Revista de Imprensa

1. Andebol - Sérgio Morgado para reforçar baliza do dragão, Bola (A), 30/11/2017 1

2. Andebol -Leão foge na segunda parte, Bola (A), 30/11/2017 2

3. Belmiro de Azevedo jogou andebol no FC , Correio da Manhã Online, 30/11/2017 3

4. Andebol - Derrota caseira do Académico, Diário de Viseu, 30/11/2017 4

5. Andebol - Sporting vence e continua na frente, Diário do Minho, 30/11/2017 5

6. Parlamento aprova voto de pesar a Belmiro. PCP votou contra, ECO - Economia Online, 30/11/2017 6

7. Andebol - Leão foi mortífero, Jogo (O), 30/11/2017 8

8. Desporto homenageia Belmiro, Jogo (O), 30/11/2017 9

9. Andebol: Resultados, classificação e próxima jornada, Jogo Online (O), 30/11/2017 10

10. Andebol - Leões vitoriosos estão isolados, Jornal de Notícias, 30/11/2017 11

11. Belmiro, o desafiador, Público, 30/11/2017 12

12. Andebol - Sempre a rodar até dar para ganhar, Record, 30/11/2017 31

13. Madeira SAD admite jogo difícil com o ABC mas quer trazer de Braga um bom resultado, RTP Online, 32 30/11/2017

14. Andebol: Sporting vence Avanca e alcança Benfica no primeiro lugar, Sapo Online - Sapo Desporto 33 Online, 30/11/2017

15. Belmiro de Azevedo jogou andebol no FC Porto, Sábado Online, 30/11/2017 34 Meio: Imprensa Pág: 40

País: Cores: Preto e Branco A1 Period.: Diária Área: 7,54 x 27,13 cm²

ID: 72464243 30-11-2017 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 1

ANDEBOL Sérgio Morgado para reforçar baliza do dragão --) Guarda-redes é desejado para substituir temporariamente Al- fredo Quintana

Sérgio Morgado tem 43 anos

O guarda-redes Sérgio Morgado está perto de reforçar o FC Porto, que procura uma alternativa, além de Hugo Laurentino, depois de Alfredo Quintana ter sido operado devido a lesão, ficando afastado entre dois a três meses. É a opção quase perfeita: joga no Boavista, tem um currículo de luxo e a experiência de muitos anos ao mais alto nível continua patente na atual época dos axadrezados, líderes da zona Norte da II Divisão Nacional, no qual Morgado tem sido decisivo. Face aos próximos compromissos dos dragões no Andebol 1, que incluem a visita ao ABC, a 6 de dezembro, e a receção à Madeira, SAD e Benfica, a 9 e 13 do mesmo mês, para além de defrontar o Sporting a 20 de janeiro, o FC Porto necessitava duma alternativa urgente a Laurentino. Com o mercado europeu limitado, os azuis e brancos encontram uma solução que conhece os cantos à casa, porque Morgado, 43 anos, defendeu durante seis épocas a baliza azul e branca, entre 1995/96 e 2000/01. HUGO COSTA Página 1 Meio: Imprensa Pág: 33

País: Portugal Cores: Cor A2 Period.: Diária Área: 5,74 x 30,20 cm²

ID: 72464005 30-11-2017 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 1

Leão foge na segunda parte

Velocidade nas transi— ções e melhoria defensiva dão liderança isolada

ANDEBOL — ANDEBOL 1 — 12.' JOR. Pavilhão João Rocha, em Lisboa SPORTING • AVANCA

17 INTERVALO 15 Aljosa Cudic (GR) Luís Silva (GR) M. Gaspar (GR) Magnol Suárez (GR) Pedro Valdés (3) Nuno Carvalho (4) Pedro Portela (5) Babo (3) Michal Kopco (4) Ciprian Popovici B. Bjelanovic (1) Ricardo Mourão (1) Carlos Ruesga (4) Rafael Andrade (3) Frankis Carol (6) Reinier Taboada (7) Pedro Solha(3) Diogo Oliveira (4) Tiago Rocha (1) Lourenço Santos Carlos Carneiro (1) Diogo Silva (2) E Tavares (2) J. Monteiro (1) Edmilson Araújo (2) Daniel Vieira Ivan Nikcevic (1) João Carvalho Janko Bozovic (3) Ruben Ribeiro (3) Felipe Borges (3) Paulo Moreira

HUGO CANELA CARLOS MARTINGO

ÁRBITROS Eurico Nicolau e Ivan Caçador (Leiria)

O Sporting somou a 8.a vitória seguida no Andebol 1, isolou-se na liderança (com mais um jogo realizado) e mostrou que, quando acelera e melhora os processos defensivos, torna-se equipa demolidora. O Avanca acabou por pagar a fatura, depois de uma primeira parte bem conseguida pelos visitantes. No recomeço, o campeão nacional impôs a sua qualidade, com melhorias defensivas e um parcial de 3-0 obrigou Carlos Martingo a parar o jogo. A velocidade nos contra- -ataques e movimentação da bola no jogo ofensivo dos leões deram soluções para marcar e aumentar a diferença até aos 39-28. H. C.

CLASSIFICAÇÃO —> Andebol 1 --:1,12.a jornada

Sporting-Avanca 39-28 FC Porto-AC Fafe 34-22 Benfica-ABC 29-29 Boa Hora-Águas Santas 28-32 Madeira SAD-Xico Andebol 33-24 S. Bernardo-Belenenses 23-24 ISMAI-Arsenal Devsa 26-23 111ED G P 1 SPORTING 13 11 1 1 442-317 36 2 Benfica 12 10 1 1 354-277 33 3 FC Porto 12 9 1 2 367-278 31 4 ABC 12 8 3 1 359-290 31 Belenenses 13 8 O 5 352-361 29 6 Avanca 12 7 1 4 336-335 21. 7 Madeira SAD 12 7 O 5 356-327 26 8 4g, Santas 12 5 O 7 309-318 22 _9 ISMAI 12 4 1 7 302-330 21 10 Arsenal 12 3 1 8 293-362 19 11 Boa Hora 12 3 1 8 324-354 19 12 Xico Andebol 12 2 2 8 305-385 18 13 AC Fafe 12 1 1 10 298-366 15 14 S. Bernardo 12 O 1 11 271-368 13 Próxima jornada dez.)— ABC-Madeira SAD, Xico Andebol-FC Porto, AC Fafe-São Bernardo, Avanca-Boa Hora, Águas Santas-ISMAI, Arsenal Devesa-Benfica. Belenenses-Sporting, 24-32. Página 2 A3 Belmiro de Azevedo jogou andebol no FC Porto

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30/11/2017

Meio: Correio da Manhã Online Autores: Miguel Alexandre Ganhão

URL: http://www.pt.cision.com/s/?l=c305fd32

01:30

Belmiro de Azevedo não vivia só para o trabalho. Era um homem de interesses variados e convicções fortes, mas gostava de conviver com o seu núcleo de amigos. O 'Grupo da Alheira', que reunia Ramalho Eanes, Leopoldo Furtado Martins, António Moutinho Cardoso e outros industriais do Norte, reuniam-se várias vezes na quinta de Belmiro, no Marco de Canavezes.

Não estamos a falar de alheiras vulgares. Mas de enchidos feitos pela sua mulher Margarida, licenciada em Farmácia e com dotes de culinária.

Deve-se também a Margarida o facto de Belmiro continuar sócio do FC Porto. Clube onde praticou andebol nos anos 50 e 60. Era a mulher que lhe pagava as quotas. O empresário ficou sempre ligado ao andebol azul-e-branco, criando um projeto pioneiro, enquanto chairman da Sonae, que visava a autonomia da secção de andebol, entre 1993 e 1995. Com a concretização deste protocolo, o FC Porto conquista a Taça de Portugal e a Supertaça, ao comando de Jorge Rodrigues.

Menos feliz, segundo os amigos, eram as incursões de Belmiro pelas experiências vinícolas. Apesar de alguns prémios, os seus vinhos verdes não conquistavam o paladar dos comensais, que sempre que podiam tentavam convencer o 'patrão' da Sonae a abrir um Tapada de Chaves. Ao que Belmiro retorquia que "pelo preço era só para ficar na adega".

Os amigos elogiam a coragem e a determinação de Belmiro em relação ao projeto Sonae; "o comboio vai partir. Quem não tem dinheiro para entrar, fica fora da corrida", dizia quando os acionistas duvidavam dos aumentos de capital decididos pela administração.

Do chumbo na primária à Gestão em Harvard A carreira escolar de Belmiro de Azevedo começa atribulada. Na primária chumba um ano, o que leva o professor Carlos da Silva Andrade a redobrar a exigência com o aluno. Aprende a lição e no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, passa com distinção.

Entre 1956 e 1964 conclui a licenciatura em Engenharia Química no Porto com uma média de 16 valores. Fica como assistente, mas em 1973 vai para Harvard fazer um curso de Gestão. Nos anos 80 faz Finanças na Universidade de Stanford.

Conhece Margarida em Leça da Palmeira Conhece Margarida em 1956, na praia de Leça da Palmeira. Ela tem 15 anos e ele 19. Casam-se em 1963, mas ele nunca a pediu em namoro.

Por Miguel Alexandre Ganhão

Página 3 Meio: Imprensa Pág: 14

País: Portugal Cores: Cor A4 Period.: Diária Área: 4,15 x 12,50 cm²

ID: 72465865 30-11-2017 Âmbito: Regional Corte: 1 de 1

Derrota caseira do Académico

Andebol

Regional Seniores Masc.

O Académico de Viseu perdeu em casa (21-31) frente ao Ala- varium AC na 8.ª jornada do campeonato, mantendo a 6.ª posição da tabela. | 8.ª JORNADA Académico-Alavarium AC 21-31 Ílhavo AC-Sanjoanense B 39-23 ADEF C. Sal-Beira-Mar 21-29 ACD Monte-EA M.ªBeira 32-24 Feirense-EA F. Pinhel 54-14

J V E D GM-GS P Beira-Mar 8 6 1 1 282-20321 Ílhavo AC 8 6 1 1 261-19021 Alavarium AC 8 6 0 2 277-18520 CD Feirense 7 6 1 0 228-16620 ACD Monte 8 4 2 2 237-22318 Académico 8 3 1 4 214-20615 Sanjoanense A 8 3 0 5 204-23014 ADEF C Sal 7 1 0 6 158-195 9 EA M.ª Beira 7 0 0 7 158-214 7 EA F. Pinhel 8 0 0 8 288-207 8 Próxima jornada EA F. Pinhel-ACD Monte, Sanjoa- nense B-Académico, Alavarium AC-CD Feirense, EA Moim.ª Beira- ADEF C. Sal e Beira-Mar-Ílhavo AC.

Página 4 Meio: Imprensa Pág: 16

País: Portugal Cores: Cor A5 Period.: Diária Área: 7,33 x 6,26 cm²

ID: 72465472 30-11-2017 Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Andebol Sporting vence e continua na frente

O Sporting venceu, ontem, o Avanca por 39-28, em encontro que encerrou a 12.ª jornada do campeonato nacional de andebol da primeira divisão, e manteve o comando da prova, em igualdade pontual com o Benfica (33 pontos) mas com mais um jogo disputado. No próximo sábado, o ABC recebe o Madeira SAD (17h00) e o Arsenal faz o mesmo ao Benfica (21h00), com os dois jogos no Sá Leite.

Página 5 A6

Parlamento aprova voto de pesar a Belmiro. PCP votou contra

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30/11/2017

Meio: ECO - Economia Online Autores: Tiago Varzim

URL: https://eco.pt/2017/11/29/belmiro-de-azevedo-tinha-horror-a-incompetencia/

2017-11-29T16:13:39Z

Belmiro Mendes de Azevedo, empresário que liderou o grupo Sonae e um dos homens mais ricos do país, morreu esta quarta-feira, aos 79 anos. Belmiro Mendes de Azevedo, empresário que liderou o grupo Sonae e um dos homens mais ricos do país, morreu esta quarta-feira aos 79 anos. Entrou para a Sonae no final da década de 1960, assumindo o controlo da empresa em 1974. Nasceu a 17 de fevereiro de 1938, em Tuías, Marco de Canaveses. Faleceu no Hospital da CUF, no Porto, onde estava internado desde segunda-feira. Acompanhe o direto com as reações à sua morte. Momentos-Chave 29 Novembro, 2017 - 19:16 29 Novembro, 2017 - 18:19 29 Novembro, 2017 - 18:05 29 Novembro, 2017 - 17:59 29 Novembro, 2017 - 17:50 29 Novembro, 2017 - 17:19 29 Novembro, 2017 - 17:05 29 Novembro, 2017 - 16:53 29 Novembro, 2017 - 16:45 29 Novembro, 2017 - 16:39 29 Novembro, 2017 - 19:16 key Daniel Bessa: "Perdemos o maior empresário pós-25 de Abril" 29 Novembro, 2017 - 18:19 key Soares dos Santos: "Não considerava Belmiro de Azevedo um concorrente" 29 Novembro, 2017 - 18:05 key Voto de pesar por Belmiro de Azevedo aprovado no Parlamento 29 Novembro, 2017 - 17:59 key Marcelo diz que Belmiro teve "papel determinante" 29 Novembro, 2017 - 17:50 key Velório realiza-se às 20h desta quarta-feira 29 Novembro, 2017 - 17:19 key Carlos Zorrinho: "Um homem como Belmiro de Azevedo nunca é consensual" 29 Novembro, 2017 - 17:05 key João Vieira Lopes: Belmiro considerava que "a formação era um investimento e não um custo" 29 Novembro, 2017 - 16:53 key António Saraiva: "Belmiro punha a verdade acima da comodidade" 29 Novembro, 2017 - 16:45 key Pires de Lima: Belmiro de Azevedo era "um empresário verdadeiramente invulgar" 29 Novembro, 2017 - 16:39 key Silva Peneda: Belmiro de Azevedo tinha "horror à incompetência, ao tempo perdido, ao desperdício" Cavaco Silva lembra "personalidade marcante e voz livre" O antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva lembrou o empresário Belmiro de Azevedo como "uma personalidade marcante e uma voz livre", considerando que a economia portuguesa "beneficiou enormemente" com a sua ousadia e visão. "Com a morte do engenheiro Belmiro de Azevedo, Portugal perdeu uma personalidade marcante e uma voz livre", refere o antigo chefe de Estado, numa declaração escrita enviada à agência Lusa. Sublinhando que, através da sua ação como empresário, Belmiro de Azevedo marcou a vida do país e dos portugueses nos últimos 40 anos, Cavaco Silva destaca a "liderança inteligente e perspicaz e a sua aposta decidida na inovação" que transformou o seu grupo empresarial "num dos maiores e mais relevantes" de Portugal. "A nossa economia beneficiou enormemente com a sua ousadia e a sua visão", acrescenta o ex-Presidente da República que envia à família de Belmiro de Azevedo e aos colaboradores do seu grupo empresarial "as mais sentidas condolências". Lusa Federação de Andebol recorda apoio à modalidade A Federação de Andebol de Portugal recordou o percurso do empresário Belmiro de Azevedo na modalidade, enaltecendo o seu contributo para o desenvolvimento do andebol na cidade do Porto. Em comunicado, o presidente da Federação de Andebol de Portugal sublinhou a importância de empresário para o andebol na cidade do Porto, descrevendo-o como "um homem que usou o seu dinamismo, empreendedorismo e visão de futuro" também no apoio à modalidade. "O andebol nacional não o esquecerá", garantiu Miguel Laranjeiro. Na nota, endereçada às redações, a entidade federativa lembra que Belmiro de Azevedo foi praticante de andebol, tendo começado a sua carreira no Centro Desportivo Universitário do Porto, antes de mudar para o FC Porto, onde jogou andebol de 11 e também de 7. "O empresário ficou sempre ligado ao andebol 'azul e branco', criando um projeto

Página 6 pioneiro, enquanto 'chairman' da Sonae, que visava a autonomia da secção de andebol, entre 1993 e 1995. Com a concretização deste protocolo, o FC Porto conquista a Taça de Portugal e a Supertaça, ao comando de Jorge Rodrigues", acrescenta o texto. LUSA Irmã de Belmiro morre no mesmo dia Porto Business School recorda "homem com visão de futuro" O reitor ('dean') da Porto Business School, Ramon O'Callaghan, recordou Belmiro de Azevedo como "um homem com uma impressionante visão de futuro, defensor da necessidade constante de mudança e melhoria". "O engenheiro Belmiro de Azevedo, com visão e tenacidade que sempre o caracterizaram, esteve presente nos momentos de maior importância na história da Porto Business School. Foi um dos seus fundadores, em 1988, presidiu ao Conselho de Administração e ao Conselho Geral de Supervisão e foi também um dos grandes impulsionadores do projeto de construção do nosso atual 'campus'", disse, em comunicado, Ramon O'Callaghan. Para o reitor da Porto Business School, Belmiro de Azevedo foi "um dos mais importantes empresários portugueses" e um "exemplo de liderança", que acompanhou "várias causas paralelas aos negócios, da educação às artes". "Prestamos, por isso, as nossas condolências à família, na pessoa do engenheiro Paulo Azevedo, antigo aluno da Porto Business School", concluiu. LUSA Marco de Canaveses lembra o homem "sempre próximo das origens" O presidente da Junta de Freguesia do Marco, onde nasceu Belmiro de Azevedo, disse que a morte do conterrâneo "é uma grande perda", lembrando o empresário como "alguém sempre próximo das suas origens". "É uma grande perda e lamentamos a sua morte. Foi uma pessoa que nunca virou as costas às origens", afirmou Celso Santana, em declarações à Lusa, comentando a morte de Belmiro de Azevedo, hoje, aos 79 anos. O autarca disse que Belmiro de Azevedo se deslocava a Marco de Canaveses todos os fins de semana, concretamente à localidade de Tuías (atualmente incluída na Freguesia do Marco), onde nasceu e tinha casa. Quando estava no concelho passava a maioria do tempo em casa a descansar, acrescentou. Celso Santana referiu ter laços de parentesco com o empresário, uma vez que Belmiro de Azevedo era primo direito da mãe do atual presidente da junta. LUSA

Tiago Varzim

Página 7 Meio: Imprensa Pág: 33

País: Portugal Cores: Cor A8 Period.: Diária Área: 17,81 x 30,00 cm²

ID: 72463843 30-11-2017 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 1

rnr="13 Sporting venceu o Avanca e isolou-se na frente do campeonato, mas só depois de superar a pequena tempestade da primeira parte Leão foi morüfero

ia' ira* Sportinguista Pedro Valdés fez três golos em quatro remates à baliza do Avanca

Antes da bonança, a equipa te de equipa "que dizem que tinham dado razão ao técnico MARCA R de Alvaiade teve de superar não é do nosso campeonato, leonino, mas depois do valen- Pavilhão João Rocha uma pequena tempestade, mas a verdade é que é" e acer- te susto a reação da sua equipa Árbitros: Eurico Nicolau e Ivan Caçador nomeadamente quando os tou. Os primeiros 30 minutos foi mortífera. (AA Leiria) forasteiros, que vinham mo- SPORTING MANCA ralizados por três triunfos nos Cu* Gr Luís Silva Gr últimos quatro desafios, con- ANDEBOL 1 Manuel Gaspar Gr Magnol Suam Gr Frandsco Tavares 2 Ricardo Work 1 seguiram anular uma desvan- 12.. JORNADA Edmilson Ara* 2 Relnier Dranquet 8 tagem de três golos (11-8) e, Benfica-ABC 29-29 Madeira SAD-Xko Andobol 33-24 Trago Rocha 1 Diogo Oliveira 4 fruto da intensidade na defesa Boa Hora-kruxs Santas 28-32 Fralids Carol 6 C1ogoSilva 2 e da acutiláncia no ataque, pas- iSMAI-Arsenal 26-23 lékcevic 1 ~Monteiro 1 saram para a frente. Foi aos 24', São Bernardo-Betenenses 23-24 Carlos Carneiro RubenNbeko 3 FC Porto-AC Farte 34-22 Peão Vaidés 3 NunoCavallo 3 após um golo de Reinier (14- Pe Portela 6 Fraldo:Pim 3 13). Mas foi o canto do cisne da Ontem Felipe Borges 3 0~1 POIXAM • equipa de Carlos Martingo, Sporting-Avanca 39-28 Kooco 3 Rafael Andrade 3 que num ápice perdeu gás, fa- "Começámos a Basic° Boianovic 1 Paulo Moreira - lhou um livre de sete metros (.1-4.54.1.F4CArt. Carlos Ruesga 4 segunda parte J V ED M-S P - Diogo Oliveira não superou 1.° Sporting 13 11 1 1 442317 36 Pedro Solha 3 muito bem 2.° Benfica 12 10 1 1 354277 33 3 Cudic - em superioridade nu- Bozovk defensivamente 3.° FC Porto 12 9 1 7 367.778 31 mérica e permitiu a remonta- Treinador: Treinador: isso valeu! este 4.° ABC 12 8 3 1 359-290 31 Hugo Canela Carlos Martingo da leonina, com um golo de 5.° Belenenses 13 8 0 5 352-361 29 resultado" 6.° Avanca 12 7 1 4 336-335 27 Ao Intervalo 17-15. Francisco Tavares e dois de ra- 7.° Madeira SAD 12 7 O 5 356-327 26 Mard-ia.05' 5-4,10. 8-6 , 15' 9-6, 20'.11-9, jada de Filipe Borges. Bago Canela 8.° Aguas Santas 12 5 O 7 309318 22 25' 14-14. 30'17-15. 35' 20-16.40' 25-18. Após o intervalo, e já conhe- Treinador do Sporting 9.° tSMAI 12 4 1 7 302330 21 45' 28.20,50' 31-23.55' 35-25.60' 39-28 cendo a qualidade do opositor, 10.° Arsenal 12 3 1 8 293-362 19 Exclusões:2/4 ti.° Boa Hora 12 3 1 8 32435419 Vermelhos: ./ os campeões melhoraram na 11° /Oco Andebol 12 2 2 8 305 385 18 organização defensiva - as en- "O final da 13.° AC Fato 12 1 110 298-366 15 14.° Sio Bernardo 12 O 1 11 271.368 13 LEONEL LOPES 00111ES tradas de Kopco e Bosko Bjela- primeira parte foi ••• Uma entrada de leão nos novic foram determinantes - decisivo; em vez OXIM A SORNADA primeiros dez minutos da se- e, com Pedro Portela irresistí- da vantagem, Sábado, dia 2 de dezembro gunda parte, com seis golos vel no ataque, fazendo seis ABC-MadoiraSAD (20h00) fomos a perder xico Andeboi-FG Porto (21h00) marcados e apenas dois sofri- golos, construíram um resul- para o intervalo" AC Fale-São Bernardo (18b00) dos, catapultou o Sporting tado que não deixa margem Avanca-Boa Hora (18h00) para a oitava vitória seguida no para dúvidas. Carlos Martingo Aguas Santas-ISMAl (181100) Arsenal-Benfica (21h00) campeonato e não permitiu Na antevisão ao jogo, o trei- Treinador do Avanca veleidades ao Avanca no jogo nador Hugo Canela tinha avi- Já disputado (11 de out ut).1.9- que fechou a 12.a jornada. sado para as dificuldades dian- 944~~es-Sporting 2442 Página 8 Meio: Imprensa Pág: 40

País: Portugal Cores: Cor A9 Period.: Diária Área: 4,35 x 22,98 cm²

ID: 72463967 30-11-2017 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 1 DESPORTO HOMENAGEIA BELMIRO Funeral do empresário que estava ligado à Sonae há mais de 5o anos realiza-se hoje, (16 horas), na Paró- quia de Cristo Rei, no Porto

••• O mundo do desporto uniu-separa homenagear o em presário Belmiro de Azevedo, que morreu ontem, aos79 anos, depois de décadas ligado à So- nae. Pinto da Costa, presidente do FC Porto, gravou uma men- sagem a lamentara perda de um homem que estava há muito li- gado ao clube. "Era sócio do FC Porto hámaisde SOanos, foipra- ticantedeandeboleteveacurio- sidade de entre 1969 e 1971, sob a presidência deAfonso Pinto de Magalhães, ter sido meu colega dedireção", recordou, destacan- do a obra "notável" que fez na natação do clube. O presidente da Federação Portuguesa de Ritebol, Feman- do Gomes, lamentou a perda de um "exemplo" para o pais, en- quanto olider da Federação Por- tuguesa de Andebol, Miguel Laranjeiro, lembra o trajeto de Belmiro Azevedo como prati- cante da modalidade e até corno impulsionador do andebol do. FC Porto. ii 'Lamento a perda de uni homem que fica ligado ao FC Porto e apresento as minhas condolências" Pinto da Costa Presidente do FC Porto

Página 9 A10

Andebol: Resultados, classificação e próxima jornada

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30/11/2017

Meio: Jogo Online (O)

URL: http://www.pt.cision.com/s/?l=d0c5bb75

2017-11-29 23:58

Resultados e classificação da 12.ª jornada campeonato nacional de andebol:Sábado, 25 novembro

São Bernardo -- Belenenses, 23-24

Maia/ISMAI- Arsenal, 26-23

Boa Hora - Águas Santas, 28-32

Benfica - ABC/UMinho, 29-29

Madeira SAD - Xico Andebol, 33-24

Terça-feira, 28 novembro

FC Porto -- Fafe, 34-22

Quarta-feira, 29 novembro

Sporting -- Avanca, 39-28Classificação: 1º Sporting, 13 jogos/33 pontos; 2º Benfica, 12/33; 3º FC Porto 12/31; 4º ABC/UMinho, 12/31; 5º Belenenses, 13/29; 6º Avanca. 12/27; 7~ Madeira SAD, 11/23; 8º Águas Santas, 12/22; 9. Maia/ISMAI, 12/ 21; 10º Arsenal, 12/19; 11º Boa Hora, 12/19; 12.º Xico Andebol, 11/17; 13º Fafe, 12/15; 14º São Bernardo, 12/1313.ª jornada

Quarta-feira, 11 outubro

Belenenses -- Sporting, 24-32

Sábado, 2 dezembro

ABC/UMinho - Madeira SAD, 17:00

Fafe - São Bernardo, 18:00

Avanca - Boa Hora, 18:00

Águas Santas - Maia/ISMAI, 18:00

Arsenal -- Benfica, 21:00

Xico Andebol - FC Porto, 21:00

Página 10 Meio: Imprensa Pág: 54

País: Portugal Cores: Cor A11 Period.: Diária Área: 8,54 x 13,88 cm²

ID: 72462801 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1

krit 1 ebo 1.4 Divisão Nacional Leões vitoriosos estão isolados

► O Sporting impôs-se. on- da 12.8 jornada da 1.° Divisão tem, ao Avança, por 39-28, Nacional de andebol, um no pavilhão João Rocha, em resultado que o coloca, à Lisboa, no acerto cia jorna- condição, na liderança iso- lada. Até ao intervalo, leões RESULTADOS/aASSIFICAÇÃO Benfica 22 - 22 ABC e aveirenses foram protago- Boa Hora - Araras Santas nistas de um encontro equi- P. C Porto 34- 2$ Madeira SAD 33-24 /Oco_ librado. Na segunda meta- Mau-151411 22 - 23 S. Bernardo 23 - 114 s de, os campeões nacionais Soortinq 28 - 28 »anca aceleraram o ritmo e dis-

159~9 li 4311-83 tanciaram-se. ss. 2 Doia 12 11 34/01 3 ELIA.* a 12 912.218 /"y 39 4 ABC 12 »ai S98 5 Miemo a 13 40-3E0 28 Atoo 12 X6-3:45 Leal %lha° loâo Rodia ern Lisboa Min 511 v 12 241918os Euno3 Neolau e Man Caçador. 9 loas Saias 22 12 10111114111 AMa Gek (GR) e Manuel Gaspar (GR), 9 Nair= 21 12 Y2,331 Pedro dés(3), Pedro Portela (61 Hichal Kopco 111 le bua 11 12 »49$ (3), Bosko E8elanovrc (1), Gados Ruesga (4), 11 Ata« 919958 19 12 293482 Frankis Caro; (6). Pedro Soba (3), Tiago Frodla (1). 12 138 11 12 394-313 Carlos Carneiro (1), Francisco Tavares (2), 13 Fie 12 10 Edmison Araújo (2), Ivan NIkcevk (1), lanko 15 292-35.9 Bom* (3) e Feepe ~Ao (3) 12 11 211-321 14 Iene* ' 13 Minado, 31UCJO Canela. PlICOOMAJORNADA02-12-2017 Afiro Lús §Iva. (GR) e Ma9r81 Rs (GR). Nulo Seleimses 24 - 32 Camelo (4), Francisco Seva 14 Oprian POPOvICI, ABC Madeira rSAD Re3ardo MOur30 (1), Ralad Ardrade (3), Relnier Arsenal-bevea Banira Dranquet (7) plOaD 01 ~ (4). Lourenço Sarem, Avanca Boa i4ora Droço Sava (21 Serdson Montero (1), Daniel Vero, Faie 5 Bernardo loao Carvalho, Ruben Rbelro (»Paulo Moreira Xleo Andebol F C Porto Tieleador Carlos Mamo°. Aguas Santas Mau -ISMA1 Intenab 17-15

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017) O homem que viveu a fazer até ao fim

Belmiro Mendes de Azevedo morreu ontem no Porto aos 79 anos. O seu legado concreto mede-se facilmente no universo empresarial que criou. O seu exemplo como gestor permanece alvo de devoções. Mas a voz dura do empresário inconformado, exigente e rebelde parece ter-se perdido

Obituário Belmiro morreu, no Porto. Tinha educação pela vida fora, da “ética essas características acabam por um aparelho sem fi os — o telemó- Manuel Carvalho 79 anos vividos quase sempre numa rigorosa”. Foi um apologista de obedecer a um traço de tempera- vel. Foi a introdução da exigência espiral interminável de actos de uma necessidade íntima de fazer mento que desde sempre marcou na gestão e a aposta numa cultura problema de morrer inconformismo e rebeldia. Contra e desfazer para voltar a fazer de Belmiro. Foi a sua coragem física, meritocrática, cristalizada nos fa- tem mais que ver a situação, contra o imobilismo, novo, como se a realização pessoal a liberdade de dizer o que pensava mosos dez mandamentos do “Ho- com quem fica e contra o comodismo, contra a dependesse dessa permanente e agir de acordo com o risco dessa mem Sonae”, que levaram centenas não com quem vai. inércia, contra os favores de uma contradição. atitude que o levou de uma peque- de jovens a entrar na Sonae ou a Com a morte não sociedade cristalizada, que “se verga “Morre o maior empresário de- na empresa industrial nos anos 60 enveredar por carreiras de gestão. “Ose tem relação, cedo de mais” como se a memória pois do 25 de Abril, a classe empre- do século passado à construção de O movimento yuppie dos anos 90 nem se procura.” Em 2004, dos “reis” permanecesse incólume, sarial portuguesa estará de acordo um dos maiores grupos privados deve-se a ele. quando proferiu esta declaração contra uma maneira de fazer com isto. Morre uma fi gura inspira- nacionais. Foi a sua permanente Belmiro Mendes de Azevedo desprendida, Belmiro Mendes negócios previsível, conformada e dora para milhares de quadros. E disponibilidade para o risco que o nasceu em Tuías, nas imediações de Azevedo tinha mais três anos subserviente aos poderes. Mais do morre uma voz que nunca baixou levou a defi nir as visões sobre os do Marco de Canavezes, no dia 17 de líder destacado da Sonae e que um empresário, Belmiro foi um a cerviz”, diz Daniel Bessa, que tra- novos hábitos de consumo nos hi- de Fevereiro de 1938. Para ele, a mais 13 anos de vida. Ontem, o exemplo de exigência permanente, balhou pela primeira vez com Bel- permercados ou a antecipação de origem sempre foi um privilégio “problema” aconteceu. Depois um homem livre e corajoso, amigo miro “há mais de 40 anos”. Olhan- um mundo onde as pessoas esta- e uma ponte. “Eu sou um homem de poucos dias de internamento, do risco, da disciplina interior, da do o seu percurso de vida, todas riam permanentemente ligadas por do Marco, freguesia de Tuías. De-

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NELSON GARRIDO

para a necessidade de o primogé- nito continuar os estudos. Aos 11 anos, Belmiro parte para o Porto, para estudar no liceu. Por falta de condições, tem de fi car hospedado na casa do tio Belmiro da Mota, na altura fi scal nas obras de constru- ção do Observatório da Serra do Pi- lar, em Gaia. Nesse encontro com o tio, Belmiro colherá a segunda experiência de vida que marcará indelevelmente outra das facetas marcantes da sua personalidade: um certo espírito libertário e irre- verente. Belmiro da Mota era um velho republicano carbonário que guardara armas em casa, conhecera a perseguição da PIDE e a prisão no Aljube. Para o jovem vindo de Tuías, a sua cultura política, a sua dedicação aos livros e às ideias po- líticas tornaram-se uma revelação. “Era muito meu amigo. Vivemos juntos durante muito tempo. Era um fi lósofo, ateu. Ou agnóstico. Para ele, Jesus Cristo não era um líder religioso, mas um grande fi - lósofo. Lia muito sobre aquilo, não tinha educação superior e passava a vida a explicar-me isso. Morreu com um enfarte violentíssimo, à uma da manhã, estávamos os dois em casa. Foi a primeira pessoa que vi morrer”, diria, em 2010, numa entrevista à Visão. Após a morte do tio, Belmiro de Azevedo, com 15 anos, muda de novo de vida. Aluga um quarto na Rua do Bonfi m, no Porto, perto do liceu Alexandre Herculano que frequentava ao lado de, entre ou- tras fi guras conhecidas, Rui Vilar, o chairman da Caixa Geral de De- pósitos. As suas notas garantem-lhe mais tarde uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian. Mas tem de dar explicações para ga- pois, estou dentro de todos os ou- nifi car, vinho, leite e carne quando Silva Andrade. “Ele era rigoroso, rantir a sua sobrevivência. “O maior tros universos: sou do Norte, sou de possível. Belmiro é o primeiro fi lho Mais do que um exigente e disciplinador e teve um investimento que fi z na minha vi- Portugal, sou da Europa e sou do do casal e jamais abdicará desse es- grande impacto no meu carácter. da foi quando aos 17 anos decidi mundo”, diria. Pela vida fora, o em- tatuto. Sempre assumiu um papel empresário, foi um Por sua infl uência fui sempre (e ain- ser empreendedor e comecei a dar presário gostaria sempre de subli- complementar ao dos pais na edu- exemplo de exigência da sou) um leitor ávido e interessa- explicações para fi nanciar o meu nhar a sua origem humilde, embora cação dos seus irmãos. do nas grandes questões materiais curso. ‘Ginasticou-me o caco’ e o nesse tempo de extremas privações Nada na sua primeira experiência permanente, um e espirituais sobre a condição hu- retorno do investimento tem sido os Azevedo fossem uma família de escolar permitiria adivinhar o seu mana. Foi, na verdade, graças a ele infi nito. Por isso, a formação é o classe média. A mãe, Adelina, que o percurso académico. No primeiro homem livre e que saí da província e me lancei no melhor investimento que qualquer fascinará pelo rigor e pela devoção ano, reprovou. Não por culpa dele, mundo. Sem esse impulso, segura- pessoa pode fazer”, explicou em ao trabalho, era costureira e o pai, diria sempre, mas pelo laxismo e in- corajoso, amigo mente não estaria aqui hoje”, diria 2001 ao Expresso. Manuel, carpinteiro. Mas as heran- competência do seu professor, por do risco, da “ética Belmiro de Azevedo num discurso Estava na hora de ir para a uni- ças tinham-lhes garantido ao menos sinal um amigo de caça do seu pai. de reconhecimento à homenagem versidade. Os pais viriam em 1958 terrenos de cultivo que nessa época Quando muda de professor e de es- rigorosa” que a Ordem dos Engenheiros lhe para o Porto, e Belmiro encontrou eram capazes de separar uma vida cola, Belmiro muda também. Tor- fez há dois anos. aí estabilidade e previsão. Entre ex- de penúria de uma situação reme- na-se um aluno exemplar. O mérito, Seria, de resto, o professor do plicações e noitadas a jogar cartas diada. Sempre havia milho para pa- dirá, foi do seu professor, Carlos da ensino básico a infl uenciar os pais com os amigos, Belmiro de c

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017)

JOSÉ COELHO/LUSA

ADRIANO MIRANDA Azevedo licenciar-se-ia em Enge- nharia Química, com 16 valores. Houve anos em que arriscou em excesso e quase não fazia exames. Mas acabou com média sufi ciente para ser convidado para ser docen- te na Faculdade de Engenharia do Porto. Não era, no entanto, esse o caminho que queria seguir. Mal acaba o curso, em 1963, aceita um emprego num dos gigantes norte- nhos da fi ação, a Efanor. O mundo pareceu-lhe aí muito cristalizado. “Mandava toda a gente”, diria. Des- se primeiro emprego fi caria uma ligação simbólica. Efanor é ainda a holding pessoal da família Aze- vedo. Em 1965, Correia da Silva, o ad- ministrador delegado da Sonae, uma empresa do universo do ban- queiro Afonso Pinto de Magalhães edição interna da Sonae. Mas essa Numa entrevista ao PÚBLICO em nae, Belmiro dedica-se a uma das que se dedicava a produzir um aglo- transformação não se fi cou pelas 1995 explicaria esse conceito inau- Em 1971, Belmiro de paixões que conservará até ao li- merado a partir do bagaço de uva, máquinas e pelos trabalhadores. gural do seu percurso: “Costumo mite da sua resistência física: o lança-lhe um desafi o: mudar o sis- Abrangeu o próprio produto. Em dizer — e acredito nisso — que só Azevedo é já pai de desporto. Quando era adolescen- tema de produção da fábrica. Bel- vez de estratifi te, a Sonae passou funciono bem no caos organizado. três filhos. Nuno, o te, causava espanto aos moradores miro chegou como um vendaval. “A a produzir laminite e saiu da crise É preciso saber gerir o caos. Uma de Tuías ao dedicar-se a longas cor- minha primeira tarefa como jovem grave em que se encontrava. empresa, para ter criatividade e primeiro, nascera em ridas pela aldeia. Na universidade engenheiro foi ter de mandar para a Logo no princípio da carreira Bel- competitividade interna, tem de, pratica, com reconhecido talento, sucata metade dos equipamentos e miro mostrara o traço fundamen- permanentemente, ser capaz de 1963. Duarte Paulo, o andebol. Primeiro no clube despor- mudar substancialmente as pesso- tal do seu perfi l de gestor. Para ele, gerir num certo ambiente de de- tivo da universidade, depois no seu as que lá estavam. Durante muito não podia haver barreiras ao que sordem, o que signifi ca mudanças segundo, em 1965. E clube de paixão, o FC. Porto. Aos tempo trabalhava durante 24, 48, entendesse como necessário para permanentes. A nossa maneira de Cláudia em 1970 18 anos, na praia de Leça, conhece 72 horas seguidas de modo a cum- cumprir uma missão. À sua chega- estar, a nossa estabilidade é sermos entretanto Maria Margarida Teixei- prir a completa transformação”, ex- da à Sonae instalou o “caos orga- instáveis.” ra, que tinha à época 15. Nas suas plicaria numa memória para uma nizado” que defenderia vida fora. Entre as tarefas na gestão da So- primeiras saídas românticas, Belmi-

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MANUEL ROBERTO Fazer-lhe justiça

desentendimentos, desacordos, choques, tensões. Belmiro soube resistir a todos — como testemunha hoje o Nuno Pacheco, que é entre nós quem sabe melhor. A liberdade tem um preço e esse é Editorial provavelmente o maior. David Dinis A independência de um jornalista tem de ser plena. E para ou director do PÚBLICO ser plena tem de ser livre também há mais de um ano. para o elogio. Hoje é imperioso Nunca conheci Belmiro fazê-lo, porque Belmiro de Azevedo de Azevedo. Também não foi apenas o fundador do nunca conheci o seu fi lho PÚBLICO. Foi um dos maiores SPaulo Azevedo, o actual empresários da democracia — presidente executivo da Sonae, o para não arriscar o qualifi cativo grupo a que pertence este jornal “maior”. Quem o conheceu bem desde o seu dia 1. garante que era determinado, Escrevo isto no dia da morte de frontal, desassombrado, Belmiro de Azevedo e não é uma contundente e pouco cerimonioso. declaração de interesses. É em Isso valeu-lhe muitas lutas, algumas homenagem a quem percebeu que que perdeu. E algumas inimizades. o país precisava de um novo órgão Belmiro nunca teve medo das de comunicação social, quando derrotas e das incompreensões. muitos ainda eram do Estado, e Tão-pouco teve medo dos erros. que esse jornal (este jornal) não Nisto, infelizmente para o país, podia ser um órgão de defesa dos teve poucos pares na sua geração interesses dele, mas um órgão — seríamos maiores, se mais lhe que defende o interesse de todos. tivessem feito companhia. Acredite: tudo isto é muito fácil de Em 50 anos de carreira, Belmiro dizer e muito difícil de aplicar. Em também acumulou vitórias: Portugal é um caso raríssimo. alargou a intervenção da Sonae Esse compromisso fi cou na indústria ao retalho e à grande registado, por escrito, no dia distribuição, às telecomunicações, do nascimento do PÚBLICO, aos media; pôs a empresa na bolsa; ao lado do primeiro editorial. transformou-a num dos maiores Chamaram-lhe um pacto, selado empregadores do país, levou-a entre a administração e a sua para outras fronteiras. Construiu primeira direcção editorial, que o seu próprio sucesso, ajudando determinava as linhas gerais ao da nossa economia. Foi assim de um relacionamento. Esse até ao fi m, porque mesmo no fi nal pacto, que hoje republicamos daqueles 50 anos de carreira teve (pág. 17), falava de um projecto sucesso como poucos conseguiram: independente e transparente; acertar o tempo da saída, passar o ro recordaria um dia de 1958, ano para controlar o lado mais impulsi- única que lhe diz não?”, perguntou de informação moderna e de testemunho. da campanha de Humberto Delga- vo e tempestuoso do engenheiro. O a jornalista Cesaltina Pinto. Belmiro qualidade; de uma “parceria” para 2017 está a acabar e deixa-nos do para as eleições presidenciais, fi lho que lhe sucedeu nos negócios respondeu: “Ela?! É muito pior do a renovação dos media; de uma a olhar para trás. Entre outros, quando, ao subirem a Rua 31 de da Sonae, Paulo, diria mais tarde que isso. Nem me deixa assinar os empresa que “não confunde o seu perdemos Mário Soares, Américo Janeiro, teve de lhe pegar ao colo numa reunião internacional com cheques da farmácia.” interesse estratégico nesta área Amorim, Daniel Serrão, D. Manuel para a proteger do tumulto gerado quadros do grupo que a Sonae ti- Em 1971, Belmiro de Azevedo é já com o equívoco fatal de encarar Martins e, agora, Belmiro de num confronto com a polícia. nha um CEO (chief executive offi ce) pai de três fi lhos. Nuno, o primeiro, os media como instrumentos de Azevedo. O melhor que podemos Margarida e Belmiro de Azeve- — Belmiro — e uma CEO (chief emo- nascera em 1963. Duarte Paulo, o se- propaganda”. fazer é honrar o que nos deixaram do casar-se-iam em 1963, quando cional offi cer) — Margarida. Nunca gundo, em 1965. E Cláudia em 1970. Esse pacto é tão actual hoje como e fazer o nosso melhor. Daqui do ela era ainda estudante de Ciências ninguém teve o mesmo poder de di- Pouco antes de entrar numa fase de era em 1990 — apesar do tempo PÚBLICO, tencionamos fazê-lo da Farmacêuticas — Belmiro ganhava zer não ao gestor que a sua mulher. aceleração, ao adquirir a Novopan que passou, apesar das crises mesma forma que sempre. Usando 5600 escudos na Efanor. Margarida Belmiro reconheceria um dia numa em 1971, e de se ter iniciado na pro- que surgiram. Seguramente criou da liberdade que nos deu, em foi talvez a pessoa mais infl uente na entrevista à Visão, com humor e dução das resinas industriais neces- muitos problemas ao seu fundador, defesa do interesse de todos. sua vida. Foi, pelo menos, a pessoa embevecimento, esse poder de in- sárias à produção de aglomerados em alguns casos prejudicando os que desde sempre teve mais poder fl uência. “[Margarida Azevedo é] a após um confl ito de preços c seus negócios. Connosco criou [email protected]

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MANUEL ROBERTO

PAULO PIMENTA

com a poderosa Hoecht, a Sonae da estão parqueadas no IPE, uma consolida-se como uma indústria sociedade de capitais públicos em de futuro na economia nortenha. que fi cou a titularidade das em- Tem produto próprio, métodos presas nacionalizadas. Três anos inovadores, mercados externos e depois, quando o Governo da AD solidez fi nanceira. A empresa entra descongela os anos da revolução, na turbulência do 25 de Abril numa chegaria o momento de se saber situação confortável. Isso seria re- quem mandava e quem detinha, conhecido quando os trabalhado- de facto, a Sonae, na época uma res fazem “uma greve ao contrário” apetecível empresa industrial que — em defesa dos seus accionistas e ocupava 45 mil metros quadrados. da sua administração. Em 1978, na Belmiro e a equipa de gestão, em Em 2009, Belmiro de Azevedo brasileiro: ele fi caria, na condição No ano seguinte, com a abertura sequência de uma nacionalização que se incluíam velhos companhei- foi homenageado pela Câmara de ser accionista e gestor. “Quan- do mercado de capitais, a Sonae parcial após o 11 de Março de 1975, ros de rumo como Jaime Teixeira, Municipal do Porto, então do o senhor Pinto de Magalhães re- entra na bolsa e Belmiro aprovei- o Estado tenta mudar a administra- Romão de Sousa ou Fernando Car- presidida por Rui Rio gressou do Brasil (eu tinha fi cado ta a onda. No fi nal de 1984 era já ção. Os trabalhadores paralisam e valho? Ou o accionista, o banquei- aqui como ‘feitor’ a tomar conta o principal accionista, o que gera- colocam-se ao lado de Belmiro. Du- ro Afonso Pinto de Magalhães, que Na apresentação dos resultados da ‘quinta’ deles), eu quis voltar à rá uma vaga de ressentimento dos rante quatro meses de instabilidade depois do 25 de Abril se exilara no do grupo Sonae, no início dos universidade. Como ainda estavam herdeiros de Pinto de Magalhães, monta-se uma rede de cooperação Brasil? anos 2000 (à esquerda em bastante assustados e eu lhes tinha falecido em 1983. entre trabalhadores e gestores que Quando regressa a Portugal, em baixo) tratado bem dos negócios, oferece- Com as rédeas na mão de Belmi- garante a actividade da empresa. 1982, o banqueiro ensaia uma so- ram-me 20% das acções a um pre- ro, a Sonae aceleraria a sua espi- Nesse período, todos os salários lução de compromisso. Faz um ço simbólico. Eu comprei, com um ral de crescimento. Se os anos de foram iguais. pacto com Belmiro, que na época fi nanciamento do Lloyds Bank, e 1960, com a integração de Portu- Belmiro venceria o confl ito. E considera a hipótese de regressar depois fui comprando mais, com gal no espaço da EFTA, tinham si- torna-se o senhor Sonae, mesmo à universidade — falava-se também o pêlo do cão, como se costuma do propícios aos investimentos na quando as acções da empresa ain- numa proposta para gerir um grupo dizer”, recordaria o empresário. indústria exportadora, nos anos de

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ADRIANO MIRANDA ra com a Sonae UK para garantir a distribuição dos seus produtos industriais. “Uma constante visão de futuro” Estava na hora de criar uma cul- tura de grupo capaz de encaixar as vagas de crescimento que se anteci- pavam. Num tom meio apologético, acompanhada de uma persistência meio infl uenciado pelo misticismo relativamente às causas e projectos da auto-ajuda, Belmiro de Azevedo que abraçava. redige os dez princípios da “cultura À liderança e determinação Sonae” e os dez mandamentos do somava-se uma constante visão “homem Sonae”. Aí, aplica os seus de futuro, isto é, preocupava-se próprios ensinamentos de vida e Opinião não apenas com o curto prazo, ajusta-os a uma estratégia de ges- Marcelo Rebelo de Sousa mas com aquilo que considerava tão de recursos na qual há espaço essencial para o país a médio e para o risco e para o fracasso, mas elmiro de Azevedo teve longo prazo. nunca para a indecisão, para o es- um papel determinante O seu empenhamento social tatuto ou para a indiferença. “As ao longo de praticamente e cultural foi traduzido numa elites verdadeiras não têm privilé- quatro décadas da fundação e numa intervenção na gios. Privilégio está conotado com democracia portuguesa, comunicação social, bem como favoritismo, nepotismo, favores de Bquer na economia, noutros domínios da cultura, heranças, etc.(...) Os verdadeiros lí- quer na sociedade, por algumas assim revelando que a sua visão deres são-no naturalmente. Não são características que encarnava. de Portugal não fi cava apenas pela impostos, impõem-se”, escreveria. Em primeiro lugar, a capacidade economia. Para depois afi rmar, numa frase cé- de liderança que lhe era natural, Este somatório de características lebre, que “O ‘homem Sonae’ ou era um líder e exercitou essa explica a homenagem que lhe é é líder ou candidato a líder.” Mas liderança em diversos sectores, devida, e que lhe presto também não o será a qualquer custo: “Deve na indústria, no comércio e e desde logo como Presidente da ter um código ético e deontológico em empreendimentos sociais e República. rigoroso”, e “tem de ser adulto no culturais. Por outro lado, era muito pensamento, fi rme, sem ser duro, determinado. A sua liderança era Presidente da República na decisão, corajoso, sem ser aven- tureiro, na acção”. Belmiro começava já a ser uma fi gura de projecção nacional. Não apenas pelas suas realizações em- “Um homem aberto ao mundo” presariais, mas pela determinação e pela capacidade de enfrentar difi - culdades. Tornara-se um bulldozer. inovação. “Sou heterodoxo e o grupo é moti- Sob sua liderança, o sucesso vado nesse sentido. Com ortodoxias da atividade de retalho permitiu não se vai a lado nenhum, apenas se à Sonae alargar os seus setores faz mais do mesmo”, dizia. Ele não de atividade e os seus horizontes era assim. “Sempre gostei de fazer territoriais. coisas diferentes. Portanto, quando Opinião É disso exemplo a fundação do uma área está consolidada e o mé- Eduardo Ferro Rodrigues jornal PÚBLICO, referência no todo de trabalho está bem conce- panorama da comunicação social bido, vou pregar para outra fregue- com muita tristeza portuguesa. A Sonae está hoje sia”, acrescentava anos mais tarde. que escrevo sobre o presente nos quatro cantos do 1980 a liberalização da economia e Nortenho assumido, com costela de desaparecimento de mundo. “Sou heterodoxo e as perspectivas da integração eu- Tuías, preferia a realização pessoal Belmiro de Azevedo, uma Belmiro de Azevedo deixa-nos, o grupo é motivado ropeia abriam um novo mundo às do self made man à herança nobili- personalidade marcante mas o país continua a olhar para empresas nacionais. Belmiro com- árquica. Quando, num congresso Éda história do Portugal a Sonae como um referencial de nesse sentido. Com preendeu-o como poucos. Em 1984 do PCP, Álvaro Cunhal se pronun- democrático. criação de riqueza e emprego. faz uma parceria com os franceses cia contra a tríade dos capitalistas Quis assinalar isso mesmo, Tenho a certeza de que a ortodoxias não se da Promodés para lançar o pri- exportadores (os Mello, os Espíri- num voto por mim proposto, empresa está bem entregue e que meiro hipermercado em Portugal. to Santo e Belmiro), o empresário ontem aprovado na Assembleia da continuará a procurar os melhores vai a lado nenhum, A inauguração do Continente de protesta: “Sem querer estar aqui a República. padrões de inovação empresarial Matosinhos foi uma revolução que insinuar que eu é que sou um gajo Bem enraizado no Norte de e responsabilidade social, na apenas se faz mais atraía multidões de curiosos para porreiro, eles formaram grupos em Portugal, Belmiro de Azevedo era fi delidade ao legado do seu eterno do mesmo” conhecer uma loja onde se podia regime de benesses decorrentes do um homem aberto ao mundo, presidente. comprar tudo. Pelo meio, a Sonae condicionamento industrial. Ora a que soube transformar a Sonae adquiriu a Agloma, estreou o Porto posição da Sonae foi toda conquis- numa referência internacional. Um Presidente da Assembleia Sheraton e lançou-se em Inglater- tada no mercado.” c verdadeiro exemplo de liderança e da República

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 7 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017)

PAULO CARRIÇO/LUSA O mercado, por essa época, era jecto de responsabilidade social. generoso. A economia crescia ra- Não se conhecem vestígios de que pidamente na segunda metade dos alguma vez interviesse na sua linha vertiginosos anos 80. A euforia da editorial. Bolsa atraía como nunca mais se Os anos 90 foram fulgurantes viu as poupanças dos portugueses. para a economia e para a Sonae. O “gato por lebre” que o então pri- O seu crescimento foi imparável: meiro-ministro Cavaco Silva sinali- 200 milhões de contos de volume zara ainda não estava no horizonte. de negócios em 1991, 357 milhões O Governo, com Miguel Cadilhe nas em 1995, 615 milhões em 1998. Nem Finanças, estimulava com mecanis- tudo correu, no entanto, de modo mos fi scais as famosas OPV (ofertas a justifi car esta explosão nos resul- públicas de venda). tados. Nessa década, Belmiro co- Nesta euforia, Belmiro lança nheceu alguns dos seus principais em 1987 não uma, mas sete OPV problemas e teve de se confrontar ao mesmo tempo — as da Agloma, com vários dissabores. Ibersol, Modelo Continente, Publi- A começar, um confl ito com a fa- meios, Robótica, Selfrio e Viacen- mília Pinto de Magalhães. Ao lançar tro. Miguel Cadilhe suspeita de “fal- um aumento de capital de 15 para ta de transparência” no processo. O 40 milhões de contos na Sonae, próprio Belmiro reconhece que as em 1992, Belmiro ameaçava redu- operações foram lançadas no limiar zir a posição da família para níveis da legalidade, mas recusa qualquer próximos dos 10% do capital da irregularidade. “É verdade que nós empresa — os Pinto de Magalhães jogámos com a lei”, admitiria Bel- não tinham forma de acompanhar miro num depoimento a Magalhães o aumento de capital. As reacções Pinto, autor da sua biografi a. Mais não se fi zeram esperar. O Tribunal tarde os tribunais dariam razão à Cível suspende o aumento de ca- Sonae. As sete OPV, mesmo tendo pital ao longo de 18 meses. O dife- implicado mecanismos fi nanceiros rendo instala-se como uma novela que exploravam buracos na lei, não na praça pública. “Se hoje a família eram ilegais. O processo acabaria tem dinheiro, deve-o aos trabalha- arquivado. E a Sonae tinha arreca- dores da Sonae”, dizia Belmiro, la- dado quatro milhões de contos na mentando “que só tenham sabido venda de acções ao mercado. delapidá-lo”. Carolina Magalhães, Estava na hora de dar novos viúva do banqueiro, responderia saltos. Enquanto a área da distri- em declarações ao PÚBLICO: “Não buição crescia, a Sonae investia gosto das atitudes dele e estou mui- no imobiliário, no turismo e na to sentida. Acho que a família Pin- comunicação social. Em 1990, o to de Magalhães não merecia tanto PÚBLICO nascia. Belmiro tornara- aquilo que ele tem feito e procura se um personagem incontornável fazer. É uma pessoa dura, não tem da vida nacional. “A Sonae tem, de coração.” vez em quando, de fazer algumas Mas o desgaste com a família Pin- coisas que não têm ligação directa to de Magalhães (e com outros ac- com a rentabilidade. E entendi, há cionistas minoritários que se quei- dez anos, que fazia falta um diário xavam da forma autocrática como de referência, que dignifi casse o geria os negócios) seria apenas uma jornalismo, com meios, qualida- ponta do icebergue dos problemas de e independência — era um bom que viriam a seguir. Belmiro tenta contributo para a sociedade portu- controlar o processo de privati- guesa. O jornal nunca favoreceu a zação do BPA e acaba por perder Sonae, nunca interferi na sua linha para o BCP de Jardim Gonçalves. editorial, sempre me distanciei dele Tenta o controlo do Totta e volta senão estava lixado”, explicaria em a perder, desta vez para José Ro- 2001 numa entrevista a José Carlos quette. O desfecho destes negócios Vasconcelos. O primeiro director intermediados pelo Estado leva-o do jornal, Vicente Jorge Silva, diria a aumentar a sua suspeição sobre que o PÚBLICO era “a peninha” no a isenção da política. Perder, para chapéu de Belmiro. Leu-o diaria- ele, não era uma tragédia — até por- mente até ao fi nal da sua vida. O que no caso do BCP retirou-se com que mais o preocupava era a sua uma mais-valia estimada em três falta de rentabilidade — embora por milhões de contos. “Isto tem mui- vezes o apresentasse como um pro- to que ver com a minha formação

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 8 de 19 desportiva: ganhar, perder, receber e dar caneladas”, dizia. Mas a cada passo queixava-se da sua condição Homenagem a um grande empresário de outsider nortenho, distante do poder. “O Governo tem um discur- so afi rmando que não é de Lisboa, mas na prática verifi camos que as economia nacional e na vida dos sector que é vital à democracia sociais, que acompanhei de perto decisões fi nais têm favorecido os portugueses. e ao pluralismo democrático. O através das actividades da minha grupos de Lisboa. Quanto a mim, Todos reconhecem e admiram legado de Belmiro de Azevedo mulher. Mesmo doente, nunca em muitos casos, injustamente”, essa faceta de lutador, que passará também pelo respeito deixou de marcar presença nas dizia em 1995. o levou ao topo. Portugal pelos princípios e objectivos que iniciativas patrocinadas pelo O confl ito com os políticos tor- benefi ciou enormemente da estiveram na fundação deste seu grupo empresarial, o que nou-se então frequente. Belmiro Opinião sua visão desempoeirada do jornal. evidencia o seu empenho pessoal mostra nesse atrito constante a Aníbal Cavaco Silva mundo, do seu sentido crítico e Registei, dos encontros que tive nas mesmas. sua aura temerária que lhe mereceu da sua frontalidade e coragem com Belmiro de Azevedo, para À família do eng.º Belmiro de um boneco no Contra-Informação eng.º Belmiro empresarial. além da argúcia empresarial, o Azevedo e aos trabalhadores do — “Belmiro Mete Medo”. “Tenho a de Azevedo foi, A liberdade de informação é orgulho que sempre manifestou grupo empresarial que criou e cara um bocado vincada, marcada, indiscutivelmente, um incompatível com o controlo pela sua terra, Marco de através do qual marcou a vida do Mete-Medo, mas eu não meto dos maiores empresários do Estado e com tentativas do Canaveses. Preocupado com o de tantas pessoas envio sinceras medo a ninguém”, ironizaria. Mas, portugueses dos poder executivo de infl uenciar a desenvolvimento local, investiu condolências e o testemunho instado a prestar declarações no Oúltimos 40 anos. informação. A fundação de um onde estavam as suas raízes da minha admiração pelo Parlamento, obrigou os deputados Homem de grande perspicácia novo jornal, o PÚBLICO, há 27 e será certamente recordado empresário, pelo empreendedor a ouvi-lo às oito da manhã. E ao lon- e capacidade analítica, soube anos, quando se concretizavam como um grande marcoense. Foi e pelo cidadão preocupado com o go do tempo foi distribuindo farpas. arriscar, inovar e criar, dessa os passos para a liberalização também um grande português. seu país que [ontem] nos deixou. Marques Mendes? “Não dava nem forma, um grupo económico da comunicação social, O eng.º Belmiro de Azevedo para porteiro da Sonae.” Ministros que se tornou preponderante na constituiu uma aposta num era um homem de preocupações Ex-Presidente da República da Economia? “O Pina Moura era como Estaline e o Carlos Tavares como o Brejnev e quase tivemos o António Mexia na Economia. Tive- mos ainda o Fernando Castro e o “Uma capacidade de trabalho e de realização Jorge Armindo, estilo Tchernenko e Gromiko.” A ida de Durão Barro- absolutamente excepcionais” so para Bruxelas? “Não há nenhum cargo internacional mais impor- tante para um cidadão português autarca de Lisboa ou, mais tarde, acresceram a determinação e a dos anos e a certeza da obra que defender no seu país as suas o enorme prazer que foi de contar sua extraordinária resiliência. feita Belmiro de Azevedo foi ideias (.). A minha convicção é de com a sua colaboração aquando Olhando para o império que amenizando o olhar que pousava campónio: quem foge ao comba- da criação da Cotec Portugal. construiu, há duas notas fortes sobre o mundo e o juízo que fazia te é cobarde.” Santana Lopes? “É Lembro também que não foi nada que ressaltam: por um lado, uma dos homens. Mas na sua biografi a incompetente.” Cavaco Silva? “É fácil convencê-lo da bondade da cultura dominante de rigor e podem ler-se estas palavras de um ditador. Mandou quatro ami- Opinião minha decisão em o condecorar... de exigência, o que, a nível dos extrema tranquilidade: “Afi nal, gos meus, dos melhores ministros, Jorge Sampaio Belmiro de Azevedo foi, recursos humanos, o levou à o mais importante [...] nesta para a rua, assim de mão directa.” sem dúvida, um dos maiores criação, no seio do grupo Sonae, curta passagem pela Terra é Referia-se a Álvaro Barreto, Teresa ecordar alguém sob o empresários do Portugal de um viveiro sólido de talentos procurar manter o estar e o ser Patrício Gouveia, Miguel Cadilhe e choque da notícia da sua moderno e contemporâneo, um e de competências notável; em harmonia no máximo de Eurico de Melo. morte remete-nos quase homem com uma capacidade por outro lado, a componente tempo possível ao longo da vida. Mas a maior animosidade era com escandalosamente para de trabalho e de realização PÚBLICO, em que sempre vi uma E, quando tivermos de partir, Marcelo Rebelo de Sousa. “É um o lado de cá da vida, na absolutamente excepcionais. curiosa manifestação do vasto desejar serenamente deixar de entertainer político que se diverte Rcerteza porém de que, A defi nição que o próprio um leque de interesses do engenheiro estar antes de deixar de ser. Isto à custa dos desprazeres que provo- mais tarde ou mais cedo, será dia deu de “empreendedor” Belmiro de Azevedo. é, ver lucidamente a última etapa ca”, dizia. “O Marcelo é pluri-plu- a nossa vez. Esta vizinhança da assenta-lhe como uma luva — a Sei bem que as suas da vida.” ri. Tem dez respostas, todas boas, linha do fi m tolda as palavras, saber: “Um empreendedor é declarações, por vezes, Neste dia de triste despedida, para a mesma pergunta. Não sofre emudece a memória e é no denso uma pessoa que nunca acredita intempestivas ou a sua é-me especialmente grata a de pensamento único”, ironizava. e escuro silêncio das emoções na derrota. É uma pessoa que frontalidade eram amiúde lembrança de ter tido a ocasião Marcelo tinha sido o principal insti- que desfi lam algumas imagens e tem o vício de fazer coisas que desconcertantes, mas, hoje, vejo- de, em nome de Portugal, gador, em 1997, de um inquérito par- afl oram as recordações. nunca ninguém fez antes e faz as mais como manifestações de agraciar Belmiro de Azevedo com lamentar ao alegado favorecimen- Ao longo da minha vida isso um pouco por intuição, por impaciência de alguém que andou a Grã-Cruz da Ordem do Infante to de grupos económicos privados pública, tive algumas ocasiões ambição e por inspiração.” É este sempre um pouco à frente do seu D. Henrique, em cumprimento de pelo Estado e o então líder do PSD em que lidei de mais perto com o trinómio que, a meu ver, melhor tempo, de um homem movido um acto de justiça e de um dever avisara Belmiro de que “Portugal engenheiro Belmiro de Azevedo. defi ne o carácter radicalmente pela independência do ser, a de homenagem inteiramente não é o faroeste nem é dominado Recordo especialmente as duras inovador da vida empresarial de autonomia do querer e a vontade merecida. por máfi as”. Belmiro responderia negociações travadas aquando da Belmiro de Azevedo — ambição, de fazer. com contundência: “Tenho c construção do Colombo, era eu intuição e inspiração. A que Não sei se com o correr Ex-Presidente da República

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seguramente o direito de exprimir Não era essa escala de sucesso um juízo sobre um líder político que, porém, o levava a acomodar- que, desafi ando todas as probabili- se. Por essa altura, quando o país dades, acalenta o desejo de chegar entrava no entorpecimento que a primeiro-ministro: no meu crité- o levaria a registar um dos pio- rio, não serve para tal lugar, como res crescimentos económicos do não serve para qualquer outro que mundo, Belmiro lamentava que os recomende um mínimo de carácter portugueses fossem sedentários, e de sentido público. Di-lo-ei sem- viajassem pouco e se fi xassem nas pre que for necessário lembrá-lo. (.) actividades tradicionais sem abrir Aqui tem, professor Marcelo Rebelo novos horizontes. “As pessoas nas- de Sousa. Por mim, escusamos de cem, fazem xixi e morrem no mes- fi car por aqui: não me calo nem que mo lugar. Do ponto de vista da gi- Cristo desça à terra. E desengane-se: nástica intelectual é mau”, notava. dito por mim, isto quer dizer real- Ele, entretanto, cumpria na acção mente isso mesmo.” o que prometia por palavras. Nem Nesta animosidade contra a clas- os problemas de saúde que teve se política, só Mário Soares parecia (uma úlcera calosa e uma pancre- escapar. “A única pessoa que even- atite “daquelas que nunca se sabe tualmente pus no poder foi o Má- como acaba”) lhe detiveram a mar- rio Soares. Foi a única vez em que cha — embora nessa época tenha declarei por antecipação em quem pela primeira vez refl ectido sobre votava. Nunca mais fi z isso”, dizia. o problema da morte. “Tinha a mi- Mas não se vislumbra que Belmiro o tivesse feito por convicções ideoló- Nesta animosidade gicas. Ao menos, Soares partilhava da sua rebeldia. De resto, Belmiro contra a classe confessaria que o PSD fora o parti- do em que mais vezes votara, pelo política, só Mário menos até 1992. Defi nia-se como “um liberal com preocupações so- Soares parecia ciais” ou como “um social-demo- escapar. “A única crata moderno” que desprezava a ideia de solidariedade “no sentido pessoa que de dar” e gostava da ideia de criar emprego no quadro mais favorável eventualmente pus do capitalismo para “dignifi car a pessoa”. no poder foi o Mário Entre avanços e recuos, a Sonae continua a consolidar os seus focos Soares. Foi a única de negócios com investimentos so- vez em que declarei lenes como o Colombo, em Lisboa, alarga o retalho à moda ou aos elec- por antecipação em trodomésticos, torna-se o maior fa- bricante mundial de aglomerados de quem votava. Nunca madeira depois de comprar a alemã Glunz e em 1998 lança a Optimus — mais fiz isso” os estudos de mercado derrotaram nha vida toda organizada. É preciso a escolha de Belmiro de Azevedo, estar sempre preparado para qual- que preferia o nome Amigo. Pelo quer eventualidade, um acidente meio, acalentava a ideia de se tor- de viação, um acidente vascular”, nar “maior no Brasil do que em Por- diria mais tarde. Nesse momento, tugal”. Em 2000 o universo Sonae deixou cartas à família que perma- dividia-se por cinco pólos: indústria, necem secretas. com 39 unidades; turismo, com a Belmiro recuperou em força. Na Star, a Solplay e já com a Torralta; década passada, a Sonae evoluiu, imobiliário, com os shoppings; te- sempre nos eixos da destruição cria- lecomunicações com 17% quota de tiva que o gestor lhe impusera desde mercado com a Optimus, a Novis e a que lá chegara. Em 2006 Belmiro, Clix; distribuição: 350 lojas em Por- com o fi lho Paulo ao lado, anuncia tugal e no Brasil, onde era o terceiro ao país uma estratégia que ninguém maior operador, com vendas acima ousara sequer imaginar: uma oferta dos 850 milhões de contos. Tinha já pública de aquisição sobre a PT. A 60 mil trabalhadores. sorte dessa operação é conhecida.

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NELSON GARRIDO A sorte da PT e do seu principal usu- frutuário, o BES, também. Os seus estilhaços judiciais andam ainda no “Nem sempre ar a perturbar a vida pública. Co- mo diria Belmiro: “É verdade que ganhou, mas às vezes erramos e ‘estampamo-nos’ contra a parede. Mas não há nada nunca desistiu” que um bocado de tinta e uma ida ao bate-chapas não resolva. É me- lhor errar do que não decidir. Pelo menos aprende-se.” No caso da PT, mais evidente do que um eventual erro foi a aprendizagem. Após a OPA, o fantasma da su- cessão foi-se tornando nítido no grupo com o avanço da idade do “engenheiro”. Em 2001, ele avisa- Opinião ra que esse não era um problema. Francisco Pinto Balsemão “Falam-me muitas vezes do proble- ma da minha sucessão. Não há pro- elmiro de Azevedo foi blema nenhum. As coisas estão de um dos poucos grandes tal modo organizadas, que só pode empresários portugueses haver candidatos a mais”, dizia. Em das últimas décadas, com 2007, numa célebre cerimónia de visão, com horizontes apresentação de contas, deu a notí- Blargos, com capacidade cia: o seu sucessor seria o seu fi lho para ir e chegar mais longe. Paulo Azevedo. Não houve dramas. Na indústria como nas Para muitos analistas avisados so- telecomunicações, nos bre os dramas com as passagens de centros comerciais como nos testemunho nas empresas de raiz supermercados, na gestão familiar, a transmissão do poder na fi nanceira como na escolha Sonae foi exemplar. Paulo mudaria dos sócios portugueses ou o estilo e refi naria o rumo do grupo, estrangeiros, na independência mas sem perder o esteio do cres- perante o poder político como na cimento. No ano passado, a Sonae colocação das suas empresas em facturou 5,1 mil milhões de euros. bolsa, esteve sempre ou quase Belmiro de Azevedo continuou sempre um ou muitos passos à a estar perto da gestão do fi lho pe- frente. lo menos até 2015, quando se reti- Soube, além disso (ou rou em defi nitivo. Ocupava o seu para isso), escolher os seus velho gabinete na Maia, ao lado colaboradores, dar-lhes formação da fábrica que ainda conserva as e poder e até apoiá-los quando máquinas que instalou há mais de alguns quiseram singrar por conta meio século. Lia os jornais, anali- própria. E, no interior de cada sava relatórios de gestão, continu- empresa, conseguiu criar a mística ava a dar trabalho às secretárias, do “homem Sonae”. esforçava-se a fundo por seguir. Nem sempre ganhou, mas Empenhava-se em acompanhar a nunca desistiu e prosseguiu os Porto Business School, um dos seus seus objetivos com perseverança e projectos mais queridos. Mas não sem virar a cara. se fi cava por aí. “Tendo saúde, vou- Deixou o seu império bem me ocupar sobretudo do sector pri- organizado, permitindo que cada mário em Portugal, onde há falta de fi lho escolha o seu caminho, sem gestão e sobretudo de investimento que por isso a obra construída seja na fl oresta, agricultura e na pesca”, fragmentada e enfraquecida. dizia. Na prática, continuava impa- Vai-nos fazer falta. Pelo muito rável entre visitas aos campos de que fez. Pelo que ainda poderia nectarinas no vale da Vilariça ou ao ter feito. E também, no meu armazém de kiwis no Marco. caso pessoal, para boas e acesas Fazer era para ele uma forma discussões sobre um ou outro de viver. E viveu fazendo até aos tema em que não estávamos de limites. acordo.

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 11 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017)

Isto tem muito a e cinco ou seis pares há gente adulta que não deve ver com a minha de cada vez para não perder ser obrigada a ser reformada formação desportiva: muito tempo se for útil ganhar, perder, Expresso, 1999 RTP, 2004 receber e dar caneladas Neste país tem de sobrar Costumo dizer que a diferença Semanário Económico, 1987 alguém para produzir. entre o nascer e morrer é um Somos todos fi nanceiros ou fatinho e um par de sapatos. Não sou sentimental. internautas e, a dada altura, As pessoas esquecem-se Acusam-me até não há pão, não há milho, não disso. Mas não levam nada. de ser demasiado há móveis Os egípcios é que metiam nos abrasivo. Dei dois murros na PÚBLICO, 2001 túmulos muitas jóias tropa a um tipo porque ele me Diário Económico, 2005 tratou mal, e fi quei oito dias Ser rico para mim não é o em detenção importante. E ninguém me [A Sonae] sempre perdeu nos Expresso, 1991 maça com isso, a não ser o negócios que dependiam do poder político quando diz: Estado português Podemos ser agressivos uns esse tipo é tão rico, tem tanto Apresentação das contas da Sonae, 2007 com os outros na Sonae. poder, que até fala! Quando se é polido em Visão, 2001 Tenho fama de rico, excesso, corre-se o risco de a comportamento de pobre. Até hoje nunca dormi mal por mensagem não passar como Estou bem assim as acções da Sonae subirem Visão, 2010 deve. Um grau correcto de ou descerem. Não devia dizê- pressão é importante. Não lo, mas estou-me um bocado Levanto-me entre as 5h15 e conheço ninguém que tenha nas tintas as 6h30. Leio o jornal, faço o batido recordes no treino Visão, 2001 café. E às 7h30 saio de casa. Financial Times O QUE DISSE BELMIRO... , 1994 Vou ao health club e faço 100 Tenho pouco jeito para a minutos de exercício físico Há uma questão de natureza política. Sou muito frontal, PÚBLICO, 2013 pessoal que me impede de ir não tenho a componente para a política. É que eu gosto artística, teatral, às vezes Tenho muito respeito pelos de decidir depressa e poderia circense, não dá mais de 700 mil funcionários ter problemas de excesso de PÚBLICO e Renascença, 2002 públicos, mas sei que há talvez velocidade uns 200 mil a mais Expresso, 1999 A reforma não tem que ver PÚBLICO, 2015 Compro os sapatos há 30 anos com a idade. Há gente jovem no mesmo sítio, pelo telefone, que já devia estar reformada,

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 12 de 19 Foi um homem de vida uma pessoa que me marcou A Sonae criou um estilo de austera, hábitos simples, profi ssional e pessoalmente. gestão único dando grande importância à Foi talvez a pessoa que eu mais António Pires de Lima, ex-ministro da Economia vida em família. E sempre fi el admirei ao longo das últimas às suas amizades de sempre. três décadas de vida do país Era o sócio 1714 [do FC Porto] há mais de 50 anos. […] Teve O país perdeu um dos seus António Lobo Xavier, advogado e político melhores a curiosidade de, de 1969 a 1971, sob a presidência de Artur Santos Silva, chairman do BPI Conheci-o durante décadas. Afonso Pinto de Magalhães, E lidei com ele algumas ter sido meu colega de Era um grande empresário, vezes. Considero que foi o direcção. Durante três anos, um homem de visão e de empresário com a visão mais semanalmente, sentávamo-nos acção, corajoso, num país que inovadora e moderna de lado a lado tantas vezes maltrata quem economia portuguesa é desassombrado, quem Jorge Coelho, ex-ministro das Obras Públicas Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto tem espírito de iniciativa e capacidade empreendedora É um exemplo para todos os Vai fi car na história da Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente do empresários, que procurou economia portuguesa e no grupo Jerónimo Martins trabalho e procurou dar mundo empresarial português. trabalho. Um grande criador É uma perda grande para o Difi cilmente algum empresário Rui Nabeiro, empresário país português discordará que Luís Valente de Oliveira, perdemos o maior empresário Foi um homem grande que político e académico português no pós-25 de Abril soube sempre seleccionar os Foi uma das maiores Daniel Bessa, ex-ministro da Economia melhores e a quem sempre referências da minha vida. proporcionou oportunidades Tinha por ele profunda Foi o maior empresário de crescimento profi ssional admiração e apreço. Foi português que conheci. Na difíceis de igualar uma das grandes fi guras do história económica portuguesa Manuel Ferreira de Oliveira, ex-presidente da Galp Portugal dos nossos dias ...E O QUE DIZEM SOBRE ELE ele é a primeira fi gura Faria de Oliveira, presidente da Associação capaz de ser um Se a OPA da Sonae à PT tivesse Portuguesa de Bancos grande empresário a vingado, não tínhamos tido as nível mundial angústias que estamos a ter Tinha o condão de chamar as Miguel Cadilhe, ex-ministro das com o que se passou na PT Finanças coisas pelos nomes e de por o Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e da Energia dedo na ferida mas, sobretudo, Tenho um desgosto recordo-o como um grande de amigo, de pessoa Teve um enorme mérito, não amigo, empresário e como um próxima, e uma só de fazer crescer o seu grupo, criador de riqueza saudade imensa de mas de o profi ssionalizar. António Saraiva, presidente da CIP

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 13 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017)

O legado empresarial que Belmiro deixa no império Sonae

O grupo está presente em 90 países espalhados por todo o mundo, com negócios cada vez mais diversifi cados. E com vendas de seis mil milhões e mais de 60 mil colaboradores

se consolida pelo método da equiva- ções, e mais recentemente na cria- tado conseguido pela concorrência gias, entre outros. Mais recentemen- Rosa Soares lência patrimonial, ou seja, os resul- ção de marcas próprias, o grupo está de preços, mas também pela alian- te, o grupo entrou na saúde (Well’s), tados operacionais e líquidos. E fá-lo actualmente presente em 90 países, ça com fornecedores nacionais. Nos na comida saudável (Go Natural) e, elmiro de Azevedo dizia com na Sonaecom, que também controla em vários continentes. produtos perecíveis (fruta, legumes, já este ano, na estética, através das alguma regularidade que os activos do grupo nas áreas de tec- Mesmo que a presença em alguns carne e leite), a componente nacional clínicas Dr. Well’s. gostava mais de carregar no nologia e media, com empresas que desses países seja modesta, especial- representa mais de 80% das vendas. O comércio electrónico é uma acelerador do que no travão, vão desde o PÚBLICO até à WeDo, a mente no caso do vestuário e moda, a Nos centros comerciais, a Sonae aposta que já leva alguns anos, e referindo-se à condução dos Saphety ou a Bizdirect. aposta na internacionalização é uma Sierra marcou presença na Europa, que segundo o grupo continua a Bnegócios. E foi carregando Os três ramos centrais de negócios estratégia irreversível. Portugal era no Brasil, na Rússia e Norte de África, crescer, apesar de não ser revela- no acelerador (investimento/dívida) sob a marca Sonae empregam mais pequeno para a Sonae, dizia Belmiro, e a novidade deste ano foi o início do o volume de vendas. A forma que construiu um grupo com um vo- de 60 mil colaboradores, o que lhe há uns anos, e continua a ser peque- de construção de uma unidade na de fazer negócio é diferente, mais lume de negócios que supera os 5,3 dá o estatuto de maior empregador no para a nova geração que assumiu Colômbia. leve (menor investimento e maior mil milhões de euros anuais, só na privado português. a liderança dos negócios. O mercado nacional é pequeno, partilha de controlo) e em no- Sonae SGPS (2016). Tudo começou na indústria, na A distribuição ainda continua a mas o investimento em Portugal vos formatos, como o franchising. Mas este número sobe em mais qual a Sonae chegou a ser a maior ser “a caixa registadora” do grupo, continua forte e é aqui que tem lan- Já a Sonae Indústria chegou a líder 400 milhões de euros, se incluirmos multinacional portuguesa, actu- respondendo por 67% do volume de çado novos negócios, que depois mundial na produção de aglomera- a Sonae Indústria e a Sonae Capital e almente com uma dimensão mais negócios e 46% dos resultados ope- de consolidados são exportados. É dos de madeira, mas a crise interna- ainda um pouco mais, se se tiver em reduzida. Mas foi no comércio que racionais. exemplo disso a aposta no segmento cional forçou o seu emagrecimento. conta o negócio das telecomunica- ganhou projecção e dinheiro. Nos hi- A Modelo Continente, agora com da informática e electrodomésticos Em 2016 fez uma parceria estratégi- ções, da participada Nos. Este negó- permercados primeiro, depois nos novos formatos de negócio, é líder da (Worten), no desporto (Sport Zone) ca com o gigante Inversiones Arauco cio, no qual a Sonae detém 23%, só centros comerciais e telecomunica- distribuição em Portugal, um resul- na moda (Mo e Zippy), nas tecnolo- Internacional, para as operações de Vida e obra de meio século à frente da Sonae

1938 Investigação e Desenvolvimento. Portugal. Pinto Magalhães vai a Sonae Investimentos, SGPS. a dominar o grupo, com a maioria Belmiro Mendes de Azevedo Começa então a recuperação da para o Brasil e a Sonae vive sob Belmiro vai reforçando a sua do capital, e passa a presidente nasce em Marco de Canavezes, a empresa produtora de painéis instabilidade. posição no grupo, que entra executivo. 17 de Fevereiro. derivados de madeira criada em depois no mercado de capitais. 1959. 1978 1987 1963 Trabalhadores da Sonae fazem 1985 Este é o ano em que são lançadas Termina a licenciatura em 1973 greve contra o controlo da Abre o primeiro hipermercado ofertas públicas de venda (OPV) Engenharia Química Industrial, Belmiro de Azevedo parte para empresa por parte do Estado, a em Portugal, o Continente, sobre sete das empresas da na Faculdade de Engenharia da os Estados Unidos, onde irá chamada “greve ao contrário”. A em Matosinhos, no âmbito da Sonae e que o próprio grupo Universidade do Porto (FEUP). fazer um curso de Management empresa continua privada. criação da Sonae Distribuição, caracteriza hoje como “um acto Development, equivalente a uma uma joint-venture entre a disruptivo para tirar partido 1965 pós-graduação em Gestão. 1982 Sonae e a francesa Promodés. do quadro de incentivos à No início do ano, com 26 anos, Pinto de Magalhães regressa Este é também o ano em que dinamização do mercado de entra para a Sonae (Sociedade 1974 do Brasil e oferece uma fatia do Belmiro de Azevedo apresenta capitais que surpreendeu Nacional de Aglomerados e Ano do 25 de Abril, com a capital da empresa a Belmiro de um documento histórico e positivamente o mercado”. Com Estratificados), de Afonso Pinto queda do Estado Novo e início Azevedo. Acabaria por falecer intemporal: O Homem Sonae. É isso ganha o financiamento de Magalhães, como director de do sistema democrático em em 1983, ano em que é criada ainda em 1985 que Belmiro passa necessário para crescer e apostar

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 14 de 19

LUSA A distribuição continua a ser “a caixa registadora” do grupo: vale 67% do volume de negócios

“Desde os bancos do liceu, foi o mesmo”

fóruns internacionais, de Davos aproveitar os pequenos impulsos riqueza que criou, acho que é este ao World Business Council for favoráveis, mas sempre se valeu o exemplo que devemos reter do Sustainable Development, o mais de si próprio do que de modo como o Belmiro encarou a interventor impiedoso fazendo benesses ou favores de terceiros. vida. opinião com raro desassombro, “Nunca estive zangado com E partilhar com ele o orgulho o responsável pelo lançamento a vida”, escreveu Belmiro no que deve ter sentido, muitas Opinião de um jornal diário de referência posfácio do livro de Magalhães vezes, quando alcançou os Rui Vilar e o criador da fórmula sábia da Pinto Belmiro — História de uma seus objectivos. Como quando simpatia que são os encontros de Vida. Nas vitórias e nas derrotas, obrigou o príncipe Filipe, nem com muita mágoa que vejo Setembro a que chamou “Espírito nos bons e maus momentos, sempre um caso de simpatia, a partir o Belmiro Azevedo. do Douro”? optou sempre por lutar, avançar, reconhecer que foi necessário um Conhecemo-nos há muito Quem diria? Podia dizer. arriscar e inovar. É um belo empresário português para criar tempo, precisamente nos Porque, desde os bancos do exemplo de atitude. Mais do que a postos de trabalho em Liverpool, primeiros dias de Outubro liceu, o Belmiro foi o mesmo: uma como aconteceu em Julho de painéis derivados de madeira e acti- Éde 1949, quando nos combinação única do valor do 2000, quando inaugurou a Sonae vidades relacionadas, que a Sonae sentámos nas carteiras da frente trabalho, do estudo, da vontade Costuma dizer-se Knowsley, em Merseyside. Indústria actualmente detém na Eu- da turma D do primeiro ano do e da capacidade de arriscar. Deixa um grande grupo ropa e África do Sul. De fora fi caram Liceu Alexandre Herculano, no Construiu-se a si próprio e foi um que não há empresarial virado para o futuro. as operações da localizadas na Amé- Porto. construtor do futuro. Soube educar e preparar os seus rica do Norte (Tafi sa Canadá), bem Continuámos no mesmo liceu E, tal como jogava futebol nos pessoas fi lhos para continuarem a sua como os negócios de laminados e de até que a ida para a universidade intervalos das aulas, dava e deu insubstituíveis. obra, tal como formou excelentes componentes, que continuam a ser me levou para Coimbra, enquanto bastantes caneladas. profi ssionais que com ele detidos na totalidade pela Sonae In- o Belmiro fi cou no Porto na Também as levou, sempre É verdade, aprenderam o valor do rigor e da dústria. Depois de vários anos a acu- Faculdade de Engenharia. desportivamente. E marcou exigência. mular prejuízos, obrigando mesmo Hoje, quando revejo o fi lme muitos golos. Muitos mais que os mas algumas fazem Deixa igualmente uma fundação Belmiro a regressar à gestão execu- da vida do Belmiro, tudo parece seus competidores. com o seu nome, que realiza já tiva em 2012, a empresa apresenta certo e coerente com os primeiros Há quem deva muito do que é a muita falta. um assinalável trabalho na área da lucros há vários trimestres. sinais. circunstâncias exteriores. Não é o O Belmiro é uma educação. A Sonae Capital concentra os seus Quem diria que o Belmiro caso do Belmiro. Teoricamente, as Costuma dizer-se que não há negócios nos resorts (Tróia), na ho- iria ser o maior e mais inovador circunstâncias eram-lhe adversas. delas pessoas insubstituíveis. É verdade, telaria, no fi tness, na energia, e na empresário português da Venceu-as várias vezes, superando mas algumas fazem muita falta. O refrigeração e AVAC (Aquecimento, segunda metade do século XX, o que teria sido a trajectória Belmiro é uma delas. Ventilação e Ar Condicionado). com direito a estar nas listas dos de vida mais provável para um maiores da Forbes ou da Fortune, fi lho de uma família numerosa e Presidente do conselho de [email protected] o participante activo em vários humilde, de um meio rural. Soube administração da CGD

em novas áreas de negócio. Colombo, o maior da Península aquisição (OPA) sobre a Portugal 2013 Ibérica. Em 1999, começa a Telecom (PT), movimento É anunciada a fusão da Zon 1989 internacionalização deste marcante mas que acaba por (empresa de cabo que saiu da Depois do turismo e das negócio. ser travado pelo núcleo duro de esfera da PT após a OPA) com a tecnologias, dá-se a entrada no accionistas da PT, com destaque Optimus, surgindo a operadora sector imobiliário, com a Sonae 1998 para o Banco Espírito Santo, de telecomunicações Nos, cujo Imobiliária. No ano seguinte, Entrada nas telecomunicações, liderado por Ricardo Salgado controlo é dividido entre a Sonae seria a vez de ser lançado o jornal após ter ficado de fora do e o Estado (via Caixa Geral de e Isabel dos Santos. PÚBLICO. processo em 1991, com o Depósitos). lançamento da Optimus, 2015 1995 disputando o mercado com as 2007 Belmiro de Azevedo afasta-se Ano de entrada no retalho duas operadoras que existiam Belmiro de Azevedo passa a dos negócios, e Paulo Azevedo especializado, com a criação da então, a Telecel/Vodafone e a liderança do grupo a Paulo de acumula a função de co- Worten. TMN, da PT. Azevedo, um dos seus três filhos, presidente executivo da Sonae e ocupa cadeira de chairman da com as de chairman da Sonae 1997 2006 Sonae SGPS. Indústria e da Sonae Capital. Luís Inauguração do Centro Comercial Lançamento da oferta pública de Villalobos

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 15 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017)

Não foi apenas uma Essencial e frontal, nas rosas “peninha no chapéu” e nos espinhos

muito coloquial, e confesso irrecusável. O estado-maior da demissões, momentos de que um dos aspectos que me Sonae, com Belmiro à frente, iria tensão. Mas mesmo nestes, surpreendeu foi a informalidade encontrar-se comigo e os outros quando tudo parecia ameaçar e a disponibilidade com que jornalistas “conspiradores” em ruir, foi importante a atitude Belmiro se apresentou, vestido instalações do grupo em Lisboa de frontalidade que Belmiro desportivamente com um blusão e a questão que me seria posta de Azevedo sempre assumiu, Opinião de cabedal e aparentemente era, simplesmente, esta: ou eu Opinião mostrando o que pensava e Vicente Jorge Silva insensível ao nervosismo que alinhava defi nitivamente com Nuno Pacheco queria, mesmo quando esse rodeava os seus colaboradores o projecto ou este acabaria ali pensamento e esse querer os primeiros tempos num dia em que a Sonae passava mesmo. Quando dias mais tarde ste jornal que agora lê, colidiam com os dos seus — já lá vão quase três por algumas complicações na comuniquei a minha decisão a seja por que meio ou interlocutores. E isso, de alguma décadas —, Belmiro de bolsa. Francisco Balsemão, proprietário plataforma, não teria forma, ajudou a que o caminho Azevedo costumava Mas seguiu-se um problema: do Expresso, ele perguntou- existido se não fosse fosse sempre em frente (mesmo gracejar sobre o que o depois desse primeiro passo, eu me: “Era irresistível?” Era a soma, voluntária e quando as decisões eram mais NPÚBLICO signifi cava para fui assaltado pelas hesitações efectivamente irresistível. Evoluntariosa, de dois questionadas ou questionáveis) e ele, dizendo: “É uma peninha no derivadas dos fortes laços Seguiu-se então o tempo factores: um grupo de jornalistas não às arrecuas ou na suave, mas chapéu.” No dele, embora não o afectivos que mantinha com tempestuoso da gestação do desejoso de fazer um diário inútil, modorra das indecisões. usasse, e no da Sonae, a empresa o Expresso, onde passara os jornal, com sucessivos problemas aberto às grandes mudanças que Esse seu espírito frontal, às vezes que foi desenvolvendo com técnicos e logísticos que nos abalavam o mundo em fi nais truculento, foi essencial para a notável sentido estratégico e com levaram a adiar o lançamento dos anos 1980; e a disposição manutenção das relações internas a qual o seu nome se confundiu. Para sempre, caro de Janeiro de 1990 para Março de um grupo empresarial numa base saudável, sobretudo Mas a verdade é que a aventura do seguinte, motivando uma maldosa para garantir viabilidade a tal nos momentos de desacordo. PÚBLICO foi muito mais do que amigo. O nosso “charge” de Miguel Esteves projecto. O grupo empresarial isso para Belmiro, essa “peninha” PÚBLICO não Cardoso no Independente, em foi a Sonae, mas, infl uenciando-a de vaidade por ser dono do que a maqueta do PÚBLICO era decisivamente, esteve a vontade Belmiro de Azevedo jornal diário de referência mais foi apenas uma transfi gurada no... BONECO. Mas do seu presidente, Belmiro de infl uente e respeitado do país. Foi senti que, embora “amparados” Azevedo. E essa vontade não foi capaz, honrando o sentido cívico que essa aposta “peninha no chapéu” por Moreira da Silva, nunca nos nasceu de um simples capricho, comportava num tempo em que a faltou o apoio e solidariedade mas da ideia, clara para todos a sua palavra, grande maioria dos empresários de Belmiro (ou o tio Bel, como nós, de que este era um caminho de manter um jornal olhava para a imprensa como um Quando tomei alguns de nós carinhosamente que obrigatoriamente teríamos mero eco propagandístico do seu lhe chamávamos). O PÚBLICO de fazer, porque algo de muito independente poder. Foi a capacidade de resistir a iniciativa de pôde então ir trilhando o seu forte a isso nos impelia, sendo à tentação de instrumentalizar caminho e afi rmar aquilo que o essa união selada numa espécie quando tantos o jornal porque compreendeu ir ao Porto para tornara necessário: um jornal de “magna carta” difundida fazem precisamente que este só seria credível e convencê-lo a diário sintonizado com o seu publicamente (caso raro na respeitado se fosse genuinamente tempo, o ritmo do país e do imprensa portuguesa), em que se o contrário independente. financiar o projecto mundo, antecipando a chegada da estabeleciam não só os princípios Quando tomei a iniciativa Internet. e objectivos do jornal como se de ir ao Porto para convencê- já sabia (...)que ele Recordo este período do delimitavam as obrigações e Porque, nas rosas ou nos lo a fi nanciar o projecto já nascimento deste jornal porque papéis de ambas as partes. Sem espinhos, sabia-se sempre o que sabia, obviamente, através de estaria em princípio foi aquele em que me senti tal “casamento” — repete-se, ele pensava e queria. contactos comuns, que ele mais próximo e cúmplice de voluntário e voluntarioso — não Se há homenagem que lhe deve estaria em princípio disponível disponível Belmiro de Azevedo. Tivemos as teria havido PÚBLICO. Como ser feita, por quem esteve do para responder positivamente nossas divergências posteriores, não teria continuado, caso os lado do grupo de jornalistas que ao desafi o. E a verdade é que, de incluindo aquelas que me levaram princípios ali estabelecidos fossem com ele deu vida ao PÚBLICO, todos os empresários do país, últimos 15 anos da minha vida a deixar a direcção do PÚBLICO, desvirtuados de forma irreversível ela assenta no reconhecimento nenhum outro me oferecia - e a e me dera grandes alegrias mas o que agora me dói foi não por qualquer das partes. de que ele foi capaz, honrando toda a equipa que “conspirava” profi ssionais. Decorreram longas termos voltado a encontrar-nos Foram estimulantes e febris as a sua palavra, de manter um comigo dentro da redacção semanas muito sofridas até antes de ele partir. Por acaso, reuniões do início com ele, no jornal independente quando do Expresso - as garantias de que Carlos Moreira da Silva, o ainda há dias pensara nisso, mas Porto, quando tudo era ainda tantos fazem precisamente o confi ança, frontalidade, ousadia incansável “agente de ligação” cheguei tarde. tão novo. Houve depois, claro, contrário. Por isso lhe cabem, e compreensão da natureza de entre Belmiro e o futuro grupo Para sempre, caro amigo. O neste percurso de décadas, neste momento, as muitas rosas um projecto jornalístico inovador. dos fundadores do PÚBLICO, me nosso PÚBLICO não foi apenas desentendimentos, desacordos, do início, aquelas que ele ajudou A reunião foi frutuosa, franca, fez um ultimato amistoso mas uma “peninha no chapéu”. choques de intenções e ideias, a fl orir.

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 16 de 19 O que agora me dói foi não termos voltado a encontrar-nos antes de ele [Belmiro de Azevedo] partir

Vicente Jorge Silva Primeiro director do PÚBLICO O pacto de Belmiro de Azevedo com o PÚBLICO

A 5 de Março de 1990, com o lançamento deste jornal, era publicado o “Pacto do Público”, reflectindo o acordo a que chegaram a direcção editorial e a administração do jornal

á precisamente um ano, culturais que têm separado o credibilidade e prestígio a identificação com um código jornalística, além de atribuir o grupo de jornalistas país de si mesmo, afastando-o públicos indispensáveis ao seu deontológico de independência à direcção, composta por Hfundadores do PÚBLICO de um diálogo fecundo e sucesso editorial e empresarial. e escrúpulo profissional que, três elementos da direcção estabeleceu um pacto quotidiano com as grandes Pelo contrário, constituiria tal como têm demonstrado ao editorial e dois da direcção com o grupo económico, transformações que atravessam um empreendimento longo das suas carreiras, não administrativa e comercial, a Sonae, que decidira o mundo contemporâneo. condenado à partida, sujeito à se compadece com qualquer uma responsabilização financiar e apoiar, com meios Os media são hoje, nas rejeição da opinião pública e espécie de servilismo. permanente pela resolução tecnológicos e de gestão modernas sociedades arrastando para o descrédito São simétricas as opções de todo o tipo de problemas empresarial, um projecto de democráticas, uma área em quer a imagem do grupo que nos conduziram a este perante o mercado e os características inovadoras na expansão crescente, um sector empresarial, quer a reputação encontro e ao pacto que accionistas. Estamos imprensa portuguesa. Foi a extremamente dinâmico dos profissionais da imprensa, hoje celebramos. Entre nós, conscientes, porém, de que primeira iniciativa formal de em que se configuram as convertidos em ”yes men” e as razões de associação são este modelo é contranatura, uma associação inédita de novas realidades culturais e “vozes do dono”. Disso estão claras e as regras do jogo se a propriedade da vontades que se encontravam empresariais desta época de definitivamente conscientes perfeitamente transparentes. empresa estiver largamente para erguer este jornal. viragem. A integração activa a Sonae e os jornalistas que Esta situação reflecte-se, concentrada num único Quisemos que o testemunho nesse movimento global conceberam este projecto. nomeadamente, na participação accionista. Por outro lado, quer de confiança mútua num não podia, por isso, deixar De qualquer modo, não é do grupo de jornalistas o risco financeiro do projecto, projecto jornalístico de colocar-se à Sonae. Mas, fortuito nem ocasional que responsáveis pela concepção quer a sensibilidade de um independente e moderno também por isso, a Sonae os jornalistas que animaram a de PÚBLICO no capital social jornal detido essencialmente fosse transparente e público. não confunde o seu interesse criação de PÚBLICO tenham da empresa editora do jornal. por um grupo económico Ei-lo. estratégico nesta área com encontrado na Sonae o Entretanto, a nossa associação da dimensão da Sonae o equívoco fatal de encarar interlocutor mais receptivo, ultrapassa as fronteiras de aconselham, por princípio, PÚBLICO é o lugar de os media como instrumentos decidido e empenhado em um jornal diário: ela estende- a distribuição do capital por encontro entre um grupo de propaganda de outras apoiar o projecto. Do mesmo se à reflexão conjunta sobre mais accionistas. de jornalistas e um grupo actividades ou interesses do modo, se a Sonae aceitou como a estratégia multimedia da Mas a conveniência empresarial, a Sonae, tendo grupo. Um projecto jornalístico interlocutores este grupo de Sonae, assegurando assim objectiva da abertura do em vista um objectivo comum: que não se afirme por si jornalistas foi exactamente critérios básicos de harmonia capital de PÚBLICO a outros a criação em Portugal de um mesmo, em condições de porque reconheceu neles, e coerência entre as diferentes accionistas contempla jornal diário que, através de indiscutível independência, para além da capacidade de actividades desse sector. também um dos princípios uma aposta inovadora no não reúne os factores de gerar um produto de sucesso, Mas, para nós, não basta ser. essenciais que definem plano editorial e tecnológico, LUIS VASCONCELOS/LUSA No universo das aparências o espírito deste projecto reúna as energias necessárias em que frequentemente se jornalístico e as linhas mestras para responder ao desafio de movem os media, é também da sua concepção. Esse uma informação moderna e de preciso parecer. A preocupação princípio é o de responder qualidade no espaço europeu. mútua em eliminar qualquer positivamente às estratégias PÚBLICO não existiria foco de suspeição que multimedia que se afirmam sem o projecto editorial dos minasse a confiança do na Europa, tendo em vista jornalistas que o conceberam público e suscitasse perigosas o horizonte de 1993, e ao e sem os meios financeiros, ambiguidades levou-nos a criar processo actualmente em tecnológicos e de gestão uma estrutura empresarial curso de aproximação entre empresarial com que a que garante, desde logo, a órgãos de imprensa de vários Sonae nele participa. Por autonomia da gestão face a países europeus que partilhem isso, os protagonistas deste quaisquer interesses pontuais de uma filosofia idêntica de encontro reconhecem- dos accionistas. A empresa informação. Para nós, todas se mutuamente como editora do PÚBLICO adoptará as relações e contributos parceiros complementares e um modelo institucional enriquecedores para a criação indissociáveis num projecto inédito na nossa imprensa e de um grande jornal diário de de renovação dos media que se traduz na existência de referência e expansão nacional portugueses, para o qual um conselho geral e de uma em Portugal projectam-se, é essencial a existência direcção. desde já, numa escala e de um jornal diário de Entre os dois modelos de numa vocação europeias, efectiva expansão nacional, órgãos sociais previstos na lei em sintonia dinâmica com a ultrapassando as fronteiras portuguesa, é este o que melhor própria condição portuguesa geográficas e os bloqueios garante a independência numa Europa sem fronteiras.

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 17 de 19 DESTAQUE BELMIRO DE AZEVEDO (1938-2017)

O empresário que também olhava para o mundo

O último contributo de Belmiro de Azevedo foi um think tank sobre educação, com o qual propunha investigação científi ca sobre o sector. Na cultura, o seu contributo sentiu-se nas grandes instituições artísticas do Porto

bilidade social, concretizado desde foi reitor da universidade portuense) e sistematizar um conjunto de indi- diversas áreas. Foi criada em 1991 e Samuel Silva os anos 1990 através da Fundação para concretizar esta sua intenção. cadores/métricas explanatórias que mantém acções na cultura e nas artes Belmiro de Azevedo. Com eles constituía um conselho permita o conhecimento da situa- e também no voluntariado e solida- odemos melhorar, ter “A sua proposta central era a de consultivo que acompanhava as vá- ção actual, tendências de evolução riedade social. políticas económicas que a tomada de decisões na educa- rias acções que o think tank tem lan- e principais dinâmicas estruturais mais racionais, mas ção devia ser baseada em evidências çado e que começarão a ter os seus do sistema de ensino português”, Prémios escolares pouco se alterará se científi cas, ultrapassando o ruído e as frutos mais visíveis ao longo do pró- lê-se no texto de apresentação do O think tank não foi sequer a primei- não mudarmos o pa- opiniões pouco fundamentadas que ximo ano. projecto. ra incursão da Fundação Belmiro de “Pradigma da educação às vezes ocupam espaço na opinião Para cumprir o objectivo do seu “A ideia é sempre a mesma: de que Azevedo no território da educação. e o modelo de aprendizagem.” Com pública”, explica a antiga ministra da fundador, o Edulog encomendou só se conseguem melhorar resultados Em 2008, a instituição criou o Co- esta frase, Belmiro de Azevedo sinte- Educação Isabel Alçada, que era um estudos para melhor conhecer o se as decisões tiverem por base estu- légio Efanor, um estabelecimento tizava a forma como via na educação dos elementos do conselho consulti- sector da Educação em Portugal. O dos e investigação”, prossegue Isabel de ensino privado sediado em Ma- a peça fundamental para construir vo do think tank criado em 2016. primeiro — sobre a imagem pública Alçada. A escritora não tem dúvidas tosinhos, nas instalações da empre- as mudanças de que o país precisa- Belmiro de Azevedo rodeou-se de dos professores — foi apresentado de que este trabalho “terá continui- sa têxtil Efanor, onde o empresário va. Uma alteração que devia colocar outros ex-governantes (como o anti- este ano e há outros em execução dade” depois da morte de Belmiro começou a sua vida profi ssional em em diálogo políticos, empresários, go ministro da Educação David Jus- sobre administração educativa ou o de Azevedo e que será uma das mar- 1963. A escola tem hoje alunos desde académicos e toda a sociedade. Era tino, que também foi presidente do impacto do professor na aprendiza- cas do legado do empresário fora do os níveis de berçário, creche e pré- preciso “criar uma consciência co- Conselho Nacional de Educação nos gem do aluno. mundo dos negócios. “As fundações escolar. No ensino básico tem turmas lectiva”, dizia. últimos anos, ou João Filipe Queiró, O Edulog também apoiou recente- criam-se para fazer perdurar os valo- do 1.º ao 3.º ciclos. Estas ideias — concretizadas num secretário de Estado do Ensino Supe- mente a criação do Observatório de res defendidos pelos seus fundado- A fundação também atribui todos manifesto de sete páginas que Belmi- rior no anterior Governo) e académi- Educação, num consórcio liderado res para além da sua acção directa.” os anos prémios escolares aos fi lhos ro de Azevedo escreveu em Fevereiro cos ( José Novais Barbosa, catedráti- pelo Centro de Investigação de Po- O Edulog tornou-se um projecto dos trabalhadores das empresas do de 2014 — foram a semente do que co da Faculdade de Engenharia da líticas do Ensino Superior e do qual fundamental da acção fi lantrópica de grupo Sonae com bom desempe- viria a ser o Edulog, o think tank lan- Universidade do Porto que preside fazem parte grupos de investigação antigo homem-forte da Sonae, mas nho académico, que frequentem çado no ano passado e que se tornou ao parque de ciência e tecnologia da que juntam diferentes universidades a Fundação Belmiro de Azevedo já o 2.º e 3.º ciclos (com notas iguais central do seu trabalho de responsa- instituição, ou Alberto Amaral, que portuguesas. A intenção é “defi nir tinha longos anos de trabalho em ou superiores a 4 valores) e o en-

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 18 de 19 Isabel Alçada não tem dúvidas de que este trabalho “terá continuidade” depois da morte de Belmiro de Azevedo e que será uma das marcas do legado do empresário fora do mundo dos negócios

NELSON GARRIDO NELSON GARRIDO É tão grande o seu legado que não cabe numa folha

percebeu muito cedo a importância da cooperação entre empresas e instituições do ensino superior em projectos de investigação, desenvolvimento e inovação. Opinião Depois, já como professor Sebastião Feyo da Universidade do Porto, tive de Azevedo vários contactos com ele. Foi a Faculdade de Engenharia que onheci o engenheiro propôs o seu doutoramento PAULO PIMENTA Belmiro de Azevedo Honoris causa pela Universidade ainda eu era estudante. do Porto, em 2008, ainda antes Em 1971, ele foi uma de eu me ter tornado director. das pessoas que, Na Porto Business School Csob coordenação do deixou uma marca muito forte professor Rodrigo Guedes de no seu desenho actual, já que foi Carvalho, criaram o Centro ele quem lhe deu direcção e um de Ligação da Indústria à modelo que fi ca. Faculdade de Engenharia Foi também graças à sua (CLIFE), com a qual se deram visão estratégica que a Sonae os primeiros passos na relação se tornou um dos principais da academia com o tecido parceiros da Universidade do industrial. Porto em actividades de I&D+i, Eu era aluno do último ano designadamente no centro de de Engenharia Química, o inovação do UPTEC, o nosso curso que Belmiro de Azevedo parque de ciência e tecnologia. também tinha completado oito É tão grande o legado anos antes, e fui o escolhido do engenheiro Belmiro de para fazer o trabalho que o Azevedo que não cabe numa sino secundário (médias superio- A Educação sempre foi lembrou o antigo dirigente da Sonae próprio engenheiro Belmiro de folha. Encontrei as mesmas res a 14). Os alunos que entrem no fundamental para Belmiro de como uma pessoa “com uma notável Azevedo propôs. características de visão e ensino superior com média igual Azevedo, na qual se envolveu a capacidade de trabalho, [que] soube Fui trabalhar para a Sicomol, liderança que tinha conhecido ou superior a 14 valores também partir da sua fundação. Foi ainda compatibilizar a sua dedicação aos uma empresa sediada na em 1971 continuamente ao longo recebem uma bolsa de estudo. um dos fundadores da Porto negócios com o interesse pelas áreas Figueira da Foz [e que hoje destes diversos momentos. “O interesse de Belmiro de Aze- Business School. Na Cultura, da cultura, da educação, das artes pertence ao universo Sonae], Em todas as instituições, vedo na educação não começou há esteve, por exemplo, na génese e da solidariedade, que expressou que produzia ágar-ágar a partir foi clara a forma como ele pouco tempo”, sublinha o presidente da Casa da Música através da constituição da fundação de algas. Nessa altura tive uma sempre viu a evolução da do conselho consultivo do Edulog, com o seu nome, em 1991”. relação muito intensa com ele. indústria e a estratégia para o Alberto Amaral, que foi reitor da Uni- bra o empresário como “um homem Belmiro de Azevedo esteve na gé- Ele era o co-orientador do meu desenvolvimento económico de versidade do Porto entre 1985 e 1998. com uma impressionante visão de fu- nese da Fundação Casa da Música, projecto e tínhamos reuniões Portugal. Nesse tempo, Belmiro de Azevedo turo, defensor da necessidade cons- como sublinhava ontem o conselho muito frequentes. Já então, há O engenheiro Belmiro de “deu uma grande ajuda à universi- tante de mudança e melhoria”. de fundadores da instituição num co- 46 anos, conheci um homem Azevedo deu, de resto, um dade, nomeadamente na criação da A sua relação intensa com a Uni- municado em que lamentava a sua com uma visão muito clara e contributo imenso para o escola de negócios”, recorda. versidade do Porto também é su- morte. A Sonae era uma das fun- grande determinação. Era um desenvolvimento de Portugal, Belmiro de Azevedo foi um dos blinhada pelo reitor da instituição, dadoras daquela instituição — que líder. pertencendo a um grupo fundadores do que é hoje a Porto Sebastião Feyo de Azevedo, num de- chegou a ter Nuno de Azevedo, um A actividade do CLIFE foi muito restrito que fez a Business School, em 1988, e presi- poimento enviado ao PÚBLICO (ver dos fi lhos do empresário, como ad- desenvolvida entre 1971 e diferença no país. Deixou uma diu ao conselho de administração e texto ao lado). ministrador delegado. 1974, quando a relação entre estrutura muito sólida, que ao conselho geral de supervisão. Foi A acção do empresário estendia- A Sonae é actualmente mecenas universidades e empresas continuará a contribuir para o também um dos grandes impulsiona- se ao campo da cultura, através de da Orquestra Sinfónica do Porto e é era menos que incipiente e desenvolvimento de Portugal. dores do projecto de construção do mecenato ou da participação em também fundadora da Fundação de por muitos vista como uma E deixa também um legado de actual campus”, recordava ontem, algumas das principais instituições , outro dos grandes equipa- excentricidade. O engenheiro uma visão empresarial para o em comunicado citado pela agência artísticas do Porto. mentos culturais da cidade. Belmiro de Azevedo foi um país. Lusa, o presidente da direcção da ins- Numa nota de pesar, o ministro da empresário verdadeiramente tituição, Ramon O’Callaghan. Lem- Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, [email protected] visionário, sobretudo porque Reitor da Universidade do Porto

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ID: 72462466 30-11-2017 Âmbito: Informação Geral Corte: 19 de 19

Edição Lisboa • Ano XXVIII • n.º 10.087 • 1,20€ • Quinta-feira, 30 de Novembro de 2017 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos NELSON GARRIDO NELSON

1938-2017 Belmiro, o desafi ador Exclusivos de Marcelo Rebelo de Sousa, Ferro Rodrigues, Cavaco Silva, Jorge Sampaio. Biografia por Manuel Carvalho Págs 2 a 19

ISNN-0872-1548

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ID: 72463743 30-11-2017 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 1

SEMPRE A RODAR ATÉ DA PARA GANHAR Sporting só acelerou na segunda parte para derrotar o aguerrido 39 28 Avanca no campeonato SPORTING AVANCA Hugo Canela O •Carlos Martingo C,L5 EXC CÃS EXC NORBERTO SANTOS AUOSA CUDIC 0 O LUIS SILVA 9 O 0 PEDRO VAIDES 3 1 R. MOURA° 1 o a O principal obstáculo do FRANKIS CAROL 6 1 R. DRANCLUET 8 O TIAGO ROCHA 1 O DIOGO OLIVEIRA 4 O Sporting nâo foi propriamente o C. CARNEIRO 1 O DIOGO SILVA 2 1 Avanca, mas antes o desgaste físi- F. TAVARES 2 O J. MONTEIRO 1 0 co da presença na Liga dos Cam- E. ARAÚJO 2 O RUBEN RIBEIRO 3 1 M. GASPAR • O 0 MAGNOL FtS411 O O peões e, ontem, isso foi mais notó- PEDRO PORTELA 6 o NUNO CARVALHO3 1 rio na vitória dos leões por 39-28 MICHAt KOPCO 3 o FRANCISCO SILVA3 O frente a uma aguerrida equipa que B. BJELANOVIC 1 o R. MOURÃO I O CARLOS RUESGA 4 o RAFAEL ANDRADE3 O está a fazer um belo campeonato. PEDRO SOLHA 3 o JOÃO CARVALHO o 1 "Estamos a pagar caro as muitas NAN NIKCEVIC 1 O JANKO BOZOVIC 3 viagens e o pouco tempo de des- FELIPE BORGES 3 o canso. As deslocações na Cham- AO INTERVALO: 17-15 pions deixam as suas marcas", LOCAL: Pavilhão João Rocha, em Lisboa disse Hugo Canela, técnico do ÁRBITROS:E unco Nicolau e Ivan Caçador Sporting, ao comentar o triunfo dos campeões nacionais frente ao Avanca no Pavilhão João Rocha. encontrou o seu ritmo e acelerou, Por essa razão, Canela insistiu o Avanca sentiu dificuldades em desde o início do jogo na rotação acompanhar a alta voltagem dos leões. Na P parte, a equipa de Aveiro ripostou sempre, mas os MUITAS PALMAS PARA O PONTA- leões estavam relativamente adormecidos e despertaram no ESQUERDA LEONINO PEDRO Carlos Ruesga deixou aponta- SOLHA, QUE FEZ A SUA ESTREIA segundo tempo. Depois de Frankis mentos de fino recorte técnico e NO PAVILHÃO JOÃO ROCHA Carol aplicara sua receita com go - los de belo efeito de meia distância Pedro Solha, que já tinha jogadoem na fase inicial, eis que com a entra- Águas Santas, fez a sua estreia no dos jogadores, procurando não da de Pedro Portela na segunda Pavilhão João Rocha. "Joguei, acentuar o desgaste físico. "Como parte tudo se modificou. marquei e o Sporting ganhou. Foi temos um bom plantei, isso tor- "O Sporting obteve 4 golos de perfeito", confessou. nou as coisas mais fáceis", reco- vantagem, senti que era difícil Os leões confirmaram, entretan- nheceu o técnico, considerando equilibrar e comecei a pensar na to, a baixa até ao final da temporada que o Av anca fez um bom jogo. próxima jornada", disse Carlos do guardião croata Matej Asanin, No fundo, quando o Sporting Martingo, técnico do Avanca. após ter sido operado ao joelho. o Página 31 A32

Madeira SAD admite jogo difícil com o ABC mas quer trazer de Braga um bom resultado

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30/11/2017

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Desporto Desporto | Publicado 29 Nov, 2017, 23:53

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Andebol: Sporting vence Avanca e alcança Benfica no primeiro lugar

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30/11/2017

Meio: Sapo Online - Sapo Desporto Online

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Leões venceram por uma diferença de 11 golos

O Sporting recebeu e venceu o Avanca, por 39-28, em partida a contar para a 12ª jornada do campeonato nacional de andebol.

Com este triunfo, os leões alcançaram o Benfica no primeiro lugar e somam agora 33 pontos, mas mais um jogo que os encarnados.

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2017-11-30T00:13:57Z

Sportinforma

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Belmiro de Azevedo jogou andebol no FC Porto

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30/11/2017

Meio: Sábado Online

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Era a mulher do empresário que se encarregava de pagar as quotas do clube azul-e-branco.

Por Correio da Manhã

Belmiro de Azevedo não vivia só para o trabalho. Era um homem de interesses variados e convicções fortes, mas gostava de conviver com o seu núcleo de amigos. O 'Grupo da Alheira', que reunia Ramalho Eanes, Leopoldo Furtado Martins, António Moutinho Cardoso e outros industriais do Norte, reuniam-se várias vezes na quinta de Belmiro, no Marco de Canavezes.

Não estamos a falar de alheiras vulgares. Mas de enchidos feitos pela sua mulher Margarida, licenciada em Farmácia e com dotes de culinária.

Deve-se também a Margarida o facto de Belmiro continuar sócio do FC Porto. Clube onde praticou andebol nos anos 50 e 60. Era a mulher que lhe pagava as quotas. O empresário ficou sempre ligado ao andebol azul-e-branco, criando um projeto pioneiro, enquanto chairman da Sonae, que visava a autonomia da secção de andebol, entre 1993 e 1995. Com a concretização deste protocolo, o FC Porto conquista a Taça de Portugal e a Supertaça, ao comando de Jorge Rodrigues.

Menos feliz, segundo os amigos, eram as incursões de Belmiro pelas experiências vinícolas. Apesar de alguns prémios, os seus vinhos verdes não conquistavam o paladar dos comensais, que sempre que podiam tentavam convencer o 'patrão' da Sonae a abrir um Tapada de Chaves. Ao que Belmiro retorquia que "pelo preço era só para ficar na adega".

Os amigos elogiam a coragem e a determinação de Belmiro em relação ao projeto Sonae; "o comboio vai partir. Quem não tem dinheiro para entrar, fica fora da corrida", dizia quando os acionistas duvidavam dos aumentos de capital decididos pela administração.

Do chumbo na primária à Gestão em Harvard A carreira escolar de Belmiro de Azevedo começa atribulada. Na primária chumba um ano, o que leva o professor Carlos da Silva Andrade a redobrar a exigência com o aluno. Aprende a lição e no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, passa com distinção.

Entre 1956 e 1964 conclui a licenciatura em Engenharia Química no Porto com uma média de 16 valores. Fica como assistente, mas em 1973 vai para Harvard fazer um curso de Gestão. Nos anos 80 faz Finanças na Universidade de Stanford.

Conhece Margarida em Leça da Palmeira

Conhece Margarida em 1956, na praia de Leça da Palmeira. Ela tem 15 anos e ele 19. Casam-se em 1963, mas ele nunca a pediu em namoro.

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