Ana Rosa Carvalho De Oliveira

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Ana Rosa Carvalho De Oliveira UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARAGUAÍNA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DE CULTURA E TERRITÓRIO ANA ROSA CARVALHO DE OLIVEIRA DO OUTRO LADO DA TELA: DO CONSUMO DE TELENOVELAS À SUBJETIVIDADE PERIFÉRICA DAS MULHERES EM ARAGUAÍNA – TO. UMA DISCUSSÃO SOBRE RECEPÇÃO E INTERSECCIONALIDADE. ARAGUAÍNA-TO 2019 ANA ROSA CARVALHO DE OLIVEIRA DO OUTRO LADO DA TELA: DO CONSUMO DE TELENOVELAS À SUBJETIVIDADE PERIFÉRICA DAS MULHERES EM ARAGUAÍNA – TO. UMA DISCUSSÃO SOBRE RECEPÇÃO E INTERSECCIONALIDADE. Dissertação apresentado ao Programa de Pós- graduação em Estudos de Cultura e Território como requisito parcial à obtenção do título de Mestra em Estudos de Cultura e Território sobre a orientação do professor Drº Plábio Marcos Martins Desidério. ARAGUAÍNA-TO 2019 Dedico este trabalho para as mulheres, que dentro de nossas pluralidades possamos ser respeitadas a partir de nossas singularidades. Dedico as mulheres negras que são resistência às forças de opressão que tanto reviram suas vidas. E desejo a nós, mulheres brancas que possamos estar em constantes reflexões sobre nossos privilégios e a nossa branquitude. Até que todas sejamos livres! AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente as forças do universo, que a tanto me acompanha, me ajuda, me abençoa. Que esteja sempre conosco! Agradeço a Méa Lima que tanto me ajudou na escrita do projeto, de diários de campo e desse trabalho e, com amor me mostra que a trajetória, em muitas vezes, é mais importante que o final, que sem ela não conseguiria atravessar a linha. Enquanto antropóloga, amiga e amor foi essencial no meu trabalho, sem você não aconteceria, desde o começo. Que o amor sempre nos presenteie com bons momentos, boas risadas e boas reflexões, que assim seja, por que assim é. Agradeço a amorinha Renata Petarly, que tanto gasta seu tempo, e vice-versa, por que somos recíprocas, falando, explicando e trocando ideias sobre gênero, mulheres, feminismos e a vida em experiências, escolhas e trabalhos. Acreditamos juntas em um mundo mais feminista e mais igualitário. Ainda aos amigos de amor que conquistei nesse Estado, que hoje é minha casa, gratidão por fazer esse lugar mais aconchegante, Maiza Lobo e Rodrigo Gomes. Agradeço aos meus amigos que conquistados nesse processo de mestrado, em que estamos sempre presentes em cuidado e tornando esse processo mais leve e amoroso, ao meio de tantos percalços descobrimos que as conquistas chegam. Cassio Cipriano, Ghiovana Rosa, Wenas Silva, e Kerlly Regina desejo sucesso para a caminhada que procederá. Por que gentileza gera gentileza. À Santiago Abel, gratidão por aprendizado, pelo intercâmbio cultural, que por vezes me fez crescer e entender o mundo além desse visto e vivido. Por reflexões e crescimentos pessoais e emocionais. Por dividir as dores e as felicidades de uma casa com gatos, namoros, confusões e por fim, a vida de mestrandos. Às amigas que tiveram presente em conversas, amores, planejamentos e força, meus profundos sentimentos de gratidão, pois nessa caminhada da vida vocês são fundamentais. São elas Mirela Borges, Fernanda Oliveira, Marina Salgado, Paulo Coutinho. Às amigas de infância que trocamos amor e carinho sobre a vida, obrigada por estarem e permanecerem fortes na vida, Anna Carolina Lima Chaves e Andréa Souza. A minha família que sempre esteve comigo, vibrando em todos os momentos, e me abraçando quando precisava, nas dores e nas alegrias. Amo tanto, meu coração vibra, sem vocês tudo seria mais difícil. Eterna gratidão por sempre acreditarem em mim enquanto pessoa, filha, irmã e tia. Sem vocês minhas conexões mentais não seriam as mesmas, sobre como cuidar, como entender e a amar. Vocês são necessários e fundamentais nessa existência terrestre. À Isabel e Nereu meu casal de amor. À Ialy, João Luiz e José Luiz seres de luz que transmutam sempre minha energia com tanto amor, risadas e as besteiras que gostamos em comum. Ao meu orientador que teve tanta paciência, sempre pronto e disposto a me ajudar, me organizar e entender entre conceitos e reflexões sobre a vida, bem como “tudo é passageiro e relativo”. E com carinho, desejo sempre que se questione sobre a masculinidade e os privilégios que nos rodeia. Ainda agradeço a Gleys Ially Santos, por ser referência e mesmo sem saber, me inspira muito em suas posições na universidade enquanto mulher negra e feminista, elevando as discussões na comunidade científica mostrando que lugar de mulher é na educação, na ciência, na política e onde quisermos. É uma honra suas contribuições ao meu trabalho. Ainda o prazer de conhecer e mesmo de longe Josefina Tranquilin, Fina, como suas contribuições foram diretas e reflexivas ao meu trabalho, gratidão por aceitar o convite. E reitero que uma banca composta por mulheres traz uma suavidade nas considerações e apontamentos, de uma forma direta e compreensiva, que impulsiona e rememora o sentimento de capacidade, compreendendo a relevância das discussões. Um trabalho sobre mulheres, feito para as mulheres, com contribuições de mulheres, e essa era a ideia. Que possamos ressignificar os espaços e deixar mais feminista, mais plural e mais negro. RESUMO O processo de recepção envolve quem e como se assiste televisão, a compreensão do conteúdo televisivo será mediado a partir do lugar social em que se está. Nesse sentido as trajetórias e vivências sociais são construídas a partir deste complexo componente, que dará lugar a constituição da subjetividade. À luz da etnografia feminista acompanhamos o processo de recepção de telenovelas com as mulheres, interlocutoras dessa pesquisa, enquanto sujeitas periféricas, evidenciando as construções de gênero e de raça que as atravessam. A construção da subjetividade se dá através das especificidades que nos tornam sujeitas de nossas trajetórias e experiências, então podemos dizer que a periferia são constituintes das subjetividades as quais perpassam as identidades das nossas sujeitas de pesquisa principalmente quando levamos em consideração a interseccionalidade. Assim, construímos nossa narrativa a partir do cotidiano observando os processos discursivos, e como ele é percebido e recebido tendo a mediação como atravessamento no processo de linguagem até adquirir sentido e significado. Palavras-chaves: mediação, subjetividade, interseccionalidade, mulher. ABSTRACT The reception process involves who and how television are watched, the understanding of television content will be mediated from the social place in which one is. In this sense, the trajectories and social experiences are building from this complex component, which will give rise to the constitution of subjectivity. In the light of feminist ethnography, we follow the process of receiving soap operas with women, collaborators of this research, as peripheral subjects, highlighting the gender and race constructions that cross them. Understanding that the subjectivities built from the periphery permeate their identities, the intersectionality of gender and race mark these subjects, in their subjectivities and in the formation of inequalities present in society. Thus, we build our narrative from everyday observing the discursive processes, and how it is perceived and received having mediation as a crossing in the language process until acquiring meaning and meaning. Keywords: mediation, subjectivity, intersectionality, woman. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 15 INTRODUÇÃO 24 CAPÍTULO 1- EXPERIÊNCIAS E SIGNIFICADOS: DISCUTINDO AS SUBJETIVIDADES E TRAJETÓRIAS A PARTIR DA TERRITORIALIDADE 36 1.1. Mulheres construindo e negociando as culturas populares 41 1.2 A vivência do território: mulheres protagonistas 50 1.3 O caminho 59 1.3.1 Percurso da pesquisa – ninguém solta a mão de ninguém 61 CAPÍTULO 2 – PERIFERIA e SUJEITOS PERIFÉRICOS? 64 2.1. O retrato da periferia: como foi construída? 64 2.2 “Periferia é periferia em qualquer lugar?” 72 2.3. Processo da recepção e territorialidade: o que significa? 84 2.4 As mulheres da periferia (r)existe! 88 CAPÍTULO 3 - SOBRE A TELENOVELA: CONSUMO E SENTIDOS NA RECEPÇÃO. 97 3.1. Da televisão à telenovela, o sentido construído. 100 3.2 Cuidam-se: elas por elas 112 3.3 Recepção e processos televisivos 122 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 129 REFERÊNCIAS 132 APÊNDICE - RESUMO DAS NOVELAS ACOMPANHADAS 137 15 APRESENTAÇÃO Eu, Ana Rosa Carvalho de Oliveira, filha de pai branco e mãe negra, migrantes do nordeste brasileiro e moradora de periferia desde a infância, sou consciente de todos os meus privilégios enquanto mulher fenotipicamente branca. Ao escolher falar sobre mulheres moradoras da periferia escolho também falar de mim, do lugar de onde nasci e vivi a maior parte da minha vida, no entanto compreendo que as mulheres que comporão as histórias que contaremos aqui tem especificidades de raça e classe que não me atingem. Nascida na década de 90 e vinda de uma família de classe média, morar na periferia era a “escolha” que cabia no orçamento. Cinco anos após meu nascimento, meu pai e a minha mãe adquiriram um imóvel numa quadra chamada 38 (vulgarmente chamada três oitão), no Guará 2, uma cidade-satélite do Distrito Federal. Aquele momento, financeiramente, representava a nossa maior conquista, um lugar espaçoso, sinal claro de mobilidade social e uma demonstração de ascensão econômica para minha família. A formação da quadra onde morávamos se deu a partir da ocupação ilegal ocorrida anos antes e mesmo passado todo processo de regularização, não era mais que um conjunto de casas desalinhadas e pouco padronizadas, incomum em relação a outras quadras da cidade. Diferente do que se apresenta enquanto característica
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