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FACULDADES INTEGRADAS HÉLIO ALONSO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Bruno Nunes Costa

TV : UMA REFERÊNCIA DA CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA

Rio de Janeiro 2015

Bruno Nunes Costa

TV ESPORTE INTERATIVO: UMA REFERÊNCIA DA CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, sob a orientação da Professora Denise Lilenbaum.

Rio de Janeiro

2015

C837 Costa, Bruno Nunes TV Esporte interativo: uma referência da convergência midiática / Bruno Nunes Costa. Rio de Janeiro FACHA / Curso de Graduação em Comunicação Social, 2015. 43f.

Orientador: Denise Lilenbaum

Monografia (Graduação em Comunicação Social - Jornalismo) – FACHA, 2015.

1. Esporte Interativo. 2. Convergência digital. 3. Televisão. 4. Internet. I. Lilenbaum, Denise. II. FACHA. III. Título.

CDD:

TV ESPORTE INTERATIVO: UMA REFERÊNCIA DA CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA

Bruno Nunes Costa

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso, como Requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, submetido à aprovação da seguinte Banca Examinadora:

______Prof. Orientadora Denise Lilenbaum

______Professora Ana Arruda

______Professora Ivana Gouveia

Data da Defesa: 8 de dezembro

Rio de Janeiro

2015

AGRADECIMENTOS

A Maria de Lourdes Nunes Costa, mãe e companheira para todos os momentos. Não teria chegado até aqui sem o seu apoio e ensinamentos. Suas palavras me motivam para a realização dos meus sonhos. A Wanderley Brás Costa (in memoriam) meu pai, responsável pela formação do meu caráter. Foi ele que ele me ensinou a ser justo e a ter perseverança diante dos obstáculos. Ele esteve e estará comigo para sempre. A Natalia Nunes Costa e Priscilla Nunes Costa, irmãs, pelo amor, compreensão e apoio demonstrados ao longo desta jornada. A minha tia Luzinete Alvarenga, que me auxiliou em todos os momentos e colaborou com a formatação desta monografia. A minha tia e madrinha Marly Assunção Costa Gomes, que sempre me aconselhou sabiamente. A família como um todo. Tios(as), primos e avós, com quem convivi durante toda a minha vida e aprendi valores que carregarei comigo para sempre. A professora Denise Lilenbaum, pela orientação deste trabalho e pelas contribuições que serão levadas para os desafios que ainda estão por vir. Seus ensinamentos têm valores imensuráveis para a carreira que pretendo seguir. Aos amigos e colegas de turma que sempre estiveram comigo nesta caminhada, especialmente a Renan Nery, Vanessa Lira, Esther Moraes e Marcelle Abreu. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação o meu muito obrigado.

RESUMO

Esse estudo tem como objetivo apresentar, através da televisão, a nova tendência que os meios de comunicação já estão adotando: a convergência digital, onde as velhas e as novas mídias se encontram e interagem. Nessa pesquisa pretende-se analisar a TV na web que, atualmente em função da convergência de mídias, tende a crescer como meio de informação. O principal foco desta pesquisa será analisar o Esporte Interativo, um canal que nasceu na TV aberta e que atualmente produz e distribui conteúdo esportivo para diversas plataformas seguindo a tendência da convergência midiática.

Palavras-chave: Esporte Interativo, convergência digital, televisão, internet.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Disco de Nipkow Figura 2: Um dos primeiros televisores Figura 3: O índio símbolo da TV Tupi Figura 4: Equipe técnica trabalha em uma das primeiras transmissões de TV no Brasil Figura 5: Decodificador da TVA em 1991 Figura 6: Equipamentos da ARPANET Figura 7: A Internet Figura 8: A evolução dos meios de comunicação Figura 9: A interatividade no Você Decide Figura 10: Tweet que revelou a campeã do MasterChef Brasil antes de ser anunciado na TV Figura 11: Ginga, portal da interatividade da TV digital brasileira Figura 12: Globosat Play Figura 13: Logotipo do canal Esporte Interativo Figura 14: O aplicativo EI Plus possibilita assistir ao EI ao vivo Figura 15: EI faz campanha para o público pedir o canal nas grandes operadora

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 9 2 A TELEVISÃO...... 11 2.1 A história da televisão no mundo...... 11 2.2 A história da televisão no Brasil...... 15 3 A INTERNET...... 21 3.1 O início da internet...... 21 3.2 Histórico da internet no Brasil...... 23 4 CONVERGÊNCIA DIGITAL...... 25 4.1 O fim da televisão...... 25 4.2 A cultura da convergência...... 26 4.3 A interatividade na era da convergência...... 28 4.4 Video On-Demand...... 31 5 ESPORTE INTERATIVO: A TV DA ERA DA CONVERGÊNCIA...... 33 5.1 A Top Sports...... 33 5.2 O Esporte Interativo...... 34 5.3 A convergência no Esporte Interativo...... 36 5.4 A compra pelo grupo Turner e a briga com as operadoras...... 38 6 CONCLUSÃO...... 41 REFERÊNCIAS...... 42

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1 INTRODUÇÃO

Como toda grande descoberta, as novas formas tecnológicas mudaram o curso de como as interações humanas ocorrem. Essas mudanças interferiram em todos os setores da sociedade, seja cultural, econômico e até mesmo no mercado de trabalho. Sendo assim, no cenário atual, o desafio para os profissionais da comunicação é ainda maior. Se no passado o jornal era a fonte da atualidade onde pedaços de papel, que centravam todas as informações impactantes que seriam comentadas ao longo do dia, logo depois o rádio, a TV e posteriormente a internet trouxeram outras formas de escoar notícias. O jornal usa, enquanto meio, a tinta e o papel, já o rádio lança a voz em ondas sonoras a serem captadas em aparelhos, e a TV projeta imagem e som. Já a internet é uma plataforma de convergência midiática, que trouxe novas possibilidades e ferramentas para todos os veículos de comunicação. Ela funde, no campo virtual, as características destes veículos e cria uma forma inovadora de comunicação: a convergência midiática. O objetivo deste trabalho é mostrar um estudo sobre essa nova tendência - convergência digital -, principalmente no que se diz respeito à televisão, mais precisamente a TV na web. O Esporte Interativo é o principal objeto de estudo deste projeto por ser exatamente o veículo de comunicação que melhor retrata a proposta da convergência midiática, além de ser um canal específico da web. Para que se possa fazer uma maior análise da TV na web é necessário voltar no tempo para falar sobre a evolução deste veículo de massa. Esse é o tema do primeiro capítulo desta pesquisa. Na segunda parte do trabalho será apresentada a história da Internet. Apesar de ter uma história relativamente curta, a Internet se revela como um grande fator de comunicação integrada ao facilitar a troca de informação, conhecimento e diálogo entre milhões de computadores interligados em rede. Hoje já não é mais possível imaginar a sociedade sem internet. A convergência midiática é o tema do terceiro capítulo. Hoje em dia, emissor e receptor de uma mensagem se fundem e podem facilmente trocar de lugar. Aquele que assiste a televisão está, ao mesmo tempo, conectado em redes sociais e pode, simultaneamente, comentar e compartilhar, naquele exato momento, o que está sendo exibido na televisão. A interatividade, que está cada vez mais em alta, faz

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com que o telespectador tenha a sensação de que está intervindo diretamente em determinado programa, como aconteceu com o pioneiro Você Decide, com o reality show e com o Superstar, primeiro com votação em tempo real via aplicativo de celular. O Esporte Interativo será objeto de pesquisa do quarto e último capítulo. É através do estudo deste canal de televisão que pretende-se mostrar como a convergência de mídias pode complementar e auxiliar no crescimento da televisão como meio de informação . A hipótese que envolve esse trabalho é identificar que, num futuro próximo, o mercado de TV na web tende a crescer e encontrar um formato único, específico e, com isso, surge uma nova proposta e um desafio de se fazer televisão.

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2 A TELEVISÃO

2.1 A história da televisão no mundo

A televisão é um sistema para a transmissão e recepção de imagens e sons à distância, realizada por meio de ondas de rádio ou por redes de televisão paga (cabo, satélite e internet). A palavra televisão é a junção do termo grego “tele”, (distância) e da expressão latina “visio” (visão). O termo televisão se refere a todos os aspectos da programação e da transmissão. É abreviado como TV. Esta palavra foi usada pela primeira vez em 1900 pelo cientista russo Constantin Perskyi no Congresso Internacional de Elétrica de Paris (CIEP). O conceito de televisão (visão à distância) pode ser atribuído desde Galileu Galilei quando criou o telescópio. Em 1884, Paul Nipkow criou o Disco de Nipkow, um avanço de extrema relevância para criar a TV. Esse consistia num aparelho para enviar uma imagem em movimento de um local para outro, por meio de um condutor elétrico. Decompondo uma imagem num conjunto de pontos escuros e luminosos, estes poderiam ser convertidos em sinais de corrente elétrica, de intensidade proporcional à claridade dos pontos.

Figura 1: Disco de Nipkow

Anos mais tarde, em 1923, Vladimir Kosma Zworykin, engenheiro eletrônico russo nacionalizado americano, patenteou o iconoscópio. Com este aparelho, ele transmitiu imagens numa distância de 45 quilômetros. O iconoscópio era bem parecido com os televisores atuais. O primeiro protótipo foi apresentado numa

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reunião de engenheiros em Nova Iorque, em 1929 e construído pela RCA (Radio Corporation of America) em 1933. Em 1926, o engenheiro escocês John Logie Baird, responsável por montar a primeira televisão que se tem notícia, conseguiu transmitir alguns contornos de imagens em movimento em uma demonstração em Londres para a comunidade científica, em contrato com a BBC para transmissões experimentais de televisão na Europa. O aparelho, que também emitia som, era mais semelhante a um rádio do que propriamente a uma televisão, bem diferente das finas telas que se veem nos dias de hoje.

Figura 2: Um dos primeiros televisores

A emissora de televisão pioneira NBC, que pertencia a RCA, fez a primeira transmissão experimental de televisão nos Estados Unidos, em 1930, mas só nove anos depois que as transmissões se regularizaram. Foi em 1946 que o primeiro aparelho de televisão popular foi comercializado e dois anos depois, a TV a cabo foi utilizada pela primeira vez, na cidade de Oregon, nos EUA, onde os sinais normais de televisão não conseguiam chegar a população por ser uma região montanhosa.

“A partir do momento que a TV passou a existir, as pessoas não necessitavam mais do uso da imaginação para criar um cenário ou a figura da pessoa que elas escutavam no rádio. A televisão possibilitava ao público uma experiência integral - ele passa a ser capaz de visualizar a , o telejornal ou o seu programa favorito, além de escutá-lo como já fazia. Esses acontecimentos se pode chamar de antiga TV, analógica, com história internacional e nacional semelhante”. (SANTOS e LUZ, 2013, p. 35)

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Em 1950, nos EUA, a televisão ultrapassa o rádio em número de espectadores, e no ano seguinte vai ao ar a primeira transmissão a cores nos Estados Unidos. O padrão NTSC (National Television Standards Committee) utilizava o preto e branco já existente e acrescentava a cor. Quatro anos depois a emissora WNBT fez a primeira gravação em um videoteipe, uma fita magnética que captura imagem e som. Em 1962 surge a TV via satélite. A primeira transmissão também foi realizada nos Estados Unidos. Na década de 1970, no Japão, a NHK (Nippon Hoso Kyokai) e um grupo composto por 100 emissoras de TV locais, iniciam as pesquisas para o desenvolvimento de uma TV de alta qualidade de imagem, ou HDTV (High Definition TV). O objetivo era dar ao espectador mais realismo e proximidade não só com a imagem, mas também com o som, aproximando a qualidade da imagem da TV com a do cinema, inclusive no formato de tela larga "widescreen", usado no cinema desde 1951. “Naquela época, em vários países, eram produzidos aparelhos com diferentes padrões de definição. Atualmente, há dois padrões básicos: o norte americano (525 linhas e 30 quadros por segundo) e o europeu (625 linhas e 25 quadros por segundo). No que diz respeito à televisão em cores, existem três sistemas: o norte- americano NTSC (National Television System Committee), o francês Secam (Sequenttiellemente ET à mémorie) e o alemão PAL (Phase Alternation Line). O Brasil usava o padrão norte-americano preto e branco; quando introduziu a televisão em cores passou a compatibilizar o sistema de 525 linhas americano com o sistema a cor alemão gerando assim o sistema PAL-M”. (MATTOS, 2002, p.166)

A maior dificuldade da época era realizar a transmissão de imagem e som em alta definição na faixa de 6 MHz (largura da faixa no espetro de radiofrequência reservada para cada canal de TV), devido a necessidade de transmitir ao menos o dobro de linhas de varredura. Um importante passo para a transmissão em alta definição foi dado pelo consórcio japonês (Hi-Vision Promotion Association), que em 1987 iniciou o desenvolvimento do projeto que resulta no sistema MUSE (Multiple sub-Nyquist Sampling Encoding), e passa a transmitir experimentalmente programações em HDTV com duração de uma hora por dia. Em 1997, a NHK forma um consórcio intitulado DiBEG (Digital Broadcasting Experts Group) e desenvolve um novo processo de transmissão chamado de

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"Integrated Services Digital Broadcasting" (ISDB), projetado para suportar até 13 serviços ou emissoras diferentes na faixa de 6 MHz, que além da transmissão para receptores domésticos, permite também a transmissão para receptores móveis e telefones celulares, graças as novas tecnologias de compactação de imagem MPEG2 e de Dolby AC-3 para o som. Em dezembro de 2000, a operação do antigo processo "MUSE" foi substituída pelo padrão totalmente digital terrestre, o ISDB-T. Este serviço foi lançado oficialmente em 2003, e em 2008 já havia mais de 14 milhões de aparelhos receptores, representando um terço dos domicílios daquele país. “A TV digital é uma televisão cuja base se dá por uma nova plataforma de comunicação baseada em tecnologia digital para a transmissão de sinais. As características dessa tecnologia, como a interatividade, a multiprogramação e a qualidade de definição de imagem, permitem uma maior qualidade de vídeo e áudio, além do aumento de ofertas de programas televisivos. Com a TV digital será possível desvincular-se da programação normal, baseada no entretenimento, trabalho, negócios e educação”. (SANTOS e LUZ, 2013, p. 35)

Na Europa em 1986, cientistas envolvidos no "Projeto Eureka" concluem um sistema para TV digital semelhante ao japonês MUSE, batizado de MAC (Multiplexed Analog Components) para transmissão SDTV (Standard Digital TV), e para a alta definição, o HD-MAC com transmissão de um número maior de pixels. Esta alternativa é considerada o embrião do sistema europeu de HDTV, o DVB (Digital Video Broadcast) que em 1994 passa a usar as novas tecnologias de compactação de som e imagem, o MP3 para áudio e o MPEG-2 para vídeo, que caracteriza o sistema digital europeu que serviu de base para o ISDB-T japonês. Inserido ao projeto Eureka, surge na China o (DMB-T) Digital Multimedia Broadcast Terrestrial, que foi pouco difundido. Nos Estados Unidos, as estações de TV, os fabricantes e o governo acompanhavam desde o inicio o desenvolvimento da tecnologia na Ásia e Europa, mas os americanos faziam questão de encontrar uma solução própria para a TV de alta definição. A FCC (Federal Communications Comission) convoca, em 1987, 58 redes de TV para estudar o impacto que teria a ATV (Advanced TV) nos serviços já existentes, e assim começam os trabalhos de testes das novas tecnologias de TV digital.

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“A tendência das antigas emissoras terrestres é a de sobreviver como emissoras generalistas no cabo ou no satélite, oferecendo ainda, por força da lei, razoável quantidade de programas locais. A TV digital, nos Estados Unidos, parece encaminhar para se consolidar como TV de acesso pago”. (DANTAS, 2007, p.72)

Em 1995 surge o denominado "Advanced Television System Committee", novo sistema oficial de TV nos EUA. Em 21 de abril de 1997 foram delineadas as regras para a transmissão digital nos Estados Unidos, e o prazo de oito anos para a transição do sistema analógico para o digital, portanto, em 2006, o sistema analógico de TV americano foi desligado.

“A título de conhecimento em 1990, 50% das residências já eram atingidas pela inclusão paga. Entidades e empresas formaram uma comissão liderada pela ABC, CBS E NBC cuja tecnologia foi à simples (ATSC) que atende às necessidades de recepção “terrestre” dos seus subúrbios, onde se concentra o consumo de classe média. Tecnologia menos robusta e não desenvolvida para recepção móvel”. (DANTAS, 2007, p. 67)

2.2 A história da televisão no Brasil

Foi em 1950 que o empresário de comunicação Francisco de Assis Chateaubriand trouxe para o Brasil a novidade que já estava na casa de milhares norte-americanos e europeus. Além de ser dono dos Diários Associados, o maior império de comunicação do Brasil, Chatô, como era mais conhecido, mudou, de certa forma, o modo de toda a sociedade brasileira se entreter. No dia 25 de março daquele ano os equipamentos comprados da RCA (Radio Corporation of America) por Chateaubriand foram retirados por seus funcionários no porto de Santos. A televisão chegava, pela primeira vez, a América do Sul. A pré-estreia da televisão brasileira ocorreu no dia 3 de abril de 1950 no saguão dos Diários Associados, em São Paulo. Uma apresentação do padre cantor mexicano Frei José Mojica foi transmitida para um seleto grupo de covidados. No dia 18 de setembro de 1950 foi, enfim, inaugurada a primeira emissora de televisão: a TV Tupi de São Paulo, PRF-3, canal 3. O empresário importou duzentos televisores e espalhou pela cidade de São Paulo, para que a televisão se tornasse conhecida pela maioria do público desde a sua primeira transmissão.

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Figura 3: O índio símbolo da TV Tupi

“As pessoas envolvidas no projeto trabalharam durante semanas para a inauguração da TV e agora tinham apenas um dia para a preparação da programação do dia seguinte.” (http://www.tudosobretv.com.br/histortv/tv60.htm)

Logo após ser tocada a “Canção da TV”, interpretada por Lolita Rodrigues, foi ao ar o primeiro programa televisivo, o “TV na Taba”, apresentado por Homero Silva, que tinha no elenco grandes estrelas como , Lima Duarte, Mazzaropi, Ivon Cury, Ciccilo, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, entre outros.

Figura 4: Equipe técnica trabalha em uma das primeiras transmissões de TV no Brasil

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Nessa época ainda era difícil conseguir uma programação suficiente para todo o dia. A TV Tupi só possuía cinco horas de programação diária. No decorrer da década de 50 outras emissoras foram surgindo como, por exemplo, TV Tupi-RJ, TV Record, TV Paulista, TV Excelsior, TV Itacolomi, em Belo Horizonte, e a TV Rio, porém, todas elas não ultrapassavam as mesmas cinco horas de programação diária. ”A TV Tupi, que começara a história da televisão no Brasil em 1950, se manteve como a única emissora no mercado por muito tempo. Mas, logo, outras começaram a surgir. No Rio de Janeiro, entrou no ar a TV Rio, que lentamente foi ganhando seu espaço.” (DANIEL Fº, 2003, p. 29)

No final da década de 50 a televisão ainda não tinha atingido um grande número de telespectadores, não por falta de interesse, mas por ainda ser um produto caro, portanto de difícil acesso aos públicos menos favorecidos. Em 1958, cerca de 78 mil televisores estavam nas salas da população mais rica do país, mas, por outro lado, os rádios e jornais impressos ainda tinham domínio sobre as informações recebidas pelos mais pobres. Somente na década seguinte, em 60, os preços dos aparelhos de televisão ficariam mais baixos e, por consequência, o número de telespectadores aumentou consideravelmente. Em 1958 também ocorreu mais uma marco na televisão brasileira, que até então era totalmente apresentada ao vivo: o humorista Chico Anysio trouxe dos EUA para o Brasil o videoteipe (VT), um aparelho que permitia que os programas fossem gravados. O VT foi utilizado pela primeira vez no programa “TV de Vanguarda”, da TV Tupi. Como o aparelho só dispunha de uma hora, as cenas eram cronometradas rigorosamente, mas sempre faltavam os 10 minutos das cenas finais, que precisavam ser feitas ao vivo. A importação do videoteipe só foi regulamentada na década de 60, quando outras emissoras começaram a utilizá-lo. O advento do VT foi um avança na televisão brasileira, pois com os programas gravados foi possível estabelecer uma grade de programação linear em todos os estados do país. No início da ditadura militar, em 1965, surgiu também aquela que seria a maior emissora do país, parte fundamental de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo: a TV Globo, canal 4 do Rio de Janeiro, do empresário Roberto Marinho.

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“O acordo com o grupo Time Life possibilita à TV Globo uma ajuda financeira em que esta se compromete a pagar 3,5% do faturamento e 49% do lucro. Isso provoca um diferencial enorme, especialmente técnico, em relação a outras emissoras. Desde o início a Globo possuía vídeo tape e editor eletrônico.” (http://www.tudosobretv.com.br/histortv/tv60.htm)

Em setembro de 1969 estreia o primeiro programa de televisão em rede: o Jornal Nacional, apresentado por Hilton Gomes e Cid Moreira. Era o pioneiro na transmissão via satélite Embratel para todo o território nacional. Sem dúvida, um marco para a história da televisão no Brasil. Na década de 1970, outra grande inovação: a televisão em cores chegou ao Brasil. A Copa do Mundo do México, em 1970, foi o primeiro evento a ser transmitido em imagens coloridas no Brasil, ainda em caráter experimental. Somente a partir de 1972, as transmissões em cores começaram a ser exibidas para outras emissoras e programas de televisão. Os anos 80 ficaram marcados pela cassação da concessão da TV Tupi e início das transmissões do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, propriedade do apresentador e empresário Silvio Santos, da , de Johnny Saad, e da , de Adolpho Bloch. Esta década trouxe um novo desafio para o mercado de TV no Brasil: a disputa pela audiência. Foi nos anos de 1990 que a televisão por assinatura chegou ao Brasil. O funda, em 1991, a TVA, com transmissão do sinal via MMDS no Rio e em São Paulo com apenas cinco canais. Além da CNN, Superstation e ESPN, MTV Brasil e TVA Filmes. Em 1994 a TVA fecha contrato com a HBO que e passa a transmitir, na época com exclusividade, seu sinal no lugar da TVA Filmes.

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Figura 5: Decodificador da TVA em 1991

Em 1992 a NET - uma sociedade do Grupo Globo e da Embratel () - surge no Brasil, com transmissão via cabo, no estilo empregado nas cidades americanas. Ipanema e Leblon foram os primeiros bairros a receberem o sinal na cidade do Rio de Janeiro e em São Paulo, nos bairros de Interlagos e Jardim Paulista. Ainda nos anos 90 chega ao mercado o controle remoto, considerado uma grande revolução. Assistir TV ficou mais fácil e mais cômodo pois já não era mais preciso se deslocar para fazer a troca de canal. Basta digitar o número no controle, ou simplesmente, zapear sem precisar se locomover. E há 15 anos, em 2000, chega ao Brasil a TV digital, com a proposta de oferecer o que há de melhor: imagem em alta definição, portabilidade e interatividade. Atualmente, depois de 65 anos, a televisão é o meio de comunicação mais popular no Brasil. De acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015), realizada pelo Ibope1, 95% dos entrevistados afirmaram ver TV, sendo que 73% têm o hábito de assistir diariamente. Ainda é uma das maiores ferramentas de entretenimento no país.

1 BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. – Brasília: Secom, 2014. Disponível em:

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3 A INTERNET

3.1 O início da internet

A internet surgiu em meio a necessidades militares de comunicação e, em pouco tempo, se transformou em um dos meios de comunicação mais utilizados em todo o mundo. O termo internet deriva da expressão de duas palavras de origem inglesa: internacional network.

“A história da criação e do desenvolvimento da Internet é a história de uma aventura humana extraordinária. Ela põe em relevo a capacidade que tem as pessoas de transcender metas institucionais, superar barreiras burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo. Reforça também a ideia de que no processo de que a cooperação e a liberdade de informação podem se mais propícias à inovação do que a competição e os direitos de propriedade.” (CASTELLS, 2003, p. 13)

Em 1969, no auge da Guerra Fria, a Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) criou uma rede experimental de computadores, a ARPANET que conectava quatro universidades americanas (Universidade da Califórnia, LA e Santa Bárbara; Instituto de Pesquisa de Stanford e Universidade de Utah). Com isso cientistas podiam dividir informações a longas distâncias, o que foi uma grande contribuição para o avanço das ciências. As décadas de 1970 e 1980 foram de grandes progressos tecnológicos. A ARPANET se expandiu e permitiu a conexão de outros websites, principalmente nos circuitos acadêmicos e de pesquisa.

Figura 6: Equipamentos da ARPANET

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Em 1973, Bob Kahn, da Advanced Research Projects Agency (ARPA), propôs a investigação de técnicas e tecnologias de diversos tipos para redes de transmissão, com o objetivo de desenvolver um protocolo de comunicação ou padrões comuns que permitissem que, computadores ligados em rede, pudessem trocar informações. Era o início do programa Internetting. Apesar de ter sido responsável pelo início do desenvolvimento da internet, a ARPANET não foi a única responsável pela mesma que conhecemos hoje. O formato atual que a internet apresenta resulta da base de formação de redes de computadores. “No início da década de 1990 muitos provedores de serviços da Internet montaram suas próprias redes e estabeleceram suas próprias portas de comunicação em bases comerciais. A partir de então, a Internet cresceu rapidamente como uma rede global de redes de computadores.” (CASTELLS, 2003. p. 15)

Foi em 1989 que o físico e pesquisador Timothy John Berners-Lee criou a World Wide Web (em português “rede de alcance mundial”), popularmente conhecida como web. É esta a plataforma que popularizou a internet como conhecemos hoje. “A web pode ser definida como um conjunto de recursos que possibilita navegar na Internet por meio de textos hipersensíveis com hiper-referências em forma de palavras, títulos, imagens ou fotos, ligando páginas de um mesmo computador ou de computadores diferentes. A web é o segmento que mais cresce na internet e a cada dia ocupa espaços de antigas interfaces da rede.” (VILHA, 2002, p. 20)

Desde seu início até os dias de hoje, a internet passou por constantes modificações a fim de melhorar a interface e a interatividade dos sites. Ela nasceu de um pequeno grupo de pesquisadores, mas tomou enormes proporções e hoje é imprescindível para a comunicação global. Um novo sistema de localização de arquivos criou um ambiente em que cada informação tem um endereço único e pode ser encontrada por qualquer usuário da rede.

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Figura 7: A Internet

Assim como a televisão, a internet também passou por diversos processos até a década de 1990, quando começou a ser comercializada para o público em geral, não só para grandes empresas. O conteúdo da rede ficou mais atraente com a possibilidade de incorporar imagens e sons. A tendência é que a internet continue em evolução e permita, assim, cada vez mais criar formas sofisticadas de interação. Em síntese, a internet é um conjunto de redes de computadores interligadas que tem em comum um conjunto de protocolos e serviços de uma forma que os usuários conectados possam usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance mundial.

3.2 Histórico da internet no Brasil

A história da internet no Brasil começou em setembro de 1988. Seus primeiros usuários, pesquisadores, alunos e professores, tiveram acesso ao correio eletrônico, a bases de dados no exterior e, acesso à rede mundial de computadores através de uma conexão internacional, dedicada e perene. Não era, ainda, a internet. De fato só nos conectamos em 1991 com a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), uma operação acadêmica subordinada ao MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia), ainda sem saber da magnitude do impacto que estava por vir. No final de 1994, a Embratel lançou, em caráter experimental, o serviço de acesso à internet para usuários domésticos. No ano seguinte, o governo permitiu a abertura da exploração do serviço ao setor privado, impulsionando o surgimento no Brasil de diversos provedores de acesso, assim como grandes portais brasileiros de

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conteúdo e comércio eletrônico. Nessa época, o acesso era feito por linha discada, o que tornava o processo muito lento se comparado com os padrões atuais.

“Diz-se que “os anos Internet são ‘anos de cachorro’”. E não há nesta frase nenhum sentido pejorativo... É que cada “ano canino” corresponderia a sete “anos humanos”, ou seja, o tempo para o cão passa sete vezes mais rapidamente que para o homem. Assim também parece ser o “tempo da Internet” em relação ao tempo que conhecíamos.” (GETSCHKO, 2009, p. 49)

Somente em 1995 é que foi possível, pela iniciativa do Ministério das Telecomunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia, a abertura ao setor privado da internet para exploração comercial da população brasileira. Segunda dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE2 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 85,6 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade possuem acesso à internet, seja ela pelo celular, computador, tablet ou TV conectada.

2 IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em

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4 CONVERGÊNCIA DIGITAL

4.1 O fim da televisão?

A televisão chega ao Brasil e de imediato preocupa os outros meios de comunicação, como o rádio e o impresso, que veem a TV como concorrente capaz de tirar uma grande fatia da audiência. Agora, com o surgimento e crescente popularidade da internet, todos se veem ameaçados, inclusive a TV. Todos os meios de comunicação estão se “reinventando.” Houve perda de público para as novas tecnologias que comportam, por sua vez, uma nova forma de ver a própria televisão.

Figura 8: A evolução dos meios de comunicação

Com o crescimento dos veículos “online”, muitos pesquisadores decretaram o fim dos meios “off-lines”. Críticos neoconservadores e neoliberais advertiram que a tevê se esgotou, por suprimir o direito de escolha dos cidadãos. Segundo Miller (2009, p. 18), em seu artigo “A Televisão Acabou, a Televisão Virou Coisa do Passado, a Televisão Já Era”, o suposto desfecho para esses pensadores seria a certeza de que a internet é o futuro. “O grande organizador da vida diária por mais de meio século perderá o lugar de honra tanto na disposição física do lar quanto na ordem cotidiana do drama e da informação”. O autor afirma, no entanto, que as evidências para tais alegações são esparsas e inconsistentes, pois a televisão é um “armazém cultural” que mistura diferentes mídias e que continua crescendo.

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Segundo o autor, historicamente, a maioria das novas mídias suplantou as anteriores como órgãos centrais de autoridade e lazer, porém não as eliminaram. No caso da TV, a internet vem atuando como um suporte e um amplificador dessa plataforma. Henry Jenkins (2008) sugere que nenhuma tecnologia substituiu a outra na área da comunicação. Desde a invenção do som gravado, foi contínua a busca pelo aprimoramento dos meios de gravação e reprodução. Palavras impressas não eliminaram as palavras faladas, assim como o cinema não eliminou o teatro e a televisão não eliminou o rádio. Em todos os casos, o que ocorre é uma adaptação das mídias às novas necessidades de seus públicos. “Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, o emergente paradigma da convergência presume que as novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas” (JENKINS, 2008, p. 33).

4.2 A cultura da convergência

“Bem-vindo à cultura da convergência onde as velhas e as novas mídias colidem, onde mídia coorporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis”. Estas são palavras do autor Henry Jenkins (2008, p. 29), especialista em cultura da convergência e autor do livro de mesmo nome. Ele é o porta-voz nesse tema de transformações no ramo tecnológico com grandes impactos no âmbito social, cultural e econômico.

Novas mídias e novos formatos apontam para uma mudança comportamental, que acontece dentro do cérebro de consumidores. Para Jenkins (2008), os meios de comunicação funcionam como mediadores de informações internalizadas pelos indivíduos e compartilhadas na vida social. Vivemos a convergência em nossa cultura, que muda à forma como a sociedade observa, identifica o mundo e interage no universo midiático:

“Convergência: palavra que define mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais de modo como às mídias circulam em nossa cultura. Algumas das ideias comuns

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expressas por este termo incluem o fluxo de conteúdo através de vários suportes midiáticos, a cooperação entre as múltiplas indústrias midiáticas, a busca de novas estruturas de financiamento de mídias, e o comportamento migratório da audiência, que vai a quase qualquer lugar em busca de experiências de entretenimento que deseja. [...] Convergência aqui é entendida como um processo contínuo ente diferentes sistemas midiáticos, não uma relação fixa”. (JENKINS, 2008, p.332-333)

Jenkins reforça que estamos em rota de colisão, dentro de um fenômeno social que não é apenas uma mudança tecnológica, mas uma transformação a partir das nossas interações e da nossa relação com a mídia.

“A convergência não envolve apenas materiais, serviços e produtos comercialmente, circulando por circuitos regulados e previsíveis. Ela também ocorre quando as pessoas assumem os controles das mídias. Entretenimento não é a única coisa que flui pelas múltiplas plataformas de mídia. Nossa vida, nossos relacionamentos, memórias, fantasias e desejos também fluem pelos canais de mídia”. (JENKINS, 2009, p.45)

Para Salaverría (2003), os meios de comunicação sofrem principalmente influência da convergência midiática, subdividida em quatro vertentes: tecnológica, empresarial, profissional e de conteúdo. O carro-chefe é a convergência tecnológica seguida da empresarial, ambas contaram com um avanço similar no decorrer das décadas. A primeira se refere à lógica produtiva inovadora e a segunda nos remete ao uso das empresas de comunicação, dos diversos canais de informação para expandir seus produtos; a profissional é a capacidade, do jornalista “multiuso” de agregar tarefas para diversas plataformas e a convergência de conteúdo, em fase de crescimento, se refere ao uso de linguagens híbridas que percorrem as narrativas de diferentes suportes. "Com a digitalização do conteúdo, a convergência tecnológica chega lentamente e ganha espaço ao dialogar com outros instrumentos digitais. Ela permite a união dos conteúdos audiovisuais, a transformação do desempenho das narrativas e realização de trocas de informações em tempo real, rompendo barreiras entre mídias, conteúdo e suporte em si" (BECKER, 2009, p.56).

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4.3 A interatividade na era da convergência

A interatividade nos meios de comunicação começou ainda no rádio, com os programas de auditório, gênero que faz sucesso até hoje na televisão. Isso porque a participação da plateia também é uma forma de interagir. O primeiro programa de televisão que experimentou a interatividade com o público de casa foi o Você Decide, da TV Globo, que permitia aos telespectadores votarem em qual final desejam ver para a história exibida no dia.

Figura 9: A interatividade no Você Decide

“Programas como o Você Decide, da Rede Globo, apresentaram aos espectadores, a partir do início dos anos 90, uma possibilidade de reação ao programa assistido. Outros programas conduzem pesquisas de opinião instantâneas no decorrer da transmissão ao vivo. A partir de uma matéria exibida, por exemplo, questiona-se o espectador sobre a reportagem que ele acabou de ver. Mas quão interativas são essas iniciativas? O espectador deve ligar para um número telefônico divulgado e votar em uma das alternativas oferecidas (normalmente 2 ou 3 opções). Não há como defender outras vias, nem apresentar uma argumentação. Sendo assim, o espectador só pode “reagir” à pergunta do programa (desde que dentro das regras impostas)”. (PRIMO, 2011, p.25-26).

Mas, foi a convergência de mídias que trouxe o tema da interação e interatividade à tona na TV brasileira. Hoje, praticamente todas as emissoras do país já estenderam seus conteúdos para além da telinha e modificaram as formas de se

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comunicarem com o consumidor, efeito gerado pelo surgimento da Web 2.0. O termo Web 2.0 designa uma segunda geração de comunidades e serviços baseados na plataforma web, como wikis e redes sociais.

“A principal característica da web 2.0 é o que se chama “inteligência coletiva”, que se define pela utilização de uma linguagem de programação simples, modular e aberta ao usuário, de modo que ele possa utilizar o programa, modifica-lo conforme sua necessidade, retirando ou incorporando elementos. Essa intervenção individual dá- se em rede, gerando resultados maiores do que a soma de todas as partes e permitindo a solução de problemas complexos”. (CANNITO, 2010, p.157).

A convergência midiática possibilitou novos rumos na linguagem audiovisual, sobretudo na televisão. O telespectador, antes um passivo receptor da mensagem, agora possui diversas formas de interação. Ele vê a televisão e, ao mesmo tempo, comenta o que assiste nas redes sociais. A televisão, por sua vez, coloca o comentário do telespectador na tela. É o que ocorre em programas como The Voice Brasil, Superstar, Encontro com Fátima Bernardes, e o MasterChef Brasil. Este último, em forma de “gratidão” pela audiência advinda pela internet, divulgou o nome da campeã do programa primeiro no Twitter, para depois ser revelado na televisão. Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015, 19% dos telespectadores assistem a TV e utilizam o celular, ao mesmo tempo.

Figura 10: Tweet que revelou a campeã do MasterChef Brasil antes de ser anunciado na TV

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A ideia de interferência direta no conteúdo de uma programação causa ao telespectador a impressão de que está no comando de um jogo. “Mesmo tendo o poder de criação e a livre expressão barrados o sucesso desse tipo de programa mostra o desejo que a sociedade tem de interagir com os meios de comunicação massivos” afirma Cannito (2010, p.144). A televisão digital chegou ao Brasil com a promessa da interatividade através do próprio televisor. Foi, inclusive, criado por universidades brasileiras um software de interatividade para as TVs conectadas, o Ginga, um programa que serve de base para a criação desses aplicativos interativos. A ideia não prosperou. Segundo o especialista de mídia e tecnologia Francisco Rolfsen Belda, “quando o Ginga foi lançado, acreditava-se que haveria um mercado para criação de aplicativos para as emissoras. Mas isso não aconteceu. Apenas canais educativos ou governamentais investiram nessa produção, todos sem fins lucrativos” (CHAVES, 2015).

Figura 11: Ginga, portal da interatividade da TV digital brasileira

Se diante da era da cultura da convergência, o sujeito consegue interagir com várias telas ao mesmo tempo e participa de uma experiência coletiva, novas finalidades podem ser encontradas como atribuições à importância da TV. Entre alguns desses aspectos, estão o propósito de modificar ou garantir novos indicadores de métricas da audiência, aumentar o nível de participação do público, as narrativas, a experiência e a recepção do espectador, conforme aponta Jenkins:

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"(...) as redes de televisão querem agarrar-se à audiência com hora marcada por meio da construção de novas formas de programação, que exigem e recompensam a atenção imediata, e querem construir a fidelidade por meio da intensificação do apelo afetivo dos programas." (JENKINS, 2009, p. 113).

4.4 Video On-Demand

Newton Cannito aborda no livro “A Televisão na Era Digital: Interatividade, Convergência e Novos Modelos de Negócio” a importância do tema e o que já é perceptível aos nossos olhos em relação a essa reconfiguração social convergente:

"Telefonia móvel e fixa, PC, internet, broadcast, TV digital e interativa formarão uma plataforma de comunicação única e integrada. (...) A convergência remodela tudo: da linguagem à organização das empresas, que estão revendo seu plano de negócios e reorganizando seu modelo de produção. Uma tendência crescente neste mundo é o desenvolvimento de produtos e serviços cruzados entre empresas de diferentes setores da indústria da comunicação e entretenimento. (...) Não há mais sentido em separar as mídias, tudo é conteúdo digital e pode ser convertido em suportes diferentes; as empresas não se definem mais como produtoras de uma mídia (revista, internet, televisão etc.) e sim como produtoras de conteúdo." (CANNITO, 2010, p. 84)

É também cada vez mais frequente pessoas que, não tendo assistido a episódios de novelas, matérias em telejornais exibidos ou qualquer outro conteúdo na tela da TV, recorram à internet por meio do computador ou dispositivos móveis para tal. Assim, de acordo com Miller (2009), os vídeos na internet, principalmente na plataforma YouTube, são um grande aliado para a tevê tradicional. Em vez de substituir os programas de TV e direcionar a atenção dos internautas para outros conteúdos, estes fragmentos de vídeos os promovem, uma vez que o público tem acesso ao que não pôde assistir na televisão. Miller (2009) ressalta que 15 entre os 20 termos de busca mais registrados no YouTube dizem respeito a programas de tevê norte-americanos. As emissoras brasileiras de TV aberta e fechada também se renderam a chamada “segunda tela”. Elas disponibilizam seus programas, na íntegra, pouco depois de exibidos, para o telespectador poder assistir. O serviço Globosat Play

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oferece aos assinantes dos canais Globosat a possibilidade de assistir, quando quiser, os programas exibidos pelo canal, inclusive ao vivo.

Figura 12: Globosat Play

Segundo Carlos D’Andréia (2011), "apesar das quedas de audiência e das previsões pessimistas de alguns pesquisadores, as emissoras de TV - em especial aquelas que transmitem no modelo de radiodifusão, com sinal aberto - continuam ocupando um lugar central no ecossistema midiático, em especial no Brasil." Esta força, que não é isenta de crises e adaptações, está associada, entre outros fatores, à forte influência da TV no agendamento midiático contemporâneo.

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5 ESPORTE INTERATIVO: A TV DA ERA DA COINVERGÊNCIA

5.1 A Top Sports

Com a proposta de ser o elo entre os investidores e os clubes brasileiros (CHIMENTI et al, 2009), o Esporte Interativo nasceu, em 1999, como uma empresa de marketing esportivo, a Top Sports. A atuação da Top Sports foi iniciada por meio da captação de recursos para o Esporte Clube Vitoria em um momento de profissionalização do esporte no Brasil. Com a experiência adquirida, a equipe da Top Sports teve a ideia de criar um torneio de clubes do nordeste, ao longo do primeiro semestre do ano, período no qual os clubes não conseguiam capturar receita. Sendo assim cria-se o Campeonato do Nordeste, um sucesso tanto para o público como para os patrocinadores, e que deu origem a outros torneios como Rio- São Paulo e Sul-Minas. As equipes que participavam dos torneios também obtinham grande lucro. “O Vitória já havia sido um mega case de sucesso. A experiência deu tão certo que o investidor que entrou quis continuar tocando a área comercial do clube. Fundada a empresa que hoje se transformou em uma emissora de Tv que promete ser a número um de entretenimento esportivo no Brasil.” (TEIXEIRA, 2008, p. 11)

As Ligas, porém, não duraram muito tempo, por problemas que surgiram com as federações estaduais. Em 2003, a Rede Globo contratou a empresa Top Sports para formatar, operar, formalizar e negociar o Campeonato Brasileiro daquele ano. A empresa vendia propagandas em placas de campo, ações de intervalo, marca do campeonato para colocar em produtos em mercados, área vip, entre outros. Os executivos da Top Sports “perceberam que trabalhar para a Globo não era a melhor solução, pois a Globo definia suas agendas” (TEIXEIRA, 2008). A partir daí, resolveram levantar dinheiro e juntar investidores no mercado para comprar direitos de transmissões e espaços em grades de televisão.

“Pensaram em fazer cabeças e narrações de jogos e depois apresentar para o mercado publicitário. O retorno dos jogos viria desse mercado. A idéia nada mais era do que oferecer visibilidade para patrocinadores através de clubes de futebol. Criou-se então o Esporte Interativo.” (TEIXEIRA, 2008, p. 11 e 12)

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5.2 O canal Esporte Interativo

A emissora surgiu em um momento privilegiado na história da televisão brasileira. Criada já no século XXI, período da revolução digital, a intenção do Esporte Interativo era de ser uma programação independente dentro da grade de outras emissoras do país. Em 2004, por exemplo, houve a primeira transmissão da até então produtora do grupo Top Sports, como afirma Teixeira (2008, p.6). As transmissões eram de jogos do Campeonato Inglês e Liga dos Campeões da Europa e foram realizadas dentro da programação da Rede TV. Mas o sucesso do novo tipo de programação esportiva foi tanto que logo no primeiro ano, a tradicional TV Bandeirantes também se interessou em reproduzir os conteúdos do Esporte Interativo, surgindo então, a partir daí, uma nova proposta de transmissão esportiva na televisão aberta.

Figura 13: Logotipo do canal Esporte Interativo

Já durante esses primeiros passos, alternando entre RedeTV e Bandeirantes, as transmissões produzidas pela TV Esporte Interativo chamavam a atenção devido ao poder de participação do público. Na época, as interações entre a audiência e os produtores das transmissões eram estimuladas por meio de SMS. Esse tipo de interação passou a conquistar cada vez mais novos telespectadores e, por consequência, anunciantes que buscavam por mídias capazes de demonstrar o sucesso de sua campanha, “diferencial que apenas a interatividade do Esporte Interativo oferecia nos ramos da TV” (CHIMENTI et al, 2009, p.1).

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“A entrada no mercado televisivo do Brasil exigia dos novos produtores de transmissão algo que fosse acrescentado ao estilo clássico já conhecido no país, afinal não deveria fazer sentido para o telespectador deixar de acompanhar uma transmissão já habitual na tevê para outra recém-chegada sem que fosse oferecida nenhuma novidade. As apostas em campeonatos europeus e na interação podem ser vista como um marco para o crescimento do grupo até a chegada da emissora. Os desafios desse rápido crescimento, no entanto, logo apareceram. O sucesso dos campeonatos europeus através das transmissões da Esporte Interativo reativaram esse produto aqui no Brasil. Anteriormente já exibido por TV Cultura, Record e Bandeirantes, o futebol do “velho continente” voltou a ser febre no “país do futebol”. Essa grande audiência resultou no aumento da concorrência para ter os direitos de transmissão e, como a Esporte Interativo ainda engatinhava na televisão brasileira e, inclusive, dependia das emissoras tradicionais, saiu com um passo atrás nessa disputa”. (OLIVEIRA, 2013, p.46)

Como o mercado televisivo brasileiro estava em expansão surgiu a oportunidade, através das antenas parabólicas, da criação do primeiro canal de esportes na tevê aberta. Isto é, com o complexo sistema de concessões para sinais de televisão em VHF e UHF no país, a Esporte Interativo encontrou nas antenas parabólicas uma forma de levar programação exclusivamente esportiva para todo o Brasil. Segundo pesquisa do Datafolha, publicada em 2005, esse tipo de recepção de tevê aberta já era presente em 14 milhões de lares espalhados pelo país daquele ano. Com isso, no ano de 2007, a nova emissora entrava no ar na televisão brasileira, dando aos usuários de antenas parabólicas mais uma opção de entretenimento e jornalismo esportivo ao mesmo tempo.

“Além da necessidade de chegar ao mercado televisivo já mostrando o seu diferencial, outro fator que pode ter servido de estímulo para a Esporte Interativo incentivar ainda mais a interação do público com a programação da emissora é o fato de ter iniciado com presença apenas em satélites Banda C, isto é, em antenas parabólicas. Como não tinha nenhum medidor de audiência nesse tipo de antena, uma das soluções foi chamar o público para dentro de sua transmissão, despertando assim o interesse de patrocinadores”. (OLIVEIRA, 2013, p.46)

Desta forma, a primeira emissora de televisão aberta no país com conteúdo exclusivamente esportivo conseguiu aos poucos atrair tanto os telespectadores quanto os anunciantes. Para o torcedor surgiu uma oportunidade, até então,

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desconhecida que era a possibilidade de poder participar do conteúdo de uma programação; já para o patrocinador foi criada uma nova medição de audiência, mais voltada para a participação do público em geral, onde a partir disso poderiam ser obtidos dados sobre o tipo de espectador, realizando assim um marketing direcionado ao tipo de público do novo canal. Com os resultados da interatividade era possível mostrar aos potenciais anunciantes que havia pessoas dando atenção a programação, o que poderia significar que a propaganda poderia ser realmente vista por aquelas pessoas. Com o sinal aberto para milhões de brasileiros, o Esporte Interativo buscou preencher uma lacuna ainda aberta na televisão brasileira e aos poucos conseguiu conquistar um público aficionado por esportes que não tinha acesso a canais como ESPN ou SporTV. No entanto, o inicio não foi tão fácil para a emissora porque no a maioria dos direitos de transmissão dos principais eventos esportivos já pertenciam às outras emissoras de televisão aberta.

5.3 A convergência no Esporte Interativo

No Esporte Interativo é observado, desde o seu início, uma narrativa voltada para a interação. Na época o meio mais utilizado para esse fim eram as mensagens de texto por celular. Com a expansão da emissora, que chegou a todo o Brasil, e tendo como aliado o crescimento da Internet, foi possível, ainda com mais constância, a participação dos telespectadores. Algo, até então, inimaginável sem a convergência digital. Mas não é só isso que determina um padrão à emissora, pois outros fatores podem ter ajudado a fidelizar um novo tipo de espectador de programações esportivas na nova emissora. Os recursos de linguagem, por exemplo, são adotados pelo Esporte Interativo desde a sua criação, ou seja, é possível observar uma aproximação com o torcedor também através da linguagem mais livre e usual na narrativa esportiva. Chimenti et. al (2009, p.7) afirma que “a visão da empresa não se restringe apenas a ser um canal de TV aberta, a empresa se define como um grupo de mídia- plataforma e tem o objetivo de ser a maior conexão entre aficionados por esporte no Brasil.” Isso quer dizer que, com a evolução tecnológica, a Esporte Interativo amplia

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as possibilidades de levar um conteúdo esportivo de maneira diferente aos espectadores. Hoje, é possível assistir as transmissões esportivas da emissora através de tablets, smartphones e computadores, se tornando assim uma inovação para essa comunidade de aficionados por esporte que ganham em aproximação com o conteúdo e com a possibilidade da mobilidade, tendo acesso à programação no momento que quiser. “O que diferencia esses usuários dos telespectadores comuns é o tipo de programação à qual desejam assistir. Eles esperam ter, por meio de guias simples que permitam trocar rapidamente de canal, vídeos e podcasts sob demanda, interatividade, personalização e a possibilidade de pausar, recomeçar, pular para a frente ou para trás durante os programas (como fazem com seus tocadores de mp3)”. (CANNITO, 2010, p.107).

Para Cannito (2010), esse novo modo de assistir televisão, baseado na mobilidade e portabilidade, cria também novos tipos de espectadores que têm, a partir disso, acesso facilitado À programação televisiva e a recursos interativos. Portanto, a TV Esporte Interativo passou também a construir um elo de ligação entre a emissora e esse novo público, isto é, a televisão busca métodos para se beneficiar com essa nova realidade de recepção, E utiliza estratégias de aproximação como interatividade, humor, promoções, entre outros, para alcançar uma maior audiência. Hoje presente, também, em algumas capitais em canais UHF e VHF através das concessões de emissoras afiliadas, a Esporte Interativo expandiu o seu alcance e tem o desafio de manter seu estilo característico e conseguir novos integrantes para a sua comunidade de aficionados por esporte. Apesar de ser o único canal especializado em esportes da tevê aberta, a emissora também está presente na grade de canais da maioria das TV’s por assinatura do país, enfrentando assim uma grande concorrência de emissoras já tradicionais nessa área como ESPN, , Bandsports ou Sportv. Porém, a empresa luta para entrar nas duas principais operadoras de TV fechada do Brasil: a Net e a Sky.

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Figura 14: O aplicativo EI Plus possibilita assistir ao EI ao vivo

5.4 A compra pelo grupo Turner e a briga com as operadoras

A Turner Broadcasting System , Inc. anunciou a aquisição do empresa brasileira de programação dedicada à produção de conteúdo esportivo multiplataforma, o Esporte Interativo. Em junho de 2013, a Turner adquiriu uma parcela do EI e assumiu 100% da propriedade do canal.

“A Turner América Latina está entre os maiores grupos multimídias da região, com 18 canais próprios de TV paga, um canal aberto (Chilevisión), um canal de notícias em joint-venture (CNN Chile), diversos sites e um canal terceirizado em nosso portfólio, incluindo o gerenciamento panregional do canal e as vendas publicitárias da Warner Channel. A Turner América Latina distribui e vende seus canais em mais de 40 países. Esses canais estão codivididos em cinco grupos: Crianças & Adolescentes (, Boomerang e Tooncast), Filmes & Séries (TNT, Space, TCM, I.Sat e Warner Channel), Notícias (CNN International, CNN en Español, CNN Chile e HLN), Tendências (TBS muitodivertido, HTV, MuchMusic, Glitz*, Infinito e truTV) e Esportes (Esporte Interativo e Esporte Interativo Nordeste).” (ESPORTE INTERATIVO, 2014)

A compra do canal possibilitou a aquisição de importantes direitos esportivos, como a Liga dos Campeões da Uefa. Tradicional emissora da Liga dos Campeões, a ESPN perdeu os direitos de transmissão do principal torneio de clubes da Europa e

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não poderá exibir a competição nas próximas três temporadas. O Esporte Interativo adquiriu os direitos da Liga dos Campeões para a TV fechada e terá exclusividade na exibição do torneio europeu nas temporadas 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018.

“A emissora venceu a concorrência aberta pela Uefa, batendo a ESPN, que entrou na disputa em parceria com o Sportv, canal da Globosat. A Fox Sports, outra emissora esportiva da TV por assinatura, nem participou da briga pela Liga dos Campeões. Com a compra, o Esporte Interativo será o único canal brasileiro a transmitir todas as partidas da competição.” (ITRI, 2014)

Mesmo com os direitos de transmissão de um dos campeonatos de futebol mais importantes do mundo, o Esporte Interativo ainda não está na grade de canais das principais operadoras de TV por assinatura do Brasil, Net e Sky. Para Alberto Pecegueiro, diretor-geral dos canais Globosat, a convergência praticada pelo EI pode ser um motivo para isso. “O ecossistema de TV paga contrata canais para fornecer conteúdos exclusivos a seus assinantes. Nenhuma programadora de TV paga disponibiliza esses conteúdos via internet para os assinantes, com exceção do Esporte Interativo” (SETO, 2015). Edgar Diniz, presidente do Esporte Interativo, indaga Pecegueiro: “Como o executivo tinha acesso a tantas informações, sendo que não participa diretamente das negociações? Como ele sabe qual é o problema do Esporte Interativo, se anteriormente e várias vezes, o próprio já havia dito que não tinha qualquer envolvimento nestas negociações e que não sabia dos detalhes? Ficou muito contraditório as atuais falas com as antigas dadas pelo mesmo e pela Globosat” (VAIQUER, 2015). O Esporte Interativo possui três canais: a TV Esporte Interativo, aberta, e os canais fechados EI Maxx e EI Maxx 2. A emissora possui os direitos exclusivos para exibição da Liga dos Campeões apenas na TV fechada. A Rede Globo é detentora os direitos exclusivos para a TV aberta, e os repassou também para a Band.

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Figura 15: EI faz campanha para o público pedir o canalnas grandes operadora

Uma das medidas tomadas pela emissora recentemente é a exibição dos jogos da Uefa pelo canais TNT e Space, também do grupo Turner.

“O fato comprova que, mesmo com o principal torneio de clubes do mundo, NET, Sky e Claro TV mostram-se irredutíveis nas negociações para carregar os canais Esporte Interativo, mesmo com uma certa pressão. O EI e a Turner entendem que, colocando a Champions em seus canais de maior audiência, podem fazer com que a cobertura - elogiada por quem está acompanhando - ganhe mais visibilidade e, assim, a pressão possa aumentar” (FALCHETI, 2015).

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6 CONCLUSÃO

Essa monografia teve como objetivo apresentar, no âmbito da convergência digital, um estudo sobre o canal Esporte Interativo. Ficou claro que a convergência alia os antigos meios de comunicação e as novas tecnologias. Uma não acaba com a outra. A televisão vai continuar a existir mesmo com a internet cada vez mais popularizada e massificada na sociedade. Da mesma forma que a televisão resistirá à internet, o rádio, o cinema e o impresso resistiram à televisão. A convergência une, na rede, todos os elementos dos antigos meios. E não exclui nenhum. O canal Esporte Interativo é uma demonstração prática e clara do poder da convergência digital no século XXI. Sem ela, talvez o projeto da TV que tem interação com o público não daria certo. O diferencial da emissora se dava nas transmissões esportivas onde o público podia fazer comentários durante as partidas de futebol, basquete, handebol, MMA e outros esportes. Era uma forma de o telespectador intervir no programa e também se sentir dentro do espetáculo. Nota-se também um outro diferencial do canal convergente: ele foi o primeiro a transmitir via web e celular diferencial esse que utiliza até hoje com o serviço Esporte Interativo Plus. O torcedor não perde o programa favorito, através do video on-demand no computador, celular ou tablet e ainda pode assistir aos canais Esporte Interativo ao vivo. O sucesso do canal se replicou e deu origem a semelhantes aplicativos em outras emissoras, que se renderam ao sucesso que a segunda tela faz atualmente. Inclusive, a Rede Globo, maior emissora do país, resistiu ao serviço “play” por muitos anos, mas começa, em novembro de 2015, a disponibilizar seus programas, na íntegra e ao vivo, em PCs, tablets, celulares e TVs conectadas. Através deste estudo pude perceber que ainda estão por vir, com toda certeza, novas tecnologias, novos formatos de gravação e transmissão e novas formas de interação do telespectador com todos os meios de comunicação.

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