Doação Privada De Campanha: Atuação De Grupos De Interesse Junto a Parlamentares Socialmente Conectados
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Andrei Ricardo Monteiro Leite Doação Privada de Campanha: Atuação de Grupos de Interesse Junto a Parlamentares Socialmente Conectados Brasília - DF Abril de 2020 Andrei Ricardo Monteiro Leite Doação Privada de Campanha: Atuação de Grupos de Interesse Junto a Parlamentares Socialmente Conectados Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade e Gestão Pública, Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do tí- tulo de Mestre em Economia. Universidade de Brasília - UnB Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão Pública - FACE Programa de Pós-Graduação em Economia Orientador: Prof. Dr. Maurício Soares Bugarin Brasília - DF Abril de 2020 Resumo Este trabalho analisa como grupos de interesse alocam suas contribuições de campanha para candidatos à Câmara dos Deputados considerando que os parlamen- tares são socialmente conectados. Para tanto, discute-se, primeiramente, a teoria de análise de redes sociais e um modelo de economia política que considera essa cone- xão social entre os parlamentares. Posteriormente, estruturamos duas redes sociais, uma rede de coautorias e outra de relatorias. Dentre as redes sociais estruturadas, a que demonstrou capturar melhor a relação social existente entre os deputados foi a rede de relatorias. A medida de centralidade de grau ponderada pela força das conexões se destacou por apresentar significância estatística ao nível de 1% na rede de relatorias, além de ter apresentado significância estatística também para a rede de coautorias em alguns modelos. Esse resultado indica que a força da conexão entre os parlamentares é relevante na decisão de alocação de doação privada de campanha por parte dos grupos de interesse. Além da conexão social mensurada pelas medidas de centralidade, duas variáveis se mostraram relevantes na determinação da doação privada de campanha para os candidatos: competição política e polarização. Essas variáveis demonstraram impactar positivamente no total de doação privada recebida pelos candidatos. Palavras-chave: Análise de Redes Sociais, Grupos de Interesse, Doação Privada de Campanha, Medidas de Centralidade. Abstract This paper studies how interest groups allocate campaign contributions when congressmen are connected by social ties. For this purpose, we first discuss the theory of social network analysis and a political economy model that considers this social connection between Congressmen. Then we structured two social networks, a network of co-authorships and another of rapporteurships. Among the structured social networks, the one that demonstrated to better capture the existing social relationship between deputies was the network of rapporteurs. The measure of de- gree centrality weighted by the strength of the connections stood out for presenting significance at the level of 1% in the reporting network, in addition to beingsta- tistically significant also for the co-authoring network in some models. This result indicates that the strength of the connection between parliamentarians is relevant for the interest groups when they decide the allocation of private campaign dona- tions. In addition to the social connection measured by centrality measures, two variables were relevant in determining the private campaign donation for candi- dates: political competition and polarization. These variables have shown to have a positive impact on the total private donation received by the candidates. Key-words: Social Network Analysis, Interest Groups, Private Campaign Contri- bution, Centrality Measures. Sumário 1 Introdução..................................... 8 2 Revisão de Literatura............................... 12 3 Metodologia.................................... 18 3.1 Análise de Redes Sociais............................ 18 3.2 Medidas de Centralidade............................ 21 3.3 Economia Política................................ 29 4 Abordagem Empírica: Descrição das Redes de Coautoria e Relatoria . 40 4.1 Rede de Relatoria................................ 41 4.2 Rede de Coautoria ............................... 51 5 Abordagem Empírica: Econometria....................... 59 5.1 Base de Dados.................................. 59 5.2 Escolha das variáveis.............................. 63 5.3 Análise Empírica ................................ 69 6 Conclusão..................................... 85 Referências...................................... 87 7 Anexo ....................................... 90 Lista de ilustrações Figura 1 – Grafo Não-Direcionado e Não-Valorado com 7 Vértices......... 19 Figura 2 – Grafo Não-Direcionado e Valorado com 7 Vértices............ 20 Figura 3 – Grafo Conexo e Grafo Desconexo..................... 21 Figura 4 – Exemplo de Rede Utilizado para Cálculo de Medidas de Centralidade . 24 Figura 5 – Grafo Não-Direcionado com 7 Vértices.................. 25 Figura 6 – Rede de Relatorias - Tamanho do Vértice Proporcional à Sua Medida de Centralidade de Grau Ponderada ................... 44 Figura 7 – Rede de Relatorias sem Parlamentares que Concorreram a Outros Car- gos - Tamanho do Vértice Proporcional à Sua Medida de Centralidade de Grau Ponderada............................. 46 Figura 8 – Rede de Relatorias sem Alteração no Tamanho dos Vértices . 48 Figura 9 – Rede Aleatória Gerada com Parâmetros Baseados na Rede de Relatorias 49 Figura 10 – Distribuição dos Graus - Rede de Relatoria e Rede Aleatória Gerada com Parâmetros Baseados na Rede de Relatorias ............ 50 Figura 11 – Rede de Coautorias - Tamanho do Vértice Proporcional à Sua Medida de Centralidade de Grau Ponderada ................... 53 Figura 12 – Rede de Coautorias sem Parlamentares que Concorreram a Outros Car- gos - Tamanho do Vértice Proporcional à Sua Medida de Centralidade de Grau Ponderada............................. 55 Figura 13 – Rede de Coautorias sem Alteração no Tamanho dos Vértices . 56 Figura 14 – Rede Aleatória Gerada com Parâmetros Baseados na Rede de Coautorias 57 Figura 16 – Distribuição Percentual de Doação Privada de Campanha por Partido e Unidade da Federação .......................... 61 Figura 17 – Teste VIF das Variáveis de Controle de Receita com Doação de Partido Político e Doação de Pessoas Jurídicas para os Diretórios Estaduais dos Partidos................................... 66 Figura 18 – Regressões Medidas de Centralidade das Duas Redes - Variavel Depen- dente em Nível - Base de Dados Completa................ 71 Figura 19 – Regressões Medidas de Centralidade das Duas Redes - Variavel Depen- dente em Ln - Base de Dados Completa ................. 73 Figura 20 – Regressões Medidas de Centralidade das Duas Redes - Variavel De- pendente em Nível - Base de Dados Contém Somente Deputados que Iniciaram a Atuação na Legislatura em Análise ............. 75 Figura 21 – Regressões Medidas de Centralidade das Duas Redes - Variavel Depen- dente em NÍVEL - Base de Dados Contém Somente Deputados que Iniciaram a Atuação na Legislatura em Análise ............. 77 Figura 22 – Teste de Endogeneidade - Centralidade de Katz Instrumento Advogado 79 Figura 23 – Teste de Força do Instrumento - Centralidade de Katz Instrumento Advogado.................................. 80 Figura 24 – Teste de Endogeneidade - Centralidade de Katz Instrumento Escolaridade 81 Figura 25 – Teste de Força do Instrumento - Centralidade de Katz Instrumento Escolaridade................................. 81 Figura 26 – Teste de Endogeneidade - Centralidade de Katz Instrumentos Advo- gado e Escolaridade ............................ 82 Figura 27 – Teste de Força do Instrumento - Centralidade de Katz Instrumentos Advogado e Escolaridade.......................... 82 Lista de tabelas Tabela 1 – Origem das Doações de Campanha no Ano de 2014........... 59 Tabela 2 – Lista de Variáveis Utilizadas na Abordagem Econométrica . 64 8 1 Introdução Sistemas complexos têm ganhado cada vez mais relevância nas áreas de ciência, tecnologia, negócios e em outros diversos aspectos da vida humana. Esses sistemas são chamados assim devido ao fato de que é difícil derivar seu comportamento coletivo a par- tir do conhecimento dos componentes individuais do sistema. Contudo, em cada sistema complexo há uma rede que codifica as interações entre os componentes do sistema, ea compreensão dessas redes é o que irá possibilitar o entendimento desses sistemas comple- xos (BARABÁSI et al., 2016). São exemplos de redes associadas a sistemas complexos: a soma de todos os la- ços profissionais, de amizade e familiares, frequentemente chamada de rede social, queéo tecido da sociedade e determina a disseminação de conhecimento, comportamento e recur- sos; as redes de comunicação, que descrevem quais dispositivos de comunicação interagem entre si; e as redes comerciais, que nos possibilitam trocar bens e serviços (BARABÁSI et al., 2016). O processo político também está inserido nesse contexo de sistemas complexos e redes devido aos padrões de interdependência entre os atores que participam desse pro- cesso, como: comunicação, persuasão, mobilização e contramobilização, desacordo, conflito e polarização, delegação, compromisso e cooperação. Tudo isso ocorre em função de um ou mais atores interagindo com outros atores, caracterizando a importância das redes sociais para o estudo dos processos políticos (HUCKFELDT, 2009). De acordo com Lazer(2011), a política é um fenômeno fundamentalmente rela- cional, uma vez que as ações políticas são construídas não apenas com base em uma concordância de preferência entre dois agentes políticos,