(RS) Grupo De Trabalho: Mulher, Política

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(RS) Grupo De Trabalho: Mulher, Política XIII Reunión de Antropología del Mercosur 22 a 25 de julio de 2019, Porto Alegre (RS) Grupo de Trabalho: Mulher, Política e Resistência UM CORPO NA ENCRUZILHADA: UMA PROPOSTA DE ESTÉTICA POLÍTICA FEMINISTA Franciele Mussio Mendoza1 Luana de Almeida2 Resumo: Reconhecendo a necessidade histórica de destacar as contribuições das mulheres para a ​ transformação da arte latino-americana a partir dos anos 1960, este artigo tem por objetivo, ao destacar a atualidade revolucionária do diálogo entre arte e feminismo, a produção de uma sociologia visual assumidamente feminista, que aborde através da fotografia, da música e do audiovisual, as potencialidades discursivas e sensíveis do ‘corpo’. Buscamos em músicas de artistas brasileiras a representação sonora, audiovisual e performática de uma estética política feminista, e utilizamos algumas canções como aporte para a representação visual do debate que pretendemos traçar acerca do corpo, da sexualidade, do gênero, da identidade e da essencialização de uma figura feminina. E para alcançar tal objetivo desde a perspectiva da sociologia visual, realizamos uma análise das composições escolhidas e da proposta estética de cada artista destacando os elementos da nossa experiência/experimentação com essas canções que nos forneceram os signos para produção de nossas imagens como sociologia. Concluímos que propor uma estética política feminista é potencializá-la em direção a uma transformação das condicionantes materiais e simbólicas do patriarcado, portanto a nossa proposta de projeto de sociologia visual pretende ser a de uma arte que cause desconforto e que desestabilize noções essencialistas sobre o conceito de mulher. Palavras-chave: Feminismos; Sociologia Visual; Estética Política feminista. ​ UN CUERPO EN LA ENCRUCIJADA: UNA PROPUESTA DE ESTÉTICA POLÍTICA FEMINISTA Resumen: Reconociendo la necesidad histórica de destacar las contribuciones de las mujeres a la ​ transformación del arte latinoamericano a partir de los años 1960, este artículo tiene por objetivo, al destacar la actualidad revolucionaria del diálogo entre arte y feminismo, la producción de una sociología visual feminista, que aborde a través de la fotografía, la música y el audiovisual, las potencialidades discursivas y sensibles del cuerpo. Buscamos en canciones de artistas brasileñas la representación sonora, audiovisual y performática de una estética política feminista, y utilizamos algunas canciones como aporte para la representación visual del debate que pretendemos delinear acerca del cuerpo, de la sexualidad, del género, de la identidad y de la esencialización de una figura femenina. Y para alcanzar tal objetivo desde la perspectiva de la sociología visual, realizamos un análisis de las composiciones escogidas y de la propuesta estética de cada artista destacando los elementos de nuestra experiencia / experimentación con esas canciones que nos proporcionaron los signos para la producción de nuestras imágenes como sociología. Concluimos que proponer una estética política feminista es potenciar esta hacia una transformación de las condicionantes materiales y simbólicas del patriarcado, por lo tanto nuestra propuesta de proyecto de sociología visual pretende ser la de un arte que cause malestar y que desestabilice nociones esencialistas sobre el concepto de mujer. Palabras-clave: Feminismos, Sociologia Visual; Estetica politica feminista. ​ 1Estudante de Ciência Política e Sociologia pela Universidade da Integração Latino-americana (UNILA). Correio eletrônico: <[email protected]>. 2Estudante de Ciência Política e Sociologia pela Universidade da Integração Latino-americana (UNILA). Correio eletrônico: <[email protected]>. Introdução Como bem destacou a curadora de arte Cecilia Fajardo-Hill (2018), “é irônico como as qualidades que têm sido celebradas na arte do século XXI como o posicionamento contra a ordem, o experimentalismo, a originalidade e o não conformismo” não sejam aplicadas às artistas mulheres (FAJARDO-HILL, 2018, p.21), mesmo tendo sido (e sendo) elas, as responsáveis por uma verdadeira “virada iconográfica radical” na arte latino-americana (GIUNTA, 2018). Essas artistas colocaram (e ainda colocam) em questionamento não somente as opressões de gênero, como também demonstraram (demonstram) como estas foram (e são) reproduzidas pelo sistema de arte em seus parâmetros de representações artísticas (GIUNTA, 2018, p.29). A noção de ‘virada iconográfica radical’, cunhada pela historiadora de arte Andrea Giunta, compreende os vários movimentos artísticos de mulheres que transformaram a arte latino-americana a partir da década de 1960. A subversão realizada por estas mulheres às convenções estabelecidas pela arte hegemônica tem no ‘corpo’ seu aspecto central. Até então, a tradição artística representava o corpo “feminino” pelo nu, pelo retrato e pela maternidade sempre dos mesmos ângulos e parâmetros patriarcais/misóginos/normativos/heterossexuais (ibidem); mas ao entender o corpo como um constructo social, o movimento artístico de mulheres coloca no “[...] eixo de suas intervenções a desestruturação dos formatos sociais que regulavam o corpo, levando ao surgimento de um novo corpo e à destruição do corpo anterior culturalmente estabelecido” (ibidem). Aqui, a representação do “corpo” torna-se uma preocupação política, social e estética (ibidem) das artistas mulheres. Naquele momento histórico, a disseminação das teorias pós-estruturalistas, e especialmente, das teorias feministas de gênero, proporcionaram às artistas “novos materiais, substâncias e linguagens” para que questionassem a representação de um corpo “fixo, heterossexual e normativo” (ibidem) sustentado pela cultura ocidental. Além disso, a especificidade das ​ experiências ditatoriais na América Latina fizeram do ‘corpo’ um veículo de denúncia e resistência, tendo como horizonte a luta pela construção da democracia. Diante do atual cenário político e social de eliminação física e simbólica de corpos marginalizados que não aceita(ra)m ser silenciados na história e que (foram) são impedidxs de seu direito de (r)existência e de ocupação no/do mundo, é necessário abrir caminhos e não restringir o debate, e o diálogo entre arte e feminismo(s), que possui vieses revolucionários, abre perspectivas para pensar, posicionar e reaccionar nesta conjuntura. Estamos presenciando não apenas um confronto de ideias advindos de uma guerra cultural que se pretende hegemônica, mas igualmente uma disputa por uma construção imagética, em que a/o diferente/diverso desvirtuam a moral e os bons costumes da “espiritualidade” do homem branco, hétero e cristão. Por isso, desafiar os limites do corpo, ​ questioná-los, atravessá-los, permitir a existência de ‘corpos’, desmobilizar o corpo fixo, normativo, heterossexual está na ordem do dia para o enfrentamento deste momento histórico. O corpo foi “o campo de batalha a partir do qual se lançaram os novos saberes” (GIUNTA, 2018, p.29) que pautaram a arte assumidamente feminista, que tem como proposta superar o “essencialismo” das questões de gênero através de uma estética que questione os valores patriarcais e que permitiu abrir espaço para outras formas de experimentação, como as estéticas LGBTQIA+. Isso é tão representativo, que já não podemos falar de uma “arte de mulheres como uma categoria ideológica unitária” (TVARDOVKAS, 2011, p.6). A junção entre arte e feminismos nos mostrou o quão importante é explorar o “corpo” e assumirmos o nosso próprio poder de representação sobre ele. Com isso, decidimos propor a nós mesmas um experimento estético e político feminista através ​ da produção de imagens desde o nosso lugar de mulheres latino-americanas, inspiradas pela radicalidade e a sensibilidade legados da arte feminista da região. O corpo na ‘encruzilhada’ é o espaço de experimentação e de tensões onde se ​ encontram “o poder dos desvios e derivações com relação ao sistema heterocentrado” (PRECIADO, 2014, p.27), o ‘cruzamento’ em que se desdobram as questões em torno da sexualidade, do gênero, da identidade, da “essencialização” ​ de uma figura feminina, o ‘ponto crítico’ para novas “posições de enunciação” (idem) ​ e novas linguagens que nos possibilitam fazer paralelos entre o legado da arte feminista, a resistência e a construção de um horizonte político na conjuntura atual. Para cumprir com o nosso objetivo, utilizamos da sociologia visual como instrumento metodológico; a ‘imagem’ pode vir a ser um recurso interessante para a análise sociológica, a medida que o uso dos meios visuais nos possibilitam captar ‘outras visualidades’ e ‘outros sentidos’ da realidade social de forma crítica, aguçando o nosso “olhar sociológico” e complementando o texto científico, como bem demonstra, Mario Ortega Olivares (2002): [...] la sociología visual capta visualmente los hechos sociales en tanto datos para someterlos a la crítica hermenéutica. Además, redacta con luz y sonido, tanto análisis como discursos sobre los hechos sociales y sus reejos subjetivos. Develando lo que se ocultan tras la cándida nitidez instantánea del espectáculo fotográfico (OLIVARES, 2002, p.182). Aliado a essa potencialidade da sociologia visual em trazer à tona os “imaginários sociais” através da fotografia ou do audiovisual (OLIVARES, 2002, p.166), nos aventuramos no espaço da música buscando dar forma a nossa construção e representação imagética do “corpo na encruzilhada”; uma experiência sonora e sentimental de um certo compilado de músicas nacionais que são um ‘manifesto político’ dos “corpos-falantes” (PRECIADO, 2014): artistas e intérpretes de corpos
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