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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIODIVERSIDADE, EVOLUÇÃO E MEIO AMBIENTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DE BIOMAS TROPICAIS

Dissertação de Mestrado

Ecologia, Diversidade e Conservação dos Lagartos da Serra de Ouro Branco, Minas Gerais

António Jorge do Rosário Cruz

Ouro Preto, Março de 2012

Ecologia, Diversidade e Conservação dos Lagartos da Serra de Ouro Branco, Minas Gerais

Autor : António Jorge do Rosário Cruz

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais, do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ecologia.

Ouro Preto, Março de 2012

C957e Cruz, António Jorge do Rosário. Ecologia, diversidade e conservação dos lagartos da Serra de Ouro Branco, Minas Gerais [manuscrito] / António Jorge do Rosário Cruz. - 2012. 106f.: il., color; grafs.; tabs.; mapas.

Orientadora: Profª Drª Maria Rita Silvério Pires.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente. Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Biomas Tropicais. Área de concentração: Ecologia.

1. Espinhaço, Serra do (MG e BA) - Teses. 2. Répteis - Teses. 3. Lagarto - Teses. 4. Habitat - Teses. 5. Florestas - Efeito de borda - Teses. I. Pires, Maria Rita Silvério. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título. CDU: 598.11 2:630*15(815.1)

Catalogação: [email protected]

Ao Brasil, pela oportunidade de aprender e construir uma África melhor!

AGRADECIMENTOS

À minha família, principalmente a minha Mãe, Ana Manuela, por acreditar sempre em mim, nos meus sonhos e que mesmo de longe, andou sempre ao meu lado. Obrigado por tudo! DOD NA BÔ.

Ao Brasil, mais uma vez, pela recepção, pelo Samba, pelo futebol, pelos abraços, pelo aprendizado e por me permitir com intimidade chamar seus filhos de meus irmãos! Senti-me em casa!

Àprofessora Maria Rita, pela simpatia, disponibilidade, orientação e paciência em todos os momentos. Serei sempre grato!

À Adriele Prisca, vulgo Adrianely, hehehe... pela amizade, pela companhia, pelos momentos mais engraçados de trabalhos árduos do campo em Ouro Branco! Dri, amo Você muito!

À Núbia, quer dizer, Nubão, pela irmandade, pelas rizadas, pelo café da tarde e horas de papo no quintal, pela paciência, pela alegria, simpatia e amizade. Obrigado, você tem influência direta nesta conquista.

Ao Leandro Drummond, vulgo Difs, por ser um professor nato e me ajudar em todos os momentos de dúvidas, pelos dias de campo, pelas rizadas e principalmente pela herpetologia! Aprendi e continuo aprendendo muito com você! Um obrigado!

À Caryne Braga, pelo convite e sugestão ambiciosa de trabalharmos no mesmo projeto. Você tinha razão, foi muito bom! Também não poderia esquecer-me de agradecer pelos rangos do campo em Itatiaia. Dá saudade!

Ao Hudson, pela amizade, pelo companheirismo, pelas trocas de ideia, pelas alegrias e como não poderia faltar, pela ajuda na análise de dados. Valeu aí, mano!

À Michelle e ao Alexandre, pelos momentos de compadres. Gosto muuuuuuito de vcs!

À Valéria Braga, pelo ajuda no campo e no laboratório, pelo papo e pelos momentos legais no LZV.

Ao Raphael, pela ajuda no campo, pelas comédias e rizadas, pelo papo cabeça e pela cumplicidade na hora de tramar alguém!

Ao Rubens, pela simpatia, e pela disponibilidade 1000. Muito obrigado por tudo!

À Jaqueline Rolin, pela ajuda no campo e no laboratório. Pela vontade e disponibilidade nas horas em que eu precisava de mão de obra solidária. Hehehehehe... Valeu!

À Lorena, pelos momentos no campo em Itatiaia e no laboratório. Ta vendo, deu tudo certo! Obrigada pelo apoio.

Ao pessoal do LZV: Lívia, Ana Clara, Ceres, Krisna, Vivi, Thales e Dany, pela ajuda e pelos momentos no campo e no laboratório. Valeu aí galera! Muito obrigado!

Aos professores Yasmine Antonini, Sérvio Pontes, Eneida, Alessandra, Júlio e ao Professor Hilde pelos ensinamentos em salas de aulas e pelos momentos no Colegiado. Foram momentos muito importantes na minha vida!

Ao Henrique C. Costa, pela ajuda, vontade e disponibilidade á qualquer momento.

À poluta casa Republica Calamidade Pública, Minha Escola e minha casa! Lugar a onde eu aprendi a ver, e a questionar os lados de uma mesma moeda. Lugar onde eu aprendi a escutar e a respeitar as ideias ou visões dos outros. Mas não poderia me esquecer da Irmandade, dos rocks, do companheirismo e pela Biritagem! Deus é pai, e a cachaça vai!

À Dona Maria, Mãe do mundo e de quem quiser! Bondade amor tem de sobra!

À república Tropicália, pela amizade e bons momentos republicanos!

As amigas da Republica Bico Doce pelos momentos inesquecíveis. Tchanas, muito obrigado pelo café, pelo violão, pela cachaça, pela cerveja e pelos momentos de amizade! Sentirei saudades de vocês, bicudas!

Ao Flavinho e a Naiara, pelos momentos Happy Family. Foram momentos ótimos e muito especiais para mim.

Ao Vinícius Terror, pelas aulas de Samba e de fotografia, pelos papos de final de tarde e pelos conselhos! Valeu aí Terror!

À Luana e ao Rodolfinho, pelos momentos muito legais nos sambas e em Ouro Preto.

Ao Pedro, pela irmandade!

Ao Filipe, pela amizade, simplicidade e pela bagunça! Obrigado por tudo mano!

Ao Elias e a Yara, pela vizinhança amiga e simpática. Valeu aí pelas horas de papo, pelo café e pela Música, sem falar nos almoços! Muito obrigado por tudo!

As republicas amigas: Taranóia, Partenon, 171, Masmorra, Maria Maria, Favinho, Colmeia, Damas de Ouro, Santuário, Mandala, Lua Azul, Tira Burca, Quase Normal, Arriba entre outras... Valeu gente!

À FAPEMIG pelo financiamento do projeto.

Ao Programa de Pós graduação em Ecologia de Biomas Tropicais pela oportunidade.

À Universidade Federal de Ouro Preto, pela oportunidade e pela Bolsa de estudos.

À Ouro Preto, pela hospitalidade, pelo aprendizado e pela vida! Amo demais, cada pedaço de calçada desta cidade! Sentirei saudades! Obrigado!

À Minas Gerais. É verdade, quem te conhece, não esquece jamais.

RESUMO

A Serra de Ouro Branco, porção sul da cadeia do Espinhaço, situada entre os limites da Mata Atlântica com o Cerrado, abriga uma expressiva diversidade faunística. No entanto, faltam informações sobre os lagartos. Com a utilização de diferentes metodologias de campo, o presente trabalho apresenta o registro de 15 espécies de lagartos distribuídos em oito famílias para essa região. Esse resultado amplia a distribuição conhecida de várias espécies, tanto para os limites de cada bioma, como também para os limites de altitude. No segundo capítulo deste trabalho foi analisada a utilização de hábitats florestais pelos lagartos da serapilheira em áreas de mata impactadas. Nesse sentido, foram montadas armadilhas no interior de fragmentos florestais e em bordas delimitadas por áreas utilizadas para agricultura e por estradas. Esses dois tipos de áreas são consideradas impactantes para a diversidade faunística, uma vez que constituem matrizes de permeabilidade variável para diferentes espécies ou grupos faunísticos. Entre elas, foi inicialmente proposto que nas regiões onde a floresta está próxima da borda com a estrada seria encontrada menor riqueza e diversidade de lagartos, em relação à às regiões florestais com borda para áreas de agricultura. Variáveis ambientais foram mensuradas como forma de caracterização do hábitat, as análises dessas variáveis foram associadas à distribuição dos lagartos nas respectivas áreas. Os resultados indicaram que os lagartos responderam mais às variações ambientais relacionadas à vegetação do que às variações quanto aos tipos de bordas entre os ambientes amostrados. Alguns lagartos se mostraram muito correlacionados a alguns fatores ambientais, como áreas sombreadas e de maior complexidade estrutural. No entanto, todas as espécies da área ocorreram em bordas de mata, onde, segundo a literatura, corre maior risco de extinção. Estes fatores se juntam ao fato de que as populações de lagartos típicos de áreas florestadas são bem reduzidas na área de estudo, o que pode ser ao estado de regeneração da floresta, que por sua vez pode ter favorecido espécies mais generalistas quanto ao hábitat, levando à dominância de Enyalius perditus. Felizmente, a região conta com duas Unidades de Conservação e pequenas comunidades humanas no seu entorno, que constituem peça chave na preservação desse grupo .

Espinhaço; Ouro Branco; Repteis, Lagartos; Matriz; Efeito de bordas; Estrutura do habitat.

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ABSTRACT Ouro Branco’s ridge, at the south of Espinhaço’s range, is located between the Atlantic Forest and the Cerrado, and housesan expressive faunal diversity. Although, some information about is missing. Through different field methodologies, this work presents 15 species, among eight families in this region. This result amplifies the known distribution of several species, both for the biome’s limits as for the altitude limits. The second chapter of this work analyses the use of forests’ habitats by litter lizards in highly damaged wood areas. To do so, traps were set inside forest fragments and in borders, whose limits were defined by agricultural areas and roads. These two areas are considered to cause an impact in the faunal diversity, since they make variable permeability matrixes for different species or faunal groups. Between, it was initially proposed that, in regions where the forest is next to the road, smaller richness and diversity of lizards would be found, related to the forest regions next to agricultural fields. We measured some environmental variables as a way to characterize the habitat, and these analyses were associated to the lizards’ distribution in each area. The results show that the lizards were more responsive to the environmental changes related to vegetation than to the type of border in each environment. Some lizards showed themselves highly correlated to some environmental factors, such as shadow areas and higher structural complexity. Although, some species of the area occurred in wood borders, where, according to the literature, they have a higher risk of extinction. These factors add themselves to the fact that the woodlands typical populations of lizards are very reduced in the analyzed area, which might be attributed to the forest regeneration state, which could have favored more generalist species, related to habitat, which leads to a dominance of Enyalius perditus. Happily, the region comprehends two Conservational Units and small human communities in its surrounding, both constituting a key element in this animal group’s preservation.

Espinhaço; Ouro Branco; ; Lizards; Matrix; Border Effect; Habitat’s structure

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ...... 5 BIBLIOGRAFIA ...... 9 CAPÍTULO 1: FAUNA DE LAGARTOS (, “SAURIA”) DA SERRA DE OURO BRANCO, PORÇÃO SUL DA SERRA DO ESPINHAÇO, MINAS GERAIS ...... 18 RESUMO: ...... 19 ABSTRACT: ...... 20 INTRODUÇÃO ...... 21 MATERIAIS E MÉTODOS ...... 23 Área de estudos ...... 23 Coleta dos dados ...... 25 Armadilhas de interceptação e queda ...... 25 Encontros casuais ou ocasionais ...... 27 RESULTADOS ...... 27 DISCUSSÃO ...... 32 LISTA COMENTADA DOS LAGARTOS REGISTRADOS PARA A SERRA DO OURO BRANCO, MINAS GERAIS ...... 36 Família Anguidae ...... 36 Família Gekkonidae ...... 36 Família Gymnophthalmidae ...... 37 Família ...... 39 Família Polychrotidae ...... 40 Família Scincidae ...... 41 Família Teiidae ...... 42 Família Tropiduridae ...... 43 CHAVE ARTIFICIAL PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE LAGARTOS DA SERRA DE OURO BRANCO, OURO BRANCO, PORÇÃO SUL DO ESPINHAÇO MINAS GERAIS...... 44 BIBLIOGRAFIA ...... 46 CAPITULO 2: INFLUÊNCIA DE BORDAS E DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS NA ESTRUTURAÇÃO DA COMUNIDADE DE LAGARTOS EM FRAGMENTOS DE MATA EM UMA ÁREA DE TRANSIÇÃO MATA ATLÂNTICA- CERRADO ...... 60 RESUMO ...... 61 ABSTRACT ...... 62 INTRODUÇÃO ...... 63 METODOLOGIAS ...... 67 Área de estudo ...... 67 Desenho amostral ...... 68 Características ambientais ...... 70 Análise dos dados ...... 71 RESULTADOS ...... 72 DISCUSSÃO ...... 79 CONCLUSÃO ...... 85 BIBLIOGRAFIA ...... 86 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 93 BIBLIOGRAFIA ...... 96 ANEXO I ...... 105

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INTRODUÇÃO GERAL

Os lagartos são considerados bons modelos para a pesquisa ecológica, e excelentes organismos experimentais. Informações extraídas através de análises de suas comunidades como riqueza e abundância de espécies, uso de habitat, dieta e comportamentos ligados a reprodução e predação servem como base para o entendimento de padrões ecológicos em diferentes ecossistemas (Pianka, 1967, 1969, 1971; Pianka & Vitt, 2003). No entanto, populações de lagartos no mundo todo tem sofrido um declínio preocupante (Gibbons et al.,

2000). Problemas como a perda de habitat, introdução de espécies exóticas, poluição ambiental, doenças além das mudanças climáticas são apontados como os principais causadores dessa perda, em diferentes ecossistemas (Gibbons et al., 2000).

Considerada um dos maiores hotspots da biodiversidade (Myers et al., 2000), a Mata

Atlântica está atualmente reduzida a menos de 10% do seu tamanho original, devido principalmente à pressão sofrida pelo crescimento e expansão dos grandes centros urbanos

(Morellato & Haddad, 2000). A herpetofauna de lagartos neste bioma se mostra extremamente rica apresentando diversos endemismos (Rodrigues, 2005). Estudos sobre a história natural de algumas espécies (Sturaro & Silva, 2010; Barros & Teixeira, 2007; Sousa

& Cruz, 2008; Zamprogno et al., 2001; Van Sluys et al., 2004), inventários e análise de materiais em coleções (Dixo & Verdade, 2006; Feio & Caramashi, 2002; Cicchi et al., 2009;

Condez et al., 2009; Costa et al., 2009; Forlani et al., 2010; Marques et al., 2010; Sousa et al.,

2010; Zaher et al., 2011), fazem parte de esforços recentes direcionados a preservação do grupo neste bioma. Entretanto, esses trabalhos são ainda insuficientes frente à velocidade com que os ambientes naturais são modificados.

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O Cerrado é também uma das regiões prioritárias para a conservação da biodiversidade, apresentando vários endemismos (Maury, 2002). Esse bioma é uma das regiões Neotropicais menos conhecidas (Vanzolini, 1988), sendo que sua fauna de lagartos se mostra extremamente rica, apresentando comunidades com até 25 espécies (Nogueira, 2006).

Estudos com os lagartos neste bioma têm produzido trabalhos relevantes, principalmente sobre a ecologia (Vitt, 1991; Mesquita & Colli, 2006; Colli et al., 2002; Werneck & Colli,

2006). No entanto esses trabalhos mostram ser bem recentes, sendo que poucos abordam a problemática da destruição de habitat e a resposta da comunidade de lagartos.

A Serra do Espinhaço é considerada um acidente geográfico de grande importância biológica.

Este figura-se como um ecossistema formada por um conjunto de diversos ambientes como o

Cerrado, fragmentos de Mata Atlântica e Caatinga, além de apresentar os Campos Rupestres em suas áreas de maior altitude. Por deter uma elevada riqueza biológica, com vários endemismos e sofrer uma elevada pressão antrópica, várias espécies se encontram ameaçadas neste ecossistema, sendo considerada uma região prioritária para a conservação da biodiversidade (UNESCO, 2005).

A fauna de lagartos assim como de vários outros grupos zoológicos na Serra do Espinhaço ainda são pouco exploradas. A falta de conhecimento aliada à urgência e gravidade de ameaças na serra do Espinhaço, levou a criação de estratégias como a criação do Plano de

Ação Nacional para a conservação dos repteis ameaçados de extinção no Espinhaço (PAN-

Herpetofauna do Espinhaço) pela portaria N° 24 de 17 de fevereiro de 2012, com objetivos de conhecer e proteger inúmeras espécies de repteis e anfíbios. Apesar dessas atitudes e esforções recentes, permanecem ainda diversas lacunas, principalmente as ligadas à distribuição geográfica, ecologia e história natural, o que torna difícil a tomada de decisões

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mais coerentes, visto que inúmeras espécies são consideradas deficientes de dados (PAN-

Herpetofauna do Espinhaço, 2012).

A serra de Ouro Branco, porção sul do Espinhaço, apresenta uma alta riqueza de espécies de anfíbios (Leite et al., 2008; São Pedro & Feio, 2010; 2011) e de serpentes (São Pedro & Pires,

2009; Silveira et al., 2010). Trabalhos referentes ao conhecimento dessa diversidade pelos moradores da região foram recentemente desenvolvidos (Pires et al., 2010; Mateus et al.,

2011 e Pinto, 2011), demonstrando a necessidade de envolvimento das comunidades humanas no entorno das Unidades de Conservação na preservação da fauna local. No entanto faltam estudos envolvendo os lagartos da região.

Sabendo-se da carência de dados e trabalhos sobre a fauna de lagartos na serra do espinhaço, e indo de encontro com os mesmo objetivos do PAN- herpetofauna,o primeiro capítulo desta dissertação tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre a diversidade de lagartos na serra de Ouro Branco, Porção sul da Serra do Espinhaço e zona de transição entre Mata

Atlântica e Cerrado. Com isso o presente trabalho apresenta uma lista de todas as espécies com ocorrência registrada, reunindo observações referentes à ecologia, história natural e distribuição geográfica, além de fotos e uma chave de identificação simplificada para os lagartos da serra de Ouro Branco.

Entre os fatores que mais causam impactos negativos as comunidade naturais, a construção de estradas tem sido uma das mais preocupantes, principalmente porque altera tanto a paisagem como também direciona e potencializa ações que causam perdas de habitats e, consequentemente, perda de diversidade biológica (Trombulak & Frissell, 2000). Este tipo de infraestrutura facilita o acesso ao desmatamento e a práticas de caça (Peres & Lake, 2003), problemas de atropelamentos da fauna silvestre (Melo & Santos-Filho, 2007; Hartmann et al.,

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2011), contaminação por poluição e incêndios (Santos & Tabarelli, 2002; Skole & Tucker,

1993).

A agricultura é uma das atividades humanas mais agressivas ao meio ambiente. A sua prática, tem impactos severos como a destruição ou fragmentação de habitat, poluição e contaminação da fauna silvestre por uso de pesticidas, além de facilitar a introdução de espécies exóticas, alterando assim comunidades de todo o ecossistema (Fistzon, 2003; Broadbent et al., 2008).

Apesar disso, dependendo do tipo de cultivo, ela pode servir como matriz, favorecendo algumas espécies na comunidade, permitindo a circulação e realização de ações básicas como termoregulação, forrageio e predação.

A estrutura do habitat costuma ser uma das primeiras alterações decorrentes do desmatamento. Com as mudanças decorrentes na estrutura vegetal, diversas características no meio também sofrem modificações (Ries et al., 2004; Harper et al., 2005; Murcia, 1995;

Jellinek et al., 2004), criando condições antes desconhecidas e pouco favoráveis para algumas espécies, principalmente as estritamente florestais. No entanto, essas mudanças nem sempre causam perdas da biodiversidade. Algumas alterações inclusive, podem até tornar o habitat mais heterogêneo, oferecendo espaços antes não ocupados e aumentando a riqueza local. Mas mudanças de grande envergadura e prolongadas por muito tempo, podem causar desiquilíbrios sérios na comunidade, favorecendo o aumento de alguma população, que por vezes pode ser interpretado como uma diminuição da riqueza local (Vitt & Carvalho, 1995).

O segundo capítulo desta dissertação intitulado tenta entender como a comunidade de lagartos de serapilheira da serra de Ouro Branco se comporta perante diferentes mosaicos, constituídos por áreas agrícolas, estradas e florestas secundárias, através da interpretação de dados referentes à abundância relativa, riqueza e uso de habitat.

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17

CAPÍTULO 1: FAUNA DE LAGARTOS (SQUAMATA, “SAURIA”) DA SERRA DE OURO BRANCO, PORÇÃO SUL DA SERRA DO ESPINHAÇO, MINAS GERAIS

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RESUMO:

O presente estudo avaliou a fauna de lagartos da erra de Ouro Branco, Minas Gerais, Brasil, uma área de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Os dados foram coletados com o uso de armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps), procura ativa, encontros ocasionais, além de informações de outras coleções e análise de material disponível na literatura. As amostragens em campo foram realizadas em dois estágios em um total de 36 meses: de dezembro de 2006 a dezembro de 2008, e de janeiro a dezembro de 2010. A área de estudos apresentou 15 espécies de lagartos distribuídas por oito famílias: Anguidae, Gekkonidae,

Gymnophthalmidae, Leiosauridae, Polychrotidae, Mabuyidae, Teiidae e Tropiduridae. Os lagartos encontrados neste estudo representam um número relevante de espécies para este grupo zoológico que habitam áreas de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. A área também apresenta espécies exclusivamente florestais e endêmicas da Mata Atlântica, como

Ecpleopus gaudichaudii e Enyalius perditus, para além de espécies típicas do Cerrado e comum aos dois biomas.

Palavras chave: Lagartos; Serra de Ouro Branco; Cadeia do Espinhaço, Ecótone.

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ABSTRACT:

The present study evaluated the lizard fauna in Serra do Ouro Branco, Minas Gerais, Brazil, a transition area between the Atlantic Forest and Cerrado. Data was collected using pitfall traps, active and occasional encounters, and through information from zoological collections and the literature. Field sampling was performed in two stages over a period of 36 months: from

December 2006 to December 2008, and from January to December 2010. The study area is home to 15 species belonging to eight families: Anguidae, Gekkonidae, Gymnophthalmidae,

Leiosauridae, Polychrotidae, Mabuyidae, Teiidae, and Tropiduridae. Lizard species evaluated in this study represent a relevant asset for this zoological group inhabiting the transitional areas between the Atlantic Forest and Cerrado. They include strictly forest species and endemic Atlantic Forest species such as Ecpleopus gaudichaudii, and Enyalius perditus, in addition to their typical Cerrado forms, however, common to both biomes.

Keywords:Lizards; Serra de Ouro Branco; Cadeia do Espinhaço, Ecótone.

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INTRODUÇÃO

Os lagartos são répteis Lepidosauria e constituem um dos grupos mais diversificados entre os

Amniota com cerca de 4.800 espécies (Pough et al., 2008). A diversidade de formas, tamanhos, cores, comportamentos incluindo estratégias reprodutivas e de forrageio, uso de habitats, e uma grande variedade de itens alimentares utilizados na dieta, faz com que este grupo ocorra em quase todos os ecossistemas globais, com exceção das regiões polares

(Pough et al., 2008), sendo registradas 248 espécies para o Brasil, um dos países mais biodiversos quanto ao grupo (Bérnils & Costa, 2011). Entre os vertebrados, os lagartos são considerados organismos modelos. A análise da composição de suas comunidades, quer no estudo de impactos antrópicos na fauna (Jellinek et al., 2004; Kitchener et al., 1980, Gibbons et al., 2000; Gardner et al., 2007; Dixo & Martins, 2008; Lehtinen et al., 2003; Bell &

Donnelly, 2006; Dixo & Metzger, 2009), ou na interpretação de dados sobre padrões de distribuição e endemismo de espécies entre ecossistemas (Pianka, 1973; Vanzolini et al.,

1980; Huey et al., 1983; Rodrigues, 1987; 2005; Recorder & Nogueira, 2007), são exemplos de contribuições científicas que servem de base para políticas e ações voltadas à conservação da biodiversidade.

Estudos recentes sobre a composição de espécies de Squamata no estado de Minas Gerais se concentram principalmente em trabalhos sobre serpentes (Brites & Bauab, 1988; Bertoluci,

1998; Assis, 1999; Palmuti et al., 2009; São Pedro & Pires, 2009; Costa et al., 2010; Silveira et al., 2010), havendo menor número de levantamentos citando a ocorrência de lagartos (Feio

& Caramashi, 2002; Recorder & Nogueira, 2007; Bertoluci et al., 2009; Costa et al., 2009;

Sousa et al., 2010). A diversidade de ecossistemas que o estado de Minas Gerais apresenta, como o Cerrado, a Mata Atlântica e a Caatinga, além das áreas de altitude, tal como a Serra do Espinhaço, permitem a sobrevivência de aproximadamente 60 espécies de lagartos (Bérnils

21

et al., 2009), o que representa cerca de 23% da fauna de lagartos do Brasil (Bérnils & Costa,

2011). Apesar disso, ainda existem grandes lacunas de conhecimento, devido a ausência de informações sobre distribuição, ocorrência, ecologia e história natural para a maioria das espécies.

A Cadeia do Espinhaço é uma formação montanhosa que se estende por cerca de 1000 km do estado de Minas Gerais até a Bahia. Reconhecida como uma região prioritária para a conservação de flora e fauna, esse conjunto de serras foi decretado pela UNESCO, em 2005,

Reserva da Biosfera, devido ao alto grau de endemismo de fauna e flora, associadas a aspectos humanos ligados à cultura. Entretanto, grande parte da sua diversidade permanecem ainda pouco conhecidas (Drummond et al., 2005; Costa et al., 1998), sendo que a maior parte dos estudos são concentrados em poucas áreas (Silva et al. 2008).

A serra do Ouro Branco, localizada no extremo sul do Espinhaço, passou a contar a partir de

2009, com duas Unidades de Conservação: o Parque Estadual da Serra de Ouro Branco e o

Monumento Natural Estadual de Itatiaia todos no município de Ouro Branco, Minas Gerais.

Estas unidades devem proteger toda a biodiversidade das áreas de Campo Rupestre, Cerrado,

Mata Atlântica e da zona de transição entre esses biomas. Em esforços recentes, estudos relacionados à herpetofauna da região, nomeadamente sobre serpentes (São Pedro & Pires,

2009; Silveira et al., 2010), anfíbios (Leite et al., 2008; São Pedro & Feio, 2010; 2011) e a relação e percepção dos povoados em torno das Unidades de Conservação sobre a fauna local foram desenvolvidos (Pires et al., 2010; Mateus et al. 2011; Pinto, 2011), contribuindo para o conhecimento da fauna e das relações humanas com a biodiversidade.

22

Visando o maior conhecimento da biodiversidade da serra do Ouro Branco, porção sul da

Cadeia do Espinhaço, o presente estudo apresenta uma lista de espécies de lagartos da área, com comentários quanto à história natural, ecologia, além de uma chave taxonômica artificial para essas espécies.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudos

O estudo foi realizado na serra do Ouro Branco, situada no município de Ouro Branco, a 96 km de Belo Horizonte e a 20 km de Ouro Preto, MG. A área de estudo está inserida ao sul do

Quadrilátero Ferrífero e da Serra do Espinhaço, sendo o setor mais meridional destas duas delimitações geográficas (figura 1). As formações florestais podem ocupar áreas transitórias entre os campos rupestres, onde o solo permite a ocupação por elementos arbóreos, sendo classificadas como Florestas Estacionais Semideciduais (Veloso et al., 1991). A altitude da região varia entre 1250 e 1568 metros (Paula, 2003), o clima predominante é mesotérmico

(Cwb, segundo a classificação de Köppen, 1936). A temperatura média anual entre os anos de

1997 a 2010, foi de 20,7ºC e a precipitação média anual no mesmo período foi de 1321,07 mm, sendo que as chuvas se distribuíram principalmente entre os meses de novembro a fevereiro, com uma estação seca no inverno (fonte Estação Meteorológica da Gerdau

Açominas, localizada nas proximidades dos locais de coletas).

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Figura 1: Mapa de localização do Município de Ouro Branco, Minas Gerais.

Figura 2: Diferentes fisionomias da Serra do Ouro Branco: A): Áreas de transição entre Mata Atlântica e Cerrado com campo graminoso; B): Campo Rupestre com campo limpo e nas áreas de menor altitude áreas de Mara atlântica; C): Campo Rupestre, em áreas de maior altitude, e Mata Atlântica, nas áreas de menor altitude; D): Área de Mata Atlântica. 24

Coleta dos dados

O presente trabalho é resultado de três anos de coletas na serra do Ouro Branco, sendo que os dados foram obtidos em duas etapas: a primeira de dezembro de 2006 a dezembro de 2008 e a segunda, de janeiro a dezembro de 2010. Devido aos diferentes ambientes que compõem a serra do Ouro Branco e a variedade de hábitats de ocorrência de lagartos, foram utilizados três métodos de coleta de forma combinada, sendo eles, armadilha de interceptação e queda ou pitfall traps (Cechin & Martins, 2000), procura ativa (Crump & Scott Jr., 1994) e encontros ocasionais. Para complementar o inventário de espécies foram examinados espécimes depositados na coleção de Zoologia dos Vertebrados da Universidade Federal de Ouro Preto,

(LZV-UFOP) e na coleção de lagartos do Museu de Zoologia João Moojen da Universidade

Federal de Viçosa (MZUFV), Minas Gerais, além de consultas à literatura disponível.

Armadilhas de interceptação e queda

Na primeira etapa foram instaladas em cinco áreas florestadas distintas (20°23’45’’S

43°30’34’’O; 20°29’45’’S 43°37’31’’O;20°29’58’’S 43°37’43’’O; 20°30’00’’S 43°42’48’’O;

20°29’59’’S 43°42’56’’O) armadilhas do tipo pitfall contendo cada uma 10 baldes de 60 litros. Os baldes foram enterrados até o nível do solo, a intervalos de quatro metros de distância e interligados por cercas direcionadoras de aproximadamente 100 cm de altura, que foram confeccionadas com lona plástica e sustentadas por estacas de madeira. As armadilhas permaneceram abertas por cinco dias consecutivos a cada mês, totalizando um esforço amostral de 50 baldes por dia, 250 por mês, e 3000 baldes dia por ano.

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Na segunda etapa também foram instaladas armadilhas do tipo pitfall, com cercas direcionadoras incluindo novas áreas de amostragem e um maior número de baldes dispostos diferentemente dos transectos anteriores. Cada armadilha foi composta por quatro baldes dispostos em formato de ‘Y’, ou seja, três baldes periféricos interligados ao balde central através de uma cerca direcionadora, com dimensões de 1 metro de altura e 5 metros de comprimento. Foram selecionadas nove áreas de amostragem, e em cada uma foram instaladas três armadilhas, distanciadas a 50 metros entre si. Nesta metodologia só foram georreferenciadas as armadilhas centrais de cada área sendo elas: 20°29'43.64"S

43°35'49.71"O; 20°29'45.00"S 43°35'48.53"O; 20°29'44.56"S 43°35'46.53"O; 20°29'35.13"S

43°36'24.17"O; 20°29'37.08"S 43°36'25.55"O; 20°29'39.07"S 43°36'20.88"O; 20°29'50.11"S

43°37'24.93"O; 20°29'58.98"S 43°37'29.60"O; 20°30'7.35"S 43°37'34.39"O.

Em todas as etapas deste trabalho as armadilhas do tipo pitfall permaneceram abertas por cinco dias/mês, totalizando um esforço amostral de 108 baldes por dia, 540 por mês e 6400 no ano. Este tipo de armadilha foi utilizado exclusivamente nos ambientes de mata, onde foi possível encontrar solos suficientemente profundos para a sua instalação. Cabe ainda ressaltar que, tanto na primeira como na segunda etapa, os baldes foram inspecionados no período de manhã, para evitar predação ou morte de indivíduos capturados.

Pelo método de procura ativa (Crump & Scott Jr., 1994), os répteis foram amostrados através de vasculha nos ambientes mais propícios ao seu encontro (Vanzolini & Papavero, 1967,

Forlani et al., 2010). Para esse método de coleta, foram vasculhadas tanto as áreas de mata, como áreas de campo, contemplando diferentes fisionomias vegetais, tais como, campo graminoso, campo rupestre, vegetação de velózias, matas de galeria e áreas de florestas. Os lagartos encontrados por meio de procura ativa foram capturados à mão, sempre que possível.

Eventualmente, somente anotações, descrições e registros fotográficos puderam ser efetuados para confirmação posterior da identificação. Para os indivíduos capturados ou avistados,

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foram anotados em caderno de campo informações como: espécie, data e horário de captura, tipo de ambiente (floresta, campo rupestre, clareiras e bordas e áreas urbanas/antropizadas), micro hábitats (vegetação, tronco, folhiço, interior de cupinzeiros, reentrâncias nas rochas, tocas de mamíferos, entre outros). Essa atividade foi praticada em campanhas diurnas (09h00-

15h00) e noturnas (18h00- 22h00) não consecutivas, por dois ou mais pesquisadores que se deslocavam a pé.

Encontros casuais ou ocasionais

Este método de coleta consiste no registro ocasional de lagartos em áreas naturais ou urbanas como estradas, muros, cercas e interior de habitações humanas, segundo São Pedro & Pires

(2009). O registro ocasional também ocorreu ao longo do percurso nas trilhas de acesso às

áreas de armadilhas de interceptação e queda. Para os indivíduos coletados ou registrados por este método foram seguidos os mesmos procedimentos de descrição mencionados anteriormente para a procura ativa.

Após o término de cada coleta, alguns espécimes foram sacrificados com o uso de xilocaína

0,5%. Amostras de tecido foram extraídas e conservadas no banco de tecido de répteis do

LZV-UFOP. Em seguida os espécimes foram fixados com formol a 10%, preservadas em

álcool a 70% e depositados na coleção herpetológica do mesmo Laboratório.

RESULTADOS

Foram registradas para Serra do Ouro Branco 15 espécies de lagartos, distribuídas em oito famílias. As famílias com maior representatividade foram Gymnophthalmidae e Leiosauridae, com três espécies cada uma, seguidas de Scincidae, Teiidae, e Tropiduridae com duas

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espécies. As famílias com a menor representatividade foram Anguidae, Gekkonidae e

Polychrotidae, cada uma com uma única espécie (Tabela 1).

Tabela 1: Relação das espécies de lagartos da Serra do Ouro Branco, Minas Gerais, registradas de dezembro de 2006 a dezembro de 2008 e de janeiro a dezembro de 2010, em diferentes fisionomias.

Espécie Ativ. Hab. Fisionomias Bioma Cap FL CL CR AU Anguidae

Ophiodes striatus D SF x x MA/CE PT

Gekkonidae Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) D/N E AP OC

Gymnophthalmidae Cercosaura quadrilineata (Boettger, 1876) D SF MA PT Ecpleopus gaudichaudii Duméril & Bibron, 1839 D SF x MA PT Heterodactylus imbricatus Spix, 1825 D SF x MA PT Leiossauridae Enyalius perditus Jackson, 1978 D SA x MA PT/PA/OC Enyalius bilineatus Duméril & Bibron, 1837 D SA x MA/CE PT/OC Urostrophus vautieri Duméril & Bibron, 1837 D SA x MA/CE PT

Polychrotidae Polychrus acutirostris Spix, 1825 D AR x MA/CE OC

Scincidae Mabuya dorsivittata Cope, 1862 D TE x MA/CE PT/OC Mabuya frenata Cope, 1862 D TE x x MA/CE PT/OC Teiidae Ameiva ameiva (Linnaeus , 1758) D TE x x AP PT/PA/OC

Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) D TE x AP PT/OC

Tropiduridae

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Tropidurus itambere Rodrigues, 1987 D TE x MA/CE PA Tropidurus torquatus Wiegmann, 1934 D TE x x x MA/CE PA/OC

Legendas: FL- florestais, CL- clareiras, CR- Campo Rupestre, AU- áreas urbanas, Distribuição dessas espécies entre os Biomas: MA - Mata Atlântica, CE- Cerrado, AP- ampla distribuição; Ativ-Atividade, Hab-hábito, D – diurna, N – noturna, Hábitos: SF - semi fossorial, TR- terrícola, SA- semi- arborícola, AR- arborícola, E- escalador; Modo de Captura: Cap- modo de captura, PT- pitfall, PA - procura ativa, OC - encontro ocasional.

Como pode se observar na figura 1, com exceção do geconídeoHemidactylus mabouia, todas

as espécies registradas apresentam atividade diurna. Os indivíduos desta espécie foram

registrados a noite em paredes próximas a fontes de luz, possivelmente predando pequenos

invertebrados. Quanto ao hábitat, 11 espécies pertencentes a seis famílias foram encontradas

próximas a áreas de borda de mata e clareiras, sendo elas: Ophiodes striatus, Enyalius

perditus, Enyalius bilineatus, U. vautieri, Mabuya dorsivittata, Mabuya frenata, E.

gaudichaudii, H. imbricatus, Ameiva ameiva, Tupinambis merianae, e ainda Tropidurus

torquatus. T. merianae e A. ameiva também foram observados em pequenas clareiras de mata,

resultantes do corte de árvores próximos aos locais de coleta.

Todos os lagartos das famílias Gymnophthalmidae, Leiosauridae e Polychrotidae registradas

para a região, ou seja, 47% do total das espécies são consideradas estritamente florestais. Para

as áreas urbanas, foram registradas três espécies, sendo elas, H. mabouia, M. frenata, e T.

torquatus. Esta última foi a espécie mais generalista, ocupando todos os tipos de hábitat,

exceto o interior de floresta, enquanto que H. Mabouia foiparticularmente associada aos

domicílios. Para as áreas de Campo Rupestre, foram registradas quatro espécies: M.

dorsivittata, T. itambere, A. ameiva e T. torquatus, sendo que as duas primeiras só ocorreram

neste hábitat.

As espécies M. frenata, M. dosivittata, A. ameiva, T. merianae, T. torquatus e T. itambere,

correspondendo a cerca de 40% da riqueza amostrada, apresentaram hábito terrícola,

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emboraos tropidurídeos também foram observados sobre troncos de árvores em bordas florestais. Todas as espécies pertencentes à família Gymnophthalmidae foram encontradas somente em ambientes florestais, assim como o anguídeo Ophiodes striatus. As espécies pertencentes à família Leiosauridae apresentaram hábitos arborícola e semi-arborícolas.

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Figura 2. Lagartos registrados na Serra do Ouro Branco, porção sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. a) Ophiodes striatus; b) Hemidatylus mabouia; c) Cercosaura quadrilineata; d) Ecpleopus gaudichaudii; e) Heterodactylus imbricatus(foto: Leandro Drummmond); f) Enyalius bilineatus; g) Enyalius perditus(foto: Leandro Drummmond); h) Urostrophus vautieri(foto: Leandro Drummmond); i) Polychrus acutirostris(foto: Pedro Bernardo); j) Mabuya frenata(foto: Leandro Drummmond); k) Mabuya dorsivittata(foto: Henrique C. Costa); l)Ameiva ameiva(foto: Pedro Bernardo); m) Tupinambis merianae; n) Tropidurus torquatus; o) Tropidurus itambere(foto: Leandro Drummmond).

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A espécie M. dorsivittata foi registrada para a região a partir um indivíduo coletado na serra do Ouro Branco e tombado no MZUFV, não tendo sido observada no presente estudo. Onze espécies foram capturadas com a utilização de armadilhas de interceptação e queda, sendo que os representantes da família Gymnophthalmidae, bem como O. striatus e U. vautieri, só foram capturadas nas armadilhas de interceptação e queda. Quatro espécies foram registradas por procura ativa, sendo elas: E. perditus, A. ameiva, além das duas espécies da família

Tropiduridae, sendo que T. itambere foi coletado exclusivamente por meio deste método de captura. Nove espécies foram encontradas ocasionalmente durante a execução dos trabalhos de campo, sendo que duas espécies, H. mabouya e P. acutirostris, foram capturadas exclusivamente por este método.

DISCUSSÃO

As 15 espécies de lagartos registradas para a Serra do Ouro Branco correspondem a aproximadamente 26, 31 % da fauna de lagartos registradas para Minas Gerais (Bérnils et al.,

2009) e 6% das espécies de lagartos brasileiros (Bérnils & Costa, 2011). Colli et al. (2002) e

Nogueira, (2006) afirmam que em localidades bem amostradas do Cerrado, a estimativa de riqueza de lagartos é de 13 a 28 espécies, sendo essa relação desconhecida para a Mata

Atlântica e áreas de transição entre esses dois biomas. De fato, as comparações não são conclusivas, visto que diferenças na extensão das áreas de amostragem e as metodologias utilizadas em cada bioma e locais de estudo podem influenciar diretamente na relação de espécies (Rodrigues, 2005). No entanto segundo Rodrigues (2005), a fauna de lagartos em conjunto com os anfisbenídeos é estimada em 70 espécies para todo o Cerrado, 67 para a

Mata Atlântica e 12 para áreas de transição, sendo os Campos Rupestres inclusos em áreas de

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transição pelo autor. No presente trabalho foram encontradas 13 espécies já registradas na

Mata Atlântica, sendo quatro delas endêmicas desse bioma, oito espécies para o Cerrado, e nove já registrados em regiões de transição entre esses dois biomas.

De acordo com a literatura disponível, a maior parte dos lagartos coletados na Serra do Ouro

Branco, cerca de 60%, partilham tanto áreas do domínio da Mata Atlântica, como também do

Cerrado. Porém, a Mata Atlântica foi o bioma com maior número de espécies registradas, apresentando inclusive quatro espécies consideradas endêmicas desse domínio como C. quadrilineatus, E. gaudichadi, H. Imbicatus, e E. perditus. Nenhuma espécie registrada é endêmica do Cerrado. As espéciesA. ameiva, H. mabouia, e T. merianae apresentam ampla ocupação e distribuição geográfica.

Em Minas Gerais, próximo a divisa com os estados de Goiás e da Bahia, Recorder &

Nogueira (2007) registraram 25 espécies de lagartos em uma região de Cerrado, com clima e topografia bem distintos de uma região de altitude, como é caso a Serra do Ouro Branco.

Entretanto todas as espécies das famílias Tropiduridae, Scincidae e Anguidae e a espécie A. ameiva, encontradas em Ouro Branco também foram reportadas por Recorder & Nogueira

(2007). Uma explicação para essa semelhança faunística pode ser a preferência dessas espécies por áreas abertas. Todas essas espécies em comum preferem áreas abertas, sendo essas mais comuns no Cerrado. Os Teiideos, por exemplo, ocorrem em áreas abertas pela ação humana (Sartorius et al., 1999), o que na região do presente estudo foi frequentemente observado. Além de um exemplar muito jovem coletado no pitfall, essa espécie só foi avistada em áreas permanentemente abertas para a passagem de linhas de transmissão de energia elétrica e locais com cortes recentes de árvores.

Para o município de Viçosa, Minas Gerais, nos domínios da Mata Atlântica, foram reportadas

12 espécies de lagartos, a partir da coleção do Museu de Zoologia João Moojen (Costa et al.,

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2009). Dentre as espécies encontradas no município de Viçosa, O. cf striatus, H. mabouia, E. gaudichaudii, E. bilineatus, M. dorsivittata, A. ameiva, T. merianae e T. torquatus, também foram encontradas na área do presente estudo. Todavia, exceto E. gaudichaudii, endêmica da

Mata Atlântica, e H. mabouia, que prefere ambientes antropizados (Benesi, 2007; Costa et al.,

2009; Forlani et al., 2010), todas as espécies encontradas em Viçosa também foram reportadas nos domínios do Cerrado (Recorder & Nogueira, 2007) em uma área de preservação. Isso mostra a flexibilidade que algumas espécies de lagartos podem exibir, sendo as suas distribuições registradas em dois biomas tão distintos como a Mata Atlântica e o

Cerrado. No entanto, verificou-se também que as espécies em comum preferem ambientes abertos aos ambientes de mata.

Quanto a trabalhos realizados em áreas de transição (Bertoluci et al., 2009; Sousa et al.,

2010), o presente estudo apresentou maior riqueza de espécies de lagartos. Todas as espécies de lagartos registrados por Bertoluci et al. (2009), na Estação Ambiental de Peti, Minas

Gerais, nomeadamente: Enyalius cf bilineatus, H. mabouia, A. ameiva, T. merianae e T. torquatus exceto Ophiodes sp.foram amostrados em Ouro Branco. No entanto, Bertoluci et al.

(2009) não utilizou armadilhas do tipo pitfall, podendo a comunidade de lagartos da serapilheira ter sido sub amostrada, nomeadamente os pertencentes a família

Gymnophthalmidae. Esses lagartos apresentam em geral um tamanho muito reduzido, sendo de difícil captura e visualização em meio à serapilheira.

Segundo Sousa et al. (2010), no Campo das Vertentes em Minas Gerais, que também constitui uma área de transição, vivem em simpatria nove espécies de lagartos distribuídas em oito famílias. Dessas, oito espécies foram comuns ao presente trabalho. Essa similaridade pode ser explicada tanto pela presença de espécies com ampla distribuição nos dois biomas, como também pela similaridade topográfica entre as duas áreas. Tanto o campo das Vertentes,

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quanto a Serra do Ouro Branco são áreas de altitude elevada compostas por fragmentos florestais de Mata Atlântica e áreas de Cerrado.

Toda a semelhança da fauna de lagartos encontrada nas diversas regiões demonstra realmente que a área do presente estudo reúne uma fauna de lagartos com espécies representativas dos dois biomas, e destaca a importância das áreas de transição para o entendimento de como e quais espécies avançam para as fronteiras entre o Cerrado e a Mata Atlântica, o que pode fornecer respostas importantes para a preservação desse grupo animal.

Algumas espécies como T. torquatus, T. merianae e A. ameiva, aparentemente parecem se beneficiar de intervenções antrópicas, principalmente aquelas relacionadas à abertura de clareiras nas florestas. No entanto, as espécies das famílias Gymnophthalmidae, Leiosauridae e Polychrotidae, ou seja, 47% do total das espécies do presente estudo são consideradas estritamente florestais (Jackson, 1978; Eisemberg et al., 2004; Dixo & Verdade, 2006). Esses lagartos são sensíveis a mudanças no microclima e problemas associados à mudança na vegetação podem causar alterações ou mesmo extinção de suas populações (Barlow & Peres

2004; Román-Cuesta & Martínez-Vivalta, 2006).

Corroborando com Cechin & Martins (2000), as armadilhas de interceptação foram eficientes na representação da comunidade dos lagartos, capturando cerca de 70 % da riqueza de espécies registradas para a Serra do Ouro Branco. Essas armadilhas foram mais eficientes na captura de espécies de serapilheira, mas por meio delas foi possível a captura de espécies de hábitos arborícolas e semi-arborícolas.

Nenhum lagarto da Serra do Ouro Branco está incluído na lista de espécies ameaçadas para o

Estado de Minas Gerais. No entanto, Urostrophus vautieri consta como vulnerável, na lista das espécies da fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio Grande do Sul (Marques et al.,

2002) e E. perditus possivelmente ameaçada no estado do Rio de Janeiro (Rocha et al., 2000).

Vale lembrar que estudos envolvendo a fauna de lagartos estão ainda em fase exploratória, e

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nenhum grupo deve ser considerado como sendo de pouca importância biológica, sem exaustivos inventários e pesquisas de campo (Rodrigues, 2005).

LISTA COMENTADA DOS LAGARTOS REGISTRADOS PARA A SERRA DO OURO BRANCO, MINAS GERAIS

Família Anguidae

Ophiodes striatus (Spix, 1825) apresenta corpo cilíndrico e alongado, membros anteriores ausentes e membros posteriores vestigiais. É um animal denominado popularmente por

‘cobra de vidro’ devido à aparência serpentiforme e à facilidade com que realiza a autotomia caudal quando manipulado. Apresenta hábito diurno e reprodução vivípara (Bernardo & Pires,

2006). Sua alimentação consiste basicamente de artrópodes, sendo Blatodea, Aranae e

Orthoptera os itens mais frequentes em sua dieta, podendo também consumir pequenos lagartos e serpentes (Barros & Teixeira, 2007). É uma espécie semi-fossorial e pode ser encontrada na Argentina, Uruguai e Brasil, onde ocorre principalmente em áreas de altitude

(Vaz-Ferreira & Soriano, 1960; Gallardo, 1966; Cunha, 1961; Peters et al., 1970). Até o presente momento, o gênero Ophiodes inclui O. striatus e mais duas espécies. Entretanto

Borges-Martins (1998), mencionou que ainda restam algumas espécies a serem descritas.

Família Gekkonidae

Hemidactylus mabouia Moreau de Jonnès, 1818 são animais de pequeno porte, ovíparos, sendo que as fêmeas podem apresentar estocagem e armazenamento de esperma no tubo uterino (Nogueira et al., 2011), aspecto que certamente contribuiu para o sucesso da introdução dessa espécie nas zonas tropicais. É uma espécie exótica originada do continente africano (Carranza & Arnold, 2006; Vanzolini et al., 1980; Ávila-Pires, 1995), sendo 36

presente também em ilhas oceânicas (Carranza & Arnold, 2006; Carvalho et al., 2007). A espécie apresenta atividade noturna. No entanto é possível encontrá-los em plena atividade durante do dia (Carvalho et al. 2007). Indivíduos dessa espécie são encontrados principalmente nos ambientes urbanos e até mesmo edifícios (Benesi, 2007; Costa et al.,

2009; Forlani et al., 2010), onde se alimentam de pequenos invertebrados atraídos pela luz artificial.

Família Gymnophthalmidae

Cercosaura quadrilineata Doan, 2003 apresenta pequeno tamanho corpóreo, com membros bem desenvolvidos e cauda longa. O gênero Cercosaura se distribui em praticamente todos os países da América Latina, exceto no Chile. Entre as espécies representadas no Brasil, C. quadrilineatas se diferencia das outras cinco por suas escamas dorsais dispostas em séries transversais e oblíquas e ventrais em quatro linhas longitudinais, além de apresentar 9 a 10 poros femorais (Doan, 2003; Vanzolini, 1948). Essa espécie é deficiente em informação sobre distribuição geográfica e dados ecológicos, sendo uma das espécies menos representadas no presente estudo.

Ecpleopus gaudichaudii Duméril & Bibron, 1839 é a menor espécie de lagartos da região da serra do Ouro Branco, endêmica da Mata Atlântica e única do gênero presente no Brasil.

Caracteriza-se pelo porte pequeno, cauda comprida, membros curtos e modo de vida associado à serapilheira de áreas florestadas, alimentando-se basicamente de pequenos invertebrados (Eisemberg et al., 2004). A reprodução é ovípara com ninhadas de um a dois ovos (Perini & Butti, 2008). Segundo Uzzell (1969), E. gaudichaudii ocorre em altitudes não muito elevadas, podendo chegar até os 1000m acima do nível do mar. Contudo, esta espécie foi encontrada no presente estudo em altitudes que variam entre 1250 e 1568 metros de

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altitude ampliando assim a sua distribuição e ocorrência, quanto a área e altitude. Apesar de ser considera restrita de áreas preservadas, esta espécie já foi capturada em locais antropizados por Dixo & Metzger (2009) e Costa et al. (2010), assim como no presente trabalho, onde foi encontrada em matas secundárias próximas a estrada. Esse animal não é de fácil captura por sua coloração críptica e tamanho reduzido. Graças a estudos recentes com utilização de armadilhas do tipo pitfall e análises de materiais em coleções zoológicas, sua distribuição geográfica conhecida tem aumentado consideravelmente (Costa et al., 2010; Dixo

& Metzger, 2009; Dixo & Verdade, 2006; Ramos & Silveira, 2011).

Heterodactylus imbricatus Spix, 1825 é um lagarto de pequeno porte e cauda muito longa, podendo ser maior que o próprio corpo. É frequente o encontro de indivíduos com sinais de autotomia caudal. Essa espécie é conhecida na região como “Cobra-de-patas”. Além de H. imbricatus, ocorrem outras duas espécies do mesmo gênero no Brasil, H. Lundii e H.

Septentrionalis. A espécie da área do presente estudo se diferencia destas duas principalmente por ter maior porte; pela presença de uma sexta escama supra labial e por apresentar o quinto dedo vestigial (Rodrigues et al., 2009). A espécie não apresenta dimorfismo sexual aparente.

É encontrada na serapilheira de áreas florestadas montanhosas da Mata Atlântica do sudeste e do sul do Brasil (Dixo & Verdade, 2006; Rodrigues et al., 2007, 2009). Recentemente, foi reportada a ocorrência dessa espécie em ambientes ripários associados ao bioma Cerrado em

Minas Gerais (Novelli et al., 2011). Existem poucas informações sobre a reprodução e alimentação de H. imbricatus.

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Família Leiosauridae

Enyalius bilineatus Duméril & Bibron, 1837 é uma espécie diurna, passando a maior parte do tempo imóvel (Jackson, 1978), apresenta corpo cilíndrico e delgado com membros e cauda longos. O dorso é marrom ou cinza e seu ventre é branco ou acinzentado. Esse lagarto ocorre apenas no Brasil, habitando áreas florestadas dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e

Minas Gerais. É encontrado em matas de galeria e em áreas de Cerrado com mata, onde se alimenta de artrópodes. É considerado um forrageador do tipo senta-e-espera, predando principalmente no solo (Zamprogno et al., 2001).

Enyalius perditus Jackson, 1978 é um lagarto de hábito semi-arborícola, que durante o dia é encontrado em atividade no chão ou sobre vegetação, repousando nos ramos e folhas largas à noite. Apresenta dimorfismo sexual, sendo que as fêmeas adultas geralmente apresentam maior largura corporal e coloração do corpo marrom. Os machos adultos são mais esguios e de coloração verde. Juvenis desta espécie se assemelham às fêmeas quanto à coloração, demonstrando variação ontogênica na coloração (Sturaro & Silva, 2010). A espécie se alimenta principalmente de artrópodes (Sousa & Cruz, 2008; Sturaro & Silva, 2010).

Segundo Sousa & Cruz (2008), os machos desta espécie são forrageadores ativos, enquanto que as fêmeas utilizam a estratégia de senta-e-espera. A espécie é exclusiva de áreas com mata, sendo sensível a fragmentação de hábitat (Dixo & Metzger, 2009). É uma espécie endêmica da Mata Atlântica (Jackson,1978), sendo dessa forma considerada como possivelmente ameaçada no estado do Rio de Janeiro (Rocha et al., 2000). Segundo Sturaro et al. (2010), a espécie apresenta um ciclo reprodutivo por ano, com início em novembro e final em março. Esta espécie ocorre com relativa abundância nas áreas florestadas da serra do Ouro

Branco.

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Urostrophus vautieri Duméril & Bibron, 1837 é um lagarto de corpo pequeno, cilíndrico e delgado, com membros e cauda compridos, apresenta aspecto críptico, confundindo-se com o substrato. Essa espécie é encontrada na Argentina, Bolívia e no Brasil, onde é conhecida a sua ocorrência em áreas de Mata Atlântica nos estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Etheridge & Williams, 1991;

Sazima & Haddad, 1992; Santos et al., 2009; Gasparini et al., 2010). No entanto, recentemente, essa espécie foi encontrada nos domínios do Cerrado, em florestas ripárias na

Reserva de Boquirão, município de Ingaí, Minas Gerais (Santos et al., 2009). Trata-se da

única espécie do gênero presente no Brasil (Bérnils & Costa, 2011).

Família Polychrotidae

Polychrus acutirostris Spix, 1825: é uma espécie diurna de hábito arborícola, mas também com registros de ocorrência no solo (Vanzolini, 1983). É um animal de pequeno porte, apresenta corpo e cauda longos e os membros curtos. Alimenta-se de artrópodes arbóreos e de vegetais (Vitt & Lacher-Jr, 1981). O período reprodutivo ocorre durante a estação chuvosa, sendo reportada a postura de uma única ninhada, contendo de sete a 31 ovos (Vit & Lacher-Jr,

1981). O comportamento de camuflagem dessa espécie é bem desenvolvido, o que dificulta o seu encontro em trabalhos de levantamento de espécies e estudos de comunidade. No Brasil, ocorrem outras duas espécies do mesmo gênero: P. liogaster e P. marmuratus (Bérnils &

Costa, 2011). A distribuição geográfica de P. acutirostris é bastante extensa na América do

Sul ocorrendo também na Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai (Burt & Burt 1931;

Vanzolini et al., 1980; Vanzolini, 1983). No Brasil, essa espécie ocorre no sul do Pará, nos estados das regiões Nordeste e Centro Oeste, além de Minas Gerais, São Paulo, na região

Sudeste. A espécie costuma ocupar vegetações abertas e está presente no Cerrado, Caatinga,

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Chaco, Pantanal (Vanzolini et al., 1980; Vanzolini, 1983; Kawashita-Ribeiro & Ávila, 2008) e no presente estudo, nos limites da Mata Atlântica com o Cerrado.

Família Scincidae

Mabuya dorsivittata Cope 1862 é uma espécie de pequeno porte, corpo cilíndrico, com os membros bem desenvolvidos e cauda longa. Vive em simpatria com M. frenata na região do presente estudo, se diferenciando morfologicamente desta quanto ao número de escamas frontoparientais. Alimenta-se de pequenos invertebrados e vertebrados e apresenta dimorfismo sexual, sendo as fêmeas adultas maiores que os machos. Ocorre no Cerrado e em matas de galeria nos estados de Minas Gerais (Recorder & Nogueira, 2007), nas dunas costeiras, no estado do Rio Grande do Sul (Quintela et al., 2006) e em campos de altitude no

Rio de Janeiro (Rocha et al., 2003). Um único exemplar coletado para a serra do Ouro Branco está tombada na coleção de répteis do MZUFV(MZUFV-530).

Mabuya frenata (Cope, 1862) é uma espécie diurna, heliófila que ocorre em áreas abertas, onde seu micro hábitat preferencial são as rochas (Vrcibradic & Rocha, 1998). A dieta dessa espécie inclui um leque variado de artrópodes, sendo os cupins os itens alimentares preferenciais. A espécie apresenta pequeno porte, corpo cilíndrico e cauda longa e apresenta dimorfismo sexual, com fêmeas de tamanho corpóreo maior (Vrcibradic & Rocha, 1998).

Essa espécie ocorre no sudeste e centro-oeste do Brasil, além de estar presente na Argentina,

Bolívia e Paraguai (Peters et al., 1970). Em Minas Gerais, M. frenata é registrada nas regiões do Cerrado, Mata Atlântica, e em ambientes de transição (Recorder & Nogueira, 2007; Costa et al., 2008; Sousa et al., 2010). No presente trabalho, foram coletados indivíduos tanto em ambientes de mata, como também em áreas urbanas.

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Família Teiidae

Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) é uma espécie de lagarto terrícola de porte médio. É um forrageador ativo e sua dieta é composta por artrópodes, pequenos vertebrados e materiais vegetais (Vanzolini et al., 1980; Colli et al., 1997; Teixeira, 2001). A espécie apresenta dimorfismo sexual, sendo os machos maiores e com mais massa corporal do que as fêmeas

(Rocha, 2008). As fêmeas produzem várias ninhadas, com uma média de cinco a seis ovos por ano (Vanzolini et al., 1980). É a única espécie do gênero descrita no Brasil e ocorre em áreas abertas em praticamente todo o seu território (Vanzolini, 1986; Vitt & Colli, 1994). Esse lagarto apresenta ampla distribuição geográfica, e se encontra também representado no

Panamá, norte da Argentina e leste dos Andes, ocorrendo principalmente em áreas abertas, ecótones e áreas perturbadas (Vanzolini, 1986; Vitt & Colli, 1994; Sartorius et al., 1999).

Costuma ser uma espécie abundante no Cerrado, onde ocupa áreas abertas e bordas de matas

(Recorder & Nogueira, 2007). Neste presente trabalho a espécie foi registrada em áreas de borda de estrada e no campo rupestre.

Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) é uma das espécies com maior distribuição geográfica no Novo Mundo sendo a espécie de maior porte entre os Teiídeos (Fitzgerald et al., 1993). No Brasil, T. merianae ocorre na maioria das florestas da região sudeste forrageando em áreas abertas de Cerrado, na Caatinga e em bordas de matas de galeria

(Sazima & Haddad, 1992; Vanzolini et al., 1980). Sua dieta é onívora, composta por invertebrados, pequenos vertebrados, ovos, carniça e frutos (Kiefer & Sazima, 2002; Castro &

Galleti, 2004; Ávila- Pires, 1995; Colli et al., 1998), podendo atuar como dispersor de sementes (Castro & Galetti, 2004). Este lagarto merece uma atenção na área do presente estudo, visto que a sua carne é apreciada como recurso alimentar pelos habitantes da região

(Pinto, 2011).

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Família Tropiduridae

Tropidurus torquatus (Wied, 1820) é um lagarto de pequeno porte, comumente encontrada em áreas abertas, sendo vista sobre rochas, cupinzeiros, troncos caídos e no chão. É comum em áreas antropizadas, podendo ser observada com facilidade sobre muros e cercas de casas e ruas da área do presente estudo. Sua dieta consiste basicamente de artrópodes. No entanto, podem ingerir partes de material vegetal e outros pequenos vertebrados (Teixeira &

Giovanelli, 1999). Sua reprodução é cíclica, ocorrendo quase que inteiramente na estação chuvosa. Cada fêmea pode depositar mais de uma ninhada durante o ano, contendo entre quatro a 14 ovos, dependendo do tamanho da fêmea (Vanzolini et al., 1980). Esse lagarto é encontrado na Argentina, Uruguai, Paraguai e nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do Brasil

(Rodrigues, 1987). Trata-se de uma das espécies mais abundantes na região, ocupando cupinzeiros, tronco de árvores grossas, bordas de mata, muros de domicílios, em solos arenosos próximos a área urbana e em rochas, sempre em áreas abertas.

Tropidurus itambere Rodrigues, 1987 é um animal de pequeno porte, corpo robusto e deprimido, membros longos e cauda curta. Apresenta atividade diurna sendo observado em atividades de forrageio e termorregulação nas horas mais quentes do dia. Sua dieta consiste basicamente de tecidos vegetais e artrópodes (Van Sluys, 1992). Este lagarto é endêmico do

Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, sendo encontrada em áreas de Cerrado pouco perturbadas, especialmente com abundância de rochas (Rodrigues, 1987).

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CHAVE ARTIFICIAL PARA IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE LAGARTOS DA SERRA DE OURO BRANCO, OURO BRANCO, PORÇÃO SUL DO ESPINHAÇO MINAS GERAIS.

1. A: Olho com formato cônico e saliente; corpo e cauda compridos; presença de poros femorais...... Polychrus acutirostris (fig.: 3. i). 1. B: Olho sem o formato descrito acima...... 2.

2. A: Membros anteriores ausentes...... Ophiodes striatus (fig.: 3. a). 2. B: Membros anteriores presentes...... 3.

3. A: Escamas dorsais hexagonais, quilhadas e alongadas...... 4. 3. B: Escamas dorsais não descritas como acima...... 6.

4. A: Membros anteriores com quatro dígitos bem reduzidos, com cauda e corpo bem alongados...... Heterodactylus imbricatus (fig.: 3. e). 4. B: Membros anteriores com cinco dígitos...... 5.

5. A: Com 09 a 10 poros femorais...... Cercosaura quadrilineatus (fig.: 3. c). 5. B: Poros femorais ausentes ...... Ecpleopus gaudichaudii (fig.: 3. d).

6. A: Escamas dorsais e ventrais ciclóides...... 7. 6. B: Escamas dorsais não como descritos acima...... 8.

7. A: Uma frontoparietal...... Mabuya frenata (fig.: 3. j). 7. B: Duas fronto-parietais...... Mabuya dorsivittata (fig.: 3. k).

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8. A: Bolsas ou dobras de ácaros presentes...... 9. 8. B: Bolsas e dobras de ácaros ausentes...... 10.

9. A: Bolsa de ácaros comprida e profunda nos lados do pescoço; axila sem bolsa de ácaros...... Tropidurus itambere (fig.: 3. o). 9.B: Duas bolsas de ácaros rasas nos lados do pescoço e preenchidas por grânulos...... Tropidurus torquatus (fig.: 3. n).

10. A: Escamas ventrais quadrangulares, dispostas em fileiras regulares longitudinais e transversais. Escamas dorsais menores que ventrais frequentemente granulares e poros femorais presentes...... 11. 10. B: Escamas ventrais não descritas como acima e pequenas; escamas granulares ao longo do corpo...... 12.

11. A: Doze ou menos ventrais em fileira transversal no meio do corpo; poros femorais presentes...... Ameiva ameiva ( fig.: 3. i). 11. B: Quinze ou mais ventrais em fileira transversal no meio do corpo; dorso com faixas transversais negras ou quase totalmente negras; poros femorais presentes...... Tupinambis merianae (fig.: 3. m).

12. A: Dígitos curtos com lamelas subdigitais bem desenvolvidas; corpo com pequenas projeções ou tubérculos de escamas que se tornam mais salientes na região posterior do corpo e na cauda, lembrando espinhos; pálpebra ausente...... Hemidactylus mabouia (fig.: 3. b).

12. B: Dígitos não descritos como acima; corpo e caudas esguios e alongados...... 13.

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13. A. Fileira ou crista de escamas vertebrais aumentadas e destacadas das demais...... 14. 13. B. Sem distinção de escamas vertebrais...... Urostrophus vautieri (fig.: 3. h ).

14. A: A Escama da sub-ocular bem distinta e alongada em relação as demais...... Enyalius bilineatus (fig.: 3. f). 14. B: Escama da Sub-ocular pequena e uniforme, sendo que os machos adultos da espécie apresentam coloração esverdeada, e as fêmeas coloração marrom...... Enyalius perditus (fig.: 3. g).

BIBLIOGRAFIA

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46

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CAPITULO 2: INFLUÊNCIA DE BORDAS E DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS NA ESTRUTURAÇÃO DA COMUNIDADE DE LAGARTOS EM FRAGMENTOS DE MATA EM UMA ÁREA DE TRANSIÇÃO MATA ATLÂNTICA- CERRADO

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RESUMO

A estrutura do hábitat é considerada um dos fatores primordiais no estudo da ecologia de qualquer espécie. Sua alteração provoca mudanças na composição da comunidade, podendo favorecer, ou levar a extinção de populações ou espécies. Este trabalho teve como objetivo de analisar a influência da estrutura do hábitat e efeito de bordas na organização da comunidade dos lagartos de serapilheira em fragmentos de matas situadas em uma zona de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Para tanto foram escolhidas três áreas de mata secundárias e em processo de regeneração denominadas como A, B e C na serra de Ouro Branco. Cada área foi amostrada em três ambientes diferentes: borda com a estrada, borda com ambientes de prática agrícola e interior do ambiente de mata. Em cada um desses ambientes foram instaladas armadilhas de interceptação e queda as quais foram vistoriadas ao longo de um ano, entre janeiro e dezembro de 2010, com um esforço amostral de 5184 dias-balde e 1728 dias-baldes por área. Foram coletadas oito espécies, distribuídas em cinco famílias: Anguidae, Gymnophthalmidae, Leiosauridae, Scincidae e Teiidae, totalizando 101 indivíduos. E. perditus foi a espécie mais abundante na região, seguida de E. gaudichaudii e H. imbricatus. Quanto a riqueza, as áreas A e B se mostraram iguais e maiores que a área C. Não foi encontrada uma diferença significativa na riqueza de lagartos entre os diferentes ambientes amostrados. A abundância de lagartos não variou entre as áreas e nem entre os ambientes. A similaridade na composição da fauna de lagartos de serapilheira pode ser devido à estrutura vegetacional similar entre os ambientes. Tal fato pode estar também relacionado à baixa abundância de lagartos coletados. No entanto, em matas secundárias, as variáveis ambientais e vegetacionais parecem ter exercido maior influência na estruturação da comunidade de lagartos do que os efeitos das bordas. A partir dos dados do presente trabalho, foi possível verificar que os ambientes de borda de matas secundárias comportam tanto as espécies consideradas estritamente florestais e mais sensíveis a alterações no habitat, como também espécies de áreas abertas. Considerando que espécies que ocorrem em bordas florestais estão sujeitas aos mais variados riscos, torna-se necessário dar maior importância a conservação e restauração de áreas perturbadas.

Palavras chave: Uso de hábitat; Fragmentação; Répteis; Ambientes perturbados.

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ABSTRACT

Habitat structure is considered to be one of the most important factor in the study of any species’ ecology. Its alteration incurs in changes in the composition of the community, either favoring or extinguishing populations or species. With the purpose of analyzing the influence of the structure of habitat and the border effects in the organization of litter lizards communities in wood fragments located in a transition zone between the Atlantic Forest and the Cerrado. For that, three secondary woodland areas in regeneration process were chosen, from now on called A, B and C. In each area, three different environments were analyzed: borders with roads, borders with agricultural fields and woodland interior. In each of these spots, were installed interception and fall traps, which were monitored for over a year, from January 2010 to December 2010, with a sample-effort of 5184 bucket-days and 1728 bucket- days per area. Eight species were collected, distributed amongst five families: Anguidae, Gymnophthalmidae, Leiosauridae, Scincidae and Teiidae, with a total of 101 individuals. E. perditus was the most abundant species in the region, followed by E. gaudichaudii and H. imbricatus. Areas A and B showed the same richness, higher than area C. There was no significant difference in the richness of lizards in the analyzed regions. Their abundance showed no signs of variation whatsoever, either between the areas or between the environments. The similarity in the composition of litter lizards’ fauna could be attributed to the similar vegetation structure between the environments. But in secondary forests, the environmental and vegetation variables seem to have exerted higher influence in the structure of the communities of lizards than the border effects. Given the present data collected by this study, it was possible to infer that the secondary forests environments hold species considered strictly forest related and more sensitive to habitat alterations, as species of open areas. Considering the fact that species that occur in forest borders are subjected to more risks, it is necessary to give a greater importance to the conservation and restoration of disturbed areas.

Keywords: Habitat using; Fragmentation; Reptiles; Disturbed Environments

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INTRODUÇÃO

A estrutura do hábitat é considerada um dos fatores primordiais a serem levados em conta no estudo da ecologia de qualquer grupo biológico. Alterações no hábitat provocam mudanças na composição das espécies de uma comunidade, influenciando no sucesso dos indivíduos quanto à capacidade de aproveitamento dos recursos disponíveis, podendo favorecer ou levar a extinção de populações ou espécies (Murcia, 1995; Tabarelli & Gascon, 2005; Mendonça et al., 2009; Alford & Richards, 1999; Jellinek et al., 2004; Gascon et al., 2000; Sala et al.,

2000; Fahrig, 2003).

A fragmentação de habitat, tendo como objetivo a urbanização, prática de agricultura ou formação de estradas, levam a criação de bordas que constitui grande ameaça a biodiversidade

(Bierregaard et al., 2001; Tabarelli et al., 1999; Broadbent et al., 2008). A prática da agricultura, além de provocar a perda de habitat, isola fragmentos de matas, facilita a entrada de espécies exóticas e aumenta os riscos de incêndios e contaminação por agrotóxicos para as espécies nativas (Fiszon et al., 2003; Broadbent et al., 2008). A criação de estradas, por sua vez, tem um importante papel no direcionamento da perda de hábitats naturais e no aumento de vias que causam impactos, como atropelamentos de animais silvestres, riscos de contaminação por poluição, incêndios e práticas de caça, resultando assim na diminuição da diversidade de organismos nas comunidades (Trombulak & Frissell, 2000;Cerqueira et al.,

2003; Skole & tocker, 1993; Santos & Tabarelli,2002; Fiszon et al., 2003; Peres & Lake,

2003; Tabarelli & Gascon, 2005; Hartmann et al., 2011). Esses riscos dependem muito do ambiente que circunda o fragmento, ou seja, a “matriz” (Gascon et al., 1999; Bierregaard et al., 2001).

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Estudos para entender como espécies, populações ou comunidades reagem aos efeitos de bordas são cruciais na construção de idéias e reflexões conservacionistas. A rápida destruição de ecossistemas em todo mundo exige decisões planejadas e um conhecimento profundo das consequências de alterações. Inúmeros estudos reúnem evidências dos impactos dessas alterações em diversos grupos biológicos, tais como plantas (Bierregaard et al., 2001;

Laurence et al., 2000;Tabarelli et al., 1999), invertebrados (Kruess & Tscharntke, 1994), anfíbios (Collins & Storfer, 2003; Hazell, 2003; Lehtinen et al., 2003; Gardner et al., 2007;

Bell & Donnelly, 2006; Dixo & Martins, 2008), répteis (Kitchener et al., 1980; Gibbons et al.,

2000; Gardner et al., 2007; Dixo & Martins, 2008; Lehtinen et al., 2003; Bell & Donnelly,

2006; Dixo & Metzger, 2009), aves (Mendonça et al., 2009) e mamíferos (Adler, 1996;

Pardini, 2004). Apesar dos cientistas terem apresentado um número relativamente grande de trabalhos relacionados às consequências deste tipo de distúrbio e da identificação das ações prioritárias, esses riscos ainda permanecem (Tabarelli & Gascon, 2005; Gardner et al., 2007).

O novo código florestal em tramitação no Brasil, um dos países mais biodiversos do mundo, é a mais pura demonstração desta realidade, dado que estudos que apontam a perda de hábitat como o principal causador da perda da riqueza biológica foram ignorados (Ab’Sáber, 2010).

Os lagartos ocupam diversos ambientes e sãoconsiderados particularmente sensíveis a alterações no meio, o que os torna muito útil em estudos de qualidade ambiental (Vitt et al.,

1998; Jellinek et al.,2004; Dixo & Martins, 2008; Dixo & Metzger, 2009), sendo considerados excelentes modelos para o entendimento de processos ecológicos que envolvem alterações no hábitat (Kitchener et al., 1980; Lehtinen et al., 2003; Gardner et al., 2007).

Populações deste grupo vem sofrendo um declínio global, devido principalmente à perda e alteração de habitats, introdução de espécies exóticas, poluição ambiental, doenças, além das mudanças climáticas (Gibbons et al., 2000).

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Devido à elevada pressão antrópica, riqueza e endemismos da flora e fauna, além de aspectos da riqueza cultural, a Serra do Espinhaço foi elevada em 2005 a categoria de Reserva daBiosfera pela UNESCO, pelo programa o Homem e a Biosfera (MAB). Este ambiente singular representa um dos poucos ecossistemas montanhosos no Brasil, sendo considerado o divisor de dois hotspots extremamente ameaçados: Mata Atlântica e a Cerrado (Myers et al.,

2000). Suas características geológicas e geográficas são argumentos interessantes para estudos de caráter ecológico e biogeográfico que participam na geração da diversidade.

O presente trabalho foi realizado na serra do Ouro Branco, localizada na porção sul da Cadeia do Espinhaço. A comunidade de lagartos em ambientes de interior de matas secundárias e de bordas criadas por ações antrópicas tais como: estradas e áreas de prática agrícola foram analisadas, incluindo elementos da estrutura do hábitat ou variáveis ambientais. Este trabalho teve como objetivo contribuir para o entendimento dos processos ecológicos que atuam na estruturação de comunidades em paisagens formadas por um mosaico de ambientes perturbados. Para isso, foram propostas as seguintes questões: Como é composta a comunidade de lagartos em diferentes áreas dos fragmentos florestais de mata secundária? Há diferença na riqueza, abundância e composição de espécies em ambientes de interior ou ambiente de bordas florestais? As variáveis ambientais mensuradas no trabalho influenciam na distribuição dos lagartos no fragmento? Se sim, que variáveis ambientais mais afetam na distribuição dos lagartos no fragmento? Para responder essas questões foram apresentadas as seguintes hipóteses:

1) Ambientes de borda terão uma composição, riqueza e abundância diferentes dos

ambientes de interior de mata. Apesar de todos os ambientes apresentarem sinais

claros de interferência antrópica, é esperado que os ambientes de borda

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apresentemalterações no microclima (vento, temperatura, umidade) mais bruscas do

que os ambientes de interior (Murcia, 1995), os quais oferecem condições mais

estáveis, além de apresentarem menos distúrbios, tais como, poluição e presença

antrópica.

2) Ambientes de borda com áreas de agricultura ou com estrada terão composição,

riqueza e abundância de lagartos diferentes entre si. As matrizes que circundam os

fragmentos de mata nos dois casos, são de diferentes composições, qualidade e

permeabilidade, podendo atuar como barreira ou filtro para algumas espécies

(Gascon et al.,1999). Os ambientes utilizados para a prática agrícola podem ser

utilizados pelos lagartos, constituindo uma matriz permeável para algumas espécies,

enquanto que ambientes de estrada ou rodovia apresentam-se totalmente desprovido

de vegetação e serapilheira, além do fluxo de automóveis, aumentando riscos como

atropelamentos.

3) Variáveis ambientais vegetacionais como número e circunferência do tronco das

árvores, cobertura do dossel, cobertura do sub-bosque e biomassa da serapilheira

estão correlacionados com a distribuição dos lagartos no fragmento. Uma das

razões para algumas espécies conviverem dentro da mesma comunidade está

relacionada a diferentes estratégias de uso de hábitats. Assim, a qualidade de hábitat

pode influenciar até mais do que o próprio efeito de bordas em fragmentos

perturbados (Jellinek et al., 2004). A complexidade estrutural pode estimular o

aumento do número de espécies na comunidade, sendo esperado que hábitats

estruturalmente mais simples contenham menos espécies devido à menor

disponibilidade de microambientes (Pianka, 1973).

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METODOLOGIAS

Área de estudo

O estudo foi realizado na Serra do Ouro Branco, situada no município de Ouro Branco, Minas

Gerais, Brasil (figura 1). A área de estudo está inserida ao sul do Quadrilátero Ferrífero e da

Cadeia do Espinhaço, sendo considerada uma área de transição entre os biomas Mata

Atlântica e Cerrado. Esta região é caracterizada por matas secundárias, resultantes do processo exploratório intenso iniciado no período de colonização do Brasil.

As áreas de mata da região de estudo são classificadas como Florestas Estacionais

Semideciduais (Veloso, 1991), ocorrendo em cotas de até 1.400 metros e em áreas transitórias entre os Campos Rupestres, onde o solo permite a ocupação por elementos arbóreos (Paula,

2003). As chuvas se distribuem principalmente entre os meses de novembro a fevereiro e a temperatura média anual e precipitação média anual de 20,7º e 1188,2 mm sucessivamente de acordo com os dados relativos aos anos 1998-2010, fornecidos pela Estação Meteorológica da

Gerdau Açominas.

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Figura 3: Localização da serra do Ouro Branco, Minas Gerais, Brasil e delimitação das duas Unidades de Conservação da região em um mapa de altitudes.

Desenho amostral

Para o estudo foram selecionadas três áreas de florestas (A, B e C) na Serra do Ouro Branco.

Em cada área foram instaladas nove armadilhas de interceptação e queda (Cechin & Martins,

2000), sendo três em ambientes de interior da mata; três em ambientes de borda da mata com

área de agricultura, e três nas bordas da mata com a estrada (figura 2). Considerando a distribuição das armadilhas entre os ambientes, foram nove armadilhas localizadas no interior da mata, nove em bordas de mata com a agricultura e nove nas bordas de mata com a estrada.

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Assim, foram considerados ambientes de interior, aqueles localizados a mais de 50 metros das bordas de mata, enquanto que as armadilhas das bordas foram instaladas bem próximas aos seus respectivos fatores impactantes, ou seja, estrada ou plantação de milho, não excedendo

10 metros.

As armadilhas de interceptação e queda foram dispostas em cada ambiente em forma de ‘Y’, ou seja, cada uma foi constituída por quatro baldas de 60 Litros, distanciados a cinco metros do balde central, e interligados por cercas guias de aproximadamente um metro de altura

(figura 3). Cada armadilha se distanciava 20 metros da próxima. Resumindo, foram utilizados quatro baldes por cada armadilha de interceptação e queda, 12 em cada ambiente e 36 baldes por área e 108 baldes em todo experimento.

Figura 4: Desenho amostral demonstrando a disposição das armadilhas em relação a cada área (A, B e C) e os ambientes interior e bordas com estradas e agricultura.

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Figura 3: Desenho esquemático demonstrando a disposição das armadilhas de interceptação e queda em cada ambiente, com as distâncias entre os baldes e as armadilhas.

As coletas ocorreram de janeiro a dezembro de 2010, sendo que, em cada mês as armadilhas foram abertas por um período de quatro noites consecutivas e vistoriadas sempre pela manhã, entre às 09h00min e 11h00min. Com isso, o esforço total de amostragem correspondeu a

5.184 dias-balde e 1.728 dias-balde por área. Os lagartos coletados foram depositados na

Coleção Herpetológica do Laboratório de Zoologia da Universidade Federal de Ouro Preto

(LZV-UFOP).

Características ambientais

Foram tomadas medidas das variáveis ambientais para a descrição da estrutura da vegetação e verificação de diferença estrutural entre os ambientes amostrados e, ainda, para testar a correlação entre essas variáveis e a ocorrências de lagartos. Neste sentido, ao redor da extremidade de cada armadilha, foram mensuradas 75 m² divididos em três quadrados iguais

(5 X 5 metros). Todas as árvores dentro desses quadrados, com circunferência do tronco na altura do peito acima ou igual a cinco cm, foram contabilizadas e sua suas circunferências anotadas. Desta forma, um total de 675 metros quadrados foram mesurados em cada área, e

2.025 metros quadrados em todo o experimento. Outras medidas como conectividade de dossel e conectividade de sub-bosque foram anotadas categoricamente, sendo o valor zero (0)

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atribuído para a ausência da variável; um (1), para baixa; dois (2), para média e três (3) para alta ocorrência da variável.

Outro fator ambiental considerado foi à produção de serapilheira entre as áreas. Por ser composto por folhas, troncos, caules, raízes, sementes, flores, frutos e resíduos animais, a serapilheira constitui um micro-hábitat para muitas espécies em comunidades florestais, sendo particularmente ocupada por lagartos (Dixo & Martins, 2008; Dixo & Metzger, 2009).

Durante 12 meses de amostragem, foi calculada a taxa de produção da serapilheira próximo a cada armadilha. Para isso, foram confeccionados coletores de serapilheira, formando quadrados de 50 cm X 50 cm e de 20 cm de altura com tela do tipo mosquiteiro de nylon 1.0 mm. Dois coletores foram colocados próximos a cada armadilha, distribuídos alternadamente entre o lado direito e esquerdo, totalizando 18 quadrados por área e 54 coletores em todo o experimento. Esses coletores permaneciam abertos durante 30 dias. O material recolhido foi levado ao laboratório e colocado na estufa a 70º C durante 48 horas. Após esse procedimento, a massa seca de serapilheira foi pesada em balança eletrônica (Shimadzu BL 3200 de peso máximo 3200 g e peso mínimo 0,5 g).

Análise dos dados

Para a análise da riqueza de lagartos entre as diferentes áreas e ambientes, foi efetuada uma

ANOVA de duas vias, com post hoc/ Tukey. Para as análises da abundância de cada espécie em cada área e ambiente só foram consideradas as espécies com mais de cinco indivíduos coletados. Para as análises da abundância, foi utilizado Generalized linear mixed model

(GLMM), com distribuição quase Poisson. Para verificar a similaridade entre as diferentes

áreas e ambientes, usou-se o índice de Bray-Curtis, e para examinar as características

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ambientais nas diferentes áreas e suas relações com as diferentes espécies florestais, foi efetuada uma Análise de Correspondência Canônica (CCA) (Hill, 1973).

RESULTADOS

Ao longo do período de amostragem foram registrados 101 exemplares de lagartos distribuídos em oito espécies e cinco famílias: Anguidae, Gymnophthalmidae, Leiosauridae,

Scincidae e Teiidae (tabela 2). A maioria das espécies coletadas são descritas na literatura como semi-fossoriais, semi-arborícolas e terrícolas, ocorrendo na serapilheira de áreas de mata.

Tabela 1: Famílias e espécies de lagartos coletados na serra do Ouro Branco nos diferentes ambientes.

Ambiente Famílias e espécies Hábito E I A Total

Anguidae Ophiodes Cf. Striatus Spix, 1825 SF 2 0 0 2

Gymnophthalmidae Ecpleopus gaudichaudii Duméril & Bibron, 1839 SF 12 7 10 29 Heterodactylus imbricatus Spix, 1825 SF 4 4 2 10

Leiosauridae Enyalius bilineatus Duméril & Bibron, 1837 SA 2 0 2 4 Enyalius perditus Jackson, 1978 SA 16 17 19 52 Urostrophus vautieri Duméril & Bibron, 1837 SA 0 0 1 1

Scincidae Mabuya frenataCope,1862 T 1 0 1 2

Teiidae Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) T 1 0 0 1 Total 38 28 35 101

Abreviaturas: E: estrada; I: interior; A: agricultura; AS: semi –arborícola; SF: semi- fossorial; T: terrícola. 72

As espécies coletadas ao longo do período de estudo correspondem a cerca de 50% do total de lagartos registrados para a Serra do Ouro Branco (Cruz et al., 2012, in prep.). Sete das oito espécies encontradas no presente estudo foram coletadas nas áreas de borda com a estrada, sendo O. striatus e T. merianae encontradas exclusivamente neste ambiente (figuras 4 e 5).

Como pode ser observado na figura 5, nos ambientes de borda com áreas agrícolas, foram obtidas seis espécies. Todas as três espécies registradas nos ambientes de interior de mata foram também registradas nas bordas com a estrada e agricultura (figuras 4 e 5).

Figura 4: Número de lagartos coletados nos diferentes ambientes (Estradas, Interior e Agricultura) de cada área (A, B e C) na Serra do Ouro Branco, Minas Gerais.

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Figura 5: Composição total de espécies da comunidade de lagartos para os diferentes ambientes: bordas com a estrada, bordas com agricultura e interior de matas.

Houve uma diferença significativa na riqueza entre as áreas de estudo sendo que a área C apresentou menor riqueza do que as áreas A e B, que quando comparadas se mostraram iguais

(F=13.26, p<0.05) (figura 6). A ANOVA de duas vias nos demonstrou que não houve diferença significativa na riqueza de lagartos entre os diferentes ambientes amostrados

(F=0.458, p= 0.636). Quando relacionados os ambientes de cada área, verificamos que a intensidade de resposta entre os fragmentos foi igual (F=1.579, p=0.223), ou seja, independentemente da área de coleta, a riqueza de lagartos respondeu da mesma forma em todos os ambientes.

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Figura 6: Comparação da riqueza de lagartos capturados entre as diferentes áreas de coleta na Serra do Ouro Branco.

Considerando apenas as três espécies mais abundantes no presente estudo, a análise dos dados de abundância nos revelou a existência de uma diferença significativa no número de lagartos entre as áreas (F=4.12, p=0.04). Como pode ser observado na figura sete todas as espécies responderam de forma similar em relação a sua abundância em cada área (F=0.74 p=0.39). E. perditus por exemplo, ocorreu em maior abundância em todas as áreas, com uma inversão aparente (não significativa) na área C, seguida de E. gaudichaudii e H. imbricatus (figura 7).

A abundância das espécies não variou entre os ambientes (F=0.96, p=0.32), demonstrando não existir diferença na abundância das espécies, tanto nas áreas de interior, como nas áreas de borda.

75

Figura 7: Abundância das três espécies mais abundantes, E. perditus, E.gaudichaudii e H.imbricatus, entre as diferentes áreas de coletas (A, B e C).

De acordo com as características ambientais mensuradas, o lagarto E. perditus mostrou ser a espécie mais generalista da área de estudo, situando-se próximo ao eixo central da análise de

Correspondência Canônica (figura 8). Os lagartos da família GymnophthalmidaeH. imbricatus e E. gaudichaudii mostraram estar muito associados a ambientes de maior produção de serapilheira, e maior conectividade do dossel (figura 8), sendo que H. imbricatus prefere áreas com maior número de árvores e maior média de circunferência do tronco. As outras espécies por terem sido coletados em frequências muito baixas no trabalho, não permitem uma análise conclusiva.

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Figura 8: Análise da distribuição das espécies de acordo com as variáveis ambientais encontradas na mata secundária, na serra do Ouro Branco, Minas Gerais.

Para a caracterização das áreas de estudos e correlação das espécies com as diferentes variáveis ambientais os autovalores da CCA dos dois primeiros eixos explicam 88,16 % da variância dos dados, sendo que o primeiro eixo apresentou o autovalor de 0,15 (53,13%) e o segundo eixo 0,10 (35,03%).

A análise de similaridade com o índice de Bray-Curtis (figura 8) demonstra que apesar de formarem alguns grupos com características similares, os ambientes de borda se mostraram similares a ambientes de interior e vice-versa. A área A é a que mais se diferenciou das outras, principalmente devido à média da circunferência do tronco e o número de árvores (tabela 2 e figura 5). No entanto, assim como as outras áreas, os ambientes de borda se mostraram bastante similares, com ambientes de interior vice-versa (figura 8 e 9).

Tabela 2: Localização e caracterização das áreas e ambientes de coleta, com as médias das diferentesvariáveis ambientais na serra do Ouro Branco, Minas Gerais. Média do número de árvores: 77

M. AR; Média da circunferência dos caules: M. CI; Média da biomassa da serapilheira em gramas: B.SR; Média da conectividade do dossel: M.CD; Média da conectividade do sub-bosque: M. CS.

Áreas Ambientes Localização Médias das variáveis ambientais M.AR M.CI B.SR M.CD M.CS A Estrada 20°29'44.56"S 43°35'46.53"O 83,7 14,93 369,9 1,44 1,89 Interior 20°29'45.00"S 43°35'48.53"O 79,7 15,64 317,8 2,89 1,22 Agricultura 20°29'43.64"S 43°35'49.71"O 54,7 19,21 389,9 2,44 1,11

B Estrada 20°29'37.08"S 43°36'25.55"O 43,3 8,87 256,4 2,22 1,56 Interior 20°29'39.07"S 43°36'20.88"O 26,7 10,77 281,8 1,78 2 Agricultura 20°29'35.13"S 43°36'24.17"O 57 11,63 284 1,44 1,88

C Estrada 20°30'70.35"S 43°37'34.39"O 57 9,16 278,3 2,33 1,67 Interior 20°29'50.11"S 43°37'24.93"O 40 8,63 280,3 1,56 1,78 Agricultura 20°29'58.98"S 43°37'29.60"O 40,3 6,58 261,1 2 1,89

Legendas-Média do número de árvores: M. AR; Média da circunferência dos caules: M. CI; Média da biomassa da serapilheira em gramas: B.SR; Média da conectividade do dossel: M.CD; Média da conectividade do sub-bosque: M. CS.

Figura 8: Similaridade entre as diferentes áreas e ambientes utilizando o índice de Bray-Curtis, calculada a partir das diferentes medidas de hábitat consideradas no estudo. Abreviaturas: A, B e C: 78

Áreas de coletas. As letras minúsculas: a: Bordas com agricultura; e: Bordas com estradas; i: Interior de áreas de Mata.

Figura 9: Análise de Correspondência Canônica demonstrando o agrupamento dos diferentes ambientes entre as diferentes áreas. Áreas de coletas: A, B e C. As letras minúsculas: a: Bordas com agricultura; e: Bordas com estradas; i: Interior de áreas de Mata.

DISCUSSÃO

A composição de lagartos de serapilheira da serra do Ouro Branco se mostrou similar a outros estudos realizados em fragmentos de Mata Atlântica, utilizando o mesmo método de amostragem, ou seja, com armadilhas do tipo pitfall (Dixo & verdade, 2006; Dixo & Metzger,

2009). Espécies consideradas endêmicas da Mata Atlântica: E. perditus, E. gaudichaudii e H. imbricatus foram registradas nesses trabalhos, sendo essas duas primeiras espécies particularmente as mais abundantes em todos os estudos, inclusive no presente trabalho.

Exceto T. merianae registrada por Dixo & Metzger (2009), as quatro espécies restantes que

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compõem a comunidade de lagartos serapilheira de áreas de mata representados na Serra do

Ouro Branco, não foram encontradas nos estudos citados acima.

Quando comparamos a abundância de espécies da comunidade de lagartos de serapilheira da serra do Ouro Branco, com outras comunidades de lagartos em remanescentes da Mata

Atlântica, ela se mostrou semelhante à Dixo & Verdade (2006) e menor do que Dixo &

Martins (2008) eDixo & Metzger (2009). Entretanto, outros fatores biológicos, bem como detalhes na metodologia de coleta podem tanto afetar a riqueza, como a abundância de indivíduos coletados. Dixo & Martins (2008), capturaram 302 lagartos, pertencentes a 13 espécies. Entretanto, no referido trabalho, foi efetuado um esforço amostral de 6.612 baldes por dia, distribuídos em uma única estação chuvosa, de outubro a fevereiro. Além de esse esforço ser ligeiramente superior ao apresentado no presente estudo (5184 dias balde), ele também foi mais concentrado, aproveitando dos padrões de sazonalidade da precipitação pluvial, época de maior abundância relativa para os lagartos de regiões tropicais, devido a maior disponibilidade de alimento e taxa reprodutiva (Fitch, 1982). Dixo & Verdade (2006) também concentraram as suas coletas nos períodos chuvosos. Contudo, este apresentou um esforço amostral bem menor em todo experimento com 2.112 baldes dia.

Na reserva do Morro Grande, São Paulo, Dixo & Metzger (2009) capturaram 228 lagartos, divididos em cinco espécies. Para este trabalho, achamos que a qualidade do habitat pode estar interferindo na abundância de lagartos. A área de estudos desses autores também é uma região com uma altitude considerável (870-1030 m), e características climáticas (precipitação) próximas às condições encontradas em Ouro Branco, se diferenciando apenas na estrutura da mata, apresentando inclusive áreas de matas mais maduras, fato que aconteceu também no estudo de Dixo & Martins (2008).

80

Assim como no presente estudo, E. gaudicahudii e E. perditus foram também as espécies mais abundantes no trabalho de Dixo & Metzger (2009), apesar das populações em Ouro

Branco serem menores para ambas espécies. Essas diferenças registradas na abundância dessas populações na comunidade podem também depender, entre outros, de inúmeros fatores envolvidos, no histórico de desmatamento em cada uma dessas áreas. Dixo & Martins (2008) realizaram o estudo em florestas com diferentes estágios sucessionais e em áreas de florestas maduras, que oferecem maior complexidade de hábitat. Por outro lado, a área do presente estudo, apresenta características marcantes de florestas em estágio inicial de regeneração.

Segundo Pianka (1973), hábitats mais complexos tendem a apresentar maior diversidade de lagartos, devido à variedade de abrigos disponíveis, permitindo a convivência de uma maior diversidade de espécies na comunidade, com comportamentos, formas e tamanhos diferentes.

Assim, a pouca heterogeneidade no hábitat, caracterizada pela estrutura vegetacional pode explicar a baixa abundância e riqueza dos lagartos de serapilheira na serra do Ouro Branco.

A pouca representação das espécies O. striatus, T. merianae, E. bilineatus, U. vautieri e M. frenata no estudo provavelmente se devem ao uso de hábitat dessas espécies. Algumas dessas espécies, como por exemploO. striatus, T. merianae e M. frenata por preferirem áreas abertas, costumam ser encontradas em atividade em ambientes de bordas de mata (Vanzolini et al.,

1980; Nogueira, 2006; Vrcibradic & Rocha, 1998; Costa et al., 2009).

A pouca abundância das espécies E. bilineatuse U. vautieri pode estar, tanto ligado ao método de amostragem quanto a possibilidade de suas respectivas populações serem de tamanho reduzido na área de estudo. Apesar de arborícolas, estas espécies também são encontradas no chão de áreas florestadas e, portanto susceptíveis às armadilhas do tipo pitfall.

Segundo Zamprogno et al., (2001), E. bilineatus baseia sua dieta em itens que ocorrem no

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chão das florestas. No entanto, essa espécie apresentou uma ocorrência muito menor na serapilheira do que E. perditus, outra espécie do mesmo gênero e também considerada semi- arboricola. Por serem espécies próximas filogeneticamente, a possibilidade da segregação de hábitats pode ser outro fator interferindo nesta diferença. Segundo Pinka (1973), é comum que o espaço seja um dos eixos fundamentais da segregação quando espécies aparentadas se encontram em simpatria. Como só capturamos os lagartos na serapilheira, não sabemos realmente qual é a representação real de lagartos de outros micro-habitats da área de estudo e, assim, afirmar a ocorrência da segregação.

Assim como encontrado em Jellinek et al. (2004) e Dixo & Martins (2008), os ambientes de borda não diferiram dos ambientes do interior em termos de abundância e riqueza de lagartos, ou seja, a comunidade de lagartos não respondeu como esperado aos efeitos das bordas. No nosso trabalho, verificamos ainda que não houve diferença na distribuição dos lagartos nos dois tipos de ambientes de borda analisados, refutando a predição de que bordas das estradas seriam menos ricas. Atribuímos este resultado ao estado de regeneração da mata, e à pouca heterogeneidade entre os ambientes. Gascon (1993) e Dixo & Martins (2008) sugerem que esta falta de resposta às bordas pode ser a resposta dos lagartos a qualidade da matriz e das

áreas do entorno. Como foi verificado no nosso estudo, apesar das áreas demonstrarem alguma diferença estrutural entre si, os ambientes amostrados, borda e interior não diferiram estruturalmente entre si.

Segundo Kitchner et al. (1980), os lagartos podem resistir a certos impactos da fragmentação, sendo por vezes menos afetados que outros grupos biológicos. Hutchinson et al. (2001) sugerem que espécies generalistas conseguem aproveitar de diferentes recursos no ecossistema, em diferentes hábitats como remanescentes, interiores e bordas de mata, além da matriz urbana. No entanto, alguns lagartos estritamente florestais, apesar de estarem condenados a pequenos fragmentos de mata, por vezes bem deterioradas e sem a

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conectividade, conseguem escolher pequenas ilhas de condições ótimas ou micro-hábitats em boas condições, o que nem sempre corresponde a uma condição próxima à qualidade do micro-hábitat original. Assim a capacidade de resiliência não deve ser considerada como uma tendência a ser generalista.

Segundo Dixo & Metzeger (2009), a espécie E.gaudichauddi apresenta alguma resiliência às perturbações e à fragmentação de hábitat, sendo encontrada inclusive em ambientes antropizados (Costa et al., 2010). No entanto, no nosso estudo, apesar de E. gaudichaudii e H. imbricatus serem amostradas em bordas de matas e interiores, elas mostraram ser exigentes quanto ao hábitat. Essas espécies foram relacionadas principalmente a ambientes com maior conectividade do dossel, portanto, menor entrada de Luz, e maior biomassa da serapilheira, que pode significar também a existência de maior número de hábitas e maior complexidade de microhábitat para as espécies que vivem no folhiço. Este resultado corrobora com Jellinek et al. (2004), que demonstrou em um estudo de comunidades de lagartos na Austrália que diversas variáveis vegetacionais podem influenciar muito mais na distribuição e ocorrência de espécies na comunidade do que as mudanças proporcionadas em função das bordas. Dixo &

Verdade (2006) acreditam que outras características, como pequeno tamanho corporal, associado às baixas exigências energéticas podem ser outros fatores envolvidos na resiliência dos lagartos a fragmentação.

Pela maior abundância relativa, ocorrência em todas as áreas e ambientes amostrados, E. perditus se comportou como uma espécie generalista na área de estudos. Entretanto, este lagarto é considerado sensível a fragmentação de habitat (Dixo & Metzger, 2009), constando inclusive na lista de espécies possivelmente ameaçadas no estado do Rio de Janeiro (Rocha et al., 2000). E. perditus tem sido reportada com relativa abundância em alguns estudos em

áreas de mata secundária, sobre tudo fragmentados (Condez et al., 2009; Sturaro et al., 2010;

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Dixo & Verdade, 2006), como é o caso do presente estudo. O micro-habitat pode ser um dos principais responsáveis pela abundância relativa de E. perditus em áreas de matas perturbadas. Trata-se de uma espécie restrita a áreas florestadas na Mata Atlântica que utiliza pequenos galhos, ramos de arbustos e troncos finos, não muito acima do solo (Liou, 2008;

Sturaro et al., 2010). Esses microhábitats são de certa forma, bem abundantes em florestas que passaram por cortes recentes e se encontram em processo de regeneração, como é o caso dos fragmentos florestais da Serra do Ouro Branco. Além desse motivo, a espécie não mostrou estar correlacionada as variáveis ambientais, demonstrando pouca seletividade referentes aos fatores mensurados no estudo.

A abundância de E. perditus, em ambientes secundários ou fragmentados pode ser favorecida pela sua estratégia de forrageio, que é do tipo senta-e-espera. Huey & Pianka, (1981) apontaram que espécies do tipo senta-e-espera apresentam grande tamanho de ninhadas, uso da camuflagem como defesa e pouca movimentação, o que acarreta muita economia energética. Essas características de certa forma podem facilitar a sua sobrevivência em fragmentos de diversos tamanhos. De fato, E. perditus, apresenta a maior ninhada de todas as espécies coletadas no estudo, se camufla muito bem, tanto na serapilheira como em pequenos troncos e se mantem imóvel por muito tempo. Esse predomínio e abundância de uma espécie na comunidade pode indicar um empobrecimento na fauna local de lagartos (Vitt & Carvalho,

1995).

H. imbricatus foi à terceira espécie mais abundante no estudo, com 10 indivíduos. Apesar de haver poucos estudos sobre esta espécie, sabemos que ela depende de áreas de mata, tendo sido recentemente encontrada em ambientes ripários associados ao bioma do Cerrado em

Minas Gerais, Brasil (Novelli et al., 2011). No presente estudo, sua ocorrência esteve ligada

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aos maiores valores de biomassa da serapilheira, número e circunferência das árvores, além da sua associação a ambientes com alta conectividade do dossel florestal, demonstrando ser exigente quanto a características no hábitat. Dessa forma, alterações nestes ambientes podem causar efeitos negativos sobre sua população, o que demonstra a necessidade de se ter mais estudos sobre esta espécie.

Segundo Lehtinen et al. (2003), espécies que circulam pelas bordas de mata correm maior risco de extinção do que as espécies que habitam o interior das matas. Os ambientes de borda de mata comportam tanto as espécies consideradas estritamente florestais e mais sensíveis às alterações no hábitat, como também espécies de áreas abertas. Dessa forma, esses são ambientes importantes para a conservação da fauna de lagartos, visto que acabam sendo áreas de convergência de recursos biológicos, tanto para espécies com hábito florestal, como também para espécies de áreas abertas.

CONCLUSÃO

A comunidade de lagartos de serapilheira do presente trabalho apresentou espécies mais associadas ao bioma Mata Atlântica. Algumas espécies da comunidade se mostraram resilientes aos impactos das bordas, apesar de ocorrem na serra do Ouro Branco em populações extremamente reduzidas.

Em matas secundárias, as variáveis ambientais e vegetacionais exercem maior influência na estruturação da comunidade de lagartos do que os efeitos das bordas. A serapilheira, por exemplo, demonstrou ser um importante componente do ecossistema florestal para os

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lagartos, principalmente para os representantes da família Gymnophthalmidae, que se mostraram correlacionados positivamente com este material.

Espécies que circulam pelas bordas de mata correm maior risco de extinção do que as espécies que habitam o interior das matas (Lehtinen et al., 2003). No caso da serra do Ouro

Branco, todas as espécies ocorrem nas bordas e estão sujeitas aos mais variados riscos, o que aponta para a necessidade de atribuir maior importância a conservação e restauração de áreas perturbadas.

Preservar as paisagens perturbadas como é o caso das florestas da Serra do Ouro Branco são de extrema importância para a conservação. Isto porque grande parte da área utilizada no estudo está inserida em uma das mais novas áreas de proteção ambiental do Espinhaço, podendo em estudos futuros e novos esforços, fornecer subsídios sobre a dinâmica temporal da estrutura da comunidade dentro do fragmento de matas em diferentes estágios, envolvendo as mesmas áreas e ambientes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Obedecendo as prioridades estabelecidas em Bérnils et al., 2009, o presente trabalho apresenta uma lista de 15 espécies pertencentes a oito famílias de lagartos com ocorrência na serra de Ouro Branco. Apesar de todas as espécies já serem encontradas em outras regiões do

Estado de Minas Gerais, o presente estudo amplia a distribuição para a região de várias espécies, tanto para os limites de cada bioma, como também para os limites de altitude. No entanto cabe ressaltar que excetoE. perditus, E. gaudichaudii e Tropidurus torquatus, todas as populações de lagartos ocorrem em pequenas populações na região.

Além de fazer o uso de materiais acondicionados em coleções, o presente trabalho acrescenta para a coleção de repteis do Laboratório de Zoologia dos Vertebrados da Universidade

Federal de Ouro Preto (LZV-UFOP) cerca de 100 espécimes de lagartos. Esta ação coloca a

Universidade de Ouro Preto como detentora de um importante acervo de repteis para o Estado de Minas Gerais, preservando inclusive um banco de tecidos, contento material genético extraído dos lagartos podendo fomentar pesquisas futuras com filogeografia, genética e taxonomia.

Os dados ecológicos sobre o hábitatindicam que as áreas de mata da serra de Ouro Branco, estão em fase de regeneração, o que de pode ter favorecido E. perditus, resultando na maior abundância relativa dessa espécies e na diminuição da abundância de outras populações na comunidade. Verificamos que os lagartos de serapilheira de áreas de mata são muito afetados pelas variáveis ambientais derivados da alteração na vegetação, corroborando com os estudos

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de Jellinek et al. (2004) e Dixo & Martins (2008), principalmente os da família

Gymnophthalmidae que se correlacionaram positivamente com a quantidade de serapilheira e

áreas sombreadas. Este resultado ressalta a importância de variáveis associados à serapilheira, como determinantes na estrutura da comunidade de lagartos em ecossistemas florestais.

Na área de estudos ocorrem inúmeras clareiras abertas ilegalmente no interior dos fragmentos para a exploração das maiores árvores, podendo modificar drasticamente o micro-clima da floresta. Como consequência as espécies estritamente florestais e exigentes quanto a hábitat, principalmente os Gymnophthalmidae, que preferem áreas sombreadas e com boa cobertura de serapilheira, correm sérios riscos de extinção.

Trabalhos utilizando as armadilhas do tipo pitfallem áreas de mata secundária indicam que H. imbricatus pode ocorrer em pequenas populações, o que se torna mais preocupante, quando se tem muitas ameaças no entorno (Dixo &Verdade, 2006; Dixo & Metzeger, 2009). Vale ressaltar queestaé uma das espécies mais carentes de informação encontrados na Serra de

Ouro Branco e na serra do Espinhaço (PAN-Herpetofauna Espinhaço).

A espécie C. quadrilineataé também pouco conhecida quanto à história Natural e ecologia.

Durante as coletas do presente trabalho foi encontrado um único indivíduo em áreas de mata.

Contudo, informações por enquanto são inconclusivas, já que pouco se sabe sobre este pequeno Gymnophthalmidae, e estranhamos inclusive, a sua ausência em listas de espécies com carência de informações em Minas Gerais.

Quando analisamos os dados referentes à utilização de ambientes de borda e de interior verificamos que, além da riqueza,a abundância dos lagartos se mostrou similar entre os diferentes ambientes. No entanto, quase 75% do total da abundância de lagartos coletados, ocorreram em áreas de bordas. Segundo Lehtinen et al. (2003), espécies que circulam pelas bordas de mata correm maior risco de extinção do que as espécies que habitam o interior das matas. Os dados do presente estudo apontam sérios riscos à biodiversidade de lagartos

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naregião, pois, esses seres vivem tanto em ambientes de interior como também nas bordas, estando sujeitas a riscos como: perda de hábitat, entrada de espécies exóticas, aumento na frequência de incêndios, contaminação por agrotóxicos e poluentes, atropelamentos e práticas de caça, resultando assim na diminuição da diversidade de organismos na comunidade

(Bierregaard et al., 2001; Tabarelli et al., 1999; Broadbent et al., 2008; Trombulak &

Christopher, 2000; Cerqueira et al., 2003; Skole & Tocker, 1993; Santos & Tabarelli,2002;

Fiston et al., 2003; Peres & Lake, 2003; Tabarelli & Gascon, 2005; Hartmann et al., 2011).

Apesar de terem sido serem criadas Unidades de Conservação próximas à área de estudo, relações conflituosas entre os moradores e a fauna ainda são frequentes (Pinto, 2011).

Segundo Pinto, 2011, o lagarto T. merianae é o que mais chama atenção dos moradores, por ser predador de ovos invadindo galinheiros, ter uma carne apreciada na região e partes do seu corpo ser utilizado em crenças como a cura de dores. Por meio de esforços contínuos em educação ambiental, junto aos agricultores e proprietários rurais, achamos ser possível diminuir esses riscos. Incentivos encorajando a popularização dessas espécies e diminuição do uso de pesticidas e incêndios florestais,podem ser atitudes importantes para permanência desses lagartos na região.

Para um melhor convívio entre os lagartos e os seres humanos na matriz que circula as

Unidades de conservação da Serra de Ouro Branco, recentemente com os frutos deste trabalho, foi apresentado a eles em forma de palestras educativas todos os lagartos com registros para a região, enfocando a importância ecológica, biológica, assim como curiosidades e superstições ligadas aos lagartos. Esperamos, por meio da educação ambiental, conseguir um maior envolvimento por parte dos moradores nativos da região, aumentando a estima, engajando-os em ações que visam à conservação deste grupo.

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Trabalhos futuros, enfocando aspectos da história natural como dieta, razão sexual, período de reprodução, número de ninhadas e sazonalidade das espécies mais abundantes, como E. perditus, E. gaudichaudii e H. imbricatus estão em andamento, sendo desenvolvidas graças a inúmeros dados ecológicos fornecidos pelos exemplares coletados. Esses estudos juntamente com o presente trabalho, com certeza nos fornecerão mais algumas dicas de como se comportam essas comunidades em ambientes perturbados.

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ANEXO I

Exemplares coletados e/ou verificados:

Ameiva ameiva:LZV 494S

Cercosaura quadrilineatus: LZV 003S-L.

Ecpleopus gaudichaudii: LZV 973S, 991S, 992S, 1000S, 1006S, 1007S, 1008S, 1009S,

1010S, 1024S, 1041S, 1044S, 1049S, 1050S, 1051S, 1063S, 1064S, 1068S, 1069S, 1090S,

1091S, 1101S, 1111S, 1112S, 1113S, 1114S, 1115S, 1116S, 1148S.

Enyalius bilineatus: LZV 943S, 971S, 1060S, 1065S.

Enyalius perditus: LZV 939S, 940S, 942S, 944S, 966S, 967S, 968S, 976S, 977S, 978S,

993S, 995S, 996S, 997S, 1005S, 1038S, 1039S, 1040S, 1042S, 1043S, 1045S, 1047S, 1048S,

1057S, 1059S, 1062S, 1067S, 1070S, 1071S, 1075S, 1076S, 1077S, 1079S, 1080S, 1081S,

1082S, 1083S, 1085S, 1086S, 1087S, 1098S, 1099S, 1117S, 1118S, 1109S, 1110S.

Hemidactylus mabouia: LZV 207S

Heterodactylus imbricatus: LZV 941S, 974S, 990S, 999S, 1017S, 1019S, 1052S, 1058S,

1119S 1100S.

105

Mabuya dorsivittata: MZUFV-530.

Mabuya frenata: LZV 1061S, 1066S, 002S-L.

Ophiodes striatus: LZV 937S, 938S.

Polychrus acutirostris: LZV 028S-L.

Tropidurus itambere: LZV 873S

Tropidurus torquatus: LZV.232S

Tupinambis merianae: LZV 994S.

Urostrophus vautieri: LZV 1046S.

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