Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2020: pediente de paginación

Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na história da Paleontologia

Los topónimos de las islas atlánticas de la Comunidad de Países de Lengua Portuguesa (CPLP) en la historia de la Paleontología The toponyms of the Atlantic islands from the Community of Portuguese Speaking Counties (CPLP) in the history of Palaeontology

Rogério B. Rocha (†)1, Pedro M. Callapez2,3, José C. Kullberg1 & Paulo S. Caetano1 1. Universidade NOVA de Lisboa, GeoBioTec - GeoBiociências, Geotecnologias e Geoengenharias, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Ciências da Terra, Quinta da Torre, P-2825 516 Caparica, Portugal. [email protected], [email protected] 2. Universidade de Coimbra, CITEUC - Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Ciências da Terra, Rua Sílvio Lima, P-3030 790 Coimbra, Portugal. [email protected] 3. PALEOIBERICA - Grupo de Investigación Consolidado de la Universidad de Alcalá (COD-824), Departamento de Geología, Geografía y Medio Ambiente, 28805 Alcalá de Henares, España

Recibido: 8 de abril de 2020. Aceptado: 7 de abril de 2021. Publicado electrónicamente: 26 de abril de 2021.

Palavras chave: Nomenclatura paleontológica, Topónimo, História da Paleontologia, Açores e Madeira, Cabo Verde, Macaronésia. Palabras clave: Nomenclatura paleontológica, Topónimo, Historia de la Paleontología, Azores y Madeira, Cabo Verde, Macaronesia. Keywords: Palaeontological nomenclature, Toponym, History of Palaeontology, Azores and Madeira, Cape Verde, Macaronesia.

Resumo O recurso a topónimos locais é de uso frequente na descrição científica de novas espécies. Numa perspetiva histórica da taxonomia paleontológica, estes enriquecem substancialmente a nomenclatura existente e permitem contextualizações geográficas mais efetivas. Desde meados do século XIX, os Açores, Madeira e Cabo Verde foram visitados por muitos naturalistas, os quais descreveram floras e faunas atuais e fósseis, usando frequentemente a toponímia local. Daí resultou, sobretudo, a descrição de mais de 60 novos táxones de invertebrados fósseis (ou “subfósseis”) do Cretácico Inferior ao Holocénico, para além de quatro vegetais, um cocolitoforídeo e um icnofóssíl, a partir de topónimos das ilhas atlânticas da Macaronésia da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Os mais utilizados foram Porto Santo (Madeira) (9), Madeira (6), Açores (6), Santa Maria (Açores) (5) e Cabo Verde (6), mas outros existem ligados a designações locais, como povoações e geoformas. Dado que muitos outros topónimos também têm servido para espécies atuais dos mesmos arquipélagos, incluindo São Tomé e Príncipe, e que as associações paleontológicas dos depósitos destas ilhas ainda carecem, em grande medida, de estudos aprofundados, é natural que parte destes táxones ainda venham a ser encontrados em novas jazidas, enriquecendo a presente lista. É interessante notar, também, que alguns dos nomes adotados não cumprem as regras do ICNZ (International Code of Zoological Nomenclature - Código Internacional de Nomenclatura Zoológica), necessitando de futura revisão.

Resumen El uso de topónimos locales se utiliza con frecuencia en la descripción científica de nuevas especies. Desde una perspectiva histórica de la taxonomía paleontológica, enriquecen sustancialmente la nomenclatura existente y permiten contextualizaciones geográficas más

doi: 10.29077/bol.115.ce021.rocha ISSN: 2659-2703 -5- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

efectivas. Desde mediados del siglo XIX, las islas de Azores, Madeira y Cabo Verde han sido visitadas por muchos naturalistas, quienes han descrito las floras y faunas actuales y fósiles, a menudo utilizando la toponimia local. Como resultado, sobre todo, se produjo la descripción de más de 60 nuevos taxones de invertebrados fósiles (o “subfósiles”) desde el Cretácico Inferior hasta el Holoceno, además de cuatro plantas, un cocolitofórido y un icnofósil, basados en topónimos de las islas atlánticas de Macaronesia de la CPLP (Comunidad de Países de Lengua Portuguesa). Los más utilizados fueron Porto Santo (Madeira) (9), Madeira (6), Azores (6), Santa María (Azores) (5) y Cabo Verde (6), pero existen otros vinculados a designaciones locales, como asentamientos y geoformas. Dado que muchos otros nombres de lugares también se han utilizado para las especies actuales de los mismos archipiélagos, incluidos Santo Tomé y Príncipe, y que las asociaciones paleontológicas de los depósitos de estas islas aún necesitan, en gran medida, estudios en profundidad, es natural que parte de estos taxones vayan a ser encontrados en nuevos afloramientos, enriqueciendo la lista actual. También es interesante observar que algunos de los nombres adoptados no cumplen con las reglas de ICNZ (International Code of Zoological Nomenclature - Código Internacional de Nomenclatura Zoológica), lo que requiere una futura revisión.

Abstract The use of local toponyms is common practice in the scientific description of new species. In a historical perspective of palaeontological taxonomy, this use of toponyms substantially enriches the existing nomenclature and allows for a more effective geographical contextualization. Since the mid-XIX century, many naturalists have visited the Azores, Madeira and Cape Verde islands in order to describe their recent and fossil floras and faunas, often using the local toponymy. This resulted, most importantly, in the description of more than sixty new taxa of Lower Cretaceous to Holocene invertebrate fossils (or “subfossils”), in addition to four plants, one cocolithophorid and one ichnofossil, using toponyms from the CPLP (Community of Portuguese Speaking Countries) Atlantic islands of Macaronesia. The most used were Porto Santo (Madeira) (9), Madeira (6), Azores (6), Santa Maria (Azores) (5) and Cape Verde (6), but others exist linked to local designations, such as settlements and geoforms. Given that many other toponyms have also been used for recent species from the same archipelagos, including São Tomé and Príncipe, and that many palaeontological associations preserved in deposits from these islands require more in-depth studies, it is foreseeable that part of these taxa may still be found in new sites, enriching the present list. It is also interesting to note that some of the adopted names do not fully comply with the rules of the ICZN (International Code of Zoological Nomenclature), meaning that a future review is essential.

1. Introdução A epopeia marítima portuguesa constituiu um dos principais factos históricos do Renascimento Europeu, ao contribuir decisivamente para a descoberta geográfica da Terra, com a sua diversidade de culturas exóticas e de ambientes naturais. Após a sua descoberta, em meados do século XV, as ilhas atlânticas da atual Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), repartidas pelos arquipélagos dos Açores, Madeira, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, cedo possibilitaram os primeiros contactos entre as suas notáveis faunas e floras autóctones, plenas de espécies endémicas, e os primeiros pioneiros da História Natural (Figura 1). Com o nascimento das modernas Ciências Naturais durante o Iluminismo setecentista, conferiu-se uma atenção muito especial às expedições marítimas naturalísticas e os museus e gabinetes de curiosidades europeus beneficiaram largamente os seus acervos com remessas de novos espécimes provenientes de regiões ultramarinas. Nesse sentido, as ilhas atlânticas da CPLP foram visitadas e amostradas repetidamente, quer por se encontrarem no caminho de rotas marítimas de longo curso, ou ainda, por suscitarem o interesse de missões de naturalistas europeus. De entre os inúmeros exemplos que enriquecem a história da Macaronésia, destaca-se o do naturalista português João da Silva Feijó (1765-1815), que visitou Cabo Verde entre 1783 e 1790, remetendo coleções ao Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda. Também o naturalista britânico Thomas Edward Bowdich (1791-1824) visitou as ilhas da Madeira e Porto Santo e o arquipélago de Cabo Verde, recolhendo moluscos terrestres plistocénicos e holocénicos, para serem estudados, em 1824, por James De Carle Sowerby (1787-1871). Em 1831, o reverendo Richard Thomas Lowe (1802-1874) procedeu à primeira descrição exaustiva dos gastrópodes terrestres do arquipélago da Madeira. Estes naturalistas pioneiros foram precursores de muitos outros estudos similares, levados a cabo depois de 1850 e centrados em fósseis de formações meso- cenozóicas de ilhas da Macaronésia (Soares et al., 2006, 2010). Assim como noutras regiões mundiais ricas em unidades fossilíferas com novas espécies, verificou-se a utilização considerável de nomes toponímicos nas descrições taxonómicas de então.

-6- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Figura 1. Repartição atlântica dos arquipélagos da província biogeográfica da Macaronésia, integrados na Comuni- dade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e localização insular das sucessões estratigráficas com fósseis pertencentes a espécies de interesse toponímico para o presente estudo. Idades das unidades sedimentares ou vulcano-sedimentares fossilíferas: C - Cretácico Inferior; M - Miocénico; P - Pliocénico; Q - Quaternário. Mapa de base modificado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Predefini%C3%A7%C3%A3o:Mapa_de_localiza%C3%A7%- C3%A3o/Oceano_Atl%C3%A2ntico_Norte.

O presente estudo analisa esses nomes que, com exceção de São Tomé e Príncipe, enriquecem a tão peculiar Paleontologia das ilhas atlânticas da CPLP, contribuindo para a sua tão interessante perspetiva histórica e cultural, enquanto territórios isolados onde o curso da Evolução seguiu caminhos surpreendentes.

2. Nomenclatura e diversidade de topónimos Desde a primeira metade do século XIX e, sobretudo, nos arquipélagos dos Açores e Madeira, foram descritos cerca de 60 novos táxones de invertebrados fósseis e “subfósseis”, e de plantas, utilizando-se para isso nomes adaptados de topónimos locais das ilhas atlânticas da CPLP. Encontram-se, entre eles, muitos moluscos terrestres, lamelibrânquios e gastrópodes marinhos, para além de dois corais, dois amonoides, um crustáceo decápode, um ostracodo, um cocolitoforídeo e um icnofóssil, repartindo-se por um intervalo de idades compreendido entre o Cretácico Inferior e o Holocénico. Os materiais tipo destes táxones foram, também, encontrados numa diversidade considerável de unidades vulcano-sedimentares, praias levantadas e depósitos eolianíticos, nomeadamente em ilhas dos arquipélagos de Cabo Verde (17) e da Madeira (12). Os restritivos específicos ou subespecíficos mais utilizados são os referentes aos topónimos Porto Santo (Madeira) (9), Madeira (6), Santa Maria (Açores) (sob as formas Santa Maria ou apenas Maria) (5), Açores (6) e Cabo Verde (sob as formas Cabo Verde ou apenas Verde) (6). Estes últimos, bem como os topónimos Tomé e Príncipe, têm vindo a ser largamente utilizados, desde meados do século XIX, para a definição de táxones de gastrópodes e de lamelibrânquios atuais, os quais não entram, no entanto, no âmbito deste trabalho; alguns destes serão, também, provavelmente fósseis ou “subfósseis”, mas só são agora assinalados se confirmada essa indicação na bibliografia científica da especialidade.

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -7- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

Esta relação entre toponímia e taxonomia paleontológica nas ilhas atlânticas da CPLP, focando aspetos de etimologia e nomenclatura, revela-se particularmente interessante de um ponto de vista histórico, cultural e patrimonial, especialmente no que concerne à maior parte das espécies endémicas da Macaronésia, as quais constituem importantes repositórios evolutivos destes arquipélagos.

3. Topónimos ligados a unidades do Cretácico Os primeiros fósseis a serem recolhidos em Cabo Verde, tê-lo-ão sido na ilha de Santiago (“St. Jago”) por Charles Darwin (1809-1882), durante a viagem de circum- navegação do HMS Beagle (1831-1836) (e.g. Darwin, 1844, 1845); tratou-se de moluscos terciários que foram determinados por George Brettingham Sowerby II (in Darwin, 1844: 1, 153; 1845: 14), ainda se desconhecendo, na época, a existência de formações sedimentares mesozoicas no arquipélago. Estes fósseis, bem como outros recolhidos, pouco depois (1869-1872) por Monsieur de Cessac, foram estudados por Fischer (1874), mas nenhum deles tem como restritivos genéricos ou específicos topónimos locais. A primeira descrição geológica da ilha de Santiago coube a Darwin (1844), mas a que se reportou com caráter pioneiro, ao conjunto das ilhas de Cabo Verde, cabe a Friedlander (1914). Este fez um relato pormenorizado da sua viagem, durante o ano de 1912, de quatro meses e dez dias, afirmando (Friedlander, 1914: 22) “[...] que eu saiba sou o único viajante que visitou e percorreu todas as ilhas do arquipélago”. No Morro, perto do Monte Batalha, na região sudoeste da ilha de Maio, onde se localizam as mais antigas unidades estratigráficas do arquipélago, fez as primeiras recolhas de fósseis de Aptychus (Friedlander, 1914: 266-269, 288-289) as quais foram depois estudadas por Hennig (1913), que identificou A. atlanticus nov. sp. (Friedlander, 1914: 155, est. 2, fig. 1),A . cf. euglyptus (Oppel) e três fragmentos de Aptychus sp. Mais tarde, Friedrich Trauth reinterpretou estes exemplares, criou a espécie Laevilamellaptychus hennigi Trauth (1936, est. 3, fig. 7) para os Aptychus sp. de Edward Hennig e propôs a nova variedade Lamellaptychus angulicostatus (Peters) var. atlantica (Hennig) para a espécie A. atlanticus (Trauth, 1938: 210, est. 14, fig. 19). Entretanto, em 1929, Stahlecker (1935) levantou um perfil estratigráfico de pormenor a pedido de Hennig, para pesquisar as bancadas com Aptychus sp. nos “Calcários do Morro”. A definição de catorze horizontes (I a XIV) muito fossilíferos, com uma espessura de 400 a 500 m, permitiu datar o conjunto do Hauteriviano- Aptiano, com base em importante associação faunística rica de amonoides (cerca de 50 táxones identificados). Foram, assim, descritas 10 espécies novas para a Ciência, das quais Bochianites hennigi, dedicada ao seu mentor, e Ancyloceras maioense (Stahlecker) definida com base no nome da ilha (Stahlecker, 1935: 279- 280, est. 12, fig. 6; Serralheiro, 1970: 19), ambas de idade Barremiano superior (Figura 2). Stahlecker (1935: 280) considerou ainda A. maioense como próxima de A. picteti (hoje interpretada como Garroniceras picteti (Ooster, 1860), in Vermeulen et al., 2012: 303- 305, fig. 9). No entanto, comparando as duas figurações acima indicadas, as ornamentações que os dois Figura 2. Ancyloceras maioense (Stahlecker, 1935), cefalópode do Bar- exemplares apresentam são diferentes, remiano inferior da ilha de Maio, no arquipélago de Cabo Verde com aparente ausência, no exemplar (adaptado de Stahlecker,1935: 279-280, est. 12, fig. 6). africano, de tubérculos, varizes e constrições, o que leva a pensar em ornamentação mais próxima da de espécimes do género Bastelia (in Vermeulen et al., 2012: 305-306, fig. 11); os exemplares europeus são atribuídos às zonas de Balearis e de Seitzi, do Hauteriviano superior, o que, do ponto de vista estratigráfico, é compatível com a idade já atribuída por Rudolf Stahlecker para os seus primeiros Ancyloceras sp., como sendo da transição Hauteriviano-Barremiano. Alguns dos táxones identificados por Stahlecker, particularmente de diversos géneros de Aptychus sp. foram assinalados por Renz (1983: 640, fig. 1) em amostragem

-8- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

da sondagem DSDP Leg 41, hole 367, na Bacia de Cabo Verde, com datações que vão do Titoniano ao Barremiano. A revisão dos teutóides/coleóides de Stahlecker foi feita por Reitner & Engeser (1982) que definiram os novos géneros e espécies Maioteuthis morroensis (= ”Theuthoidea” in Horizonte VII) e Neololigosepia stahleckeri (= “Theuthoidea” in Horizonte VIII) (in Stahlecker, 1935: 289, 291) e confirmaram a idade Barremiano superior para estes horizontes (Figura 3); o primeiro destes táxones foi posteriormente interpretado como pertencente ao género Dorateuthis (Fuchs et al., 2007: 246).

4. Topónimos ligados a unidades do Miocénico Numerosos táxones desta idade foram identificados nas ilhas de Santa Maria (Açores), da Madeira e de Porto Santo e seus ilhéus, em facies marinhas vulcano-sedimentares, detríticas a carbonatadas, intercaladas em sequências vulcânicas ligadas à edificação pré-subaérea destes espaços. Podem, assim, enumerar-se, com relevância para toponímia local, os seguintes táxones: Figura 3. Maioteuthis morroensis Reitner & Engeser, 1982, cefalópode do a) Os coraliários hermatípicos Barremiano superior da ilha de Maio, no arquipélago de Cabo Palaeoplesiastrea porti-sancti Chevalier, Verde (adaptado de Reitner & Engeser, 1982: 212-215, fig. 2 a-c). 1972, e Isophyllastrea madeirensis (Chevalier, 1972), do “Vindoboniano” (Miocénico médio) da ilha de Porto Santo (Chevalier, 1972: 144-145, 151-153, est. 1, fig. 2-3, est. 2, fig. 2; Boekschoten & Best, 1988: 101; Soares et al., 2006: 28) (Figura 4). b) O lamelibrânquio Aequipecten dentronensis Joksimowitsch, 1910, do “Vindoboniano” da Serra de Dentro, na ilha de Porto Santo (Joksimowitsch, 1910: 57, est. 1, fig. 3 a-b;T eixeira, 1950: 200, est. 10, fig. 3) (Figura 5). c) O lamelibrânquio Spondylus baixonensis Joksimowitsch, 1910, do “Vindoboniano” do Ilhéu de Baixo, no Porto Santo (Joksimowitsch, 1910: 62, Figura 4. Coraliários hermatípicos do “Vindoboniano” (Miocéni- est. 2, fig. 2 a-c;T eixeira, 1950: 203, est. co médio) da ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira. A. Palaeoplesiastrea porti-sancti Chevalier, 1972; B. Isophyllastrea 11, fig. 2; Carvalho & Brandão, 1991: madeirensis (Chevalier, 1972) (adaptado de Chevalier, 1972: 144- 122) (Figura 6). 145, 151-153, est. 1, fig. 2-3, est. 2, fig. 2). d) O lamelibrânquio Cardita mariae Mayer, 1864, do “Vindoboniano” da Feteirinha, na ilha de Santa Maria (Mayer in Hartung, 1864: 213, 241, 285, 287, est. 2, fig.19 a-b;T eixeira, 1950: 212, est. 6, fig. 19 a-b;Z byszewski & Ferreira, 1962a: 224; 1962b: 261) (Figura 7). Para Sacco (1899: 5), este táxon é próximo de C. calyculata (Linnaeus, 1758) var. diglypta Fontannes, 1882, mas, como as duas figuras originais de Mayer são diferentes uma da outra, uma interpretação correta é difícil; por isso, Zbyszewski & Ferreira (1962b: 261) interpretaram C. mariae, com algumas dúvidas, como uma variedade de C. calyculata, espécie já citada por Mayer

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -9- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

Figura 5. Aequipecten dentronensis Joksimowitsch, 1910, Figura 6. Reprodução da estampa 2 do estudo lamelibrânquio do “Vindoboniano” (Miocénico taxonómico de Joksimowitsch (1910) sobre a médio) da Serra de Dentro, na parte leste da ilha fauna do Miocénico das Ilhas de Porto Santo e das de Porto Santo (adaptado de Joksimowitsch, 1910: Selvagens, no arquipélago da Madeira, incluindo 57, est. 1, fig. 3 a-b). o grande lamelibrânquio Spondylus baixonensis Joksimowitsch, 1910, (fig. 2 a-c) proveniente do “Vindoboniano” do Ilhéu de Baixo.

na jazida da Prainha (Ponta de São Lourenço, ilha da Madeira). e) O lamelibrânquio Venus (Periglypta) madeirensis Mayer, 1864, do Burdigaliano- Langhiano (Soares et al., 2010: 39) da Serra de Dentro e da Calheta/S. Pedro, no Porto Santo (Soares et al., 2010: 29, 40). f) O lamelibrânquio Callista madeirensis (Mayer, 1864), do “Vindoboniano” do Ilhéu de Baixo, na ilha de Porto Santo e da Ribeira de S. Vicente, na ilha da Madeira (Mayer in Hartung, 1864: 201; Cotter, 1892: 237, 248; est. 2, fig.14 a-b; Joksimowitsch, 1910: 73; Teixeira, 1950: 197, 202- 203, est. 6, fig. 14 a-b; Carvalho & Brandão, 1991: 115, 121) (Figura 7). g) O gastrópode pelágico Cavolinia mariae Zbyszewski & Ferreira, 1962b, do Miocénico médio de Fanal de Ponta do Norte, na ilha de Santa Maria (Zbyszewski & Ferreira, 1962b: 285- 286, est. 1, fig.9-11) (Figura 8). h) O gastrópode Turbo mariae Mayer, 1864 (não figurado), do “Vindoboniano” da Feteirinha, na ilha de Santa Maria (Mayer in Hartung, 1864: 213, 241, 285, 287, est. 6, fig. 39;T eixeira, 1950: 213; Zbyszewski & Ferreira, 1962a: 224, 1962b: 273). i) O gastrópode Calyptraea porti-sancti Mayer, 1864, do “Vindoboniano” do Ilhéu de Baixo ou da Cal, no Porto Santo (Mayer in Hartung, 1864: 235; Cotter, 1892: 249; Teixeira, 1950, p. 202; Carvalho & Brandão, 1991: 122). j) O gastrópode Nerita selvagensis Boehm, 1898, do “Vindoboniano” da Baía das Pedreiras, nas ilhas Selvagens (Boehm, 1898: 36, fig. 2 a-c; Figura 7. Reprodução da estampa 3 da monografia de Joksimowitsch, 1910: 82; Teixeira, 1950: 205; Hartung (1864) com ilustração de fósseis do “Vin- doboniano” (Miocénico médio) da Feiteirinha e do Carvalho & Brandão, 1991: 127). Ilhéu de Baixo, no Porto Santo e da Ribeira de S. k) O gastrópode Neritopsis radula (Linnaeus, Vicente, na ilha da Madeira, classificados por Mayer, 1758) var. moledonensis Joksimowitsch, 1910, do incluindo os lamelibrânquios Callista madeirensis “Vindoboniano” da ribeira de Moledo, ilha de (Mayer, 1864) (fig. 14 a-b) e Cardita mariae Mayer, Porto Santo (Joksimowitsch, 1910: 80-81, est. 3, 1864 (fig. 19 a-b).

-10- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

fig. 6 a-b; eT ixeira, 1950: 201, est. 11, fig. 6 a-b; Carvalho & Brandão, 1991: 123) (Figura 9). l) O gastrópode Luria santoensis Lorenz & Groh, 1998, do “Vindoboniano” da ilha de Porto Santo (Lorenz & Groh, 1998: 110). m) O gastrópode Persististrombus coronatus var. madeirensis Defrance, 1827, do Tortoniano das ilhas da Madeira e de Porto Santo (Sacco, 1893: 12; Carvalho & Brandão, 1991: 116). n) O ostracodo Leptocythere azorica Meireles & Faranda, 2012, do Miocénico terminal (Messiniano) do perfil de Malbusca, na ilha de Santa Maria (Meireles et al., 2012: 128, 130, fig. 2 (5), 2013: 139-140, est. 1, fig. 13-17; Meireles, 2013: 40, 69-70, est. 1, fig. 13- 17) (Figura 10). o) O crustáceo cirrípede Zullobalanus santamariaensis Buckeridge & Winkelmann, 2010, do Miocénico superior (Messiniano) a Plistocénico inferior dos perfis de Malbusca e Pedra-que-Pica, na região sudeste da ilha de Santa Maria, considerado atualmente como forma endémica do arquipélago (Winkelmann et al., 2010: 36-41, fig. 2-3) (Figura 11).

5. Topónimos ligados a unidades do Plistocénico e Holocénico As faixas litorais das ilhas atlânticas da Macaronésia caracterizam-se pela presença de muitos contextos com depósitos de praia levantada, em que, com frequência, abundam restos esqueléticos de invertebrados marinhos “subfósseis”, quase sempre Figura 8. Reprodução da estampa 1 do estudo taxonómico de pertencentes a espécies ainda hoje existentes Zbyszewski & Ferreira, 1962b, sobre a fauna miocénica da nos arquipélagos, ou ainda a warm-guests, ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores, incluindo o como acontece, por exemplo em Santa pequeno gastrópode pelágico Cavolinia mariae Zbyszewski Maria. Algumas ilhas apresentam, também, & Ferreira, 1962b, (fig. 9-11) proveniente de Fanal de Ponta uma cobertura expressiva de depósitos do Norte. continentais potencialmente fossilíferos,

Figura 9. Neritopsis radula (Linnaeus, 1758) var. moledonensis Joksimowitsch, 1910, gastrópode marinho do “Vindoboniano” (Miocénico médio) Figura 10. Leptocythere azorica Meireles & Faranda, 2012, da ribeira de Moledo, ilha de Porto Santo ostracodo do Miocénico terminal (Messiniano) do perfil de Malbusca, na ilha de Santa Maria (adaptado (adaptado de Joksimowitsch, 1910: 80-81, est. 3, fig. 6 a-b). de Meireles et al., 2012: 139-140, est. 1).

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -11- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

Figura 11. Zullobalanus santamariaensis Buckeridge & Winkelmann, 2010, do Miocénico superior (Messiniano) a Plistocénico inferior dos perfis de Figura 12. Laurus (Persea) azorica (Seubert, 1840) Franco, Malbusca e Pedra-que-Pica, na região sudeste da o comum loureiro, espécimes provenientes de tufo ilha de Santa Maria (adpatado de Winkelmann et vulcânico do Quaternário do arquipélago dos Aço- al., 2010: 36-41, fig. 2-3). res (1), e folha atual (2) (adaptado de Diniz, 1962: 322, est. 11).

incluindo tufos vulcânicos ricos de restos vegetais, ou ainda paleossolos e eolianitos, por vezes bastante extensos e espessos, sobretudo no Porto Santo e na Ponta de S. Lourenço, no extremo leste da ilha da Madeira. Os primeiros foram estudados, com grande detalhe, por Soares (1973), com definição da “Formação Eolianítica”, sendo particularmente ricos de conchas de moluscos terrestres das faunas endémicas do arquipélago da Madeira, incluindo muitas espécies já extintas. Estes registos expressivos resultam em bastantes exemplos de táxones com os seus nomes ligados à toponímia local, a saber: a) A Laurácea Laurus (Persea) azorica (Seubert, 1840) Franco, o comum loureiro, recolhida em tufos vulcânicos do Quaternário, no Risco da Candelária na ilha de S. Miguel, na jazida de Santo António na ilha do Pico, em Feteira, Espalamaca e Cabeço das Feteiras na ilha do Faial, e em Biscoitos, Angra e Fanal na ilha Terceira (Franco, 1960; Diniz, 1962: 322, est. 11; Forjaz et al., 1970: 32-34) (Figura 12). b) A Dryopteridácea Dryopteris azorica (Christ) Alston, 1956, recolhida em tufos vulcânicos do Quaternário, na jazida de Santo António na ilha do Pico (Forjaz et al., 1970: 32-33; Teixeira & Pais, 1976: 186). É considerada, atualmente, como planta endémica de todo o arquipélago. c) A Oleácea Picconia azorica (Tutin) Knoblauch, 1934, a comum pau-branco, atualmente árvore endémica do arquipélago, abaixo da Laurissilva e presente em todas as ilhas à exceção da Graciosa. Vestígios fósseis foram recolhidos em tufos vulcânicos do Quaternário na jazida de Santo António na ilha do Pico, em Espalamaca na ilha do Faial e em Angra e Fanal na ilha Terceira (Forjaz et al., 1970: 31-34; Teixeira & Pais, 1976: 186). d) A Ericácea Vaccinium maderense Link, 1833 (in Heer, 1857), recolhida em duas intercalações sedimentares do Complexo Vulcânico Periférico do Quaternário da Ribeira de S. Jorge (ilha da Madeira) (Heer, 1857: 30, est. 2, fig. 15-16;T eixeira, 1950: 198, est. 3, fig. 15-16;T eixeira & Pais, 1976: 185; Carvalho & Brandão, 1991: 114; Marques, 2013: 81-83), foi reinterpretada como cf. Vaccinium sp. (Marques et al., 2018: 10) (Figura 13). Para Marques (2013: 126) a “[…] revisão dos fósseis sobreviventes aponta para que mais de dois terços das determinações da flora fóssil de S. Jorge correspondam a géneros ou espécies mal determinados ou indeterminados”. e) O Cocolitoforídeo Coccoliyhus pelagicus (Wallich, 1877) subsp. azorinus Parente & Cachão, 2004, recolhido em formações recentes (dois últimos ciclos glaciários) na montanha submarina Saldanha, localizada a sudoeste dos Açores (Parente et al., 2004: 116-117, est. 1, fig. 1-5) (Figura 14). f) O lamelibrânquio Venus (Ventricola) verdensis Dautzenberg & Fischer, 1906, comum na fauna moderna de todas as ilhas de Cabo Verde e representada, muito possivelmente, em depósitos de praia levantada do Plistocénico (Guerreiro & Reiner, 2000: 45, 256). g) O gastrópode marinho Phorcus atratus (Wood, 1828) selvagensis García-Talavera, 1978, de depósitos de praia levantada do Plistocénico Superior a Holocénico da ilha

-12- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Selvagem Pequena (García-Talavera, 1978: 119). h) O gastrópode Bulimus santamarianus Morelet & Drouet, 1857, do Plistocénico Superior a Holocénico do perfil do caminho de Facho para Praia e no Pico Alto, na ilha de Santa Maria (Zbyszewski & Ferreira, 1962a: 227). i) Os gastrópodes terrestres Actinella (Faustella) promontoriensis Waldén, 1983, Caseolus (Caseolus) baixoensis Waldén, 1983, e C. (C.) compactus areiensis Waldén, 1983, do Plistocénico-Holocénico da Formação Eolianítica da região do Promontório de S. Lourenço e do Pico de Baixo, na ponta este da ilha da Madeira (Waldén, 1983: 266-267; Abreu & Teixeira, 2008: 241; Seddon, 2008: 63, 64, 74). Estes três táxones são interpretados como sinónimos, respetivamente, de Actinella (A.) obserata (Lowe, 1852) var. ẞ bipartita Wollaston, 1878, de C . commixta (Lowe, 1854) var. ẞ pusilla Lowe, 1854 e de C. (C.) compacta Lowe, 1831 var. δ pusilla Lowe, 1854. j) O gastrópode terrestre Caseolus (Caseolus) compactus (Lowe, 1831) portosanctanus (Lowe, 1854), do Plistocénico Superior da Formação Eolianítica (Soares, 1973) da ilha de Porto Santo (Lowe, 1854: 184; Wollaston, 1878, p. 154; Waldén, 1983, p. 267; Soares et al., 2006: 30-32, Figura 13. Reprodução da estampa 2 do estudo paleobotânico de Heer 2010: 42; Seddon, 2008: 64). Destes (1857) sobre a flora do Plistocénico da jazida de São Jorge, na autores, Soares et al. (2006: 31) ilha da Madeira, incluindo a Ericácea Vaccinium maderense Link, interpretam a espécie C. compactus 1833 (in Heer, 1857) (fig. 15-16), recolhida em duas intercalações como pertencente ao subgénero sedimentares do Complexo Vulcânico Periférico. Helicomela. k) Os gastrópodes terrestres Leiostyla (Craticula) espigaoensis Seddon, 1990, e Actinella morensis Seddon, 1990, do Plistocénico Superior da Formação Eolianítica (Soares, 1973) da ilha de Porto Santo (Seddon, 1990: 299; Abreu & Teixeira, 2008: 241, 243; Seddon, 2008: 33, 73). l) O gastrópode terrestre Leptaxis (Cryptaxis) vulcania (Lowe, 1852) var. desertae Wollaston, 1878, do Plistocénico-Holocénico da Formação Eolianítica da ilha da Deserta Grande (Wollaston, 1878: 92; Waldén, Figura 14. Coccoliyhus pelagicus (Wallich, 1877) subsp. azorinus Parente 1983: 268; Seddon, 2008: 84). Para & Cachão, 2004, cocolitoforídeo proveniente de formações Waldén (1983: 268) a designação recentes (dois últimos ciclos glaciários) da montanha submarina desta variedade deve ser L. (C.) undata de Saldanha, localizada a sudoeste dos Açores (adaptado de vulcania (Lowe, 1852), com a indicação Parente et al., 2004: 116-117, est. 1, fig. 1-5). de que os espécimes da Deserta correspondem à antiga var. desertae de Wollaston (1878). m) Os gastrópodes terrestres Leptaxis wollastoni (Lowe, 1852)

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -13- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

forensis (Wollaston, 1878) e L. erubescens (Lowe, 1831) portosancti (Wollaston, 1878), do Plistocénico Superior da Formação Eolianítica (Soares, 1973) do Ilhéu de Fora, na ilha de Porto Santo (Wollaston, 1878, p. 105; Cox in d’Orchymont, 1936: 11, est. 1, fig. 1-2; Waldén, 1983: 267; Soares et al., 2006: 30-32; Seddon, 2008: 82-83). Os espécimes descritos por Silva (1957: 20-21, est.4, fig. 7-8) para os eolianitos da praia do Calhau e do Penedo do Sono, no litoral da ilha de Porto Santo, deverão corresponder a Lampadia webbiana (Lowe, 1831). n) O gastrópode terrestre Plutonia ruivensis (Gould, 1847), do Plistocénico- Holocénico da Formação Eolianítica da Ponta Ruiva, na ilha da Madeira (Wollaston, 1878: 74; Waldén, 1983: 259, 266; Abreu & Teixeira, 2008: 244; Seddon, 2008: 59). Desde a sua criação, esta espécie foi sendo sucessivamente atribuída a vários géneros/ subgéneros, a saber, Vitrina (Gould, 1847: 180), Phenacolimax (Insulivitrina) (Waldén, 1983: 259, 266), P. (Madeirovitrina) (Groh & Hemmen, 1986), Madeirovitrina (Schileyko, 2003) e Plutonia (Seddon, 2008). Para Groh & Hemmen (1986) a espécie Madeirovitrina ruivensis in Wollaston (1878) entra na sinonímia de Phenacolimax (?Madeirovitrina) crassus Groh & Hemmen, 1986. Alonso et al. (2000) interpretam o género Plutonia como incluindo os subgéneros Guerrina, Madeirovitrina, Insulivitrina e Canarivitrina (Seddon, 2008). Esta espécie é endémica da ilha da Madeira, na floresta deLaurissilva (Seddon, 2008). o) O gastrópode terrestre Plutonia portosantana (Groh & Hemmen, 1986), do Quaternário da Formação Eolianítica (Soares, 1973) de Porto Santo (Groh & Hemmen, 1986: 183; Abreu & Teixeira, 2008: 244; Seddon, 2008: 59). p) Os gastrópodes terrestes Truncatellina prainhana Hutterer & Groh, 1993, e T. portosanctana Hutterer & Groh, 1993, do Quaternário do perfil a ENE de Caniçal, ao longo da estrada para a Prainha e da costa ocidental de Porto Santo, particularmente de Ponta Canaveira e do vale de Zimbralinho. As duas espécies, endémicas da ilha da Madeira, estão consideradas como extintas. As Truncatellinae de Cabo Verde são, também, consideradas endémicas; nos Açores não se conhecem estas formas (Hutterer & Groh, 1993: 9-12, fig. 8-10;A breu & Teixeira, 2008: 244; Seddon, 2008: 39). q) O gastrópode terrestre Pseudocampylaea portosanctana (Sowerby, 1824), do Plistocénico Superior da Formação Eolianítica (Soares, 1973) de Ribeiros, praia do Calhau e Penedo do Sono, na ilha de Porto Santo e dos ilhéus de Baixo ou da Cal e de Cima ou do Farol (Sowerby, 1824: 57, est. 3, fig. 5; ollW aston, 1878, p. 91; Cox in d’Orchymont, 1936: 11, est. 1, fig. 3 a-c; Silva, 1956: 28, 1957: 23-24, est. 3, fig. 1-2; Waldén, 1983: 267; Callapez, 1989: 13, est. 1, fig. 14-15;C arvalho & Brandão, 1991: 125; Soares et al., 2006: 30-32; Abreu & Teixeira, 2008: 242; Seddon, 2008: 80) (Figura 15). r) O crustáceo cirrípede Megabalanus azoricus (Pilsbry, 1916), de níveis de praia levantada do Plistocénico do sudeste da ilha de Santiago, em Cabo Verde (Baarli et al., 2013: 183). s) O icnofóssil Alaichnus kabuverdiensis nov. ichnogen. nov. ichnosp. descrito recentemente para contextos de depósito de praia levantada do Plistocénico de Ponta das Bicudas, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, ligados a bioturbação por bivalves infaunais do género Panopea Ménard de la Groye, 1807 (Mayoral et al., 2018: 83-88). Em adenda a todos estes exemplos da utilização da toponímia local em espécies referenciadas para o Plistocénico e Holocénico dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde, destaca-se ainda um conjunto de espécies de lamelibrânquios e gastrópodes marinhos atuais, endémicos de Cabo Verde, os quais, não estando ainda referenciados em depósitos quaternários, deverão vir a ser identificados, muito possivelmente, em estudos futuros sobre as associações malacológicas de depósitos de praia levantada. Com efeito, estes depósitos fossilíferos são bastante representativos nalgumas das ilhas e as suas faunas “subfósseis” encontram-se ainda por estudar. Constituem exemplos toponímicos alguns lamelibrânquios e, sobretudo, muitas espécies e subespécies endémicas de Conus, criadas nas últimas décadas e descritas, com grande detalhe, na monografia de Monteiro et al. (2004) sobre este importante género oeste-africano e macaronésio. Citam-se, em particular: a) Os lamelibrânquios Modiolus verdensis von Cosel, 1995, e Donax (Donax) verdensis von Cosel, 1995 do Plistocénico (praias levantadas) de todas as ilhas de Cabo Verde, atualmente consideradas como espécies endémicas de todo o arquipélago (von Cosel, 1995: 9-12, 72-74, fig. 16-18, 105-106, 172; Guerreiro & Reiner, 2000: 43, 45, 228, 253) (Figura 16A). b) Os gastrópodes Conus salreiensis Rolán, 1986, C. curralensis Rolán, 1986, C . boavistensis Rolán & Fernandes in Rolán, 1990, C. derrubado Rolán & Fernandes in Rolán, 1990, C. teodorae Rolán & Fernandes in Rolán, 1990, C. grahami luziensis Rolán, Röckel & Monteiro, 1983 (Figura 16B), C. damottai galeao Rolán, 1990, C. navarroi calhatae Rolán,

-14- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

1990, C. maioensis Trovão, Rolán & Félix Alves, 1990, C. fontonae Rolán & Trovão, 1990, C. mordeirae Rolán & Trovão, 1990, C. regonae Rolán & Trovão, 1990, C. serranegrae Rolán, 1990 (= Conus superesp. cuneolus Reeve, 1844, forma D in Rockel et al., 1980: 103, fig. 78, 79, est. 5, fig. 6), C. verdensis Trovão, 1979 (a subespécie C. verdensis furnae Rolán, 1990, é interpretada por Puillandre et al. (2015, p. 9) como espécie independente), C. saragasae Rolán, 1986, e Nassarius caboverdensis (Rolán, 1984), representados, muito possivelmente, em depósitos de praia levantada do Plistocénico de Cabo Verde, das ilhas de Boavista (povoação de Sal Rei, baía grande de Derrubado e baía Teodora a N de Sal Rei), de Santa Luzia (enseada de Curral), Brava (baías de Furna e de Pedrinha), Maio (Ponta do Galeão e baías de Navio Quebrado, de Calheta e de Pau Seco), Sal (praia do Cascalho e Calheta Fonda na baía de Mordeira, nas baías de Fontona e de Regona, em Palmeira e em Serra Negra), Santiago e S. Vicente (baías de Saragaça, na costa ESE da ilha e das Gatas) (e.g. Rolán, 1986: 7-9, 12, fig. 1c, 2c, 3c; Rolán & Fernandes in Rolán, 1990: 19-33, 36-37, 41-44, 49-50, est. 1, fig. 3-5, 7, 9-11, 13, 15, 17, est. 2, fig. 3-5, 9-11, 13, 15, 17; Trovão et al., 1990: 71-75, fig. 2-3, 5, 7, 9, 11; Guerreiro & Reiner, 2000: 38, 40-41, 145-146, 173, 176, 178, 181, 185, 188, 192-197, 202; Monteiro et al., 2004: 29, 36-39, 45, 49- 50, 57-58, 61, 63-64, 69-72, 75, 80-81, est. 66-70, 73, 75-76, 80-84, 86-87, 90- 93, 94, 99, 115, 121, 124, fig. 5 & 7, 160, fig. 5;G uerreiro, 2007: 20; Puillandre et Figura 15. Reprodução da aguarelada da estampa 2 da descrição original al., 2015: 9-10). de Sowerby (1824) sobre gastrópodes terrestres da ilha de Por- to Santo, no arquipélago da Madeira, cedidos por Bowdich, nela 6. Conclusões se incluindo o helicídeo endémico Pseudocampylaea portosanctana (Sowerby, 1824) (fig. 5), do Plistocénico Superior da Formação O estabelecimento de uma Eolianítica. listagem correta de táxones ligados à toponímia das ilhas atlânticas aqui referidas é difícil, por um lado pela inexistência de revisões atualizadas de alguns deles, por outro pelo facto de muitos dos táxones de lamelibrânquios e de gastrópodes atuais serem também provavelmente “subfósseis”, mas não terem sido ainda assinalados como tal na bibliografia científica da especialidade. Quanto aos restritivos específicos ou subespecíficos mais utilizados, verifica-se que a preferência dos autores recaiu sobre os topónimos Porto Santo (Madeira, quer sob a forma Porto Santo ou, ainda, apenas Santo) (9), Madeira (6), Açores (4), Santa Maria (Açores, na forma Santa Maria, ou na sua simplificação Maria) (5) e Cabo Verde (sob as formas Cabo Verde ou, simplesmente, Verde) (6). Para os arquipélagos da Madeira e dos Açores, esta maior incidência explica-se pelo facto de serem estas as ilhas com maior registo de corpos sedimentares ou vulcano-sedimentares fossilíferos, de idade neogénica a quaternária. Por outro lado, os mesmos tipos de topónimos, a par de alguns outros relativos a São Tomé e Príncipe, também têm vindo a ser bastante utilizados, desde meados do século XIX, para a definição de táxones de lamelibrânquios e de gastrópodes representativos das faunas atuais. Apesar de transcenderem a natureza do

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -15- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

presente estudo, é significativo notar que alguns destes também deverão ocorrer como fósseis ou “subfósseis” em depósitos quaternários, ou mesmo, em unidades mais antigas, requerendo futuros estudos de campo. Por outro lado, a criação de alguns destes táxones, esquecidos na bibliografia paleontológica, não cumpriu as regras do ICZN e, deste modo, podem vir a ser considerados nomes não válidos (nomen nudum e/ou nomen oblitum). Estão nestes casos, por exemplo, os gastrópodes Bulimus santamarianus, Cavolinia mariae, Turbo mariae, Persististrombus coronatus var. madeirensis, Calyptraea porti-sancti, Cytherea madeirensis, Nerita selvagensis, Callista madeirensis, Neritopsis (Radula) moledonensis, os Figura 16. Moluscos endémicos atuais, representados, muito lamelibrânquios Cardita mariae, Venus possivelmente, em depósitos de praia levantada do Plistocénico (Periglypta) madeirensis e Spondylus do arquipélago de Cabo Verde. A. Modiolus verdensis von Cosel, baixonensis e o amonóide Ancyloceras 1995; B. Conus grahami luziensis Rolán, Röckel, & Monteiro, 1983 maioense. (adaptado de Guerreiro & Reiner, 2000). Torna-se necessário, deste modo, confirmar as dúvidas agora levantadas, que só podem ser esclarecidas através de pesquisa bibliográfica mais profunda, associada a revisões de natureza paleontológica, particularmente de moluscos. A correta interpretação dos artigos do ICZN ajudará, certamente, a resolução dos problemas nomenclaturais que se forem identificando.

Nota póstuma Quando, em meados de 2016, o Professor Rogério Rocha nos convidou para colaborarmos num amplo estudo que vinha efetuando sobre a nomenclatura, taxonomia e etimologia do registo fóssil existente nos arquipélagos da Macaronésia pertencentes à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), foi nossa convicção que os contributos resultantes das nossas coautorias seriam modestos e estariam, por certo, aquém de sentimentos de honra e gratidão, por podermos comungar e aprender com um dos mestres da Paleontologia Portuguesa. O seu falecimento, sempre prematuro, em outubro de 2018, já depois de lhe ter sido conferida a distinção de Sócio Honorário da Real Sociedad Española de Historia Natural, em Assembleia Geral de 16 de março do mesmo ano, deixou-nos perante a obrigação e o dever sentido de completar o presente trabalho, aliás na esteira de outros já por ele realizados dentro do mesmo tema. O estudo póstumo ora apresentado, explora a importância que a toponímia local teve nos sucessivos naturalistas e paleontólogos que, desde meados do primeiro quartel do século XIX, empreenderam a descrição das faunas e floras, em grande parte endémicas, das ilhas da Atlântida. Conserva, com ajustes pontuais, o cunho e os saberes do Professor Rogério Eduardo Bordalo da Rocha (1941-2018) que aqui homenageamos.

Agradecimentos

Os autores estão particularmente reconhecidos ao Professor Fernando Barroso- Barcenilla da Universidade de Alcalá e ao Doutor José Brandão, do Grupo de investigação HTC - História, territórios, comunidades, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa pelas sugestões e leitura crítica do manuscrito. P. Callapez contou com o suporte institucional do CITEUC - Centro de Investigação da Terra e do Espaço (financiado por fundos nacionais, através da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, Projeto: UID/Multi/00611/2013), do projeto de História da Ciência HISTIGUC (FCT:PTDC.FER-HFC.30666) e do Grupo PALEOIBERICA da Universidade de Alcalá. J.C. Kullberg e P.S. Caetano agradecem o apoio, para a realização do presente trabalho, do centro GeoBioTec (financiado por fundos nacionais, através da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, Projecto: UIDB/04035/2020).

-16- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Bibliografia Abreu, C. & Teixeira, D. 2008. Lista dos Moluscos (). In: Borges, P.A.V., Abreu, C., Aguiar, A.M.F., Carvalho, P., Jardim, R., Melo, I., Oliveira, P., Sérgio, C., Serrano, A.R.M. & Vieira, P., Eds. Listagem dos fungos, flora e fauna terrestres dos arquipélagos da Madeira e Selvagens. Direção Regional do Ambiente da Madeira e Universidade dos Açores, Funchal e Ponta Delgada: 237-244. Alonso, M.R., Vlãlido, M.J., Groh, K. & Ibanez, M. 2000. Plutonia (Canarivitrina), new subgenus, from the Canary Islands and the phylogenetic relationships of the subfamily Plutoninae (: Limacoida: Vitrinidae). Malacologia, 42: 39-62. Alston, A.H.G. 1956. New African ferns. Boletim da Sociedade Broteriana, Sér. 2, 30: 5-27. Baarli, B.G., Santos, A., Mayoral Alfaro, E., Ledesma Vázquez, J., Johnson, M.E., Silva, C.M. & Cachão, M. 2013. What Darwin did not see: Pleistocene fossil assemblages on a high-energy coast at Ponta das Bicudas, Santiago, Cape Verde Islands. Geological Magazine, 150: 183-189. Boehm, J. 1898. Einige Fossilien von den Selvagens-Inseln. Zeitschrift der Deutschen Gesellschaft für Geowissenschaften, 50: 33-39. Boekschoten, G.J. & Best, M.B. 1988. Fossil and recent shallow water corals from the Atlantic Islands off Western Africa. Zoologische Mededelingen, 62 (8): 99-112. Callapez, P.M. 1989. Moluscos terrestres do Quaternário de Porto Santo: estudo biométrico de algumas espécies. Memórias e Notícias, Publicações do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, 107: 11-26. Carvalho, A.G. & Brandão, J.M. 1991. Geologia do Arquipélago da Madeira. Museu Nacional de História Natural da Universidade Lisboa (Mineralogia e Geologia), Lisboa: 170 pp. Chevalier, J.P. 1972. Les Scléractiniaires du Miocène de Porto Santo (Archipel de Madère). Étude paléontologique. Annales de Paléontologie: Invertébrés, 58 (2): 141-160. Cosel, R. von 1995. Fifty-one new species of marine bivalves from tropical West Africa. Iberus, 13 (1): 1-115. Cotter, J.B. 1892. Notícia de alguns fósseis terciários do Archipelago da Madeira. Communicações da Commissão dos Trabalhos Geologicos de Portugal, 2: 232-250. Darwin, C.R. 1844. Geological observations on the volcanic Islands visited during the voyage of H.M.S. Beagle. John Murray, London: 648 pp. — 1845. Journal of researches into the natural history and geology of the countries visited during the voyage of H.M.S. Beagle round the world, under the Command of Capt. Fitz Roy, R.N. John Murray, London: 519 pp. Dautzenberg, P. & Fischer, H. 1906. Mollusques provenant des dragages effectués à l’ouest de l’Afrique pendant les campagnes scientifiques de S.A.S. le Prince de Monaco. In: Résultats des Campagnes Scientifiques Accomplies sur son Yacht par Albert Ier Prince Souverain de Monaco, 32. Imprimerie de Monaco, Monaco: 125 pp. Defrance, J.L.M. 1827. Dictionnaire des Sciences Naturelles dans lequel on traite méthodiquement des diffrents êtres de la nature, 51. Levrault & Normat, Paris: 534 pp. Diniz, F. 1962. Vegetais dos tufos vulcânicos da Ilha de S. Miguel (Açores). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 46: 317-329. Fischer, P. 1874. Sur les fossiles des îles du Cap Vert, rapportés par M. de Cessac. Comptes rendus hebdomadaires des séances de l’Académie des Sciences, 78 (7): 503-506. Fontannes, F. 1882. Les mollusques pliocènes de la vallée du Rhône et du Roussillon, 2, Acéphales. Georg, Lyon: 320 pp. Forjaz, V.H., Monjardino, J.L. & Fernandes, N.S.M. 1970. Contribuição para o estudo das jazidas fossilíferas das ilhas do Faial, Pico, S. Jorge e Terceira (Açores). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 54: 27-37. Franco, J.A. 1960. Lauráceas macaronésias. Anais do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, 23: 89-104. Friedlander, I. 1914. Subsídeos para o conhecimento das ilhas de Cabo Verde. Resultados de uma viagem de estudo no verão de 1912. Com uma breve notícia sobre as rochas das ilhas de Cabo Verde pelo Professor Doutor W. Bergt (tradução de A.J. Garcia Guerreiro). Tipografia da Cooperativa Militar, Lisboa: 99 pp. Fuchs, D., Klinghammer, A. & Keupp, H. 2007. Taxonomy, morphology and phylogeny of plesioteuthidid coleoids from the Upper Jurassic (Tithonian) Plattenkalks of Solnhofen. Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie, 245 (2): 239-252. García-Talavera, F.G. 1978. Moluscos marinos de las Islas Salvajes. In: García-Talavera, F.G., Ed. Contribución al estudio de la Historia Natural de las Islas Salvajes. Museo de Ciencias Naturales, Cabildo Insular de Tenerife (Aula de Cultura), Tenerife: 119-128. Gould, A.A. 1847. Descriptions of shells from the exploring expedition. Proceedings of the Boston Society of Natural History, 2: 177-184. Groh, K. & Hemmen, J. 1986. Zur Kenntnis der Vitriniden des Madeira-Archipels (: Vitrinidae). Archiv für Molluskenkunde, 116: 183-217. Guerreiro, A. 2007. Faunas antigas de moluscos marinhos. Ilha de S. Vicente, Arquipélago de Cabo Verde. Centro Português de Estudo dos Mamíferos Marinhos, Lisboa: 47 pp. Guerreiro A. & Reitner J. 2000. Moluscos marinhos da Ilha de S. Vicente, Arquipélago de Cabo Verde. Câmara Municipal de Oeiras, Oeiras: 279 pp.

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -17- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

Hartung, G. 1864. Geologische Beschreibung der Inseln Madeira und Porto Santo. Mit den systematische Verzeichnisse der fossilen reste dieser Inseln und der Azoren von Karl Mayer. Verlag von W. Engelmann, Leipzig: 298 pp. Heer, O. 1857. Ueber die fossilen Pflanzen von St. Jorge in Madeira.Neue Allgemeine Schweizerische Gesellschaft für die Gesamten Naturwissenschaften, 15: 1-40. Hennig E. 1913. Aptychen von den Kap-Verdschen Inseln. Zeitschrift der Deutschen Geologischen Gessellschaft, 65: 151-158. Hutterer, R. & Groh, K. 1991. A review of Macaronesian Truncatellina (Gastropoda: Vertiginidae) with descriptions of four new species. Bocagiana, 151: 1-19. Joksimowitsch, Z.J. 1910. Die zweite Mediterranstufe von Porto Santo und Selvagem. Zeitschrift der Deutschen Geologischen Gessellschaft, 62: 43-96. Knoblauch, E. 1934. Neue und seltene Oleaceen aus dem tropischen Afrika, Neu-Guinea, China und Indo-China. Notizblatt des Königlichen Botanischen Gartens und Museums zu Berlin, 11 (35): 1027-1031. Link, J.H.F. 1833. Hortus Regius Botanicus Berolinensis. Apud G. Reimer, Berolini: 376 pp. Linnaeus, C. 1758. Systema Systema naturæ per regna tria naturæ, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis, 1. Laurentii Salvii, Holmiæ: 824 pp. Lorenz, F. & Groh, K. 1998. Five new species of Cypraeidae from the Middle Miocene (“Vindobonian”) of Porto Santo, Madeira Archipelago (Gastropoda: Prosobranchia). Archiv für Molluskenkunde, 127: 107-114. Lowe, R.T. 1831. Primitiae Faunae et Florae Maderae et Portus Sancti; sive Species quaedam Novae vel hactenus minus rite cognitae Animalium et Plantarum in his Insulis degentium breviter descriptae. Transactions of the Cambridge Philosophical Society, 4: 5-66. — 1852. Brief diagnostic notices of new Madeiran land shells. Annals and Magazine of Natural History, 29: 112-120, 275-279. — 1854. Catalogus molluscorum pneumatorum insularum Maderensium: or a list of all the land and freshwater shells, recent and fossil, of the Madeiran Islands: arranged in groups according to their natural affinities; with diagnoses of the groups, and of the newor hitherto imperfectly defined species.Proceedings of the Zoological Society of London, 22: 161- 218. Marques, C.G. 2013. Paleobotânica da Ilha da Madeira: inventário e revisão da macroflora fóssil de São Jorge e Porto da Cruz. Dissertação de Mestrado em Geologia, não publicada. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa: 162 pp. Marques, C.G., Madeira, J. & Sequeira, M.M. 2018. Inventory and review of the Mio-Pleistocene São Jorge flora (Madeira Island, Portugal): palaeoecological and biogeographical implications. Journal of Systematic Palaeontology, 16 (2): 159-177. Mayoral, E., Santos, A., Gámez Vintaned, J.A., Ledesma-Vazquez, J., Baarli, B.G., Cachão, M., Silva, C.M. & Johnson, M.E. 2018. Upper Pleistocene trace fossils from Ponta das Bicudas, Santiago, Cape Verde Islands: Systematics, taphonomy and palaeoenvironmetal evolution. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, 498: 83-98. Meireles, R.P. 2013. Marine palaeoecological and depositional processes on the shallow-waters of the Azores archipelago: the mobile Ostracoda (Crustacea) and the sessile Bryozoa as case-studies. Tese de Doutoramento, não publicada. Universidade dos Açores, Ponta Delgada: 227 pp. Meireles, R.P., Faranda, C., Gliozzi, E., Pimental, A., Zanon, V. & Ávila, S.P. 2013. Late Miocene marine ostracods from Santa Maria Island, Azores (NE Atlantic): Systematics, palaeoecology and palaeobiogeography. Revue de Micropaléontologie, 55 (4): 133-148. Meireles R.P., Gliozzi E., Faranda C., Martins A.F. & Ávila S. 2012. Late Miocene marine ostracods from the Azores (North Atlantic). Joannea Geologie und Paläontologie, 11: 128-131. Ménard de la Groye, F.J.B. 1807. Mémoire sur un nouveau genre de la famille des Solénoides. Annales du Muséum d’Histoire Naturelle de Paris, 9: 131-139. Monteiro, A., Tenorio, M.J. & Poppe, G.T. 2004. The family Conidae. The West African and Mediterranean species of Conus. In: Poppe, G.T. & Groh, K., Eds. A Conchological Iconography. Conchbooks, Hackenheim: 102 pp. Morelet, A. & Drouët, H. 1857. Conchologiae Azoricae prodromus novarum specierum diagnoses sistens. Journal de Conchyliologie, 6: 148-153. Ooster, W.A. 1860. Catalogue des Céphalopodes fossiles des Alpes suisses, avec la description et les figures des espèces remarquables. Couches Crétacées.Nouveaux Mémoires de la Société Helvétique des Sciences Naturelles, 5: 1-100. Orchymont, A. D’ 1936. Porto Santo, ses sables calcaires. L’Atlantide. Bulletin du Muséum Royal d’Histoire Naturelle de Belgique, 12 (43): 13-24. Parente, A., Cachão, M., Baumann, K.H., Abreu, L. & Ferreira, J. 2004. Morphometry of Coccolithus pelagicus s. l. (Coccolithophore, Haptophyta) from offshore Portugal, during the last 200 kyr. Micropaleontology, 50 (1): 107-120. Pilsbry, H.A. 1916. The sessile barnacles (Cirripedia) contained in the collection of the U. S. National Museum; including a monograph of the American species. Bulletin of the United States National Museum, 93: 1-366. Puillandre, N., Duda, T.F., Meyer, C., Olivera, B.M. & Bouchet, P. 2015. One, four or 100 genera? A new classification of the cone snails.Journal of Molluscan Studies, 81: 1-23. Reitner, J. & Engeser, T. 1982. Teuthiden aus dem Barrème der Insel Maio (Kapverdische Inseln). Paläontologische Zeitschrift, 56: 209-216.

-18- Comunicaciones especializadas Os topónimos das ilhas atlânticas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Renz, O. 1983. Early Cretaceous Cephalopoda from the Blake-Bahama Basin (Deep Sea Drilling Project leg 76, hole 534a) and their correlation in the Atlantic and southwestern Tethys. Deep Sea Drilling Project Initial Reports, 76: 639-644. Rockel, D., Rolán, E. & Monteiro, A. 1980. Cone shells from Cape Verde Islands. A difficult puzzle. Feito, Vigo: 178 pp. Rolán, E. 1984. Descripción de una nueva especie del género Hinia Leach, in Gray, 1847 (Mollusca, Gastropoda) procedente del Archipiélago de Cabo Verde. Bolletino Malacologico. 29 (5-8): 167-174. — 1986. Descripción de tres nuevas especies del género Conus (Gastropoda) del archipiélago de Cabo Verde. Publicações Ocasionais da Sociedade Portuguesa de Malacologia, 6: 1-16. — 1990. Descripción de nuevas especies y subespecies del genero Conus (Mollusca, Neogastropoda) para el Archipiélago de Cabo Verde. Iberus, Supl. 2: 5-70. Rolán, E., Rockel, D. & Monteiro, A. 1983. New observations on Cape Verde cones, I - II. La Conchiglia, 15 (172-175): 4-5, 16-17. Sacco, F. 1893. I Molluschi dei Terreni Terziarii del Piemonte e della Liguria. Parte XIV (Strombidae, Terebellidae, Chenopidae e Hallidae). Carlo Clausen, Torino: 41 pp. — 1899. I molluschi dei terreni terziarii del Piemonte e della Liguria. Parte XXVII (Unionidae, Carditidae, Astartidae, Crassatellidae, Lasaeidae, Galeommidae, Cardiidae, Limnocardiidae ed Chamidae). Carlo Clausen, Torino: 102 pp. Seddon, M. 1990. Undescribed Quaternary land-snail species from SW Porto Santo (Madeira Islands). Journal of Conchology, 33 (5): 299-304. — 2008. The landsnails of Madeira. An illustrated compendium of the landsnails and slugs of the Madeiran archipelago. BIOTIR 2. BIOTIR Reports. Studies in Terrestrial and Freshwater Biodiversity and Systematics. National Museum of Wales, Cardiff: 196 pp. Serralheiro, A.R. 1970. Geologia da ilha de Maio (Cabo Verde). Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa: 130 pp. Silva, G.H. 1956. Contribution à la connaissance de la faune fossile de Porto Santo. Memórias e Notícias, Publicações do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, 42: 26-28. — 1957. Descrição de gastrópodes terrestres fósseis do Quaternário da Ilha de Porto Santo. Memórias e Notícias, Publicações do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, 44: 10-32. Soares, A.F. 1973. A Formação Eolianítica da ilha de Porto Santo. Memórias e Notícias, Publicações do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, 75: 47-88. Soares, A.F., Callapez, P.M. & Marques, J.F. 2006. Geologia de Porto Santo. Boletim da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia, 27: 7-45. — 2010. As unidades fossilíferas do Cenozóico de Porto Santo. In: Neiva, J.M.C., Ribeiro, A., Victor, L.M., Noronha, F. & Ramalho, M.M. Eds. Ciências Geológicas – Ensino, investigação e sua história. Vol. III – Geologia das Ilhas dos Arquipélagos dos Açores e da Madeira e Geologia das antigas Colónias. Associação Portuguesa de Geólogos e Sociedade Geológica de Portugal, Lisboa: 37-45. Sowerby, J.C. 1824. Descriptions, accompanied by figures of several Helices, discovered by T.E. Bowdich, Esq. at Porto Santo. Zoological Journal, 1: 56-58. Stahlecker, R. 1935. Neocom auf der Kapverden-Insel Maio. Neues Jahrbuch für Mineralogie, Geologie und Paläontologie, 73 (2): 265-301. Teixeira, C. 1950. Notas sobre a geologia das ilhas atlântidas. Anais da Faculdade de Ciências do Porto, 33 (3-4): 193-233. Teixeira, C. & Pais, J. 1976. Introdução à Paleobotânica. As grandes fases da evolução dos vegetais. Livraria Escolar Editora, Lisboa: 211 pp. Trauth, F. 1936. Aptychenstudien. Annalen des Naturhistorischen Museums in Wien, 47: 127-145. — 1938. Die Lamellaptychen des Oberjura und der Unterkreide. Palaeontographica, 88 (A): 115-229. Trovão, H.F.M. 1979. Contribuição para o estudo dos moluscos gastrópodes da família Conidae de África Ocidental. Amphitrite, 1 (1): 3-12. Trovão, H., Rolán, E. & Félix-Alves, I.A.V. 1990. A new species of Conus from the Cabo Verde Archipelago, West Africa (Mollusca: Gastropoda: Conidae). Publicações Ocasionais da Sociedade Portuguesa de Malacologia, 15: 69-78. Vermeulen, J., Lazarin, P., Lépinay, P., Leroy, L., Mascarelli, E., Meister, C. & Menkveld-Gfeller, U. 2012. Ammonites (Ancyloceratinae) nouvelles ou peu connues de l’Hauterivien supérieur. Annales du Muséum d’Histoire Naturelle de Nice, 27: 271-318. Waldén, H.W. 1983. Systematic and biogeographical studies of the terrestrial gastropoda of Madeira. With an annotated check-list. Annales Zoologici Fennici, 20: 255-275. Wallich, G.C. 1877. Observations on the coccosphere. Annals and Magazine of Natural History, Ser. 4, 19: 342-350. Winkelmann, K., Buckeridge J., Costa, A.C., Dionísio, M.A.M., Medeiros, A., Cachão, M. & Ávila, S. 2010. Zullobalanus santamariaensis sp. nov., a new late Miocene barnacle species of the family Archaeobalanidae (Cirripedia: Thoracica), from the Azores. Zootaxa, 2680: 33-44. Wood, W. 1828. Supplement to the Index Testaceologicus; or a catalogue of shells, British and foreign. Richard Taylor, London: 59 pp.

Bol. R. Soc. Esp. Hist. Nat., 115, 2021 -19- R.B. Rocha, P.M. Callapez, J.C. Kullberg & P.S. Caetano

Wollaston, T.V. 1878. Testacea Atlantica or the land and freshwater shells of the Azores, Madeiras, Salvages, Canaries, Cape Verdes, and Saint Helena. Reeve & Co, London: 588 pp. Zbyszewski, G. & Ferreira, O.V. 1962a. Étude géologique de l’île de Santa Maria (Açores). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 46: 209-245. — 1962b. La faune Miocène de l’île de Santa Maria (Açores). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal, 46: 247-291.

-20- Comunicaciones especializadas