PALCO DAS MARÉS | 21 DE AGOSTO, DOMINGO

Diferentes desde o primeiro dia. Tem sido uma das características dos Expensive Soul não só na música que criam mas também na atitude que dedicam ao que fazem. A estreia, por exemplo, foi ao contrário do que é normal em . O disco “B.I.” viu a luz do dia no circuito independente da auto‐edição e caminhou sozinho, conquistando os “media” mais exigentes (incluído na lista dos 30 melhores discos portugueses do ano pelo Blitz e pela Antena 3); ou seja, já era um sucesso quando foi albergado no catálogo de uma editora instituída como a EMI.

Para trás ficavam 5 anos de trabalho em que 2 amigos de escola resolveram transformar a sua paixão por música… em música. New Max e Demo acabaram por pôr Leça da Palmeira no mapa musical português e focar os olhos e ouvidos de uma inteira nação musical nesta freguesia do concelho de Matosinhos, de onde mais tarde viriam a sair os Mundo Secreto e os Souls On Fire.

1999‐2004 ‐ As primeiras “demo tapes” surgiram em 1999 e uma delas recebeu apoio massivo do rádio‐guru português do “hip‐hop”, José Mariño. Vencedor de um concurso de talentos lançado pelo realizador da Antena 3 no seu programa de domingo à noite, o duo foi convidado a abrir uma digressão de Kika Santos, a ex‐Blackout e Loopless. Na altura os Expensive Soul levavam as bases instrumentais num Mini Disc ou em discos e foi aqui que Demo e New Max sentiram a força e a diferença que uma banda suporte podia fazer ao projecto. Ao novo “hip‐ hop” rimado em português queriam juntar as influências que fizeram da música a sua maior paixão: “soul”, “funk”, “rythm’n’blues” e “reggae”. E para fazê‐lo, tinham de ser totalmente orgânicos.

Uma banda completa com baixo, bateria, coros, guitarras e teclas ganha forma na Jaguar Band que regista o álbum de estreia no estúdio caseiro de New Max com gravação, produção e masterização do próprio. “B.I.” sai em Março de 2004 numa etiqueta criada pelo próprio New Max e o single de avanço, “Quando Dizes Ho”, impacta imediatamente os programas de “hip‐ hop” das principais rádios, seguindo o percurso iniciado com a divulgação de José Mariño. Mas seria a tonalidade “reggae” de “Eu Não Sei” que quebraria todas as barreiras e faria saltar os Expensive Soul para o “mainstream”, com o sucesso conseguido da forma mais “indie” possível num meio dominado pelas grandes editoras. A sincronização do tema no êxito televisivo “Morangos Com Açúcar” terá sido uma das chaves de abertura para um ano em cheio, coroado a 7 de Dezembro com a actuação no MTV Live/Sapo Soundbits, ao lado dos consagrados Blasted Mechanism e . E o facto de – juntamente com os Da Weasel ‐ serem dos poucos grupos de matriz “hip‐hop” a actuar com banda ao vivo, deixa a sua marca.

2005‐2009 ‐ Transformados em “case study” os Expensive Soul são alvo de uma saudável disputa entre as principais editoras e a vencedora reedita o disco em 2005 com alguns extras, entre os quais uma nova versão de “Hoo Girl” com a participação de Virgul dos Da Weasel. Todo o ano de 2005 é passado na consolidação do novo estatuto de artista de 1ª linha da música portuguesa, com concertos de norte a sul do país, extensa actividade de promoção, actuações nos grandes festivais portugueses como e Sudoeste e novo convite da MTV, desta vez para o evento que antecede os “Europe Video Awards”. E na noite de 29 de Outubro os Expensive Soul actuam no Parque das Nações, ao lado de Boss AC e entre outros, reafirmando a certeza de uma corrente “hip‐hop” portuguesa e a cantar em português.

Em 2006 New Max é convidado a coordenar e produzir o projecto “GNR Revistados 25/6” que, mais do que uma homenagem aos GNR, se transforma numa renovação dos clássicos da banda do Porto em tonalidades “hip‐hop”, “soul” e “reggae”. Além de reafirmar os Expensive Soul como um talento duradouro e New Max como um produtor que domina na perfeição as texturas tanto contemporâneas como “vintage” da música negra, o disco tira do circuito “underground” nomes como Xeg, NBC e outros. O sucesso do projecto leva‐o a saltar para a estrada sempre com a Jaguar band como banda suporte de todos os intervenientes, destacando‐se a sua passagem pelo Festival Sudoeste. Mas Demo, New Max e a Jaguar Band já trabalhavam no 2º álbum de originais dos Expensive Soul, que sairia ainda no mesmo ano.

“Alma Cara” recebe o aplauso generalizado dos “media”, confirma os Expensive Soul como um dos projectos mais frescos e inovadores da nova música portuguesa e vale‐lhes uma nomeação MTV na categoria “Best Portuguese Act” dos “European Music Awards”. Logo no 1º tema, “Intro”, sobre uma cama “acid jazz/soul”, a voz do radialista Álvaro Costa define a “onda” Expensive Soul.

“Alma Cara”, a tradução portuguesa do próprio nome do grupo, percorre, como diz Álvaro Costa, o “hip‐hop”, o “reggae” e a “soul”, mas reforça acima de tudo a última corrente, salpicando‐a com tonalidades “jazz” e “r’n’b”. Mas é de facto a sua luminosa fusão “reggae‐ soul‐hip‐hop” que causa maior impacto nos media e no público, somando mais três grandes sucessos ao repertório de marca dos Expensive Soul: “Brilho”, “13 Mulheres” e “1ª Fila”, os 3 singles escolhidos. Nas pistas de dança, nas rádios, nas televisões, nos tops das operadoras de telemóveis, a exultação musical do grupo de Leça sustenta letras reveladoras de uma madura consciência social, passando uma mensagem activista sem acinzentar a alegria festiva e o clima de diversão que caracteriza as suas canções.

Além de Álvaro Costa, participam no disco os “rappers” NBC e Xeg e a indispensável Jaguar Band, claro, cada vez mais senhora do rico tapete instrumental que suporta as vozes de Demo e New Max.

Mas se os discos são verdadeiras celebrações de exuberância e alegria, ao vivo as canções excedem‐se e colocam o grupo junto do que de melhor se faz no mundo, valendo‐lhes novos concertos de norte a sul do país, o convite da Cidade FM para abrirem o festival “Move Ya Body” no Pavilhão Atlântico (encabeçado por Rihanna e pelas Pussycat Dolls) e a estreia no Hot Stage do Lisboa, onde causam tal impacto que voltam em 2008 e 2010.

Em 2007 o ciclo de actividade à volta do 2º álbum “Alma Cara” continua com os Expensive Soul e a Jaguar Band a pisar os palcos de todos o país, incluindo várias Queimas da Fitas, festivais como o Creamfields, o Live Earth no Pavilhão Atlântico, o Festival dos Oceanos na Praça do Comércio ou os Concertos‐Flash da Vodafone.

New Max reforça a sua posição de nome de proa da música portuguesa colaborando e/ou produzindo criações de artistas como Atiba, Fidbeck, Mundo Complexo, NBC, Puzzle, T‐Jay, The Bombazines e Xeg. Até veteranos como Rui Reininho, Trabalhadores do Comércio ou Vozes da Rádio pedem os seus préstimos. E apesar de Demo também ter uma agenda sobrecarregada como DJ e MC, em 2007 os Expensive Soul ainda encontram tempo para gravar um tema com Bianca para a versão portuguesa do filme “High School Musical 2” da Disney. “Eu Não Danço” é rapidamente um sucesso junto dos adolescentes e “tweenies”, garantindo a um grupo ainda jovem uma constante renovação de fãs e provando‐o descomplexado e comprometido apenas com a qualidade e energia que coloca no que cria.

Muito trabalho, portanto, é outra das características dos Expensive Soul. Desde 2006 que passam horas no estúdio, na sala de ensaios e na estrada e 2008 não foi diferente mas entre concertos pelo país inteiro (incluindo as segundas passagens pela Queima das Fitas do Porto e pelo Rock In Rio Lisboa), Demo e New Max intervalam a actividade em grupo com momentos de maior introspecção e descoberta interior, um percurso natural de amadurecimento como seres humanos e artistas criativos.

Musicalmente assumem cada vez mais a “soul” e o “r’n’b” como os seus géneros de eleição. Para Demo decididamente, Motown, Marvin Gaye, Ray Charles, a nova “soul” de Bilal e D’Angelo, o “hip‐hop” de Common e Mos Deff. New Max vai principalmente aos anos 60 e 70, busca nos 80 o clima de celebração, mas também vai aos 90 beber no “grunge”.

New Max e “Phalasolo”‐ São gostos e influências que se encontram e fundem mas que também se isolam e encontram o seu próprio caminho, o que faz com que em Janeiro de 2009 New Max lance o álbum “Phalasolo” fazendo tábua rasa das regras da indústria da música: o disco foi oferecido gratuitamente em “download” e foi descarregado por mais de 50.000 fãs em menos de 1 mês. Mas apesar de ser um disco a solo tem a participação de Demo, tal como a de Pac Man e Virgul (Da Weasel), Marta Ren (ex‐Sloppy Joe e actual The Bombazines), Sam The Kid e Regula. E em busca do som orgânico, uma banda formada por Hugo Novo (Hammond, Fender Rhodes e sintetizadores), Sérgio Marques (baixo), Bruno Macedo (guitarra), Manu Idhra (percussões), Roger Santos (bateria) e a secção de sopros HornFlakes.

“Utopia” – 2010 ‐ Passaram‐se quatro anos desde “Alma Cara” e o amadurecimento estético é notório no 3º disco dos Expensive Soul. O single de avanço “O Amor É Mágico” tomou rapidamente de assalto as principais rádios portuguesas e renovou o interesse do público desencadeando uma série de pedidos para concertos a que a banda respondeu prontamente. Ou não fosse o palco o seu elemento natural.

“Utopia” tem 13 temas e, mantendo a tradição dos dois anteriores discos, uma fantástica balada escondida no final. Gravado, misturado, produzido e masterizado pelo próprio New Max no New Max Studio, tem todas as letras assinadas por Demo e New Max à excepção de “Hoje É O Dia + Feliz Da Minha Vida”, assinada com os parceiros vocais Bob da Rage Sense e AS2.

A tonalidade “soul” e “r’n’b” dos anos 70 é a marca do disco, colorido constantemente pelos teclados Hammond, Fender Rhodes e Moog de New Max, mas também pontuado por guitarras, coros, sopros e samples que nos fazem viajar instantaneamente até à Motown, Gil Scott Heron, Wilson Pickett, Smokey Robinson, Four Tops, Parliament …

O título “Utopia” tem tudo a ver com as canções já que segundo Demo e New Max estas “relatam um mundo nosso ou imaginado por nós para atingirmos a perfeição. Utopia, né?!”