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Carlos Marighella CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA 1ª edição EDITORA EXPRESSÃO POPULAR São Paulo - 2009 Copyright © 2009, by Expressão Popular Projeto gráfico e diagramação: Krits estúdio Revisão:Geraldo Martins de Azevedo Filho e Ricardo Nascimento Barreiros Capa: Marcos Cartum Imagem da capa: Projeto Marighella vive, 2009 Fotos: Projeto Marighella vive, 2009 Impressão e acabamento: Cromosete Dados internacionais de catalogação-na-publicação (CIP) Silva Junior, Edson Teixeira da S586c Carlos, a face oculta de Marighella / Edson Teixeira da Silva Junior --1.ed.-- São Paulo : Expressão Popular , 2009. 416 p. : fots. p. Indexado em GeoDados - http://www.geodados.uem.br ISBN 978-85-7743-112-0 1. Carlos Marighella, 1911-1969 - Militante. 2. Prisioneiro político - Brasil. 3. Guerrilhas - Brasil. 4. Comunismo - Brasil. 5. Tortura - Brasil. 6. Brasil - Política e governo. I. Título. CDD 301.412 CDU 392.6 H Bibliotecária: Eliane M. S. Jovanovich CRB 9/1250 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização da editora. 1ª edição: outubro de 2009 EDITORA EXPRESSÃO POPULAR Rua Abolição, 197 – Bela Vista CEP 01319-010 – São Paulo-SP Fone/Fax: (11) 3105-9500 [email protected] www.expressaopopular.com.br SUMÁRIO PREFÁCIO ........................................................................................ 7 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13 APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 21 CARLOS EM FAMÍLIA ................................................................................ 25 SEM PERDER A TERNURA .................................................................. 61 SEM TEMPO DE TER MEDO .................................................................... 101 CONCLUSÃO .............................................................................................. 139 DEPOIMENTOS Tereza Marighella ..................................................................................... 157 Clara Charf .............................................................................................. 175 Clara Charf II .......................................................................................... 213 Marcos Paraguassu ................................................................................... 227 Ana Montenegro ...................................................................................... 233 Carlos Augusto Marighella ....................................................................... 245 João Falcão ............................................................................................... 273 Geraldo Rodrigues dos Santos .................................................................. 277 Carlos Fayal .............................................................................................. 289 Jacob Gorender ........................................................................................ 307 Roberto Barros Pereira .............................................................................. 321 Salomão Malina ....................................................................................... 347 Manuel Cyrillo ......................................................................................... 357 Noé Gertel ............................................................................................... 379 CADERNO DE IMAGENS .......................................................................... 393 PREFÁCIO LINCOLN DE ABREU PENNA1 Carlos Marighella quando jovem acompanhou a Revolta de 1935, que as forças reacionárias apelidaram de Intentona Comunis- ta, embora fosse uma iniciativa de integrantes da Aliança Nacional Libertadora (ANL), com grande participação dos comunistas. Esse experimento revolucionário fracassou e os motivos disso são vários, a começar pelo método de tomada do poder via unidade militar sem a devida retaguarda e mobilização popular necessárias para a sustentação do movimento. Todavia, Marighella tinha conhecido a faceta dos revolucionários de então, dispostos, mesmo nos erros de seus camaradas, a levar adiante a chama da revolução. A revolta não deu nem poderia dar certo, mas a disposição de enfrentamento diante da adversidade calou fundo naquele estudante, que mal abraçara a bandeira da revolução socialista no Brasil. Veio o Estado Novo e o país conheceu a ambiguidade de um re- gime difícil de ser combatido. Não só a conjuntura internacional era 1 Professor do Programa de Pós-graduação de História da Universidade Salgado de Oliveira. Professor aposentado da UFRJ. 8 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA francamente favorável à ditadura promovida por Getúlio Vargas com apoio dos militares, como também internamente o anticomunismo crescera bastante após os episódios de 1935, sobretudo em virtude de uma bem urdida manipulação dos fatos de modo a colocar os comunistas como traidores da pátria e a serviço dos interesses anti- nacionais. Em paralelo a isso, havia também a política de cooptação sindical adotada pelo regime ao lado de uma legislação trabalhista a fomentar a harmonia entre capital e trabalho, em meio a vigorosa ação repressiva contra as lideranças que se opuseram àquele estado de coisas, cujo objetivo era precisamente isolar e eliminar qualquer possibilidade de influência comunista junto à classe operária. Crescera Marighella, nesse momento, tanto como militante próximo aos sindicatos quanto na qualidade de quadro do Partido Comunista do Brasil (PCB). A dedicação às tarefas partidárias e a correta compreensão das normas do partido dotaram-no de elementos mais do que suficientes para galgar prestígio na organização. Com o fim do Estado Novo e a denominada redemocratização, em 1945, Marighella é eleito para a Câmara Federal. Fora um dos 14 depu- tados a integrar a bancada comunista na Constituinte, juntamente com Prestes, então eleito senador, com grande votação. A atuação do constituinte Marighella projetou-o, agora, para além do partido. Passara a ser respeitado como um parlamentar capaz de dialogar com os seus adversários com argumentos a surpreender os mais críticos de seus contendores nas batalhas da Constituinte. A defesa que Marighella fazia da necessidade de reforma agrária era não só bem fundamentada como também rica para o convívio com os seus pares. O deputado José Joffily da UDN debateu mui- tas vezes as alternativas para a questão agrária no Brasil, num dos momentos de maior demonstração da importância do Parlamento. Além de possuir uma oratória cativante, era também um verdadeiro intelectual orgânico, pois muitos de seus escritos primaram pela ele- gância e contundência ao mesmo tempo em matérias sabidamente EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 9 complexas. De um modo geral, essas qualidades não eram muito comuns na vida do partido, pouco afeito às questões teóricas e ao gosto das atividades intelectuais. Com o golpe de 1964, Marighella aprofundou suas divergências com a direção do PCB e sua saída foi profundamente lastimada pelos militantes dessa organização, inclusive alguns dirigentes que, mesmo divergindo de suas teses, o consideravam um quadro excepcional e profundamente comprometido com a revolução brasileira. Até aí, a biografia de Marighella é por demais conhecida. Mas o lado do homem a acalentar tantos afetos e a saber igualmente distribuí-los aos que com ele conviviam até há pouco era inteiramente ignorada. Esse lado precisava ser mais conhecido e ressaltado. Essa foi a tarefa cumprida por Edson Teixeira da Silva Júnior, com brilhantismo e seriedade. Carlos, a face oculta de Marighella é um livro necessário e opor- tuno. Necessário porque, nos tempos atuais, a figura francamente altruísta do comunista Carlos Marighella precisa ser conhecida pelas novas gerações induzidas, quase sempre, para o caminho fácil do individualismo pragmático. E, oportuno, porquanto restabelece a realidade dos fatos, contra a visão maniqueísta construída pela ideo- logia dominante, cujo papel consiste em fazer passar a todos a ideia de que os que se insurgem são desviantes, marginais, ou simplesmente agitadores contumazes, desordeiros, enfim. Este livro repõe a figura exemplar desse combatente pelos direitos sociais das camadas populares. E manteve-se íntegro o tempo inteiro de sua vida dedicada à causa da revolução, integridade que incluiu o jeitão caloroso com que se relacionava com os outros, companheiros ou não de uma jornada marcada por adversidades, mas também por alegrias que sabia compartilhar com aqueles que se beneficiavam de sua amizade. E, ao trazer essa face oculta, porque deliberadamente ocultada pela visão distorcida da vida na clandestinidade, esta visão preconceituosa, profundamente contrária ao seu espírito franco e ge- neroso, o autor desfaz a imagem do político profissional como alguém 10 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA destituído de sensibilidade para com os seus semelhantes. A ternura de que falava Che a propósito das tarefas de um revolucionário está plenamente presente nas atitudes de vida desse belo personagem tão bem biografado neste livro. Ao descrever a trajetória de militância política de Marighella, Edson acrescenta, ao que dele já era sabido, uma dimensão humana extraordinária do homem amante da vida e apaixonado pela possi- bilidade de participar dos processos de transformação de seu povo, sem se despregar dos sentimentos de fraternidade, companheirismo