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branco O CATALINA NO BRASIL INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA Rio de Janeiro 2015 FICHA TÉCNICA O CATALINA NO BRASIL Edição Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica Editor Responsável Maj Brig Ar R/1 Wilmar Terroso Freitas Autor Cel Av Refm Aparecido Camazano Alamino Projeto Gráfico Seção de Tecnologia da Informação Capa 3S Tiago de Oliveira e Souza Ilustrações Rudnei Dias da Cunha Impressão INGRAFOTO Os direitos autorais desta edição pertencem ao Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica. Rio de Janeiro 2015 Apresentação O Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, na sua missão de contribuir para a pesquisa, preservação e divulgação dos episódios marcantes da história da aeronáutica brasileira, bem como das personalidades que, neles, tiveram participação notável, já produziu e editou cerca de três dezenas de opúsculos, relatando acontecimentos e enaltecendo seus protagonistas. Em uma pesquisa recente, mais aprofundada, verificamos que o avião, presença comum em todos os nossos estudos e projetos culturais, não tinha tido, ainda, a sua merecida e digna promoção com a edição de um opúsculo, uma forma de divulgação cultural mais imediata, mais simples e de maior alcance. Assim, ao tomarmos conhe- cimento do trabalho do Coronel-Aviador Camazano, veterano pesquisador e escritor de temas aeronáuticos e Membro Correspondente do INCAER, verificamos ser uma oportunidade de preencher essa lacuna e fazer a divulgação de uma das mais importan- tes aeronaves de nossa história aeronáutica: o Catalina. Conhecido como “pata-choca” e homenageado por José de Carvalho, em livro com esse título, cuja edição está esgotada, o PBY-5 Catalina chegou ao Brasil como arma de guerra na primeira linha de combate aos submarinos alemães e italianos nas costas brasileiras, durante a Segunda Guerra Mundial, contribuindo para a sedimentação dou- trinária da nascente Aviação de Patrulha no Brasil. No pós-guerra, serviu como aero- nave de busca e resgate e de transporte aéreo na Amazônia, além de sua participação na aviação comercial brasileira. Esta edição apresenta dados preciosos coletados por Camazano, ilustrados por Rud- nei Dias da Cunha, também conhecido pesquisador e ilustrador de temas aeronáuticos, podendo ser considerada uma obra de referência quando o assunto for II Guerra Mun- dial, aviação de patrulha, correio aéreo na Amazônia ou aviação civil brasileira. Esperamos que a escorreita linguagem e a riqueza dos dados apresentados contribu- am para tornar a leitura agradável e esclarecedora do importante papel que essa aerona- ve desempenhou ao longo de períodos críticos, na formação da Força Aérea Brasileira: a guerra, o pós-guerra e a afirmação presencial na Amazônia brasileira, levando espe- rança de integração e progresso aos mais longínquos pontos de nosso território. Maj Brig Ar R/1 Wilmar Terroso Freitas Subdiretor de Divulgação do INCAER branco O Catalina no Brasil Aparecido Camazano Alamino INTRODUÇÃO O avião hidro e anfíbio Consolidated antissubmarino da FAB, além de ter a PBY-5/A Catalina foi uma das aeronaves marca de ser o primeiro avião SAR da mais importantes desenvolvidas no final Instituição, ficando baseado em Belém, da década de 1930, para atuar na guerra PA. Quando foi aposentado das lides antissubmarino, em missões de reconhe- de guerra, foi peça importante para cimento e de busca e resgate (SAR). ajudar a integrar a Região Amazônica, sendo transformado em aeronave de Apesar de sua pouca velocidade, foi transporte. uma arma letal contra os submarinos ale- mães, que atuaram na Guerra do Oceano Também foi utilizado na Aviação Co- Atlântico, e destacou-se como aeronave mercial Brasileira, sendo empregado por de reconhecimento no cenário da Guer- inúmeras empresas aéreas nas missões li- ra do Oceano Pacífico, desenvolvida, em torâneas e nos rios da Amazônia. sua maior parte, sobre o mar. Este trabalho é fruto de meticuloso No Brasil, foi utilizado em missões de estudo da operação deste nobre apare- esclarecimento marítimo, antissubmarino lho no Brasil, retratando a história de sua e cobertura de comboios durante a operação, tanto na guerra, como na paz, 2ª Guerra Mundial. Após o conflito, abordando a sua atuação na aviação mili- teve a responsabilidade de formar os tar e comercial, preservando a história de novos pilotos de patrulha e guerra sua utilização em nosso país. O Catalina no Brasil 5 HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA AERONAVE No início da década de 1930, a U. S. necessidade de duas modificações no seu Navy (Marinha dos Estados Unidos) estabilizador vertical, que solucionou o necessitava de um aparelho aerobote problema. bimotor e de maior porte, com o objetivo de Em decorrência de sua capacidade substituir os seus já obsoletos hidroaviões para transportar até 907 kg de bombas, o monomotores biplanos Consolidated P2Y XP3Y-1 foi redesignado como XPBY-1, e Martin P3M. Assim, a U. S. Navy iniciou onde o X indicava que era uma aeronave uma concorrência entre a Consolidated experimental, o PB correspondia à fun- e a Douglas Aircraft Corporation, que ção da aeronave patrol bomber e Y era o de- apresentaram as suas opções para atender signativo da fábrica Consolidated. Com aos requisitos de um aerobote que essa nova designação, o protótipo, que já deveria possuir um alcance de 4.830 km, incorporava inúmeras modificações, voou velocidade de cruzeiro de 160 km/h e um em 19 de maio de 1936. peso máximo de 11.340 kg. Já no decorrer dos testes, onde o apa- relho demonstrou todas as suas qualida- des, a Marinha Norte-Americana fez uma encomenda inicial de 60 unidades do primeiro modelo de produção, o PBY-1, em 1935. Outras encomendas ocorreram em seguida: 50 PBY-2 e 66 PBY-3, ad- quiridos em 1936, e 32 PBY-4, em 18 de dezembro de 1937. O PBY-4 já estava dotado com as características bolhas para os metralhadores, situadas nas laterais da CA-10 FAB 6509 sobrevoa Belém, na fuselagem traseira. década de 1970. (Foto: Francisco Pereira) A Consolidated apresentou o modelo 28, que foi projetado por Isaac M. Laddon e em 1933, e recebeu a designação militar de XP3Y-1. A U. S. Navy selecionou o projeto da Consolidated pelo seu menor custo, encomendando um exemplar em PBY-5A FAB 10 com a pintura 28 de Outubro do mesmo ano. Seu pri- utilizada na 2ª Guerra Mundial meiro voo ocorreu em 21 de março de 1935, ocasião em que foi constatada certa instabilidade direcional, acarretando na 6 O Catalina no Brasil Com a possibilidade de eclosão de a fabricar uma variante aperfeiçoada do uma guerra na Europa, no final dos anos PBY-5, batizada de PBN-1 Nomad, que 1930, uma missão francesa de compra de estava dotada com um casco alongado e material foi enviada aos EUA para sele- outras modificações, dentre elas, uma de- cionar aeronaves para uso pelas forças riva mais alta, com estabilizadores hori- francesas. Dentre outras aeronaves, tal zontais de perfil diferente. Foram produ- missão selecionou o Consolidated Model zidos 155 exemplares dessa variante, dos 28-5, encomendando 30 aparelhos. To- quais somente 17 foram recebidos pela davia, com a queda da França em maio U. S. Navy, sendo os demais destinados de 1940, a Inglaterra acabou recebendo para a então União Soviética. esses aviões. Na Inglaterra, essa aeronave foi designada Catalina I, e mais 67 unida- des foram adquiridas, sendo 18 destina- das para a Austrália. A Marinha Norte-Americana enco- mendou 200 exemplares do Consolidated Model 28-5, designado como PBY-5, em PBY-5A FAB 16 com o segundo tipo de pintura, 20 de dezembro de 1939. Desses, 167 utilizado durante a 2ª Guerra Mundial aparelhos eram aerobotes e os demais fo- ram os primeiros aviões fabricados como Para finalizar as variantes do Catalina, anfíbios, pois incorporavam um trem de a Consolidated projetou o PBY-6A, que pouso triciclo e retrátil. O nome Catalina recebeu uma encomenda de 900 apare- só foi adotado oficialmente pelos norte- lhos da U. S. Navy, mas, de acordo com a americanos em 1º de outubro de 1941. dinâmica da guerra, apenas 175 aviões fo- A variante anfíbia foi designada como ram entregues antes do cancelamento do PBY-5A, sendo produzidas 802 unidades, contrato, como conseqüência do final da das quais 230 foram entregues para a Ma- guerra na Europa. Essa variante incorpo- rinha e o Exército Norte-Americanos. A rava a cauda modificada do PBN-1 e foi USAAF (Força Aérea do Exército dos utilizada pelos norte-americanos a partir Estados Unidos) recebeu 56 aparelhos, de 1945. que foram designados OA-10A e desti- Além dessas aeronaves da Consoli- nados aos esquadrões de busca e resgate dated, que possuía linhas de montagem (SAR). Alguns dos PBY-5A foram equi- em San Diego (CA), New Orleans (LA) pados com radar, instalado em um rado- e Buffalo (NY), o Catalina também foi me acima da cabine. fabricado, sob licença, no Canadá, pelas Em 1941, a Naval Aircraft Factory fábricas Boeing Aircraft of Canadá (Van- (NAF), que era uma fábrica de aerobo- couver) e Canadian Vickers Ltd. (Montre- tes da Marinha Norte-Americana, sediada al) e na União Soviética. A Boeing produ- em Philadelphia – Pensilvânia, começou ziu, inicialmente, o PB2B-1, baseado no O Catalina no Brasil 7 PBY-5A e, posteriormente, o PB2B-2, sob as suas asas, dando-lhe boa letalidade que incorporou a cauda modificada do na guerra antissubmarino. PBN-1. Já a versão do PBY-5A, produ- zida pela Vickers, ficou conhecida como PBV-1A. Os aparelhos produzidos no Canadá eram denominados de Canso. As variantes do PBY-5/5A construí- das na União Soviética eram designadas, como GST ou MP-7 e os PBN-1, como KM-1 e KM-2, de acordo com o tipo dos motores utilizados. O Catalina podia transportar até 1.800 kg de diversos tipos de armamentos, como cargas de profundidade, torpedos e FAB 6527 sendo abastecido com latas de combustí- bombas, que eram alocadas em suportes vel, em pleno rio, em 1964.