Fechado Por Motivo De Futebol
Nota do editor argentino Carlos E. Díaz Trabalhar em um novo livro de Eduardo Galeano sem que ele esteja presente é uma tarefa complexa e até estranha, pois ele era um apaixonado pelo artesanato da edição e pensava cada detalhe de suas obras, do título até o texto da contracapa, passando pelo desenho interior, com vinhetas e molduras escolhidas página a página. Por isso, torna-se duplamente necessário deixar claro quais os critérios editoriais que foram adotados. Primeiro, o porquê deste livro. É público e notório que o futebol era uma das grandes paixões de Galeano, e que essa paixão o levou a escrever, desde muito jovem e até a sua morte, sobre esse tema. Em 1995, e depois de anos de leitura sistemática, de reunir histórias e de muita pesquisa, publicou esse livro maravilhoso que se chama Futebol ao sol e à sombra. Mas antes e depois produziu uma enorme quantidade de textos que falavam de futebol e que em boa medida foram publicados em seus diferentes livros ou que, dispersos em velhos jornais e revistas, são praticamente inencontráveis. Como passo inicial, relemos sua obra pondo especial atenção nesse material e descobrimos um corpus sólido, em alguns momentos comovedor e sempre divertido, que reflete bem o olhar e a relação que Galeano tinha com o futebol. O fato de que esses textos estivessem intercalados em seus livros ou esquecidos em publicações periódicas impedia que seus leitores “boleiros” tivessem acesso a eles, portanto o primeiro motor deste volume foi chegar a esses leitores com textos, em boa medida, “desconhecidos”. Na hora de tomar decisões editoriais optamos, sempre que foi possível, por respeitar o estilo de trabalho de Galeano, evitando recursos alheios a ele (como as notas de pé de página ou as frases solenes) e recuperando expressões e modismos muito característicos dele.
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