Belmiro De Azevedo.P65
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Protagonista BELMIROBELMIRO DE AZEVEDO Belmiro de Azevedo vive desde os onze anos no Porto. Empresário de maioritário do grupo Sonae, a que está ligado desde sucesso, é uma figura atenta a todas 1965. as questões que dizem respeito à Empresário de sucesso, nascido numa aldeia no cidade, ao país e ao mundo. A VIVA Marco de Canavezes, foi no Porto que viveu a maior par- foi conhecer melhor o homem por te da sua vida. Recorda a detrás do empresário, revelando sua infância e juventude como felizes. Desses perío- alguma da sua rotina diária, bem dos ainda mantém hoje como as suas opiniões sobre os muitos amigos e boas re- cordações. Jogava à bola na políticos (autarcas) e a sociedade Rua Faria de Guimarães, ia em geral. aos bailes de S. João na Rua do Paraíso e frequentava os cafés do Marquês. “Vivi ali durante bastante tempo, sen- do uma espécie de república durante o dia, onde se jogava às cartas”, refere. Na sua opinião, nos últi- mos trinta anos pouco se fez no Porto. “Foi uma cidade que parou”, diz. Apesar de ter consciência de que foram fei- tas algumas obras, criaram- se novas infraestruturas e vias de comunicação, a ver- dade é que os habitantes fo- ram viver para os concelhos limítrofes. Considera por isso que ainda há muito para se Texto: Carla Nogueira fazer, alertando para o futu- Fotos: Dolores Silva ro. “O actual presidente da Câmara do Porto disse no iní- cio do seu mandato que não nome Belmiro de Aze dade do Porto. Em 1973 es- tinha dinheiro para fazer vedo não é indiferente pecializou-se em Gestão de nada, pois havia dívidas a Oa ninguém. O presiden- Empresas na Universidade de saldar da regência anterior. Um cidadão te do Conselho de Adminis- Harvard e doze anos depois Espero que ele, ou outro que tração da Sonae é um dos frequentou, na Universidade venha a ganhar as eleições, mais conhecidos homens do de Stanford, o Financial Ma- tenha agora os cofres cheios Norte. Licenciou-se em Quí- nagement Programme. É para fazer coisas interessantes do mundo mica Industrial, na Universi- desde 1985 o accionista pelo Porto”, frisa. 8 9 Protagonista BELMIRO DE AZEVEDO Cidade envelhecida te gostaria é que os políticos fossem mais estrategas, geris- Belmiro de Azevedo dá sem melhor, criassem mais ri- como sugestão ir até ao queza e emprego”, diz. cimo de um dos hotéis do Belmiro de Azevedo afir- Porto observar a fisionomia ma que os mais belos locais da cidade. Segundo o em- do Porto se concentram em presário, rapidamente se volta do Palácio da Bolsa e constatará que no centro da do mercado Ferreira Borges. cidade há vários quarteirões “A Ribeira é uma zona muito com casas velhas e abando- bonita, assim como a Foz, mas nadas que precisam de ser podiam ser desfrutadas muito recuperadas. Tem pena da mais”. A título de exemplo actual situação dalguns dos refere que no que diz respeito mais emblemáticos equipa- à Ribeira “ninguém teve cora- mentos, nomeadamente do gem de aproveitar leis de ex- Mercado do Bolhão. “Hoje é propriação para fazer interven- um centro de contestação, se ções a sério; foram-se fazendo calhar até com alguma razão, algumas obras, mas podia-se porque merecia um tratamen- fazer muito mais”. to diferente do que foi feito”. O empresário não é come- Menciona também o museu dido nos elogios para carac- Soares dos Reis e o Palácio terizar o Porto, utilizando a de Cristal como alguns dos expressão “cidade do traba- espaços que perderam a vi- lho”, e os substantivos sibilidade doutros tempos. A “transparência”, “amizade” e zona de Cordoaria foi na sua “co-habitação” como os mais juventude um local impor- ilustrativos da Invicta. Refe- tante de estudo e namoro, re que aqui, e de uma forma hoje é para si uma zona es- geral nos concelhos à volta téril e insegura. “Foi desuma- do Porto, os relacionamen- nizada, ficou mais «transparen- tos de amizade são mais te», mas perdeu-se sossego e profundos e espontâneos, health club até às 10h. Em inimizades. “As pessoas têm não se criou animação e incen- embora ache que no Porto seguida vai para a Sonae, de ser completamente francas tivos ao uso”. está a cair em desuso cum- donde regressa a casa por e transparentes”, frisa. Por E o que faz falta no Porto? primentar os vizinhos, pro- volta das 20h. outro lado, considera que é “Falta liderança, um plano es- vavelmente pelo ritmo de Dizem-lhe que é um pa- importante que as pessoas tratégico, falta capacidade de vida. trão “super exigente”, mas adoptem uma atitude posi- execução. Falta ter muitas ve- considera que “é normal o tiva, compartilhando o co- zes coragem para tomar certas O seu quotidiano que pede”. Há algumas ca- nhecimento como forma de opções”, salienta. A política racterísticas que exige aos se enriquecerem. só o seduz na medida em que Acorda bastante cedo, por seus colaboradores e a sin- Não costuma levar traba- gosta de se manter atento e volta das 6h ou 6h30, faz o ceridade é uma delas, sendo lho para casa, a não ser informado das decisões que café para si e para a sua na sua opinião uma das con- “umas coisinhas para ler”, diz são tomadas. “Genuinamen- mulher e depois vai para o dições para não se criarem sorrindo. Aos fins de sema- 10 11 Protagonista BELMIRO DE AZEVEDO mais importante para a cultura do que ver”. Dá como exem- plo a Finlândia que é uma sociedade extremamente culta, onde se lê imenso e se vê pouca televisão. “Ain- da continua a ser uma prática corrente os serões de província, em que os pais ou os filhos mais velhos lêem livros aos mais no- vos”, conta. Que futuro para Portugal? Perante a pergunta “que futuro para Portugal”, res- ponde que queria que o país fosse ganhador para todos viverem melhor. “O futuro de Portugal é aquele que os portugueses quiserem fazer”, salienta. Acredita que as pessoas têm de ser mais positivas. Refere que muitas vezes se na vai para uma quinta que tempo dedicado aos seus com- ouve falar de “emprego para tem no Marco de Canavezes, promissos, tendo que encontrar a vida”, mas tal não existe. onde relaxa e recarrega um equilíbrio”. Segundo ele, a Comunica- energias, confraternizando A leitura ocupa-lhe cerca ção Social e as organiza- mais intensamente com a de três horas diárias, sendo ções partidárias, sindicais e família, nomeadamente os um dos seus passatempos patronais são fechadas nes- seus três filhos. Questiona- favoritos. Os géneros são sa matéria, contribuindo do sobre que lugar ocupa a bastante variados. Ultima- para que haja uma ideia co- família na sua vida, refere na mente tem lido memórias e lectiva. “As pessoas têm de brincadeira que a “mulher diz livros sobre a história mo- pensar que o próximo empre- que pouco e os filhos assim, derna da Europa. go vai ser melhor do que o assim”. Mas garante que dois Vê cada vez menos televi- anterior”, afirma. Para Bel- sétimos são única exclusiva- são, porque considera que os miro de Azevedo, o ideal Pub mente para eles, isto é, dois seus conteúdos são fracos. seria fazer uma “carreira cru- dias por semana são passa- Geralmente assiste a pro- zada” constituída por dis- dos quase sempre no Marco gramas no canal 2 ou nas tintas experiências (na cul- de Canaveses, onde a famí- televisões internacionais, tura, por exemplo), permi- lia se reúne sempre que nomeadamente o National tindo-lhes fazer coisas di- pode. “Cada pessoa deve ser Geographic Magazine. Para ferentes ao longo do seu responsável pela equação do Belmiro de Azevedo “Ler é percurso. 12 13.