UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

Natascha Rosa de Carvalho

PROJETOS CURATORIAIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO SOBRE A BIENALSUR E SUAS ESTRATÉGIAS EM ARTE E TECNOLOGIA

Santa Maria, RS 2020

Natascha Rosa de Carvalho

PROJETOS CURATORIAIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO SOBRE A BIENALSUR E SUAS ESTRATÉGIAS EM ARTE E TECNOLOGIA

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Artes Visuais.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Nara Cristina Santos

Santa Maria, RS 2020

. Natascha Rosa de Carvalho

PROJETOS CURATORIAIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO SOBRE A BIENALSUR E SUAS ESTRATÉGIAS EM ARTE E TECNOLOGIA

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Artes Visuais

______Nara Cristina Santos, Dra. (UFSM) (Presidente / Orientadora)

______Mariela Yeregui, Dra. (UNTREF)

______Sandra Terezinha Rey, Dra. (UFRGS)

Santa Maria, RS 2020

AGRADECIMENTOS

O trabalho de pesquisa acadêmica é um processo muito solitário e individual. Por mais que se conte com o apoio de diversas pessoas, este vem de maneira indireta, por meio de uma simples pergunta, se está tudo indo bem, se a pesquisa está avançando, e independente do que se responda, irão dizer que tudo vai dar certo. E no fim dá mesmo, mas a pesquisa é um processo, e o caminho, o percurso, é o que mais importa durante estes dois anos. E este caminho foi árduo até aqui. Diferente da maioria, o mestrado não era um sonho pra mim, surgiu como uma oportunidade e posteriormente um desafio, o qual, após muito refletir, eu aceitei. E foi a professora Nara Cristina Santos, orientadora desta pesquisa, a primeira pessoa a sugerir essa possibilidade para o meu futuro acadêmico-profissional. À época, Nara era, para mim, somente presidente da ANPAP, onde eu desempenhei por dois anos o papel de assessora de comunicação. Ela percebeu em mim algo que nem eu mesma havia percebido. Ao fim destes dois anos, portanto, à Nara meu primeiro agradecimento, por indicar a direção que me trouxe até aqui. Pelas oportunidades em eventos de pesquisa, em artigos, em exposições, curadorias e eventos. Pelos livros, pelas aulas e pelas orientações. Pelos almoços saudáveis, pelos inúmeros cafés e lanches, entre trabalho e orientação. Pelas viagens, pelas caronas, por abrir sua casa para mim. Mas, sobretudo, pelos ensinamentos, ainda que indiretos, sobre a vida. Sobre aceitar, resolver e persistir. Eu não sei qual foi a primeira vez que pisei em um museu de arte, mas certamente, segurando a minha mão, estava meu pai, Carlos Alberto José de Carvalho. Nem sempre eu gostava, sobretudo na adolescência, mas foram experiências como essas, não tenho dúvidas, um dos motivos de eu estar finalizando o Mestrado em Artes Visuais. Não houve um verão que eu não visitasse uma exposição em São Paulo: MAC, MAM, MASP, Pinacoteca, Instituto , Instituto Moreira Sales, Itaú Cultural, entre tantos outros. Meu primeiro livro de História da Arte, muito antes de cogitar essa trajetória, foi ele quem me deu. Pela sensibilidade de ter me proporcionado viver essas e outras tantas experiências que me trouxeram até aqui; pela viagem ao Inhotim, CCBB, em Minas Gerais; pela viagem à Buenos Aires – parte imprescindível deste trabalho –; por todas as coisas que são financiáveis, mas principalmente por aquelas que se pode comprar;

por ter me mostrado que desistir não era o certo, quando pensei nisso. Pela vida, pelo sangue, pelo amor, pelo cuidado ainda que distante. Obrigada, pai. À minha família, minha mãe, Gladis Rosa, por me escutar nos dias em que as atividades acadêmicas tomavam todas as minhas energias; pelas comidas quentes em dias que eu não tinha tempo para qualquer coisa que não fosse estudar e escrever, e por acreditar em mim e me incentivar, sempre, em qualquer escolha que eu faça. Ao meu irmão, Yuri Rosa de Carvalho, pelas conversas, pelo apoio, pelas aulas de história; por sua família – cunhada e sobrinhos – Mariane, Sofia e Joaquim, que serve diariamente como incentivo para se acreditar em um futuro melhor. Às minhas avós, Dina Carvalho e Ivone Rosa, sempre cuidadosas e carinhosas comigo. Aos meus avôs, em memória, Oswaldo Rosa, que sempre perguntava como estava meu trabalho, e descansou, com seus quase 90 anos, antes deste chegar ao fim; e Devanir José de Carvalho, que partiu muito antes, antes dos seus 30 anos, por acreditar e lutar por um mundo mais justo para seus filhos e netos, que não pode conhecer. Aos colegas do LABART, pelas experiências compartilhadas nas reuniões- almoço às quartas-feiras, nos eventos e exposições em que trabalhamos e aprendemos juntos; aos colegas da 11ª turma do PPGART, por serem parceiros nessa trajetória; sobretudo à Fernanda Pizzutti, minha parceira antes, durante e depois do mestrado. Aos amigos de coração, entre eles e elas, Daniela Huberty e Ezequiel Hanke, que passam pela mesma experiência, ainda que em outras áreas e programas, ao mesmo tempo que eu, e, portanto, dividem as angústias e as alegrias de pós- graduandos em fase de formação. Ao PPGART, à CAPES, pelo financiamento da pesquisa em 2019, e à Universidade Federal de Santa Maria, pelo ensino público, gratuito e de qualidade, mesmo em momentos incertos, como o que vivemos.

RESUMO

PROJETOS CURATORIAIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO SOBRE A BIENALSUR E SUAS ESTRATÉGIAS EM ARTE E TECNOLOGIA

AUTORA: Natascha Rosa de Carvalho ORIENTADORA: Dra. Nara Cristina Santos

Essa pesquisa visa discutir a curadoria na arte contemporânea e identificar o modo como a tecnologia está presente nas exposições, especificamente da segunda edição da BIENALSUR - Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul. Esta bienal, de acordo com o seu caráter simultâneo e desterritorializado, desde a primeira edição, (2017) apresenta um projeto curatorial baseado em uma convocatória aberta, por meio da qual seleciona projetos e obras para compor sua programação. Deste modo, cada artista e/ou curador com trabalho selecionado tem ampla autonomia para desenvolver seu projeto, dentro do que foi proposto. A partir disso, desenvolve-se nesta dissertação, por meio de uma abordagem qualitativa, o estudo de caso da segunda edição da BIENALSUR (2019). São analisados os projetos curatoriais das exposições BIENALSUR 2019, com a presença da tecnologia através de duas possibilidades de manifestação: projetos e obras de arte e tecnologia; e, projetos expositivos em que a tecnologia surge como estratégia curatorial de aproximação com o público. Este estudo colabora para o entendimento e uso da tecnologia em curadorias na arte contemporânea.

Palavras-chave: Arte Contemporânea. Arte e tecnologia. Curadoria de Arte. Bienalsur.

ABSTRACT

CURATORY PROJECTS IN CONTEMPORARY ART: A STUDY ON BIENALSUR AND ITS STRATEGIES IN ART AND TECHNOLOGY

AUTHOR: NATASCHA ROSA DE CARVALHO ADVISOR: Dr. NARA CRISTINA SANTOS

This research aims to discuss curatorship in contemporary art and identify the way technology is present in exhibitions, specifically the second edition of BIENALSUR - International Biennial of Contemporary Art in South America. This biennial, according to its simultaneous and deterritorialized character, since the first edition, (2017) presents a curatorial project based on an open call, through which it selects projects and works to compose its program. In this way, each artist and / or curator with selected work has ample autonomy to develop their project, within what was proposed. From this, in this dissertation, through a qualitative approach, the case study of the second edition of BIENALSUR (2019) is developed. The curatorial projects of the BIENALSUR 2019 exhibitions are analyzed, with the presence of technology through two possibilities of manifestation: projects and works of art and technology; and, exhibition projects in which technology emerges as a curatorial strategy for approaching the public. This study contributes to the understanding and use of technology in contemporary art curatorships.

Keywords: Contemporary Art. Art and technology. Art curation. Bienalsur.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Harald Szeemann e a fachada da Kunsthalle, em Berna, na Suíça, na ocasião da exposição “Quando as coisas tomam forma”, em 1969...... 23 Figura 2 – 7º Bienal do Mercosul, curadoria conjunta-compartilhada por Victória Noorthoorn e Camilo Yáñez...... 26 Figura 3 - Ação expositiva (bio)arte e sustentabilidade, curadoria colaborativa de Nara Cristina Santos, Maria Rosa Chitolina e Juliana Vizzotto...... 28 Figura 4 – América Invertida (1936) de Joaquín Torres García ...... 49 Figura 5 – Identidade visual vencedora do concurso para representar a BIENALSUR, de autoria de José Afonso Sael e Ezequiel Cefaro (ARG)...... 51 Figura 6 – Print cartografia BIENALSUR...... 55 Figura 7– Convite digital FACTORS 4.0 BIENALSUR ...... 57 Figura 8 – Convite digital NATURALEZA VIVA BIENALSUR ...... 59 Figura 9 – Captura de tela - Site BIENALSUR ...... 64 Figura 10 – Captura de tela BienalSurApp ...... 66 Figura 11 – Padrão 1 e sua obra correspondente em realidade aumentada...... 67 Figura 12 – Padrão 2 e sua obra correspondente em realidade aumentada...... 68 Figura 13 – Padrão 3 e sua obra correspondente em realidade aumentada...... 68 Figura 14 – Padrão 4 e sua obra correspondente em realidade aumentada...... 69 Figura 15 – Telão com obra em exposição...... 76 Figura 16 – Exposição Flor de Sal ...... 77 Figura 17 – Obra Durmientes (2001) na exposição Extranjero Residente ...... 79 Figura 18 – Homenaje a Tadeusz Kantor – registro da ...... 80 Figura 19 – QR Chaguar 2016-2019 (Trabalho de Patricia Hakin que integra a exposição) ...... 81 Figura 20 – Captura de tela do vídeo QR Chaguar 2016-2019...... 82 Figura 21 – Mapping Journey # 2 – Frame do vídeo ...... 83 Figura 22 – FACTORS 6.0 ...... 84 Figura 23 – Ulises Inmigrante - frame do trabalho ...... 85 Figura 24 – Exposição Modos de ver ...... 86 Figura 25 – Conciertos de Música Visual en Fulldome – UVM 2019 ...... 87 Figura 26 – BIENALSUR Realidad Aumentada – público em interação com as obras ...... 89 Figura 27 – Instalação Desde el otro lado ...... 90 Figura 28 – Padrão gráfico que remete ao vídeo do artista em RA/ Ícone indicativo da instalação ...... 91 Figura 29 – Captura de tela do vídeo do artista Pablo Reinoso em RA ...... 92 Figura 30 – QR-Code na instalação Porte Uffizi/ Página de acesso QR-Code ...... 94 Figura 31 – QR-Code no MUNTREF- Sede Hotel do Imigrante/ Página de acesso QR- Code...... 95 Figura 32 – “Yo sí te hago todo” na exposição Entre otras ...... 96 Figura 33 – Público fazendo a leitura do QR-Code junto à obra/ Arquivo acessado via QR-Code na ficha da obra L’ombre Portée [off-cells] (2019) ...... 97

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALOOH Associação Latino-Americana de Out of Home BIENALSUR Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul CEIARTE Centro de Experimentação e Investigação em Artes Eletrônicas CHC Centro Histórico Cultural Santa Casa FACTORS Festival de Arte, Ciência e Tecnologia FAD Festival de Arte Digital FEPE Federação Internacional de Publicidade Exterior FICBIC Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba MARGS Museu de Arte do Rio Grande do Sul MAM Museu de Arte Moderna MASP Museu de Arte Contemporânea MUNTRE Museus da Universidad Tres de Febrero UDLAP Universidade das Américas de Puebla UFSM Universidade de Santa Maria UNASUR União de Nações Sul-Americanas UNTREF Universidad Nacional de Tres de Febrero ARG Argentina AUS Austrália AUT Áustria BEN Benin BOL Bolívia BRA Brasil CAN Canadá CHI Chile CHN China CMR Camarões COL Colômbia CUB CZE República Checa DEU Alemanha ECU Equador ENG Inglaterra ESP Espanha FRA França GBR Grã Bretanha IRQ Iraque ISR Israel ITA Itália JPN Japão KSA Arábia Saudita KOR Coreia do Sul LBN Líbano MAR Marrocos MEX México NOR Noruega PER Peru

POR Portugal PRY Paraguai PUR Porto Rico RUS Rússia QAT Catar USA Estados Unidos SUI Suíça SWE Suécia TUR Turquia URU Uruguai

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...... 13 2 CURADORIA DE ARTE – CONCEPÇÕES ...... 17 2.1 DO SÉCULO XVIII AO XXI – DOS ACERVOS ÀS EXPOSIÇÕES ...... 17 2.2 CURADORIAS INDIVIDUAIS: INSTITUCIONAL E INDEPENDENTE (OU FREELANCER) ...... 21 2.3 CURADORIAS COLETIVAS: COMPARTILHADA E COLABORATIVA ...... 24 2.3.1 Curadoria compartilhada ...... 25 2.3.2 Curadoria colaborativa ...... 26 2.4 PROJETOS, ARGUMENTOS E ESTRATÉGIAS CURATORIAIS ...... 28 3 BIENAIS DE ARTE...... 31 3.1 BIENAL DE SÃO PAULO ...... 33 3.2 BIENAL DE HAVANA ...... 35 3.3 BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE CURITIBA ... 38 3.4 BIENAL DO MERCOSUL ...... 40 3.5 EMOÇÃO ART.FICIAL – BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE E TECNOLOGIA ...... 43 3.6 BIENAL DE ARTE DIGITAL ...... 47 3.7 BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA AMÉRICA DO SUL - BIENALSUR ...... 48 3.7.1 O projeto curatorial da BIENALSUR ...... 52 3.7.2 BIENALSUR 2017: a primeira edição ...... 54 3.7.2.1 FACTORS 4.0 ...... 55 3.7.2.2 Naturaleza Viva...... 58 4 BIENALSUR 2019: A SEGUNDA EDIÇÃO ...... 60 4.1 SITE BIENALSUR...... 63 4.2 O APP BIENALSUR ...... 65 4.3 ANÁLISE DAS PROPOSTAS BIENALSUR 2019 ...... 69 4.3.1 Tabela de Propostas BIENALSUR 2019 ...... 69 4.3.1.1 Analise da curadoria ...... 71 4.3.1.2 Analise de projetos em Arte e Tecnologia ...... 72 4.3.2 Projetos com obras de arte e tecnologia eletrônica/digital/computacional ...... 74 4.3.2.1 Museo de Arte Digital a cielo abierto ...... 75 4.3.2.2 Flor de Sal ...... 76 4.3.2.3 Extranjero residente ...... 77 4.3.2.4 Jamás volveré - Homenaje a Tadeusz Kantor ...... 79 4.3.2.5 QR: Entre lo ancestral y el futuro...... 80 4.3.2.6 Modos de ver. Ciclo de videoarte BIENALSUR ...... 82 4.3.2.7 FACTORS 6.0. Luz_energia; ...... 83 4.3.2.8 Ulises inmigrante. Una fantasía gráfica ...... 84 4.3.2.9 Modos de ver. Un ensayo curatorial a partir de la colección de videos de los FRACS ...... 85 4.3.2.10 Conciertos de Música Visual en Fulldome – UVM 2019 ...... 86 4.3.3 Tecnologia como estratégia curatorial ...... 88 4.3.3.1 BIENALSUR Realidad Aumentada ...... 89 4.3.3.2 Desde el otro lado ...... 90 4.3.3.3 Michelangelo Pistoletto - Buenos Aires ...... 93 4.3.3.4 Entre Otras...... 95

4.3.3.5 FACTORS 6.0 ...... 97 5 CONCLUSÃO ...... 98 REFERÊNCIAS ...... 103 APÊNDICE A - ENTREVISTA BIENALSUR COM MARINA AGUERRE...... 105 APÊNDICE B - TABELA PROPOSTAS BIENALSUR 2019...... 112

13

1 INTRODUÇÃO

Iniciar talvez seja a parte mais difícil de uma pesquisa. Quando os pensamentos estão todos em órbita, eles não parecem fazer sentido. Aos poucos, ao colocar no papel cada um dos objetivos, as referências e os métodos, as ideias deixam o plano imaginário e passam a se concretizar, dando sentido àquilo que um dia foi apenas uma ideia. É preciso começar. Essa pesquisa parte do conceito e da prática da curadoria de arte a fim de compreender como a arte e tecnologia, enquanto uma tendência artística, é (ou não) incluída nas estratégias curatoriais de grandes eventos de arte contemporânea. Por grandes eventos de arte contemporânea, compreende-se aqui as bienais, e trabalhar-se-á especificamente com a Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul (BIENALSUR). Em sua primeira edição (2017), a partir de um formato inovador, descentralizado, com exposições acontecendo simultaneamente em diversos países, a BIENALSUR recebeu mais de 2,5 mil projetos por meio de sua convocatória aberta que não impunha nenhuma restrição temática, lançava somente uma indagação: é possível promover um verdadeiro diálogo em condições de paridade entre diferentes pontos do planeta e que se origine a partir do sul? A resposta positiva dessa edição inaugural fez o número de inscrições mais que dobrar na convocatória seguinte. A segunda edição da BIENALSUR realizou-se entre os meses de maio e novembro de 2019, percorrendo mais de 100 sedes ao redor do mundo, do quilômetro zero - Km 0 - localizado no MUNTREF - Centro de Arte Contemporânea e Museu da Imigração - Sede Hotel de Imigrantes, em Buenos Aires/Argentina, até o Km 18.370 na Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio, no Japão. Um evento como a BIENALSUR, numeroso em artistas, curadores e sedes e, consequentemente, em público, e com uma proposta curatorial tão abrangente, tem a responsabilidade de apresentar as mais diversas manifestações artísticas da contemporaneidade. Bienais em geral, com sua visibilidade e importância para o sistema da arte, legitimam artistas, obras e linguagens junto à crítica e ao público. Nesse contexto, entende-se que a produção em arte e tecnologia, uma vez parte da arte contemporânea, deve estar presente em bienais com a sua devida relevância. Diante de uma presença pouco expressiva da tecnologia na arte exposta nas bienais, surge a questão central que permeia este trabalho: como a tecnologia se 14

apresenta em exposições de arte contemporânea? Existe espaço para obras de arte e tecnologia em exposições que não tenham esse eixo temático? Como instituições e curadores trabalham questões referentes à tecnologia enquanto estratégias para exposições de arte contemporânea? Para dar início ao processo de respostas a essas questões, realizou-se entrevista in loco (Apêndice A) com a Professora da Universidade Nacional de Tres de Frebero (UNTREF), Marina Aguerre, membro da Equipe de Curadoria BIENALSUR 2019, em Buenos Aires e visitou-se 14 exposições, instalações e intervenções, sediados na capital argentina entre os dias 23 e 27 de setembro de 2019. Soma-se a isso a participação no FACTORS 6.0 Luz_energia – projeto integrante da BIENALSUR 2019-, o qual pude, além de visitar, atuar como como assistente de curadoria. Ao acessar o material da BIENALSUR 2019, notou-se que existe uma categorização de acordo com cada proposta aceita na convocatória aberta – exposição, instalação, intervenção, performance, entre outras. Portanto, quando mencionados mais de uma atividade integrante da programação ou quando referido de maneira generalizada, utilizar-se-á, ao longo desta pesquisa, a palavra “propostas”. A fim de identificar os projetos em que questões acerca da tecnologia são abordadas, elaborou-se uma tabela com todos os aprovados e integrantes da programação de 2019. Para tanto, foram utilizadas as informações presentes no Site Oficial da BIENALSUR (aba “Cartografia”), no Passaporte BIENALSUR (impresso e digital), nas redes sociais oficiais da bienal e, por fim, para responder questões pontuais, informações fornecidas via e-mails pela diretora artística-acadêmica da BIENALSUR, Diana Wechsler. Este material, intitulado Tabela de Projetos BIENALSUR 2019 (Apêndice B), conta com 8 categorias: Nome; Categoria Expositiva; Eixo Curatorial; Artista(s); Curador(es); País/Cidade; Sede e Data. Ciente de que somente estes dados não seriam suficientes para se chegar nos projetos que envolvem questões de tecnologia, analisou-se um a um o texto de cada projeto disponível no site e no Passaporte, chegando-se a uma série de palavras- chave que fazem referência a tecnologia. Acrescenta-se a isso os projetos visitados, nos quais pode-se comprovar a presença de vídeos, videoinstalações e projeções, projetos com imagens de divulgação com presença de obras semelhantes, e outros em que a curadoria utilizou a tecnologia como uma estratégia expositiva para aproximação com os visitantes. Após todo este processo, chegou-se ao total de 40 projetos com presença de tecnologia.

15

Diante desse conjunto, e da ausência uma unidade na maneira em que as questões tecnológicas são apresentadas, criou-se 2 categorias de acordo com a abordagem: 1) projetos e obras de arte e tecnologia; 2) projetos expositivos em que a tecnologia surge como estratégia curatorial de aproximação com o público. Cada um dos 45 projetos é associado a pelo menos uma dessas 2 categorias, que se propõem a responder as questões centrais levantadas por esta pesquisa. Desenvolver esse trabalho em arte contemporânea, a partir do recorte da curadoria, surgiu de maneira espontânea ao perceber as semelhanças entre curadoria e jornalismo, minha formação original. Escrever uma reportagem se assemelha à concepção de uma exposição em diversos pontos: pesquisar, fazer escolhas conceituais, contextualizar, organizar informações, entre tantos outros. Poderia se dizer, ainda, de modo bastante simplista, que o curador não se sobrepõe à exposição de sua autoria, tal qual o jornalista não prevalece sobre o seu texto; ambos atuariam nos “bastidores”, mas sem esses profissionais, não existiria produto final, exposição ou reportagem, de qualidade. Além disso, e talvez esta seja a questão mais atraente para uma jornalista, o exercício da escrita está dentre as atividades da curadoria, através do texto curatorial, seja para parede, folders ou catálogo da exposição. Escrever um texto que atraia o público para uma experiência artística, que pode ser compreendida visualmente em sua totalidade, é de fato um desafio e exige o envolvimento integral por parte do curador. Não por acaso, diversos curadores são jornalistas de formação. Diante disso, começar a pesquisar curadoria de arte serviu com um convite para desenvolver a atividade na prática, e ampliar minhas possibilidades de atuação profissional, o que tem se mostrado uma boa escolha, acima de tudo, pessoalmente. Para revisar o conceito de curadoria, utilizamos Hans Ulrich Obrist, com “Caminhos da curadoria”, e Jens Hoffmann, com “Curadoria de A a Z”. Na publicação “Uma breve história da curadoria” Obrist apresenta entrevistas com grandes nomes como Harald Szeemann, Walter Hoops e o brasileiro Walter Zanini, que compartilham suas experiências na prática curatorial. Contamos ainda com a contribuição de um extenso grupo de curadores como Paulo Herkenhoff, Cauê Alves, Moacir dos Anjos, Bitu Cassundé, Daniela Labra, reunidos em publicações organizadas por Cristiana Tejo e Alexandre Ramos. Embasam a parte teórica sobre arte contemporânea, Michael Archer, com “Arte Contemporânea: uma história concisa” e Anne Cauquelin, e suas contribuições sobre 16

o sistema da arte em “Arte Contemporânea: uma introdução”. Para as questões que envolvem arte e tecnologia, Michael Rush, com “Novas mídias na arte contemporânea”, nos ajuda a compreender a inserção das mídias digitais no mundo da arte, além de Cláudia Gianetti com “Estética digital” e Giselle Beiguelman com “Futuros possíveis”. Ainda, a publicação organizada por Diana Domingues, “Arte, Ciência e Tecnologia” traz autores como Edward Shanken e Christiane Paul. Em “O mito da imaterialidade”, Paul serve como referência para pensar estratégias para expor arte e tecnologia. No primeiro capítulo desta pesquisa, trazemos a revisão do conceito de curadoria, partindo do princípio, quando a palavra passou a ser associada às Artes Visuais, no final do século XVIII, ainda para referenciar o profissional responsável pelos acervos dos museus. Seguimos com as mudanças em torno do termo curador, até chegar na arte contemporânea, período ao qual alguns autores atribuem, de fato, o início da profissão, tal como conhecemos hoje. Ao longo do capítulo, elencamos as atividades envolvidas na prática curatorial, os tipos de curadoria e estratégias curatoriais. Neste mesmo capítulo, defende-se e articula-se os conceitos de curadoria coletiva – conjunta ou colaborativa – de acordo com a atividade desenvolvida pelo curador. No segundo capítulo percorre-se o caminho traçado pelas bienais de arte na América Latina, a partir da metade do século XX, até se chegar na BIENALSUR. Para tanto, inicia-se pela Bienal de São Paulo (1951), segue-se pela Bienal de Havana (1984), Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba (1993), Bienal do Mercosul (1998). Reconhecidas como eventos de arte contemporânea, passa-se pelas bienais de arte e tecnologia, Emoção Art.ficial (2002) e Bienal de Arte Digital (2018), e chega-se ao nosso objeto de estudo nesta pesquisa, a BIENALSUR (2017). O terceiro capítulo concentra-se na segunda edição da BIENALSUR (2019), sua convocatória, projetos, eixos curatoriais, questões teóricas e práticas. Ainda neste capítulo, descreve-se toda a metodologia necessária para se chegar nos 40 projetos que apresentam questões acerca da tecnologia, expõe-se cada uma das propostas e justifica-se sua inclusão em uma ou mais das 2 categorias elaboradas.

17

2 CURADORIA DE ARTE – CONCEPÇÕES

A curadoria de arte se insere nas Artes Visuais, como uma atividade relativamente recente, se comparada com a própria produção artística. Ainda que se tenha iniciado o debate em torno do termo curador há mais de dois séculos, veremos a seguir que a prática curatorial é tida como contemporânea. Mais do que organizar obras de arte em um espaço expositivo, o curador trabalha com diversas questões que envolvem as exposições desde antes de sua concepção até seu encerramento. Neste capítulo tratamos de discutir o contexto em que se insere a curadoria contemporânea, os tipos de curadoria e conceitos específicos que circundam a atividade.

2.1 DO SÉCULO XVIII AO XXI – DOS ACERVOS ÀS EXPOSIÇÕES

Curadoria deriva do termo em latim “curare”, que significa cuidar. No final do século XVIII, o ato de “curar” foi relacionado pela primeira vez com as Artes Visuais, passando a designar a atividade de zelar pelo acervo dos museus. Antes disso, conforme Hans Ulrich Obrist, o termo havia sido utilizado para nomear os funcionários públicos que supervisionavam as obras do império romano (curatores), entre os séculos VII a.C e V d.C, e durante o período medieval, entre os séculos V e XV, para identificar o padre que cuidava das almas de sua paróquia (curatus) (OBRIST, 2014, p. 38). Nota-se que o objeto deste “cuidado” mudou ao longo do tempo de acordo com os costumes, as crenças e as culturas de cada sociedade que empregou o termo “curador” para designar a função, seja de um supervisor, curandeiro ou zelador. Em todo o caso, essa prática sempre foi exercida a fim de garantir que algo importante estivesse devidamente preservado. De acordo com Ivair Reinaldim foi a ascensão dos museus no final do século XVIII que suscitou o papel de alguém que exercesse esse cuidado para com as obras de arte, não só enquanto um funcionário de museu responsável por um departamento, mas como um organizador de exposições (REINALDIM, 2015, p. 19). Para Jens Hoffmann, os curadores, também no final desse século, “eram eruditos que tomavam conta dos tesouros do passado. Eles montavam, catalogavam e preservavam coleções e interpretavam e exibiam os objetos nelas contidos” 18

(HOFFMANN, 2017, p. 15). Por outro lado, Obrist aponta a figura dos décorateurs do museu do Louvre, antes da figura do curador, como os primeiros a organizarem exposições no século XVIII:

Em geral artistas eles mesmos, os décorateurs eram responsáveis por organizar e expor as obras de arte para as exposições da Academia. Eles começavam a padronizar a prática de instalar as coleções dos museus para exibir da melhor maneira tanto os desenvolvimentos históricos quanto as similaridades temáticas. (OBRIST, 2014, p. 41)

Ao considerar o significado da palavra que origina a curadoria, curar, de fato, aproxima-se semanticamente de ações como cuidar, preservar, zelar, o que relaciona a atividade diretamente à preservação de obras de arte e seus acervos. Entretanto, hoje, o que, talvez, mais identifique a curadoria é a realização de exposições propriamente dita. Reinaldim (2015) sintetiza essa mudança conceitual no exercício da curadoria a partir da ascensão dos museus e das exposições no mundo da arte. Considerando esse mesmo período, conforme Obrist, o curador profissional passou a desenvolver quatro funções principais: 1) preservação; uma vez que a arte passou a ser considerada fundamental para o patrimônio cultural dos países, 2) seleção de novas obras; ao passo que novas obras iam sendo produzidas, o curador precisava escolher quais iriam compor o acervo do museu, 3) contribuição para a história da arte; com a transmissão do seu conhecimento, quase como um professor universitário; e 4) organização das exposições (OBRIST, 2014, p. 39) Para Reinaldim (2015), a palavra “curador”, inserida no contexto das Artes Visuais, incorporou duas funções próximas, porém distintas na língua francesa: a do conservateur de musée ou du patrimoine e a do commissaire des expositions. O conservador de museu, ainda segundo o autor, é o

responsável pelo inventário, estudo, documentação, conservação, difusão das coleções de um museu (ou do patrimônio), assumindo funções administrativas e organizando exposições permanentes e temporárias, com o objetivo de colocar em evidência a coleção sob sua salvaguarda, seja em relação ao público em geral ou frente à comunidade científica. (REINALDIM, 2015, p. 19-20)

Já o comissário de exposições, é

aquele que concebe intelectualmente uma exposição temporária, ficando responsável pela deliberação do tema ou problemática abordada, escolha

19

das peças a serem expostas, definição da disposição das mesmas no espaço e divulgação junto ao público (projeto educativo, textos, catálogo), podendo ou não estar vinculado a uma instituição. (REINALDIM, 2015, p. 20)

O fato de o curador da época passar a desenvolver mais funções, que não somente ligadas aos acervos, remete às mudanças no mundo da arte. À medida em que os museus e as exposições começam a se tornar mais do que relevantes, o curador não só acumula funções, como passa a desenvolver a curadoria cada vez mais próxima do que conhecemos hoje. Para Reinaldim, “qualquer paralelo anterior apresenta-se mais como um conjunto de “antecedentes” do que ação curatorial propriamente dita. (REINALDIM, 2015, p. 21). Ainda que os princípios da curadoria tenham origem no século XVIII, o ofício do curador é considerado como uma prática recente também para Nessia Leonzini: a curadoria enquanto “profissão, tal como a conhecemos, é moderna, remontando ao século passado apenas. (In OBRIST, 2008, p. 9). Já Olu Oguibe, é mais específico e atribui o surgimento da figura do curador, como um “agente cultural influente”, à segunda metade do século XX (OGUIBE, 2004, p. 7). Para Federica Martini, é no período após segunda Guerra Mundial que o curador passa a desempenhar atividades como ““descobrir” artistas, movimentos e cenas menos conhecidos” (In MADŽOSKI, 2014, p. 155). Antes disso, o termo mais usado para fazer referência à atividade era realizador ou diretor de exposição (HOFFMANN, 2004, p. 19). Não podemos ignorar que este período ao qual os autores remetem a ascensão da curadoria converge com a transição da arte moderna para a arte contemporânea, o que nos permite associar a prática curatorial diretamente com este segundo momento. Referindo-se ao período anterior, Fernando Cocchiarale, afirma que “ninguém precisava de um curador no período modernista”, pois a arte moderna carregava características tão definidas que as exposições e os artistas à época “não precisavam de um curador para conceituar o evento e escolhê-los” (COCCHIARALE, 2006, p. 71). De modo a ultrapassar os limites da arte moderna, a arte contemporânea se expande em diversos linguagens e tendências de tal maneira, que definir o que é arte passa a ser um desafio. O artista não precisa mais criar a obra com suas próprias mãos, senão elaborá-la conceitualmente; sequer é necessário que exista o trabalho material, a poética pode estar presente em uma performance ou em uma intervenção 20

artística cuja materialidade se dá pelo registro. Em meio a tantas possibilidades de fazer arte, a figura do curador, que surge como uma espécie de interprete ou mediador, hoje colabora com público e artista ao mesmo tempo que exerce sua função crítica, à medida que reúne, interpreta e exibe diversas tendências de arte sob um contexto comum em uma exposição. Para Hoffmann, se a função do curador do século XVIII era guardar os tesouros do passado e organizar a exposição desses objetos, no período contemporâneo, “a capacidade de pôr em discussão novas propostas, de ser um indivíduo de algum modo criativo, se tornou tão importante quanto o zelo pelos objetos produzidos por artistas” (HOFFMANN, 2017, p. 16). Nota-se que a função primeira atribuída à curadoria de arte, guardar, preservar, catalogar obras, passa a compreender outras atividades, também de ordem prática, mas estruturadas conceitualmente a partir de pesquisas, debates e reflexões. Podemos atribuir ao curador uma série de atividades que parte da elaboração de uma exposição de arte até sua realização: pesquisa e seleção de obras e artistas, organização de equipes de trabalho, produção, definição de local, materiais e suporte para exibição das obras, distribuição das mesmas no espaço expositivo, iluminação, produção de material de apoio, fichas técnicas, cartazes, texto de parede, divulgação, entre tantas outras. Daniela Labra sintetiza a atividade da curadoria como “um ofício que mescla produção geral, montagem de exposições, pesquisa e produção intelectual.” (In TEJO, 2011, p. 61). Cauê Alves amplia essa lista com atividades terceirizadas desenvolvidas por outros profissionais, o que caracteriza a prática curatorial não só como um trabalho conjunto, colaborativo, mas como uma área interdisciplinar: “arquitetura, produção, montagem de exposição, design de interiores e gráfico, contabilidade, iluminação, conservação, setor educativo, editoração e publicação.” (In RAMOS, 2010, p. 44). Além desses profissionais, a curadoria de arte demanda a atuação de uma equipe que trabalhe diretamente com o curador, como assistentes, assessores e até mesmo outros curadores. Em meio a tantas atividades de ordem prática, Bitu Cassundé alerta, entretanto, que “não se pode confundir o trabalho de um curador com o de um mero ordenador de espaço expositivo”, pois, sobretudo, ele é “um profissional que se posiciona criticamente acerca da pesquisa executada” (In TEJO, 2011, p. 61). A própria contemporaneidade, e a arte dita contemporânea, exige algo a mais do curador. É

21

preciso ser crítico, fazer escolhas e fundamentá-las sem deixar de lado o contexto em que uma determinada obra está inserida. Moacir do Anjos discorre sobre essa relação entre arte contemporânea e curadoria:

Uma das características da arte contemporânea é não se definir por ideias fechadas, mas sim como linhas de força, como campos de significação, e que, a depender do contexto a que são vinculadas, podem assumir ênfases diversas. O papel da curadoria, diante disso, é tentar estabelecer sentidos provisórios para uma determinada produção artística. É fazer aproximações contingentes e ressaltar sentidos possíveis das obras; estabelecer diálogos, criar âncoras, contextualizar. (In TEJO, 2011, p. 61)

Percebe-se, desse modo, a importância da curadoria para arte contemporânea como uma espécie de fio condutor, que liga artistas, obras e tendências e convida o público a fazer suas próprias conexões a partir da exposição. Nenhuma curadoria, por si só, caracteriza-se como absoluta, senão como um recorte das inúmeras possibilidades de interpretação daqueles trabalhos expostos a partir de um eixo temático e de estratégias específicas. Mais do que importante, a curadoria é necessária para a arte contemporânea. A cada mudança vivida pela nossa sociedade, seja de ordem política, tecnológica ou social, outras questões passam a circundar o mundo, e consequentemente a arte. Novas tendências, tecnologias, plataformas, propostas artísticas surgem em uma velocidade por vezes difícil de acompanhar. Neste contexto,

Onde o próprio artista reconhece que parece não existir um fora onde a prática artística e, portanto, suas produções possam se desenvolver; onde o receptor, desorientado diante da incorporação irrestrita de procedimentos e materiais estranhos à tradição das Artes Visuais, busca algum indício para ancorar um sentido que se torna infrutífero, então ali emerge a figura central do curador. (ZUZULICH, 2014, p. 07)1

2.2 CURADORIAS INDIVIDUAIS: INSTITUCIONAL E INDEPENDENTE (OU FREELANCER)

Após compreender a prática curatorial como uma atividade contemporânea, podemos partir para a definição dos tipos de curadoria que encontramos hoje no sistema da arte. Naturalmente, quando se pesquisa sobre o tema, encontra-se referência ao curador como uma pessoa que desenvolve um trabalho, a princípio,

1 Tradução nossa. Essa e as demais traduções em língua estrangeira (espanhol) foram feitas pela autora. 22

individual, ainda que assistido por outros profissionais. Este seria o modelo tradicional da curadoria, o qual uma pessoa coordena, organiza, e confere sua assinatura à exposição. O curador que atua individualmente pode ser categorizado como institucional ou independente. O curador institucional é aquele que possui vínculo empregatício com alguma instituição cultural ou museológica. Dentre as funções desempenhadas, esse profissional atua como curador nas mostras organizadas pela entidade. Já o curador independente, ou freelancer, como prefere Obrist (2014), é aquele que, sem estar associado a uma instituição, desenvolve curadorias mediante editais, convites ou por iniciativa própria. Evidentemente, o freelancer teria mais autonomia em relação às suas decisões, tomadas no exercício da curadoria. Entretanto, é necessário que o curador institucional mantenha “sua autonomia frente a imposições ou contrassensos que possam advir de patrocinadores, conselhos consultivos ou mesmo diretores da entidade a qual estão vinculados.” (REINALDIM, 2015, p. 20) Em ambos os casos, o curador individual, seja ele institucional ou independente, desenvolve o seu trabalho de maneira autoral a partir de seu conhecimento, da sua experiência e de suas escolhas. Em maior ou menor grau, ele irá escolher o tema ou argumento curatorial, os artistas e as obras para a exposição, além de montar a sua equipe de trabalho. Como o próprio nome sugere, o curador independente tem mais possibilidades de desenvolver o trabalho à sua maneira, sem tantas restrições como aquelas impostas pelas instituições. O termo curador independente começa a ser empregado, de acordo com Reinaldim (2015), a partir da atividade autônoma desenvolvida pelo suíço Harald Szeemann, após o seu desligamento da Kunsthalle de Berna. Em 1969, o curador promoveu a emblemática exposição “Quando as atitudes tomam forma”2, reunindo 69 artistas europeus e norte-americanos e diversas tendências artísticas sob o argumento curatorial da arte enquanto processo. Szeemann juntou pós-minimalismo, arte conceitual, arte povera, instalações e performances na Kunsthalle de maneira nunca antes vista.

2 When Attitudes Become Form: Works - Concepts - Processes - Situations – Information

23

Figura 1 - Fachada da Kunsthalle e Harald Szeemann, em Berna (SUI), em 1969.

Fonte: Site Contemporary Art Daily. Disponível em: https://contemporaryartdaily.com/2013/09/when- attitudes-become-form-at-kunsthalle-bern-1969/

De acordo com o próprio curador, “era um momento de grande intensidade e liberdade, quando você podia produzir uma obra ou apenas imaginá-la [...] A Kunsthalle se tornou um laboratório real e um novo estilo de exposição nasceu: um caos estruturado” (In OBRIST, 2010, p. 113). O “caos estruturado” não agradou a instituição, que passou a impor uma série de restrições ao curador, a ponto de Szeemann pedir demissão. Depois desse episódio, o suíço fundou a Agência para o Trabalho Convidado Espiritual, e a partir daí foi contratado como curador independente para diversas exposições como A Coisa como Objeto (Nuremberg, 1970), Hapenning e Fluxus (Colonia, 1970) e a V Documenta (Kassel, 1972). Podemos observar que a trajetória de Szeemann abriu as portas para muitos curadores desenvolverem a prática curatorial independentemente de uma instituição. Em seu caso, ao final da década de 1960, a mesma curadoria de caráter inovador, que fez com que ele se demitisse da Kunsthalle, conferiu-lhe tal reconhecimento junto à comunidade artística, que mesmo longe da instituição, o nome de Szeemann passou a ser identificado como um influente agente cultural. Mais de meio século depois, os espaços culturais, museus, festivais e bienais, apesar de numerosos, não comportam a quantidade de curadores ativos, de modo que a curadoria independente se caracteriza como uma possibilidade de inserção, ou até mesmo de se manter ativo no sistema. 24

Em oposição à curadoria individual, idealizada e gerida por uma única pessoa, a coletiva caracteriza-se por unir mais de um curador à frente de uma exposição. Pode-se dizer que o sentido da palavra “coletiva”, tal qual a palavra “individual”, enquanto um adjetivo, qualifica a curadoria somente em número, e não em relação à função desses curadores. Curadoria individual: um só curador; curadoria coletiva: dois ou mais curadores. Para compreender o trabalho dos curadores em uma prática coletiva, utilizaremos a seguir outros termos, derivados dos verbos colaborar e compartilhar, que embasam as diferentes possibilidades de trabalho conjunto.

2.3 CURADORIAS COLETIVAS: COMPARTILHADA E COLABORATIVA

De tantas características que a prática curatorial pode apresentar, talvez a principal seja sua essência coletiva. Sendo o curador uma única pessoa, para realizar uma exposição, ele precisa se relacionar com tantas outras, desde o(s) artista(s), os membros das equipes de produção, de montagem, do espaço expositivo, imprensa, etc. Como um gestor, o curador precisa acompanhar de perto o processo expositivo em suas diversas etapas para garantir a qualidade da exposição. Em alguns trabalhos específicos, essa relação entre curador e profissionais de outras áreas pode ser ainda mais intensa. Pode-se dizer que a partir disso, desse caráter relacional intrínseco à atividade, cada vez mais as curadorias coletivas se tornam tendência no sistema da arte. Há quem compare o curador ao artista, no sentido estrito da palavra, como aquele que produz arte. Boris Groys é taxativo ao dizer que “uma vez que a identificação entre criação e seleção foi estabelecida, os papéis do artista e o do curador tornam-se também idênticos” (In BISHOP, 2016, p 270). Já Obrist (2014) pondera a questão, afirmando que, na realidade, o trabalho da curadoria não deve sobrepor-se ao artista e sua obra. De certo modo, a curadoria coletiva ascende como uma maneira de valorizar o trabalho em grupo, de troca de ideias, de debate e colaboração, afastando o curador daquela figura central de destaque da exposição. Ao considerar os desdobramentos que podem surgir a partir das curadorias coletivas de acordo com o trabalho desenvolvido pelos curadores, no subitem a seguir, iremos enumerá-las e diferenciá- las, num exercício que irá fundamentar questões que surgirão no próximo capítulo.

25

2.3.1 Curadoria compartilhada

Ao recorrer à bibliografia existente, que se teve acesso, não se encontra uma distinção objetiva entre curadoria coletiva, compartilhada ou colaborativa. Pelo contrário, muitas vezes os termos são usados como sinônimos, a fim de designar, o que aqui chamamos de curadoria coletiva, aquela feita por dois ou mais curadores. Na ausência de uma definição, iremos propor uma significação própria para cada um desses tipos de curadoria, levando em consideração a prática em paralelo à semântica das palavras. O verbo compartilhar, de acordo com o dicionário Michaelis, significa “ter ou tomar parte em”, derivado de ato de partilhar. Por sua vez, o verbo partilhar pode ser definido como “dividir em partes iguais”. Mais do que dividir algo com alguém, “compartilhar” refere-se à distribuição correta, igual para cada uma das partes envolvidas. O termo jurídico “guarda compartilhada”, de acordo com o site Jusbrasil, refere-se ao exercício da guarda de menores de idade, por parte de seus pais ou responsáveis, de modo que ambos estejam “em nível de igualdade”, tendo os mesmos direitos e deveres sob a criança ou o adolescente. Aproximando o termo ao que nos interessa, a curadoria compartilhada, de acordo com as referências, configura-se como uma atividade dividida igualmente entre curadores, onde todos atuam em pé de igualdade em todas as instâncias que envolvem a atividade. Evidentemente, ao se tratar de um campo de atuação sem padrões rígidos, e em constante formação, os próprios curadores que compartilham uma exposição irão definir as condições de trabalho que lhe parecem melhor, de acordo com suas habilidades específicas. Para todos os efeitos, respeitando o significado da palavra, a curadoria compartilhada não compreende qualquer diferenciação entre os envolvidos, assim como acontece em exposições com um curador chefe e os respectivos curadores adjuntos, co-curador, curador-assistente ou semelhantes. A intenção nesse tipo de curadoria é que todos atuem de maneira coletiva e disponham de papeis com o mesmo peso frente à instituição, aos artistas, ao público e à imprensa. A exemplo, as edições 11ª, 10ª, 9ª e 8ª da Bienal do Mercosul trouxeram os termos “curador-chefe”, “curadoria geral” e “curador-geral” para designar o 26

responsável pela curadoria daqueles anos, exemplos de curadorias individuais3. Na 7ª edição, realizada em 2009, uma dupla assumiu a curadoria da bienal, a saber, Victória Noorthoorn e Camilo Yáñez, a qual considera-se conjunta-compartilhada ao observar que ambos aparem como “curadores-gerais” no material de divulgação do evento.

Figura 2 – 7º Bienal do Mercosul, curadoria conjunta-compartilhada por Victória Noorthoorn e Camilo Yáñez.

Fonte: Site Bienal Mercosul. Disponível em: http://www.fundacaobienal.art.br/bienais/7%C2%AA- Bienal-do-Mercosul

2.3.2 Curadoria colaborativa

Em um exercício semelhante ao feito anteriormente, analisemos agora o significado do verbo colaborar. De acordo com o mesmo dicionário Michaelis, colaborar significa “trabalhar em comum com outrem na mesma obra” ou ainda “trabalhar em conjunto; cooperação, ajuda”. Nota-se que, diferentemente do termo “compartilhar”, que carrega o sentido de divisão igualitária, colaborar faz referência a ajudar, fornecer apoio, amparar. Ao associar a palavra “colaborativa” à “curadoria”,

3 Na 8ª Bienal do Mercosul (2011), José Roca foi o curador geral da exposição; na 9ª edição (2013), Sofía Hernández Chong Cuy assumiu como diretora artística e curadora geral, e nas edições seguintes, 10ª e 11ª (2015/2018), tiveram como curador-chefe Gaudêncio Fidelis.

27

podemos entendê-la como uma atividade na qual cada uma das partes envolvidas contribui com a parte que lhe cabe. Esse caso acontece especialmente quando questões muito específicas, para além da área de artes, são temas de exposições, tornando-se necessário uma consultoria especializada no assunto. Nas exposições de arte e tecnologia é recorrente a prática da curadoria colaborativa, ainda que não se utilize o termo, assim como nas próprias obras de arte digital, que muitas vezes são produzidas a partir da colaboração entre artistas e profissionais de áreas como ciências, informática, tecnologia e engenharia. O próprio termo “colaborativo” tem estreita relação com o “transdisciplinar”, conceito empregado em arte e tecnologia para designar o trabalho ou a atividade realizada a partir da contribuição de profissionais de diferentes áreas, tendo como objetivo comum a produção artística. Desde 2011, o Projeto Museu Arte-Ciência-Tecnologia4 organiza ações expositivas com diferentes temáticas a partir de uma abordagem transdisciplinar. As ações têm como objetivo difundir a arte, a ciência e a tecnologia tanto por meio de produções artísticas como de módulos educativos. Desde 2017, as ações expositivas acontecem em paralelo ao Festival Arte, Ciência e Tecnologia (FACTORS) e contam, desde a primeira edição, com curadoria colaborativa. A exemplo, em 2018, assinaram a curadoria da ação (Bio)arte e Sustentabilidade as professoras coordenadoras do projeto, Nara Cristina Santos (Artes Visuais), Maria Rosa Chitolina (Ciëncias Biológicas) e Juliana Vizzotto (Informática). Colaborativamente, as curadoras organizaram a ação em conjunto, cada uma com envolvimento maior na sua área específica de atuação e pesquisa. Desse modo, realizou-se a mostra que contou os trabalhos PLC360 v.01 (2018), dos artistas Raul Dotto Rosa e Walesca Timmen, e E-Waste (2018), de Fernanda Pizzutti Codinotti e Leonardo Burmann. Cada um à sua maneira, os vídeos, expostos ao público por meio de óculos de realidade virtual 360º, debatem questões acerca do tema proposto pelas curadoras, bioarte e sustentabilidade.

4 O Projeto Museu Arte-Ciência-Tecnologia foi iniciado em 2010 por iniciativa de um grupo de professores de cinco programas de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM: Artes Visuais, Ciências Sociais, Educação em Ciências, Informática e Patrimônio Cultural. Atualmente, o projeto é coordenado pelas professoras Nara Cristina Santos (PPGART), Maria Rosa Chitolina (PPGBTOX) e Juliana Vizzotto (PPGI). 28

Figura 3 - Ação expositiva (bio)arte e sustentabilidade, curadoria colaborativa de Nara Cristina Santos, Maria Rosa Chitolina e Juliana Vizzotto.

Fonte: Acervo LABART.

2.4 PROJETOS, ARGUMENTOS E ESTRATÉGIAS CURATORIAIS

Ao organizar uma exposição artística, a curadoria executa uma série de atividades, como evidenciou-se no início deste capítulo, que vão desde questões conceituais até de ordem prática. A primeira delas e, talvez a mais importante, diz respeito a questão central que embasa a exposição. Muitas vezes apresentado como tema, ou no próprio título, esse ponto norteia as escolhas da curadoria, permeia os trabalhos apresentados e por vezes até identifica o evento, no caso de bienais. A esta questão é atribuída nomes como proposta curatorial, projeto curatorial, conceito curatorial, argumento curatorial, de acordo com a instituição ou curador. Visando um melhor entendimento da prática curatorial, propõe-se a seguir uma distinção entre esses termos que estarão presentes nos próximos capítulos. Por projeto curatorial, ou projeto de curadoria, entende o conjunto de ideias, conceitos e referências que servem como base teórica de uma exposição. É apresentado em forma de texto, assinado pelo(s) curador(es), podendo originar o texto de parede, catálogo, folder, ou de divulgação. Por meio do projeto, é possível compreender a partir de quais questões a exposição é articulada. Dentro do projeto curatorial, pode-se identificar o conceito ou argumento curatorial, aquela questão principal que indica qual é o recorte, o eixo que conduz a exposição; aquele conceito intrínseco ao projeto, sem o qual, a curadoria pode ser

29

descaracterizada. Este argumento pode ser apresentado em poucas palavras, de maneira mais ou menos objetiva. Ainda, pode aparecer como tema ou subtítulo de uma exposição. Por outro lado, as estratégias curatoriais englobam uma série de ações desenvolvidas, visando o aproveitamento máximo da exposição e aproximação entre público e obras. Projetos pedagógicos, de expografia, mediação, comunicação e divulgação são exemplos dessas estratégias. Elas podem ser realizadas por equipes específicas, independentes da curadoria, mas em acordo com o projeto curatorial. Utilizando novamente o exemplo da Bienal do Mercosul, cada uma das 11 edições realizadas até o momento apresenta um projeto curatorial bem definido com as questões particulares de cada edição. Até 2003, os projetos não apresentavam um argumento curatorial para as exposições, que eram desenvolvidas em torno da arte latino-americana de modo geral. A partir de 2005, temas específicos passam a particularizar cada edição. Em 2009, a 7ª Bienal do Mercosul- Grito e Escuta traz logo no título o seu tema. De acordo com os curadores, o argumento curatorial, Grito e Escuta:

Estabelece um elo de ligação entre dois polos: enfatiza a importância da ação (o grito) do artista que produz uma ação imediata e ativa, com a intenção de causar impacto e transformações importantes; e apela para o poder da escuta, do ouvir, provocando uma atitude reflexiva, resgatando o poder do diálogo como modelo de construção para uma sociedade melhor. (YÁÑES e NOORTHOORN, 2009)5

Na 11ª edição, realizada em 2018, o curador Anfons Hug (DEU) traz o “Triângulo do Atlântico” como argumento curatorial. No texto da curadoria, no catálogo da bienal, Hug cita que a exposição ilumina os “pontos de intersecção que propiciam o encontro entre as culturas indígena, europeia e africana de onde surge, consequentemente, um novo amálgama americano” (ALVES, 2018, p. 15). A partir desse conceito, a bienal apresenta obras de 70 artistas e coletivos que trabalham com a diversidade cultural, não só discutindo questões acerca da miscigenação, mas de modo a identificar uma cultura globalizada. Antes de encerrar este capítulo, onde as questões referentes à curadoria de arte foram abordadas, considera-se importante ressaltar que esta pesquisa não tem

5 Disponível em: fundacaobienal.art.br/bienais/7 30

como objetivo tratar especificamente da curadoria6 ou mesmo de expografia7 de arte e tecnologia. Objetiva-se, sim, debater sobre a prática curatorial em bienais, ao compreender a arte e tecnologia, seja ela computacional, digital ou eletrônica, inseridas como tendências na própria arte contemporânea.

6 Ver A CONTRIBUIÇÃO DE EXPOSIÇÕES DE ARTE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA A PARTIR DE 1968 PARA A HISTORIOGRAFIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA (2015) Tese de Doutorado PPG- ARTE/UnB de Franciele Filipini dos Santos. 7 Ver EXPOGRAFIA NA CONTEMPORANEIDADE: PROPOSTAS EM ARTE E TECNOLOGIA DIGITAL (2016) Dissertação de Mestrado PPGART/UFSM de Valéria Boelter.

31

3 BIENAIS DE ARTE

No início da arte moderna se instaura a primeira bienal que viria a inspirar dezenas de bienais pelo mundo ao longo da história. Criada ainda no fim do século XIX, em 1895, a Bienal de Veneza foi idealizada pelo prefeito da cidade italiana com o intuito de “estabelecer uma plataforma para os participantes do mundo da arte comparar e contrastar a arte criada em todo o mundo” (NEUNDORF, 2016, s.p). Já em sua primeira edição, chamada Exposição Internacional de Arte da Cidade de Veneza, a bienal foi realizada no edifício Pro Arte (hoje chamado pavilhão Itália), construído especialmente para sediar o evento. No século seguinte, no contexto do modernismo, surge a Bienal de São Paulo (1951), a primeira na América Latina. Nas próximas décadas, sob a perspectiva da arte contemporânea, diversas bienais surgem ao redor do mundo, entre elas, as bienais de Whtiney (EUA) e Sidynei (AUS) em 1973, Havana (CUB) em 1984, Istambul (TUR) em 1987, Gwangju (KOR) em 1995, Bienal do Mercosul (Porto Alegre/BRA) em 1997, Berlim (DEU), em 1998 e Moscou (RUS) em 2006. Atravessados mais de dois séculos entre a surgimento da Bienal de Veneza e as mais recentes, o desenvolvimento de cada uma delas tem em comum o objetivo de promover a arte do seu tempo em escala internacional. Isoladamente, o termo “bienal” refere-se tão somente a um evento que se repete a cada dois anos. Entretanto, de maneira prática, as bienais de arte, em comum, buscam “avaliar os desenvolvimentos dos últimos 24 meses no vasto campo da arte contemporânea internacional e sintetizá-los em uma única exposição” (HOFFMANN, 2017, p. 11). Mais do que apresentar uma série de obras, o evento bienal costuma basear-se em alguns conceitos – sejam próprios de determinada instituição, seus propósitos e objetivos – e articulá-los conforme um tema, ou argumento curatorial, que muda a cada edição. Não é incomum que edições de certas bienais sejam associadas imediatamente ao tema que orienta a exposição em determinado ano. Ao considerar as proporções de algumas bienais, que chegam reunir centenas de obras, em exposições que duram por meses, os curadores e suas equipes são responsáveis por elaborar e desenvolver projetos complexos, que justifiquem a presença das obras expostas, em comprometimento com as questões políticas, sociais e culturais que circundam aquele momento. 32

Em entrevista8 à Revista Select, Ivo Mesquita, o curador da 28ª Bienal de São Paulo, aponta que as bienais, de maneira geral, “se converteram em um sistema que se autoalimenta, ganharam muito de um museu temporário, sazonal, de arte contemporânea em diversos lugares do mundo” (2014, s.p). Atualmente, a Biennial Foundation, plataforma pioneira no segmento das bienais, contabiliza em seu diretório 2679 bienais de arte contemporânea ao redor do mundo. Dentre essas, são consideradas bienais de arte, arquitetura, design, fotografia, além de trienais e quadrienais. Conforme os dados disponíveis na plataforma, desse total, 22 bienais estão localizadas na América Latina: Bienal do Fim do Mundo, BIENALSUR (ARG); Bienal do Mercosul, Bienal de Curitiba, Bienal de São Paulo, Frestas – Trienal de Arte, TRIO Bienal, Bienal da Bahia (BRA); SIART Bienal (BOL); Bienal de Arte Mural e Arte Pública, Encontro Internacional de Arte de Medellín – MDE, Bienal de Cartagena das Índias (COL); Bienal da América Central (CRC); Bienal de Havana (CUB), Bienal de Cuenca (ECU), Bienal do Gueto (HAI); Bienal da Jamaica (JAM); Bienal das Fronteiras (MEX), Bienal da Nicarágua (NCA); Trienal Poli/Gráfica de San Juan: América Latina e Caribe (PUR) Bienal de Artes Visuais do Istmo Centro-Americano – BAVIC (PAN); e Bienal de Montevidéu (URU). Mesmo com tantos exemplares de bienais, e ainda que cada uma desempenhe um papel junto à sua região, o modelo foi reproduzido à exaustão, especialmente na década de 1990. Na mesma entrevista à Revista Select, José Roca, curador colombiano com passagem pelas Bienais de São Paulo (2006) e do Mercosul (2013), descreve a importância desses eventos, sobretudo para o público:

Bienais proporcionam uma grande oportunidade – em muitos casos, a única – de o público local conhecer a cena artística internacional e do grande público internacional da arte ver a produção local de um país ou região. O modelo, com variações, vai continuar, porque oferece a oportunidade de a cena local fazer uma declaração que é ouvida além de seu contexto imediato. (ROCA, 2014, s.p)

A seguir, ao longo deste capítulo serão abordadas 4 bienais com papel fundamental para a arte contemporânea latino-americana – São Paulo, a maior da América Latina; Havana, dado sua importância para a arte latino-americana; Curitiba

8 Disponível em: https://www.select.art.br/qual-e-o-papel-da-bienal/ 9 Número total em 10 de fevereiro de 2020. Disponível em: biennialfoundation.org/network/biennial- map/

33

e Mercosul, por sua aproximação conceitual com a BIENALSUR; – 2 bienais brasileiras que tratam de arte e tecnologia – Emoção Art.ficial e Bienal de Arte Digital, em referência às produções específicas em arte e tecnologia - chegando à BIENALSUR, objeto de estudo desta pesquisa.

3.1 BIENAL DE SÃO PAULO

Mais de 50 anos depois da criação da Bienal de Veneza, em uma São Paulo em expansão industrial, surge a primeira bienal latino-americana, vinculada diretamente ao Museu de Arte Moderna (MAM) da cidade, tendo como referência o modelo de Veneza. Sob coordenação do presidente-fundador do MAM, Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccilo, a primeira Bienal de São Paulo (1951) é responsável por trazer uma obra de Pablo Picasso pela primeira vez ao país. De acordo com a primeira norma do regulamento da bienal, disponível no catálogo da 1ª edição, o evento visa “oferecer, por via de uma seleção de artistas nacionais e estrangeiros, uma visão de conjunto das mais significativas tendências da arte moderna.” (MACHADO e SOBRINHO, 1951, p. 24). Com o avanço da arte contemporânea, entretanto, o modelo que regia as bienais no período modernista passa a ser paulatinamente modificado. Tanto a bienal de Veneza quanto a de São Paulo expunham as obras conforme a nacionalidade dos artistas, criando ambientes segmentados por países ou nações, onde não havia um recorte temático ou curatorial. Já em 1969, Walter Zanini percebeu as falhas desse modelo e o criticou abertamente no jornal A Folha de São Paulo:

Esse critério, fatalmente inorgânico, não pode contentar como método científico de organização global nem atender satisfatoriamente às exigências culturais-didáticas das exposições. [...] Obviamente, o sistema só poderá ser aquele em que possa prevalecer o que na linguagem estruturalista chamaríamos de um todo conjugado, ou seja, o sistema em que, superando- se o atomismo das salas constituídas individualmente, pelos diferentes países, parta para o conceito de que a significação do todo é o elemento essencial a ser levado em conta. (ZANINI in FREIRE, 1969).

Anos mais tarde, o próprio Zanini foi o responsável por instaurar o sistema que rompia com as divisões por países. Na 16ª edição, em 1981, sob a direção de Walter Zanini, o termo curador é utilizado pela primeira vez na Bienal de São Paulo para referenciar o responsável pela organização geral da exposição. A proposta curatorial consistia em “organizar a instalação dos trabalhos usando critérios de analogia, 34

quanto à linguagem, à proximidade e ao confronto com que os trabalhos de outros países tinham em comum.” (ZANINI in OBRIST, 2010, p 202). A 16ª Bienal de São Paulo foi um marco em termos de estruturas, indicando mudanças na organização geral e o início de uma curadoria contemporânea no evento. O resultado positivo garantiu a presença de Zanini no biênio seguinte, assinando a curadoria da 17ª edição, em 1983, marcada pela presença de instalações, performances e vídeos, e a “Rua Fluxus”, instalada no andar térreo do Pavilhão da Bienal no Parque Ibirapuera, onde a bienal é realizada desde 1957. Em 1985, Sheila Leirner, primeira mulher à frente da curadoria da Bienal de São Paulo, avançou nas mudanças conceituais. Ao dispor, democraticamente, lado a lado, dezenas de pinturas em três corredores de cem metros, Leirner fez a 18ª edição ficar conhecida como a “Bienal da Grande Tela”. De acordo com a própria curadora, no catálogo geral da exposição, a concepção da 18ª Bienal de São Paulo fundamentou-se “numa visão universalista, na abolição de fronteiras no tempo e no espaço” (1985, p. 13). A partir daí, e com o surgimento de outras bienais, um novo formato de exposição passa a ser experimentado na América Latina, e ao redor do mundo, valorizando o exercício da curadoria. Se antes eram selecionadas obras de artistas de diversos países, sem um recorte temático que não fosse em relação à sua origem, projetos curatoriais passaram a ser desenvolvidos especialmente para cada exposição, a fim de criar uma narrativa que justificasse a presença de cada um dos trabalhos presentes. Paulo Herkenhoff também deixou sua marca como curador da Bienal de São Paulo, em 1998, conhecida como “A Bienal da Antropofagia”. A 24ª edição trouxe o conceito de antropofagia, e suas múltiplas interpretações, como argumento curatorial que embasou as mostras, dividas em 4 grandes núcleos: Arte Contemporânea Brasileira, Núcleo Histórico, Representações Nacionais e Roteiros. Em um movimento iniciado por Zanini na década anterior, Herkenhoff deu continuidade ao rompimento das barreiras pré-estabelecidas, desde a curadoria até a montagem das exposições, evitando espaços categorizados. No Material Educativo, da 24ª Bienal de São Paulo, o curador afirma:

Não queremos reproduzir um diagrama de fronteiras geográficas quando é a estrutura da obra que precisa ser destacada. Vamos manter o espaço da

35

mostra aberto o máximo possível. [...] Vamos misturar obras deste e de diversos outros séculos. Tudo isso sob uma óptica brasileira. (1998, p. 2)

Em relação às obras de arte e tecnologia digital, de acordo com Nara Cristina Santos (2009)10, a Bienal de São Paulo acompanha o movimento de abertura para esse tipo de produção a partir da década de 1990. A Bienal de São Paulo é realizada por sua Fundação, desde 1963, e atualmente tem como objetivo, conforme seu site oficial, “trazer o novo, provocar o debate, educar o olhar com inquietações, propostas e perguntas sempre renovadas” a partir de “iniciativas artísticas, educativas e sociais”11. A cada edição, um novo curador é selecionado e desenvolve sua proposta a partir de uma questão central. Para a 34ª edição (2020), a seleção foi feita entre cinco curadores, nacionais e internacionais, que desenvolveram projetos curatoriais a partir da provocação lançada pela Fundação: "a arte é, por excelência, uma plataforma para a diversidade de pensamento e um meio ideal para a reunião de diversos segmentos em torno de um projeto comum"12. O escolhido como curador geral foi o italiano radicado em São Paulo, Jacopo Crivelli Visconti, crítico e curador independente. O tema desta 34ª edição da Bienal de São Paulo é “Faz escuro mas eu canto” e, de acordo com o site da bienal13, “pretende reivindicar o direito à complexidade e à opacidade, tanto das expressões da arte e da cultura quanto das próprias identidades de sujeitos e grupos sociais”. Marcada para acontecer de setembro a dezembro deste ano, além da exposição principal, no Pavilhão da Bienal, a 34ª edição conta com mostras individuais e eventos performáticos, realizados desde fevereiro, em parceria com 25 instituições na cidade de São Paulo.

3.2 BIENAL DE HAVANA

Idealizada pelo governo cubano, na figura do presidente Fidel Castro, juntamente com membros do Ministério da Cultura do país e Lou Laurin, viúva do

10 Ver “História da Arte: contexto e entorno em arte e tecnologia no Brasil” (2009), artigo de Nara Cristina Santos publicado no XXIX Colóquio CBHA. Disponível em: cbha.art.br/pdfs/cbha_2009_santos_nara_art.pdf 11 Disponível em: http://www.bienal.org.br/fundacao 12 Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/jacopo-crivelli-visconti-escolhido-curador-da-34- bienal-de-sp-23376423 13 Disponível em: http://bienal.org.br/post/7313 36

artista Wifredo Lam, a Bienal de Havana surge em 1983 com a proposta de estender os ideais revolucionários para o evento artístico-cultural. Conforme Smith (2012, p. 196), a Bienal de Havana contrasta com a Bienal de São Paulo, devido ao que para Cuba caracterizava com um “aspecto comercial” da bienal brasileira, que buscava ascender seus artistas à cena ocidental e, podemos acrescentar, levar a arte ocidental até o Brasil. De maneira oposta, Cuba propunha a celebração de artistas locais e regionais, pondo em foco a arte produzida longe do eixo europeu-americano. Desde sua fundação, a Bienal de Havana deixa claro seus objetivos, dentre eles, Moacir dos Anjos (2005) ressalta: “contrapor ao discurso eurocêntrico, então dominantes nos principais eventos do gênero, um discurso descentrado e livre de hierarquias, feito de temporalidades e locais impossíveis de serem sintetizados de uma única perspectiva” (ANJOS, 2005, p. 46). Considerando esse e outros ideais, na primeira edição, em 1984, participam 835 artistas, de 22 países da América Latina e do Caribe, com 2.200 obras – selecionadas via convocatória. A exposição concentrou- se no “Pabellón Cuba”, um pavilhão construído em nos anos de 1960. Já na segunda, em 1986, o perfil dos artistas é ampliado, mas ainda considerando uma produção não-ocidental. Somam-se produções artísticas da África, Ásia e Oriente Médio, totalizando 700 artistas, de 60 países, com 2.500 trabalhos expostos. Pela primeira vez, parte das mostras acontece no Museu de Belas Artes de Havana. Nas duas primeiras edições, um júri composto por especialistas avalia e premia os melhores trabalhos “com o objetivo de destacar aquelas produções que poderiam servir de exemplo para a diversidade e riqueza de expressões” (LLANES in HERNÁNDES, 2018, p. 72). Ainda que associada ao estado14, desde o princípio, a Bienal de Havana foi organizada por um coletivo curatorial. Segundo Terry Smith, “foi o primeiro caso de uma prática que hoje se converteu em um modelo comum para o planejamento de grandes exposições” (SMITH, 2012, p. 198). Ainda conforme o autor, a bienal cubana foi precursora, também, em atribuir um recorte temático na sua edição 3ª edição, realizada no ano de 1989, à qual, o coletivo curatorial, na época formado por Lilian Llanes, Nelson Herrera Ysla e Gerardo Mosquera, atribuiu o tema “Tradição e Contemporaneidade”.

14 Juntamente à Bienal de Havana, cria-se o Centro de Arte Contemporânea Wifredo Lam, órgão semiautônomo idealizado pelo estado para organizar o evento.

37

O evento contou com uma exposição central, no Museu Nacional de Belas Artes de Havana, intitulada “Três Mundos”, 4 núcleos, formados por 24 exposições sub temáticas, além de debates, encontros e workshops. A mostra “principal”, ainda que não se tenha intencionado atribuir um protagonismo a ela, trazia artistas dos chamados segundo e terceiro mundos que trabalhavam a partir de questões ligadas ao ocidente. O núcleo 1 abordava as tradições culturais vivas, o 2 a cultura popular e as tradições locais; o 3 reunia exposições relacionadas a acontecimentos político- sociais, e o núcleo 4 era composto, não por exposições, mas por atividades como oficinas, visitas a ateliês e debates. A série de exposições e eventos da 3ª Bienal de Havana reuniu mais de 800 trabalhos artísticos, de 538 artistas, de 54 países, e espalhou-se por diversos 15 espaços expositivos, além de lugares públicos da capital cubana, como ruas e praças, em uma tendência contemporânea, afinada com a seu caráter social. Pela primeira vez, esta bienal trouxe artistas europeus e norte-americanos, em um gesto sensível para com artistas e coletivos desassociados de sua geolocalização. De acordo com Juan Mosquera, a decisão curatorial de incluir esses artistas na Bienal “foi crucial para abrir nossa noção geográfica de Terceiro Mundo, incorporando as porosidades derivadas da migração e de suas transformações culturais” (In GUASCH, 2016, p. 114). Ainda no marco da Bienal de 1989, a organização decide pela descontinuidade da premiação, ocorrida nas duas primeiras edições. Rachel Weiss (In HERNÁNDEZ, 2018) considera essa, e outras decisões tomadas pelo coletivo curatorial, como uma importante guinada para Havana:

a Bienal se despojou dos vestígios remanescentes da forma colonialista (prêmio e organização das obras conforme a nacionalidade do artista) e uma metodologia de curadoria, baseada nos temas, liberou o espaço para uma maior ambição e realização intelectual (WEISS in HERNANDEZ, 2018, p. 76)

A partir da 5ª edição, a Bienal de Havana passa a ser trienal – dando sequência ao modelo curatorial adotado a partir de 1989, cada edição é elaborada a partir de tema escolhido pela curadoria do evento, a saber: 1991 (Desafio à colonização), 1994 (Arte, sociedade e reflexão), 1997 (O indivíduo e sua memória), 2000 (Um mais perto do outro), 2003 (A arte com a vida), 2006 (Dinâmicas da Cultura Urbana), 2009 (Integração e resistência na Era global), 2012 (Práticas artísticas e imaginários sociais), 2015 (Entre a ideia e a experiência) e 2019 (A construção do possível). Em 38

2003, a bienal sofre com um corte orçamentário de agências internacionais, antes apoiadoras do evento, em resposta ao conflito do governo com ativistas cubanos. Ainda assim, 8ª edição “A arte com a vida” é realizada, com a participação de cerca de 160 artistas de 49 países. A 13ª edição da bienal, realizada em 2019, tem como tema “A Construção do possível”, desenvolvido por um coletivo de curadores, todos cubanos: Margarita González Lorente, Nelson Herrera Ysla, Margarita Sánchez Prieto, José Manuel Noceda Fernández, José Fernández Portal, Ibis Hernández Abascal e Lisset Alonso Compte. Mais de 90 artistas são selecionados para bienal que, pela primeira vez, expande suas sedes, além da capital Havana, para as cidades de Matanzas, Cienfuegos, Sancti Spíritus e Camagüey. De acordo com a Revista Select (2019), participam dessa edição mais de 90 artistas de 52 países, entre eles, Brasil, Camarões, Colômbia, Irã, Mali, México e República Dominicana. Prevista para o ano anterior, a 13ª edição não aconteceu em 2018, devido aos danos causados pelo furacão “Irma” que atingiu a ilha cubana no final de 2017. Conforme sua periodicidade, a próxima edição da Bienal de Havana deve acontecer no ano de 2022.

3.3 BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE CURITIBA

Idealizado pelo Instituto Paranaense de Artes (IPAR), em 1990, VentoSul foi o projeto que originou a Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba. A primeira edição da mostra, realizada três anos depois, em 1993, apresenta um caráter integrador entre os países do cone sul, e reuniu obras de artistas da Argentina, Brasil e Paraguai com curadoria de Jair Mendes (BRA), Miguel Briante (ARG) e Ticio Escobar (PRY). Além da cidade paranaense de Cascavel, a mostra percorreu, entre os meses de junho e outubro daquele ano, as cidades de São Paulo (SP) e (RJ). Na edição seguinte, em 1994-1995, a mostra passa a se chamar “II VentoSul - Mostra de Artes Visuais Integração do Cone Sul” e Ticio Escobar segue à frente da curadoria, juntamente com Fernando Cocchiarale (BRA), Adalice Araújo (BRA), Laura Buccellato (ARG), Nelly Richard (CHI) e Alicia Haber (UR). Desta vez, artistas do Chile e Uruguai são incluídos na mostra que passa por Curitiba, Brasília, além de São Paulo e Rio de Janeiro, Madri (ESP) e Assunção (PRY).

39

De acordo com o site oficial da instituição, em 1996, a 3ª edição da mostra VentoSul passa a organizar, além das exposições, “reuniões de críticos de arte dos países envolvidos no projeto, com o objetivo de complementá-la com debates teóricos que facilitassem o intercâmbio de ideias entre o público e os especialistas”. Neste mesmo ano é fundado o Centro de Artes Visuais do Sul – Museu de Arte Cascavel, que serve como sede da VentoSul, além da capital do estado, Curitiba. Após um intervalo de 11 anos, somente em 2007, a VentoSul tem sua 4ª edição, e amplia o seu objetivo de integração entre países, passando a se chamar Mostra Latino-Americana de Artes Visuais – VentoSul. Participam desta edição artistas de 7 países, além de Argentina, Brasil, Chile e Paraguai, Colômbia, Costa Rica e México, sob curadoria dos já veteranos, Ticio Escobar e Fernando Cocchiarale, e Fabio Magalhães (BRA). O Retorno da mostra traz pela primeira vez um argumento, ou conceito, curatorial: Narrativas contemporâneas. A partir desta edição, o evento se concentra na cidade de Curitiba. No ano de 2009, o evento adota o termo bienal, auto intitulando-se 5ª Bienal VentoSul. Conta com curadoria de Ticio Escobar e Leonor Amarante (BRA), que escolhem como conceito curatorial “Água Grande: os mapas alterados”. Em 2011, com mais uma alteração de nome, passa a se chamar 6ª VentoSul - Bienal de Curitiba. Junta-se a Ticio Escobar, Alfons Hug, que apresentam “Além da crise” como tema. Em 2012 é realizada a 7ª edição, desta vez em comemoração aos 20 anos da mostra, com participação somente de artistas paranaenses e curadoria de Adriana Almada. A partir desta data, o nome VentoSul é suprimido, tornando-se apenas Bienal de Curitiba. Em 2013, a 8ª edição assume o nome Bienal Internacional de Curitiba, e conta com curadoria de Teixeira Coelho (BRA) e Ticio Escobar. Sobre o tão esperado argumento curatorial, no catálogo da exposição, o curador Teixeira Coelho esclarece: “Não há título, nem tema, nem tese. [...] Não quer dizer que não exista aqui uma proposta, como será fácil observar. Mas ela não é especulativa ou propositiva de uma tese, se couber dizê-lo, é empiricista.” (2013, p. 34). Além da bienal, em 2013, acontece o Festival Internacional de Cinema da Bienal de Curitiba – FICBIC ganha (nas edições anteriores, o Festival acontecia dentro da programação da bienal). A partir desta edição, o FICBIC acontece anualmente e leva à frente o número da edição da Bienal. 40

Em 2015, a 10ª edição mantém a curadoria de Teixeira Coelho que desta vez traz como título “Luz do Mundo”. Em 2016, além do FICBIC, acontece a Curitiba Literária – Bienal de Curitiba. Em 2017, a 12ª edição, traz novamente Ticio Escobar à frente da curadoria que estende as exposições a outras sedes, fora de Curitiba. A partir do conceito de “Antípoda” as mostras são realizadas nas cidades de Araucária, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guaíra, Palmeira, Paranaguá e São Matheus, além de Curitiba (PR), Joinvile (SC), Porto Alegre (RS), Brasília (Distrito Federal) e Fortaleza (CE); Assunção (PRY), Mar del Plata e Buenos Aires (ARG). Em 2019, inclui “arte contemporânea” no nome, e passa a se chamar Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba. Com o tema “Fronteiras em aberto” e curadoria de Adolfo Montejo Navas (ESP/BRA) e Tereza de Arruda (BRA/DEU), a 14ª repete o modelo da edição anterior, apresentando mostras em outras cidades, Curitiba, Cascavel e Londrina (PR), Florianópolis (SC), Brasília (Distrito Federal), Buenos Aires e Rosário (ARG), Montevidéu (URU), e países Bélgica, China e França.

3.4 BIENAL DO MERCOSUL

Criada entre o período de pausa da Bienal de Curitiba, a Bienal do Mercosul é idealizada a partir de um objetivo semelhante: reunir a arte dos países do Cone Sul em um grande evento artístico. Após ter seu planejamento revisto e estruturado, o projeto é instaurado em uma parceria entre o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, empresários, artistas e entidades de classe reunidos em uma comissão organizadora. A partir do trabalho desenvolvido pela Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, e com apoio da Lei de Incentivo à Cultura, em 1997, realiza-se a primeira Bienal do Mercosul na cidade de Porto Alegre (RS). Com curadoria de Frederico Morais (BRA), a 1ª edição da Bienal do Mercosul apresenta um desafio como projeto curatorial: desenvolver a maior exposição latino- americana de arte no Brasil. Para tanto, o curador reuniu obras de artistas dos países do Mercosul, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, que participou como país convidado. As obras foram organizadas em três eixos, Construtiva, Política e Cartográfica; e, dois segmentos, um com obras de jovens artistas brasileiros e outro com obras de coleções públicas e privadas do país. As mostras foram dispostas em 12 espaços expositivos da capital gaúcha.

41

Nas quatro primeiras edições (199715-199916-2001-2003), o tema Mercosul é o ponto de partida para as exposições que colocam em evidência questões acerca da integração entre os países. Em 2005, a bienal propõe uma revisão do seu modelo, de acordo com site, “levando em consideração os parâmetros internacionais de projetos curatoriais [...], buscou promover uma reflexão profunda não só na esfera curatorial, mas em todos os estágios organizacionais e eixos norteadores”17. A partir desse marco, a Bienal do Mercosul passa apresentar diferentes argumentos curatoriais bianualmente, e seleciona curadores nacionais e internacionais para a exposição. Inaugurando este novo período, a 5ª edição da bienal traz como tema “Histórias da Arte e do Espaço”, sob curadoria de Paulo Sergio Duarte (BRA), no ano de 2005. Com um recorte mais específico, o tema é dividido em 4 eixos: Da Escultura à Instalação; Transformações do Espaço Público; Direções no Novo Espaço e A Persistência da Pintura. Ainda, a curadoria propõe categorias aos trabalhos expostos, classificando-os entre: escultura e instalação, pintura, novas tecnologias ou novas mídias e obras no espaço público. A edição seguinte, em 2007, intensifica ainda mais a nova proposta, e foca na internacionalização da bienal. A 9ª Bienal do Mercosul, 2013, conta com curadoria de Sofía Hernández Chong Cuy (MEX) que traz o projeto curatorial intitulado “Se o tempo for favorável”, articulado entre três eixos: Portais, Previsões e Arquipélagos – a parte expositiva; Encontros na Ilha – uma série de discussões que acontecem na ilha deserta popularmente conhecida como ilha do Presídio, localizada no Guaíba, próxima a Porto Alegre; e Redes de Formação - o programa de formação pedagógica para educadores, mediadores e público interessado. Ao todo, a 9ª Bienal, apresentou 101 trabalhos de 59 artistas, de 28 países. Em 2015, a 10ª bienal retoma um de seus objetivos iniciais, e volta-se à arte produzida na América Latina, com o projeto curatorial “Mensagem de uma nova América”, assinado por Gaudêncio Fidelis (BRA). Em comemoração às dez edições, importantes obras expostas em anos anteriores retornam para mais uma bienal. Em

15 A 1ª edição apresenta duas obras de arte e tecnologia: Rara Avis, uma instalação de telepresença interativa de Eduardo Kac, e [email protected] 2 - Mercado Público + Usina do Gasômetro, uma instalação virtual de Gonzalo Mezza. 16 A 2ª edição é marcada pela curadoria de Diana Domingues na Mostra de Arte e Tecnologia, que contou com a exposição Arte e Tecnologia-Ciberarte: Zonas de Interação, a presença de obras de webart, além de um simpósio sobre arte e tecnologia e uma exposição do artista Julio Le Parc, Ver “A CONTRIBUIÇÃO DE EXPOSIÇÕES DE ARTE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA A PARTIR DE 1968 PARA A HISTORIOGRAFIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA” (2015), tese de doutorado de Franciele Filipini. 17 Disponível em: http://www.fundacaobienal.art.br/bienais/5%C2%AA-Bienal-do-Mercosul 42

relação a 2013, a edição de 2015 teve metade do orçamento, calculado em R$ 6,5 milhões, e isso refletiu-se em sua realização. Com data de abertura anunciada para o dia 8 de outubro de 2015, o evento foi adiado em duas semanas devido a problemas envolvendo o transporte de obras, passando para o dia 23 do mesmo mês; parte dos 420 artistas confirmados pela Fundação, em julho daquele ano, teve sua participação cancelada; além do pedido de demissão de parte da equipe curatorial. No ano seguinte, em 2016, após a crise instaurada, a Fundação anunciou a necessidade de reformular em seu formato. O Conselho de Administração da Fundação declarou ser o “momento de repensar a missão, objetivos e estrutura do evento, o qual precisa passar por um profundo processo de crítica e reinvenção institucional”. O resultado foi a lacuna em 2017, com o adiamento da 11ª edição para o ano seguinte. Em 2018, com orçamento inferior a 25% em relação ao ano de 2015, a 11ª edição da Bienal do Mercosul conta com apenas 3 milhões para realização do evento. Quem assume o desafio é Alfons Hug com o projeto curatorial “O triângulo do Atlântico”. O reflexo pode ser visto nos números, no catálogo, constam 53 artistas e participantes da 11ª. A 12ª Bienal do Mercosul será realizada entre os dias 15 de abril e 05 julho de 2020, mas já iniciou, ainda em 2019, a organizar atividades como seminários, encontros e eventos em torno do tema “feminino”. A responsável é a curadora Andrea Giunta (ARG) que assina o projeto curatorial, intitulado “feminino(s). visualidades, ações e afetos”. No site oficial, o projeto articula-se em 5 pontos:

1)Destaca a relevância da criatividade para friccionar limites e condicionamentos; 2)Centra-se nas propostas de artistas mulheres e de todas as sensibilidades não binárias, fluidas, não normativas. Sobretudo aquelas que se expressam em sua oposição às mais diversas formas da violência; 3)Expande-se com as propostas de artistas sócios ou aliados, que compartilham o desejo de uma ordem social menos opressiva e discriminatória em termos de gênero; 4)Enriquece-se com a criação daqueles que trabalham com materiais e técnicas tradicionalmente atribuídos às artes do feminino e 5)Aspira a compartilhar o exercício coletivo de inventar novas formas de fazer, dizer, pensar e criar.18

O evento acontecerá em seis locais, na cidade de Porto Alegre: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Memorial do Rio Grande do Sul, Praça da Alfândega, Fundação Iberê Camargo e Centro Histórico Cultura (CHC) Santa Casa. Pela primeira

18 Disponível em: http://www.fundacaobienal.art.br/curadoria

43

vez em 15 anos, a Bienal do Mercosul não terá o Santander como uma de suas sedes. Desde 2003, quando o Santander Cultural iniciou suas atividades em Porto Alegre, o local fazia parte dos espaços expositivos que abrigam o evento. Em 2019, a instituição tornou-se Farol Santander, e não consta na lista de sedes desta edição. Atualmente, a Bienal do Mercosul lista os seguintes itens como sua missão:

foco na contribuição social, buscando reais benefícios para os seus públicos, parceiros e apoiadores; contínua aproximação com a criação artística contemporânea e seu discurso crítico; transparência na gestão e em todas as suas ações; prioridade de investimento em educação e consolidação da Bienal como referência nos campos da arte, da educação e pesquisa nessas áreas.19

3.5 EMOÇÃO ART.FICIAL – BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE E TECNOLOGIA

Idealizada pelo Laboratório de Mídias Interativas do Instituto Itaú Cultural – Itaulab, Emoção Art.ficial tem sua primeira edição no ano de 2002, após o desenvolvimento do programa de fomento Rumos Arte e Tecnologia (1999). A convite da equipe do Itaú, participam da exposição 14 laboratórios de pesquisa com pesquisa e produção artística em novas mídias de 11 países diferentes: Ars Electronica Futurelab (AUT), Art+Com (DEU); Banff New Media Institute (CAN); Daniel Langlois Fondation (CAN); Experimenta Media Arts (AUS); Iamas, (JPN); Laboratorio Arte Alameda (MEX); Mars (DEU); Media Centre d´Art i Disseny-Mecad (ESP); Sarai-Csds- Raqs (IND); V2_Organisation (HOL); Wro (POL); Zkm (DEU) e Itaulab (BRA). De acordo com a instituição, os trabalhos artísticos desenvolvidos por estes laboratórios presentes na mostra “são multidisciplinares, relacionam arte, ciência e tecnologia e despertam ligação emocional com o visitante”. A curadoria de Emoção Art.ficial foi uma parceria entre a equipe do Itaú, Ricardo Ribenboim, Marcus Cuzziol e Ricardo Oliveiros, e os laboratórios de pesquisa que contribuíram com a escolha das 39 obras que fariam parte da exposição. Ainda que não haja um argumento curatorial nessa primeira edição, a mostra é organizada a partir de 3 eixos temáticos: a reflexão sobre conceitos de cidades e comunidades virtuais; a relação do homem com a máquina; e questões ligadas à comunicação. Além da exposição, promove-se paralelamente o Simpósio Emoção Art.ficial, onde são abordadas questões acerca da arte e tecnologia através de debates e palestras. Antes

19 Disponível em: http://www.fundacaobienal.art.br/historico 44

da abertura, a pedido de Milú Vilela, então diretora do Itaú Cultural, a exposição ganha estatuto de evento bienal, o que garante a periodicidade do evento pelos próximos anos. Cumprindo a proposta, em 2004 uma nova edição é realizada com curadoria de Arlindo Machado (BRA) e Gilbertto Prado (BRA) e consultoria do artista Jeffrey Shaw (AUS), que escolhem como tema “Divergências Tecnológicas”. A partir desta, as próximas 3 edições são elaboradas a partir de um tema. Ao todo, Emoção Art.ficial 2.0 reúne 30 trabalhos do seguintes artistas e coletivos: Andrei Ujica (ROU) e Johannes Fischer (DEU), Antoni Muntadas (ESP), Cícero Inácio da Silva (BRA), Christa Sommerer e Laurent Mignonneau (AUT/FRA), Coco Fusco (Cuba/EUA), Diana Domingues e Grupo Artecno/UCS (BRA), Eduardo Kac (BRA/USA), Fran Ilich (MEX), Fred Forest (FRA), Fundación Telefonica (ESP), Giselle Beiguelman (BRA), Jean Gagnon e Anne-Marie Duguet (CAN/FRA), José Wagner Garcia (BRA), Knowbotic Research (DEU/AUT), Lucas Bambozzi (BRA), Maria Luiza Fragoso (BRA), Maurício Dias (BRA) e Walter Riedwek (SUI), Minerva Cuevas (MEX), Paulo Bruscky (BRA), Simone Michelin (BRA), Suzete Venturelli, Mario Maciel e Kátia Maciel (BRA) e Tânia Fraga, Rejane Cantoni e Daniela Kutschat (BRA). “Divergências Tecnológicas” como argumento curatorial, propõe um debate politizado acerca do uso da tecnologia, não só na arte, como no cotidiano da sociedade. De acordo com os curadores da exposição, considerando a posição do Brasil, tecnológica e socialmente distante de grandes centros, onde boa parte da população não tem acesso à tecnologia:

um evento como o Emoção Art.ficial 2.0 deve necessariamente refletir esse deslocamento e essa diferença, servindo ao mesmo tempo de caixa de ressonância a experiências e pensamentos independentes, problematizadores, numa palavra, divergentes, que acontecem em várias partes do mundo, sobretudo fora dos centros hegemônicos. (MACHADO e PRADO, in SANTOS 2015, p. 145)

A partir de 2006, segue-se escolhendo diferentes temas para cada edição, mas sem ter como responsável um curador. Conforme Marcos Cuzziol, (In Gasparetto 2014), ao considerar o conjunto de pessoas envolvidas para decidir as questões acerca da bienal, não coube mais usar o termo “curador(es)”. Assim, organizada sem a presença formal de uma equipe curatorial, a 3ª edição de Emoção Art.ficial, sob o tema “Interface Cibernética”, de acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural, aborda “a

45

relação do corpo humano com a máquina e fomenta a discussão sobre a interface como meio de contato entre diferentes sistemas: homem-máquina e máquina- máquina”. Ao todo, a mostra reúne 13 obras de 18 artistas, todos estrangeiros: Bill Seaman, Camille Utterback (USA), Christa Sommerer (BEL/FRA), Daniel Rozin (ISR/USA), David Richard Rokeby (CAN), Edmond Couchot (FRA), France Cadet (FRA), Golan Levin (USA), Jon Paul McCormack (AUS), Laurent Mignonneau (AUT/FRA), Marie Helene Tramus (FRA), Marius Ibenhart Watz (NOR/USA), Michel Bret Paul (FRA), Robert Prudence (ENG), Robert Davis(ENG), Romy Achituv (ISR), Usman Haque (USA/ENG) e Zachary Lieberman (USA). A 4ª edição, em 2008, foi organizada a partir do tema “Emergência!”, fazendo referência à imprevisibilidade, não só da tecnologia, como de sistemas naturais, quando expostos a um conjunto de regras simples. Ao todo, 16 artistas e coletivos de artistas participam com obras que, de certa forma, apresentam reações não previstas por eles: Boredomresearch (ENG), Jean Luc Pascal Dombis (FRA), Ki Bong Rhee (KOR), LAb[au] (BEL), Leonel Moura (POR), Lucas Bambozzi (BRA), Martin Lübcke (SWE), Miguel Chevalier (MEX), Nicolas Reeves (USA), Olle Cornéer (SWE), Raquel Kogan (BRA), Roman Kirschner (AUT), Ruairi Glynn (ENG), Sandro Canavezzi de Abreu (BRA), Santiago Ortiz (COL), Vivian Caccuri (BRA). Assim como nas outras edições, a Emoção Art.ficial 4.0 foi sediada no Itaú Cultural, com exceção à obra interativa do artista mexicano Miguel Chevalier, Jardim Virtual, instalada na Estação Paraíso do Metrô de São Paulo. No marco de encerramento da exposição, é lançado o site “Bodyweave, um Playground Audiovisual na Internet" (www.bodyweave.net20), da artista brasileira Lali Krotoszynski. O site, que permite aos interatores produzirem suas próprias animações, a partir de webcams para captura de imagem, permaneceu disponível para acesso na instituição por dois dias, até o encerramento definitivo da exposição, em 14 de setembro de 2008. Em 2010, Emoção Art.ficial 5.0 marca o fim da trilogia temática lançada duas edições antes, em torno da relação homem-máquina, com o tema “Autonomia Cibernética”. A 5ª edição da bienal traz 11 trabalhos de artistas e grupos de artistas: Adam William Brown (USA), Andrew Howard Fagg (USA), Bill Vorn (CAN), Grupo SCIArts (BRA), Karl Sims (USA), Lali Krotoszynaski (BRA), Leonel Moura (POR),

20 Atualmente, o site não está mais disponível para acesso. 46

Poéticas Digitais (BRA), Robotlab (DEU), Stelarc (AUS), Symbiotica (AUS/USA), e Tania Fraga (BRA). Conforme a Enciclopédia Itaú Cultural, os trabalhos dessa edição “estabelecem suas próprias regras de interação, aprofundando a discussão sobre mediação, interatividade e o papel das interfaces entre diferentes tipos de agentes – biológicos e virtuais”. Em 2012 é realizada a Emoção Art.ficial 6.0 que, assim como a primeira, não teve um recorte temático. No texto de apresentação do Catálogo, a proposta é apresentada como a criação de um “espaço de convivência tanto para as obras criadas com novas mídias [...] como para trabalhos elaborados em suporte tecnológicos considerados já tradicionais dentro do próprio contexto da arte contemporânea” (2013, p. 16). São apresentadas 10 obras dos seguintes artistas: Carl-Johan Rosén e The Interactive Institute (SUI), Federico Díaz (ARG/CZE), Fernando Velazquez (BRA), George Thomas Legrady (HUN/USA), Giselle Beiguelman (BRA), Jim Campbell (USA), Ken E. Rinaldo (USA), Leonardo Crescenti (BRA), Martha Carrer Cruz Gabriel (BRA), Rejane Cantoni (BRA), Richard David Brown (ENG), Scott Draves (USA) e Silvia Laurentiz (BRA). Esta foi a sexta e última edição de Emoção Art.Ficial - Bienal de Arte e Tecnologia. O anúncio já havia sido feito antes do início do evento. Em entrevista ao Valor Econômico, de O Globo, publicada um dia antes da abertura do evento, Marcos Cuzziol diz que o momento marca o fim de um ciclo. Ainda de acordo com Cuzziol, os dois objetivos da bienal foram alcançados: pôr em evidência a produção em arte tecnologia junto ao público e capacitar o Itaú Cultural para expor essa produção artística. Com o fim do evento, após a experiência adquirida, a proposta da instituição é inserir a arte e tecnologia nas exposições de arte contemporânea de maneira geral. Após 6 edições, realizadas ao longo de 10 anos, Emoção Art.Ficial reuniu mais de 400 mil visitantes, entre exposição e simpósio. O Acervo do Itaú Cultural reúne, atualmente, 17 obras de arte e tecnologia (CUZZIOL in LANDERDAHL, 2019, p. 144), parte delas, adquiridas após sua exposição nas edições de Emoção Art.ficial, como Les Pissenlis (2006), de Edmond Couchot, e Text Rain (1999), de Camille Utterback e Romy Achituv, expostas na 3ª edição, em 2006, e Pixflow #2 (2007), do coletivo belga LAb[au], exposta na 4ª edição em 2008. Após 5 anos, em 2017, o Itaú inicia um novo projeto de exposição de obras de arte e tecnologia, a Consciência Cibernética [?], que teve duas edições até 2019.

47

3.6 BIENAL DE ARTE DIGITAL

A Bienal de Arte Digital é idealizada a partir da experiência do Festival de Arte Digital – FAD, realizado desde 2007, por iniciativa dos artistas Henrique Roscoe (BRA) e Tadeus Mucelli (BRA), na cidade de Belo Horizonte (MG/BRA). O Festival tem como proposta debater as questões da arte digital, com base em quatro pilares: “performance + exposição com instalações + oficinas + simpósio” (MUCELLI in GASPARETTO, 2014, p. 181). Conforme Mucelli, a periodicidade anual confere um caráter emergente ao evento, compatível com a constante transformação da tecnologia. Propor a realização do FAD bianualmente surgiu como uma alternativa para, nas palavras dos idealizadores, “pensar a complexificação do presente, mais do que produzir um futuro ingênuo” (MUCCELI e RAMOS, 2018, p. 20). Diante disso, foi desenvolvido o projeto da Bienal de Arte Digital, tendo como missão, apresentada em seu Catálogo, a valorização do pensamento crítico dos processos digitais e tecnológicos da vida e na arte. De acordo com seus idealizadores, a partir da segunda edição, a Bienal deve se tornar um “organismo próprio”, e o FAD continua com suas atividades anuais. No ano de 2018, realiza-se a primeira edição da Bienal de Arte Digital, a partir do tema “Linguagens híbridas”. Para selecionar os trabalhos participantes, a organização lança, ainda em 2017, uma chamada aberta internacional com base no argumento curatorial. A seleção é feita pelo Conselho Curatorial da bienal, formado por profissionais, todos brasileiros: Marina Gazire, Gabriel Cevallos, Ivan Ramos, Pablo Gobira, Alexandre Dalbergaria, Bruna Finelli e Tadeus Mucelli. Ao todo, a chamada recebe 675 projetos, dos quais 14 são selecionados, e integram programação da primeira edição do evento, juntamente com outros 6 trabalhos de artistas convidados. Nesta 1ª edição, o evento é organizado em duas sedes de modo não simultâneo: na cidade do Rio de Janeiro (RJ/BRA), no Oi Futuro, onde é realizado de 05 de fevereiro a 18 de março; e na cidade de Belo Horizonte (MG/BRA), sediado em quatro espaços, de 26 de maço a 29 de abril. No Rio de Janeiro foram expostos 15 trabalhos dos seguintes artistas: Aline Xavier (BRA), Ana Moravi (BRA), Carla Chan (DEU), Antonella Mignone e Cristiano Panepuccia (ITA), Daniel Cruz (CHI), Georgie Grace (ENG), Ivan Henriques (BRA/HOL), Jack Holmer (BRA), Leandro Aragão 48

(BRA), Ruy César Campos (BRA), Rodrigo Ramos (BRA), Axel Cueca Santamaria (MEX), Solimán Lopez (ESP), Mark Klink (USA) e Joe Davis (USA/JPN). Os trabalhos são organizados no espaço expositivo, de acordo com recortes temáticos: biotecnologia, hibridismo a partir da arte digital, hibridismo a partir de um olhar nacional com audiovisuais, e hibridismo em diálogo com o ambiente externo, este último localizado nas áreas externas do Oi Futuro. Além da exposição, a Bienal de Arte Digital inclui um Simpósio e Oficinas. Exclusivamente no Rio de Janeiro, a programação conta ainda com 4 performances, também selecionadas via edital, de André Damião (BRA), Marco Donnarumma (ITA/ENG), Bella (BRA) e Joana Boechat e Henrique Roscoe (BRA). Já em Belo Horizonte, a bienal é organizada no Museu de Arte da Pampulha (MAP) e Casa do Baile, ambos no Conjunto Moderno da Pampulha, Casa Fiat de Cultura e Atmosphera, espaço de inovação e tecnologia. A exposição é composta pelos 15 trabalhos apresentados no Rio de Janeiro, e mais dois site specific, de autoria de Nivaldo Godoy e Panais Bouki (BRA) e Giselle Beiguelman (BRA), totalizando 17 trabalhos, instalados nos 4 locais. No mesmo modelo da versão carioca, em Belo Horizonte a bienal mantém associados à programação o Simpósio e as Oficinas, desta vez com outros participantes. Além desses, integra a programação o Seminário de Artes Digitais – SAD. Nesta primeira edição, a Bienal de Arte Digital reuniu um público de 13 mil pessoas no Rio de Janeiro, e 30 mil em Belo Horizonte, ao longo de quase 3 meses. Ainda em 2018, após o encerramento, a organização divulgou o tema para segunda edição, a ser realizada em 2020: Condições de Existência. De acordo com Mucelli, em seu site21, a chamada para inscrições de projetos artísticos deve abrir em março deste ano, e o evento tem data prevista para novembro.

3.7 BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA AMÉRICA DO SUL – BIENALSUR

[...] na realidade, nosso norte é o Sul. Não deve haver norte, para nós, senão pela oposição ao nosso Sul. Por isso, agora, colocamos o mapa ao revés e então já temos a exata ideia da nossa posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta de América, a partir de agora, se prolongando, assinala insistentemente o Sul, nosso norte. (TORRES GARCÍA, 1944.)

21 https://www.tadeusmucelli.net/news

49

Neste emblemático texto escrito em 1944, Joaquín Torres García verbalizou o que havia feito com o mapa da América do Sul, 8 anos antes, em 1936. A proposta do escritor uruguaio consiste em um desenho da parte sul do continente americano invertido, fazendo com que o sul geográfico se torne o norte do mundo. Metaforicamente, o desenho de técnica despretensiosa, cercado por um sol, uma lua, peixes e caravelas, conferia ao nosso continente uma posição privilegiada no âmbito socio-econômico-cultural mundial. Setenta anos depois, a utopia de Torres García, pode facilmente ser associada a um projeto, por que não, com proporções que superariam a América do Sul.

Figura 4 – América Invertida (1936) de Joaquín Torres García

Fonte: Revista Iberoamérica Social. Disponível em: iberoamericasocial.com/America-Invertida

Em maio de 2015, foi apresentado oficialmente o projeto “Bienal UNASUR”, pelo então secretário geral da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL22), Ernesto

22 A União de Nações Sul-Americanas reúne os 12 países integrantes da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela), desde 2004, a fim de promover a integração entre essas nações no âmbito cultural, econômico, social e político. Disponível em: http://www.unasursg.org. 50

Samper. Conforme o secretário, a proposta da bienal era mostrar “o melhor da pintura, da escultura, da representação artística e da arte digital da América do Sul, para converter-se em um eixo articulador da região.” (SAMPER, 2015). Nos meses seguintes, com as relações estremecidas entre os membros da união, devido à crise venezuelana, o projeto da bienal é assumido por Aníbal Jozami, reitor da universidade argentina Universidade Nacional Tres de Febrero (UNTREF), eleito pelos ministros da cultura da UNASUL. Posteriormente, a diretora da área de Arte e Cultura da UNTREF, Diana Wechsler, é convidada por Rozami a integrar o projeto como diretora artístico- acadêmica. Sob direção geral de Jozami, a bienal começa a ser planejada e tem seu nome expandido para Bienal Internacional de Arte Contemporânea da UNASUR. De acordo com Nestor García Canclini, ao passar a ser organizada pela instituição de ensino, “a bienal ganhou independência e se diferenciou de outras ao não ter que deixar parte do que se expõe para as representações nacionais.” (CANCLINI, 2017, s.p). Como uma das primeiras ações, a UNTREF, enquanto organização da bienal, passa a realizar uma série de encontros a fim de debater ideias, levantar questões e sugerir propostas em torno do projeto da bienal. Em novembro de 2015, é realizado o 1º Encontro Sul Global, para o qual são convidados 17 profissionais entre artistas, curadores, críticos e colecionadores de diversos países da América do Sul, assim como de outros países: Stéphane Aquin (USA), Alicia de Arteaga (ARG), Claudia Casarino (PRY), Ramón Castillo (CHI), Dias & Riedweg (BRA/SUI), Ticio Escobar (PRY), Voluspa Jarpa (CHI), Aníbal Jozami (ARG), Gilles Lipovetsky (FRA), Jorge Macchi (ARG), Charly Nijensohn (ARG), Teresa Parodi (ARG), Daniel Santoro (ARG), Gabriela Siracusano (ARG), Luiz Augusto Teixeira de Freitas (BRA/POR), Tatiana Trouvé (FRA) e Diana Wechsler (ARG). De acordo com o programa do evento, o 1º Encontro Sul Global, intitulado “Para a Bienal da UNASUR”23, tem como objetivo “pensar alguns horizontes da arte contemporânea, para que este seja o primeiro de vários encontros destinados a vislumbrar algumas questões relativas à arte de nossos dias”24. O evento foi sediado no MUNTREF - Centro de Arte Contemporânea e Museu da Imigração Sede Hotel dos Imigrantes, na cidade de Buenos Aires (ARG), e apresentou ao todo 8 conferências e diálogos entre os convidados, além da mesa de abertura.

23 Hacia la Bienal de UNASUR - Título original em espanhol 24 Disponível em: http://temp.bienalsur.org/assets/Surglobal01.pdf

51

Responsável por abrir o encontro, juntamente com Teresa Parodi, Ministra de Cultura da República Argentina, Jozami pontuou o objetivo de estar se desenvolvendo uma nova bienal com foco a partir das produções artísticas sul-americanas:

Essa é a primeira bienal impulsionada por um conjunto de nações, que é o conjunto das 12 nações que integram a América do Sul e que integram a União de Nações Sul-Americanas. E por que nos propusemos a fazer isso? Porque acreditamos que a arte e a cultura – e quando dizemos arte, estamos falando de arte em todas suas expressões – na América do Sul tem em um altíssimo nível, mas isso não tem sido suficientemente reconhecido no resto do mundo.25

Ao final deste primeiro Encontro Sul Global, foi lançado o concurso internacional para o design gráfico do logotipo (Figura 4) da bienal. Ainda em 2015, no mês de dezembro, um segundo Encontro Sul Global é realizado, com outros convidados, dando sequência nas atividades. Até que em fevereiro de 2016, na Feira de Arte Contemporânea ARCO, em Madrid (ESP), o projeto da bienal é apresentado oficialmente à imprensa com uma nova alteração: não mais associada à sigla da união, passa a se chamar Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul, BIENALSUR.

Figura 5 – Identidade visual vencedora do concurso para representar a BIENALSUR, de autoria de José Afonso Sael e Ezequiel Cefaro (ARG).

Fonte: Site BIENALSUR.

25 Disponível em: youtube.com/watch?v=Pdp2nr2mAKA 52

3.7.1 O projeto curatorial da BIENALSUR

Desde o seu princípio, a proposta da BIENALSUR se apresentou de maneira diferenciada das bienais existentes até então, com as de São Paulo e Havana, por exemplo. Diferentes destas, a BIENALSUR desponta pela descentralização, espalhando-se por diversos pontos, não só da América, como de outros continentes. Por outro lado, ela parece expandir a proposta das bienais de Curitiba e do Mercosul, que se propunham centralizadoras da arte sul-americana. A partir da reunião de 12 nações, tendo como força propulsora as produções que não estão ao “norte” do mundo, sul-americanas ou não, o projeto saiu do papel com uma grande expectativa. De acordo com a sua direto artístico-acadêmico Diana Wechsler:

O propósito diferencial da BIENALSUR é definir um formato e um funcionamento pelo qual a arte de distintas regiões do planeta não se integre como mera cota de diversidade, mas que possa alcançar visibilidade na diversidade, a partir do respeito pelas singularidades, redefinindo os posicionamentos tradicionais, complexificando as relações, recuperando tradições, estabelecendo outros laços entre espaços e tempos, sendo congruentes, enfim, com o novo paradigma pós-autônomo que permite repensar a cena da arte e da cultura contemporâneas. (WECHSLER, 2018, p. 22)

Diante dessa inquietante questão, é proposto um formato diferente de curadoria, plural e descentralizado, rompendo com a prática habitual. Ao considerar que um tema, ainda que amplo, uma exposição, mesmo com centenas de obras, um curador somente, ainda que bem assessorado, não seria o suficiente para alcançar a multiplicidade de vozes e olhares, a BIENALSUR propõe uma convocatória aberta. Essa chamada – pública e gratuita – é de tema livre, não compreende um argumento curatorial, ou recorte temático, prévio, de modo que não há um limitador quanto aos temas das propostas inscritas. A ficha de inscrição é disponibilizada no site da bienal, voltado a propostas de artistas e curadores a fim de integrar a programação da bienal. Após o momento de recepção, as propostas são avaliadas, na primeira edição pelo Conselho Internacional de Curadoria composto por experientes curadores de 13 países: Jeanine Meerapfel (DEU), Andrés Duprat, Diana Wechsler, Fernando Farina, Florencia Battiti e Liliana Piñeiro (ARG), Néstor García Canclini (ARG/MEX), Marie- Cécile Zinzou (BEN), Fábio Magalhães e Tadeu Chiarelli (BRA), Ivonne Pini (COL), Estrella De Diego (ESP), Albertine de Galbert (FRA), Abdellah Karroum (MAR/QAT), Ticio Escobar (PRY), Rodrigo Quijano (PER), Lionel Bovier e Hans Ulrich Obrist (SUI).

53

Após a avaliação do Conselho, chega-se ao total de propostas aceitas, entre as selecionadas através da convocatória e as que foram convidadas a integrar a programação da BIENALSUR. Não havia restrições em relação às temáticas, o que conferiu um caráter bastante independente para cada exposição, ainda que estivessem unidas pela marca da BIENALSUR. Cada proposta curatorial selecionada pode ser desenvolvida com certa autonomia institucional, uma vez que a bienal não interfere diretamente nas mostras pelo mundo. Entendemos esse tipo de curadoria, que parte de uma proposta central e se expande em múltiplas possibilidades, independentes entre sim, como uma curadoria tentacular. Após selecionadas as propostas, de acordo com os temas abordados nas propostas, a equipe curatorial desenvolveu cinco grandes eixos curatoriais: Curadorias BIENALSUR, configura-se como um grande eixo temático que engloba temas recorrentes entre os selecionados; Em Arte no Espaço Urbano, encontram- se as propostas, não só localizadas em locais públicos como praças, mas, que possuem “um espírito perturbador, de intervenção e desconserto” (WECHSLER, 2018, p. 28); Coleção de Coleções é o eixo em que coleções públicas e privadas, convidadas pela organização, se integram a outros propostas expositivas por meio do conceito de “coleção”. Arte e Ação Social reúne as propostas que de algum modo exercem um trabalho junto à comunidade; e Arte nas Fronteiras inclui os que promovem a integração entre países, mas que sobretudo discutem questões inseridas nesse contexto, como a migração, o trânsito entre povos, e a relação que surge a partir desse movimento. De acordo com Diana Wechsler (2018), as propostas inseridas nestes dois últimos eixos promovem um questionamento mais direto às questões políticas e sociais, ao passo que as propostas dos outros eixos são associadas mais facilmente ao mundo da arte. Ainda de acordo com Wechsler, isso não quer dizer que

estas duas linhas conceituas não busquem disparar questões dentro da cena artístico-cultural, mas, sim, que por seus traços distintivos e seu modo de atuação, acabam lançando fora do âmbito estritamente artístico, para passar a interferir em outros mais diretamente (WECHSLER, 2018, p. 29)

Posteriormente, cada uma das propostas foi associada a, pelo menos, um dos eixos. A relação pode ser acessada no Passaporte 2017. 54

3.7.2 BIENALSUR 2017: a primeira edição

Desde o início, o projeto BIENALSUR caracterizou-se pela pluralidade de vozes, pensamentos e ideias sobre a arte, o contemporâneo e as questões emergentes da América do Sul e do mundo. O seu formato foi sendo delineado a partir do coletivo, com a soma de singularidades de modo a integrar pessoas, países e nações. Em setembro de 2017, a primeira edição da BIENALSUR finalmente foi inaugurada com uma estrutura coerente ao que havia sido planejado ao longo de dois anos: exposições e mostras foram realizadas em 16 países, de 32 cidades, em 84 sedes criando uma rede de integração a partir da América do Sul. A partir do Km 0, localizado no MUNTREF, onde aconteceu o primeiro Encontro Sul Global, foi traçando-se uma cartografia (Figura 5), tal qual haviam idealizado os organizadores, que passou por cidades e províncias da Argentina, Austrália, Benim, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, França, Guatemala, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela chegando ao Km 18.360, em Tóquio, no Japão. Nota-se que a proposta se expandiu, espalhando-se por outros países, além da América do Sul. Ainda na abertura do primeiro Encontro Sul Global, Jozami buscou esclarecer que a “questão sul” não se restringe à geografia do planeta, mas inclui todos aqueles que estão à margem dos centros de produção artística supervalorizados historicamente, como Europa e Estados Unidos, ainda que estejam ao seu lado. De acordo com Canclini (2017), questões políticas e sociais, para além de limites geográficos, circundam o termo:

Sul se tornou palavra chave para os que, na arte, nas ciências sociais e na política tentam ao mesmo tempo abranger e reivindicar os que não se encaixam nas enciclopédias: os países não europeus, os migrantes nas metrópoles, os excluídos por motivos de raça, gênero ou – ainda sendo acadêmicos ou políticos do norte – sofrem desde por se ocupar do que acontece fora da Europa e dos Estados Unidos. (CANCLINI, 2017, s.p,)

Terry Smith atribui a meados da década de 1970, o período em que artistas e centros culturais do sul, passaram a “gerar energia suficiente para promover uma mudança” (SMITH, 2012, p. 216), a qual o autor intitula como “giro iconogeográfico”. Esse movimento, assim como os ideais fundadores da BIENALSUR, lança a luz sobre as produções de artistas sul-americanos, africanos, asiáticos, em oposição à

55

supremacia vinda do norte do planeta. Já na virada do milênio, no início dos anos 2000, Smith (2012), identifica um “giro pós-colonial”, quando obras de artistas de “segundo, terceiro e quarto mundo” (p. 194) passam a compor mostras internacionais em países do norte. A BIENALSUR também promove esse giro pós-colonial, ao levar às sedes de países europeus, exposições latino-americanas.

Figura 6 – Print cartografia BIENALSUR.

Fonte: Site BIENALSUR.

3.7.2.1 FACTORS 4.0

Idealizado pelo Laboratório de Pesquisa em Arte Contemporânea, Tecnologia e Mídias Digitais (LABART), o Festival de Arte, Ciência e Tecnologia (FACTORS) é realizado desde 2014 na cidade de Santa Maria (RS/BRA). O Festival, que acontece anualmente, tem como objetivo expor trabalhos artísticos contemporâneos que dialogam com questões de ciência e tecnologia de modo transdisciplinar. Desde 2016, o projeto da curadoria do FACTORS é elaborado a partir de um argumento curatorial escolhido especialmente para cada edição. Em sua 4ª edição, realizada no ano de 2017, o FACTORS integra a programação da BIENALSUR a partir do Km 1.055, com 56

sede no Centro de Artes e Letras (CAL) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Brasil. Considerando o modo de inserção do festival na programação, ele está relacionado ao eixo curatorial “Curadorias BIENALSUR” no Passaporte BIENALSUR 2017. O FACTORS 4.0 conta com curadoria conjunta-compartilhada de Nara Cristina Santos (UFSM/BRA) e Mariela Yeregui (UNTREF/ARG), que elaboram o projeto a partir do conceito de bioarte. De acordo com as curadoras, no texto de abertura do catálogo da exposição, o argumento curatorial compreende “diferentes práticas artísticas produzidas através de seres vivos e recursos naturais em contato com meios e tecnologias artificiais” (2018, p. 5). As diferentes práticas artísticas citadas vão desde instalações, videoinstalações, até sistemas robóticos, de autoria de artistas de carreira já consolidada, e jovens artistas em fase de formação. As curadoras selecionam as obras a partir de uma longa pesquisa sobre o tema, que começa a ser feita ainda no ano anterior, o que permite uma articulação do argumento curatorial. A respeito da organização do evento, Nara Cristina Santos associa a curadoria compartilhada, uma prática desenvolvida pelo FACTORS desde sua primeira edição, ao caráter de conjunto do grupo de pesquisa e à abordagem transdisciplinar:

A curadoria compartilhada tem sido uma prática das edições do FACTORS. Inicialmente porque o festival surge de uma prática de grupo de pesquisa em laboratório, liderado por uma pesquisadora que orienta pós-graduandos na linha de Arte e Tecnologia na área de concentração Arte Contemporânea. Mas também, porque trata de questões transdisciplinares e muitas vezes complexas, não necessariamente difíceis de se abordar, mas sempre instigadoras de novas estratégias curatoriais. (SANTOS, 2018, p. 266)

O trabalho compartilhado circunda o Festival em todas as suas frentes, ao considerar as equipes envolvidas – assistentes de curadoria, expografia e mediação, além da própria montagem – compostas por estudantes de graduação e pós- graduação em Artes Visuais da UFSM. Pude participar ativamente dessa edição do FACTORS, enquanto jornalista, como membro de sua organização e divulgação, e posterior revisão do catálogo da mostra. O FACTORS 4.0 conta com os seguintes artistas e as respectivas obras: Grupo de Pesquisa Robots Mestizos (UNTREF/ARG) com Robôs Mistos (2016); Eduardo Kac (BRA/USA) com Edúnia (2003- 2008); Yara Guasque e Kaue Costa (BRA) com Jardim colaborativo de Fritz Müller em Open Frameworks (2017); Rebeca Stumm

57

(BRA) com a instalação Trans(forma)ação assistida (2017); Guto Nóbrega e Grupo NANO (BRA) com Bot-anic (2012); Raul Dotto e Walesca Timmen (BRA) com a instalação PLNT3 (2017); Gabriela Munguía e Lupita Chávez e Grupo Eletrobiotas (MEX/ARG) com a instalação/intervenção sonora Rizosfera FM (2016); Fernando Codevilla e Leonardo Arzeno (BRA) com a instalação Ausculta (2017); de Paula Guersenzvaig e Juan Leon Sarmiento (ARG) com a instalação Rio Callado (2017); Ana Laura Cantera (ARG) com a instalação Evolução de uma partida (2015-2016); Gilbertto Prado e Grupo Poéticas Digitais (BRA), com a instalação Máquinas de Choque 1 (2016).

Figura 7– Convite digital FACTORS 4.0 BIENALSUR

Fonte: BIENALSUR.

Considerado a totalidade de obras, 11, várias delas instalações de médio porte, 9 são organizadas dentro da Sala Cláudio Carriconde, a partir de um projeto de expografia desenvolvido junto à curadoria, e 2 ficam no hall à frente da sala de exposições – a saber: Rizosfera FM e Trans(forma)ação assistida. Ao lado do texto da curadoria, é instalado uma tela touch screen, por meio da qual os visitantes podiam 58

acessar a Cartografia BIENALSUR, um mapa interativo com pontos sobre os países sede da Bienal (ação desenvolvida pela própria BIENALSUR). O FACTORS 4.0 acontece de maneira concentrada– de 30 de agosto a 1º de setembro do ano de 2017 e reúne um público de cerca de 200 pessoas ao longo dos 3 dias em que esteve aberta à visitação. Já ao final do festival inicia-se a produção do catálogo da mostra, idealizado pelas curadoras, que é lançado no ano seguinte em formato digital e de acesso público26.

3.7.2.2 Naturaleza Viva

Inspiradas no FACTORS 4.0, realizado no mês de agosto, Nara Cristina Santos e Mariela Yeregui propõem uma nova exposição para a BIENALSUR: Naturaleza Viva. A mostra, realizada 3 meses depois, de novembro a dezembro de 2017, também integra a programação da bienal, desta vez, a partir do Km 20,2, no MUNTREF Artes Visuais – Sede Caseros I, localizado em Tres de Febrero, Província de Buenos Aires (ARG). A partir da experiência realizada no sul do Brasil, as curadoras elaboram a exposição Naturaleza Viva, a fim de desenvolver uma outra abordagem do tema. Se no FACTORS 4.0 as produções artísticas promoviam uma discussão em torno do conceito de bioarte, dessa vez, as curadoras propõem como argumento “a ligação de cada obra com a natureza viva, no sentido de ativa” (SANTOS, 2019). Para tanto, 9, das 11 obras presentes em Santa Maria, são mantidas (as exceções são as obras Rio Callado, de Paula Guersenzvaig, e Edúnia, de Eduardo Kac), além de outras 9 que passaram a compor o conjunto da mostra, totalizando 18 trabalhos expostos. Somam-se as obras apresentadas no Brasil, a instalação fúngica sonora Utopicas reconstituciones (2017), de Ana Laura Cantera (ARG), a instalação Nós abelhas (2017), de Malu Fragoso (BRA), o sistema robótico TZ’izK (2017), de Paula Gaetano e Gustavo Crembil (ARG-USA), a instalação robótica Propagaciones, de Leo Nuñez (ARG), a instalação lumínico-sonora Sycorax nuestra (2016), de Laura Nieves (ARG) as séries de fotografias Ground-based Research I, II, III e IV (2007) e Em órbita I, II e III (2017), o vídeo Inner Tescope (2017) e ITP (2017) de Eduardo Kac (BRA/USA).

26 Disponível em: ufsm.br/editoras/ppgart/Catalogo_FACTORS.pdf

59

Em vídeo27 promocional da exposição, produzido e divulgado pela BIENALSUR, a curadora Mariela Yeregui relaciona o tema da exposição com a questão dos países sul-americanos envolvidos: A mostra apresenta uma variedade de propostas em que a natureza opera como disparador. Os pontos de vista a partir dos países periféricos, como podem ser a Argentina e o Brasil, são diferentes ou podem propor diferenciais mecânicos e estéticos em relação aos países centrais. (2017).

Figura 8 – Convite digital NATURALEZA VIVA BIENALSUR.

Fonte: BIENALSUR.

27 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TzNC-zM1CMs 60

4 BIENALSUR 2019: A SEGUNDA EDIÇÃO

A segunda edição da BIENALSUR começou a ser organizada logo após sua primeira edição, finalizada em dezembro de 2017. Seguindo a proposta que deu início à bienal, ao longo do ano de 2018, foram realizados três encontros Sul Global, reunindo curadores, artistas, historiadores da arte, pesquisadores, diretores de museus, jornalistas e agentes culturais, a fim de seguir-se debatendo questões sobre a arte contemporânea a se desenhar a segunda edição da BIENALSUR. O 13º Encontro Sul Global, realizado no MUNTREF, entre os dias 17 e 18 de abril de 2018, contou com oito mesas de palestras e debates com os artistas Makoto Azuma (JPN), Larry Muñoz (COL), Mariele Neudecker (DEU), Reza Aramesh (IRI), Eugenia Calvo e Viviana Blanco (ARG), Grimanesa Amoros (PER) e Dora Longo Bahia e Waltercio Caldas (BRA); os curadores Simon Njami (CMR) e Marcelo Dantas (BRA), o fundador do Museu de Arte Contemporânea Africana Al Maaden, Othman Lazraq (MAR), a colecionadora de arte, Catherine Petitgas, e o produtor cinematográfico, Marin Karmitz (FRA). Em junho do mesmo ano, foi realizado o 14º Encontro Sul Global, dessa vez em dois locais, na Sede da Reitoria da UNTREF (28 de junho) e no MUNTREF (29 de junho). Participaram da programação do evento os artistas Ali Kazma (TUR), Pedro G. Romero (ESP), Dora Longo Bahia e Rosangela Renno (BRA), Joseph Kosuth (USA), Eiman Elgibreen (KSA); os curadores Simon Njami (CMR), Pía Viewing (FRA), Roc Laseca (ESP) e Laura Batkis (ARG), a historiadora da arte Nada Shabout (IRQ), o diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC/USP), Carlos Roberto Ferreira Brandão, e o diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Carlos Wendel Magalhães (BRA), e o escritor Alberto Manguel (ARG). Dois meses depois, nos dias 30 e 31 de agosto, aconteceu o terceiro e último encontro de 2018, novamente, na Sede da Reitoria da UNTREF. Compuseram as mesas e debates os artistas Ivanna Terrazas e Adriana Bravo (BOL), Pablo La Padula, Sebastián Tedesco e Mariano Sardón (ARG), Teresa Margolles (MEX), Berna Reale (BRA) e Claudia Coca (PER), os curadores Galit Eilat (ISR), Florencia Qualina e Jorge Zuzulich (ARG), as jornalistas Matilde Sánchez e Mercedes Ezquiaga (ARG), o diretor do Museu Reina Sofia, Manolo Borja (ESP), o diretor do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Fernando Cocchiarale (BRA), o curador e diretor do Museu de Barro,

61

Ticio Escobar (PRY), a curadora e diretora do Museu de Belas Artes Franklin Rawson, Virginia Agote (ARG), e o crítico de arte Fabio Cypriano (BRA). De 1º de março a 30 de junho de 2018, esteve aberta a convocatória pública para artistas e curadores enviarem propostas artísticas e curatoriais para participar da segunda edição da BIENALSUR. Assim como em sua edição inaugural, não havia um tema ou argumento curatorial no qual as propostas precisavam se encaixar. Ao final dos quatro meses em que a chamada esteve aberta, foram recebidas 5.025 inscrições, um número quase duas vezes maior à edição de 2017. Em um processo inicial, cada uma das mais de 5 mil propostas foi avaliada por um membro do Conselho Curatorial BIENALSUR 2019, composto por Liliana Piñeiro, Marina Aguerre, Florencia Battiti, e Fernando Farina (ARG) e Benedetta Casini (ITA), sob coordenação de Diana Wechsler. Em seguida, de acordo com Marina Aguerre, realizou-se um entrecruzamento, a partir de uma segunda avaliação feita por outro integrante do Conselho, a fim de encontrar “coincidências e elementos que sustentam estes projetos” (AGUERRE, 2019). Essa pré-seleção é enviada ao Conselho Internacional de Curadoria BIENALSUR 2019 que avalia as propostas. O Conselho é formado pelos curadores e profissionais da área: Johannes Odenthal (DEU), Andrés Duprat (ARG), Marie-Cécile Zinsou (BEN), Cauê Alves, Fábio Magalhães, Regina Teixeira de Barros e Thaís Rivitti (BRA), Simon Djami (CMR), Stephane Aquin (CAN), Ramón Castillo (CHI), Agustín Pérez Rubio, Estrella de Diego, Ferran Barenblit e Manolo Borja (ESP), Nada Shabout (EUA), Marta Gili (ESP/FRA), Catherine Petigas (FRA/GBR), Clara Garavelli (GBR), Nayla Tenraz (LBN), Ticio Escobar (PRY), José Carlos Mariátegui (PER) e João Fernandes (POR). Conforme o site oficial da BIENALSUR, o Conselho Internacional de Curadoria realizou a seleção final das propostas para essa edição de acordo com “a qualidade de cada envio - tanto em termos conceituais, quanto estéticos”. Nesta edição, as propostas selecionadas foram classificadas em: ação, exposição, exibição, concerto, instalação, intervenção, intervenção sonora, interferência, projeção, videoinstalação, além de exposições associadas e residências BIENALSUR. Além de contar com a participação de um número superior tanto de artistas, quanto países e sedes (tabela 1), em 2019, o Conselho de Curadoria BIENALSUR desenvolve outros eixos curatoriais para esta edição. Já no primeiro contato que os membros do Conselho tiveram com as propostas, afirma Marina Aguerre, eles 62

percebem as principais questões, temas e problemas levantados pelos artistas e também pelos curadores. De modo que, a partir disso, foi-se desenhando uma “árvore de temas” que culminou nos eixos. Em uma proposta diferente da edição anterior, os eixos curatoriais de 2019 foram divulgados em forma de texto com destaque em negrito para as palavras que remetem à possíveis recortes: Modos de Ver; Memórias e Esquecimentos; Questões de Gênero; Arte e Natureza/Arte e Ciência; Trânsitos e Migrações; e Arte e Espaço Público/Arte e Ação Social, Paisagem, Trabalho, Dimensões Cotidianas e Futuros Possíveis. Já no Passaporte BIENALSUR, estão identificados somente 6 eixos na seção “Ejes curatoriales” (2019, p. 132) os 5 primeiros da lista acima e Arte e Ação Social. Modos de Ver reúne as propostas que sugerem outros olhares para uma determinada questão, com vistas à multiplicidade de interpretações. Memórias e Esquecimentos traz as propostas que fazem referência a alguma questão da memória, seja no sentido de resgate ou da memória permanente. Questões de Gênero as propostas que que debatem temas como feminismo, heteronormatividade, a politização do corpo. Arte e Natureza/Arte e Ciência enquanto eixo curatorial, engloba as propostas que se caracterizam pela transversalidade entre as áreas. Trânsitos e Migrações contempla as propostas que tratam de questões como o fluxo migratório, o movimento entre países e nações, e questões fronteiriças. Arte e Ação Social é o único eixo que se repete nas duas edições. Seguindo o proposto em 2017, esse núcleo reúne as propostas que de algum modo colocam em debate questões acerca do social, assim como a própria inserção da sociedade em algumas propostas. Assim, a segunda edição da BIENALSUR é inaugurada, no dia 19 de maio de 2019, em um lugar simbólico, a Terra do Fogo (Ushuaia/ARG). No marco da abertura, inaugurou-se a primeira mostra desta segunda edição “Banderas del fin del mundo”, uma instalação realizada pela Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, a partir de uma ideia de Diana Wechsler com o artista Christian Boltanski. De acordo com Diana Wechsler28, a escolha do lugar "tem a ver com o desejo da BIENALSUR, emblematicamente, de estar no Fim do Mundo e marcar outros percursos a partir deste lugar". Com a programação estendida entre os meses de maio a novembro de 2019, a BIENALSUR contou com a participação de mais de 600 artistas, em propostas

28 Disponível em: https://bienalsur.org/pt/today/19

63

apresentadas em 100 sedes, localizadas em 47 cidades de 21 países, de acordo com o balanço29 divulgado recentemente pela organização, em seu site oficial.

Tabela 1 –Números BIENALSUR 2017/2019

BIENALSUR BIENALSUR 2019 2017

PROPOSTAS RECEBIDAS 2.543 5.025

PROPOSTAS ACEITAS 379 NÃO DIVULGADO

ARTISTAS +350 +600

PAÍSES 16 21

CIDADES 32 47

SEDES 84 100

Fonte: Material produzido pela autora, com base nos dados divulgados no site da BIENALSUR.

4.1 SITE BIENALSUR

Ainda na primeira edição, a organização da bienal propôs uma reapropriação de termos de outras áreas do conhecimento que ilustram melhor alguns conceitos desenvolvidos. De acordo com Diana Wechsler, Cartografia, Passaporte e Bitácora30- enquanto termos associados ao controle de espaços, tempos e pessoas- são ressignificados como “um modo de reassumir criticamente esses instrumentos (e, de algum modo, o poder) a partir do campo simbólico” (WECHSLER, 2018, p. 25). A partir disso, a palavra “Cartografia”, ainda que remeta a mapas, que têm como objetivo trazer orientação geográfica para quem os consulta, é utilizada na BIENALSUR sem um caráter divisor e limitador entre fronteiras e nações. “Bitácora” organiza a programação em uma espécie de agenda, porém de uma maneira linear, propondo uma simultaneidade. E “Passaporte” é articulado como um instrumento capaz de abrir

29 Dados divulgados pela organização em 10 de fevereiro de 2020 no site oficial da BIENALSUR. Ainda que cite a presença de 21 países, o texto faz menção somente a 17, a saber: Arábia Saudita, Argentina, Bolívia Benin, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, França, Itália, Japão México, Peru, Suíça, Uruguai. 30 O termo “bitácora”, em espanhol, é original da navegação marítima, onde refere-se a um diário de bordo. Entretanto, com a popularização da Internet, o termo passa a ser utilizado como tradução da palavra “blog”. 64

de caminhos e aproximar as diferenças. Metaforicamente, essas palavras são utilizadas no site da BIENALSUR, como abas de acesso ao seu conteúdo.

Figura 9 – Captura de tela - Site BIENALSUR

Fonte: Site Bienalsur.

O site da BIENALSUR (bienalsur.org) possui um menu horizontal dividido em oito abas: Convocatória; Sobre nós; Cartografia, Passaporte, Agenda, Diário de Bordo, Mídia e Imprensa. Ao fim deste menu, há ícones de busca e contato. Há, ainda, na parte inferior da página, os ícones que remetem às redes sociais oficiais da BIENALSUR – Facebook facebook.com/BIENALSURarte/, Twitter twitter.com/bienalsurarte, Instagram instagram.com/bienalsurarte/ e Youtube www.youtube.com/bienalsurarte. O site permite acesso em espanhol ou inglês. Na aba “Convocatória” há informações sobre a convocatória vigente. Na aba “Sobre nós/O que é a BIENALSUR?” há um resumo da bienal, seguido de uma pequena biografia do diretor geral e da diretora artístico-acadêmica. Ao lado, constam as equipes e os nomes dos seus respectivos integrantes. A aba “Cartografia”, desmembra-se em outras duas: Cartografia Interativa e Sedes. Em “Cartografia Interativa” é possível visualizar um mapa mundi, no qual há pinos indicando as cidades por onde a bienal já passou. Ao pousar o cursor sobre um ponto específico, aparece o nome da cidade, sem especificar a ação, o ano ou o lugar

65

onde houve esta ação. Logo abaixo do mapa, há uma listagem em hiperlink com atividades desenvolvidas pela bienal de 2015 a 2019. É possível fazer uma busca a partir dos filtros que aparecem logo acima, a saber: ano, artistas, categoria, sede e eixo curatorial. Em “Sedes” aparece a relação com as sedes de 2019, organizadas a partir do quilômetro zero (MUNTREF – Centro de Arte Contemporânea e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes). Apesar de fazer referência ao ano de 2019, há sedes da edição de 2017 nesta mesma lista. Na aba “Passaporte” há o arquivo de uma espécie de mini catálogo de cada uma das duas edições da bienal realizadas até o momento. Na aba “Agenda” há um calendário mensal, que abre na data em que o usurário está acessando. Logo abaixo, há uma lista em hiperlink com as exposições disponíveis no dia selecionado. Ainda há filtros de data e cidade, que possibilita visualizar e acessar as exposições disponíveis em períodos anteriores ou posteriores em cidades específicas. A aba “Bitácora” divide-se em anos “2019”, “2018”, 2017” e “Sul Global”. De maneira semelhante à “Cartografia Interativa”, em cada ano está disponível as atividades da bienal, que também podem ser filtradas em artista, categoria, sede e eixo curatorial. Em “Sul Global” encontra-se a relação de encontros realizados de 2015 a 2019, também em hiperlink, o que permite acesso a cada um deles. A aba Mídia divide-se em duas “Documentários”, onde encontram-se disponíveis seis audiovisuais produzidos pela equipe da BIENALSUR com artistas que participaram da bienal, e “Vídeos”, que remete ao canal da BIENALSUR no Youtube. A aba Imprensa divide-se em “Material para a imprensa”, com diversos arquivos informativos disponíveis para download, e “Clipping”.

4.2 O APP BIENALSUR

Para esta segunda edição, a BIENALSUR desenvolveu um aplicativo para celular intitulado BienalSurApp. Idealizado pelas equipes de Comunicação BIENALSUR e UNTREF Mídia, o app está disponível para download gratuito, compatível com sistemas IOS e Android, desde o dia 19 de maio de 2019. De acordo com Marina Aguerre, o aplicativo foi desenvolvido com os mesmos objetivos centrais da própria bienal, levando a cabo os conceitos de simultaneidade e desterritorialização, ao considerar que pessoas de todo o mundo podem baixá-lo e 66

acessar o material disponível, sem a necessidade de estar presencialmente em alguma das sedes da BIENALSUR. O aplicativo, disponível apenas em idioma espanhol, possui um menu em formato de tabuleiro (imagem) com 6 opções de acesso nas laterais, enquanto no espaço central, imagens vão se alternando em looping. O menu é composto pelas seguintes opções: Início, BienalSurApp, Experiências, Audiovisuais Bienalsur, Ajuda e Imprimir. As duas primeiras opções remetem sempre ao menu inicial.

Figura 10 – Captura de tela BienalSurApp

Fonte: BienalSurApp.

Em “Experiência” há instruções para interação com realidade aumentada, a partir de códigos impressos, disponíveis em espaços físicos da Bienal. Em “Audiovisuais Bienalsur” há 5 vídeos curtos – de 30 a 60 segundos, com upload no Youtube da BIENALSUR – com os seguintes subtítulos: Descubra (vídeo indisponível na data de acesso), Veja (Exposições no Km 0 da BIENALSUR), Viva (Exposição Flor de Sal – Makoto Azuma), Experimente (Inauguração BIENALSUR em Tucumán) e BIENALSUR (Inauguração BIENALSUR em Ushuaia).

67

Em “Ajuda” há um pequeno tutorial em 3 passos que descreve como acessar as experiências em realidade aumentada, em referência à opção anterior, “Experimente”. Por fim, em “Imprimir” o aplicativo convida o usuário a fazer download e imprimir 4 códigos (imagem), ou “padrões gráficos” que, de acordo com informações disponíveis no aplicativo, “ao serem escaneados, exibem obras de arte em uma capa virtual sobre o mundo real”. De acordo com a descrição do aplicativo, o seu foco está na experiência em realidade aumentada:

A Bienal de Arte Latino-americana da América do Sul (BIENALSUR) conta com um aplicativo que permite viver uma experiência de realidade aumentada mediante padrões gráficos especialmente desenhados, que ao serem escaneados exibem obras de arte em uma capa virtual sobre o mundo real. Uma seleção de obras de artistas reconhecidos mundialmente, participantes da Bienal, pode-se disfrutar de maneira virtual deste inovador aplicativo. O espectador pode-se fotografar com as obras e compartilhar nas redes sociais; e também pode-se imprimir os postais para tê-los como peças de desenho decorativas, para logo escaneá-las com o dispositivo (celular ou tablet) e viver esta incrível experiência. (BienalSurApp).

Figura 11 – Padrão 1 e sua obra correspondente em realidade aumentada

Fonte: BIENALSUR/Natascha Carvalho.

68

Figura 12 – Padrão 2 e sua obra correspondente em realidade aumentada.

Fonte: BIENALSUR/Natascha Carvalho.

Figura 13 – Padrão 3 e sua obra correspondente em realidade aumentada.

Fonte: BIENALSUR/Natascha Carvalho.

69

Figura 14 – Padrão 4 e sua obra correspondente em realidade aumentada.

Fonte: BIENALSUR/Natascha Carvalho.

4.3 ANÁLISE DAS PROPOSTAS BIENALSUR 2019

4.3.1 Tabela de Propostas BIENALSUR 2019

Para fins metodológicos, iniciou-se a construção de uma tabela (Apêndice B) com as propostas participantes da BIENALSUR 2019, a partir do material disponível no site, em “Cartografia Interativa”, o mesmo de “Bitácora”. O modelo mais completo de apresentação traz o título da proposta, artista(s), curador(es), categoria expositiva, texto informativo, data, local (com quilômetro, sede e endereço) e uma fotografia ou imagem de divulgação. Entretanto, diversas propostas aparecem incompletas, faltando informações ora de categoria, ora de data, ora de curador. Apenas em exceções consta o eixo curatorial. Portanto, para a tabela que permitiria definir a totalidade de propostas e quais delas poderiam se encaixar como produções em Arte e Tecnologia, tornou-se necessário cruzar estes dados. Para tanto, é utilizado o Passaporte BIENALSUR 2019 70

impresso – onde aparecem os eixos curatoriais de cada proposta – e, posteriormente, a versão digital disponível no site, que se encontra em uma versão mais atualizada. Ainda na ausência de informações específicas, acessou-se as redes sociais oficiais da bienal, como Facebook e Instagram. Os casos em que, mesmo após todos esses recursos, não foi possível confirmar informações específicas estão devidamente identificados na referida tabela. Diante do material analisado, em 2019, chegou-se ao número de 177 atividades desenvolvidas pela BIENALSUR, das quais 137 configuram-se como propostas artísticas de arte contemporânea, e as outras 40, considerou-se, de outra natureza31, portanto, não constam na tabela. Deste modo, a Tabela de Propostas Expositivas BIENALSUR 2019 (Apêndice B) chegou ao total de 137 títulos. Conforme os dados disponíveis e de acordo com as demandas desta pesquisa, o material foi organizado a considerar oito categorias: título da proposta, categoria expositiva, eixo curatorial, artista(s), curador(es), cidade/país, local e data. Em relação à categoria expositiva, verificou-se 10 diferentes tipos: ação, concerto, exibição, exposição, instalação, interferência, intervenção, performance, projeção e videoinstalação. Considerando a totalidade de 137 propostas, 72 estão classificados como exposições (das quais 6 são exposições associadas; 2 exposições/residência BIENALSUR; 2 exposições/ações; 1 exposição/interferência), 29 instalações (das quais 1 instalação associada e 3 instalações/ações),18 intervenções (das quais 1 intervenção sonora), 12 ações (das quais 2 ações/exposições, 3 instalações/ações 1 ação/exibição), 4 performances, 3 interferências (das quais 1 exposição/interferência), 3 exibições (das quais 1 ação/exibição), 1 concerto, 1 projeção e 1 videoinstalação. Ainda que, oficialmente, fossem somente 6 eixos curatoriais, na categoria Eixo curatorial foram encontrados 9: Arte e Ação Social, Arte e Ciência/Arte e Natureza, Arte e Espaço Público, Dimensões cotidianas/Futuros Possíveis, Experiências Cotidianas/Imaginação do Futuro, Memórias e esquecimentos, Modos de ver, Questões de Gênero, Trânsitos e Migrações. De acordo com a classificação da BIENALSUR, 39 propostas integram o eixo curatorial Memórias e esquecimentos (dos quais 1 integra outro eixo curatorial, Trânsitos e Migrações); 24 Modos de ver (dos quais 9 são também homenagens); 16 Arte e Espaço Público (dos quais 1 integra

31 A saber: aula aberta, conferência, conversa, encontro, entrevista, feira, festival, painel, palestra, workshop.

71

outro eixo curatorial Dimensões Cotidianas 1 Questões de Gênero); 21 Trânsitos e Migrações (dos quais 1 integra outro eixo curatorial, Memórias e esquecimentos); 12 Arte e Ciência/Arte e Natureza (dos quais 3 Arte e Ciência/Arte e Natureza; 3 somente “Arte e Ciência”; 5 somente “Arte e Natureza”; 1 “Arte e Natureza/Paisagem”); 11 Dimensões cotidianas/ Futuros Possíveis (dos quais 5 Dimensões cotidianas/ Futuros Possíveis, 5 somente Dimensões cotidianas e 1 Dimensões cotidianas/ Arte e Espaço Público); 5 Arte e Ação Social; 7 Questões de Gênero (dos quais 1 integra outro eixo curatorial, Trânsitos e Migrações) e 3 Experiências Cotidianas / Imaginação do Futuro. Não foi possível confirmar o eixo curatorial de 2 propostas.

4.3.1.1 Analise da curadoria

Em relação às curadorias das propostas, do total de 137 presentes na tabela, 122 possuem curador mencionado no material analisado. Deste subtotal, 45 contaram com curadores independentes, ou vinculados a outras instituições, e 76 tiveram curadoria da própria bienal. Destes 76, somente 5 mencionam apenas BIENALSUR, sem associação a um nome específico; 1 aparece em nome da bienal associado à instituição onde a exposição foi realizada (BIENALSUR-MAACAL); e 70 têm o nome da bienal associado a pelo menos um dos integrantes da Equipe de Curadoria BIENALSUR 2019. Diana Wechsler aparece à frente de 42 curadorias, (das quais 31 individuais e 11 coletivas. Destas, 5 com curadores da Equipe BIENALSUR e 6 com outros curadores). Fernando Farina, 15 curadorias (das quais 7 individuais e 8 coletivas. Destas, 4 com curadores da Equipe BIENALSUR e 4 com outros curadores). Liliana Piñero 8 (das quais 5 individuais e 3 coletivas com curadores da Equipe BIENALSUR.), Marina Aguerre 7 (das quais 3 individuais e 4 coletivas com curadores da Equipe BIENALSUR.), Benedetta Casini 7 (das quais 6 individuais e 1 coletiva com curadores da Equipe BIENALSUR), e Florencia Batitti 4 (das quais 3 individuais e 1 coletiva com curadores da Equipe BIENALSUR.). Há ainda uma exposição com curadoria atribuída à BIENALSUR e Pablo La Padula, que, oficialmente, não integra a equipe. As outras 15 da proposta que não apresentam curador no material analisado são, em categoria expositiva, 9 exposições, 2 intervenções, 2 performances, 1 instalação e 1 ação. 72

Ainda, sobre o total de 122 propostas com curadoria, 87 são de curadoria individual e 35 de curadoria coletiva. Somente a partir desses dados não é possível atribuir a natureza das curadorias, se compartilhadas ou colaborativas. Do modo como está descrito no material analisado, poder-se-ia considerar que todas as curadorias coletivas tratam-se de curadorias conjuntas-compartilhadas, pois todos os curadores estão igualmente referenciados. Entretanto, uma vez que essa nomenclatura não é padronizada, não se pode, aqui, fazer essa associação. As 137 propostas foram sediados em 45 cidades de 2132 países: Arábia Saudita, (Riade), Argentina (Buenos Aires, Córdoba, Mar del Plata, Mendoza, Neuquén, San Isidro, San Juan, Rio Grande, Rosário, Tucumán, Tres de Febrero e Ushuaia), Benin (Cotonou), Bolívia (La Paz e Potosí), Brasil (Porto Alegre, Rio de Janeiro e Santa Maria), Chile (Cerrillo, Santiago e Valparaíso), Colômbia (Bogotá e Cúcuta), Costa Rica (San José), Equador (Guayaquil), Espanha (Barcelona, Madri e Palma de Maiorca), França (Besançon, La Rochelle, Marselha, Paris, Sélestat, Toulouse e Vitry-sur-Seine), Itália (Roma), Japão (Tóquio), Marrocos (Marraquexe), México (Puebla), Paraguai (Assunção), Peru (Lima), Suíça (Lenz e Valais) e Uruguai (Montevidéu). Do total de 137 projetos, 8 aparecem somente na “Cartografia” no site, não possuindo menção no Passaporte, seja na versão impressa ou digital. Outros 3 aparecem somente no Passaporte e não na “Cartografia”. Durante o processo de preenchimento da tabela, dois projetos que apareciam no site foram removidos e não constam agora em nenhum dos dois lugares. A saber: Prêmio Braque, São Paulo/Brasil – Fundação Marcos Amaro e Nosotros y los otros, Lima/Peru – Lugar da Memória, Tolerância e Inclusão Social.

4.3.1.2 Analise de projetos em Arte e Tecnologia

Para chegar aos projetos que se aproximassem da Arte e Tecnologia em algum aspecto, artístico ou curatorial, foram analisados, um a um, cada projeto, de acordo com as categorias da tabela. Analisando os títulos dos projetos, identificou-se 7 que trazem no próprio nome palavras que permitem uma associação imediata à arte e tecnologia: Museo de Arte Digital a cielo abierto; BIENALSUR Realidad Aumentada;

32 De acordo com o site oficial BIENALSUR, Austrália e Guatemala fazem parte da lista de sedes em 2019, entretanto, não detectou-se proposta expositiva ou de outra natureza realizada nesses países.

73

Modos de ver. Ciclo de videoarte BIENALSUR; Modos de ver. Un ensayo curatorial a partir de la colección de videos de los FRACS (Fondos Regionales de Arte Contemporáneo); QR33: Entre lo ancestral y el futuro; FACTORS - Festival de Arte, Ciência e Tecnologia 6.0. Luz_energia e Conciertos de Música Visual en Fulldome – UVM 2019. Ao considerar as categorias expositivas, 2 remetem imediatamente à arte e tecnologia enquanto linguagem: videoinstalação e projeção (um projeto cada uma). Depois desta análise prévia, feita com base nos dados da tabela, tornou-se necessário uma segunda avaliação. Ciente de que somente dados como nome do projeto e categoria expositiva não eram suficientes, acessou-se todos os 137 projetos na “Cartografia” do site, onde cada um tem sua própria página. Nestes textos, buscou- se identificar o argumento curatorial de cada projeto, a fim de compreender a proposta expositiva e as principais questões abordadas. Entende-se que, nos casos dos projetos que debatem questões acerca da tecnologia, estas estariam mencionadas, possibilitando sua identificação. Nesta etapa, identificou-se palavras-chaves que remetem à relação dos respectivos projetos com questões de tecnologia: a arte e a tecnologia/ tecnologias atuais; arte digital, eletrônica e multimídia; formato audiovisual/ extensa projeção/ ambientação sonora; instalação imersiva; mostra coletiva de videoarte; obra interativa; tecnologia, fotografia e vídeo; tecnologias biomiméticas, robóticas e algorítmicas; vídeos e fotografias; seleção de vídeos; vídeos, videoinstalações e instalações sonoras; videoinstalação e videoperformance. Ao acessar a página de cada projeto, observou-se que uma série deles, apesar de não tratar diretamente de questões de tecnologia, possui temáticas amplas que poderiam vir a compreender uma obra de arte e tecnologia em seu conjunto (considerando as exposições coletivas, por exemplo). Notou-se, ainda, em outros casos, a presença de fotografias de trabalhos artísticos em projeções, telas, e dispositivos tecnológicos, que sugerem a presença da tecnologia digital como um meio expositivo. Em visita técnica in loco34 em 1 exposição no Brasil, e 14 em Buenos

33 QR: referência à tecnologia QR Code. 34 Foram visitados os seguintes projetos-exposições: FACTORS 6.0 (Km 1.055 CAL/UFSM); Valija de 1948, 05786, Puede que esta vez sea diferente, Exodus Library, Desde el otro lado, Inmediatamente después e poco antes de, Michelangelo Pistoletto Buenos Aires; Extranjero Residente (Km 0 - MUNTREF Museu da Imigração); Sin Pedestal e sin medallas, (Km 2,5 - Praça Dante); Draw me a flag (Km 3,2 - Praça Rúben Darío); En construcción, (Km 3,4 - Praça República Oriental do Uruguai); Flor 74

Aires, pode-se confirmar outros projetos que continham vídeos, projeções e videoinstalações. Deste modo, considerou-se incluir estes projetos em nossa seleção. Ainda, teve-se acesso a projetos que utilizavam tecnologia em suas estratégias de curadoria, os quais também foram incluídos. Considerando o processo acima citado, chegou-se ao total de 40 projetos. De acordo com Aguerre (2019), a segunda edição da BIENALSUR apresentou um número superior de projetos com obras de arte e tecnologia em relação a 2017. Diante desse conjunto de projetos, percebe-se que não há uma unidade na maneira em que as questões tecnológicas são apresentadas, de modo que se julgou necessário criar categorias que os diferenciassem, de acordo com a abordagem feita. Diante disso, criou-se duas categorias: 1) Projetos com obras de arte e tecnologia eletrônica, digital ou computacional (aqueles cujos trabalhos ou obras discutem ou não questões sobre tecnologia, mas, que efetivamente utilizam equipamentos, sem os quais os projetos não existiriam); 2) Tecnologia como estratégia expositiva (aqueles que utilizam a tecnologia como interface nas estratégias de curadoria, expografia ou mediação, a fim de facilitar a aproximação do público com as obras). É importante ressaltar que o total de 40 projetos contabilizados neste trabalho limita-se à metodologia adotada, explicitada acima, de modo que não se descarta a possibilidade de algum outro projeto, entre todos os 137 participantes da BIENALSUR, apresentar obras de arte e tecnologia em seu conjunto ou ter utilizado recursos tecnológicos em suas estratégias expositivas.

4.3.2 Projetos com obras de arte e tecnologia eletrônica/digital/computacional

Nesta categoria, reúnem-se os projetos que apresentam obras de arte e tecnologia eletrônica, digital ou computacional, nas quais dispositivos tecnológicos servem como meio expositivo. Estes projetos podem abordar ou não questões acerca da tecnologia, mas o(s) trabalho(s) presente(s) só se configura(m) em sua totalidade a partir de recursos tecnológicos. Ao todo, são 36 projetos, dos quais 10 serão abordados nos subitens abaixo, e os outros citados ao final. Essa escolha se deu de acordo a metodologia, que permitiu identifica-los conforme o próprio título e a de Sal, Memória Vegetal, Bajo el tilo, (Km 5,5 - MUNTREF - Centro de Arte e Natureza); e Tercer paraíso (Km 7 - Museu Benito Quinquela Martín).

75

categoria expositiva, e aqueles que se teve uma aproximação por meio de visitas in loco.

4.3.2.1 Museo de Arte Digital a cielo abierto

Realizada entre 22 de maio e 8 de outubro, essa intervenção, oficialmente, está sediada em Rio Grande (ARG), no Museu Fueguino de Arte - Centro Cultural Yaganes (MFA), no Km 2.984, mas acontece em diversas cidades da América Latina, como Córdoba, Mendoza, Rosário (ARG), Viña del Mar, Antofagasta (CHI), Cali (COL), Cidade de México (MEX), Assunção (PRY), Trujillo (PER), Quito (QUE). A proposta da curadora Diana Wechsler, que pretende ser “o maior museu de arte digital a céu aberto”, consiste na ressignificação de mais 400 telas publicitárias, espalhadas pelas ruas das cidades, para exibir obras de videoarte. A iniciativa da BIENALSUR, em parceria com a Associação Latino-Americana de Out of Home (ALOOH) e a Federação Internacional de Publicidade Exterior (FEPE), iniciou por uma convocatória aberta com o objetivo de selecionar vídeos de artistas para exibir nos telões. A convocatória não apresenta um tema específico, mas fazia alusão à “Imagens para um mundo melhor”. A única restrição se dava pelo tempo do trabalho, que não poderia ultrapassar 30 segundos. Um comitê internacional realizou a avaliação dos vídeos os inscritos e selecionou os seguintes artistas: Adriana Spasiano (ARG), Alejandro Ramírez (COL), Alican Durbaş (TUR), Arnaud Cohen (FRA), Benna Gaean Maris (ITA), Carolina Barros (CHL), Christian Becerra (MEX), Edith Coka (COL), Federico Lucas Kohn (ARG), Flávio Cro (BRA), Frank Lahera O’Callaghan (CUB), Gabriel Sasiambarrena (ARG), Ignacio Liang (ARG), Isabel Perez Del Pulgar (ESP/FRA), Jasmin Rapti (GRE), Julio Urbina Rey (PER), Khalil Charif (BRA), Leonardo Martín Blanc (ARG), Marianne Majluf (PER), Mariella Sola (CHL), Mikio Saito (JPN), Patricia Londoño (COL), Stephanie Pommeret (FRA) e Zoe Leonard (USA).

76

Figura 15 – Telão com obra em exposição.

Fonte: Site Alooh! Disponível em: https://www.oohlatam.com/mas-de-400-pantallas-digitales- presentaran-el-museo-de-arte-digital-a-cielo- abierto/?fbclid=IwAR0sHSqWXOEzzHnakYpqBd7RAvzhI9ARj0hBGvZqCXkndSyKxN4v8Yr3SF8

Os vídeos, exibidos durante 24h por dia, em meio a edifícios, placas, cores publicidades, e pichação, disputam a atenção das pessoas já acostumadas a esse visual conturbado. De acordo com o texto de divulgação35 do projeto, esta intervenção busca “encurtar as distâncias, conectando artistas e espectadores de toda a região através da arte digital”.

4.3.2.2 Flor de Sal

Realizada de 22 de junho de 2019 a 01 de fevereiro de 2020, no MUNTREF – Sede Ecoparque, Km 5,5, em Buenos Aires, a exposição do artista Makoto Azuma (JPN), com curadoria de Marcello Dantas, reúne uma série de 5 vídeos, que narram o processo de desenvolvimento de sua produção artística. Azuma cria esculturas a partir de arranjos de flores e bonsais (ikebana), as quais submete a ação de pontos

35 Disponível no site da BIENALSUR, em Imprensa > Material de Imprensa https://bienalsur.org/es/prensa

77

extremos - como desertos, oceanos, círculo polar e até mesmo o espaço sideral- a fim de leva-las onde não existe esse tipo de natureza. Especialmente para a BIENALSUR, o artista produz uma escultura de girassóis e enterra em Salinas Grande, o deserto de sal argentino, localizado nas cidades de Jujuy e Salta. Um ano depois, Azuma retira a ikebana das profundidades do deserto, que se transformou em uma flor de sal. O processo todo é exibido ao público por meio de uma projeção de vídeo de 3 minutos. Além deste, estão expostos outros 4 vídeos com outras ikebanas produzidas por Azuma nos Estados Unidos, Filipinas e Japão. No texto da curadoria, Marcelo Dantas observa que o artista, enquanto estudante das tradições nipônicas, “subverte o processo ao agregar tecnologia, fotografia, vídeo e uma logística alucinante que transformam tal prática, dita decorativa, em uma forma de arte contemporânea”.

Figura 16 – Exposição Flor de Sal.

Fonte: Natascha Carvalho em visita técnica à BIENALSUR.

4.3.2.3 Extranjero residente

Realizada de 26 de junho a 8 de outubro, no MUNTREF – Sede Museu da Imigração, Km 0, a exposição Extranjero residente, curada por Marin Karmitz (ROM/FRA) e Paula Aisember (ARG), reúne uma seleção de obras da coleção de Kamirtz. Assim como o próprio título da exposição sugere, os 100 trabalhos foram 78

selecionados tendo como tema central o sentimento de pertencimento do indivíduo em trânsito, sobre ser e estar no mundo. O Museu da Imigração foi pensado como sede especialmente para essa mostra, por trazer em sua história uma estreita relação com as questões de imigração de povos no início do século XX. Extranjero residente conta com trabalhos de 24 artistas das Américas do Sul/Norte, Europa, África e Ásia: Karin Berger (AUT), Christian Boltanski (FRA), Beatriz González (COL) e Annette Messager (FRA), Michael Ackerman (ISR), Dieter Appelt (DEU), Carolle Bénitah (FRA/MAR), Gao Bo (CHN), Antoine D’Agata (FRA), Gérard Fromanger (FRA), David Goldblatt (RSA), Beatriz González (COL), Lewis Hine (USA), Françoise Janicot (FRA), Abbas Kiarostami (IRN), Anna Kutera (POL), Annette Messager (FRA), Moï Ver (LTU/ISR), Philong Sovan (KHM), Mak Remissa (KHM), Ceija Stojka (AUT), Christer Strömholm (SWE), Virgilio Viéitez (ESP), Roman Vishniac (RUS). Conforme o texto da curadoria36, cada uma à sua maneira, “as peças escolhidas interrogam nosso modo de estar no mundo”. De todo o conjunto de obras da exposição, uma, em especial, destaca-se em relação à tecnologia. Instalada em uma sala sozinha, a vídeo-projeção do artista iraniano, Abbas Kiorastami, Durmientes (2001), consiste em um projetor – preso ao teto do local – direcionado para o chão, sob o qual se encontra um colchão de casal com um lençol branco. A projeção sob colchão mostra, em tamanho real, um casal dormindo pela manhã. Mesmo com o barulho de carros trafegando pela rua, emitido por caixas de som instaladas ao lado do projetor, o casal continua a dormir tranquilamente. Nota-se que o trabalho associa a tecnologia do vídeo – por meio da projeção, associada a outro elemento – o colchão. Se projetado sob a parede ou exibida em uma tela, o trabalho não teria o mesmo peso, pois é na união dos dois elementos que se reproduz o ambiente em tamanho e orientação reais.

36 Disponível em: https://bienalsur.org/es/single_agenda/87

79

Figura 17 – Obra Durmientes (2001) na exposição Extranjero Residente.

Fonte: Natascha Carvalho em visita técnica à BIENALSUR.

4.3.2.4 Jamás volveré - Homenaje a Tadeusz Kantor

Realizada de 29 de junho a 25 de agosto, o projeto é sediado no Observatório UNESCO Villa Ocampo, em Buenos Aires Km 22,7, e conta com curadoria de Diana Wechsler. A videoinstalação de Marion Vasseur Raluy (FRA) homenageia o diretor de teatro polonês Tadeusz Kantor (1915-1990), reconhecido também por suas performances e happenings, além de ter sido professor da Academia de Belas Artes de Cracóvia. De acordo com o texto da curadoria37, a videoinstalação da artista “propõe levar a cena ao espaço da exposição para questionar nosso tempo e oferecer uma resposta, ou mais precisamente uma pergunta, um lugar de resistência onde seja possível se expressar e emancipar-se”.

37 Disponível em: https://bienalsur.org/es/single_agenda/99 80

Figura 18 – Homenaje a Tadeusz Kantor, registro da exposição.

Fonte: BIENALSUR. Disponível em: facebook.com/BIENALSURarte/photos/villaocampo

4.3.2.5 QR: Entre lo ancestral y el futuro.

Disponível para visitação, de 06 de julho a 10 de agosto, no Centro de Artes Visuais Museu do Barro, Km 1.280, em Assunção (PRY), a exposição38 da artista Patricia Hakin (ARG) propõe um tensionamento entre artesanato, arte e tecnologia. Ao justapor bordados em peças de tapeçaria, Hakin reproduz códigos QR-Code (Quick Response Code – código de resposta rápida) que podem ser lidos por um dispositivo móvel. A tecnologia, criada em 1994 pela empresa japonesa Denso Wave39, consiste em um código bidimensional que pode ser lido tanto na vertical, quanto na horizontal – diferente dos códigos de barra –, o que permite um armazenamento de dados muito maior. Ao ser interpretado pelo celular, o código abre um link ou arquivo com o conteúdo desejado por seu programador.

38 Não é atribuída, oficialmente, a nenhum curador. O texto de divulgação da mostra é assinado pela própria artista. 39 Subsidiária da empresa Toyota, a Denso Wave desenvolve a tecnologia para facilitar o processo de catalogação dos componentes de automóveis.

81

Associada à arte, a tecnologia QR-Code é utilizada tanto por artistas - como Pedro Morales (2008)40, Giselle Beiguelmann (2009)41, Martha Gabriel (2012)42 – quanto por curadores, museus e instituições como estratégias de divulgação junto ao público. Nos trabalhos de Patricia Hakin, ao fazer a leitura do código, tem-se acesso a um vídeo no qual a própria artesã que confeccionou aquela peça fala sobre sua origem, as técnicas e tradições, enquanto produz o artesanato. A artista promove, a partir da sua poética, uma conexão entre tempos distintos, uma dicotomia entre o manual e o digital, entre culturas dos povos antigos com o mundo globalizado.

Figura 19 – QR Chaguar 2016-2019 (Trabalho de Patricia Hakin que integra a exposição).

Fonte: Facebook BIENALSUR – disponível em facebook.com/BIENALSURarte/patriciahakin

40 Puras Flores (2008) consiste em pequenas aplicações de tecido com formato de flor que, unidas lado a lado, formam QR-Codes de diferentes tamanhos. Os códigos dão acesso a frases, citações e até músicas. O trabalho foi apresentado pela primeira vez na Feira Ibero-americana de Artes (FIA) em 2008 41 Suíte para mobile tags (2009), produzido por Beiguelman em parceria com Maurício Fleury, propõe a interação do público com os 8 QR-Codes que, ao serem acessados, reproduzem ringtones, estimulando uma composição coletiva. 42 Sensitive Rose (2008), dispõe uma série de QR-Codes de modo a reproduzir o formato de uma rosa dos ventos. Após responder “O que você quer da vida?” em um questionário online, acessado por um QR-Code logo à entrada da exposição, o interator, depara-se com a sua resposta na rosa dos ventos. 82

Figura 20 – Captura de tela do vídeo QR Chaguar 2016-2019.

Fonte: Acesso a partir da leitura do QR-Code acima.

Nas palavras da própria artista, no texto de divulgação da exposição43, o trabalho “propõe a arte como uma prática coletiva, experimental e multidisciplinar destinada a acionar, expandir e dar outros sentidos a seu próprio campo”.

4.3.2.6 Modos de ver. Ciclo de videoarte BIENALSUR

Realizado de 24 de julho a 26 de outubro no Museu Nacional de Artes Visuais (MNAV), Km 284, em Montevidéu (PRY), o Ciclo de videoarte BIENALSUR reúne uma seleção de vídeos, integrantes da coleção dos Fundos Regionais de Arte Contemporânea (FRACS), com curadoria de Diana Wechsler. Fundando em 1982, o instituto francês se configura, não como um museu, mas, como um repositório, que tem como objetivo o empréstimo das coleções em seu acervo. Atualmente, os FRACS reúnem cerca de 30 mil obras de arte contemporânea de 6 mil artistas – metade deles francês e outra metade de estrangeiros. Para essa exposição, foram cedidos 4 vídeos: Mapas elementais (1976), de (BRA); Mapping Journey # 2 (2008), de Bochara Khalili (MAR/FRA); Constelações (2008), de Jean-Christophe Norman (FRA); e Casa rodante (2007), de Ana Gallardo (ARG). Os vídeos são selecionados pela curadoria em articulação com 4 eixos curatoriais da bienal; além de “Modos de ver”, que intitula a mostra, os vídeos

43 Disponível em: https://bienalsur.org/es/single_agenda/186

83

podem ser relacionados com “Trânsitos e Migrações”, “Questões de Gênero” e “Dimensões Cotidianas”.

Figura 21 – Mapping Journey # 2 – Frame do vídeo.

Fonte: MNAV. Disponível em: facebook.com/MNAVmec/photos

4.3.2.7 FACTORS 6.0. Luz_energia

De 28 a 30 de agosto realiza-se a sexta edição do FACTORS que, pela segunda vez, integra a programação da BIENALSUR. Sediado no CAL/UFSM, em Santa Maria (RS/BRA), no Km 1.055, o FACTORS 6.0 tem curadoria de Nara Cristina Santos e Mariela Yeregui, que trazem os conceitos de luz e energia como argumento curatorial. Compreendida como força vital, movimento ou experiência sensorial, a energia, associada a luz, pode gerar uma série de reações. No contexto da exposição, luz e energia, configura-se como “um processo criativo de transformação que gera movimento, instabilidade e contaminação” (SANTOS e YEREGUI, 2019, p. 5). Com essa temática, o festival reúne 9 artistas com os respectivos trabalhos: Gabriel Gendin (ARG) e Gisela Biancalana (BRA), com a performance Transfiguración (2019); Leo Nuñez (ARG), com instalação Rueda del Infortunio 2 (2019); Luiz Duva (BRA) com o vídeo Espaço interior (2012); Marlin Velasco (VEN/ARG), com Contenedor de lugares (2019); Raquel Fonseca (BRA), com a série de fotografias intitulada Fotogenia; Rosangella Leote (BRA), com a instalação interativa Viridis 84

(2019); Sabrina Barrios (BRA/USA), com a instação interativa Zero Part 2: Life; e Sandra Rey (BRA) com a instalação L’ombre Portée [Off-Cells].

Figura 22 – FACTORS 6.0.

Fonte: Acervo LABART. Disponível em: facebook.com/labart1228/factors6

4.3.2.8 Ulises inmigrante. Una fantasía gráfica

De 20 a 27 de setembro, o Museu Nacional de Arte do Século XXI (MAXXI), localizado no Km 11.129, na cidade de Roma (ITA), recebe a projeção de Eduardo Stupía (ARG), com curadoria da BIENALSUR44. O artista argentino reinterpreta a história de Ulisses, contada na história clássica de Odisseia, em um audiovisual com imagens e animações associados a textos, músicas e composições sonoras. Stupía associa a imagem de Ulisses a de um imigrante, provocando uma série de metáforas e analogias a questões contemporâneas, como as políticas de migração, exílio e fronteiras.

44 Esta é a única curadoria da BIENALSUR que não referencia qual membro da Equipe de Curadoria está à frente do projeto.

85

Figura 23 – Ulises Inmigrante - frame do trabalho.

Fonte: Jornal La Nación. Disponível em: https://www.lanacion.com.ar/cultura/con-travesia-ulises- eduardo-stupia-descubre-roma- nid2289814?fbclid=IwAR2YFTSxvdCdkwsJLAbIUG5DVZ7clZJyiY6cQIrfOdNQEO0rB_I2MZBeE40

Conforme o texto da curadoria45, a jornada conturbada do herói é narrada em um formato caleidoscópico “por meio de fragmentos de arquivo e fontes diversas, animação, cantos e músicas alusivos e também excêntricos, fidelidades e anacronismos, gramáticas gráficas e pictóricas”. O trabalho conta com colaboração de Daniel Samoilovich, com a adaptação do texto, Pablo Ortiz, com a música e Julián D’Angiolillo e Daniela Seggiaro, na parte de tecnologia visual e montagem.

4.3.2.9 Modos de ver. Un ensayo curatorial a partir de la colección de videos de los FRACS

Em uma proposta expandida da exposição uruguaia, entre os dias 10 de outubro e 12 de janeiro de 2020, é realizada “Modos de ver”, na Capela de Arte da Universidade das Américas de Puebla (UDLAP), Km 7.285, na cidade de Puebla (MEX). Para esta exposição, a curadora Diana Wechsler seleciona um número maior

45 Disponível em: https://bienalsur.org/es/single_agenda/167 86

de vídeos e artistas. Além de Norman e Khalili, participam Annabelle Amoros (FRA), Zineb Sedira (FRA), Kapwani Kiwanga (CAN/FRA), Estefanía Peñafiel (ECU/FRA), Fiona Tan (IDN/NLD), Harun Farocki (DEU), Democracia - coletivo de Madri (ESP). A curadoria parte da premissa de John Berger (1972) em Modos de Ver, “é o ato de ver que estabelece nosso lugar no mundo circundante”, para articular a exposição. Novamente em associação aos eixos curatoriais, aqui, em especial “Trânsitos e Migrações”, pode ser percebido em vários vídeos que tratam sobre questões sobre identidade, tensões sociais e gênero.

Figura 24 – Exposição Modos de ver.

Fonte: Site UDLAP. Disponível em: udlap.mx/capilladelarte/bienalsur_modosdever

4.3.2.10 Conciertos de Música Visual en Fulldome – UVM 2019

Entre os dias 22 e 23 de novembro, em Buenos Aires (ARG), acontece o Conciertos de Música Visual en Fulldome, uma promoção do Centro de Experimentação e Investigação em Artes Eletrônicas, (CEIARTE) - instituto vinculado à UNTREF. O evento, que conta com curadoria de Ricardo Dal Farra, acontece anualmente, e em 2019 integra a programação “Novembro Eletrônico” Centro Cultural San Martín. Conforme o programa do evento46, o mesmo se configura como “um

46 Disponível em: https://www.ceiarteuntref.edu.ar/sites/default/files/Programa_Full_Dome_v3.pdf

87

espaço de convergência de artistas, realizadores, designs, desenvolvedores e pensadores da arte digital, eletrônica e multimídia”. Os trabalhos de música visual presentes no concerto são projetados no domo do Planetário Galileu Galilei, Km 5,4, em duas sessões. Participam Marina Vila, Elena Laplana, Nahuel Moron Diperna, Susana Landau (ARG), com Texografías; Pablo Montero (ESP), com Torus Shaped Universe; Jeremy Oury e Antoine Briot (FRA), com Inmersive Mars; Michael Gandham e Chris Batstone (ENG) com Star Maker; o grupo composto por Andreia Machado Oliveira e LABINTER (BRA), com Monumentos Virtuais.

Figura 25 – Conciertos de Música Visual en Fulldome – UVM 2019.

Fonte: CEIARTE. Disponível em: https://ceiarteuntref.edu.ar/conciertos2019

Há ainda a sessão especial “BAUHAUS 100”, com trabalhos de estudantes da Universidade de Bauhaus (DEU) orientados pelos professores Micky Remman, Liese Endler, y Mohammad Jaradat. Participam Sarah Alvim (BRA), com Äú'Ķ (Tudo Desconexo); Maximiliane Nirschl (DEU), com "SEEDS"; Rodolpho Ramos Camargo e Acácio Piedade (BRA), com "The Domo is the maestro; e Juan Pablo Pedraza (COL) e Alejandro Weyler (COL/ARG), com o trabalho BANG!. 88

As demais propostas dessa categoria: Aquí y ahora (ARG); Aquí y ahora (FRA); Arte y territorio; Choque; Desilusiones ópticas; Después del futuro. Imágenes para recomponer la relación sociedad/naturaliza; Desviaciones Córdoba/ARG); Desviaciones (Mendoza/ARG); Desviaciones (Neuquén/ARG); Ensayos sobre el trabajo; Hogar dulce hogar; If it Moves it's Alive; Infinitud; Infinitud. Colección es Baluard; Invadir/Resistir (ARG); Invadir/Resistir (CRC); La mirada que construye mundo; Maratón; Memorias urgentes; Modos de ver: Selección de artistas del Prix Duchamp 2000-2018Puede que esta vez sea diferente; (Re) Hilvanando el Sur; Silencio II. Homenaje a John Cage; Un cierto panorama, reciente fotografía de autor en España; Utopías y distopías en el paisaje contemporáneo.

4.3.3 Tecnologia como estratégia curatorial

Nesta categoria estão os projetos em que a presença da tecnologia está presente nas estratégias desenvolvidas pela curadoria como meio de promover a aproximação entre obra e público. Assim como explicitou-se no capítulo 1, entende- se que ações como projetos expográficos, de mediação, ou comunicação, têm ampla relação com a curadoria, portanto, estratégias desse tipo, também são consideradas aqui. Os mais diversos tipos de projetos – de exposições a performances; de intervenções a instalações – podem incluir vários tipos de tecnologia em suas estratégias, pois estas não precisam estar associadas à categoria expositiva, ao argumento curatorial, ou à linguagem das obras expostas. Considerando a quantidade de projetos (137), a autonomia que cada um tem, a localização das 100 sedes, em diferentes países e datas, esta pesquisa não se dedicou a identificar quantitativamente os projetos que apresentam estratégias com tecnologia na BIENALSUR 2019. O objetivo, sim, é identificar o uso da tecnologia como uma possibilidade de estratégia expositiva, seja curatorial, expográfica ou de mediação. Para tanto, reúnem-se aqui 5 projetos, aos quais tivemos acesso – por presenciá-los in loco ou através da entrevista realizada com Marina Aguerre (item 4.3.3.4).

89

4.3.3.1 BIENALSUR Realidad Aumentada

Realizada de 21 de maio a 8 de outubro, na Escola 44 Héroes del Submarino ARA San Juan, Km 3.055, em Ushuaia (ARG), BIENALSUR Realidad aumentada é uma ação com curadoria de Diana Wechlser. A proposta consiste numa dinâmica com a tecnologia de realidade aumentada (RA). A partir do uso de tablets, o público, composto por alunos da escola, teria que fazer a leitura do código impressos em telas com padrões coloridos, para ter acesso a versão virtual das obras de Reza Deghati (IRN/FRA), Maxim Holland (PER), Charly Nijenshon (ARG/DEU), Eduardo Srur (BRA), Christian Boltanski (FRA), Angelika Markul (POL/FRA), Katuhiko Hibino (JPN). Situada no povoado de Puerto Almanza, ao extremo sul da Argentina, somente em 2018 a escola passou a conta com sinal de internet. Considerando essas e outras condições, a ação é incluída no eixo curatorial Arte e Ação Social. O projeto, idealizado pela assessora geral da BIENALSUR, Marlise Ilhesca, é realizado em parceria com a UNTREF Media, responsável pela parte de tecnologia.

Figura 26 – BIENALSUR Realidad Aumentada – público em interação com as obras.

Fonte: BIENALSUR. Disponível em: facebook.com/BIENALSURarte/photos01 90

4.3.3.2 Desde el otro lado

Em visita técnica in loco ao km 0 da BIENALSUR, localizado no MUNTREF – Centro de Arte Contemporânea e Museu da Imigração sede Hotel dos Imigrantes (Buenos Aires/ARG), teve-se acesso, entre outros projetos, a “Desde el otro lado”, instalação do artista franco-argentino Pablo Reinoso com curadoria de Diana Wechsler, realizada de 25 de junho de 2018 a 15 de janeiro de 2020. Cinquenta toneladas de troncos de madeira, de diferentes árvores, dispostas sem muita simetria compunham o trabalho, juntamente a uma grua, instalado do lado de fora do Museu, em um dique abandonado do Porto Madero, às margens do Rio da Plata. O acesso do público ao trabalho era limitado pelas janelas dos diferentes andares do prédio.

Figura 27 – Instalação Desde el otro lado

Fonte: Facebook BIENALSUR. Disponível em: https://www.facebook.com/BIENALSURarte/desdeelotrolado

91

A instalação de grande porte traz uma poética carregada de significados, desde o trânsito migratório, os movimentos de partida e chegada, as posições impostas a cada indivíduo quando se desloca de um lugar a outro. Para que o trabalho não passasse desapercebido ao público, dado sua localização, a curadoria, atribuída à própria BIENALSUR, na figura de Diana Wechsler, desenvolve estratégias, uma delas envolvendo tecnologia digital. Ao lado de uma das janelas do último andar, havia duas imagens: uma impressa em uma folha com um padrão gráfico (figura x), semelhante aos disponíveis no BienalSurApp, e instruções para visualizar a obra junto ao aplicativo em realidade aumentada; e outra colada diretamente na parede, com a ficha técnica da instalação, juntamente com um ícone marcador de lugar indicando um “ponto panorâmico” (figura y);

Figura 28 – Padrão gráfico que remete ao vídeo do artista em RA/ Ícone indicativo da instalação.

Fonte: Natascha Carvalho em visita técnica à BIENALSUR.

92

Ao fazer a leitura do código através do APP BIENALSUR, sob a imagem impressa, na tela do dispositivo aparece um vídeo (figura x), no qual o artista fala sobre sua obra por cerca de um minuto:

“Desde el otro lado” é uma instalação que realizo para BIENALSUR no km 0, a partir de 50 toneladas de madeiras, troncos, uma grua insólita e uma paisagem [...] industrial do final do século XIX, começo do XX. Esta instalação se vê a partir do outro lado do vidro, não se pode aceder fisicamente a ela, se pode ver a partir de dois pontos do museu. Fala de imigração, mas fala a partir de troncos. “Desde el otro lado” fala dessa chegada, dessa chegada difícil, daqueles que deixaram todas as ruas raízes do outro lado e que encontraram, nesse lado, um lugar onde construir-se. “Desde el otro lado” também fala da relação que tem a árvore com o oxigênio, com a limpeza do oxigênio na Terra; fala também de intercâmbio de mercadoria, a diferença que pode ter uma mercadoria entrar em um país com a que pode ter uma população ao entrar em outro país. “Desde el otro lado” é obra aberta que tem múltiplas interpretações e que deixa muitas interrogações em aberto. (REINOSO, 2019)

Figura 29 – Captura de tela do vídeo do artista Pablo Reinoso em RA.

Fonte: Natascha Carvalho, em visita técnica à BIENALSUR.

A estratégia da curadoria utiliza a tecnologia da realidade aumentada para promover uma interação com o público por meio de um dispositivo móvel. O vídeo não está disponível em outra plataforma, de modo que só é possível acessá-lo no local, ao ler o código com o aplicativo. Em forma de convite, o artista chama o público para

93

observar o seu trabalho pela janela. De acordo com Marina Aguerre (2019), a estratégia foi desenvolvida pela curadoria em diálogo com o artista, que aceitou a proposta. O ícone de localização, posicionado ao lado do código, indica que há um trabalho do lado de fora, mas não dá informações para que este seja identificado, além da ficha técnica. O caráter assimétrico com que os troncos são dispostos à beira do porto, confere um caráter rústico à instalação, que pode facilmente ser confundida com os demais artefatos espalhados pelo local. As informações passadas pelo artista no vídeo remetem imediatamente ao trabalho, com detalhes à sua poética e ao trabalho de montagem.

4.3.3.3 Michelangelo Pistoletto - Buenos Aires

Sob curadoria de Marcello Dantas (BRA), a cidade de Buenos Aires é contemplada com um circuito de trabalhos do artista italiano Michelangelo Pistoletto, um dos precursores da Arte Poveira. Ao todo, 1 exposição, 1 intervenção e 4 instalações são organizadas em diferentes quilômetros da capital Argentina. De 25 de junho a 15 de dezembro, é realizada Porte Uffizi no Km 0, no MUNTREF – Sede Museu do Imigrante. Organizada em uma espécie de labirinto contornado por uma estrutura de madeira, a instalação é uma representação espacial da filosofia de “Cittadellarte”, laboratório idealizado por Pistoletto em 1998. No percurso, o público se depara com diversos objetos, sob a inscrição de palavras chaves, dispostas na parte da cima da estrutura, como trabalho, economia, nutrição, moda, arquitetura, história, comunicação, entre outras. Dentro de cada ambiente, criado pela borda de madeira, estão trabalhos, que fazem referência a pelo menos uma das palavras - como um pão em formato do “terceiro paraíso”, uma montanha de roupas, e uma escultura tocando um espelho. Ao centro do circuito, em um cubo branco, estão impressos dois QR-Codes, acompanhados pela inscrição “El arte de demopráctica” (A arte da demoprática). Ao acessar o código, o público é remetido a uma página da web, associada à Fundação Pistoletto, onde há uma extensa explicação sobre o termo47, utilizado pelo artista em oposição a “democracia”. Ainda que compartilhem o mesmo sufixo – demo, em referência a povo – demoprática indica uma associação com “prática”, no lugar de

47 O conceito de demoprática é cunhado por Paolo Naldini, e apresentado pela primeira vez no Jornal de Cittadellarte, em outubro de 2012. 94

“poder”, sugerindo a prática do povo como um sistema político. O método demoprático tem relação com o laboratório Cittadellarte, que originou a instalação. Ao sair do labirinto, o visitante se depara com outro QR-Code ao lado do símbolo “terceiro paraíso”. Esse código dá acesso a outra página, com informações sobre o símbolo, recorrente no trabalho do artista. De acordo com o texto de Pistoletto, o símbolo compreende mais uma dobra na linha do símbolo do infinito, resultando em três círculos interconectados. “Os círculos externos representam os opostos, onde o natural e o artificial entram em conflito. O círculo central é onde devemos confluir para dar origem a uma nova sociedade” (PISTOLETTO, 2019). Na instalação, o símbolo aparece no formato da obra “II pane del Terzo” (2003-2008). Ele ainda aparece em outra sede, no Km 7, no Bairro La Boca. A intervenção “Tercer Paraíso”, composta por centenas de garras pet recolhidas pelas crianças do bairro disposta no formato do símbolo, é disposta sobre o Rio Riachuelo, onde permanece boiando.

Figura 30 – QR-Code na instalação Porte Uffizi/ Página de acesso QR-Code.

Fonte: Natascha Carvalho em visita técnica à BIENALSUR.

95

Figura 31 – QR-Code no MUNTREF- Sede Hotel do Imigrante/ Página de acesso QR- Code.

Fonte: Natascha Carvalho em visita técnica à BIENALSUR.

4.3.3.4 Entre Otras

Entre os dias 13 de junho e 01 de setembro, o Centro Cultural Córdoba, localizado no Km 710, na cidade de Córdoba, sedia a exposição coletiva Entre otras. Com curadoria de Benedetta Casini, a mostra apresenta trabalhos de artistas latino- americanas, a maioria aceitos na convocatória BIENALSUR, sob o argumento curatorial de feminismo interseccional. O conceito, que relaciona o feminismo com outras questões como gênero, raça e classe, reúne ao todo 10 artistas na exposição: Margarita Ariza (COL), Claudia Coca (PER), Claudia Casarino (PRY), Diana Gardeneira (ECU/CRI), María José D’Amico (ARG), Zoitsa Carolina Noriega (COL), Katia Sepúlveda (CHL), Fatima Pecci (ARG), María Daniela Rojas (COL) e Mercedes Azpilicueta (ARG). De acordo com Marina Aguerre (2019), o trabalho da artista equatoriana Diana Gardeneira contou com um QR-Code associado à sua obra, enquanto uma estratégia da curadoria. “Yo sí te hago todo” configura-se como um projeto colaborativo, de acordo com a própria artista, pois contou com a participação de dezenas de pessoas. A artista organizou 2 encontros, na cidade de Guayaquil, intitulado “Projeto de arte 96

colaborativa criador de espaços de diálogo sobre violência de gênero”, ao qual pessoas de todos os gêneros e idades eram convidados a participar para contar experiências em que vivenciaram alguma forma de assédio. Paralelo à conversa, o público era convidado a colaborar na confecção da obra: prender pequenos pedaços de tecidos coloridos em longos tecidos “cor de pele”, portanto, de vários tons, com alfinetes de gancho.

Figura 32 – “Yo sí te hago todo” na exposição Entre otras

Fonte: Diana Gardeneira. Disponível em: facebook.com/dianagardeneira/photos

No espaço expositivo, a obra é presa entre dois pilares, longitudinalmente, como uma cortina, mas com acesso a ambos os lados. Ao visualizar de frente, os quadradinhos coloridos, alegres, convidativos; por trás, os alfinetes atravessados, como dois lados de uma mesma moeda. Afim de estender o entendimento da obra e valorizar a participação do público que colaborou, não só em sua confecção, mas, com o debate proposto pela artista, a curadoria, em diálogo com Gardeneira, utilizou um QR-Code como meio de acesso a um vídeo48 com a reprodução dos relatos de assédio, juntamente a imagens das pessoas trabalhando com os tecidos na ocasião dos encontros.

48 Material produzido por Diana Varas Rodríguez como resultado de uma convocatória pública do Equador para projetos artísticos e culturais encabeçada pelo “Instituto de Fomento das Artes, Inovação e Criatividades”

97

4.3.3.5 FACTORS 6.0

Já mencionado na categoria acima, como projeto com obras de arte e tecnologia eletrônica, digital ou computacional, o FACTORS 6.0 apresenta também tecnologia como estratégia de mediação. Importante apontar que o Festival tem como uma de suas características a presença de uma equipe de mediação, composta por integrantes do LABART e/ou estudantes do Curso de Artes Visuais (UFSM), que atua de modo a facilitar o acesso do público às obras. Para essa sexta edição, o integrante da equipe de mediação e membro do laboratório de pesquisa, Daniel Jaenisch Lopes, como parte de seu Trabalho de Conclusão de Curso49 no Curso de Artes Visuais (UFSM), propõe o uso de QR-Codes como estratégia de mediação, além da mediação presencial realizada pela referida equipe. A proposta consiste em disponibilizar um QR-Code com acesso a um texto sobre cada trabalho, produzido pela curadoria. De acordo com Lopes (2019, p. 43), o objetivo do uso da tecnologia é oferecer ao público “uma maior autonomia em relação ao acesso de informações relativas obras e dos artistas”. Para tanto, junto à ficha técnica de cada obra foi associado um QR-Code que remetia, não a site, mas para o download de um arquivo em PDF com o texto sobre o trabalho em formato estendido.

Figura 33 – Público fazendo a leitura do QR-Code junto à obra/ Arquivo acessado via QR-Code na ficha da obra L’ombre Portée [off-cells] (2019).

Fonte: Daniel Lopes.

49 “FACTORS 6.0: A MEDIAÇÃO E O USO DO DISPOSITIVO QR CODE” (2019), Trabalho de Conclusão de Curso de Daniel Lopes. (CAV-UFSM), 98

5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa buscou compreender como se desenvolve a curadoria na Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul, a BIENALSUR, e sua relação com as questões acerca da tecnologia. Já em um primeiro momento, apresentou-se como objetivo identificar a presença de obras de arte e tecnologia inseridas nas mostras de arte contemporânea de maneira geral, sem a necessidade desse recorte temático, afirmando a inserção da arte e tecnologia na arte contemporânea, e não como uma tendência paralela. Ainda, objetivou-se identificar e compreender como recursos tecnológicos são utilizados nas estratégias de aproximação com o público. Inicialmente, já se sabia que a BIENALSUR exerce uma prática curatorial diferente das bienais de arte existentes até o momento. Sem a presença de um curador-geral e de um tema, a BIENALSUR propõe uma curadoria tentacular, que se organiza a partir da cidade de Buenos Aires, estendendo-se para outras sedes, cidades, países e continentes. Cada uma das propostas, aceitas na convocatória aberta ou convidadas pela organização, tem sua autonomia, como um tentáculo deste projeto que se propõe desterritorializado, simultâneo e indisciplinado. Desse modo, a BIENALSUR apresenta, não uma, mas múltiplas curadorias. Posteriormente à seleção, a curadoria elaborou eixos temáticos, aos quais cada proposta foi relacionada. Essa metodologia, ao ser desenvolvida depois que as propostas já tinham sido selecionadas, e não de modo a impor limites temáticos ou estruturais ainda na fase de seleção, respeita a pluralidade de cada uma das propostas, reafirmando os objetivos e ideais da própria bienal. Em comparação à primeira edição, em 2019 houve um aumento de eixos – de 5 para 9 – preservando ou renomeando aqueles que tratavam de temáticas como questões sociais, espaço público e fronteiras. A partir da análise específica da curadoria, identificou-se que, embora se aponte a uma descentralização em relação ao seu formato, mais da metade das propostas contam com curadoria da própria BIENALSUR, na figura de um dos integrantes do seu Conselho Curatorial, com grande maioria concentrada na figura de Diana Wechsler. A isso, pode-se atribuir o fato de que boa parte das propostas são obras/projetos enviados por artistas, que necessitam de uma curadoria para apresentá-los em uma exposição. Nesse caso, a própria BIENALSUR assumiu a

99

organização desses projetos, como a exemplo da mostra “Entre otras”, de modo a definir questões desde local, data, montagem, até a elaboração do argumento curatorial que reúne os trabalhos expostos. Do mesmo modo, mais da metade dos projetos concentrou-se na Argentina, um terço na capital, Buenos Aires. Acredita-se que parcerias internacionais, com embaixadas, instituições e agentes culturais ao redor do mundo, visando a uma ampliação das sedes, pode diluir essa concentração, tornando o evento ainda mais descentralizado. Por outro lado, em comparação entre os números de 2017 e 2019, identifica-se, nesta segunda edição, quase o dobro de propostas recebidas na convocatória, bem como de artistas, e o aumento de sedes, cidades e países envolvidos. É preciso considerar, portanto, que a BIENALSUR está em sua segunda edição, de modo que se encontra em um período ainda de formação, importante para o seu desenvolvimento, e quando mudanças podem surgir a partir destas primeiras experiências. Em relação ao segundo objetivo ao qual esta dissertação se propôs, identificou- se, a partir da metodologia adotada, 40 propostas – entre ações, exposições, instalações e videoinstalações – que apresentavam alguma questão acerca da tecnologia em seus projetos curatoriais. Nestas referidas propostas, não havia, necessariamente, o recorte da tecnologia impresso no projeto, de modo que, no caso das obras, estas faziam parte do conjunto a partir das questões conceituais. Ao analisar estas 40 propostas, percebeu-se que a tecnologia se manifesta de diferentes modos, chegando-se a duas categorias: 1) Propostas com obras de arte e tecnologia computacional, digital ou computacional; e 2) A tecnologia como uma estratégia de aproximação entre obra e público. Em um exercício posterior, relacionou-se cada umas dessas mostras a pelo menos uma das duas categorias, com um caso específico – o FACTORS 6.0 – em que foi possível associá-lo a ambas as possibilidades. Ao todo, verificou-se que 36 propostas expositivas integrantes da BIENALSUR 2019 trazem, entre os seus trabalhos, obras de arte e tecnologia computacional, digital ou eletrônica. Esse número permitiu notar que há um incentivo por parte dos curadores para incluir a arte digital na BIENALSUR, ainda que estas sejam majoritariamente na linguagem do vídeo, historicamente mais incorporada na arte contemporânea. Já em relação às estratégias de curadoria, mediação ou expografia, verificou- se 5 propostas que utilizaram a tecnologia como meio de aproximação com o público. 100

Em 3 delas foi utilizada a tecnologia do QR-Code associado às obras, a fim de disponibilizar ao público mais informações sobre questões que circundam os trabalhos, mas que não aparecem de maneira explicita. Remetendo a arquivos para download, páginas de websites ou vídeos, as estratégias com o uso dessa tecnologia foram utilizadas pelas respectivas equipes de curadoria e mediação dessas exposições. A outra estratégia de aproximação com o público consistia no uso da tecnologia de realidade aumentada. As ações “Realidad aumentada BIENALSUR” e “Del outro lado” empregaram a realidade aumentada como estratégia de diferentes modos. Se na primeira a tecnologia era imprescindível para acessar obras de arte, “escondidas” em padrões gráficos, no segundo caso, a tecnologia evidenciava um vídeo, no qual o próprio artista convidava o público a perceber sua instalação, que só podia ser vista pelas janelas do museu. Ambas as estratégias, elaboradas pela curadoria da BIENALSUR, foram desenvolvidas a partir do aplicativo BienalSurApp, que oferecia, ainda, outros tipos de interação com o público. Desenvolvido especialmente para a edição de 2019, alguns pontos precisam ser destacados sobre o aplicativo. De acordo com Marina Aguerre, não houve um lançamento oficial a fim de divulgá-lo junto ao público. Não se encontrou menção alguma no site, ou nas redes sociais oficiais da BIENALSUR, sobre o aplicativo, como baixa-lo ou as funções oferecidas. Entende-se que ausência de informação influencia diretamente ao (não) acesso do programa. Nas exposições visitadas, apenas a instalação “Del otro lado” trazia material explicativo sobre o app, que era necessário para a experiência de realidade aumentada. Entretanto, o MUNTREF – Sede Hotel de Imigrantes, onde estava localizada a instalação, não possuía, na data visitada, internet via Wi-Fi, o que condicionava o download do aplicativo à disponibilidade do pacote de dados móveis de cada visitante. Ainda sobre o aplicativo, os padrões gráficos disponíveis para impressão, que dão acesso a 4 obras em realidade aumentada, não possuem qualquer identificação, como título do trabalho, ano, artista ou técnica, o que pode desassociar a iniciativa do sentido artístico, conferindo-lhe um caráter meramente lúdico de interação. De acordo com as funções oferecidas, considerou-se o próprio aplicativo como uma estratégia curatorial de aproximação com o público, entretanto, as questões a cima citadas dificultam o seu acesso, tornando a estratégia limitada sem ter o potencial aproveitado em sua totalidade.

101

Ainda de acordo com Marina Aguerre, o Conselho de Curadoria da BIENALSUR não é responsável direto pelo aplicativo, idealizado pela equipe UNTREF Mídia, assim como o site, que é mantido pela equipe de Comunicação. Mais do que uma descentralização, notou-se uma falta de unidade, de objetivos comuns em relação às equipes responsável pelas mídias com o Conselho de Curadoria, o que refletiu diretamente no funcionamento desses recursos. De forma semelhante, a Cartografia do site que, teoricamente, concentra as informações sobre a programação da bienal, não as apresenta de maneira padronizada, o que, novamente, interfere no acesso do público. Acredita-se que o maior desafio de uma curadoria tentacular, a qual a BIENALSUR se propõe, seja manter uma unidade de organização diante de uma centena de propostas em sua programação. Ainda que se incentive a autonomia de cada mostra, isso pode trazer como consequência um desequilíbrio no modo como as mesmas são divulgadas pela própria bienal. Por outro lado, ao considerar as proporções do evento, questões como orçamento, número de pessoal, e institucionais (BIENALSUR/UNTREF) interferem diretamente neste aspecto. Ao retomar a fala de Ernesto Samper, secretário geral da UNASUL, na ocasião do projeto inicial da bienal, ainda em 2015, o próprio citou a arte digital como uma tendência a ser abordada no evento, além de outras tendências e linguagens tradicionais, como pintura e escultura. De fato, pode-se identificar não só a arte digital, como outras tendências que perpassam a tecnologia, como arte e tecnologia eletrônica e computacional nas propostas da BIENALSUR, assim como o uso da tecnologia nas estratégias de curadoria. Em relação à proposta geral da BIENALSUR, talvez sua maior contribuição, retomando seus objetivos - desterritorialização, simultaneidade e desobediência - seja o que Terry Smith (2012) chama de giros iconogeográfico e pós-colonial. Mais do que um giro – que compreende um movimento de rotação – entende-se essa ação como uma guinada – uma mudança brusca e intencional, a partir da qual o sul passa a atuar com o devido protagonismo na cena artístico-cultural mundial. De maneira simbólica – mas igualmente importante – em 2019, a BIENALSUR esteve presente em 100 sedes ao redor do mundo, em 47 cidades de 21 países da América do Sul, América Latina, África, Oriente Médio e Ásia. Os mais de 600 artistas reunidos nessas mostras desenvolvem trabalhos em torno de questões latentes, que tocam, sobretudo, países e comunidades do sul – seja 102

político-geográfico ou à margem do norte. Temas como imigração, exílio, trânsitos migratórios e fronteiras invariavelmente ligados a política; bem como questões públicas, sociais, e de gênero – que constituíram os eixos curatoriais dessa edição – reforçam os propósitos da BIENALSUR. Seja promovendo o sul como lugar de intensa produção artística, profunda e de qualidade, seja levando a arte do hemisfério sul para o norte, a BIENALSUR, ainda em sua segunda edição, já pode ser considerada como um novo modelo, integrador, plural e expressivo para a arte contemporânea.

103

REFERÊNCIAS

A educação pública e a 24ª Bienal de São Paulo (1998). São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998. Disponível em: Acesso em 01 fev, 2020.

AGUERRE, M. Entrevista BIENALSUR. 26 de setembro de 2019, Buenos Aires – Argentina. Entrevista presencial concedida a Natascha Rosa de Carvalho.

ANJOS, M. Local/global: arte em trânsito. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.

ARCHER, M. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paulo, Martins Fontes, 2001.

ALVES. J, F (Org.). Bienal 11 – O triângulo atlântico: catálogo da 11ª Bienal do Mercosul. Porto Alegre : Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2018. Disponível em: https://21cf08b2-90b0-4b83-97f9- 807117bee408.filesusr.com/ugd/ae5dfe_da687c13241e4f4693be6b14f5b0a655.pdf Acesso em: 09 out, 2019.

BIENAL ARTE DIGITAL, 2018. Disponível em: Acesso em: 20 jan, 2020.

BIENAL DE CURITIBA, 2011. Disponível em: Acesso em: 20 jan, 2020.

BIENAL DE CURITIBA 2ª ED. Disponível em: Acesso em: 17 jan, 2020.

BIENNIAL FOUNDATION, 2020. Disponível em: Acesso em: 20 jan, 2020.

BISHOP, C. O que é um curador? A ascensão (e queda?) do curador auteur. In Concinnitas, Rio de Janeiro, Instituto de Artes/UERJ, n.27, 2016. Disponível em: Acesso em: 07 mar, 2019.

CANCLINI, N. G. Bienalsur: ensayar otra geopolítica. In Revista Código, 2017. Disponível em: Acesso em: 04 mar, 2019.

CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins, 2005.

COCCHIARALE, F. Quem tem medo da arte contemporânea? Recife: Fundação , Editora Massagana, 2006.

104

COELHO, T. Bienal, as palavras e a arte. In Catálogo 8ª Edição Bienal de Curitiba – Artes Visuais parte 1, 2013. Disponível em: < https://issuu.com/bienaldecuritiba/docs/cat_logo_2013_-_parte_1 > Acesso em: 07 fev, 2020.

CONTEMPORARY ART DAILY. Disponível em Acesso em: 20 fev, 2019.

DALLA COSTA, C. L. Arte computacional: preservação e arquivamento na contemporaneidade. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) Universidade Federal de Santa Maria, 2019.

GARDENEIRA, D. Yo si te hago todo, 2019. Disponível em: Acesso em: 02 fev, 2020.

GASPARETTO, D. A. (Org.). Arte-ciência-tecnologia: o sistema da arte em perspectiva. Santa Maria: Editora Lab Piloto, 2014.

GUASCH, A. M. El Arte en la era de lo global. Madrid: Alianza Editorial, 2016.

HERNÁNDEZ, A. I. M. Arte & arquitetura, corpo e estrutura: características das obras de arte tensionadas pelo espaço arquitetônico. Tese (Doutorado em Artes Visuais) Universidade Estadual de Campinas, 2018. Disponível em: Acesso em: 01 fev, 2019.

HOFFMANN, J. A exposição como trabalho de arte. In Concinnitas, Rio de Janeiro, Instituto de Artes/UERJ, n. 6, 2004. Disponível em: < https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/view/44478 > Acesso em: 08 mar, 2019.

HOFFMANN, J. Curadoria de A a Z. Rio de Janeiro: Cobogó, 2017.

ITAÚ CULTURAL. EMOÇÃO Art.ficial (2002 : São Paulo, SP). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: . Acesso em: 13 de abr. 2019.

JUSBRASIL. O que significa a guarda compartilhada?. 2017. Disponível em: Acesso em: 02 abr, 2019.

LEIRNER, S. Uma visão universalista. In: Catálogo Geral da XVIII Bienal Internacional de São Paulo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1985. Disponível em: < http://www.bienal.org.br/publicacoes/2124 > Acesso em: 12 mar, 2019.

105

LOPES, D. J. FACTORS 6.0: a mediação e o uso do dispositivo QR Code. Trabalho de Conclusão de Curso. (Licenciatura Plena em Artes Visuais). Universidade Federal de Santa Maria, 2019.

MACHADO, L. G.; SOBRINHO, F. M. Regulamento. In: MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO. I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo, MAM, 1951. Disponível em: < http://www.bienal.org.br/publicacoes/4389 > Acesso em:10 mar, 2019.

MADŽOSKI, V. A invenção dos curadores. In Artes & Ensaios. Rio de Janeiro. UFRJ n. 28. 2014. Disponível em: < https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/20713 > Acesso em: 08 mar, 2019.

MUCELLI, T.; RAMOS, I. L. (Org). FAD – Festival de Arte Digital: [catálogo] : edição 1ª Bienal de Arte digital – Linguagens Híbridas / 1. ed. , bilíngue -- Belo Horizonte : Conteúdo Arte & Tecnologia EIRELI – ME , 2017. Disponível em: < http://bienalartedigital.com/2018/wp- content/uploads/2019/01/Bienal-Arte-Digital-2018-Livro-Catalogo_Web.pdf> Acesso em: 03 fev, 2020.

NEUENDORF, H. Art Demystified: Biennials, Explained. In Artnet News. 2016. Disponível em: < https://news.artnet.com/exhibitions/art-demystified-biennials- 506903 > Acesso em: 08 mar, 2019.

O GLOBO. Jacopo Crivelli Visconti é escolhido curador da 34ª Bienal de SP. 2019. Disponível em: . Acesso em: 18, jan, 2019.

OBRIST, H. U. Uma breve história da curadoria. São Paulo: BEI Comunicação, 2010.

OBRIST, H. U. Caminhos da curadoria. Rio de Janeiro: Cobogó, 2014.

OGUIBE, O. O fardo da curadoria. In: Concinnitas, Revista do Instituto de Artes Uerj, Rio de Janeiro, ano 5, n. 6, p. 17, julho 2004.

Pasaporte BIENALSUR 2017. Disponível em: < https://bienalsur.org/assets/pdf/2017_PASAPORTE_BIENALSUR_EN_ESPANOL.pd f> Acesso em: 06 nov, 2019.

Pasaporte BIENALSUR 2019. Disponível em: < https://bienalsur.org/assets/pdf/Pasaporte_2019_ESP-digi.pdf> Acesso em: 06 nov, 2019.

RAMOS, A. D. (Org.). Sobre o ofício do curador. Porto Alegre: Zouk, 2010.

REINALDIM, I. Tópicos sobre curadoria. In Poiésis n. 26, v1, Niterói, 2015. Disponível em: < http://periodicos.uff.br/poiesis/article/view/22857> Acesso em: 08 mar, 2019.

106

SANTOS, F. F. Contribuição de exposições de arte, ciência e tecnologia a partir de 1968 para a historiografia da arte contemporânea. Tese (Doutorado em Artes Visuais) – Universidade de Brasília, 2015.

SANTOS, N. C. História da Arte: contexto e entorno em arte e tecnologia no Brasil. Anais do XXIX Colóquio CBHA, 2009 Disponível em: http://www.cbha.art.br/pdfs/cbha_2009_santos_nara_art.pdf Acesso em: 01 fev, 2020.

SANTOS, N. C.; YEREGUI, M. (Org.). FACTORS 4.0 é Bienalsur [recurso eletrônico] : catálogo da exposição 2017 : Festival de Arte, Ciência e Tecnologia do RS. Ed. PPGART, 2018. Disponível em: < http://coral.ufsm.br/editorappgart/images/Noticias/Catlogo_FACTORS_OK-1.pdf>. Acesso em: 12 abr, 2019.

SANTOS, N. C.; YEREGUI, M. (Org.). FACTORS 6.0 [recurso eletrônico] : catálogo da exposição 2019 : Festival de Arte, Ciência e Tecnologia. Santa Maria, RS : Ed. PPGART, 2019. Disponível em: < https://www.ufsm.br/editoras/editorappgart/wp- content/uploads/sites/740/2020/01/Cat%C3%A1logo_FACTORS_6.pdf> Acesso em: 10 fev, 2019.

SANTOS, N. C.; YEREGUI, M. FACTORS 4.0 é BIENALSUR: na arte contemporânea In Encontro Internacional de Arte e Tecnologia, #17ART (2018). Anais... Brasília. Disponível em: < https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/779/o/34- Nara_Santos.pdf > Acesso em: 10 nov, 2019.

SELECT ART. Qual é o papel da Bienal?, 2016. Disponível em . Acesso em: 18, jan, 2019.

SMITH, T. Qué es el arte contemporáneo? Buenos Aires: Siglo Veinteuno Editores, 2012.

TEJO, C. (Org). Panoramas do pensamento emergente. Porto Alegre: Zouk, 2011.

TORRES GARCÍA, J. Universalismo constructivo: aontribución a la unificación del arte y la cultura de América. Buenos Aires: Editorial Poseidón, 1944.

WECHSLER, D. BIENALSUR Catalogo 2016-2017. Buenos Aires: Eduntref, 2018.

ZANINI, W. in FREIRE, C. (Org.) Walter Zanini: Escrituras críticas. São Paulo: Annablume, 2013.

ZUZULICH, J. (Org). Curaduria y arte: perspectivas actuales. Ciudad Autonoma de Buenos Aires: del CIC, 2014.

107

APÊNDICE A - ENTREVISTA BIENALSUR COM MARINA AGUERRE

Entrevista presencial com Marina Aguerre, integrante do Conselho de Curadoria BIENALSUR 2019, concedida a Natascha Rosa de Carvalho, na Reitoria da Universidad Nacional de Tres de Febrero, Buenos Aires/Argentina em 26 de setembro de 2019. Tradução nossa.

Natascha Carvalho: Quais são as atividades desenvolvidas pelo Conselho de Curadoria BIENALSUR 2019? Marina Aguerre: Nós começamos a trabalhar, a partir da primeira bienal, em 2017. A maioria dos integrantes da equipe, o Conselho Curatorial, somos docentes do Mestrado em Curadoria da UNTREF. Então, isso faz com que, não só nos conheçamos, mas, que estamos habituados a trabalhar, de alguma maneira, esta noção de um contexto que funciona como um disparador de ideias. Somos somente cinco: Liliana, Fernando, Benedeta, Floréncia, e eu, sob a direção, digamos, em contato permanente con Diana Wechsler, que é a diretora artística, e também com Aníbal Jozami, o Reitor da UNTREF, que também é o diretor geral da bienal. Bom, a partir da convocatória aberta, nesta segunda edição, a equipe também participou da redação e dos ajustes, fruto de um equilíbrio. A respeito da primeira edição, participou também de algumas questões sobre a convocatória aberta. Apesar disso, a BIENALSUR mantém esta linha de que não há um tema convocante, mas sim uma convocatória livre e aberta, em termos internacionais. À medida que foram chegando os projetos, nós fizemos a primeira avaliação desses projetos, mais de 5 mil, contando alguns que depois incorporamos, propostos por nós. Desse modo, cada um avaliou mais de 1 mil projetos. Esse trabalho enorme, embora seja cansativo, implica um olhar muito exaustivo que excede inclusive o postulado pelos artistas o curadores, porque a partir disso, começa-se a fazer um trabalho de pesquisa e investigação sobre o que significa, por exemplo, essa obra, esse projeto desse artista, em função de sua trajetória ou o que está desenvolvendo nos últimos tempos. A partir disso, nós ampliamos, para entender a problemática da obra está propondo o artista. Isso nos toma muito tempo! Depois dessa primeira leitura, o que fazemos é cruzá-las, entre si. Então há uma primeira avaliação, que logo tem uma segunda avaliação, feita por algum integrante do comitê, e, posteriormente, quando encontramos, digamos, coincidências e elementos que sustentem estas propostas, elas são enviadas aos 108

membros do comitê internacional. Já nessa primeira leitura, isso nos permite seguir encontrando aquelas questões, aqueles temas y problemas que estão sendo abordados pelos artistas e também os curadores, a partir de suas curadorias. Isso nos permite ir armando como uma árvore de temas que finalmente terminam constituindo os eixos curatoriais da BIENALSUR. Assim, esses são as primeiras ações, a partir da recepção das propostas na convocatória aberta.

NC: Como você percebe a existência da tecnologia nas propostas dos artistas e curadores que participam de BIENALSUR? MA: A verdade é que, a princípio, temos recebido mais projetos baseados tanto a partir de uma concepção que liga a tecnologia como um suporte tecnológico. Temos recebido mais projetos nesta segunda edição que na primeira. Digamos, tem havido um crescimento. Há, inclusive, a presença de artistas que tem começado a trabalhar com esses formatos, que são formatos novos para eles. Então isso é interessante, ainda que também incompore muitos problemas, problemas relacionados com a produção efetiva das obras. A verdade é que, se eu tivesse que fazer uma síntese, ou quase uma avaliação desses projetos, encontramos por um lado aqueles projetos dos artistas que se formaram no campo das artes eletrônicas, ou a partir do campo da tecnologia, e que tem uma plataforma de sustentação sólida. São obras, não mais complexas, mas, mais “falantes”, que têm um grau de elaboração que permite uma aproximação mais direta, não tão mediada. Isso, por um lado, estaría apoiando a hipótese da necessidade de uma formação específica em artes eletrônicas e tecnológicas. Por outro lado, e sem que isso seja contraditório com o que acabou de mencionar, encontramos muitas vezes uma dificuldade na explicitação e formulação do projeto artístico e curatorial, onde como se tratasse de um subcampo artístico já conformado com essa noção de que todo mundo deveria saber do que se trata, com muitas suposições, muitas questões que aparecem como se devessem ser compreendidas por todo mundo. Além do nosso lugar como comité curatorial, estamos pensando no público. Então, estas propostas muitas vezes implicam com que nós tenhamos, não só que fazer uma pesquisa, mas estabelecer um diálogo direto, bastante assíduo, com determinados artistas da área.

109

NC: Como a Equipe Curatorial da BIENALSUR utilizou a tecnología como una estrategia. Por exemplo, os QR-Codes. Ou se estas estratégias foram desenvolvidas pelos próprios artistas? MA: Nós não estabelecemos estratégias de comunicação. Há uma equipe de comunicação da BIENALSUR que se encarga de todas as difusões na rede, da página, nas folhas de sala, etc. Mas em alguns casos, quando entendíamos que algumas obras precisavam de um contexto mais amplo para poderem ser lidas em sua complexidade, obras que pontualmente integravam um projeto mais amplo, esses poucos casos, onde se utilizou um QR-Code que remetia diretamente ao projeto em questão.

NC: Esta foi uma estratégia desenvolvida por vocês? Pode citar qual obra era? MA: Bom, isso depente de algumas questões, algumas decisões individuais de cada curador. Mas tem um que posso te dizer, uma obra de Diana Gardeneira, exposta no Centro Cultural da Cidade de Córdoba. Justamente, precisou-se de uma informação extra para entender o modo de produção da obra, porque é uma obra produzida a partir de oficinas, uma obra que trabalha questão de gênero e violência de gênero. Esse trabalho é fruto de uma ação coletiva estabelecida pela artista, na cidade de Guyaquil. A partir de uma série de encontros realizados ao longo do tempo, vão sendo trabalhadas problemáticas ligadas a violência de gênero, e aparecem os gestos de quem participa dessa oficina, em sua maioria, mulheres, crianças, mas também homens. Então esse gesto implica na escolha de um pedaço de tecido, como um modo de estampar esse recorte de gênero, em um pano de grandes dimensões, com um alfinete. Então se armam duas texturas, digamos, verso e reverso, que ficavam despidas de sentido e do disparados da obra, o que aparecia mais era a questão estética, porque havia peças de gênero e cores de um lado, e do outro o metal do alfinete. Podemos dizer que o sentido da obra estava um pouco esvaziado, por isso é que se decidiu incorporar um QR-Code.

NC: Vocês que sugeriram usar o QR-Code nesta obra? MA: Sim, em diálogo com a artista.

110

NC: Você pode falar um pouco sobre o aplicativo da BIENALSUR? MA: Foi idealizado por duas equipes da UNTREF. Inicialmente a equipe de comunicação da BIENALSUR e a equipe da UNTREF Mídia. O aplicativo foi desenvolvido a partir de uma árvore elaborada pela direção da BIENALSUR.

NC: Com qual objetivo foi desenvolvido? MA: Bom, a BIENALSUR tem vários objetivos, mas tem dois objetivos centrais, além de ser uma bienal aberta que pretende a participação de um público muito amplo, que são a simultaneidade e a desterritorialização. O que quer dizer isso? Que ao mesmo tempo estão acontecendo coisas em distintos lugares do mundo, não só do sul, e da América do Sul, e a possibilidade de comunicar essa simultaneidade em lugares mais remotos, que nem sempre são grande cidades, nem sempre são capitais, ainda que possa ser. De fato, é uma decisão também sair um pouco desses lugares centrais para que haja uma irradiação maior das propostas. Assim, a página funciona um pouco como uma cartografia permanente da proposta da BIENALSUR durante o período de funcionamento, e posteriormente também, depois de encerradas as exposições. A página funciona como um artigo, tanto visual, como de programação das ações estabelecidas pela BIENALSUR.

NC: O aplicativo foi divulgado antes pelas redes sociais ou por algum outro meio? MA: Não houve uma em particular. Está na página, mas não se fez, em particular, uma apresentação do aplicativo. É um recurso a mais de comunicação. Porque esse “app”, assim como a página, recebem muitas consultas, reclamações. O que posso adiantar é que há um setor, por exemplo, da página, que não está funcionando, que há problema de programação que sempre acontecem, e essa equipe de comunicação nos consulta, entretanto não temos tido acesso a ele. Seguramente teremos no início de novembro, quando fazendo um balaço desta segunda edição.

NC: Você quer acrecentar alguma coisa? MA: Me parece que é interessante entender essa noção de trabalho em equipe, de diálogo permanente, de construção permanente, tanto aqui, na equipe do comitê curatorial, como a partir da integração de curadores externos, ou, ainda, dos diálogos que se estabelecem com as instituições parceiras da BIENALSUR. Neste sentido, é

111

muito importante para nós estabelecer esses canais de diálogo e a partir de várias propostas que nós curamos. Podem haver modificações, variações, ou inclusive, como já aconteceu, alguma sede que diga, por exemplo, que já teve uma exposição sobre questões de gênero recentemente, e mais uma serie redundante. Assim, escolhemos juntos outra exposição, de outro eixo curatorial, que será desenvolvida a partir da proposta do próprio artista. Outra questão, relacionada com a arte e tecnologia e que tem a ver justamente com os dispositivos disponibilidades nos museus, centros culturais, instituições que se associam à BIENALSUR. A maioria dessas instituições não contam com equipes de última geração, contam com poucos dispositivos. Isso complica, muitas vezes, a possibilidade de desenvolver os projetos, tal como os artistas desejam. Porque há uma demanda por parte dos artistas para que seja tal definição, e nos encontramos com aparatos de reprodução, por exemplo, no caso dos vídeos, vídeos e som muito usados, e já muito desgastados, que não foram atualizados em função dos avanços tecnológicos. Então, aí é um problema em termos materiais. Assim que buscamos a todo tempo somar mais, gente que associe seus esforços para que isso possa ser feito. O que podemos adiantar é que entendemos que as aplicações tecnológicas, hoje em dia, já não são ferramentas de uns poucos, e sim, para a maioria. Todo o mundo recorre a esse tipo de suportes, e estamos projetando, e se está pensando em um aplicativo muito mais performático para a próxima edição.

APÊNDICE B - Tabela de Propostas BIENALSUR 2019

PROPOSTA CATEGORIA EIXO ARTISTAS CURADOR CIDADE/PAÍS EXPOSITIVA CURATORIAL LOCAL DATA 1. Recuperand INSTALAÇÃO Experiências Christian Boltanski BIENALSUR, Arábia Saudita o historias, Cotidianas / (FRA), Pablo Diana Riad recuperando Imaginação do Reinoso (ARG), Wechsler Museu fantasías Futuro Voluspa Jarpa (ARG) Nacional de (CHI), Betsabeé Riyadh Romero (MEX) Km 12.849 Magdalena Jitrik 05/11/2019 (ARG), Mariana 30/12/2019 Telleria, Ayman Zedani (SAU), Laurent Grasso (FRA), Faisal Samra (SAU), Fatima Al-Banawi (SAL), Ayman Zedani (SAL), entre outros. 2. Banderas INTERVENÇÃO Arte e Espaço Christian Boltanski Uma Arábia Saudita del fin del Público (FRA), Voluspa instalação Riad mundo. A Jarpa (CHL), iniciada pela Bairro partir de Magdalena Jitrik Colección Diplomático Draw Me a (ARG) Fundación Km 12.839 – Flag, un Cartier pour I’ 12.840 proyecto de art NÃO CONSTA Christian contemporain Boltanski Paris a partir para la de uma ideia Fundación de Christian Cartier, Boltanski París, (FRA) e Diana Francia Wechsler (ARG) 3. Little Talk / INSTALAÇÃO Experiências Pablo Reinoso NÃO CONSTA Arábia Saudita Little Talk Cotidianas / (ARG) Riad Imaginação do Bairro Futuro Dimplomático Km 12.839 – 12.840 NÃO CONSTA 4. Recuperand EXPOSIÇÃO Arte e espaço Christian Boltanski BIENALSUR, Arábia Saudita o historias, público/ (FRA), Pablo Diana Riad recuperando Dimensões Reinoso (ARG), Wechsler Bairro fantasías cotidianas Voluspa Jarpa (ARG) Diplomático (CHI), Betsabeé Km 12.859 Romero (MEX) 05/11/2019 Magdalena Jitrik 30/12/2019 (ARG). 5. If it Moves EXPOSIÇÃO Trânsitos e Diego Vivanco BIENALSUR Argentina/ it's Alive Migrações (ARG) Buenos Aires MUNTREF Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 29/10/2019 31/12/2019 6. Homenaje a VIDEOINSTALAÇ Modos de ver/ Marion Vasseur BIENALSUR, Argentina/ Tadeusz ÃO Homenagens Raluy (FRA) Diana Buenos Aires Kantor Wechsler Observatório (ARG) UNESCO Villa Ocampo Km 22,7 29/06/2019 25/08/2019 7. Silencio II. EXPOSIÇÃO Modos de ver/ Felipe Julián (BRA) BIENALSUR, Argentina/ Homenaje a Homenagens Liliana Piñero Buenos Aires John Cage (ARG) Observatório UNESCO Villa Ocampo Km 22,7 29/06/2019 20/08/2019 8. Forum de AÇÃO Arte e Ciência Sarah Jane Pell NÃO CONSTA Argentina/ arte y (AUS) Xin Liu Buenos Aires espacio (CHN) Erica Bohm Centro (ARG) Christiana Cultural da Kazakou (GBR), Ciência (C3) Mariano Sardón Km 5,55 (ARG), Gershom 13/08/2019 Dublon (USA), 14/08/2019 entre otros. 9. La vida frágil EXPOSIÇÃO Dimensões Bill Viola (USA), Jorge Zuzulich Argentina/ (variaciones ASSOCIADA cotidianas Pipilotti Rist (CHE), (ARG) Buenos Aires sobre lo Martha Wilson Arte X Arte – íntimo) (USA), Damián Fundação Anache (ARG), Alfonso y Luz Piren Benavidez Castillo Ortiz (ARG), Quío Km 9 Binetti (ARG), 07/09/2019 Graciela Cassel 26/10/2019 (ARG), Cecilia Catalin (ARG), Chiachio & Giannone (ARG), Alejandra Correa (URY), Viviana Debicki (ARG), María Laura Domínguez (ARG), El Niño Rodríguez (ARG), Agustina Crespo / Juan Cerono – Evu / Ensamble Vocal de la Licenciatura en Música de la Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF) (ARG), Pola Ezker (ARG), Juan Manuel Fiuza (ARG), Juli Jons (ARG), Eduardo Médici (ARG), Daniel Merle (ARG), Diana Schufer (ARG), Lucía Von Sprecher (ARG), Dolores Zorreguieta (ARG) 10.La ronda de INSTALAÇÃO Arte e Espaço Michelangelo Marcello Argentina/ las ocho Público Pistoletto (ITA) Dantas (BRA) Buenos Aires puertas Embaixada da Itália Km 2,7 22/06/2019 16/08/2019 11.Flor de Sal EXPOSIÇÃO Arte e Natureza Makoto Azuma Marcello Argentina/ (JPN) Dantas (BRA) Buenos Aires MUNTREF Centro de Arte e Natureza – Sede EcoParque de Cidade de Buenos Km 5,5 22/06/2019 01/02/2020 12.Bajo el tilo EXPOSIÇÃO Arte e Natureza Rita Fischer (URY) BIENALSUR, Argentina/ Benedetta Buenos Aires Casini (ITA) MUNTREF Centro de Arte e Natureza – Sede EcoParque de Cidade de Buenos Km 5,5 22/06/2019 01/02/2020 13.Memoria EXPOSIÇÃO Arte e Natureza Coleção Robert BIENALSUR, Argentina/ vegetal Brendel Museu de Pablo La Buenos Aires Farmacobotánica Padula (ARG) MUNTREF Juan A. Domínguez Centro de Arte da FFyB/ UBA e Natureza – (ARG) Sede EcoParque de Cidade de Buenos Km 5,5 22/06/2019 01/02/2020 14.House attack INTERVENÇÃO Dimensões Erwin Wurm (AUT) BIENALSUR, Argentina/ Cotidianas Diana Buenos Aires Wechsler MARQ – (ARG) Museu de Arquitetura e Design “Julio Keselman” Km 2,2 23/06/2019 01/09/2019 15.Segno Arte INSTALAÇÃO Arte e Espaço Michelangelo Marcello Argentina/ Público Pistoletto (ITA) Dantas (BRA) Buenos Aires MNBA – Museo Nacional de Belas Artes Km 2,9 23/06/2019 25/09/2019 16.Segno Arte INSTALAÇÃO Arte e Espaço Michelangelo Marcello Argentina/ Público Pistoletto (ITA) Dantas (BRA) Buenos Aires MNAD – Museo Nacional de Arte Decorativo Km 3,7 01/05/2019 31/12/2019 17. La Venus INSTALAÇÃO Modos de ver Michelangelo Marcello Argentina/ de los trapos Pistoletto (ITA) Dantas (BRA) Buenos Aires MNBA – Museo Nacional de Bellas Artes Km 2,9 29/06/2019 25/08/2019 18.Draw me a INTERVENÇÃO Arte e Espaço Agnès Varda, Alain NÃO CONSTA Argentina/ flag / Público Séchas, Buenos Aires Dibújame Alessandro Plaza Rubén uma Mendini, Andrea Darío bandera Branzi, Andrei Km 3,2 Ujică, Angelika 23/06/2019 Markul, Anna 01/10/2019 Mariani, Artavazd Pelechian, , Bernard Piffaretti, Bernie Krause, Cai Guo- Qiang, Charwei Tsai, Chéri Samba, Christian Boltanski, Claude Caillol, , Clemente Juliuz, Daidō Moriyama, Davi Kopenawa, David Lynch, Didier Marcel, Elodie Lesourd, Esteban Klassen, Fei Dawei, Franck Scurti, François Curlet, François-Bernard Mâche, Fredi Casco, Gao Shan, Gérard Garouste, Guillermo Kuitca, Hélène Delprat, Hiroshi Sugimoto, Hu Liu, Hubert Duprat, Hugues Reip, Iran, Jean- Michel Alberola, Jean-Baptiste Bruant, Jean- Michel Othoniel, Jean-Pierre Raynaud, John Maeda, Joseca Yanomami, JP Mika, Judith Bartolani, Leandro Erlich, Leslie Wayne, Li Yongbin, Macha Makeïeff, Marc Couturier, Marc Newson, Marcos Ortiz, Marie Darrieussecq, Michel Cassé, Michel Temman, Mœbius, Monique Frydman, Nobuyoshi Araki, Osvaldo Pitoe, Panamarenko, Raymond Depardon & Claudine Nougaret, Rinko Kawauchi, Roland Lehoucq (ilustración de Ève Barlier y Alexandre Martins), Ron Arad, Sarah Sze, Tabaimo, Tadanori Yokoo, Tara, Thonik , Tim Hawkinson, Vija Celmins, Vincent Beaurin, Wang Bing, Yan Pei-Ming, Yang Jiechang, Yue Minjun 19.En INSTALAÇÃO Arte e Espaço Carola Zech BIENALSUR, Argentina/ construcción Público Liliana Piñero Buenos Aires (ARG) Praça República Oriental del Uruguay Km 3,4 23/06/2019 01/10/2019 20.Modos de EXPOSIÇÃO Modos de ver Laurent Grasso BIENALSUR Argentina/ ver: (FRA), Anri Sala Buenos Aires Selección de (LBN), Thu Van Diana MNAD – artistas del Tran (VNM), Zineb Wechsler Museu Prix Sedira (DZA), (ARG) Nacional de Duchamp Clément Cogitore Arte 2000-2018 (FRA), Pierre Decorativa Ardouvin (FRA), Km 3,7 Camille Henrot 23/06/2019 (FRA) 25/08/2019 21.Acción 213: EXPOSIÇÃO Trânsitos e Reza Aramesh BIENALSUR Argentina/ Um ressabio Migrações (IRN/GBR) Diana Buenos Aires de austera Wechsler MNAD – luminosidad (ARG) Museu e Nacional de Arte Decorativa Km 3,7 23/06/2019 25/08/2019 22.Sin pedestal INSTALAÇÃO Arte e Espaço Betsabeé Romero BIENALSUR Argentina/ y sin Público (MEX) Diana Buenos Aires medallas Wechsler Praça Dante (ARG) Km 2,5 24/06/2019 01/10/2019 23.Tercer INTERVENÇÃO Arte e Espaço Michelangelo Marcello Argentina/ paraíso Público Pistoletto (ITA) Dantas (BRA) Buenos Aires Museu Benito Quinquela Martín Km 7 24/06/2019 - 24.Aquí y INSTALAÇÃO/ Modos de ver María Maggiori Diego Jarak Argentina/ ahora/ Ici et AÇÃO (ARG) y Julia (ARG) Buenos Aires maintenant Suero (ARG/FRA) Museo de Arte Hispanoameric ano Isaac Fernández Blanco Km 0,7 03/06/2019 15/09/2019 25.Extranjero EXPOSIÇÃO Trânsitos e Karin Berger (AUT), Marin Karmitz Argentina/ residente – Migrações Christian Boltanski e Paula Buenos Aires selección de (FRA), Beatriz Aisember MUNTREF obras de la González (COL) y Centro de Arte colección Annette Messager Contemporâne Marin (FRA), Michael a e Museu da Karmitz Ackerman (ISR), Imigração Dieter Appelt Sede Hotel de (DEU), Carolle Imigrantes Bénitah Km 0 (FRA/MAR), Gao 25/06/2019 Bo (CHN), Antoine 06/10/2019 D’Agata (FRA), Gérard Fromanger (FRA), David Goldblatt (ZAF), Beatriz González (Col), Lewis Hine (USA), Françoise Janicot (FRA), Abbas Kiarostami (IRN), Anna Kutera (POL), Annette Messager (FRA), Moï Ver (LTU/ISR), Philong Sovan (KHM), Mak Remissa (KHM), Ceija Stojka (AUT), Christer Strömholm (SWE), Virgilio Viéitez (ESP), Roman Vishniac (RUS) 26.Michelangel EXPOSIÇÃO Trânsitos e Michelangelo Marcello Argentina/ o Pistoletto Migrações Pistoletto (ITA) Dantas (BRA) Buenos Aires Buenos MUNTREF Aires Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 15/12/2019 27.Valija de INSTALAÇÃO Trânsitos e Mohamed Arjedal BIENALSUR Argentina/ 1948 Migrações (MAR) Diana Buenos Aires Wechsler MUNTREF (ARG) Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 01/03/2020 28.05786 EXIBIÇÃO Trânsitos e Lucas Sere Peltzer BIENALSUR Argentina/ Migrações (ARG/DEU), Benedetta Buenos Aires Matiulla Afzal Casini (ITA) MUNTREF (FRA), Wiktoria Centro de Arte Konwent (POL) Contemporâne Sebastián Podestá a e Museu da (ARG) Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 29/10/2019 - 29.Puede que INSTALAÇÃO/ Questões de Martha Rosler Lucrecia Argentina/ esta vez sea AÇÃO Gênero (USA) Palacios Buenos Aires diferente (ARG) MUNTREF Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 01/03/2020 30.Exodus EXIBIÇÃO Trânsitos e Hassan Bourkia BIENALSUR Argentina/ Library Migrações (MAR) Diana Buenos Aires Wechsler MUNTREF (ARG) Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 01/03/2020 31.Good INSTALAÇÃO Memórias e Rosângela Rennó BIENALSUR Argentina/ Apples/Bad Esquecimentos (BRA) Diana Buenos Aires Apples (un Wechsler MUNTREF documento (ARG) Centro de Arte monumento) Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 30/08/2019 32.Desde el INTERVENÇÃO Trânsitos e Pablo Reinoso BIENALSUR Argentina/ otro lado Migrações Diana Buenos Aires Wechsler MUNTREF (ARG) Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 15/01/2020 33.Inmediatame EXPOSIÇÃO Trânsitos e Eduardo Basualdo Heike van den Argentina/ nte después Migrações/ (ARG), Edith Valentyn Buenos Aires y poco antes Memórias e Dekyndt (DEU), (DEU) MUNTREF de. Esquecimentos Gabriela Golder Centro de Arte (ARG) y Marcel Contemporâne Odenbach (DEU) a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 25/06/2019 03/11/2019 34.Estar a par PERFORMANCE NÃO CONSTA Tales Frey (BRA) NÃO CONSTA Argentina/ Buenos Aires MUNTREF Centro de Arte Contemporâne a e Museu da Imigração Sede Hotel de Imigrantes Km 0 29/06/2019 35.Infinitud EXPOSIÇÃO Dimensões Lida Abdul Nekane Argentina/ cotidianas/ (AFG/USA), Irene Aramburu Buenos Aires Futuros de Andrés (ESP), (ESP) e Diana CCK – Centro Possíveis Robert Cahen Wechsler Cultural (FRA), Bouchra (ARG) Kirchner Khalili (MAR/DEU), Km 1,5 Marcellvs L. 26/06/2019 (BRA/DEU), 25/08/2019 Michael Najjar (DEU), Francisco Ruiz de Infante (ESP), Bernardí Roig (ESP), Amparo Sard (ESP), Javier Vallhonrat (ESP), Marcelo Viquez (URY/ESP), Wolf Vostell (DEU) 36. Hogar Dulce EXPOSIÇÃO Dimensões Leo Battistelli BIENALSUR, Argentina/ hogar cotidianas (ARG), Claudia Florencia Buenos Aires Casarino (PRY), Battiti (ARG) e Embaixada do Anna Costa e Silva Fernando Brasil – (BRA), José Franco Farina (ARG) Espaço (CUB/ARG), Cultural Edgardo Giménez Palácio (ARG), Verónica Pereda Gómez (ARG), Km 1,9 Gaspar Libedinsky 26/06/2019 (ARG), Rodrigo de 25/08/2019 Morais Machado (BRA), Iván Navarro (CHL), Andrea Ostera (ARG), Cecilia Paredes (PER), Camila Rhodi (BRA), Julia Romano (ARG), Diana Schufer (ARG), Lila Siegrist (PER), Margarita Wilson-Uma (ARG), Sebastián Tedesco (ARG) & Bruno Mesz (ARG), Gabriel Valansi (ARG), Román Vitali (ARG) 37.Recuperand EXPOSIÇÃO Trânsitos e Faisal Samra BIENALSUR, Argentina/ o historias, Migrações (UMA), Ayman Diana Buenos Aires recuperando Zedani (UMA), Wechsler Pavilhão de deseos Fatima Al-Banawi (ARG) Belas Artes em colaboração UCA – com The Other Pontifícia Story Project Universidade (UMA) e Gabriela Católica Golder (ARG) Argentina Km 2,3 27/06/2019 01/09/2019 38.Fricciones EXPOSIÇÃO Memórias e Enrique Ježik BIENALSUR, Argentina/ esquecimentos (Arg/Mex), Teresa Juan Fabbri Buenos Aires Margolles (Mex), (BOL) e Centro Katia Sepúlveda Fernando Cultural Paco (CHI), Lorysmar Farina (ARG) Urondo Graciela Franco Km 1,7 Andueza 27/06/2019 (UMA/CHE), 31/08/2019 Beatriz Millón Sánchez (MEX), Tamara Kostianovsky (ISR/ARG/USA), Juan Carlos Romero (ARG), Claudia Coca (PER), Antonio Turok (MEX/USA), Martín Di Girolamo (ARG),Vera Martins (BRA), Carolina Simón (ARG/MEX), Claudia Joskowicz (BOL/USA), Serena Vargas (BOL), José Ballivián (BOL), Marcelo Masagão (BRA) 39.Otros relatos INSTALAÇÃO Memórias e Argüelles Vigo BIENALSUR, Argentina/ Esquecimentos (PER) y Nicolás Marina Buenos Aires Robbio (ARG) Aguerre (ARG) MHN – Museu e Diana Histórico Wechsler Nacional (ARG) Km 4,4 28/06/2019 03/09/2019 40.Ópera INSTALAÇÃO Memórias e Voluspa Jarpa BIENALSUR, Argentina/ Emancipatori Esquecimentos (CHL) Marina Buenos Aires a Aguerre (ARG) Museu e Diana Histórico Wechsler Nacional de (ARG) Cabildo e a Revolução de Maio Km 4,9 28/06/2019 03/09/2019 41.PIRAS. EXPOSIÇÃO Memórias e Malena Pizani BIENALSUR, Argentina/ Historias de Esquecimentos (ARG), Hernán Florencia Buenos Aires brujas Soriano (ARG), Battiti (ARG) Parque da Laura Códega Memória- (ARG). Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado Km 9,2 29/06/2019 13/10/2019 42.Choque EXPOSIÇÃO Memórias e Dora Longo Bahia BIENALSUR, Argentina/ 2019 Esquecimentos (BRA) Florencia Buenos Aires Battiti (ARG) Parque da Memória- Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado Km 9,2 29/06/2019 13/10/2019 43.Una INTERVENÇÃO Modos de ver/ Cristian Chironi BIENALSUR, Argentina/ maqueta Homenagens (ITA) Benedetta Buenos Aires com jirafas Casini (ITA) Casa Victoria Ocampo Km 5,7 23/07/2019 01/10/2019 44.Cadáveres EXPOSIÇÃO Memórias e Nicola Costantino BIENALSUR, Argentina/ exquisitos ASSOCIADA Esquecimentos (ARG), Leandro Fernando Buenos Aires Katz (ARG), Daniel Farina (ARG) Arte X Arte – Santoro (ARG), Fundación Daniel Ontiveros Alfonso y Luz (ARG), Martín Castillo Weber (ARG), Km 9 Graciela Taquini 13/07/2019 (ARG), Noemí 24/08/2019 Escandell (ARG), Lucas Turturro (ARG) 45.L’anamorpho INTERVENÇÃO Modos de ver/ François Abélanet BIENALSUR, Argentina/ se. Homenagens (FRA) Liliana Piñero Buenos Aires Homenaje a (ARG) Sitio Histórico Marcel Duchamp Duchamp Km 4,3 Permanente 46.Intervención INTERVENÇÃO Modos de ver/ Mariela Yeregui BIENALSUR, Argentina/ Duchamp/ Homenagens (ARG) e Gabriela Liliana Piñero Buenos Aires BA Golder (ARG) (ARG) Sitio Histórico Duchamp Km 4,3 Permanente 47.Parque INSTALAÇÃO Arte e Ciência Leonello Zambón BIENALSUR, Argentina/ paradigma (ARG) Diana Buenos Aires Wechsler Museu de (ARG) Artes Plásticas Eduardo Sívori Km 8,3 17/10/2019 - 48.Hades em INTERVENÇÃO Modos de ver Leila Tschopp BIENALSUR, Argentina/ demora (ARG) Liliana Piñero Buenos Aires (ARG) Complejo Teatral de Buenos Aires – Hall del Teatro Municipal General San Martín Km 3,3 09/08/2019 01/09/2019 49.Bordes, AÇÃO/ Arte e Ação Mariela Yeregui Mariela Argentina/ todas las EXPOSIÇÃO Social (ARG), Marlin Yeregui (ARG) Buenos Aires utopías son Velasco MUNTREF deprimentes (ARG/VEN) Centro de Arte # e Ciência Km 16 Não consta data 50.Invadir/Resis EXPOSIÇÃO Arte e Ciência/ Mariela Yeregui Susan Argentina/ tir Arte e Natureza (ARG), Guadalupe Campos (CRI) Buenos Aires Chávez (ARG), MARQ – Johnatan Torres Museu de (CRI) Claudia Arquitetura e Valente (ARG) Design “Julio Pablo Cosentino Keselman” (ARG) José María Km 2,2 D’Angelo (ARG) 23/06/2019 31/08/2019 51.Conciertos CONCERTO Modos de ver Integra a Ricardo del Argentina/ de Música programação Farra (ARG) Buenos Aires Visual en “Novembro Planetario Fulldome – Eletrônico” Centro Galileo Galilei UVM 2019 Cultural San Martín Km 5,4 22/11/2019 23/11/2019 52.El Museo INTERVENÇÃO Arte e Espaço Diego Bianchi, BIENALSUR, Argentina/ abandonado Público Martín Carrizo, Liliana Piñero Córdoba Noelia Correa, e Diana Bairro Obrero Colectivo Primitivo: Wechsler Kronfuss Noel De Cándido e (ARG) Km 705 Noé 13/06/2019 Colombo (ARG) 21/09/2019

53.Laberinto INSTALAÇÃO Arte e Natureza/ Alejandro BIENALSUR, Argentina/ Paisagens Chaskielberg Florencia Córdoba (ARG) Battiti (ARG) Fotogaleria a ceu aberto – Museu Evita Palacio Ferreyra Km 707,5 13/06/2019 01/09/2019 54. Escuela de AÇÃO Questões de NÃO CONSTA Kakena Argentina/ maestras # Gênero Corvalán Córdoba (ARG) e Cidade Gabriela Universitária Larrañaga de Córdoba Km 709 Não consta data 55.Entre Otras EXPOSIÇÃO Questões de Margarita Ariza BIENALSUR, Argentina/ Gênero (COL), Claudia Benedetta Córdoba Coca (PER), Casini (ARG) Claudia Casarino (PRY), Diana Centro Gardeneira Cultural (ECU/CRI), María Córdoba José D’Amico Km 710 (ARG), Zoitsa 13/06/2019 Carolina Noriega 01/09/2019 (COL), Katia Sepúlveda (CHL), Fatima Pecci (ARG), María Daniela Rojas (COL) e Mercedes Azpilicueta (ARG) 56. EXPOSIÇÃO Memórias e Esteban Álvarez BIENALSUR, Argentina/ Desviacione Esquecimentos (ARG), Robert Fernando Córdoba s Cahen (FRA), Farina (ARG) Museu Palácio Miguel Chevalier Dionisi (FRA), Nicola Km 707 Costantino (ARG), 13/06/2019 Arnaud Dezoteux 21/09/2019 (FRA), Rodrigo Etem (ARG), Victoria Fermani Loekemeyer (ARG, Angelica Markul (POL/FRA), Liliana Porter (ARG), Paola Sferco (ARG), Lila Siegrist (ARG) y Gabriel Valansi (ARG) 57. Una EXPOSIÇÃO Memórias e RES (ARG) NÃO CONSTA Argentina/ memoria ASSOCIADA Esquecimentos Córdoba tosca MEC - Museu Provincial de Belas Artes Emilio Caraffa Km 707,2 13/06/2019 - 58. (+) EXPOSIÇÃO Dimensões Carolina Andreetti María Laura Argentina/ MUNDOS (-) cotidianas/ (ARG), Corina Rodríguez Córdoba IMPOSIBLE Futuros Arrieta (ARG), Mayol (ARG), MEC - Museu S Possíveis Natalia Carrizo Jorge Provincial de (ARG), Romina Cordonet Belas Artes Casile (ARG), (ARG) e Ana Emilio Caraffa Chiachio & Raviña (ARG) Km 707,2 Giannone (ARG), 13/06/2019 Mariana Collares 01/09/2019 (BRA), León Ferrari (ARG), Vera Grión (ARG), Macos López (ARG), Liliana Maresca (ARG), Luis Pazos (ARG), Juan Carlos Romero (ARG) y Tamara Stuby (USA/ARG) 59.Abrazar lo PERFORMANCE Memórias e Romina Casile Ana Raviña Argentina/ entrañable Esquecimentos (ARG) (ARG) Jorge Córdoba Cordonet MEC - Museu (ARG) María Provincial de Laura Belas Artes Rodríguez Emilio Caraffa Mayol (ARG) Km 707,2 13/06/2019 01/09/2019 60.Maratón AÇÃO Modos de ver Jorge Macchi Sebastián Argentina/ (ARG) y Edgardo Tedesco Mar del Plata Rudnizky (ARG) (ARG) e MAR – Museu Mariano Luna de Arte (ARG) Contemporâne a da Província de Buenos Aires Km 411 13/07/2019 - 61.Desviacione EXPOSIÇÃO Memórias e Esteban Álvarez BIENALSUR, Argentina/ s Esquecimentos (ARG), Robert Fernando Mendoza Cahen (FRA), Farina (ARG) Espaço de Miguel Chevalier Fotografia (FRA), Nicola Máximo Arias Costantino (ARG), Km 1.061 Arnaud Dezoteux 26/07/2019 (FRA), Rodrigo - Etem (ARG), Victoria Fermani Loekemeyer (ARG, Angelica Markul (POL/FRA), Liliana Porter (ARG), Paola Sferco (ARG), Lila Siegrist (ARG) y Gabriel Valansi (ARG) 62.Después del EXPOSIÇÃO Dimensões Denise Gadelha BIENALSUR, Argentina/ futuro. cotidianas/ (BRA), Cildo Fernando Neuquén Imágenes Futuros Meireles (BRA), Farina (ARG) Museu para Possíveis Ana Paula Oliveira Nacional de recomponer (BRA), Berna Reale Belas Artes de la relación (BRA), Gabriel Neuquén sociedad/nat Valansi (ARG), Bill Km 1.142 uraleza Viola (USA) 23/07/2019 22/09/2019 63.Desviacione EXPOSIÇÃO Memórias e Esteban Álvarez BIENALSUR, Argentina/ s Esquecimentos (ARG), Robert Fernando Neuquén Cahen (FRA), Farina (ARG) Museu Miguel Chevalier Nacional de (FRA), Nicola Belas Artes de Costantino (ARG), Neuquén Arnaud Dezoteux Km 1.142 (FRA), Rodrigo 23/07/2019 Etem (ARG), 15/09/2019 Victoria Fermani Loekemeyer (ARG), Angelika Markul (POL/FRA), Liliana Porter (ARG), Paola Sferco (ARG), Lila Siegrist (ARG) y Gabriel Valansi (ARG) 64.Dos museos EXPOSIÇÃO Modos de ver León Ferrari (ARG), Tício Escobar Argentina/ y un río ASSOCIADA Graciela Sacco (PRY) Rosário (ARG); Ananké Macro - Museu Asseff (ARG), de Arte Antonio Berni Contemporâne (ARG), Enio a de Rosário Iommi(ARG), 05/06/2019 Guillermo Kuitca 22/09/2019 (ARG), David Lamelas(ARG), Guadalupe Miles (ARG), Antonio Seguí (ARG), Edgardo Vigo (ARG), Marco Bainella (ARG), Diego Melero (ARG), Feliciano Centurión (PRY), Víctor Grippo, Jorge Gamarra y A. Rossi (ARG), Daniel García (ARG), Jorge Macchi (ARG), Antonio Pedone (ITA), Hugo Aveta (ARG), Marcelo Brodsky (ARG), Fernando Fader (FRA), Nicolás García Uriburu (ARG), Marta Minujín (ARG), Juliana Stein (BRA), Horacio Zabala (ARG), Joaquín Boz (ARG), Carlos Herrera (ARG), Goya (ESP), Cristina Piffer (ARG), Luis Fernando Benedit(ARG), Emilia Bertolé (ARG), Oscar Bony (ARG), Nicola Costantino (ARG), José de Ribera (ESP), Grete Stern (DEU/ARG), Graciela Taquini (ARG 65.Desilusiones INSTALAÇÃO Memórias e Leo Nuñez (ARG) BIENALSUR, Argentina ópticas Esquecimentos Marina Rosário Aguerre (ARG) Museu da Memória Km 306 05/06/2019 04/08/2019 66.Burladero INSTALAÇÃO Memórias e Esteban Álvarez BIENALSUR, Argentina Esquecimentos (ARG) Marina Rosário Aguerre (ARG) Museu da Memória Km 306 05/06/2019 28/08/2019 67.Nosotros/ INSTALAÇÃO Arte e Espaço Eduardo Basualdo BIENALSUR, Argentina Nosotros Público (ARG) Fernando Rosário Farina (ARG) Parque e Liliana Independência Piñero (ARG) Km 305,7 05/06/2019 30/11/2019 68.Ensayos EXPOSIÇÃO Memórias e Tnani Ali (TUN), BIENALSUR, Argentina sobre el Esquecimentos Chen chieh-jen Marina Rosário trabajo (CHN), Rogelio Aguerre (ARG) CCPE - Centro López Cuenca e Liliana Cultural (ESP), Diego Masi Piñero (ARG) Parque (URY), Federico Espanha Mattioli (ARG), Km 304,5 Yohnattan Mignot 06/06/2019 (URY), Antonella 28/08/2019 Aparicio (ARG), Karla Buzó (ARG) Duygu Nazli Akova (TUR), Catalina Sosa (ARG) y Viviana Zargón (ARG) 69.Recuperemo EXPOSIÇÃO Memórias e Agostina Proyecto NUM Argentina s la Esquecimentos Lombardo, Ana (ARG) Rosário imaginación Gallardo, Andrea CEC - Centro para cambiar Trotta, Ariadna de Exprexões la historia Lasser, Asolar Contemporâne (Proyectorazo), as Azul Cooper, Km 305 Camila García 06/06/2019 Reyna, Carla 28/08/2019 Nastri, Carola Gentile, Catalina Barberis, Confite Producciones, Cromoactivismo, Dafna Alfie, Diego Oyola, Diego Stevanka, Fátima Pecci Carou, Federico Hurtado, Florencia Tagliabue, Gabriela Cabezón Cámara, Gonzalo Sánchez Iglesias, Inés Temperley, Inmensidades, Jael Caiero, Laura Jakulis, Lucía de la Torre, Luciano Gualda, Lucía Prieto, María Sol Gosmaro, Marina Btesh, Valeria Budasoff, Myriam Jawerbaum y Viviana Romay, Marlene Wayar, Marta Dillon y Virginia Cano, Melisa Scarcella, Mirta Beatriz Albornoz, Nicolás Pezzola, Nina Kunan, Nina y Margarita Corti, Rocío Fernández Collazo, Valentina Mariani, Valeria Dranovsky 70.Curvilíneos INSTALAÇÃO Modos de ver/ Noemí Escandell Projeto Argentina ASSOCIADA Homenagens (ARG) associado Rosário CEC - Centro de Expressões Contemporâne as Km 305 06/06/2019 - 71.Documental INSTALAÇÃO NÃO CONSTA Reza Deghati BIENALSUR Argentina/ es (IRN/FRA), Maxim Diana Rio Grande BIENALSUR Holland (PER), Wechsler Centro Charly Nijenshon (ARG) Sociocultural (ARG/DEU), Walter Eduardo Srur Buscemi (BRA), Christian Km 2.899 Boltanski (FRA), 19/05/2019 Angelika Markul 08/10/2019 (POL/FRA) e Katuhiko Hibino (JPN). 72.Museo de INTERVENÇÃO Arte e Espaço Arnaud Cohen Zoe BIENALSUR Argentina/ Arte Digital a Público Leonard (USA) Diana Rio Grande cielo abierto Stephanie Wechsler MFA - Museu Pommeret (FRA) (ARG) Fueguino de Carolina Barros Arte - Centro (CHL) Benna Cultural Gaean Maris (ITA) Yaganes Mikio Saito (JPN) Km 2.984 Khalil Charif (BRA) 19/05/2019 Marianne Majluf 08/10/2019 (PER) Gabriel Sasiambarrena (ARG) Flávio Cro (BRA) Alican Durbaş (TUR) Adriana Spasiano (ARG) Federico Lucas Kohn (ARG) Patricia Londoño (COL) Alejandro Ramírez (COL) Frank Lahera O’Callaghan (CUB) Edith Coka (COL) Julio Urbina Rey (PER) Christian Becerra (MEX) Mariella Sola (CHL) 73. El EXPOSIÇÃO Memórias e Gustavo Groh BIENALSUR Argentina/ agua que Esquecimentos (ARG) Diana Rio Grande apagó el Wechsler MFA – Museu fuego (ARG) Fueguino de Arte – Centro Cultural Yaganes Km 2.984 20/05/2019 08/10/2019 74. Paisaje EXPOSIÇÃO Arte e Natureza Berna Reale (BRA), BIENALSUR Argentina/ s entre Lia Chaia (BRA), Diana Rio Grande paisajes Gabriela Golder Wechsler MFA – Museu (ARG), Angelika (ARG) Fueguino de Markul, (POL), Arte – Centro Dora Longo Bahía Cultural (BRA), Carla Yaganes Zacagnini Km 2.984 (ARG/BRA), 20/05/2019 Matilde Marin 08/10/2019 (ARG), Graciela Taquini (ARG) con Gabriela Larrañaga (ARG), Teresa Puppo (URY) y Anabel Vanoni (ARG) 75. Dos, EXPOSIÇÃO Memórias e Esteban Álvarez BIENALSUR Argentina/ tres, muchas Esquecimentos (ARG) Diana Rio Grande Wechsler MFA - Museu (ARG) Fueguino de Arte - Centro Cultural Yaganes Km 2.984 20/05/2019 08/10/2019 76.Hombres INTERFERÊNCIA Memórias e Marcelo Masagão BIENALSUR, Argentina blancos Esquecimentos (BRA) Marina San Isidro Aguerre (ARG) Museu Pueyrredón Km 21 29/06/2019 27/10/2019 77.El cuerpo del EXPOSIÇÃO Modos de ver/ Bill Viola (USA) Marcello Argentina tiempo Homenagens Dantas (BRA) San Juan MPBAFR – Museu Provincial de Belas Artes Franklin Rawson Km 1.133 21/06/2019 29/09/2019 78.Entre EXPOSIÇÃO Modos de ver Chiara Banfi (BRA), BIENALSUR, Argentina sentidos Cecilia Ivanchevich Benedetta Tucumán (ARG), Cecilia Casini (ARG) MUNT - Catalín (ARG), Museu da Camila Maya Universidade (COL), Ana Mance Nacional de (ARG), Ana Maria Tucumán Morillo (COL), Km 1.222 Duygu Nazli Akova 24/05/2019 (TUR), Maria Jesús 15/09/2019 Roman (CHL), Sebastián Tedesco (ARG), Bruno Mesz (ARG), Joaquín Aras (ARG) y Eugenia Calvo 79.Transmodali AÇÃO Imaginação do Sebastián Tedesco BIENALSUR, Argentina dad, ciencia Futuro/ (ARG), Bruno Mesz Benedetta Tucumán y poética de Dimensões (ARG) e Mateo Casini (ARG) MUNT - los sentidos Cotidianas Carabajal (ARG) Museu da Universidade Nacional de Tucumán Km 1.222 23/05/2019 - 80.En primera INTERVENÇÃO Memórias e Juan Carlos Carlota Argentina persona SONORA Esquecimentos Iramain e Gaspar Beltrame Tucumán Nuñez (ARG) (ARG) Museu Provincial de Belas Artes Timoteo Navarro Km 1.221 24/05/2019 23/06/2019 81.Otra ella EXPOSIÇÃO Memórias e Nicola Constantino BIENALSUR Argentina ASSOCIADA Esquecimentos (ARG) Fernando Tucumán Farina (ARG) Museu Provincial de Belas Artes Timoteo Navarro Km 1.221 24/05/2019 23/06/2019 82. Heroinas EXPOSIÇÃO Trânsitos e Eduardo Longoni BIENALSUR, Argentina migrações (ARG), Ed Shaw Diana Tucumán (USA/ARG), Omar Torres (MEX), Wechsler Museu Adriana Lestido (ARG) Provincial de (ARG), Zulema Belas Artes Maza (ARG), Timoteo Annemarie Heinrich Navarro (DEU/ARG), Leila Km 1.221 Aloui (FRA/MAR), 24/05/2019 Carolina Antoniadis 23/06/2019 (ARG), Mariana Schapiro (ARG), Claudia Casarino (PRY), Voluspa Jarpa (CHL) y Stephanie Pommeret (FRA). 83.Turn EXPOSIÇÃO Arte e Ação Katsuhiko Hibino BIENALSUR Argentina Social (JPN) Tucumán Museu Provincial de Belas Artes Timoteo Navarro Km 1.221 05/07/2019 19/08/2019 84.Tenemos el INSTALAÇÃO Memórias e Marie Orensanz BIENALSUR, Argentina poder de Esquecimentos (ARG/FRA) Diana Tucumán elegir Wechsler Centro (ARG) Cultural Juan B. Terán Km 1.223 24/05/2019 - 85.Un cierto EXPOSIÇÃO Modos de ver Carlos Aguilera, Jesús Micó Argentina panorama, Carlos Alba, (ESP) Tres de reciente Alfonso Almendros, Febrero fotografía de Bego Antón, Javier MUNTREF autor en Arcenillas, Israel Artes Visuales España Ariño, Rafael sede Caseros Arocha, Teo Barba, I David Barreiro, Km 20,2 Patricia Bofill, 28/06/2019 Nacho Caravia, Jon 15/09/2019 Cazenave, Ivan Clemente, Irene Cruz, Tiago da Cruz, Isra Cubillo, Fabio Cunha, Alejandro Dueñas, Alberto Feijoo, Albero Franco Díaz, Jorge Fuenbuena, Andrés Galeano, Carlos García Martínez, Mª José García Piaggio, Antonio González Caro, Elisa González Miralles, Olmo González, Jon Gorospe, Javier Hirschfeld, David Hornillos, Mara León, Miquel Llonch, Amador Lorenzo, Jesús Madriñán, Mar Martín, Marta Martínez Corada, Fernando Maselli, Daniel Mayrit, David Mocha, María Moldes, Jesús Monterde, Bernardita Morello, Antonia Moreno, Miguel Ángel Moreno Carretero, César Ordoñez, Miren Pastor, Paco Poyato, Juanan Requena, Mar Sáez, David Salcedo, Pachi Santiago, Michele Tagliaferri, Manu Trillo y Yosigo. 86.BIENALSUR AÇÃO Arte e Ação Reza Deghati BIENALSUR, Argentina/ Realidad Social (IRN/FRA), Maxim Diana Ushuaia Aumentada Holland (PER), Wechsler Escola Puerto Charly Nijenshon (ARG) Almanza "44 (ARG/DEU), Héroes del Eduardo Srur Submarino (BRA), Christian ARA San Boltanski (FRA), Juan" Angelika Markul Km 3.055 (POL/FRA) e 21/05/2019 Katuhiko Hibino 08/10/2019 (JPN). 87. La mirada INSTALAÇÃO Arte e Natureza/ Pablo La Padula BIENALSUR Argentina/ que Arte e Ciência Diana Ushuaia construye Wechsler Museu do Fim mundo (ARG) do Mundo - Ex Banco Nación Km 3.101 20/05/2019 08/10/2019 88. Arte y EXPOSIÇÃO Modos de ver Anna Bella Geiger BIENALSUR, Argentina/ territorio # (BRA), Jean- Diana Ushuaia Christophe Norman Wechsler Museu do Fim (FRA) e Mariana (ARG) do Mundo – Telleria (ARG) Antiga Casa do Governo Km 3.102 Não consta data 89. Dos, tres, EXPOSIÇÃO Memórias e Esteban Álvarez BIENALSUR, Argentina/ muchas Esquecimentos Ushuaia

Diana Museu Pensar Wechsler Malvinas (ARG) Km 3.102 20/05/2019 08/10/2019 90. Banderas INTERVENÇÃO Arte e Espaço Christian Boltanski Uma Argentina/ del fin del Público (FRA), Voluspa instalação Ushuaia mundo Jarpa (CHL), iniciada pela Aeroclub Mariana Tellería Colección Ushuaia (ARG) e Fundación Km 3.102 Magdalena Jitrik Cartier pour I’ 19/05/2019 (ARG) art 08/10/2019 contemporain Paris a partir de uma ideia de Christian Boltanski (FRA) e Diana Wechsler (ARG) 91.¡Activísimo! AÇÃO Arte e Ação Iván Argote (COL) BIENALSUR, Benin/ Social Diana Cotonou Wechsler Fundación (ARG) Zinsou Km 7.827 01/07/2019 05/07/2019 92.Fricciones INSTALAÇÃO Memórias e Mariela Scafati BIENALSUR, Bolívia/ Esquecimentos Enrique Ježik Juan Fabbri Potosí (ARG) Claudia (BOL) e Casa Nacional Coca (PER) Serena Fernando da Moeda Vargas (BOL) Farina (ARG) Km 2.151 Marcelo Masagão 16/08/2019 (BRA) Airson 31/10/2019 Eraclito (BRA) Santiago Contreras (BOL) Coco Lasso (ECU) 93.Fricciones INSTALAÇÃO Memórias e José Ballivián BIENALSUR, Bolívia/ Esquecimentos (BOL), Iván Fernando La Paz Cáceres (BOL), Farina (ARG) Museu Claudia Coca Juan Fabbri Nacional de (PER), Ayrson (BOL) Arte Héraclito (BRA), Km 2.651 Enrique Ježik 10/09/2019 (ARG/MEX), Yola 31/10/2019 Mamani (BOL), Marcelo Masagão (BRA), Beatriz Millón Sánchez (MEX), José Carlos Romero (ARG), Graciela Sacco (ARG), Mariela Scafati (ARG), Antonio Turok (MEX/USA) 94. Fricciones INSTALAÇÃO Memórias e Alejandra Alarcón BIENALSUR, Bolívia/ Esquecimentos (BOL/MEX), Juan Fabbri La Paz Enrique Ježik (BOL) e (ARG/MEX), Yola Fernando Centro Mamani (BOL), Farina (ARG) Cultural da Mariela Scafati Espanha em (ARG), Katia La Paz Sepúlveda (CHL) Km 2.652 08/08/2019 30/11/2019 95. Ni PERFORMANCE Questões de Mariela Scafati NÃO CONSTA Bolívia/ verdaderas Gênero La Paz ni falsas Centro Cultural da Espanha em La Paz Km 2.652 19/08/2019 - 96.Ecos de EXPOSIÇÃO Memórias e Denise Gadelha NÃO CONSTA Brasil/ memorias Esquecimentos (BRA) Porto Alegre póstumas Centro Cultural da UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul 08/06/2019 11/11/2019 97.Draw me a INTERVENÇÃO Arte e Espaço Alessandro Mendini Uma Brasil/ flag. Público (ITA), Anna Mariani instalação Rio de Janeiro Colección (BRA), Beatriz iniciada pela FGV – Fundación Milhazes (BRA), Colección Fundação Cartier pour Bernard Piffaretti Fundación Getúlio Vargas I’ art (FRA), Charwei Cartier pour I’ Km 2.486 contemporai Tsai (TWN), art 17/07/2019 n Paris Claudia Andujar contemporain 31/10/2019 (BRA), Clemente Paris a partir Juliuz (PRY), Davi de uma ideia Kopenawa (BRA), de Christian Didier Marcel Boltanski (FRA), Fei Dawei (FRA) (CHI), Franck Scurt (FRA), Gao Shan (CHI), Hélène Delprat (FRA), Hu Liu (CHI), Hugues Reip (FRA), Iran (dessinateur Huni Kui) (BRA), Jean- Baptiste Bruant (FRA), Joseca (PRY), Leslie Wayne (GER), Macha Makeïeff (FRA), Marc Couturier (FRA), Marc Newson (AUS), Marie Darrieussecq (FRA), Michel Temman (FRA), Moebius (FRA), Monique Frydman (FRA), Nobuyoshi Araki (JPN), Osvaldo Pitoe (PRY), Rinko Kawauchi (JPN),Roland Lehoucq (FRA), Tim Hawkinson (USA) 98.Factors 6.0. EXPOSIÇÃO Arte e Ciência Leo Nuñez (ARG), Nara Cristina Brasil/ Luz_energía Marlin Velasco Santos (BRA) Santa Maria (ARG), Luiz Duva e Mariela Universidade (BRA), Rosangella Yeregui (ARG) Federal de Leote (BRA), Santa Maria Gabriel Gendin Km 1.055 (ARG), Raquel 28/08/2019 Fonseca (BRA), 30/08/2019 Sabrina Barrios (BRA), Sandra Rey (BRA) e Gisela Biancalana (BRA) 99. Cerca de EXPOSIÇÃO Modos de ver/ Cildo Meireles Juliana Gontijo Chile/ lejos Homenagens (BRA) (BRA) Cerrillos Centro Nacional de Arte Contemporâne a Cerrillos Km 1.613 20/07/2019 20/10/2019 100. Primer PERFORMANCE Memórias e Katia Sepúlveda Carolina Chile/ feminario Esquecimentos (CHL) Herrera Águila Santiago crítico, (CHL) Centro laboratorio Cultural abierto / Matucana 100 Tecno-Clase Km 1.603,4 a la xeno- 17/07/2019 clase, 20/07/2019 lecture Performance s 101. Presencias INTERVENÇÃO Memórias e Graciela Sacco BIENALSUR, Chile/ Esquecimentos (ARG) Diana Santiago Wechsler e Museu da Fernando Memória e dos Farina (ARG) Direitos Humanos Km 1.603,2 19/07/2019 04/08/2019 102. Si tu EXPOSIÇÃO Modos de ver/ Martha Rosler Mariagrazia Chile/ vivieras Homenagens (USA) Muscatello Santiago aquí (ITA) e MAC - Museu Montserrat de Arte Rojas Corradi Contemporâne (CHL) a Universidade do Chile Km 1.603 25/07/2019 13/10/2019 103. Recordar INTERFERÊNCIA Questões de Elda Cerrato Gloria Cortés Chile/ un signo. Gênero (ITA/ARG) Aliaga (CHL) Santiago Elda Museu Cerrato Nacional de [1972- Belas Artes 1973] Km 1.588 08/08/2019 27/10/2019 104. Travesía 0 EXPOSIÇÃO Dimensões Eugenia Calvo BIENALSUR, Chile/ y otros cotidianas Henry Serrano Fernando Valparaíso sueños Andrea Ostera Inti Farina (ARG) CENTEX – Pujol (ARG) Centro de Soledad Aguirre Extensão do (CHL) Romina Ministério das Castiñeira (ARG) Culturas, das Ángela Cura (CHL) Artes e Patrimônio Km 1.678 09/08/2019 24/11/2019 105. Peso EXPOSIÇÃO Modos de ver Valeria Traversa NÃO CONSTA Colômbia/ específico (ARG) Bogotá ARTBO – Salas Sede Kennedy Km 5.650 27/07/2019 27/09/2019 106. Del otro INSTALAÇÃO Arte e Espaço Betsabeé Romero BIENALSUR, Colômbia/ lado del Público (MEX) Diana Bogotá estigma Wechsler MAMBO – (ARG) Museu de Arte Moderna de Bogotá Km 5.658 27/07/2019 06/10/2019 107. Juntos EXPOSIÇÃO/ Trânsitos e Adrián Preciado Alex Brahim Colômbia/ aparte INTERFERÊNCIA Migrações (VEN), Antonio (COL) Cúcuta Caro (COL), Biblioteca Alexandra Gelis y Pública Julio Jorge Lozano Pérez Ferrero, (VEN/COL), Centro Alexandra Morelli Cultural Quinta (COL), Amparo Teresa, Torre Cárdenas (COL), do Relógio e Ana Montenegro Museu (COL), Ana Teresa Centenário Torres (VEN), Norte do Andrés Duplat Santander (COL), Angie Km 4.956 Jácome (COL), 28/09/2019 Andrés Moreno 16/11/2019 Hoffmann (COL), Avelino Sala (ESP), Azahara Cerezo (ESP), Beatriz González (COL), Betsabeé Romero (MEX), Boaventura de Sousa Santos (PRT), Calentado Producciones (COL), Carlos Martiel (CUB), Carlos Saladen (VEN), Carlos Zerpa (VEN), Carmen Ludene (COL), Ciprian Homorodean (ROU), Dan Perjovschi (ROU), Daniel Arévalo (COL), Daniela Ortiz (PER), David Grimaldos (COL), Diana Villamizar (VEN), Eduardo Espinel (VEN), El Validadero Artístico (COL), Esperanza Mayobre (VEN), Esperanza Paredes (COL), Francesc Ruiz Abad (VEN), Gabriel Castillo (COL), Gabriela Rangel (VEN), Giuliana Racco (CAN), Glenda León (CUB), Grecia Quintero (COL), Iván Candeo (VEN), Javier Téllez (VEN), Jaime Martínez “Pekoz” (COL), Jonathan Carrero (VEN), Jorge García (ESP), José Luis Gelvez (COL), José Luis Zúñiga y María Villacorta (ESP), Juan Carvajal Franklin (COL), Juan Pablo Echeverri (COL), Julio Armando Ortiz (COL), Kenny Sanguino (COL), Khaled Jarrar (PSE), Kimsooja (KOR), Lester Rodríguez (HND), Luis Camnitzer (URY), Luis Miguel Brahim (COL), Luis Molina-Pantín (VEN/CHL), Luis Robayo (COL), Marcelo Brodsky (AR), Marcos Ávila Forero (FRA/COL), María Belén Hernández (COL), Maria Gruzdeva (RUS), Mario Zambrano (COL), Mauricio Sánchez (COL), Melle Smets (NLD), Nadia Granados (COL), Natalia Castillo (COL), Nicolás Cadavid (COL), Núria Güell (ESP), Noemí Vega (COL), Ñukanchik (ECU), Oier Gil (ESP), Oscar Iván Roque (COL), Pablo Helguera (MEX), Paola Cañizares (COL), PSJM (ESP), Radenko Milak (BIH), Ramón Mateos (ESP), Richard Moncada (VEN), Rolando Cerón (COL), Samir Quintero (COL), Santiago Vélez (COL), Sebastián Delgado (COL), Sergio Durán “Bayo” (COL/VEN), Taller el Hueco – Jorge Hernández y Rosa Julia Carrillo (COL), Teresa Margolles (MEX), Timea Oravecz (HUN), Verena Malgarejo Weinandt (DEU/BOL), Víctor Castillo (CHL), Wilmer Useche (COL), Yael Bartana (ISR), Yu- Wen Wu (TWN). 108. Invadir/Res EXPOSIÇÃO Arte e Ciência/ Johnatan Torres NÃO CONSTA Costa Rica/ istir Arte e Natureza (CRI) e Claudia San José Valente (ARG) Casa Canibal – Centro Cultural da Espanha na Costa Rica Km 6.264 03/10/2019 25/11/2019 109. Utopías y EXPOSIÇÃO Arte e Natureza Arnaud Cohen Zoe BIENALSUR, Equador/ distopías Leonard (USA) Fernando Guaiaquil en el Paul Rosero Farina (ARG) MAAC – paisaje Contreras Robert e Marina Museu de contempor Cahen Andrea Aguerre (ARG) Arqueologia e áneo Ostera Carolina Arte Barros (CHL) Berna Contemporâne Reale (BRA) a Viviana Blanco Km 5.438 (ARG) Marcos 14/11/2019 Bonisson (BRA) 02/02/2020 Pablo-Martín Córdoba (FRA) Mónica de Miranda (PRT) Alice Miceli (BRA) Beatriz Millón Sánchez (MEX) José M. Ramírez (VEN) Danielle Spadotto (BRA) Guido Yannitto (ARG) Denise Gadelha (BRA) Khalil Charif (BRA) 110. Temps de EXPOSIÇÃO Memórias e Nora Ancarola Joan Minguet Espanha/ Plom i Esquecimentos (ARG/ESP) Batllori Barcelona Plata. Centro de Arte Derives Maristany Obligades Km 10.442 09/05/2019 28/07/2019 111. Panóptico_ EXPOSIÇÃO Memórias e Nora Ancarola Valentín Roma Espanha/ frontera Esquecimentos (ARG/ESP) (ESP) Barcelona 601 La Virreina Centro da Imagem Km 10.440 20/07/2019 20/10/2019 112. Yendo, EXPOSIÇÃO Memórias e Rogelio López Manolo Borja Espanha/ leyendo, ASSOCIADA Esquecimentos Cuenca (ESP) (ESP) Madri dando MNCARS – lugar Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia Km 10.048 03/04/2019 26/08/2019 113. Infinitud. EXPOSIÇÃO Dimensões Lida Abdul Nekane Espanha/ Colección cotidianas/ (AFG/USA), Irene Aramburu Palma de es Baluard Futuros de Andrés (ESP), (ESP) e Diana Maiorca Possíveis Robert Cahen Wechsler Es Baluard (FRA), Bouchra (ARG) Museu de Arte Khalili (MAR/DEU), Moderna e Marcellvs L Contemporâne (BRA/DEU), a de Palma Michael Najjar Km 10.354 (DEU), Francisco 27/06/2019 Ruiz de Infante 24/10/2019 (ESP), Bernardí Roig (ESP), Amparo Sard (ESP), Javier Vallhonrat (ESP), Marcelo Viquez (URY/ESP), Wolf Vostell (DEU); entre otros. 114. Cubo INTERVENÇÃO Trânsitos e Lois Weinberger NÃO CONSTA França/ Salvaje Migrações (AUS) Besançon Frac Franche- Comté Km 11.093 Não consta data 115. Aquí y INSTALAÇÃO/ Modos de ver María Maggiori Diego Jarak França/ ahora/ Ici AÇÃO (ARG) y Julia (ARG) La Rochelle et Suero (ARG/FRA) Centro maintenant Intermondes Km 10.625 24/06/2019 15/09/2019 116. Mucha EXPOSIÇÃO Trânsitos e Rodolphe Huguet NÃO CONSTA França/ suerte, Migrações (FRA) Marselha Buen Frac viento Provença- Alpes-Costa- Azul Km 11.022 23/03/2019 22/09/2019 117. Desde el INTERVENÇÃO Trânsitos e Pablo Reinoso BIENALSUR, França/ otro lado Migrações (ARG/FRA) Diana Paris Wechsler Casa da (ARG) América Latina Km 11.066 16/09/2019 23/09/2019 118. Transmerg INTERVENÇÃO Trânsitos e Guillaume Barth BIENALSUR, França/ encia #01 Migrações (FRA) Jingfang Hao Benedetta Sélestat (CHI/FRA) Lingjie Casini (ITA), Frac Alsace Wang (CHI/FRA) Diana Km 11.115 Jochen Kitzbihler Wechsler 18/06/2019 (DEU) Maren (ARG) 15/09/2019 Ruben (FRA/DEU) Capucine Vandebrouck (FRA) 119. Nací EXPOSIÇÃO Trânsitos e Lida Abdul (USA) NÃO CONSTA França/ extranjero Migrações Carlos Aires (ESP) Toulouse Lawrence Abu Les Abattoirs, Hamdan (FRA) Musée - Frac Pilar Albarracín Occitanie (ESP) Lara Toulouse Almarcegui (ESP) Km 10.801 Halil Altindere De março a (TUR) dezembro de 2019 120. La EXPOSIÇÃO/ Trânsitos e Hugo Aveta (ARG) MAC VAL, França/ fascinación RESIDÊNCIA Migrações Alexia Fabvre Vitry-sur-Seine de la BIENALSUR e MAC VAL – grietta BIENALSUR, Museu de Arte Diana Contemporâne Wechsler a de Val-de- Marne Km 11.020 04/10/2019 05/01/2020 121. Ulises PROJEÇÃO Trânsitos e Eduardo Stupía BIENALSUR Itália/ inmigrante. Migrações (ARG) Roma Uma MAXXI – fantasía Museu gráfica Nacional de Arte do Século XXI Km 11.129 20/09/2019 27/09/2019 122. Turn AÇÃO/ EXIBIÇÃO Arte e Ação Katsuhiko Hibino BIENALSUR Japão/ Social Tóquio Universidad Nacional de Bellas Artes y Música de Tokio Km 18.370 01/11/2019 30/11/2019 123. Tapiz, EXPOSIÇÃO/ Trânsitos e Paola Monzillo BIENALSUR, Marrocos/ huellas RESIDÊNCIA Migrações (URY) MAACAL Marrakech uma el BIENALSUR MACAAL – território Musée d’Art Contemporain Africain Al Maaden Km 9.030 15/07/2019 31/08/2019 124. Modos de EXPOSIÇÃO Modos de ver Annabelle Amoros BIENALSUR, México/ ver. Un (FRA), Zineb Diana Puebla ensayo Sedira (FRA), Wechsler Capela de Arte curatorial a Bouchra Khalili (ARG) da partir de la (MAR/FRA), Universidade colección Kapwani Kiwanga das Américas de videos (CAN/FRA), Puebla de los Estefanía Peñafiel Km 7.286 FRACS (ECU/FRA), Fiona 10/10/2019 (Fondos Tan (IDN/NLD), 12/01/2020 Regionales Harun Farocki de Arte (DEU), Democracia Contempor (ESP), Jean- áneo) Christophe Norman (FRA) 125. Border EXPOSIÇÃO Dimensões Edgardo Rudnitzky BIENALSUR, Paraguai/ Music Cotidianas / (ARG) Diana Assunção Futuros Wechsler Fundação Possíveis (ARG) Migliorisi Km 1.281 07/07/2019 - 126. QR: Entre EXPOSIÇÃO Dimensões Patricia Hakim NÃO CONSTA Paraguai/ lo ancestral Cotidianas Assunção y el futuro Centro de Artes Visuais Museu do Barro Km 1.280 06/07/2019 10/08/2019 127. (Re) EXPOSIÇÃO Memórias e N3TO (CHL), Inés Ortega- Peru/ Hilvanando Esquecimentos Fernanda López Márquez Lima el Sur (CHL), Loreto (ESP/CHL) Museo de Arte Carmona (CHL) y de San Felipe Lavin (CHL) Marcos Km 4.413 12/07/2019 27/09/2019 128. Arte y EXPOSIÇÃO Memórias e Anna Bella Geiger BIENALSUR, Peru/ território Esquecimentos (BRA), Lia Chaia Diana Lima (BRA), Gabriela Wechsler Instituto Golder (ARG), Dora (ARG) Cultural Longo Bahia, Peruano (BRA), Carla Norteamerican Zaccagnini (ARG), o Matilde Marín Km 4.414 (ARG); entre otros 12/07/2019 08/10/2019

129. Modos de EXPOSIÇÃO Modos de ver Claudia Coca BIENALSUR, Peru/ ver (PER) Susana Diana Lima Torres (PER) Wechsler ENSABAP – Paloma Alvarez (ARG), Centro (PER) Declinación ENSABAP, Cultural da Magnética (ESP) Carlos Valdez Escola Juan Manuel (PER) e Superior de Espinoza Ysla equipe Belas Artes do (PER) Marco Peru Herrera Fernández Km 4.412 (PER) Robert 13/07/2019 Orihuela (PER) 15/09/2019 Jorge Vinatea Reinoso (PER) Marcelo Zevallos (PER) 130. Dar forma EXPOSIÇÃO Questões de Patricia Camet Giuliana Peru/ al tiempo. Gênero (USA), Lastenia Vidarte (PER) Lima Miradas Canayo (PER), MAC – Museu contempor Nora Carrasco de Arte áneas a la (PER), Aileen Contemporâne cerámica Gavonel (PER), a de Lima precolombi Frances Munar Km 4.410 na (PER), Gianine 13/07/2019 Tabja (PER), - Susana Torres (PER), Agustina Valera (PER), Kukuli Velarde (PER), Alice Wagner (PER) 131. Before EXPOSIÇÃO Modos de ver 84 artistas Anangu NÃO CONSTA Suíça/ Time (AUS) Lens Began – Fundação Kulata Opale Tjuta Km 11.920 09/06/2019 29/03/2020 132. Parcour INSTALAÇÃO Arte e Espaço Leandro Erlich BIENALSUR, Suíça/ culturel Público (ARG), Marie Diana Crans BIENALSU Orensanz Wechsler Montana R - Crans- (ARG/FRA), Pablo (ARG) Fundação Montana Reinoso Opale – (ARG/FRA), Lluís Espaço Lleó (ESP), Público Valentin Carron Km 11.921 (CHE) 08/06/2019 29/03/2020

133. Margen de EXPOSIÇÃO/ Memórias e Aimar Arriola (ESP) Diego del Uruguai/ error AÇÃO Esquecimentos José Manuel Bueso Pozo (ESP) Montevidéu (ESP) Eduardo CCE – Centro Galvagni (ESP) Cultural de Sally Gutierrez España en (ESP) Julia Montevideo Morandeira (ESP) Km 281 Diego del Pozo 25/07/2019 (ESP) Silvia Zayas 30/09/2019 (ESP) 134. Archivo EXPOSIÇÃO Memórias e Michael Bahr BIENALSUR Uruguai/ abierto – Esquecimentos (DEU) Montevidéu La Piedra CCE – Centro Pintada Cultural de España en Montevideo Km 281 25/07/2019 30/09/2019 135. Modos de EXPOSIÇÃO Trânsitos e Bochara Khalili, NÃO CONSTA Uruguai/ ver. Ciclo Migrações Jean-Christophe Montevidéu de Norman, Anna MNAV – videoarte Bella Geiger e Ana Museu BIENALSU Gallardo. Nacional de R Artes Visuais Km 284 24/07/2019 26/10/2019 136. Ópera EXPOSIÇÃO Memórias e Voluspa Jarpa BIENALSUR, Uruguai/ Emancipat Esquecimentos (CHL) Diana Montevidéu oria Wechsler MNAV – (ARG) Museu Nacional de Artes Visuais Km 284 24/07/2019 03/11/2019 137. Memorias EXPOSIÇÃO Memórias e Bernardo Oyarzún Leandro Uruguai/ urgentes Esquecimentos (CHL) con El Machi Martínez Montevidéu Jorge Quilaqueo Depietri (ARG) EAC – Espaço (CHL), Gabriel de Arte Chaile (ARG) e Contemporâne Cristina Piffer a (ARG) Km 290 25/07/2019 17/09/2019