.

Se atendermos aos gráficos acima podemos verificar que não existe predominância de períodos horários ao longo do dia. O afluxo de passageiros apresenta uma distribuição equiparada ao longo do dia.

3.3. Conclusões  O número de passageiros subiu de Abril para Agosto quase 50%. Por este acréscimo é responsável o Vai- Vem e os Expressos, uma vez que a Eva e a Frota Azul registaram uma quebra. Este facto prende-se com a coincidência com a época balnear:  Em Abril foram vendidos mais 4.000 bilhetes que no mês de Agosto. Os bilhetes Pré-comprados e os de bordo foram aqueles que segundo o tipo tiveram maior número de vendas. O Passe estudante não regista qualquer valor no mês de Agosto por este ser um mês de férias escolares:  Se atendermos ao número de passageiros durante a semana, podemos constatar que 81% do fluxo se faz de Segunda a Sexta-feira, aos dias de semana, portanto. Este valor é ainda mais elevado em Agosto do que em Abril:  Ao Sábado e ao Domingo os valores duplicam se compararmos os dois meses em análise. O mês de Agosto é um mês que apresenta um aumento significativo do fluxo, que se traduz na duplicação do número de passageiros:

4. Mobilidade e movimentos intra-concelhios

Relativamente à mobilidade e movimentos intra-concelhios, de acordo com dados do POCEC (Plano de Ordenamento da Circulação e do Estacionamento da Cidade de Portimão) poder-se-á tirar algumas conclusões importantes, tendo em conta as características identificadas pelos registos e inquéritos ao tráfego nos dois períodos de Verão e Inverno na cidade de Portimão:

. No período de Verão existe um acréscimo de tráfego em 30% com uma maior atracão para as zonas de transição e periférica da cidade, onde se localizam as zonas de lazer e as áreas habitacionais. De qualquer modo, a variação situa-se em 7% quando comparada com o período de Inverno, em que a zona central é mais procurada.

Estudos de Caracterização – Fase I 98

. A repartição da atracão do tráfego pelas várias coroas confirma que há uma maior atracão de tráfego na Praia da Rocha (mais de 50 %), mantendo-se a atracão nas coroas de transição e centro da cidade muito semelhantes, o que confirma que a cidade já apresenta uma vida própria significativa (no período de Inverno).

Tendo em conta a análise efetuada pelo POCEC aos motivos das deslocações, verifica-se que para a zona central e de transição da cidade, onde se encontram a maior parte dos serviços, do comércio, da restauração e das escolas secundárias, as deslocações no Inverno fazem-se pelos seguintes motivos:

. Cerca de 33% por motivo trabalho/emprego;

. 25% por serviços;

. 5% Escola;

. 19% de lazer;

. 18% por outros motivos.

No período de Verão:

. Cerca de 40% de Lazer;

. 25% por motivo trabalho/emprego;

. 23% de Serviços;

. 12% por outros motivos.

Conclui-se que mesmo com a pressão do Verão- maior procura de atividade “lazer”- a cidade regista ainda assim valores significativos de vida própria, com os valores de deslocações por motivo de emprego e serviços quase com a mesma estrutura que durante o Inverno, com a exceção da diminuição ligeira do motivo de “emprego”.

Já em relação à Praia da Rocha, no período de Verão, mais de 60% das deslocações são feitas por motivo “lazer”, enquanto o emprego vem a seguir (25%) e as restantes, “serviços” e “outros” se distribuem em percentagens iguais, cerca de 7%. Durante o Inverno, na Praia da Rocha, o principal motivo das deslocações é emprego com cerca de 50%, enquanto o motivo “Lazer” só explicam cerca de 20%, ficando ainda a registar-se que 20% se fazem por motivo “serviços” e 7% “outros”, a escola aparece com 2%.

Para além da variação das cargas de rede rodoviária que se registam em dia útil quase em toda a rede, entre os períodos de Verão e Inverno, é importante verificar que a diferença de tráfego (cerca de 30%) teve particular incidência nos eixos de acesso à Praia da Rocha e da cidade.

No caso da cidade, esses valores passaram de 30 000 veículos para 40 000 veículos/dia, havendo um aumento significativo pela Avenida Miguel Bombarda e pela Estrada de Alvor. Também se registaram diferenças significativas na Avenida São João de Deus, embora com menos intensidade. Em relação à

Estudos de Caracterização – Fase I 99

EN125, os valores registados sofreram um ligeiro agravamento, uma vez que hoje, a maior parte do tráfego vem pela variante (IC4), com entrada direta pela V2. De resto, a variação registada dos volumes de circulação só vem confirmar os problemas levantados: demasiada dependência do uso do automóvel e cargas que saturam a rede rodoviária, em particular, na zona antiga, em que a malha viária não está configurada nem estruturada para suportar essa pressão.

4.1. Movimentos Pendulares

É interessante realçar que a mobilidade e os movimentos inter-concelhios atingem dinâmicas muito significativas no Município, o que nos permite “reforçar” o impacte da mobilidade de pessoas, oriundas de Municípios limítrofes, para trabalharem no Município de Portimão, acrescendo ao facto que a baixa portimonense e a Praia da Rocha são as zonas onde se concentram mais serviços e comércio, daí uma maior afluência de pessoas para este local. Lagoa e Lagos são os Municípios que trazem mais indivíduos nesta situação particular, seguindo-se Silves e Monchique.

Estes dados são por si só reveladores do papel – charneira de Portimão e do seu papel atrativo no Barlavento.

5. Caracterização e Análise da Ocupação e Uso Atual do solo 5.1. Definição de Lugar

Por lugar entenda-se um aglomerado populacional com dez ou mais alojamentos destinados à habitação de pessoas e com uma designação própria, independentemente de pertencer a uma ou mais freguesias, de acordo com o definido no INE. Os seus limites, em caso de dificuldade na sua clara identificação, devem ter em atenção a continuidade de construção, ou seja os edifícios que não distem entre si mais de 200 metros. Para este efeito, não se considera a descontinuidade de construção motivada por interposição de vias de comunicação, campos de futebol, logradouros, jardins, etc.

O concelho de Portimão é formado pelos 64 lugares, identificados no quadro seguinte.

Estudos de Caracterização – Fase I 100

Tabela 25 – Lista de Lugares do concelho de Portimão

Lugar (BGRI) 33 Alcalar

1 Vau da Rocha 34 Esteveira

2 Prainha 35 Porto de Lagos

3 Cortaventos 36 Vale das Hortas

4 Quinta Nova 37 Aldeia das Sobreiras

5 Praia de Alvor 38 Aldeia do Carrasco

6 Penina 39 Quatro Estradas

7 Belmonte 40 Castelhanas

8 Brava 41 Companheira

9 Quinta dos Arcos 42 Cabeço do Mocho

10 Alfarrobeiras 43 Má Partilha

11 Galo Loiro 44 Sesmarias

12 Facho 45 Malheiros

13 Cabeço Esteves 46 Praia da Rocha

14 Montes de Cima 47 Montes de Alvor

15 Quinta da Rocha 48 Aldeia Nova da Boavista

16 Amoreira 49 Boavista

17 Poio 50 Residual

18 Monte Judeu 51 Caldeira do Moinho

19 Vendas 52 Três Bicos

20 Marachique 53 Ladeira do Vau

21 Palheiros 54 Chão das Donas

22 Pedregais 55 Figueira

23 Arão 56 Vale de França

24 Dourada 57 Mexilhoeira Grande

25 Ladeira da Nora 58 Bemposta

26 Pereira 59 São Sebastião

27 Poço Seco 60 Coca Maravilhas

28 Bom Retiro 61 Alvor

29 Rasmalho 62 Cardosas

30 Alto do Poço 63 Pedra Mourinha-Vale de Lagar

31 Várzea do Farelo 64 Portimão

32 Senhora Verde

Fonte: BGRI´s dos Censos de 2001

Estudos de Caracterização – Fase I 101

5.2. Rede e Hierarquia Urbana

A rede de estabelecimentos urbanos, no território do concelho de Portimão, é relativamente incipiente, proliferando os pequenos lugares com menos de 500 indivíduos residentes, a par de uma monopolização por parte de Portimão. As sedes das duas outras freguesias, Alvor e Mexilhoeira Grande, não alcançam os 2000 indivíduos residentes.

Mapa 7 – Número de Indivíduos Residentes por Lugar

Fonte: INE- Censos de 2001

Se atendermos a uma apreciação por freguesia podemos confirmar que a freguesia de Portimão é aquela que mais lugares apresenta, seguindo-se Alvor e por último a Mexilhoeira Grande.

A freguesia de Portimão reúne a cidade propriamente dita e pequenos núcleos ou bairros que no processo de expansão urbana de Portimão foram absorvidos por esta, embora mantenham uma certa individualidade. Estão neste caso as Cardosas, a Coca Maravilhas e a Pedra Mourinha - Vale-de-Lagar.

Estudos de Caracterização – Fase I 102

Mapa 8 - Número de Indivíduos Residentes por Lugar na Freguesia de Portimão

Fonte: INE- Censos de 2001

Trata-se do lugar líder onde se concentram mais de metade dos indivíduos residentes, do comércio e dos serviços, bem como a quase totalidade das empresas industriais, dos equipamentos de saúde e das escolas de ensino não básico.

Como podemos constatar pelo gráfico acima a freguesia de Alvor é a segunda mancha urbana mais importante do concelho. Totalizava em 2001 quase 6000 indivíduos residentes.

Esta é uma freguesia que se assume como centro de turismo de praia.

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Mapa 9 - Número de Indivíduos Residentes por Lugar na Freguesia de Alvor

Fonte: INE- Censos de 2001

A freguesia da Mexilhoeira grande assume-se como um grupo urbano do interior. Nele estão registados menos de 4000 indivíduos residentes. Os lugares da Mexilhoeira e da Figueira assumem um papel preponderante enquanto pólos aglutinadores de população, uma vez que é neles que se concentram alguns serviços e comércio.

Estudos de Caracterização – Fase I 104

Mapa 10 - Número de Indivíduos Residentes por Lugar na Freguesia da Mexilhoeira Grande

Fonte: INE- Censos de 2001

Tendo por base de análise o dado estatístico – Número de Indivíduos Residentes – podemos estabelecer uma hierarquia dos lugares no concelho.

Podemos considerar 5 lugares, associados por relações de vizinhança, como sendo os maiores e aqueles que registam um maior número de indivíduos residentes:

1- Portimão

2- Pedra Mourinha - Vale-de-Lagar

3- Cardosas

4- Alvor

5- Coca Maravilhas

Pela observação e análise do gráfico abaixo exposto podemos constatar que apenas 9 dos 64 lugares existentes no concelho registam mais de 1000 indivíduos residentes. Os lugares de Portimão e da Pedra Mourinha - Vale-de-Lagar destacam-se claramente dos restantes atingindo valores superiores, 14 884 e 3937 respetivamente.

Estudos de Caracterização – Fase I 105

Por outro lado, se nos concentrarmos nos lugares com menos de 150 indivíduos residente, verificamos que representam mais de metade dos lugares existentes no concelho (54%), o que comprova a ideia inicialmente destacada.

Existem mesmo dois lugares com menos de 20 indivíduos residentes – Vau da Rocha e Prainha – com 7 e 12 respetivamente.

6. Sistema de Povoamento e Urbano

O sistema de povoamento do Concelho de Portimão não se apresenta de fácil caracterização. Essa dificuldade advém da incipiente ocupação de muitas zonas do território aliado ao rápido crescimento urbano das últimas décadas. O sistema urbano é caracterizado essencialmente por um subsistema de ocupação mais densificado a Sul da E.N. 125, de caracterização mais complexa e, um outro subsistema a Norte desta via de comunicação, caracterizado pela existência de pequenos aglomerados urbanos, dispersos e de fácil delimitação e caracterização.

Mapa 11 - Sistema Urbano do Concelho

Fonte: Serviços da Câmara Municipal

Estudos de Caracterização – Fase I 106

A Sul da E.N. 125, definido como Subsistema Sul, é a área mais densamente povoada do território concelhio. Esta área, outrora caracterizada por uma nítida monopolização do aglomerado de Portimão, partilha hoje esta polarização com os aglomerados Alvor/Montes de Alvor, que se assume com cada vez mais importância.

No entanto, esta bipolarização até pode ser discutível e é, de facto, não pela falta de importância dos aglomerados Alvor/Montes de Alvor, mas pela sua atual interligação ao aglomerado urbano de Portimão, criando, desta forma, um aglomerado quase contínuo. Se analisarmos o território urbano entre Portimão e Alvor, este apresenta uma clara ocupação urbana de forma contínua. Aliás, o Instituto Nacional de Estatística define aglomerado populacional como “um conjunto de edifícios contíguos ou próximos, com dez ou mais alojamentos, a que corresponde uma designação. O conceito abrange, a nível espacial, a área envolvente onde se encontram serviços de apoio (escola, igreja, etc.)”3. Perante este conceito, esta área do território facilmente contextualiza-se dentro desta definição, transformando este subsistema aparentemente bipolarizado num único aglomerado, definido no mapa como eixo urbano Portimão/Alvor. Podemos, assim, afirmar que um conceito de bipolarização estará mais relacionado com um “preconceito” histórico da ocupação do território, que se encontra desfasado da realidade e que facilmente corre o risco de se desatualizar. Por outro lado, o conceito de uma nova monopolização concelhia (que passa a integrar toda a área do território entre Portimão e Alvor), embora um conceito mais arrojado, coaduna-se mais com a realidade da nova estrutura urbana resultante do crescimento urbano das últimas décadas, bem como com as perspetivas de crescimento.

Não obstante desta macro análise, podemos ainda referir que, dentro deste grande eixo, denominado por eixo urbano Portimão/Alvor, existem diferentes centralidades com diferentes papéis e graus de atracão. Genericamente, podemos dizer que o aglomerado de Portimão é mais atrativo ao nível dos serviços e comércio e o aglomerado de Alvor ao nível do turismo.

É ainda importante salientar dentro deste conceito de nova monopolização, que apesar das raízes históricas dos lugares, o território e a sua ocupação são dinâmicas ao longo do tempo. Por este motivo, analisar o território de modo mais integrado, não quer dizer que os lugares percam a sua própria identidade, apenas a estrutura e a sua caracterização tendem e têm de ser analisados de forma diferente.

Ainda no que se refere à caracterização do Subsistema Sul, este apresenta-se delimitado pela E.N. 125. No entanto, é de realçar que esta via já marcou de forma mais nítida a diferenciação de ocupação entre estes dois subsistemas. O que Atualmente se verifica é uma espécie de “rompimento” desta via pelo Subsistema Sul, surgindo cada vez mais áreas influenciadas por este subsistema, é o caso da Ladeira do

3 Nota: área de um lugar pode repartir-se por mais de uma freguesia. Os seus limites, em caso de dificuldade na sua clara identificação, devem ter em atenção a continuidade de construção, ou seja, os edifícios que não distem entre si mais de 200 metros. Para este efeito não se considera a descontinuidade de construção motivada por interposição de vias de comunicação, campos de futebol, logradouros, jardins, etc.

Estudos de Caracterização – Fase I 107

Vau/Malheiro. Tal facto deve-se, sobretudo, à relativa escassez de solo urbano no Subsistema Sul, que a preços por vezes proibitivos, leva a uma procura de solo urbano noutras áreas, de preferência adjacentes ou próximas do aglomerado de Portimão. Por outro lado, e em contraponto, existem também áreas a Sul desta via que se encontram preservados, nomeadamente as áreas adjacentes à Ria de Alvor, que por estarem sujeitos a medidas especiais de proteção no âmbito da Rede Natura 2000, possuem uma ocupação urbana insignificante.

No que se refere ao subsistema a Norte da E.N. 125, designado Subsistema Norte, este apresenta-se de mais fácil caracterização, resultante das fracas alterações ao longo do tempo no que se refere ao seu povoamento e estrutura urbana. Este subsistema é essencialmente caracterizado por um pequeno eixo urbano, designado por Mexilhoeira Grande/Figueira e por aglomerados de pequena dimensão nomeadamente:

1- Montes de Cima 7- Poio/Alcalar

2- Pereira 8- Cabeço Esteves

3- Senhora do Verde 9- Monte Judeu

4- Rasmalho 10- Arão

5- Monte Canelas 11- Belmonte

6- Porto de Lagos 12- Esteveira/Fontainhas

Exceção feita ao grupo de lugares de Monte Canelas, Cabeço Esteves, Monte Judeu e Belmonte, que se caracterizam por uma ocupação mais recente e sem ligação à agricultura, todos os restantes lugares caracterizam-se por uma ligação mais íntima com a terra e com a atividade agrícola. Estas diferenças estão relacionadas, essencialmente, pelo primeiro grupo ser resultado da emissão de alvarás de loteamento, e o segundo, fruto de uma ocupação histórica do território.

Em suma, o Subsistema Norte é caracterizado por uma ocupação do território caracterizado por um crescimento populacional muito incipiente, exceção feita ao grupo de lugares resultado de operações de loteamento recentes.

7. Processo de Ocupação Urbanística 7.1. Parque edificado

Neste capítulo pretende-se fazer uma análise das características do parque edificado em geral e do parque habitacional em particular, nomeadamente avaliar as condições de oferta e da procura e por outro lado uma comparação da relação do crescimento do parque edificado com o crescimento populacional.

Com esta caracterização pretende-se analisar para que áreas é que tem ocorrido a expansão urbana, que tipologia de alojamentos é que se tem vindo a construir nos últimos anos e quais são as principais carências de infraestruturas do parque habitacional.

Estudos de Caracterização – Fase I 108

a) Distribuição do n.º de edifícios

De acordo com os censos de 2001 foram contabilizados no Concelho de Portimão 11898 edifícios, o que representa um acréscimo de 12, 36% relativamente a 1991, valor inferior à região12,99% e superior ao País 9.45%.

Constata-se ainda que em 2001, Portimão foi a freguesia registou um maior número de edifícios (7761) o que corresponde a um acréscimo de 9.63% relativamente a 1991 (7014). No entanto, entre 1991-2001, Alvor foi a freguesia com maior crescimento em termos percentuais (21.78%), o que revela a recente expansão urbana para esta área territorial do concelho.

Se analisarmos a densidade dos edifícios em 2001, verifica-se que o concelho tinha uma densidade de (65.5 edifícios/Km2) valor superior quando comparativamente com a região do Algarve (32.1 edifícios/Km2).

Em 2001, a freguesia da Mexilhoeira Grande foi a que apresentou uma densidade por edifício mais baixa e por outro lado Alvor foi a que apresentou uma densidade maior.

Dos 11898 edifícios, 99.37% são principalmente residenciais, e dentro destes estão incluídos os edifícios:

 Exclusivamente residenciais, que representam 90.60%;

 Parcialmente residenciais, que representam 9.36%.

As percentagens acima, evidenciam bastante o carácter exclusivamente residencial que caracteriza o parque edificado do concelho.

Se analisarmos por freguesia, a Mexilhoeira Grande é a que apresenta uma proporção maior de edifícios exclusivamente residenciais, seguindo-se Alvor e Portimão.

b) Edifícios quanto ao carácter residencial e n.º de pavimentos

De acordo com o quadro seguinte, verifica-se que predominam as habitações unifamiliares (79.74%), enquanto os edifícios com 4 alojamentos são os menos representativos (1.37%).

Quanto ao número de pavimentos por edifício, em 1991 e 2001, os edifícios com 1 e 2 pavimentos foram os mais relevantes na região e no concelho, embora no período acima citado se tenha verificado um crescimento percentual dos edifícios com mais de 2 pavimentos inclusive, em detrimento dos edifícios com 1 pavimento.

Por outro lado os edifícios com 6 pavimentos foram os que tiveram menos expressão na região e no concelho.

Será ainda de salientar que em 1991 e 2001, no concelho de Portimão a percentagem de edifícios com 1 pavimento foi sempre inferior comparativamente com a região. Por outro lado, o concelho sempre

Estudos de Caracterização – Fase I 109

apresentou valores superiores comparativamente com a região para edifícios com 7 ou mais pavimentos, o que reflete a construção em altura de modo a rentabilizar o espaço, maximizando o custo do solo.

O período em que se construíram mais edifícios, quer a nível nacional, regional e municipal foi entre 1971- 1980. Por outro lado e de acordo com os censos de 2001, 57.2% (6809 edifícios), ou seja mais de metade dos edifícios no concelho foram construídos entre 1961-1990.

O índice idade média dos edifícios é mais baixo no concelho (30.3) comparativamente com os índices regionais (32.35) e nacionais (33.92).

Alvor é a freguesia que apresenta um índice mais baixo comparativamente com as restantes freguesias, o que revela a recente expansão urbana do concelho para essa freguesia, conforme já havia sido mencionado.

7.2. Alojamentos

Através de uma análise comparativa, verifica-se que em termos percentuais, o Concelho registou um aumento superior do número de alojamentos, comparativamente com a Região do Algarve. Ao nível da freguesia, constata-se que a freguesia de Alvor foi a que registou um maior aumento de alojamentos, seguindo-se a freguesia de Portimão e Mexilhoeira Grande.

Na tabela seguinte constata-se que o concelho e a Região apresentam valores percentuais idênticos entre o número de alojamentos e as famílias. Da análise por freguesia, constata-se que Alvor é a freguesia que apresenta uma maior relação entre o número de alojamentos e as famílias, concluindo-se que o número de alojamentos é o dobro das famílias existentes.

Quanto à forma de ocupação dos alojamentos verificamos que o Algarve detém, muito destacadamente em relação às outras regiões do País, a maior percentagem de alojamentos não afetos à residência habitual; ou seja é no Algarve que tem maior expressão o conjunto dos alojamentos classificados pelo INE quanto à forma de ocupação nas categorias de uso sazonal/ residência secundária vagos, como comprovam os seguintes quadros. Os alojamentos ocupados destinados a uso sazonal/secundário assumem menos expressão na freguesia da Mexilhoeira Grande, o que está relacionado com o fraco desenvolvimento da atividade turística.

Relativamente à forma de ocupação Vagos, os alojamentos classificados como Outros, onde se excluem os alojamentos destinados a vendas, para aluguer e para demolição, são os que têm maior expressão, ao nível do concelho.

Relativamente aos Ocupados – Uso Sazonal – em termos percentuais verificou-se uma quebra nas freguesias de Portimão e Mexilhoeira Grande e um acréscimo na freguesia de Alvor.

A densidade de alojamentos no concelho foi de 169 alojamentos por Km2, valor superior à densidade dos alojamentos a nível regional 56 alojamentos por Km2.

Estudos de Caracterização – Fase I 110

Ao nível das freguesias, a Mexilhoeira Grande é a que apresenta uma densidade mais baixa 22 alojamentos por Km2, enquanto Portimão é a que apresenta uma densidade mais elevada 326 alojamentos por Km2.

O rácio médio de alojamentos/edifício, no concelho foi 2.55, valor bastante superior quando comparado com os indicadores regionais e nacionais, que foram respetivamente 1.72 e 1.59.

Por outro lado, constata-se que Portimão foi a freguesia que apresentou um rácio maior 3.13, o que reflete a forte densidade urbana.

Relativamente às tipologias dos fogos licenciados, no concelho, constata-se que as tipologias predominantes são o T0, T1 e T2, todas elas com valores muito aproximados, seguindo-se o T3 e o T4. As tipologias superiores a T4, são as que têm menor expressão.

Ao analisarmos as licenças concedidas por freguesia, constata-se que a tipologia predominante na freguesia de Portimão é o T2 e assumem ainda alguma expressão as tipologias T3 e T1. Na freguesia de Alvor a tipologia predominante continua a ser o T2, seguindo-se o T0 ou T1 e T3. Na freguesia da Mexilhoeira Grande, a situação é um pouco diferente, relativamente às restantes freguesias, sendo a tipologia dominante o T3, seguindo-se o T2 e por ultimo o T0 e T1, que apresentam valores muito semelhantes.

Conclusões

 As licenças emitidas para construção de novas habitações são as mais representativas, o que tem conduzido à expansão da cidade para sítios cada vez mais periféricos em detrimento e abandono das zonas mais antigas da cidade.

7.3. Licenças de Construção para fins Turísticos

Interessa, também, visualizar a evolução do número de licenças concedidas para fins turísticos. Para podermos ter meio de comparação, analisamos os dados referentes a Portugal continental, à Região do Algarve e ao Concelho de Portimão.

Não nos foi possível obter todos os dados pretendidos, uma vez que o INE não os tinha disponíveis. Contudo, os dados recolhidos são expressivos e retratam a situação existente de maneira clara e objetiva.

A Região do Algarve concedeu 13% das licenças emitidas em Portugal Continental para o período de tempo em análise.

7.4. Contratos promessa de compra e venda

No concelho de Portimão, 94.37% dos contratos referiam-se a prédios urbanos (aproximadamente 48 Milhões €), 1.91% a prédios rústicos (9627€) e 3.72% a prédios mistos (18757€). Na região do Algarve dos cerca de 42 Milhões €, 85.8% referiam-se a prédios urbanos (3565371 €), 7.64% a prédios rústicos (317390 €) e 6.57% a prédios mistos (273117€).

Estudos de Caracterização – Fase I 111

7.5. Credito habitação

O crédito concedido à habitação é em média de 11725€ por habitante, valor superior quando comparado com a região do Algarve.

7.6. Prédios transacionados

Como consequência da pressão urbanística que é exercida na Região do Algarve o valor médio dos prédios transacionados nesta região encontrava-se entre os mais elevados do País. Em média, em 2007, os prédios urbanos da Região do Algarve eram vendidos por 166.497 € enquanto os prédios rústicos atingiam os 164.878 €. Em Portimão, o valore médios dos prédios transacionados, no mesmo período de tempo era para os urbanos de 116.657 € e para os rústicos 155.281 € respetivamente.

Já no que respeita ao valor das rendas com habitação, Portimão tinha em 2001, um registo mensal de 303 €. Cerca de 20 % das rendas situam-se entre os 299,28 e os 399,3 € e apenas 1 % apresentam um valor superior aos 498,80 € mensais.

8. Sector de Habitação

Pretende-se avaliar a dinâmica de construção e transformação do parque edificado em geral e do habitacional, em particular, nos últimos 20 anos, através da evolução do número de licenças emitidas pela Câmara Municipal de Portimão para Obras de Novas Edificações.

O fator litoralidade parece ser determinante na expressividade do número de licenças concedidas pelo Município. Trata-se de um concelho sujeito a uma grande pressão urbanística devido às suas condições favoráveis e extremamente atrativas.

8.1. Licenças de Construção

Através da leitura do gráfico e do quadro acima expostos, podemos verificar um acentuado aumento do número de licenças concedidas para obras de novas edificações até ao ano de 1999. Esta tendência sofreu um decréscimo com a entrada no novo milénio até ao ano de 2003. Um novo aumento retomou o ritmo enérgico, até ao ano de 2007 registou novamente um aumento significativo do número de licenças emitidas.

Os dados foram obtidos através da aplicação de Urbanismo da Câmara Municipal de Portimão. Os valores referem-se às construções novas licenciadas quer através da emissão de alvarás de autorização de obras de construção (AAOE) quer através emissão de alvarás de licenciamento de obras de construção (ALOE) em conformidade com o disposto no DL n.º 555/99 com as alterações introduzidas pelo DL n.º136/14 de 9 de setembro.

Estudos de Caracterização – Fase I 112

Ao analisarmos a distribuição de licenças concedidas para obras por freguesia, constata-se que a Freguesia de Portimão é a que apresenta maior número de licenças concedidas, seguindo-se as freguesias de Alvor e Mexilhoeira Grande.

a) Licenças concedidas segundo o Tipo de Obra

A nível Concelhio as licenças concedidas por tipo de obra distribuem-se por Construções Novas, Ampliação, Alteração e Reconstrução.

As construções novas representam 95% das licenças concedidas por tipo de obra. Este valor é extremamente representativo e expressivo.

Este facto, pressupõe um maior interesse para novas construções e um menor para a requalificação do parque habitacional existente no concelho.

A pouca expressividade dos restantes tipos de obra é bem identificada quando comparamos os valores registados. De tudo isto, podemos concluir que as ampliações representam 2,5% do total de licenças concedidas e as Alterações e Reconstruções 2 e 0.2%, respetivamente. Somados, estes três tipos de obra não perfazem os 5%.

A Habitação é o destino de obra que mais licenças obtêm quer para construções novas quer para ampliações, alterações e reconstruções. Das licenças concedidas para habitação, 96% destinaram-se a construções novas, e apenas 4% para ampliações, alterações e reconstruções.

Destrinçando o destino de obra – Outros – podemos mencionar os seguintes destinos: Indústria, Hotelaria, Comércio, Equipamentos e Serviços.

O maior número de licenças emitidas foi para habitação, seguindo-se para comércio, Indústria e Equipamentos e Serviços, embora estes últimos pouco representativos (totalizando os 2%).

O ritmo de emissão de licenças concedidas pela Câmara Municipal de Portimão conheceu uma evolução relativamente moderada. b) Evolução do Número de Licenças e Autorizações concedidas para Novas Obras de Edificação

Através do Programa Informático de Urbanismo da Câmara Municipal de Portimão podemos obter dados fidedignos, a partir do ano de 2003, relativamente ao número de licenças concedidas para novas edificações. Para além disto, podemos também destrinçar esta informação contabilizando as que são Autorizações e as que são Licenças.

Estudos de Caracterização – Fase I 113

Foram emitidos mais alvarás de autorização do que de licenciamento. Este facto, pressupõe um melhor planeamento urbanístico, na medida em que estas construções ao serem edificadas em zonas de alvarás de loteamento têm à partida melhores infraestruturas que implicam um maior planeamento a montante e consequentemente um maior ordenamento do território a jusante.

8.2. Parque Habitacional Camarário

O Parque Habitacional camarário é bastante extenso e heterogéneo. O património habitacional do Município de Portimão é constituído por cinco bairros de habitação social e habitações dispersas, num total de 726 fogos.

8.2.1. Necessidades Habitacionais

Existem 1064 processos de necessidade habitacional instruídos na Divisão de Habitação, desde 1994. Destes 1064 processos, 164 são considerados emergentes.

Foi recentemente criada uma nova e inovadora resposta aos munícipes com necessidade habitacional – atribuição de um subsídio ao arrendamento – que permite o acesso ao mercado privado de arrendamento, como medida alternativa à habitação social no Concelho e contribui para a eliminação de situações de precariedade habitacional. Este subsídio é concedido mensalmente por um período de um ano, renovável até 5 anos.

Famílias do concelho com carência habitacional e em situação económica desfavorável com processo de necessidade habitacional, num total de 1064, cuja caracterização é a seguinte:

A estes valores, acrescem ainda 46 pedidos de habitação (sem processo de necessidade habitacional constituído) e 143 pedidos para aquisição de casa própria em regime de CDH’s.

Atendendo às carências habitacionais neste concelho e com o objetivo de minimizar, um curto espaço de tempo esta situação encontram-se a decorrer os seguintes procedimentos:

 Concurso Público de “Aquisição de Fogos para Habitação Social”

 “Empreitada de construção de 32 fogos em regime de CDH’s no Alto das Cardosas, Boavista”

 Operação de loteamento da Coca Maravilhas. Sendo assim possível, a construção de 17 novos edifícios num total aproximado de 150 fogos, destinando-se a arrendamento e a venda em regime de propriedade resolúvel.

8.2.2. Erradicação de Barracas

Atualmente existem 81 barracas, todas recenseadas no IHRU, distribuídas pelos seguintes núcleos:

Estudos de Caracterização – Fase I 114

- Núcleo da C.P., 6 barracas;

- Núcleo do Bairro Pontal, 3 barracas;

- Núcleo do Fojo, 3 barracas;

- Núcleo Vale França, 4 barracas;

- Núcleo Alto do Quintão/Parque da Juventude, 2 barracas;

- Núcleo Av. 25 de Abril/ Cedipraia, 2 barracas;

- Núcleo da Esteveira/Mexilhoeira Grande, 12 barracas;

- Núcleo do Mercado/Cemitério, 18 barracas;

- Núcleo do Vale da Arrancada, 10 barracas.

- Núcleo do Barranco do Rodrigo, 21 barracas

A erradicação das barracas do Concelho é uma das principais prioridades da Autarquia que tem envidado todos os esforços para, por um lado, realojar as famílias abrangidas pelo Levantamento de Barracas efetuado em 1998 e por outro conter a proliferação de novas barracas ou casas clandestinas. São exemplos desta atividade os Bairros da Cruz da Parteira, a Urbanização Miracabo, nas Cardosas e o Bairro dos Montes de Alvor, construídos com financiamento do INH, no âmbito do Programa de Realojamento para a população residente em barracas.

Apesar das dificuldades apontadas em matéria de realojamento a Autarquia têm vindo a fazer um esforço continuado no sentido da demolição de barracas. Assim, entre 1999 e 2008 foram demolidas 147 barracas e realojados os respetivos habitantes.

A estes valores, acresce a demolição de 32 barracas clandestinas, no Cabeço do Mocho, no ano de 2008. Nos últimos anos, esta Autarquia tem estabelecido várias parcerias com empresas construtoras e o IHRU, para a Construção de habitação a custos controlados, o que se tem revelado uma boa estratégia, uma vez que estes acordos obrigam a vendas dos fogos em 70% a agregados com processo de necessidade habitacional instruído na Divisão de Habitação. Nos anos de 2007 e 2008 podemos destacar:

9. Alvarás de loteamento emitidos 9.1. Breve caracterização

Os alvarás de loteamento emitidos foram surgindo de um modo aleatório pelos diversos espaços urbanos e urbanizáveis previstos na planta de ordenamento do PDM, ou seja resultaram essencialmente da iniciativa dos promotores particulares e do mercado imobiliário e especulativo.

Foi feita uma análise da distribuição dos alvarás de loteamento emitidos pelas diversas classes de espaço definidas na planta de ordenamento do PDM, constatando-se que dos alvarás de loteamento emitidos:

Estudos de Caracterização – Fase I 115

- 67% estão inseridos nos espaços urbanizáveis;

- 31% estão inseridos nos espaços urbanos;

- 1% está inserido no espaço Industrial proposto no PDM em vigor, localizado no Vale da Arrancada;

- 2 correspondem a áreas de intervenção de PMOT´s entretanto o Plano de Urbanização do Morgado do Reguengo e o Plano de Pormenor do Escampadinho.

Se fizermos uma análise da distribuição do n.º de alvarás de loteamento emitidos por freguesia, constata- se que a freguesia de Portimão foi a que registou maior n.º de alvarás, seguindo-se as freguesias de Alvor e da Mexilhoeira Grande.

9.2. Análise de vários parâmetros urbanísticos previstos nos Alvarás de Loteamento Emitidos

Se analisarmos a distribuição da área a lotear prevista nos alvarás de loteamento, por freguesia, constata-se que a freguesia de Portimão é a que regista valor mais elevado.

Se analisarmos a distribuição do n.º de lotes, por freguesia, constata-se que a freguesia de Portimão é a que continua a apresentar maior n.º de lotes.

Analisando por freguesia, constata-se que Portimão é a freguesia com a maior percentagem de fogos de habitação coletiva e unifamiliares previstos nos alvarás de loteamento emitidos. No entanto, verifica-se na freguesia de Portimão que a percentagem de fogos de habitação coletiva é bastante superior relativamente aos fogos previstos para habitação unifamiliar. Por outro lado, verifica-se um aumento em termos percentuais dos fogos previstos para habitação unifamiliar nas freguesias de Alvor e Mexilhoeira Grande.

As tipologias predominantes nos fogos previstos para habitação coletiva são o T2 e T3. Para habitação unifamiliar a tipologia predominante é o T3. As tipologias não especificadas assumem expressão quer nos fogos previstos para habitação coletiva quer para habitação unifamiliar.

Se analisarmos por freguesia, constata-se que em todas as freguesias as tipologias predominantes na habitação coletiva são os T2 e T3. Na freguesia de Portimão além dessas tipologias, as não especificadas também assumem expressão.

Por outro lado, as tipologias predominantes na habitação unifamiliar na freguesia de Portimão são o T2 e T4. Nas freguesias de Alvor e Mexilhoeira Grande o T3 e as tipologias não especificadas são as mais relevantes.

Estudos de Caracterização – Fase I 116

9.3. Usos previstos nos Alvarás de Loteamento Emitidos

Após análise dos vários alvarás de loteamentos emitidos, constataram-se os seguintes usos: habitação, comércio /serviços e Turismo (que inclui meios complementares de alojamento hoteleiro, Meios Complementares de Alojamento Turístico e Alojamento Hoteleiro) indústria e equipamentos e outros.

Conforma ilustra o gráfico constata-se que o uso dominante é a habitação, seguindo - se o comércio/serviços e turismo com idênticas percentagens e praticamente insignificante os usos para indústria e equipamentos.

Uso turístico - convém salientar que foram emitidos 2 alvarás de loteamento que preveem áreas de construção destinadas ao turismo, nomeadamente o que abrange a área de intervenção do Plano de Urbanização do Morgado do Reguengo e o outro na zona urbana consolidada da Praia da Rocha, que prevê uma unidade Hoteleira.

Uso Industrial - foram emitidos dois alvarás de loteamento, ambos localizados na freguesia de Portimão:

Uso Comercial e de Serviços (C/S) - foram emitidos vários loteamentos que preveem além do comércio e serviços outro tipo de usos.

Será ainda de salientar que foi emitido um alvará de loteamento (n.º6/2006) situado na Pedra Mourinha, que se encontra ainda por consolidar e que se destina a comércio/serviços e indústria, estando prevista uma área de construção de 7158 m2.. Equipamentos previstos – os dois únicos alvarás de loteamento emitidos no ano de 1997, promovidos pela Câmara Municipal, destinaram-se exclusivamente a equipamentos, nomeadamente:

- Alvará de loteamento n.º1/97, localizado na Pedra Mourinha, constituído apenas por um lote que se destinou ao Posto da GNR;

- Alvará de loteamento n.º2/97, localizado na Mexilhoeira Grande, constituído por 2 lotes, um destinado à Escola Básica e outro a Centro Social.

- Será ainda de salientar que no período em análise foi emitido 1 alvará de loteamento (1/2005), com 1 lote destinado a equipamento de carácter particular.

9.4. Promotores

Tal como já foi mencionado, os alvarás de loteamento têm sido essencialmente promovidos por particulares. Dos 9 alvarás de loteamento promovidos pela Câmara, 2 destinaram-se a equipamentos e indústria, e os restantes a habitação, conforme se pode constatar na tabela abaixo com a distribuição por freguesia.

Estudos de Caracterização – Fase I 117

9.5. Conclusões Podemos concluir que: - Dos alvarás de loteamento emitidos, a maioria foi de iniciativa privada, registando-se 9 de iniciativa da câmara, os quais se destinaram essencialmente a promover habitação; - Dos alvarás emitidos, a maioria localiza-se em espaços urbanizáveis, definidos na planta de ordenamento do PDM; - Constata-se igualmente que não existe uma relação direta entre os anos com maior número de alvarás de loteamento emitidos e as respetivas áreas a lotear e de construção daí resultantes. Os anos de 2007 e 2008 foram os que registaram mais área a lotear, o que se deve essencialmente à emissão do alvará de loteamento para a 1.ª fase do PU do Morgado do Reguengo e do alvará de loteamento para o PP do Escampadinho. Em 2008 registou-se uma subida vertiginosa no aumento da área de construção e que tal como já foi referido, deveu-se à emissão do alvará de loteamento para o PP do Escampadinho, com 258781,01 m2 de área bruta de construção, o que representa 80,2% da área total de construção resultante da emissão dos alvarás de loteamento emitidos nesse ano. - O uso predominante nos alvarás emitidos é a habitação com 62,4%, sendo que a habitação coletiva representa 85,97% e a habitação unifamiliar 14,03%. - Dos alvarás de loteamento emitidos que tiveram maior impacto no crescimento urbanístico, destacam- se os alvará de loteamento de 2/2007, e 1/2008 com 177,57 ha e 280,8 há respetivamente de área a lotear. Ambos localizados no interior do concelho, a Norte da A22, o primeiro com uma vocação essencialmente turística e o segundo com vocação turística e destinado também aos desportos motorizados. Além destes alvarás, salientam-se também outros, embora com menor impacto no crescimento urbanístico do Concelho, localizados a Sul da EN 125, nomeadamente:

10. Unidades Operativas de Planeamento e Gestão 10.1. Breve Enquadramento dos Diversos Planos de Urbanização e de Pormenor publicados e em elaboração

No PDM estão definidas 7 Unidades Operativas de Planeamento e Gestão a submeter a planos de urbanização ou de pormenor, nomeadamente:

UP1 – UOPG do Vau - Vale de França;

UP2- UOPG Alto do Poço e Alvor;

UP3 – UOPG Área de Implementação de Hotelaria Tradicional;

UP4 – UOPG dos Aglomerados da Companheira;

UP5 – UOPG Área de Turismo Náutico e Comercial do Rio Arade;

UP6 – UOPG Espaços e Equipamentos;

Estudos de Caracterização – Fase I 118

UP7 – UOPG Área de Paisagem Protegida da Ria de Alvor.

Além das áreas delimitadas na Planta de Ordenamento do PDM sujeitas a planos de urbanização ou de pormenor, houve a necessidade de submeter outras áreas a planos de pormenor.

A área do concelho afeta a Planos de Urbanização e de Pormenor publicados e em elaboração é de 1219,2 ha, o que representa 6,6% da área total do concelho, conforme se pode ver na tabela abaixo. Dos planos de urbanização e de pormenor em elaboração e já publicados há que diferenciar os que se localizam a Norte e a Sul da A22:

A Norte da A22 - o PP do Escampadinho e o PU do Morgado do Reguengo, já publicados perfazem a área total de 647,6 ha e são os que assumem maior relevância territorial. Nestes planos estão consubstanciados projetos estruturantes e estratégicos que pretendem, por um lado, promover o desenvolvimento do interior do concelho e, por outro, diversificar a oferta turística e económica, de forma a proporcionar condições alternativas ao turismo sazonal de Sol e Praia.

A área de intervenção do PU do Morgado do Reguengo está inserida na Área de Aptidão Turística delimitada na Planta de Ordenamento do PDM. A área de intervenção do PP do Escampadinho abrange, além da área parcial da UP6 (destinada à implantação de equipamentos), outras áreas classificadas de acordo com a planta de ordenamento do PDM:

A Sul da A22, há que distinguir dois tipos de situações:

Planos localizados fora do perímetro urbano:

- Os planos de urbanização da UP2 e UP3 e o PP do Barranco do Rodrigo têm como principais objetivos:

i) Definir a organização espacial, que engloba solo rural e que exige uma intervenção integrada de planeamento;

ii) Privilegiar a consolidação do tecido urbano, integrando e fechando as malhas urbanas existentes, promovendo a sua qualificação ambiental;

iii) Promover a estruturação das áreas de expansão urbana e a sua articulação com o tecido urbano.

Será de salientar que estes planos, além de se localizarem fora do perímetro urbano, estão inseridos na totalidade ou parcialmente nas UOPGs delimitadas na planta de. i) PP da Horta do Palácio – Atualmente em elaboração, inserido no espaço urbano consolidado da cidade de Portimão tem por objetivo requalificar e revitalizar a zona central da cidade, de forma a dinamiza-la e melhorar a sua imagem;

Estudos de Caracterização – Fase I 119

ii) PP dos aglomerados da Companheira, Vendas, Ladeira do Vau e a área do entreposto comercial, corresponde à área da UP4 delimitada na planta de ordenamento do PDM e “visa regular a implantação de vários equipamentos de natureza público/privada e desenvolver e concretizar a forma e conteúdo urbanísticos estabelecendo as necessárias relações com o espaço envolvente da área da UP4.” iii) PU da UP5 da Área de Turismo Náutico e Comercial do rio Arade - parcialmente inserido no perímetro urbano da cidade, tem por objetivo “reforçar a integração urbana da área em causa na cidade de Portimão, promovendo a requalificação de toda a frente ribeirinha envolvendo, quer a reconversão funcional e urbana das áreas consolidadas, quer a estruturação das áreas de expansão urbana e a sua articulação com o tecido urbano de Portimão”; iv) PP das Taipas - tem por objetivo promover “o ordenamento da dinâmica urbanística na franja do perímetro urbano Norte da Cidade de Portimão , …para a criação de uma área comercial/serviços e uma área residencial”.

10.2. Classes de espaço que intercetam os vários planos publicados

Para efeitos de análise e tendo em conta as várias qualificações do solo definidas nos planos publicados, consideraram-se as seguintes classes de espaços:

Espaços Urbanizáveis – solos cuja urbanização é possível programar, suscetíveis de virem a ser infra- estruturados, e poderão vir a adquirir características urbanas e destinam-se ao turismo, habitação, comércio e serviços;

Espaços urbanos - caracterizados pelo elevado nível de infra-estruturação e concentração de edificações, onde o solo se destina predominantemente à construção para turismo, habitação, comércio e serviços;

Espaços de Uso Portuário – caracterizados pelo elevado nível de infra-estruturação e aptidão para funções de carácter portuário;

Espaços verdes de proteção - Estrutura Ecológica – Incluem a estrutura ecológica principal e secundária, bem como os espaços verdes de enquadramento, proteção e lazer;

Espaços Naturais – incluem as zonas de equilíbrio e proteção ambiental destinados à conservação dos recursos naturais e à salvaguarda dos valores paisagísticos e as Arribas e Falésias bem como as respetivas faixas de proteção;

Espaços de equipamento - incluem os espaços destinados a equipamentos de carácter privado e público;

Áreas de golfe – destinadas à prática de golfe, incluindo campos, clubes de golfe e edificações destinadas à sua manutenção;

Estudos de Caracterização – Fase I 120

10.3. Tipos de usos previstos nos vários planos publicados

Nos planos publicados foram previstos os seguintes usos: a) Habitação; b) Turismo - inclui estabelecimentos hoteleiros, apartamentos turísticos e meios complementares de alojamento turístico; c) Comércio e Serviços; d) Equipamentos d) Espaços verdes e de Proteção, inclui os seguintes espaços:

- De reserva de água com funções de amenizador ambiental, enquadramento paisagístico e de lazer;

- De proteção e enquadramento - predominantemente a renaturalizar, com um nível reduzido de transformação e podendo acolher instalações técnicas e instalações de recreio/lazer/desporto/restauração e bebidas;

- Verdes de enquadramento que correspondem na generalidade, a áreas envolventes de edificações, infraestruturas e equipamentos a construírem, integrando parcialmente áreas de RAN e REN; e) Espaços Naturais e de Conservação da Natureza integram os seguintes espaços:

- Planos de água (definidos na UP5) - visam a valorização ambiental e paisagística das zonas onde se inserem e o suporte a atividades lúdicas complementares;

- Espaços verdes de equilíbrio e proteção ambiental (definidos na UP2), destinados à conservação dos recursos naturais e à salvaguarda dois valores paisagísticos;

- Proteção às linhas de água;

- Faixa de proteção das arribas e falésias;

- Domínio público marítimo;

- Áreas classificadas pelo POOC Burgau - Vilamoura como “espaços verdes de enquadramento”; f) Agricultura g) Áreas de Golfe h) Uso portuário que inclui a zona militar e sector de comércio e passageiros

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Constata-se que:

- O uso turístico é predominante relativamente aos outros tipos de usos. No entanto, convêm salientar que neste uso estão inseridas as seguintes modalidades:

a) Unidades hoteleiras – estão previstas 4 unidades hoteleiras de 4ou 5*, em que estão previstos 611 quartos, 3 das quais na faixa litoral, na área de intervenção do plano de urbanização da UP3, e uma no interior do concelho, na área de intervenção do PP do Escampadinho. Além dessas unidades hoteleiras, está ainda prevista outra unidade hoteleira no plano de urbanização do Morgado do Reguengo, em que estão previstas 360 camas;

b) Alojamento turístico, que inclui meios complementares de alojamento turístico e apartamentos turísticos.

Será de salientar, que dois dos planos publicados estavam inseridos em unidades operativas de planeamento e gestão, vocacionadas para o uso turístico, nomeadamente o PU do Morgado do Reguengo (inserido na Área de Aptidão Turística) e o plano de Urbanização da UP3, de hotelaria tradicional. Dos planos publicados apenas um não prevê qualquer uso turístico.

- A seguir ao uso turístico, segue-se a preservação com os espaços naturais e os espaços de proteção com percentagens muito idênticas;

- As áreas afetas ao recreio e lazer, nomeadamente as destinadas a equipamentos e áreas de golfe assumem também bastante relevância e essencialmente no PP do Escampadinho (apresenta uma área destinada a equipamentos que representa 91.80% do total das áreas afetas a esse tipo de uso) e o Plano de Urbanização do Morgado do Reguengo ( o único onde está definida área de golfe).

- A agricultura e o comércio e serviços são os usos com menos relevância. Apenas dois planos definem espaços afetos à agricultura (planos de urbanização da UP2 e Morgado do Reguengo) e o uso para comércio e serviços está definido nos espaços urbanos da UP5 (ACL – áreas Comerciais e de Lazer), Plano de Pormenor do Escampadinho (destinado ao Parque Tecnológico) e no Plano de Pormenor do Barranco do Rodrigo.

10.4. Conclusões

- Das UOPGs previstas no PDM todas foram sujeitas à elaboração de planos de urbanização ou de pormenor, à exceção da UP7;

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- Será de salientar que quase todas as UOPGs definidas no PDM, a submeter à elaboração de Planos de Urbanização ou de Pormenor, localizam-se fora dos perímetros urbanos dos núcleos urbanos. Essa situação promoveu a expansão urbana para duas zonas distintas: a) Junto à faixa litoral, para zonas cada vez mais periféricas do centro da cidade, conduzindo à constituição e consolidação de um novo sistema urbano, entre Portimão e Alvor, praticamente contínuo, não só pelas construções já existentes (a maioria inseridas em ZOTs) e que será reforçado com a execução dos planos de urbanização da UP3, UP2 e PP do Barranco do Rodrigo; b) Para o interior do Concelho, com a constituição de dois 2 novos núcleos urbanos, associados a projetos estruturantes e estratégicos, em que se despectiva que promovam por um lado o desenvolvimento sócio - económico do interior e por outro a diversificação da oferta turística criando condições alternativas ao turismo de sol e praia. Em ambos os planos está previsto um uso turístico (através da construção de unidades hoteleiras, Apartamentos Turísticos, Comércio, e meios complementares de alojamento turístico) que será complementada no caso do PP do Escampadinho com os equipamentos previstos (o Autódromo, Kartódromo e Complexo Desportivo) e Serviços/Comércio (Parque tecnológico) e no caso do PU do Morgado do Reguengo serão complementado com os campos de golfe e todos os espaços verdes de enquadramento paisagístico e de recreio e lazer.

- Para além das áreas definidas nas UOPGs, houve também a necessidade de submeter outras áreas, situadas dentro do perímetro urbano de Portimão à elaboração de Planos de pormenor, de forma a revitalizar e dinamizar a zona central da cidade, que cada vez se encontra mais votada ao abandono, encontrando-se Atualmente três áreas dentro do perímetro sujeitas à elaboração de planos de pormenor e de estudos de reconversão urbanística;

- Das interceção das várias classes de espaços que intercetam os planos publicados conclui-se que os espaços urbanizáveis são os que assumem maior destaque;

- Dos usos previstos o turístico é o mais relevante.

11. Ocupação do Solo Urbano

O presente capítulo pretende analisar a evolução da ocupação do solo urbanizável entre 1995 (após a data de publicação do PDM) e 2014. No Concelho de Portimão, desde 1995, o espaço urbano ocupado evoluiu de forma bastante significativa. De acordo com a planta de ordenamento do PDM-P, estão inseridos em espaço urbano 652,7 ha, dos quais 564,5 ha dentro do perímetro urbano de Portimão. O PDM-P em vigor destinou um total de 652,7 ha para espaço urbano, sendo 564,5 ha dentro do perímetro urbano de Portimão. Previa ainda para espaços urbanizáveis 560,1 ha, dos quais 420,6 ha inseridos no perímetro urbano de Portimão. Através

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da tabela abaixo, podemos sintetizar o que foi descrito, evidenciando melhor a relação entre os valores referidos. Atualmente, decorrido cerca de 20 anos, encontram-se ainda livres no total do município 174,2 ha, sendo a maior parte (135,1ha) localizado no perímetro urbano de Portimão. Atualmente, decorrido cerca de 20 anos, encontram-se ainda livres no total do município 174,2ha, sendo a maior parte (135,1ha) localizado no perímetro urbano de Portimão.

Em relação à taxa de ocupação dos perímetros urbanos facilmente apuramos que relativamente aos perímetros urbanos da Aldeia das Sobreiras e da Companheira, no que se refere ao espaço urbanizável, não foram ocupadas quaisquer áreas dignas de salientar.

Em relação ao espaço destinado a equipamentos em espaços urbanizáveis, é de destacar que as áreas que serão aqui referidas já estão contabilizadas nos espaços urbanizáveis e respetivas áreas livres e ocupadas. Isto acontece, uma vez que as “áreas para implementação de outros equipamentos” sobrepõem-se com as zonas de expansão urbana definidas na planta de ordenamento do PDM-P.

Apesar disto, podemos destrinçar dentro destas áreas aquilo que se encontra ocupado e livre. Dentro do perímetro urbano de Portimão estava previsto uma área de 63,9 ha destinado a equipamentos. Atualmente apenas se encontram livres 37,5 ha, que corresponde a 32,3 ha ao espaço destinado a equipamento situado a Nascente do Hospital, 2,7 ha sobe jante do Mercado por Grosso e 2,5 referente à área localizada na Raminha. Nos outros perímetros urbanos, aqueles que apresentam maiores áreas livres destinadas a equipamentos são:

 A Quatro-estradas, com 10,2 ha, que corresponde a área destinada ao Campus Universitário;

 A Mexilhoeira Grande com 6,5 ha;

 Figueira 3,4 ha.

Fora dos Perímetros urbanos ainda existem dois espaços que se encontram livres, na área a nascente do Malheiro.

Em relação ao Espaço Industrial o PDM em vigor previu cerca de 27,5 ha, para além dos 26,5 ha existentes em 1995. Dos 27,5 ha previstos, 18,8 ha encontram-se ocupados e 8,7 livres. Estes hectares livres estão localizados no perímetro urbano de Portimão, na área industrial do Vale da Arrancada.

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No que se refere ao espaço turístico estava previsto em sede do PDM, 963,5 ha, 442,1 ha referente a Zonas de Ocupação Turística e 521,4 ha referente a Áreas de Aptidão Turística. No total do Concelho de Portimão apenas permanecem ainda livre 7,6 ha do espaço de ZOT.

Se analisarmos a taxa de Ocupação dos perímetros urbanos, ou seja, não diz respeito à ocupação somente dos espaços urbanizáveis, mas a ocupação destes mesmos espaços em relação à área do perímetro urbano, concluímos através do gráfico abaixo, que seis dos dez perímetros urbanos não atingiram os 80% da ocupação. Este valor foi definido pelo PROTAL como patamar para o aumento dos perímetros urbanos, isto é, apenas será permitido o alargamento de perímetro, aqueles que pelo menos 80% da sua área se encontre ocupada.

Para tentar esclarecer e assentar melhor a metodologia utilizada, as áreas livres foram demarcadas por não possuírem qualquer Alvará de Loteamento emitido, qualquer tipo de compromisso, por não se encontrarem em sobreposição com edificação apreciável e, por fim, que não estivesse inserido em áreas non edificandi do PDM-P em vigor, tais como, Zonas Verde de Equilíbrio e Proteção Ambiental, Faixas de Proteção, Povoamento Florestal.

CAPITULO VIII - ANÁLISE SWOT

A partir dos vários estudos de caracterização sectoriais, foi elaborado o seguinte quadro de diagnóstico de acordo com a metodologia da análise SWOT e que resultou do cruzamento dos pontos fortes, fracos, debilidades e oportunidades identificados nas diversas análises sectoriais.

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Tabela 10 – Análise SWOT

Pontos Fortes Pontos Fracos Oportunidades Ameaças

. Povoamento disperso no interior e forte pressão . Políticas de incentivo à reabilitação urbana e a . Concorrência de outros destinos turísticos . Existência de planos de ordenamento e de urbanística no litoral projetos de valorização, estudo e salvaguarda do nacionais e internacionais salvaguarda para além dos previstos no PDM património natural e cultural . Prevalência de edificações novas em detrimento da . Globalização da economia com . Principal pólo urbano do Barlavento, com elevada requalificação/reconstrução, com crescente degradação do . Crescentes exigências internacionais em matéria deslocalização de investimentos dinâmica e atratividade património urbano de certificação ambiental . Descaracterização de áreas com valor . Existência de espaço urbanizável livre. . Escassez de pólos para o desenvolvimento industrial e . Crescente procura do interior do concelho para ambiental, paisagístico e patrimonial empresarial. desenvolvimento de novos investimentos . Boas acessibilidades intermunicipais e regionais . Perca de fatores identitários da . Rede de equipamentos e serviços estruturados, . Desadequação da rede ferroviária às necessidades atuais e . Afirmação de Portimão enquanto pólo regional comunidade local nas áreas da saúde, desporto, educação, cultura, inexistência de gare inter-modal de fixação de recursos, equipamentos e fluxos de investimento . Alterações na configuração da costa, em segurança, comércio e turismo . Insuficiente articulação da malha urbana (rede viária, resultado de dinâmicas naturais . Existência de áreas, protegidas e de grande espaços verdes, estacionamento) . Apetência de mercado para produtos relacionados com a natureza, património, cultura, . Crescimento da insegurança e biodiversidade e riqueza de recursos potenciados . Subaproveitamento do porto comercial de Portimão marginalidade pelos fatores naturais e climáticos ócio e recreio . Incidência sazonal do turismo na economia e na qualidade . Eficiente sistema de saneamento básico . Crescente interesse pela utilização das energias do ambiente urbano alternativas (solar, eólica, biomassa, etc.) . População jovem em crescimento . Reduzida concretização de projetos dinamizadores e de . Crescimento do mercado do turismo sénior, . Política sustentável em matéria de educação, qualificação da oferta na área do turismo e de articulação desporto, cultura, saúde, cruzeiros e negócios, cultura e desporto com outros sectores com impacte no decréscimo da sazonalidade . Grande capacidade e experiência no sector . Falta de sustentabilidade na utilização de áreas . Navegabilidade do Rio Arade terciário, turismo e serviços ambientalmente sensíveis . Existência de capacidade técnica e humana . Fraca dinâmica e capacidade inovadora dos agentes económicos e fragilidade associativa . Presença de elementos patrimoniais importantes . Insuficiência de competências de formação e de inovação . Valorização da identidade de Portimão e Plano de tecnológica Marketing Municipal . Persistência de pólos patrimoniais pouco valorizados . Gastronomia rica e variada . Fraca dinâmica intermunicipal . Agenda Local 21 . Insuficiente “massa crítica”

Fonte: Elaborado pelos Serviços da CMP

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BIBLIOGRAFIA

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA, (2007) Anuário Estatístico do Algarve: 2006, INE.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA, (2007) Estatísticas Demográficas: 2007, INE.

PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000

PLANO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DAS RIBEIRAS DO ALGARVE

PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DO TURISMO

PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DO ALGARVE

PLANO DE ORDENAMENTO DA ORLA COSTEIRA BURGAU-VILAMOURA

PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO ALGARVE

PLANO ESTRATÉGICO DO ARADE

AGENDA 21 LOCAL PORTIMÃO, (2007).

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