XIII Reunión de Antropología del Mercosur 22 a 25 de julio de 2019, Porto Alegre (RS) Grupo de Trabalho: Mulher, Política e Resistência UM CORPO NA ENCRUZILHADA: UMA PROPOSTA DE ESTÉTICA POLÍTICA FEMINISTA Franciele Mussio Mendoza1 Luana de Almeida2

Resumo: Reconhecendo a necessidade histórica de destacar as contribuições das mulheres para a ​ transformação da arte latino-americana a partir dos anos 1960, este artigo tem por objetivo, ao destacar a atualidade revolucionária do diálogo entre arte e feminismo, a produção de uma sociologia visual assumidamente feminista, que aborde através da fotografia, da música e do audiovisual, as potencialidades discursivas e sensíveis do ‘corpo’. Buscamos em músicas de artistas brasileiras a representação sonora, audiovisual e performática de uma estética política feminista, e utilizamos algumas canções como aporte para a representação visual do debate que pretendemos traçar acerca do corpo, da sexualidade, do gênero, da identidade e da essencialização de uma figura feminina. E para alcançar tal objetivo desde a perspectiva da sociologia visual, realizamos uma análise das composições escolhidas e da proposta estética de cada artista destacando os elementos da nossa experiência/experimentação com essas canções que nos forneceram os signos para produção de nossas imagens como sociologia. Concluímos que propor uma estética política feminista é potencializá-la em direção a uma transformação das condicionantes materiais e simbólicas do patriarcado, portanto a nossa proposta de projeto de sociologia visual pretende ser a de uma arte que cause desconforto e que desestabilize noções essencialistas sobre o conceito de mulher. Palavras-chave: Feminismos; Sociologia Visual; Estética Política feminista. ​

UN CUERPO EN LA ENCRUCIJADA: UNA PROPUESTA DE ESTÉTICA POLÍTICA FEMINISTA Resumen: Reconociendo la necesidad histórica de destacar las contribuciones de las mujeres a la ​ transformación del arte latinoamericano a partir de los años 1960, este artículo tiene por objetivo, al destacar la actualidad revolucionaria del diálogo entre arte y feminismo, la producción de una sociología visual feminista, que aborde a través de la fotografía, la música y el audiovisual, las potencialidades discursivas y sensibles del cuerpo. Buscamos en canciones de artistas brasileñas la representación sonora, audiovisual y performática de una estética política feminista, y utilizamos algunas canciones como aporte para la representación visual del debate que pretendemos delinear acerca del cuerpo, de la sexualidad, del género, de la identidad y de la esencialización de una figura femenina. Y para alcanzar tal objetivo desde la perspectiva de la sociología visual, realizamos un análisis de las composiciones escogidas y de la propuesta estética de cada artista destacando los elementos de nuestra experiencia / experimentación con esas canciones que nos proporcionaron los signos para la producción de nuestras imágenes como sociología. Concluimos que proponer una estética política feminista es potenciar esta hacia una transformación de las condicionantes materiales y simbólicas del patriarcado, por lo tanto nuestra propuesta de proyecto de sociología visual pretende ser la de un arte que cause malestar y que desestabilice nociones esencialistas sobre el concepto de mujer. Palabras-clave: Feminismos, Sociologia Visual; Estetica politica feminista. ​

1Estudante de Ciência Política e Sociologia pela Universidade da Integração Latino-americana (UNILA). Correio eletrônico: . 2Estudante de Ciência Política e Sociologia pela Universidade da Integração Latino-americana (UNILA). Correio eletrônico: .

Introdução Como bem destacou a curadora de arte Cecilia Fajardo-Hill (2018), “é irônico como as qualidades que têm sido celebradas na arte do século XXI como o posicionamento contra a ordem, o experimentalismo, a originalidade e o não conformismo” não sejam aplicadas às artistas mulheres (FAJARDO-HILL, 2018, p.21), mesmo tendo sido (e sendo) elas, as responsáveis por uma verdadeira “virada iconográfica radical” na arte latino-americana (GIUNTA, 2018). Essas artistas colocaram (e ainda colocam) em questionamento não somente as opressões de gênero, como também demonstraram (demonstram) como estas foram (e são) reproduzidas pelo sistema de arte em seus parâmetros de representações artísticas (GIUNTA, 2018, p.29). A noção de ‘virada iconográfica radical’, cunhada pela historiadora de arte Andrea Giunta, compreende os vários movimentos artísticos de mulheres que transformaram a arte latino-americana a partir da década de 1960. A subversão realizada por estas mulheres às convenções estabelecidas pela arte hegemônica tem no ‘corpo’ seu aspecto central. Até então, a tradição artística representava o corpo “feminino” pelo nu, pelo retrato e pela maternidade sempre dos mesmos ângulos e parâmetros patriarcais/misóginos/normativos/heterossexuais (ibidem); mas ao entender o corpo como um constructo social, o movimento artístico de mulheres coloca no “[...] eixo de suas intervenções a desestruturação dos formatos sociais que regulavam o corpo, levando ao surgimento de um novo corpo e à destruição do corpo anterior culturalmente estabelecido” (ibidem). Aqui, a representação do “corpo” torna-se uma preocupação política, social e estética (ibidem) das artistas mulheres. Naquele momento histórico, a disseminação das teorias pós-estruturalistas, e especialmente, das teorias feministas de gênero, proporcionaram às artistas “novos materiais, substâncias e linguagens” para que questionassem a representação de um corpo “fixo, heterossexual e normativo” (ibidem) sustentado pela cultura ocidental. Além disso, a especificidade das ​ experiências ditatoriais na América Latina fizeram do ‘corpo’ um veículo de denúncia e resistência, tendo como horizonte a luta pela construção da democracia. Diante do atual cenário político e social de eliminação física e simbólica de corpos marginalizados que não aceita(ra)m ser silenciados na história e que (foram)

são impedidxs de seu direito de (r)existência e de ocupação no/do mundo, é necessário abrir caminhos e não restringir o debate, e o diálogo entre arte e feminismo(s), que possui vieses revolucionários, abre perspectivas para pensar, posicionar e reaccionar nesta conjuntura. Estamos presenciando não apenas um confronto de ideias advindos de uma guerra cultural que se pretende hegemônica, mas igualmente uma disputa por uma construção imagética, em que a/o diferente/diverso desvirtuam a moral e os bons costumes da “espiritualidade” do homem branco, hétero e cristão. Por isso, desafiar os limites do corpo, ​ questioná-los, atravessá-los, permitir a existência de ‘corpos’, desmobilizar o corpo fixo, normativo, heterossexual está na ordem do dia para o enfrentamento deste momento histórico. O corpo foi “o campo de batalha a partir do qual se lançaram os novos saberes” (GIUNTA, 2018, p.29) que pautaram a arte assumidamente feminista, que tem como proposta superar o “essencialismo” das questões de gênero através de uma estética que questione os valores patriarcais e que permitiu abrir espaço para outras formas de experimentação, como as estéticas LGBTQIA+. Isso é tão representativo, que já não podemos falar de uma “arte de mulheres como uma categoria ideológica unitária” (TVARDOVKAS, 2011, p.6). A junção entre arte e feminismos nos mostrou o quão importante é explorar o “corpo” e assumirmos o nosso próprio poder de representação sobre ele. Com isso, decidimos propor a nós mesmas um experimento estético e político feminista através ​ da produção de imagens desde o nosso lugar de mulheres latino-americanas, inspiradas pela radicalidade e a sensibilidade legados da arte feminista da região. O corpo na ‘encruzilhada’ é o espaço de experimentação e de tensões onde se ​ encontram “o poder dos desvios e derivações com relação ao sistema heterocentrado” (PRECIADO, 2014, p.27), o ‘cruzamento’ em que se desdobram as questões em torno da sexualidade, do gênero, da identidade, da “essencialização” ​ de uma figura feminina, o ‘ponto crítico’ para novas “posições de enunciação” (idem) ​ e novas linguagens que nos possibilitam fazer paralelos entre o legado da arte feminista, a resistência e a construção de um horizonte político na conjuntura atual. Para cumprir com o nosso objetivo, utilizamos da sociologia visual como instrumento metodológico; a ‘imagem’ pode vir a ser um recurso interessante para a

análise sociológica, a medida que o uso dos meios visuais nos possibilitam captar ‘outras visualidades’ e ‘outros sentidos’ da realidade social de forma crítica, aguçando o nosso “olhar sociológico” e complementando o texto científico, como bem demonstra, Mario Ortega Olivares (2002): [...] la sociología visual capta visualmente los hechos sociales en tanto datos para someterlos a la crítica hermenéutica. Además, redacta con luz y sonido, tanto análisis como discursos sobre los hechos sociales y sus reejos subjetivos. Develando lo que se ocultan tras la cándida nitidez instantánea del espectáculo fotográfico (OLIVARES, 2002, p.182).

Aliado a essa potencialidade da sociologia visual em trazer à tona os “imaginários sociais” através da fotografia ou do audiovisual (OLIVARES, 2002, p.166), nos aventuramos no espaço da música buscando dar forma a nossa construção e representação imagética do “corpo na encruzilhada”; uma experiência sonora e sentimental de um certo compilado de músicas nacionais que são um ‘manifesto político’ dos “corpos-falantes” (PRECIADO, 2014): artistas e intérpretes de corpos “dissonantes” na história, mas que o concebem de forma criativa, reconhecendo “em si mesmos a possibilidade de aceder a todas as práticas significantes, assim como a todas as posições de enunciação” (PRECIADO, 2014, p.21); são “performatividades”, “viram do avesso a linguagem hegemônica, ​ apropriando-se de sua força performativa” (BUTLER apud PRECIADO, 2014, p.27-28). As nossas escolhas musicais não somente proporcionam os elementos ​ para a representação sonora, audiovisual, como também performática, que correspondem a um itinerário dx intérprete e/ou compositor(a). A partir disso, organizamos o artigo em duas partes dialógicas, uma teórica e outra prática. Na primeira parte, apresentamos as categorias que regem e envolvem nossas construções imagéticas, partindo de uma breve abordagem sobre o devir da desconstrução da arte hegemônica realizado pelas artistas feministas, e especialmente, de como o “corpo” foi inserido/possibilitou neste debate, e como é necessário em uma proposta estética e política compromissada com o feminismo; em seguida, na segunda parte, a potencialidade criativa da associação entre a sociologia visual e a nossa proposta estética experimental: limites e possibilidades.

1 Corpo encruzilhada

Apesar de observarmos nos dias atuais o resgate da produção artística de mulheres latino-americanas e de seus aportes a discussão de gênero, sexualidade e identidade (que já vinha sendo realizado desde os finais do século XX), ainda nos deparamos com um imenso vazio histórico do que caracterizou e ainda caracteriza o sistema de arte como espaço de reconhecimento, majoritariamente, representado por homens (FAJARDO-HILL, 2018, p.21). Acreditamos que um dos maiores desafios não é a de simples crítica e inclusão de nomes de artistas mulheres que foram apagadas dos estudos de história da arte, mas sim da desconstrução da arte em si, que deve ocorrer a partir das bases que sustentam a visão hegemônica deste campo de estudo que (pretende-se) se legitima(r) como “universal e neutro” (TVARDOVSKAS, 2011, p.9). Para isso, devemos partir da concepção “generalista” de arte. Nesta concepção a arte consiste em “uma esfera inexplicável, quase mágica, que deve ser venerada mas não analisada” (POLLOCK apud TVARDOVSKAS, 2011, p.3), e portanto, corresponderia a uma atividade de um “homem universal sem classe social” (ibidem); contudo, sua estrutura e seu propósito, ao contrário de universal, neutra e apolítica [...] é uma das formas em que está estruturado o poder patriarcal” (CHADWICH apud TVARDOVSKAS, 2011, p.9), pois a: [...] Arte [é] constitutiva de uma ideologia, e não simplesmente de um reflexo ou uma reprodução de modelos sociais que poderiam existir autonomamente. [...][A] arte [como] conjunto de práticas significantes [...] produz significados que intervém ativamente para as definições da categoria mulher (POLLOCK apud TVARDOVSKAS, 2011, p.6).

A arte não é apenas uma instância reprodutora das relações sociais, mas detentora do poder de representação do corpo, especialmente da definição do que é “mulher”, do que é o “feminino”, então para pensar em uma arte a serviço da desconstrução, precisamos de um compromisso estético político feminista. Questionar a construção corpórea que limita os corpos em formas pré-determinadas e com isso tensionar a representação clássica do feminino, é um dos desafios de um projeto político estético feminista, pois afinal o que é o ‘feminino’? Com esse questionamento, entendemos que é necessário que a arte venha: trazer à realidade o corpo feminino [...] expõe como maneira de retomada do corpo feminino sobre os domínios do homem: a diversidade de formas e tamanhos, as funções físicas que exerce e que são esquecidas em prol da eternização de um corpo sob constante serviço do sexo masculino (Kulczynski, 2007, p. 3947).

Se nós mulheres precisamos assumir a ação sobre os nossos próprios corpos, já que até então “[...] aos homens foram prestados o papel atuante de artistas criadores” (ALMEIDA, 2010, p.57), para isso devemos no posicionar diante da problemática do corpo. Não podemos abordá-lo sem passar pela questão da sexualidade, do gênero e identidade e da essencialização do feminino e da figura mulher. Segundo Paul Beatriz Preciado (2014), o espaço corporal é gestionado a partir de uma lógica heterocentrada que define as partes sexuais e as não sexuais. Por ser “a arquitetura do corpo política” (PRECIADO, 2014, p.31), podemos e devemos questionar esse espaço corporal, já que é necessário que haja a desconstrução sistematizada e sistemática da naturalização para com as práticas sexuais e sistemas de gênero assim como a equivalência de todos os corpos. O corpo é a veste de nosso ser, não há sujeito social que não o envolto por um corpo assim é importante vislumbrar a importância do corpo enquanto ferramenta política. O corpo se torna ferramenta política de acesso aos sujeitos pela sexualidade, que [...]”é tanto um mecanismo de assujeitamento, uma maneira pela qual os indivíduos são submetidos socialmente, como um modo de subjetivação, da qual faz parte o modo de autocompreensão desses mesmos indivíduos (NETO, ANO, p.84) - , e é a partir desta perspectiva - que vêm de Foucault (1988) que desenvolvemos nosso “fazer teórico” sobre a resistência feminina através da arte e uma nova percepção do corpo político. Ao entendermos que a sexualidade é fundamental para a população, pois ela é inseparável do modo como a política faz da vida sexual da população o objeto de suas práticas, podemos notar que é através da sexualidade nos tornamos sujeitos, não de outrem, mas de nós mesmos, o dispositivo da sexualidade é um ponto de passagem das relações de poder. Desde a estratégia de histerização do corpo da mulher - um dos quatro grandes conjuntos estratégicos que desenvolvem dispositivos específicos de saber e poder a respeito do sexo: Histerização do corpo da mulher: tríplice processo pelo qual o corpo da mulher foi analisado - qualificado e desqualificado- como corpo saturado de sexualidade; pelo qual, este corpo foi integrado, sob o efeito de uma patologia que lhe seria intrínseca, ao campo das práticas médicas. Pelo qual, enfim, foi posta em comunicação orgânica com o corpo social (cuja fecundidade regulada deve assegurar), com o espaço

familiar (do qual deve ser elemento substancial e funcional) e com a vida das crianças (que produz e deve garantir, através de uma responsabilidade biológico-moral que dura todo o período da educação) a mãe, com sua imagem em negativo que é a “mulher nervosa”, constitui a forma mais visível dessa estatização (FOUCAULT, 1988, p.99)

E além do exposto acima com a histerização do corpo da mulher o conceito ‘mulher’ foi construído sócio-historicamente a partir da figura do homem oposição ao ‘homem’, em outros termos é como se o conceito mulher surgisse como suplemento frente a figura central do homem.3 O corpo, então, é a esfera onde o poder repousa e há uma dicotomia hierárquica, tipicamente ocidental, que constrói simbólica e materialmente os corpos masculinos e femininos; mas ao propormos uma estética política feminista desde a sociologia visual, tomamos o desafio de transpassar essa estratégia que recai sobre o corpo ‘feminino’, a partir de uma arte que cause desconforto e que desestabiliza as noções essencialistas da figura da mulher.

2 Concepção das fotos Nossa perspectiva ao iniciar esse trabalho era, através do pensar artístico, e em relação direta com o fazer acadêmico, desnudar as representações hegemônicas - que aliadas a um saber e um discurso - acerca da figura feminina, que podem e são subvertidas pela produção artística de mulheres. Ao perceber na música das artistas escolhidas - e no novo conceber musical brasileiro e latinoamericano - debates críticos acerca das categorias que enclausuram a figura “feminina”, podemos avistar como a música desses artistas escolhidos se tornaram um foco de resistência e subversão do discurso hegemônico sobre a figura feminina. Contudo, o maior desafio nessa empreitada, foi aliar o “pensar artístico” com o fazer acadêmico; ainda que hajam fronteiras no trabalho acadêmico, inclusive na potencialidade de linguagens de produção científica - não implica que nós estejamos

3O homem neste caso é o centro que estrutura as relações e o pensar - o centro é responsável por unificar a estrutura e necessariamente ao conceituar o centro estamos também conceituando seu contrário/seu oposto. As ideias centrais das estruturas acabam por tornar-se instrumentos de dominação, pois quando crio um centro que possui um oposto é como colocar uma superioridade entre os opostos e assim acabou por tornar o centro como algo superior as demais ideias presentes na estrutura, por isso se faz necessário desconstruir os centros. Partimos assim da perspectiva proposta por Derrida (1971) ao pontuarmos a necessidade da desconstrução do(s) centro(s), pois com a perspectiva desconstrutivista podemos acabar com a relação entre centro(s) e seu(s) oposto(s) e portanto criar uma nova visão da realidade.

completamente libertas dela, pois desvencilhar-se do “natural” é um processo, e é o que esse trabalho é: um processo de produção que busca nos colocar no papel de instrumentos de nossa própria pesquisa. Mas aí que a sociologia visual se apresentou para nós como ferramenta que auxiliou na “desfamiliarização” com a sociologia de “gabinete”/clássica, ao associar a produção de imagens a observação-trabalho sociológico, levantando a importância da imagem para a investigação social e da possibilidade de criar conhecimento a partir desta imagem, porém, a partir de um equilíbrio entre texto e imagem (OLIVARES, 2002, p.170), duas linguagens diferentes mas complementares; é arriscado dizer que a imagem vale por si mesma, mas também não se deve colocá-la em segundo plano como uma simples ilustração do texto (idem). Pero para extraer el contenido de una imagen, no basta con observarla con pasión. Se debe proceder sociologicamente construyendo un proyecto, acuediendo para ello a la teoria, al método y buscando dilucidar un problema empírico concreto (SUÁREZ, 2008, p.10).

Se o “visual” é significativo para compreender a sociedade contemporânea, visto que utilizamos de imagens para representar a nossa realidade, além de estarmos inseridos em um processo de globalização das tecnologias de informação, por que nossa área (sociologia) não pode recorrer às tecnologias de produção de imagem (é claro) de forma crítica? A observação é aspecto essencial do método de investigação das ciências sociais, entretanto, essa afirmação que tem por objetivo validar o uso dessas tecnologias tem que ser tomada com cuidado, já que não podemos olhar para essa imagem como neutra e impassível de interesse de quem a produziu, tampouco independente de quem a produziu. Não é somente produzir uma imagem, existe um rigor científico por trás disso, uma metodologia, mas é claro, com todas as ressalvas necessárias sobre o lugar de produção ‘de determinada’ imagem ou audiovisual (OLIVARES, 2002, p.165-166). Para tanto, partimos da sociologia visual que seja crítica e teoricamente orientada que [...] “enfoca la fotografía como una interpretación del mundo” [...](OLIVARES, 2009, p. 167) e concebe imagens que traduzem nossas percepções teóricas, pois acreditamos que a captura de imagens pode refinar o “olhar sociológico”, já que:

[...] Cuándo se dedica tiempo y paciencia al análisis de una fotografía, el significado de la misma cambia profundamente. algo parecido

ocurre cuando el investigador, captura, construye por sí mismo su percepción de lo social a través de la lente fotográfica. (OLIVARES, 2002, p. 166)

Com “produção” de fotografias avistamos a possibilidade de abordar nossas perspectivas teóricas de outra maneira, desde a lente da câmera fotográfica; e isto pôde ampliar nossos entendimentos sobre a temática abordada, principalmente ao associá-la a uma proposta estética política feminista4. Isso possibilitou que nosso projeto fosse ao encontro de outros “espaços” de experimentação, como a música, que constitui um ambiente de efervescência de projeto musicais que abordam as temáticas desta proposta estética. A partir disso, elaboramos o que ousamos chamar de ‘representação sonora, audiovisual e performática’ de uma estética política feminista. Compreendemos com o legado das artistas feministas latino-americanas que uma estética política que assume o compromisso e o manifesto político dos feminismos, é uma arte potencializada para a transformação das condicionantes materiais e simbólicas do patriarcado. Portanto a nossa proposta de projeto de sociologia visual pretende ser a de uma arte que cause desconforto e que desestabilize noções essencialistas sobre o conceito de mulher mas “conscientes do nosso lugar politicamente informado” (TVARDOVSKAS, 2011, p.9), desde uma determinada cultura e trajetória biográfica. Para apresentar nossa perspectiva e proposta de sociologia visual, demonstramos abaixo como uma analisamos as composições escolhidas e um breve recorrido sobre a proposta estética de cada artista destacando os elementos da nossa experiência/experimentação com essas canções que nos forneceram os signos para produção de nossas imagens como sociologia.

Foto 1: Apologia às virgens mães - As Bahias e a Cozinha Mineira

4Na década de 1970 várias artistas latino-americanas promoveram diálogos com o movimento ​ feminista, no que ficou conhecido como ‘artivismo’ (arte+ativismo), que consistiu em uma proposta de ‘política estética feminista’ de subversão do patriarcado utilizando da arte como ferramenta de conscientização das opressões de gênero (PEÑA; MAYER; ROSA, 2018, p.37). Julia Antivilo Peña define uma ‘política estética feminista’ como obras “de artistas e ativistas envolvidas com qualquer vertente do feminismo cujas criações e ações implicam a produção de uma arte comprometida de modo político e social, na qual o feminismo é entendido como uma forma de pensamento e ação” (PENÃ apud PEÑA; MAYER; ROSA, 2018, p.38).

Quantos tempos teceram teus vestidos de lã? Quantas tranças os tempos fizeram traçar teus cabelos? ​ ​ Quantos beiços beberam do teu peito o afã? E dos seios sugaram o sulco sem dor, dos teus zelos. Senhora de saia, de ventre pré-destino. Quantos tempos cruzaram num ponto de cruz teu destino? [...] Já choraram teu choro, prantos correm na história. Feito rio que erode do espaço às margens: Trajetória. E dum choro contido, de branco e grinalda na média. Abusaram o desejo do corpo e teu sonho trajou de tragédia [...] (ASSUCENA, 2015, grifos nossos). ​ ​

È importante salientar que o projeto as Bahias e a cozinha mineira é representativo por total já que as suas vocalistas são mulheres transsexuais, sendo uma delas uma mulher transsexual e negra. Acreditamos que nós, enquanto seres humanos, somos seres autobiográficos, então, não desvinculamos nossas biografias de nossas produções e discursos. Essa música representa muito de suas autoras e o contexto ao qual escreveram, e nós enquanto seres interpretativas/os tampouco desvinculamos nossas vivências do processo interpretativo. Interpretamos nessa música a presença da trança enquanto elemento que ​ une o passado, o presente e o futuro nas práticas e vivências “femininas”. A presença de elementos comuns na história da dupla opressão-resistência das sujeitas opostas ao masculino na história, práticas que seguem se reproduzindo ao passar dos anos. Outro elemento marcante na música é a questão do sacro, onde todas as mulheres que categorizadas sempre em oposição a uma figura feminina (que não existe) carregam algo de sagrado. Há também a presença do elemento dialético de construção e desconstrução conjunta, o que queremos dizer com isso? O que “já foi” (passado), o “é” (presente), e o “será” (futuro) se unem na construção conjunta da nossa resistência, presente em toda a vivência, que não é a universal (do homem branco heterossexual). Ao buscar representar essa música em uma foto recorremos a ferramenta da colagem para estabelecer certo movimento a imagem. A fotografia é protagonizada por duas mulheres que se laçam e entrelaçam por uma linha da cor vermelha que ​ ​ representa esse devir e devenir entre os tempos. Como questionamos o que é o corpo feminino, a nudez é uma das formas como estabelecemos esse questionamento, pois o corpo feminino é aqui retirado

[...] Suponho que em toda sociedade a produção do Discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade. Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo, procedimentos de exclusão. O mais evidente, o mais familiar também, é a interdição. (FOUCAULT, 2013, p. 8-9).

Dito isso, nós buscamos através da nudez em nossas fotos ‘desinterditar’ o ​ corpo feminino.

Foto 2: Auto das bacantes - Ava Rocha Mate você Mesmo Coma do seu morto Desalinhe o corpo Fique louco Tome espaço do Estado, da polícia, da NSA Da mulher maravilha E meta um grelo na geopolítica (ROCHA, 2015, grifos nossos) ​ ​

Interpretamos a música e a estética proposta por Ava Rocha em seu clipe como um manifesto em prol da ocupação do espaço Público/Político pelas resistentes do mundo todo. O meta o grelo na geopolítica é um grito explícito e ​ gráfico para o levante das subordinadas em posição de subalternidade. Para representar visualmente essa música buscamos através da colagens de imagens trazer signos que sejam representativos da tomada do espaço público pelas sujeitas que a muito estavam/ão relegadas ao espaço privado e o questionamento dessas estipulação de papéis que define as que não podem adentrar ao espaço público de deliberação. Utilizamos o jogo de xadrez como representante do jogo da política deliberativa e a Bíblia como representante do pensamento patriarcal que estrutura as relações sociais.

Foto 3: Homem - Alice Caymmi

Eu sou homem Pele solta sobre o músculo Eu sou homem pelo grosso no nariz Não tenho inveja da maternidade Nem da lactação Não tenho inveja da adiposidade Nem da menstruação Só tenho inveja da longevidade E dos orgamos múltiplos (VELOSO, 2014)

Na música acima, Alice Caymmi ao representar o homem enquanto sujeito que almeja o prazer feminino o coloca em oposição à figura feminina. A intérprete vira de ponta cabeça aquilo que podemos remeter às formulações teóricas machistas/misóginas/sexistas de Sigmund Freud da “inveja do falo” pela “mulher” — ​ de que estas seriam incompletas pela falta de um pênis, e de que os sofrimentos femininos, como o que ele denominou como histeria, teriam relação com essa “falta” — e de Jacques Lacan5 — de que a mulher por si própria seria incapaz de chegar ​ ao gozo, de que nosso prazer é suplementar, ou seja, necessitando para isso do outro, que no caso é um homem — , os quais abordaram a existência da ‘mulher’ ​ sempre pela “ausência”. Caymmi promove o questionamento da norma da sexualidade que institui o prazer feminino como de menor importância frente ao prazer masculino. Ao questionar o desejo pelo desejo feminino a discussão sobre sexualidade aflora e toma forma, quizá aqui, até podemos debater novas tecnologias do sexo para ampliar o prazer de ambas dicotomias. Buscamos através da imagem trazer a figura feminina, representada pela mão, como figura hierarquicamente superior a figura masculina, que se encontra mascarada e sem agência, pois na foto é essa figura feminina que possui agência e onipotência. A figura masculina está mascarada para representar certa vulnerabilidade frente a figura feminina que na imagem ocupa posição de superioridade.

5BRENNAN, T. (org.) Para além do falo: uma crítica a Lacan do ponto de vista da mulher. : Record. Rosa dos Tempos, 1997.

Utilizamos da colagem para demonstrar linearidade frente a uma relação que pode ser vista como o início da degustação do gozo, propriamente o gozo feminino, já na segunda e terceira fotos recorremos ao clichê do cigarro como ponto final do prazer sexual e aqui a figura feminina é quem agencia todo o processo, a dona do gozo. A arte feminista é engraçada, irônica, cheia de deboche. A foto também faz ​ referência ao discurso de contemplação do "corpo feminino" na visão dos homens, que possui uma estética particular, “o nu”. Colocar o “HOMEM” como centro da foto e a "MULHER" apenas representada pelo braço, não só dá uma sensação de onipresença a nossa figura - poder - , mas também ‘poder’ de expor ao ridículo, à objetificação - trocar de lugar. O poder da representação "masculina" interfere em como a “mulher” deve se portar, e inclusive, na nossa sexualidade, e em como a gente performa - um paralelo que podemos traçar é as estéticas masculinas do pornô hétero - , aspecto implícito no vídeo ‘Homem’, que utiliza de fundos sonoros que fazem referência a “gemidos femininos”.

Vídeo - Necomancia - Linn da Quebrada Ai que Bicha Ai que baixa Ai que bruxa

Isso aqui é bicharia Eu faço Necomancia ​ [...] Então deixa sua piroca bem guardada na cueca Se você encostar em mim faço picadinho de neca (QUEBRADA, 2017)

Se faz necessário aqui explicitar quem é Linn da Quebrada em suas próprias palavras: "bixa travesti, preta, da quebrada, filha de empregada doméstica". Linn ​ ​ com seu artivismo questiona a sua identidade e nos lança junto no ato de questionar as identidades que se apresentam de forma homogêneas e bem constituídas em forma binária e dicotômica a outra. Em seu álbum Pajubá, Linn reflete sobre o conceito de feminino e representatividade. A música Necomancia ainda conta com a participação de Gloria Groove, uma Drag Queen, também representante da nova cena musical brasileira que estabelece novos debates sobre a sexualidade, o gênero, as normas e a identidade desde a música. Diferente das outras músicas analisadas, Necomancia foi inspiração para um vídeo. Julgamos que a proposta audiovisual consistia em uma forma muito interessante para melhor representar nossas interpretações sobre a canção de forma descontraída, apostando em toda estética “trash” e de “deboche” evocada nas performances de Linn da Quebrada Ao debater Necomancia percebemos um apelo a necessidade de retirar o falo de uma posição central, pois, como aponta Preciado (2014), o sexo é visto como tecnologia que reduz os corpos a zonas erógenas determinadas por uma relação de poder pautada na diferenciação entre gênero feminino e masculino. É nessa constituição do sexo como definidor de uma hierarquia que o pênis é legitimado como centro do impulso sexual. Porém, o ‘falo’ não é central apenas nas relações sexuais mas também em outras relações, pois este não é apenas corpóreo, mas também simbólico. Consideramos Necomancia uma alegoria ao termo Necromancia. E esta alegoria demonstra o afronte ao normativo, por quem é "afeminada, bonita e folgada”, ao perguntar, "pra que eu quero sua pica se eu tenho todos esses dedos?", retira o falo do centro, e consequentemente retira sua importância invertendo a posição de controle sobre o corpo alheio ao atacar o que é o centro de poder do “macho alfa”.

Para representar essa música construímos um vídeo explicitando a descentralização do falo desde o jargão: “Morte ao falo!”, ao mostrarmos a morte do falo de forma material. Além de buscarmos trazer à superfície a discussão proposta por Linn da Quebrada, inserimos simbolicamente elementos conjunturais para denotar nosso posicionamento a partir da resistência das populações LGBTQIA+ diante de uma conjuntura de recrudescimento da violência e do extermínio físico promovida pela gestão biopolítica aos corpos determinados como “anormais”.

Considerações finais Ao mesmo tempo que observamos um cerceamento do debate em torno das questões de gênero e sexualidade também nos encontramos num ambiente rico e propício com produções teóricas voltadas a uma história da arte feminista e estéticas que se propõe a desconstruir a arte. Desconstruir a arte para o questionamento da arte em si, de sua estrutura e de seu propósito, que ao contrário de universal, neutra e apolítica, “é uma das formas em que está estruturado o poder patriarcal” (CHADWICH apud TVARDOVSKAS, 2011, p.9) A arte é detentora do poder de representação do corpo, especialmente da definição do que é “mulher”, do que é o “feminino”. Observando isso, o ‘corpo’ no nosso projeto consistiu em algo central por suas possibilidades corpóreas, de veículo de denúncia das opressões e resistência a elas. [...] o feminismo artístico e o criticismo feminista da história da arte contribuíram para uma reformulação de valores estéticos e representações do corpo que ainda são vitais para nós. Eles liberaram a representação do desejo, forneceram novos saberes que prometeram uma expansão infinita: uma expansão das bases de nossa sensibilidade que, sem dúvida, contribuirá para uma maior emancipação estética da cidadania (GIUNTA, 2018, p.33).

A sociologia visual pode contribuir na tarefa de ultrapassar as barreiras do conhecimento dito como “científico”. Propor um projeto estético e político feminista através de imagens, desde o nosso lugar de mulheres latino-americanas, fez com que nós sentíssemos e mostrássemos nossa realidade. Isso nos provocou sair da zona de conforto que é o texto acadêmico que se afirma como “impessoal”. Durante

a construção do projeto teórico tínhamos em mente a representação de uma diversidade de corpos e práticas, porém durante a produção das fotos encontramos problemas relacionados a limites quanto representação dos corpos, pois ficamos ​ condicionadas aos corpos das pessoas que se propuseram a colaborar com o projeto. Contudo, a sociologia visual nos mostrou que é um instrumento metodológico necessário para as histórias e (r)existências que não são/foram contempladas, que são massacradas, excluídas, apagadas e silenciadas. Ela pode ser instaurada como horizonte, como parte da ação política, com propósitos, posições, que nos tempos atuais tem um papel relevante, até mesmo pedagógico. Por fim esse trabalho foi possível graças a radicalidade e a sensibilidade artística movida pelo desejo e pela vontade de transformação. Às mulheres que já foram, às que estão lutando e às que virão.

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