RODRÍGUEZ, Casimiro Torres
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[Recensão a] RODRÍGUEZ, Casimiro Torres - El reino de los Suevos Autor(es): Freire, José Geraldes Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Publicado por: Clássicos URL URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29139; persistente: http://hdl.handle.net/10316.2/29139 Accessed : 29-Sep-2021 01:00:03 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. 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O apreço pela obra e seu autor e o real interesse que ela tem para todos os estudiosos da Antiguidade do Ocidente Hispâ nico levou-nos a desejar conhecer o livro que, do ponto de vista cronológico, é a sua continuação, embora tenha sido publicado anteriormente, Galicia Sueva, como vem apenas na capa de resguardo. Trata-se do fruto da benemerência da Fun dação «Pedro Barrié de la Maza, Conde de Fenosa», sediada em La Coruna, que assim apoia o Instituto «P. Sarmiento de Estúdios Gallegos», com sede em Madrid. Este Instituto projectou, desde 1948, uma colecção sob o título de «Galicia Histó rica», de que a obra de Torres Rodriguez, de 1977, veio a ser o primeiro volume. Professor universitário em Santiago de Compostela e bibliotecário do Ins tituto «Rosalia de Castro», C. Torres utiliza um rigoroso método de investigação cientifica, histórica, jurídica e linguística que o leva a pesquisar lenta e minuciosa mente todos os acontecimentos ocorridos na Galaecia desde a invasão dos bárbaros (20.9.409 ou, segundo outros, terça-feira, 13.10.409) até à conquista do reino dos suevos por Leovigildo, no primeiro trimestre de 585. Não se ocupa, porém, apenas dos suevos, mas de toda a movimentação dos bárbaros no Centro e Oeste da Europa desde o séc. III, da vida agitada e agonizante do Império do Ocidente (até 476) e depois ainda da acção na Hispânia dos imperadores bizantinos. Este estudo é conduzido não só à base das fontes literárias da época, como são as obras de Orósio, Hidácio de Chaves, João de Bíclaro, Isidoro de Sevilha e Gregório de Tours, mas ainda dos cronistas e historiadores do Império do Ocidente e do Oriente e dos possíveis contributos de outros escritores, como S. Jerónimo, Santo Agostinho, Paulo Diácono, etc. Além disso, os modernos críticos deste período, como W. Reinhart, M. Macias y Garcia, R. Martinez Murguía e tantos outros, estão continuamente a ser confrontados com as fontes: — ora seguidos, ora corrigidos. Perpassam assim perante nós, além da invasão e do estabelecimento dos suevos na Galécia (cujos limites geográficos são discutidos e precisados, p, 6 e mapa da p. 44), o governo de todos os reis suevos (Hermerico, 409-441; Réquila, 441-448; Requiá- rio, 448-456; Frantão e Maldras, 456-459; Remismundo, 459-...; o período obscuro de 468 a 559, de que apenas se conhece o nome e pouco da acção de Teodemundo e Carriarico; Teodomiro, antes de 559-570; Miro, 570-583; Eurico, logo deposto por Audeca, 583-585) até à tentativa de sublevação de Amalarico (585) contra a conquista do reino dos suevos por Leovigildo e sua definitiva integração na monar quia visigótica até à invasão árabe de 711. Impossível pôr aqui em relevo tantos aspectos da vida da Galécia que foram magistralmente esclarecidos pelo Prof. Torres Rodriguez. Limitemo-nos apenas a indicar alguns pontos em que tomou posição contra outros investigadores : região onde se estabeleceram exactamente os suevos, centrados no conueníus bracarense, com a justa distinção entre a Galécia do Noroeste e a Galécia Mesética, ocupada 350 pelos vândalos asdingos (p. 51-56); situação e nome exacto dos Montes Nerbasos, onde os suevos afastaram o perigo vândalo (p. 61-62); correcção de Austrigonia para Autrigonia como limite oriental da Galécia no tempo de Requiário (p. 79); prova de que os suevos até Réquila eram pagãos e não arianos (p. 111-112 e p. 186-187); importância da batalha do Rio Orbigo, perto de Astorga (5.10.456), que, ganha por Teodorico II, decide do futuro da Hispânia a favor dos visigodos (p. 137-142); identificação de Ájax, como gaulês e não gaiata, o pregador do aria nismo aos suevos no tempo de Remismundo (p. 175); toda a curiosa discussão sobre se existe apenas a conversão de Requiário (em 448) e de Teodomiro (em 559) ao catolicismo ou se deve aceitar-se uma prévia conversão de Carriarico (por 550), nome este e relato apenas transmitido por Gregório de Tours e que, além do fundo verdadeiro que é a posterior conversão de Teodomiro, não passará de uma confusão com o nome e conversão de Requiário (p. 197-204); ambiente de diferenciação de civilização, (de liturgia?) e de sentido autonomista dos suevos no tempo de S. Mar tinho de Braga (p. 213-214); clara distinção entre Teodomiro e Miro (p. 230-231); identificação dos runcones ou roccones ou arragones ou aragonês atacados por Miro, com «um povo vasco que controlava a passagem dos Pirenéus, que pode ter deixado marcas da sua existência no toponímico Vale de Roncai» (p. 240-243); tentativa de conciliar os Aregenses Montes, atacados por Leovigildo, com os loca Auregen- sium, vocábulo que estará na etimologia de Orense (p. 247-248); apresentação do carácter de Miro como o de um rei místico, «no estilo de S. Luís, de Otão III e de Filipe II» (p. 255); convicção de que a revolta de Audeca não foi uma manobra palaciana, mas um autêntico conflito político-militar (p. 262-263); notícia sobre os concílios de Braga, o de Lugo (569) e outros supostamente realizados na Galiza (p. 274-281); etc. Numa obra com tanto interesse e com tão abundante documentação, é natural que alguns lapsos tenham passado. Lembremos, em primeiro lugar que, embora publicada em 1977, a G alicia Sueva estava dada como pronta para publicação em 1974, como o Autor diz ao citar a obra de A. Tranoy sobre Hidácio (p. 21 e 299). Porém, a propósito de Prisciliano, algumas vezes cita ainda a magistral obra de H. Chad- wick (1976). Sendo assim, também ao tratar de Paulo Orósio poderia ter acrescen tado à edição de 1889 (p. 18), a nova revisão Le Storie contro i Pagani, a cura di Adolf Lippold, Traduzione di Aldo Bartalucci, 3 vols. (Aldo Mondadori, Milano, 1976). O leitor actualizado sabe ainda que desta obra saiu em 1986 a tradução História contra os pagãos, pelo Dr. José Cardoso (Braga, Universidade do Minho). «No primeiro de Janeiro, em Narbona, casa Ataúlfo com Gala Pla- cídia» (p. 42). Mas de que ano? — Impossível responder pelo contexto, senão que entre 411 e 415. Anotámos também algumas datas erradas. Em pleno ambiente de lutas, entre os bárbaros, no século VI é mencionada a vitória dos francos sobre os godos na Gália em 407 (ou referir-se-á antes a 507?) cf. p. 194. Também (p. 279) se diz que o Parochiale Suevum deve ter sido redigido «entre os anos 572 e 592», dentro do reinado de Miro (570-555)! A data supostamente exacta é a de entre 572 e 582, como se lê na p. 277 (cf. Pierre David, Études, p. 68). Menos de esperar seria que fosse colocada a morte de S. Martinho de Braga em 580 (cf. p. 206-207) quando faleceu «a 20 de Março de 579 (...) segundo o testemunho fidedigno do Breviário de Soeiro e não em 580, como afirmam outros», no dizer rigoroso de 351 Avelino de Jesus da Costa, S. Martinho de Dume (Braga, 1950, p. 16). O mapa das Dioceses Suevas e seus Bispos (p. 196), que poderia ser um muito útil instrumento de trabalho, parece-nos algo arbitrário. Existiriam então as dioceses de Bragança, Zamora e Ciudad Rodrigo, como vemos aqui apontadas? Cremos que esta última se encontra ali por confusão com Caliábria, hoje arqueologicamente bem identi ficada no antigo concelho de Almendra (Vila Nova de Foz Côa). Aliás, ao resumir o Parochiale Suevum (p. 278-281), vem citada entre as paróquias de Viseu, uma com o nome de «Calibrica»! E a par destes, outros pequenos erros e omissões. Por exemplo, causa má impressão o facto de as palavras gregas virem mal acentuadas ou não terem acento (p. 61 e 216). Pascásio de Dume, um tradutor bem individualizado, sobre cuja Versão latina dos Apophthegmata Patrum publicámos dois volumes, já em 1971, não chegou a merecer três linhas, estando ainda errado o título da sua obra (p. 304). A par do índice de pessoas, lugares e temas (p. 307-340), faz muita falta um índice de bibliografia antiga e moderna.