As Mulheres E a Revolução Sandinista: a Construção De Uma Nova Hegemonia
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS NICOLLE MONTALVÃO PEREIRA As Mulheres e a Revolução Sandinista: a construção de uma nova hegemonia Maringá 2018 NICOLLE MONTALVÃO PEREIRA As Mulheres e a Revolução Sandinista: a construção de uma nova hegemonia Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá, como requisito para a obtenção do título de Mestra em Ciências Sociais. Área de concentração: Sociedade e Políticas Públicas. Orientadora: Profª. Drª. Meire Mathias. Maringá 2018 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá, PR, Brasil) Montalvão, Nicolle Pereira M763m As mulheres e a Revolução Sandinista: a construção de uma nova hegemonia. / Nicolle Montalvão Pereira. -- Maringá, 2018. 157 f. : il., color., figs., mapas, fotos. Orientador(a): Profª. Drª. Meire Mathias. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Maringá, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Departamento de CiÊncias Sociais, Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais - Área de Concentração: Sociedade e Políticas Públicas, 2018. 1. Revolução Sandinista 2. Mulheres - Hegemonia. 3. Classes subalternas. 4. Feminismo. I. Mathias, Meire, orient. II. Universidade Estadual de Maringá. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Departamento de Ciências Sociais. Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais - Área de Concentração: Sociedade e Políticas Públicas. III. Título. CDD 21.ed. 305.4285 AHS-CRB-9/1065 Aos meus queridos, Lucas e Thiago (in memoriam), pelos sorrisos, alegrias e carinho compartilhados que jamais me esquecerei... AGRADECIMENTOS Todo processo de reflexão e produção de conhecimento, mesmo padecendo de um trabalho tão individual, trata-se de uma atividade coletiva e que necessita de condições objetivas para ser realizado. Desta forma, inicio com meus agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo auxílio financeiro em período integral de minha pesquisa, viabilizando de muitas formas o processo de produção científica. Aproveito para estender meu agradecimento a todos os servidores e servidoras da Universidade Estadual de Maringá – UEM, em especial ao pessoal do Programa de Pós- Graduação e do Departamento de Ciências Sociais. Denise e Júnior, muito obrigada por tudo! Aos colegas da turma de Mestrado, aos professores e professoras do Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais, na qual muitos fizeram parte de minha formação desde a graduação na UEM. Professoras Zuleika Bueno, Eide Abreu e Carla Almeida, foi um prazer revê-las e compartilhar com vocês nossos crescimentos, nossos avanços. Quero agradecer à minha família, e especialmente a minha mãe Rosângela. Sei que sou quem eu sou porque tive a mãe que tenho na formação de meu ser, de meus princípios. A força dela me é inspiradora. Às minhas amigas, amigos e camaradas! Sem as conversas, o apoio, as discussões, as viagens e os momentos de fuga que tivemos, a realização desta pesquisa seria impossível. À Bárbara, que mesmo sem uma convivência cotidiana, o conhecimento de sua existência me aspira a dias melhores. À camarada e amiga Lígia Bacarin, inspiração em meu entendimento, despertar e militância feminista, essencial para eu estar onde estou hoje. Minha gratidão à toda equipe de docentes e funcionários/as do Colégio Estadual Santa Maria Goretti, que acompanhou meu processo de mestrado desde a seleção, em 2015, até a defesa, propiciando um suporte excepcional para que eu pudesse concluir minha pesquisa. Espero conseguir retribuir todo esse apoio de alguma forma. Pessoal do Grupo de Pesquisa Política, Estado e América Latina – GPPEAL e do Laboratório do Tempo Presente – LabTempo, minha profunda gratidão às discussões valiosíssimas, em meio a cafés e quitutes maravilhosos. Foram momentos de muito crescimento para mim e, por consequência, para minha pesquisa, que também é de vocês. O resultado deste trabalho é nosso. Meus agradecimentos aos membros das bancas examinadoras dos processos de qualificação e defesa da pesquisa, Profª. Angélica Lovatto e Prof. Walter Praxedes, pelas contribuições essenciais à finalização deste trabalho. Agradeço ao Prof. e camarada Rodrigo Belli e Profª. Sueli Gomes por terem aceito de prontidão meu convite para suplência da banca, assim como agradeço ao Prof. Antonio Ozaí pela suplência na qualificação. Ao Prof. Eliel Machado, que me emprestou os 4 tomos da obra Memorias de La Lucha Sandinista, de Mónica Baltodano, material que foi de fundamental importância à minha pesquisa, meu muitíssimo obrigada! À socióloga María Mercedes Salgado, nicaraguense de origem e brasileira de coração, que nos concedeu gentilmente uma entrevista, compartilhando sua experiência conosco e enriquecendo, assim, nosso trabalho. Por fim, quero agradecer à minha orientadora, Profª. Meire Mathias. Porém, faltam palavras para descrever o sentimento e a sensação deste agradecimento, não só pela orientação primorosa, mas pela confiança, pela troca, e por me dar a oportunidade constante de (re)construção de meu ser a partir desta relação. Obrigada, Meire, por proporcionar momentos de tamanha completude, que me inspiram a viver “y respirar lucha”! ATÉ QUE SEJAMOS LIVRES Rios me atravessam, montanhas perfuram o meu corpo e a geografia deste país vai tomando forma em mim, fazendo-me lagos, fendas e recôncavos, terra onde semear o amor que está me abrindo como um sulco, enchendo-me de vontade de viver para vê-lo livre, belo, plenos de sorrisos. Quero explodir de amor e que minhas lascas acabem com os opressores cantar com vozes que arrebentem meus poros e o meu canto se contagie; que todos adoeçamos de amor, de desejos de justiça, que todos empunhemos o coração sem medo de que não resista porque um coração tão grande como o nosso resiste às mais cruéis torturas e nada aplaca o seu amor devastador e de latejo em latejo ele vai crescendo, mais forte, mais forte, mais forte, ensurdecendo o inimigo que o ouve brotar de todas as paredes vai vendo como se aproxima com o impulso de uma maré gigante a cada manhã em que o povo se levanta para trabalhar em terras que não lhe pertencem, em cada alarido dos pais que perderam os seus filhos, em cada mão que se une a outra mão que sofre. Porque a força desse amor irá envolvendo tudo e nada restará até que não se afogue o clamor de nosso povo e gritos de gozo e de vitória irrompam nas montanhas, inundem os rios, estremeçam os galhos das árvores. Aí então iremos despertar os nossos mortos com a vida que eles nos legaram e todos juntos cantaremos enquanto concertos de pássaros repetem nossa mensagem por todos os confins da América. (Gioconda Belli, 2012, p. 73). MONTALVÃO, N. P. As Mulheres e a Revolução Sandinista: a construção de uma nova hegemonia. RESUMO A Revolução Sandinista na Nicarágua (1979 – 1990), com inspiração na Revolução Cubana de 1959, foi um peculiar processo de insurreição popular que, através da luta armada, derrubou a ditadura da família Somoza e reconstruiu um país em ruínas. Porém, para melhor entender esse processo revolucionário é fundamental reconhecer o papel das mulheres, visto que elas estavam presentes nos dois momentos da revolução: no primeiro de guerrilhas urbanas e no campo e da inevitável guerra civil – que derruba o regime somozista –, ocupando diversas funções; e no segundo momento, de construção da Nova Nicarágua, onde estas mulheres permaneceram organizadas. A mulher sandinista se inseriu, portanto, de forma orgânica na revolução e certamente o triunfo desta só foi possível devido não somente ao apoio, mas à presença ativa de campesinas, operárias, professoras, estudantes, jovens e adolescentes, senhoras mães e avós, filhas, esposas, companheiras, artistas e militantes, enfim, mulheres. Estima-se que estas eram cerca de 30% do Exército Popular Sandinista (EPS). No entanto, a natureza paradigmática da Revolução Sandinista não impediu que as mulheres nicaraguenses encontrassem inúmeros desafios, até mesmo na Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o que as recolocou em uma posição de subalternidade dentro da própria luta sandinista. Por fim, sabe-se que a construção de uma nova Nicarágua não se consolidou, sucumbindo em 1990 com a vitória da liberal Violeta Chamorro nas eleições à presidência, reestabelecendo uma hegemonia burguesa sob o formato do neoliberalismo. Desta maneira, o presente trabalho visa, dentro do campo teórico do marxismo, especificamente no que concerne às categorias do pensador sardo Antonio Gramsci de hegemonia, classes subalternas (ou grupos subalternos) e transformismo, analisar a participação orgânica das mulheres na Revolução Sandinista, evidenciando o âmbito das disputas hegemônicas na construção de uma nova sociedade, além de elencar ao debate feminista latino-americano a essencial vinculação entre a luta das mulheres e a luta de classes. Palavras-chave: Revolução Sandinista; Mulheres; Hegemonia; Classes subalternas; Feminismo. MONTALVÃO, N. P. Las Mujeres y la Revolución Sandinista: la construcción de una nueva hegemonía. RESUMEN La Revolución Sandinista en Nicaragua (1979 – 1990), con inspiración en la Revolución Cubana de 1959, fue un peculiar proceso de levantamiento popular que, a través de la lucha armada, derrocó a la dictadura de la familia Somoza y ha reconstruido un país en ruinas. Pero, para mejor entender ese proceso revolucionario es fundamental reconocer el papel de las mujeres,