o dia I Domingo, 10.1.2021 D MULHER 3

Igor Reis/Divulgação reprodução eta de Dorival Caym- mi e sobrinha de Nana NCaymmi, Alice carrega um sobrenome de peso. Mas isso não afeta a originalida- ‘Ousadia é de dessa cantora e composi- tora de 30 anos. Seu mais re- cente trabalho, a regravação da música ‘Me Leva’, sucesso especialidade atemporal de Latino, mostra a irreverência musical da artis- ta que transita da MPB e pop até o funk melody e a música da casa’, brinca eletrônica. “Ousadia é uma especia- lidade da casa. Nunca tive medo de fazer nada e se tives- Alice Caymmi se, eu nem sairia de casa para trabalhar, afinal, sou neta de ...”, reflete Ali- ce sobre a pressão e os ques- sobre carreira tionamentos sobre a família ilustre, que não costuma dar pitacos em seus trabalhos. Cantora carioca, de 30 anos, regravou o funk melody “São as pessoas que falam muito desse assunto e eu sei ‘Me Leva’, com sua sonoridade pop-eletrônica

foi lançada em dezembro e fei- muito doida”, brinca. ta em parceria com a produtora curitibana Vivian Kuczynski, Expectativas para 2021 de apenas 17 anos. Alice afirma que reage bem às crises e isso não foi diferente Originalidade em 2020. O período de isola- A regravação é uma home- mento social foi um momento nagem a versão original, que de criação, tanto na música marcou a década de 90, mas como na pintura, que permi- também reforça a identidade tiu renovação a nível pessoal da cantora, que é reconhecida e artístico. que chama atenção, mas se por ter um jeito próprio de se “Eu saí totalmente da área eu ficar pensando nisso, eu expressar. “É uma versão mui- de conforto de não poder fa- não faço nada. Então, eu faço to minha. As pessoas, inclu- zer show, de não poder sair e e quem gostar, gostou. Quem sive, têm falado que dá para me distrair. Fiquei olhando não gostar, um forte abraço”, perceber que eu fiz esse novo para mim mesma, para o meu declara, aos risos. arranjo”, conta. umbigo e, ao invés de surtar, Não é de hoje que a cantora Isso tudo é reflexo do gosto eu resolvi compor”, revela a flerta com o funk. Em 2014, eclético e referências musi- cantora, que define o momen- no elogiado disco ‘Rainha dos cais de Alice. Na adolescência, to como trágico para o setor Raios’, Alice regravou o hit escutava de ‘A Bela e a Fera’ a cultural e equipes técnicas, ‘Princesa’, de MC Marcinho. Nirvana, gostos que permane- que perderam o sustento e Para a cantora, é um gênero ceram na fase adulta. Atual- não foram assistidas pelo que se destaca pela melodia, mente, ela diz escutar muito governo. item necessário para uma boa rap e trap, além de jazz. Na Mas Alice vê esperança no música como ela aprendeu casa dela, Kendrick Lamar e horizonte e acredita que 2021 com o pai, . Cardi B não param de tocar. vai ser um ano mais positivo “Eu sou muito amarradona “Eu ouço muita música, cur- que o anterior, mas também nesses ‘hitaços’ do funk melo- to muita coisa, não dá para di- de trabalho para “reconstruir dy. Sempre achei a melodia ‘Me zer que vem de um lugar só. Até a casa que caiu”. “Momento Leva’ legal porque é dramáti- porque para fazer um arranjo de reconstruir nossa vivencia, ca e tem a ver comigo, com a que tem tanto a minha cara, música, arte e cultura, que é a região que eu canto e as coisas eu preciso ter um repertório. base de tudo. Uma reconstru- que eu falo. Além disso, seria É daí que vem a maluquice de ção da maneira de se relacio- um cover divertido para jogar as pessoas reconhecerem que nar”, reflete a cantora. para a galera após um ano tão o arranjo é meu. Tenho muitas difícil como 2020”, revela Alice referências de lugares diferen- Reportagem do estagiário Filipe Pavão, sobre a escolha da música, que Alice e a capa do single ‘Me Leva’ (E): “Adoro os ‘hitaços’ do funk”, diz tes. Enfim, a minha cabeça é sob supervisão de Tabata Uchoa