FEV 2018 Muitos destes filmes já foram “mainstream”: ou seja, numa época de tremenda crise no país que era o líder do “mundo livre”, a braços com uma guerra trau- matizante do outro lado do mundo (o Vietname) e um presidente que, na Casa Branca, recorria à ilegalidade para estender o seu controlo e poder sobre todas as instituições à sua volta (“when the president does it, that means that it is not illegal”, defender-se-ia assim, Richard Nixon, do “impeachment” que caiu sobre ele antes de se demitir), o cinema norte-americano da década de 70 refletia, no ecrã, todas as ansieda- des e inseguranças que viviam na respiração do país e no ambiente de paranoia que contaminava as suas relações sociais e amorosas, uma mistura explosiva que, nas salas de cinema, colocava em causa o lugar dos espectadores dentro de um mundo que era vendido, fora delas, como estável, tolerante e livre.

São filmes de risco, portanto, aque- les que foram saindo da indústria norte-americana nestes anos, muito graças a uma nova geração (descrita como “Nova Hollywood”) que substituia uma outra envelhe- cida que já tinha levantado o seu dedo sobre o pulso deste mundo. Dizemos “deste” mundo porque aquele em que vivemos, ainda sobre enorme influência política e cultural norte-americana, em tudo nos lembra aquele que existia há mais de quarenta anos atrás, com uma ansiedade talvez reforçada devido ao nosso constante consumo e recurso a plataformas de informação e de imagens que resultam, essencialmente, em lugares de conflito e de saturação, mais do que debate e tolerância. O cinema norte-americano, por outro lado, num momento em que continua a ser a força dominante do circuito mundial de dis- tribuição, já não reflete a mesma independência nos seus trabalhos, preferindo obras que tentam agradar ao espectador (ou a todos os espectadores) em vez de questioná-lo ou beber das suas inseguranças e violência para espelhar aquilo que somos, aquilo que fazemos, e de quem nos rodeamos. Obras íntimas e políticas (sem medo de juntar esses dois mundos e refletir, nas suas personagens, os de- feitos e as incorrigíveis decisões que todos repetimos) parecem ter desaparecido de um cinema que procura, agora, ser unânime no seu âmbito, transferindo a sua dose de risco para caracterizações estéreis ou uma experimentação visual e técnica que, até agora, mais nos fala sobre os artifícios das suas formas do que dos artifícios que criámos, nas nossas vidas, para vivermos com os outros, com aquilo que somos, ou com aquilo que rejeitamos querer saber sobre nós.

Estes 22 filmes (8 deles são primeiras exibições na Cinemateca) são, por isso, reflexos de vidas adultas que, espelhadas no cinema, mexiam com aquilo que tomávamos por verdadeiro na vida que vivíamos fora das salas. Dentro delas, os espectadores enchiam as suas cadeiras e viam imagens que os colocavam em causa, rejeitando fórmulas de espanto e de conforto para se focarem no cerne nas nossas relações sociais, políticas ou sexuais: os nossos desejos, a nossa corrupção, a nossa inocência, a nossa violência. O ciclo “American Way of Life: Vidas em Crise” é, por isso, uma seleção de filmes e de personagens (e de atores sem medo) que vivem, como nós, em permanente crise, sem saber para onde se virarem num mundo que lhes pede para seguirem continuamente em frente (um pouco como o mundo nos pede, hoje, para seguirmos continuamente o “feed” de uma rede social e obedecer à sua construção). Estes filmes, vários deles irrepetíveis na indústria de hoje (demasiado chocantes, demasiado bizarros, de- masiado reais para as consciências limpas que julgamos ser), são, por isso, mais do que um ciclo sobre uma época: são uma resposta à ausência que o cinema “mainstream” nos apresenta nas suas salas, hoje, já mais vazias, e que preenche esse espaço, por isso, com olhares que não resolvem as nossas crises mas que trabalham sobre elas e que as tornam na matéria primordial do cinema. Filmes que vibram, assim, pela expressão máxima das nossas vidas no ecrã que melhor refletia o mundo em que (ainda) vivemos. Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [1] 21:30  Seg. [5] 15:30

CARNAL KNOWLEDGE Iniciação Carnal de Mike Nichols com Jack Nicholson, Art Garfunkel, Candice Bergen, Ann-Margret, Jules Feiffer Estados Unidos, 1971 – 98 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Mike Nichols assina, com um elenco de luxo, um filme essencial e polémico do cinema da “Nova Hollywood” (e que motivou uma defesa do Supremo Tribunal dos EUA para sua distribuição). CARNAL KNOWLEDGE acompanha os 25 anos da vida sexual de dois colegas de faculdade (Jack Nicholson e Art Garfunkel) com diá- logos e cenas dificilmente replicadas, hoje, numa indústria moralmente conservadora. Destaque, também, para a interpretação de Ann-Margret, num olhar impiedoso sobre uma geração e as suas melancólicas ilusões.

Sala M. Félix Ribeiro | Sex. [2] 19:00 | Ter. [6] 15:30

THE RAIN PEOPLE Chove no Meu Coração de Francis Ford Coppola com Shirley Knight, James Caan, Robert Duvall Estados Unidos, 1969 – 101 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Realizado três anos antes de “O Padrinho”, THE RAIN PEOPLE revelava as intenções de Francis Ford Coppola em dinamitar os estúdios por dentro e, com os seus recursos, realizar filmes com ideias inde- pendentes, longe das suas estruturas, e seguindo narrativas íntimas e verdadeiras. Aqui, Coppola enfiou o material de filma- gem numa carrinha e seguiu pela estrada fora para filmar a história de uma mulher que, tomando conhecimento da sua gravidez, decide abandonar a sua família e entregar-se, de forma impulsiva, ao acaso da estrada e da paisagem americana. Um dos filmes mais pessoais de toda a carreira de um realizador que ficaria conhecido por épicos de grandes orçamentos. Sala Luís de Pina | Sex. [2] 18:30  Sala Luís de Pina | Sex. [9] 22:00

MIDNIGHT COWBOY O Cowboy da Meia Noite de John Schlesinger com Dustin Hoffman, Jon Voight, Sylvia Miles Estados Unidos, 1969 -113 min / legendado electronicamente em português O inglês John Schlesinger realizou um dos filmes mais emblemáticos da “mudança de tempos” no cinema americano, em finais da década de 60. Foi, aliás, o primeiro título associável ao despontar da “nova Hollywood” a ganhar um oscar de melhor filme. Violento e ostensivamente “adulto”, conta uma história ambientada nos meios da prostituição masculina de luxo em Nova Iorque. Catapultou Jon Voight para o estre- lato, estatuto que manteve durante todos os anos 70.

Sala Luís de Pina | Sex. [2] 22:00 | Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [7] 15:30

AN UNMARRIED WOMAN de Paul Mazursky com , Alan Bates, Michael Murphy Estados Unidos, 1980 – 124 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Um dos melhores filmes do realizador e argumentista Paul Mazursky e aquele que trouxe, a Jill Clayburgh, o papel mais emblemático da sua carreira. Clayburgh interpreta o papel de uma mulher nova-iorquina que, vendo o seu marido deixá-la por uma mulher mais nova, depara-se com as ansiedades, a tristeza, e os desafios pes- soais e sentimentais de uma “unmarried woman”, na vida dura de Nova Iorque, até encontrar uma nova liberdade na sua vida, um novo respeito por si mesma, e um novo amor que coloca positivamente em causa todas as imagens pré-concebidas, por ela e pela sociedade, para a sua própria vida. Primeira exibição na Cinemateca. Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [3] 21:30

WANDA de Barbara Loden com Barbara Loden, Michael Higgins, Charles Dosiman, Frank Jourdano Estados Unidos, 1970 – 102 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Única longa-metragem da atriz Barbara Loden (que faz o papel da irmã de Warren Beatty em SPLENDOR IN THE GRASS), WANDA é uma experiência radical e independente: a história de uma mulher solitária e pobre na Pensilvânia e um olhar cru sobre solidão americana, as vidas esquecidas da sua classe trabalhadora, e de alguém que, sufocada por uma vida opressora, deixa-se levar por um desespe- rado crime e um homem abusivo. Um segredo tardiamente revelado e uma das personagens mais fascinantes da História do cinema. Um belíssimo filme.

Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [6] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [8] 15:30

KLUTE de Alan J. Pakula com Jane Fonda, Donald Sutherland, Charles Cioffi, Roy Scheider Estados Unidos, 1971 – 114 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Gordon Willis filma uma das obras-primas de Alan J. Pakula obedecendo à alcunha de “Prince of Darkness” e Jane Fonda surge, em KLUTE, no papel mais importante da sua carreira: uma prostituta que se associa a um detetive na busca de uma pessoa desaparecida nas ruas perigosas de Nova Iorque (valendo um Óscar da Academia, à atriz, depois de um polémico ativismo con- tra a Guerra do Vietname). Pakula começa a filmar, nesta obra, a paranoia que se levantava na sociedade norte-americana sobre as suas instituições, a sua democracia, e os modos de vida corruptos den- tro da sua sociedade. Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [8] 21:30 |Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [14] 15:30

THE PANIC IN NEEDLE PARK Pânico em Needle Park de Jerry Schatzberg com , Kitty Winn, Alan Vint, Richard Bright, Raul Julia Estados Unidos, 1971 – 106 min / legendado eletronicamente em português | M/16 “God help Bobby and Helen: they’re in love in Needle Park”, dizia o cartaz do segundo filme do famoso fotógrafo Jerry Schatzberg (autor de alguns dos mais emblemáticos retratos da cultura popular e musical dos anos 60), num elenco que contava com Al Pacino (o seu segundo papel em cinema) e Kitty Winn, que receberia o prémio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 1971. THE PANIC IN NEEDLE PARK, adap- tado do livro de James Mills por Joan Didion e John Gregory Dunne, retrata a vida de um grupo de viciados em heroína, em Nova Iorque, e segue a história de amor desse jovem casal. Um filme revelador do espírito independente do cinema “nova-iorquino” e da sua cidade nos anos 70. Primeira exibição na Cinemateca.

Sala M. Félix Ribeiro | Sex. [9] 15:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [12] 21:30

THE CONVERSATION O Vigilante de Francis Ford Coppola com Gene Hackman, John Cazale, Allen Garfield, Cindy Williams, Frederic Forrest Estados Unidos, 1974 – 113 min / legendado eletronicamente em português | M/12 Filmado entre os dois primeiros filmes da saga “O Padri- nho”, Coppola usou THE CONVERSATION para regressar, de novo, a um registo intimista. Desta vez, chamou Gene Hackman para interpretar o papel de um homem recluso e agente privado de segurança que descobre, na enigmática gravação de uma conversa entre um casal nas ruas de São Francisco, uma misteriosa pista de assassinato que irá tentar resolver com o seu obsessivo conhecimento técnico. Estreado poucos meses antes da demissão de Richard Nixon (cujo equipamento de gravação, no escândalo Watergate, é o mesmo usado pela personagem de Hackman), THE CONVERSATION tornou-se num dos filmes mais significativos da década de 70. Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [10] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [19] 15:30

SERPICO de Sidney Lumet com Al Pacino, John Randolph, Jack Kehoe, Biff McGuire, Barbara Eda-Young, Cornelia Sharpe, Tony Roberts Estados Unidos, 1973 – 130 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Um dos melhores filmes do cinema ame- ricano da década de 70 e uma das inter- pretações mais emblemáticas da carreira de Al Pacino. SERPICO traz o conhecido caso do polícia Frank Serpico, responsável por ter denunciado uma enorme rede de corrupção na polícia nova-iorquina que a tornava cúmplice, e facilitadora, dos pequenos e grandes crimes que minavam diariamente uma cidade territorial e vio- lenta. Sidney Lumet empresta o seu olhar shakesperiano e íntimo ao argumento de Waldo Salt e Norman Wexler, fazendo caber o mundo inteiro — o do poder e das relações humanas — dentro de uma das melhores obras da sua carreira. Primeira exibição na Cinemateca.

Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [15] 21:30

INSERTS de John Byrum com Richard Dreyfuss, Jessica Harper, Bob Hoskins, Veronica Cartwright, Stephen Davies Estados Unidos, 1975 – 117 min / legendado eletronicamente em português | M/18 No mesmo ano de “Jaws” de Steven Spiel- berg, Richard Dreyfuss interpretava, em INSERTS, o papel de um antigo realizador- -estrela do cinema mudo agora remetido, na década de 30, para o cinema pornográfico. INSERTS, inteiramente filmado no cenário de uma casa durante a rodagem de um dos seus filmes, foi distribuído pela United Artists com a classificação “X”, antes de ser reclassifica- do NC-17 (ou “maiores de 18”). Um filme irreproduzível, hoje, e que poderia também falar sobre a reencontrada liberdade artística, durante a década de 70, mais tarde perdida no cinema norte-americano. Sala M. Félix Ribeiro | Sex. [16] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [20] 15:30

ALICE DOESN’T LIVE HERE ANYMORE Alice Já Não Mora Aqui de Martin Scorsese com , Kris Kristofferson, Harvey Keitel, Jodie Foster Estados Unidos, 1975 – 110 min / legendado eletronicamente em português | M/12 A quarta longa-metragem de Martin Scor- sese (depois de “Mean Streets”) encerra o que pode ser considerado o “primeiro período” do seu trabalho. ALICE DOESN’T LIVE HERE ANYMORE, um dos melhores exemplos da Nova Hollywood e uma boni- ta crónica sobre as personagens frustradas do “sonho americano”, é a história de uma mulher que, ao enviuvar do seu marido, resolve retomar a sua antiga carreira de cantora enquanto luta contra as dificuldades em sustentar-se a si e ao seu filho. Um filme centrado em Ellen Burstyn (que recebeu o Óscar de Melhor Atriz por este filme) e inspirado na liberdade e improvisação de John Cassavetes, um dos mentores de Scorsese.

Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [17] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [22] 15:30

NASHVILLE de Robert Altman com Lily Tomlin, Ned Beatty, Ronee Blakley, Keith Carradine, Allen Garfield, Geraldine Chaplin, Henry Gibson, Robert Doqui, Michael Murphy, , Karen Black, Barbara Baxley, Jeff Goldblum Estados Unidos, 1975 – 160 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Este épico de Robert Altman é considerado, por muitos, como o ponto alto da sua car- reira. Com um elenco de infindável talento, Altman segue várias histórias cruzadas e paralelas em Nashville, Tennessee, no meio da sua indústria de música country (com vários momentos musicais) e de uma campanha política, para as eleições primárias locais, onde se destaca um polí- tico populista do “Replacement Party”. Um enorme filme sobre a cultura norte-americana e os seus cruzamentos entre arte, sexo, e política, com Altman a sobrepor os seus diversos tecidos e cruzamentos numa realização, em imagem e som, que vive o pico da sua experimentação.

Sala Luís de Pina | Ter. [20] 18:30

THE CANDIDATE O Candidato de Michael Ritchie com Robert Redford, Peter Boyle, Melvyn Douglas, Don Porter, Allen Garfield, Karen Carlson Estados Unidos, 1972 – 110 min / legendado eletronicamente em português | M/12 Escrito por um assessor de Eugene Mc- Carthy, candidato às eleições primárias do Partido Democrata em 1968 (um certo Bernie Sanders avant la lettre), THE CANDIDATE é um olhar pungente sobre a política e as eleições nos EUA através da história fictícia da eleição de Bill McKay (Robert Redford), um candidato jovem, belo, e activista ambiental que vende os seus princípios e palavras para almejar um lugar no Senado norte-americano, perdendo, aos poucos, as razões para ter entrado nessa corrida. “What do we do now?”, perguntava Redford ao falar por uma geração que chegava agora ao poder. Primeira exibição na Cinemateca.

Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [20] 21:30

THREE DAYS OF THE CONDOR de Sidney Pollack com Robert Redford, Faye Dunaway, Cliff Robertson, Max von Sydow Estados Unidos, 1975 – 117 min / legendado eletronicamente em português | M/12 Uma das muitas colaborações entre Sidney Pollack e Robert Redford, THREE DAYS OF THE CONDOR é um filme representativo da paranoia da sociedade norte-america- na, da sua política, e da sua vida íntima na Guerra Fria e ressaca da guerra do Viet- name. Redford, funcionário e pesquisador da CIA, ausenta-se por momentos do seu escritório e encontra, pouco depois, todos os seus colegas assassinados. Inicia-se então uma perseguição à sua vida e uma investigação, de sua parte, sobre os motivos e a origem dessa conspiração, revelando o lado negro da política e dos interesses do seu país. Um dos “thrillers” políticos mais emblemáticos do cinema norte-americano, onde se destaca também a presença de Faye Dunaway.

Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [22] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [26] 15:30

ALL THE PRESIDENT’S MEN Os Homens do Presidente de Alan J. Pakula com Robert Redford, Dustin Hoffman, Jason Robards, Jack Warden, Martin Balsam Estados Unidos, 1975 – 138 min / legendado eletronicamente em português | M/12 ALL THE PRESIDENT’S MEN ficou conhe- cido na história como “o” filme sobre o caso Watergate, que levaria ao “impeachment” do presidente Nixon, e sobre a investigação levada a cabo por Bob Woodward e Carl Bernstein, jornalistas do Washington Post, aqui interpretados por Robert Redford e Dustin Hoffman, respetivamente. Um dos melhores “thrillers” jornalísticos do cinema americano e que deu a Jason Robards (no papel do diretor do jornal) um Óscar de melhor ator secundário, assim como o Óscar de Melhor Argumento ao guionista William Goldman.

Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [27] 19:00

NETWORK Escândalo na Televisão de Sidney Lumet com Faye Dunaway, William Holden, Peter Finch, Beatrice Straight, Robert Duvall Estados Unidos, 1976 – 121 min / legendado eletronicamente em português | M/16 “I’m as mad as hell and I’m not going to take this anymore!” — com este grito de revolta, um perturbado “pivot” televisivo (depois de saber do seu despedimento devido a audiências baixas) coloca um país inteiro, à janela, a berrar a sua revolta com as suas vidas e o mundo à sua volta. O canal de te- levisão, explorando o seu sensacionalismo e um novo estatuto messiânico, opta por uma nova orientação editorial, dando-lhe um novo e alucinado programa, e planeando, para os seus espectadores, um “reality show” dentro de um grupo terrorista. NE- TWORK é uma obra mordaz e fundamental de Sidney Lumet (com argumento de Paddy Chayesfky) sobre a comunicação, a política e o nosso consumo de imagens no nosso mundo, com destaque, igualmente, para um elenco em estado de graça (Óscares de interpretação para Faye Dunaway, Peter Finch e Beatrice Straight).

Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [24] 21:30

ANNIE HALL de Woody Allen com Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Paul Simon, Carol Kane, Shelley Duvall, Christopher Walken Estados Unidos, 1977 – 93 min / legendado eletronicamente em português | M/12 ANNIE HALL, sexta longa-metragem de Woody Allen, foi o filme no qual se defini- ram verdadeiramente o estilo e os temas característicos do realizador (em colabo- ração estreita com Marshall Brickman, no argumento, Gordon Willis, na fotografia, e Ralph Rosenblum na montagem). Um “ro- mance nervoso”, segundo o slogan publi- citário da época, inspirado na relação que o realizador teve com Diane Keaton (cujo nome verdadeiro é Diane Hall), e marcado por uma extraordinária e carismática interpretação da atriz, fazendo deste filme um dos mais populares de todo o cine- ma de Allen e desta década em particular. Em 1978, enquanto Allen tocava o seu concerto semanal com a sua banda de jazz, em Nova Iorque, o filme viria a bater “Star Wars: Episode IV”, em Los Angeles, na corrida ao Óscar de Melhor Filme.

Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [27] 15:30 | Sala Luís de Pina | Qua. [28] 18:30

LOOKING FOR MR. GOODBAR de Richard Brooks com Diane Keaton, Tuesday Weld, William Atherton, Richard Kiley, Richard Gere Estados Unidos, 1977 – 136 min / legendado eletronicamente em português | M/16 No mesmo ano em que se eternizou, para o público, na personagem de “Annie Hall”, Diane Keaton faria um papel nos antípodas daquele que Woody Allen lhe tinha oferecido. Inspirado num caso verdadeiro, LOOKING FOR MR. GOODBAR traz a vida de uma dedicada professora de crianças surdas, vinda de uma família católica conservadora, que se dedica a encontros casuais com homens nos bares nova-iorquinos, caindo em relações abusivas e violentas. Muito mais do que um caso sensacionalista, tal como os jornais da época o venderam (e no espírito da Nova Iorque perigosa dos anos 70), o filme de Richard Brooks revela, por outro lado, a violência que uma mulher encontra na busca da sua independência e da sua liberdade sexual. Keaton, num papel que poucas estrelas assumiriam nos dias de hoje, tem aqui uma das interpretações mais brilhantes da sua carreira.

Sala Luís de Pina | Seg. [12] 18:30 | Sala Luís de Pina | Ter. [27] 18:30

GIRLFRIENDS de Claudia Weill com Melanie Mayron, Anita Skinner, Eli Wallach, Christopher Guest, Bob Balaban Estados Unidos, 1978 – 86 min / legendado eletronicamente em português | M/16 A primeira de apenas duas longas-me- tragens de Claudia Weill, GIRLFRIENDS é uma joia rara e esquecida do cinema norte- -americano da década de 70: um filme de uma mulher realizadora em que as perso- nagens principais são mulheres e onde a sua narrativa se dedica, exclusivamente, às suas vidas íntimas e às dificuldades em imporem o seu trabalho artístico no imenso mapa urbano nova-iorquino (inspi- rando, mais tarde, obras essenciais da televisão como “Girls” de Lena Dunham). Stanley Kubrick descreveu-o, em 1980, como “um dos mais interessantes filmes americanos que já vi em muito tempo”, respondo assim a uma pergunta sobre os seus filmes prediletos da Nova Hollywood. Primeira exibição na Cinemateca.

Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [26] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [28] 15:30

HARDCORE de Paul Schrader com George C. Scott, Peter Boyle, Season Hubley, Dick Sargent, Ilah Davis Estados Unidos, 1979 – 109 min / legendado eletronicamente em português | M/16 Segunda longa-metragem de Paul Schrader, argumentista de “Taxi Driver” (obra com que HARDCORE partilha semelhanças), e onde o universo e infância cal- vinista do próprio servem de inspiração direta para a sua narrativa. George C. Scott é um pai de família conservador, numa cidade pacata do Michigan, que vê a sua filha fugir de um campo de férias religioso para se perder no submundo da pornogra- fia da Califórnia. Frustrado com a falta de resposta das autoridades civis, decide ir em busca da sua filha, custe o que custar. Um filme sobre duas Américas — uma religiosa, outra libertina — filmadas com rigor por um dos olhares fundamentais deste período do cinema americano. Primeira exibição na Cinemateca.

Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [28] 21:30

THE ELECTRIC HORSEMAN O Cowboy Elétrico de Sidney Pollack com Robert Redford, Jane Fonda, , Willie Nelson Estados Unidos, 1979 – 121 min / legendado eletronicamente em português | M/12 Num dos mais belos e bizarros filmes ame- ricanos da década de 70, Robert Redford faz o papel de um cowboy ex-campeão de “rodeos” que vende a sua imagem para promover os cereais de uma enorme corporação. Num grande evento, descobre que um cavalo da empresa, avaliado em milhões de dólares e vendido como ima- gem de marca, encontra-se sob o efeito de drogas, fugindo com ele para o meio da imensa paisagem do Utah na companhia de uma jornalista nova-iorquina (Jane Fonda) que descobre, nesse caminho, um novo país. Duas Américas numa via- gem, dois mundos opostos que se apaixonam no meio dela. Um belíssimo filme. Sala Luís de Pina | Sex. [23] 22:00

MODERN ROMANCE de Albert Brooks com Albert Brooks, Kathryn Harrold, Bruno Kirby, Jane Hallaren, Bob Einstein, James L. Brooks, George Kennedy Estados Unidos, 1981 – 93 min / legendado eletronicamente em português | M/12 Um dos maiores nomes na história da co- média norte-americana (e um dos primei- ros responsáveis por esta transitar para um formato de curta-metragem, ou “sketch” filmado, hoje repetido na televisão), Albert Brooks foi também um dos mais interes- santes realizadores do cinema cómico norte-americano. MODERN ROMANCE (segundo Kubrick, o filme que sempre quis ter feito sobre o ciúme, anos antes de “Eyes Wide Shut”), realizado depois do genial “Real Life” (1979), é uma anti-comédia romântica sobre a constante separação e reconciliação entre um montador de cinema e a sua namorada de longa data. Um filme onde as neuroses e o ciúme da personagem de Brooks servem como veículo para a auto-crítica sobre o desejo masculino, a sua infantilidade, e a manipulação dos sentimentos a partir de uma cómica e preocupante tendência possessiva. “You’ve heard of a no-win situation, haven’t you? Vietnam? This?” Primeira exibição na Cinemateca. 1 QUINTA-FEIRA 10 SÁBADO 22 QUINTA-FEIRA

21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro CARNAL KNOWLEDGE SERPICO NASHVILLE Mike Nichols Sidney Lumet Robert Altman 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 2 SEXTA-FEIRA 12 SEGUNDA-FEIRA ALL THE PRESIDENT’S 18h30 | Sala Luís de Pina 18h30 | Sala Luís de Pina MEN MIDNIGHT COWBOY GIRLFRIENDS Alan J. Pakula de John Schlesinger Claudia Weill 23 SEXTA-FEIRA 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro THE RAIN PEOPLE THE CONVERSATION 22H00 | Sala Luís de Pina Francis Ford Coppola Francis Ford Coppola MODERN ROMANCE 22h00 | Sala Luís de Pina Albert Brooks AN UNMARRIED 14 QUARTA-FEIRA 24 SÁBADO WOMAN 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro Paul Mazursky THE PANIC IN NEEDLE 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro PARK ANNIE HALL 3 SÁBADO Jerry Schatzberg Woody Allen 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro WANDA 15 QUINTA-FEIRA 26 SEGUNDA-FEIRA Barbara Loden 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro INSERTS ALL THE PRESIDENT’S 5 SEGUNDA-FEIRA John Byrum MEN Alan J. Pakula 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro 16 SEXTA-FEIRA CARNAL KNOWLEDGE 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro Mike Nichols 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro HARDCORE ALICE DOESN’T LIVE Paul Schrader 6 TERÇA-FEIRA HERE ANYMORE 27 TERÇA-FEIRA 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro Martin Scorsese THE RAIN PEOPLE 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro Francis Ford Coppola 17 SÁBADO LOOKING FOR MR. 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro GOODBAR KLUTE NASHVILLE Richard Brooks Alan J. Pakula Robert Altman 18h30 | Sala Luís de Pina 19 SEGUNDA-FEIRA GIRLFRIENDS 7 QUARTA-FEIRA Claudia Weill 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro AN UNMARRIED SERPICO NETWORK WOMAN Sidney Lumet Sidney Lumet Paul Mazursky 20 TERÇA-FEIRA 28 QUARTA-FEIRA 8 QUINTA-FEIRA 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro ALICE DOESN’T LIVE HARDCORE KLUTE HERE ANYMORE Paul Schrader Alan J. Pakula Martin Scorsese 18h30 | Sala Luís de Pina 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 18h30 | Sala Luís de Pina LOOKING FOR MR. THE PANIC IN NEEDLE THE CANDIDATE GOODBAR PARK Michael Ritchie Richard Brooks Jerry Schatzberg 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro THREE DAYS OF THE 9 SEXTA-FEIRA THE ELECTRIC CONDOR HORSEMAN 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro Sidney Pollack Sidney Pollack THE CONVERSATION Francis Ford Coppola 22h00 | Sala Luís de Pina MIDNIGHT COWBOY de John Schlesinger