cadernos de Política Exterior ano VI • número 9 • 2020 MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO

INSTITUTO DE PESQUISA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Minis- tério das Relações Exteriores que tem por finalidade a realização de atividades culturais e pedagógicas no âmbito das relações internacionais. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira.

O Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), fundado em 1987 como órgão da FUNAG, tem por finalidade desenvolver e divulgar estudos e pesquisas sobre temas atinentes às relações internacionais, promover a coleta e a sistematização de documentos relativos a seu campo de atuação, fomentar o intercâmbio com ins- tituições congêneres nacionais e estrangeiras, realizar cursos, conferências, seminários e congressos na área de relações internacionais.

Expediente:

Coordenação editorial: Roberto Goidanich Augusto César Batista de Castro

Capa Denivon Cordeiro de Carvalho

Diagramação Varnei Rodrigues – Propagare Comercial Ltda.

Revisão Roberto Goidanich Bárbara Terezinha Nascimento Cunha Kamilla Sousa Coelho Higor Francisco Gomes

Os artigos que compõem este periódico são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a posição oficial do governo brasileiro.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Cadernos de Política Exterior / Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. – v. 6, n. 9 (ago. 2020). – [Brasília, DF]: FUNAG, 2015-. ISSN 2359-5280 1. Política externa – Brasil. 2. Relações internacionais – Brasil. I. Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI).

CDU 327(81) (051)

Depósito legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme a Lei nº 10.994, de 14/12/2004 Sumário

O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas Brasil-Estados Alessandro Candeas 5 Unidos e o Centro Espacial de Benhur Peruch Viana Alcântara

O descumprimento das resoluções do Conselho de Segurança da ONU: a Felipe Ferreira Marques 29 tênue fronteira entre o Philippe Carvalho Raposo direito brasileiro e o direito internacional

Um lado desconhecido da inserção internacional do Brasil: a presença empresarial Felipe Haddock Lobo Goulart 45 brasileira no mundo árabe e em Israel

O dilema moral supremo Gabriel Mithá Ribeiro 93

Os mecanismos de repressão e controle cubanos na Venezuela Lucas Souto Ribeiro 101

Notas sobre as negociações orçamentárias das Nações Luiz Feldman 141 Unidas

Marcos da transformação das Forças Armadas da Venezuela: de forças armadas María Teresa Belandria Expósito 185 profissionais a forças armadas revolucionárias

Transferência internacional de tecnologia: origens, conceitos e Pedro Ivo Ferraz da Silva 229 práticas

A Índia no século XXI: desafios de uma potência em ascensão Pedro Mariano Martins Pontes 265

O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas Brasil-Estados Unidos e o Centro Espacial de Alcântara

Alessandro Candeas* Benhur Peruch Viana**

Resumo Este artigo analisa o Acordo sobre Salvaguardas Tecnológicas (AST) Brasil-Estados Unidos, assinado em 18/03/2019, em Washington, tendo por objetivos: ressaltar o amplo apoio político-parlamentar verificado por sua aprovação em tempo recorde pelo Congresso Nacional; destacar a relevância política, tecnológica e econômica do AST; discorrer brevemente sobre o histórico do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e do Programa Espacial Brasileiro; comentar sobre o impasse na tramitação do AST anterior, de 2000; sublinhar o sucesso do processo negociador do AST 2019; e, por fim, apresentar uma síntese de seu conteúdo. Palavras-chave: Acordo sobre Salvaguardas Tecnológicas, Centro de Lançamento de Alcântara, Programa Espacial Brasileiro, relações Brasil- Estados Unidos.

O Acordo entre o governo da República Federativa do Brasil e o governo dos Estados Unidos da América sobre Salvaguardas Tecnológicas (AST) relacionadas à participação estadunidense em lançamentos a partir do Centro Espacial de Alcântara (CEA) foi assinado em 18 de março de 2019, em Washington, por ocasião da visita do presidente da República, Jair Bolsonaro1. Assim como instrumentos semelhantes firmados entre os EUA

* Embaixador, diretor do Departamento de Defesa do Ministério das Relações Exteriores. ** Conselheiro, chefe da Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço (DMAE) do Ministério das Relações Exteriores. Os autores agradecem a colaboração do conselheiro Rodrigo Almeida, ex- chefe da DMAE. 1 Firmaram o AST, pelo lado brasileiro, os ministros das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo; da Defesa, general Fernando Azevedo; e da Ciência, Tecnologia, Inovações e

5 ano VI • número 9 • 2020 e países como China, Índia, Nova Zelândia, Rússia e Ucrânia, o objetivo do AST é proteger a propriedade intelectual e a tecnologia embutidas em lançamentos de foguetes e satélites. Os objetivos deste artigo são ressaltar o amplo apoio político-parlamentar em torno do AST, comprovado por sua aprovação em tempo recorde pelo Congresso Nacional; destacar a relevância política, tecnológica e econômica do AST; discorrer brevemente sobre o histórico do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e do Programa Espacial Brasileiro; comentar sobre o impasse na tramitação do AST anterior, de 2000; sublinhar o sucesso do processo negociador do AST 2019; e, por fim, apresentar uma síntese de seu conteúdo.

O apoio parlamentar e a célere tramitação O AST foi aprovado em tempo recorde pelo Congresso Nacional (seis meses), e com ampla maioria de votos, demonstrando o elevado grau de consenso parlamentar e de prioridade conferidos ao uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara e ao Programa Espacial Brasileiro. O acordo foi encaminhado à Câmara dos Deputados em 3 de maio de 20192, e finalmente aprovado pelo Plenário do Senado Federal em 12 de novembro de 20193. A Câmara dos Deputados aprovou o AST em apenas cinco meses. Na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara (CREDN), o tema, relatado pelo deputado Hildo Rocha (MDB/MA) foi objeto de intensos debates em audiências públicas, das quais participaram representantes do Itamaraty, da Aeronáutica e da Agência Espacial Brasileira (AEB). Prevaleceram os argumentos que serão expostos neste artigo, sendo o acordo aprovado na CREDN, em 21 de agosto de 2019, por 21 votos a favor e seis contrários. Como mais uma demonstração da prioridade atribuída ao tema, acordo de líderes partidários elevou a matéria, com pedido de urgência, diretamente ao Plenário da Câmara dos Deputados, sem necessidade de análise adicional pelas Comissões de Ciência e Tecnológica, Comunicação

Comunicações, tenente-coronel Marcos Pontes; pelo lado estadunidense, o secretário assistente do Escritório de Segurança Internacional e não Proliferação do Departamento de Estado, Christopher Ford. 2 Mensagem 208/2019, de 03/05/2019, com base na Exposição de Motivos Interministerial (EMI) nº 115/2019. 3 O Decreto Legislativo nº 64, de 20/11/2019, que aprova o AST, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) nº 224, de 20/11/2019.

6 Cadernos de Política Exterior e Informática e de Constituição e Justiça e de Cidadania. O Plenário da Câmara aprovou a tramitação mais célere por 330 votos a 98, em 4 de setembro de 2019, e, em 22 de outubro de 2019, aprovou o texto do AST por 328 votos a favor e 86 contrários. Foi ainda mais célere a aprovação do AST pelo Senado Federal: três semanas. O parecer favorável ao texto, emitido pelo senador Roberto Rocha (PSDB/MA), foi aprovado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE) no dia 12 de novembro de 2019, tendo sido encaminhado, em regime de urgência, para a apreciação do Plenário, que o aprovou na mesma data, em votação simbólica. Vale ressaltar, além da amplitude do apoio legislativo, com apoio em seu diversificado espectro partidário e ideológico, o fato de que ambos os relatores, nas comissões da Câmara e do Senado, foram parlamentares oriundos do estado do Maranhão. Como se verá abaixo, é possível afirmar que os poderes Executivo e Legislativo foram coautores do AST 2019. As objeções, reservas e aprimoramentos aportados pelos congressistas brasileiros ao AST 2000, bem como os debates parlamentares que acompanharam o processo reiniciado em 2017 fortaleceram e legitimaram a atuação dos negociadores diplomáticos e militares brasileiros nas tratativas com a contraparte estadunidense. Em outras palavras, a contribuição do Congresso tornou o AST 2019 instrumento mais adequado que o anterior, de 2000, tanto do ponto de vista técnico-científico-militar quanto jurídico-institucional. O novo acordo atende às principais demandas brasileiras, entre as quais a possibilidade de utilização de fundos decorrentes da exploração comercial do Centro Espacial de Alcântara para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro. O novo AST impulsiona o programa espacial autônomo do Brasil, inclusive no campo de veículos lançadores.

A relevância política, tecnológica e econômica do AST O AST 2019 é versão revisada e aprimorada de texto firmado em 2000 por Brasil e EUA, severamente criticado pelo Congresso Nacional. A tramitação do instrumento anterior enfrentou impasse durante mais de 16 anos, até que, em maio de 2017, o Poder Executivo solicitou sua retirada de pauta com o propósito de negociar um novo AST. As consultas internas

7 ano VI • número 9 • 2020 no governo brasileiro (2016-2017) e o processo negociador com os EUA (2018-2019) foram conduzidos pelo Itamaraty, pelo Ministério da Defesa (MD)/Comando da Aeronáutica (COMAER) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações (MCTIC)/AEB e tiveram como referência as preocupações e críticas manifestadas pelos parlamentares durante a análise do AST 2000. A relevância do AST 2019 para o Brasil pode ser avaliada em três dimensões: política, tecnológica e econômica. Do ponto de vista político, a conclusão das negociações, com a superação dos entraves que haviam impedido a aprovação do AST 2000 e a aceitação dos pontos sensíveis para o Brasil, refletiu o novo patamar de confiança da parceria estratégica com os Estados Unidos. Não é mera coincidência o fato de que a assinatura do AST 2019, no contexto da visita presidencial brasileira aos EUA, é paralela ao anúncio, pelo presidente Donald Trump, a intenção de conceder ao Brasil o status de aliado prioritário extra-OTAN (em inglês, Major Non-NATO Ally – MNNA)4. A posição negociadora do Brasil para as tratativas que resultaram no texto do AST 2019 refletiram a estreita coordenação entre diversos órgãos do Poder Executivo entre si e com o Poder Legislativo. Essa interação possibilitou construir instrumento que, ao mesmo tempo, respeita a soberania do Brasil e viabiliza seu ingresso no circuito comercial de lançamentos espaciais, com a consequente projeção estratégica global e tecnológica para o país. Na esfera tecnológica, o AST é passo essencial para o ingresso do Brasil no seleto clube de países com know-how espacial de ponta, tendo em conta o fato de que todos os lançamentos de satélites comerciais são amparados por acordos de salvaguardas tecnológicas. A ausência desse instrumento com os EUA reduzia drasticamente a possibilidade de emprego do Centro Espacial de Alcântara apenas aos lançamentos realizados sem tecnologia estadunidense, inviabilizando ganhos de escala operacionais, com elevação de custos e acesso limitado a experiências de ponta no setor. Ao destravar e abrir a outros parceiros mundiais a utilização do CEA para as operações

4 Formalizada em 31/07/2019, a designação de MNNA é conferida a número restrito de países, considerados de interesse estratégico para os EUA, e torna-os elegíveis para maiores oportunidades de intercâmbio e assistência militar, compra de material de defesa, treinamentos conjuntos e participação em projetos.

8 Cadernos de Política Exterior comerciais, o AST permite viabilizar as possibilidades de expansão da política espacial brasileira. É importante esclarecer que o texto do acordo não dispõe sobre transferência de tecnologia; ao contrário, trata justamente de proteção (salvaguarda) da propriedade intelectual e dos dados tecnológicos estrangeiros. Isso permite aos Estados Unidos, por exemplo, autorizar o lançamento de foguetes e outros objetos espaciais de quaisquer nacionalidades que contenham componentes tecnológicos estadunidenses. Nesse sentido, não é exagero afirmar que o tratado constitui pré-requisito para o pleno acesso do Brasil a esse setor, tendo em mente a estimativa de que 80% da tecnologia utilizada na indústria aeroespacial contém algum elemento elaborado nos EUA. No campo econômico, como já assinalado, a ausência do AST inviabilizava o uso comercial do CEA e, por conseguinte, comprometia o desenvolvimento do potencial da indústria aeroespacial brasileira. Estima-se que, nas quase duas décadas que transcorreram desde o AST 2000, seguida da suspensão da tramitação e reabertura das negociações até a assinatura do acordo de 2019, o Brasil poderia ter auferido cerca de US$ 4 bilhões em receitas de lançamentos que não foram feitos, além dos benefícios indiretos no campo do desenvolvimento tecnológico e do turismo. A celebração do acordo abre para o Brasil acesso a importante fatia do crescente mercado global da economia espacial, calculado em cerca de US$ 380 bilhões (previsão de US$ 1 trilhão em 2040), com US$ 5,5 bilhões anuais apenas na área de lançamentos. Há estimativas de que o Brasil possa auferir ganhos anuais de US$ 3 bilhões, podendo chegar a US$ 10 bilhões por volta de 2040. Nesse cenário de expansão do setor aeroespacial, há amplas perspectivas para o emprego de tecnologia espacial para empresas brasileiras, bem como estrangeiras com interesse em investir no país, incluindo startups. Áreas de crescimento acelerado do chamado New Space abrangem os segmentos de pequenos satélites, incluindo fabricação de sistemas e sua manutenção, nanossatélites e microssatélites (com seus respectivos nano e microlançadores), sensoriamento remoto, meteorologia e consultorias especializadas. Como toda atividade econômica, o setor espacial propicia efeito multiplicador de geração de empregos de qualidade e mais alta renda, com vasto potencial de desenvolvimento, inclusive na infraestrutura de transportes, comunicações, educação profissionalizante, superior (incluindo

9 ano VI • número 9 • 2020 pós-graduação e pesquisa) e turismo. Seu impacto será particularmente positivo na região do norte maranhense, que poderá atrair e formar, no futuro, um cluster de empresas e institutos semelhante ao polo aeronáutico de São José dos Campos/SP. O desenvolvimento de uma cadeia produtiva de alta tecnologia e de valor agregado em torno de atividades de apoio aos lançamentos espaciais atrairá investimentos e estimulará a formação de núcleo de provedores de serviços, gerando recursos derivados dos arrendamentos e ampliando a arrecadação de receitas fiscais. Embora o CEA já conte com infraestrutura operacional, alguns veículos lançadores demandam instalações específicas mais modernas. Empresas interessadas poderão contribuir com novos investimentos e adaptações necessárias para as especificidades dos veículos lançadores e cargas transportadas. Exemplo dessa prática foram as obras feitas – e custeadas – pela empresa SpaceX no NASA Kennedy Space Center, com vistas a viabilizar lançamentos de seu interesse.

O Centro de Alcântara e o Programa Espacial Brasileiro Já em 1961 era criado, em São José dos Campos, o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais, subordinada ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), posteriormente transformado em Comissão Nacional de Atividades Espaciais (1963). No ano seguinte, estabeleceu-se o Grupo de Trabalho de Estudos de Projetos Espaciais, no âmbito da Aeronáutica, com a missão de estabelecer um centro de lançamento de foguetes. No mesmo ano de 1964, Aeronáutica e CNPq firmam convênio para viabilizar o programa espacial. Em 1965, o Sonda I é lançado na Barreira do Inferno (Parnamirim/RN). Nascia uma família de foguetes de sondagem desenvolvidos pelo Centro Técnico de Aeronáutica (CTA). Entre 1969 e 1981, foram lançados 60 veículos dessa categoria. Desde os anos 1970, o Brasil aspirou a ter domínio completo do ciclo espacial: veículos lançadores, satélites e centros de lançamento. Nessa perspectiva, em 1979, foi criada a Missão Espacial Completa Brasileira, com o objetivo de lançar um satélite nacional utilizando um veículo lançador projetado no Brasil a partir de um novo centro de lançamento melhor localizado e capaz de operar foguetes de maior porte. À Aeronáutica

10 Cadernos de Política Exterior incumbiriam o centro de lançamento e o veículo, e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o satélite. Por sua privilegiada localização geográfica, Alcântara foi escolhida como sede da nova base de lançamento de foguetes. O Centro Espacial de Alcântara, próximo à linha do Equador (2°18’), tem sido considerado o de melhor localização do mundo, com vantagens competitivas, em particular relacionadas ao ângulo de lançamento – 100o de azimute para lançamentos em direção ao mar. Como maior peso e volume utilizado para acondicionamento de combustível reduzem o valor relativo da carga útil a ser transportada, lançamentos de objetos espaciais a partir de Alcântara requerem menos combustível e são economicamente mais rentáveis. A economia de combustível para foguetes é da ordem de 30% em relação, por exemplo, aos lançamentos feitos desde Cabo Canaveral, na Flórida. Outras vantagens do CEA são estabilidade geológica, regularidade climática, infraestrutura aeroportuária (há pista de pouso de grande porte dentro da própria base, sem passar por zonas urbanas, como no caso de Kourou, na Guiana Francesa), com acessos alternativos marítimo e rodoviário, baixa densidade demográfica e completo conjunto de meios operacionais modernos. Feita a opção por Alcântara, iniciaram-se os trâmites para regularizar o local e tomar posse do perímetro necessário. Em 1980, decreto do governo do estado do Maranhão desapropriou 52 mil hectares para a implantação do Centro de Alcântara. Em 1982, firma-se um protocolo de cooperação entre o Ministério da Aeronáutica, o governo do estado do Maranhão e a Prefeitura Municipal de Alcântara e se institui o Grupo de Implantação do Centro Espacial. Em 1982, iniciou-se a elaboração do projeto de relocação das populações da área de segurança do Centro, levando em consideração as reivindicações das populações autóctones. O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) foi oficialmente criado em 1983. Seu estabelecimento está inserido no contexto dos objetivos do Programa Espacial Brasileiro, que são dotar o país de centro de lançamento operacional, capacidade de produzir nacionalmente foguetes habilitados a pôr em órbita satélites nacionais e a venda de serviços a outros países (além de lançamento de foguetes e satélites estrangeiros).

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Estabeleceu-se módulo rural para atender às peculiaridades do CLA e possibilitar o desenvolvimento socioeconômico da região, inclusive por meio da destinação de área para relocação voluntária dos agricultores. Iniciou- se, paralelamente, projeto de transferência e assentamento de população, com a participação de assistentes sociais, engenheiros, advogados, médicos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, técnicos agrícolas e padres. A relocação teve início no mesmo ano da criação do CLA,