DUAS ESCOLAS EM CONFRONTO a Visão De Luiz Gonzaga Belluzzo E Gustavo Franco Em Relação À Inserção Externa Do Brasil Nos Anos 90
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1200100022 1/111111/1"11/1111" I" I" li 11111111I1I DUAS ESCOLAS EM CONFRONTO A visão de Luiz Gonzaga Belluzzo e Gustavo Franco em relação à inserção externa do Brasil nos anos 90 Banca Examinadora Prof. Orientador José Márcio Rebolho Rego Prof. Dr. Haroldo Clemente Giacometti Prof". Dra. Maria Angélica Borges FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO FLÁVIO ESTÉVEZ CALIFE DUAS ESCOLAS EM CONFRONTO A visão de Luiz Gonzaga Belluzzo e Gustavo Franco em relação à inserção externa do Brasil nos anos 90 Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Fundação Getulio Vargas Graduação da FGV IEAESP Escola de Administração . de Empresas de SilIo Paulo Biblioteca Área de Concentração: Políticas de Governo como requisito para obtenção do título de mestre em Administração 1200100022 SÃO PAULO 2000 \ , r;. : r .: < t' •.~,'. c . I 1<; 02. 01 :3~~.~.'Üi-2- I C~~) C lS"3cL 12/2001 t:11s. e.,.1- SP-00020B26-B CALIFE, Flávio Estévez. Duas Escolas em Confronto: a visão de Luiz Gonzaga Belluzzo e Gustavo Franco em relação à inserção externa do Brasil nos anos 90. São Paulo: EAESPIFGV, 2000. 112p. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESPIFGV, Área de Concentração: Políticas de Governo). Resumo: O trabalho apresenta as principais discordâncias, conceituais e metodológicas das Escolas econômicas da PUC do Rio de Janeiro e da Universidade de Campinas (Unicamp) em relação às políticas de inserção externa brasileira acontecidas na década de 1990. Aponta seus principais interlocutores e discute suas principais idéias. Palavras-Chaves: Pensamento Econômico Brasileiro - Escolas Econômicas - Metodologia Econômica - Inserção Externa Aos meus pais, com carinho e agradecimento AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os que, direta ou indiretamente, estiveram envolvidos na elaboração deste trabalho. Um agradecimento especial ao meu orientador, Prof José Márcio Rego, pelo incentivo e apoio desde os tempos da graduação até a fase conclusiva dessa dissertação. Agradeço aos meus amigos e familiares, que foram responsáveis pela existência de um ambiente sempre aberto a discussões, proporcionando a experiência mais forte e construtiva de minha formação. Serei sempre grato a minha esposa Andréa, pela paciência, compreensão e apoio que tomaram a realização deste trabalho uma tarefa menos árdua. S lJ 1\IIÁRJ o Introdução " 01 Justificativa .•........................ u •••••••••••• ~ ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 09 Objetivo ........•.....•........•...•.•...........•...........••...•.•......•.•...•........•.........•..•................•.....•......... 10 Estrutura do Trabalho 12 Capítulo 1- Uma Brevíssima História do Pensamento Econômico no Brasil. 14 1. As primeiras controvérsias no Brasil independente 14 2. ope:íodo. 19~0~1~~64 18 3. Orgaos e tnstttuições 26 3.1. Cepal. " 28 3.2. IB/?E 29 3.3./!-Jyl~B 31 4. O período 1964-1986 33 Capítulo 11- Uma Metodologia na Resolução das Controvérsias ..•....•....•......•.............. 40 1. Friedman e a economia positiva .42 2. A abordagem ética: Amartya Sen e Giannetti da Fonseca 14 3. A metodologia econômica de Blaug .48 -I. A interpretação da retórica: Pérsio Arida e Donald McCloskey 53 Capítulo 111 - Confronm de Escolas: IJnicamp x Puc-Rio 63 I. As diferentes cOllslillliç:tJes 63 2. Modelos distintos de ciência econômica '" 68 2.1. Arida e os modelos hard science e soft science 68 2.2. Franco e os modelos mainstream e cepalino 70 2.3. Mantega e os modelos histórico/institucional e analítico clássico 72 3. () Debate: Gustavo Franco x Luiz Gonzaga Belluzzo 73 3. J. A década de 1990 78 3.2. Produtividade e Competitividade 81 3.3. Vulnerabilidade Externa 89 3.-I.Melodologia 95 Considerações Finais........................................................................................................ 103 Bibliografia 108 INTRODUÇÃO A década de 90 explicitá mudanças significativas que ocorreram na política e na economia mundiais. o que obviamente influenciou todo o pensamento econômico e político brasileiro. No Brasil, a consolidação da democracia e a abertura comercial iniciada no Governo Collor, bem como a crise dos regimes socialistas do leste europeu e a crise do Estado do Bem-estar social, colocaram em questão a intervenção do Estado na atividade econômica e provocaram uma reordenação de idéias, forçando partidos políticos e instituições a se readaptarem frente aos novos fatos, e muitas vezes abrindo mão de dogmas fundamentais de suas doutrinas. Desde a abertura política, em 1985, o Brasil experimentou uma série de planos econômicos que tiveram como principal objetivo acabar com a inflação que vinha crescendo nos anos anteriores. Nesse momento existiriam duas formas distintas de se atacar o processo inflacionário: gerar choques desaceleracionistas capazes de quebrar a inércia inflacionária ou, altemativamente, atacar diretamente a tendência, rompendo a inércia do sistema e promovendo, assim, uma desvinculação entre a inflação futura e a inflação passada. A primeira opção associa-se ao receituário ortodoxo, visto que a quebra da inércia seria obtida por choques desaceleracionistas de demanda fortes o suficiente para reverter as expectativas, responsáveis. segundo esta visão, pelo elemento tendencial da inflação. A segunda opção associa-se às posturas heterodoxas, que acreditam ser muito elevados e, mais que isso, desnecessários, os custos de um ajustamento desse tipo. A segunda opção foi a adotada, no entanto, a seqüência de planos, iniciada com o Plano Cruzado, não obteve o sucesso pretendido e culminou em 1994 com a adoção do Plano Real, com características heterodoxas e ortodoxas, que do ponto de vista da estabilização, vem atingindo seus objetivos ( desde julho de 1994 até a data presente, foram mais de seis anos de baixíssimos índices inflacionários). Durante este período (1986-2000) diferentes correntes de pensamento econômico, representadas por diferentes instituições de ensino e pesquisa em economia, passaram pelos governos, atuando como ministros, assessores ou consultores. o fracasso dessas políticas econômicas heterodoxas, aliada a uma crise fiscal do Estado brasileiro, e a falta de propostas adequadas, ou mesmo viáveis para a estabilização do país, aumentaram a aceitação da necessidade de reformas voltadas para o mercado e diminuição da participação do Estado, abrindo espaço para políticas com elementos liberais e ortodoxos. Os choques, o congelamento de preços, a pré-fixação e o protecionismo do mercado começam a dar lugar à disciplina fiscal, com privatizações e contenções de gastos e à liberalização comercial como forma de maior integração com a economia internacional, pondo um definitivo fim ao antigo modelo desenvolvimentista de substituição de importações, com forte presença do Estado. Nesse contexto, o pensamento econômico ortodoxo toma-se hegemônico, e segundo Gustavo Franco (1995, p.338), um dos principais mentores da política econômica do Plano Real, "a ortodoxia tomou-se tão avassaladoramente dominante, que nada do que é 'alternativo' parece relevante. Até, pelo contrário, o heterodoxo parece tomar-se místico, esotérico, pouco sério". 2 Essa hegemonia, que se estabelece com o sucesso do Plano Real, no entanto, possui adversários" não tão organizados, nem com tanta força política, nem com grande espaço nos meios de comunicação, mas que por sua importância intelectual ou política ou por terem participado de políticas govemamentais criam uma forte e crítica oposição, principalmente quando algum sinal de crise se aproxima. São os casos dos economistas ligados à atividades políticas como Aloízio Mercadante e Guido Mantega do PT, ou mesmo Ciro Gomes e Robe110 Mangabeira Unger (não economistas); economistas ligados a instituições acadêmicas, talvez a principal delas a Unicamp, e um de seus principais representantes, Luiz Gonzaga Belluzzo; ou pensadores independentes de grupos de pensamento, mas com fácil acesso e respeitabilidade na mídia, como Paulo Nogueira Batista Jr, da FGV-SP; ou ainda personagens respeitados pelo conjunto e importância de sua obra, como Celso Furtado. Como o processo de estabilização vêm obtendo sucesso, pelo menos do ponto de vista monetário, as críticas, de um modo geral, costumam atingir a maneira como vendo sendo feita a inserção brasileira no âmbito intemacional. Para estes opositores a abertura comercial, da forma que se desenvolveu, colocou ou colocará o Brasil numa situação delicada em relação à dependência externa, à destruição de sua indústria, à diminuição do emprego, à política cambial ou ao privilégio da eficiência, do capital e de sua concentração, piorando a distribuição da renda e a justiça social. A abertura comercial, produto do fator endógeno de esgotamento do modelo de substituição de importações e o aprofundamento da globalização (como um fator exógeno) colaborariam ainda mais para piorar essa situação. Para Luiz Gonzaga Belluzzo (1995), por exemplo, "A globalização - ao tomar mais livre o espaço da circulação da riqueza e da renda dos grupos integrados - desarticulou a velha base tributária das políticas keynesianas e vem submetendo a gestão da dívida pública aos humores freqüentemente imprevisíveis dos mercados financeiros. A ética da solidariedade foi francamente denotada pela ética da eficiência. Por isso, os programas de redistribuição de renda, reparação de desequilíbrios regionais e assistência a grupos marginalizados têm sofrido intensa rejeição dos grupos vitoriosos e cosmopolitas" Apesar disso, para Franco (1995, p.338) "Não há vozes contrárias à abertura,