Dramaticidade, Subjetividade E Sacralidade Em Jane Eyre, O Romance De Formação De Charlotte Brontë

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Dramaticidade, Subjetividade E Sacralidade Em Jane Eyre, O Romance De Formação De Charlotte Brontë UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Dramaticidade, subjetividade e sacralidade em Jane Eyre, o romance de formação de Charlotte Brontë Danielle Dayse Marques de Lima João Pessoa, PB Abril / 2013 Danielle Dayse Marques de Lima Dramaticidade, subjetividade e sacralidade em Jane Eyre, o romance de formação de Charlotte Brontë Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Letras. Área de Concentração: Literatura e Cultura. Linha de Pesquisa: Tradição e Modernidade. Orientadora: Profª. Drª. Sandra Luna João Pessoa, PB Abril / 2013 2 L732d Lima, Danielle Dayse Marques de. Dramaticidade, subjetividade e sacralidade em Jane Eyre, o romance de formação de Charlotte Brontë / Danielle Dayse Marques de Lima.-- João Pessoa, 2013. 347f. Orientadora: Sandra Luna Tese (Doutorado) – UFPB/CCHLA 1. Brontë, Charlotte, 1816-1855 - crítica e interpretação. 2. Literatura inglesa - crítica e interpretação. 3. Dramaticidade. 4. Subjetividade. 5. Romantismo. 6. Sacralidade. UFPB/BC CDU: 3 820(043) BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Profª. Drª. Sandra Luna Professora Orientadora UFPB __________________________________________________ Profª. Drª. Suzi Frankl Sperber 1ª Examinadora UNICAMP ___________________________________________________ Profª. Drª. Rosângela Neres Araújo da Silva 2ª Examinadora UEPB ___________________________________________________ Prof. Dr. MICHAEL SMITH 3º Examinador UFPB ___________________________________________________ Prof. Dr. Fabricio Possebon 4º Examinador UFPB João Pessoa, 22 de abril de 2013 4 A A., minha letra escarlate, por abrir a porta do sótão... 5 AGRADECIMENTOS À minha querida amiga, professora, orientadora, Sandra Luna, minha “mãe”, que me acolheu em minha “orfandade”, dentro e fora dos limites da Academia, a quem devo muito mais do que o acompanhamento minucioso e cuidadoso desta pesquisa. A Sandra sou extremamente grata por sua orientação, rigorosa, porém temperada pela sua habitual generosidade e amizade, e por sua inestimável contribuição para a minha formação acadêmica e pessoal. Sem dúvida alguma, Sandra ocupa um lugar muito especial na minha trajetória formativa, sendo um constante modelo ao qual recorro para me livrar das “traditional female temptations”. Às professoras Suzi Frankl Sperber e Ana Adelaide Peixoto, que contribuíram tão gentilmente para este trabalho, por meio das valiosas observações tecidas durante o exame de qualificação. A Ana Luisa, Zirinha, minha grande companheira de doutorado, estimada amiga, com quem eu ri tanto, e com quem eu chorei mais um tanto, mas que, com sua sensibilidade costumeira, soube me socorrer e me trazer alívio nos meus momentos mais turbulentos. À professora Cleonice Camino, Cléo, Zira-mãe, que acompanhou de perto a nossa marcha “aperreada”, além de haver disponibilizado a sala do Núcleo de Pesquisas em Desenvolvimento Sociomoral (NPDSM), onde foi desenvolvida parte significativa deste trabalho. 6 À professora Ana Raquel Torres, que, por muito tempo, também disponibilizou a sua sala de pesquisa, o ambiente do Grupo de Pesquisas em Comportamento Político (GPCP), onde muitas leituras deste trabalho foram feitas na companhia dos pesquisadores do grupo, com quem tomamos (eu e Zira) tantos agradáveis cappuccinos. A Iracema, por acolher, constante e serenamente, minhas palavras, dores e alegrias, por minha integridade psíquica. A Rose, secretária da pós, pela excelência e presteza de seus serviços, além de sua usual simpatia. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro. 7 RESUMO Jane Eyre, o mais aclamado romance da escritora inglesa Charlotte Brontë, tem sido investigado pela crítica literária das últimas décadas sob as mais diversas perspectivas, devido ao caráter complexo e inquietante desse clássico romance de formação (bildungsroman). Dentre as tendências críticas mais visíveis, destaca-se a leitura feminista dessa narrativa de Brontë, que, na década de 1970, contribuiu, significativamente, para a inserção dessa obra no cânone da escrita feminina ocidental. No entanto, mais recentemente, alguns autores têm se voltado para a temática da religiosidade do romance, relacionando essa questão a outros elementos da narrativa, sem apresentar, contudo, uma reflexão mais profunda acerca das manifestações do sagrado no romance. Acreditamos que essas manifestações estão vinculadas, principalmente, à noção moderna de subjetividade, conceito aprimorado e exaltado pelo Romantismo, influente movimento estético, originado e desenvolvido nas décadas anteriores à publicação do romance de Brontë. Assim, a presente tese tenciona promover uma interpretação de Jane Eyre pelo viés da sacralidade, atrelada à noção romântica de subjetividade, e também ao conceito de dramaticidade, o qual permeia o processo de formação da protagonista. Neste, a oposição social / natural corresponde, simbolicamente, à oposição profano / sagrado, sendo a sociedade e a natureza os domínios por onde a heroína transita, vivenciando conflitos e sofrimentos, imprescindíveis para a sua experiência formativa e para a maturação de seu caráter. Procuramos demonstrar, assim, que, apesar de a trajetória formativa da protagonista, pontuada por eventos dramáticos, ocorrer no sentido da preparação para o mundo prático, profano e social, esse percurso não prescinde da relação simbólica com a sacralidade, que se manifesta, principalmente, por meio da relação mística estabelecida entre a subjetividade e a natureza. Desse modo, esperamos que a nossa pesquisa contribua para os estudos literários interdisciplinares, de modo geral, e para o arcabouço crítico desse importante romance de Charlotte Brontë, mais especificamente. Palavras-chaves: Jane Eyre – formação – dramaticidade – subjetividade – Romantismo – sacralidade 8 ABSTRACT Jane Eyre, the most applauded novel by the English writer Charlotte Brontë, has been investigated by the literary critics from the last decades from many different perspectives, due to the complex and unsettling quality of this classic formation novel (bildungsroman). Among the most visible critical tendencies, we can emphasize the feminist reading of this Brontë‟s narrative, which, in the 1970‟s, meaningfully contributed to the insertion of this work in the canon of the western feminine writing. Nevertheless, more recently, some authors have been inclined to study the religiosity of the novel, connecting this issue with other elements of the narrative, without presenting, however, a deeper reflection about the manifestations of sacredness in the novel. We believe that these manifestations are mainly linked to the modern notion of subjectivity, a concept which was improved and exalted by the romantic movement, an influential aesthetic movement, originated and developed during the decades preceding the publication of Brontë‟s novel. Therefore, the present thesis aims at promoting an interpretation of Jane Eyre from the sacred perspective, related to the romantic notion of subjectivity, and also to the concept of drama, which permeates the protagonist‟s formation process. In this process, the opposition social / natural symbolically corresponds to the opposition profane / sacred. Society and nature are the places where the heroine transits, experiencing conflicts and sufferings, which are indispensable for her formation process and for the maturation of her character. We attempt to demonstrate, thus, that although the protagonist‟s formation trajectory – marked by dramatic events – occurs in the direction of a preparation to the practical, profane and social world, this trajectory does not prescind of a symbolical relation with sacredness, which is mainly expressed through the mystical relation established between the subjectivity and nature. In this way, we hope our research contributes to the interdisciplinary literary studies, generally, and to the critical studies of this important novel by Charlotte Brontë, more specifically. Key words: Jane Eyre – formation – drama – subjectivity – Romanticism–sacredness 9 SUMÁRIO Introdução 12 Capítulo I - A herança literária de Charlotte Brontë: Jane Eyre e sua fortuna crítica.......................................................................................................................... 20 1. Jane Eyre e a crítica feminista ...................................................................... 22 2. Jane Eyre e a crítica marxista........................................................................ 55 3. Jane Eyre e a crítica contemporânea ............................................................. 62 Religião e formação............................................................................................. 63 Um novo olhar sobre a crítica feminista.............................................................. 73 Conformismo ou revolta?..................................................................................... 86 Capítulo II - Fundamentação teórica: romance de formação e drama....................... 101 1. A mistura de gêneros literários........................................................................ 101 2. Teoria do romance de formação..................................................................... 103 Uma breve história do bildungsroman................................................................. 103 A teoria do bildungsroman.................................................................................
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