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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA DIRETORIA DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL INSPETORIA 1 DIVISÃO 1

PROCESSO Nº PCR 08/00618777 UNIDADE GESTORA FUNDO ESTADUAL DE INCENTIVO AO ESPORTE - FUNDESPORTE INTERESSADO SR. JOSÉ NATAL PEREIRA RESPONSÁVEIS SR. GILMAR KNAESEL SR. EDUARDO AUGUSTO TEODORO SANT’ANNA Instituto Catarinense do Esporte ASSUNTO Prestação de contas de recursos repassados ao Instituto Catarinense do Esporte para realização do projeto “CHALLENGERS SERIES – Aberto de Santa Catarina 2007”. RELATÓRIO DE TCE/DCE/INSP.1/DIV.1 Nº. 135/2012 INSTRUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Considerando a competência definida nos arts. 58 e 59 da Constituição Estadual; do art. 106, III, da Lei Complementar Estadual nº 202/2000; art. 50, III, da Resolução nº TC-06/2001; e arts. 43, § 2º e 80 da Resolução nº TC-16/1994 (alterado pela Resolução nº TC-09/1995), este Tribunal de Contas, por meio de sua Diretoria de Controle da Administração Estadual – DCE, realizou auditoria in loco nas prestações de contas de recursos repassados da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL, solicitando as prestações de contas e o ato de concessão que integram os autos. A solicitação ocorreu por intermédio da Requisição nº. 11/2008 (fls. 04- 05), de 18 de agosto de 2008, a qual foi cumprida nos termos do Ofício SOL nº. 1529/08, de 22/08/08, da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL (fls. 02-03). A transferência de recursos financeiros ao Instituto Catarinense do Esporte para a realização do projeto “CHALLENGERS SERIES – Aberto de Santa Catarina”, no período de 20 a 29 de abril de 2007, ocorreu por meio das seguintes notas de empenho: 413

Tabela 1 Natureza da N.Empenho Data P.A Fonte Valor (R$) Fls. Despesa 102 18/04/07 4216 33504301 0162 300.000,00 - 107 18/04/07 4220 33504301 0162 480.000,00 81 126 25/04/07 4216 33504301 0162 70.000,00 80 TOTAL R$ 850.000,00

Atendidas as solicitações deste Tribunal de Contas junto à Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte – SOL, os presentes autos vieram para análise deste Corpo Técnico.

2 ANÁLISE

2.1 Ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos

Em análise às prestações de contas juntadas aos presentes autos constata-se que a documentação apresentada encontra-se incompleta, não servindo para dar o devido suporte para comprovação da despesa pública e também à verificação da boa e regular aplicação dos recursos públicos repassados, contrariando o § 1º do art. 144 da Lei Complementar Estadual nº. 381, de 07 de maio de 2007, com redação idêntica ao § 1º do art. 140 da Lei Complementar nº 284/05, vigente até então:

Art. 144. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos, ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária.

§ 1º Quem quer que utilize dinheiro público, terá de comprovar o seu bom e regular emprego, na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes. (grifo nosso)

Não foram ofertadas condições para a verificação da conformidade das despesas efetivamente realizadas, sua pertinência ao evento e sua adequação aos preços de mercado. Conforme se verificará nas inconsistências tratadas nos subitens a seguir, os documentos apresentados não refletem as despesas efetivamente incorridas para a consecução do projeto “CHALLENGERS SERIES – 414

Aberto de Santa Catarina 2007”, ensejando a devolução do montante repassado, razão pela qual deve o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente á época do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.8) ser responsabilizado pelas irregularidades cometidas.

2.1.1 Ausência de comprovação do efetivo fornecimento dos materiais ou prestação dos serviços, agravada pela descrição insuficiente das notas fiscais apresentadas e da ausência de outros elementos de suporte

Em análise à prestação de contas juntada a estes autos verificou-se que os documentos apresentados para comprovar a despesa supostamente realizada são insuficientes para tal fim. Todas as notas fiscais apresentadas referem- se a valores globais, restando ausente a discriminação precisa do objeto da despesa, tal como quantidade, qualidade e valor unitário e total, bem como a comprovação do efetivo fornecimento dos materiais e da prestação dos serviços.

Tabela 2

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Break Point 102 000288 31 pares de tênis 7.740,00 29/04/07 206 Shop Ltda. – ME Ref. fornecimento de uniformes Alcione Maria Pereira para recepcionistas – Torneio 102 003864 (Summer Time Aberto de Santa Catarina 1.937,00 26/04/07 207 Boutique) realizado no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Instituto Movimento Serviços de assessoria na 102 000592 Pró-Projetos de organização do evento Circuito 46.000,00 27/04/07 209 Santa Catarina Challengers Series – Tênis Ref. a assessoria jurídica – Fabiana Cristina arbitragem nacional e 102 avulsa 3.500,00 11/05/07 215 Sousa internacional – circuito Challengers Series Vera Lúcia Espíndola Montagem de stands e lonas no 102 Recibo Moreira (Casa dia 3 à 11 de fevereiro de 2007 6.400,00 26/04/07 222 Moreira Eventos) no Lagoa Iate Clube – LIC Break Point Tennis 102 000287 150 camisetas e bermudas 15.000,00 28/04/07 225 Shop Ltda. – ME Break Point Tennis 30 caixas com 24 tubos de 102 000286 15.000,00 25/04/07 226 Shop Ltda. – ME bolas Arno Rogerio Assessoria assistência técnica 102 025 4.660,00 30/04/07 227 Tancredi Mallmann de informática Interamericana Colocação de fios, tomadas e 102 195 Construção e 9.358,00 30/04/07 228 dijuntores / material Comércio Ltda. Serviços de remoção de lixo, 102 028 João Marcelo Vargas retirada de entulhos e limpeza / 11.149,00 30/04/07 228 material The Bodyguard 102 905 Segurança 4.955,00 30/04/07 229 Cons. e Planej. de 415

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Seg. Pessoal Ltda. CONSFFER Projeto e montagem de 102 104 Empresa de Projetos 11.800,00 30/04/07 229 bancadas / material Construções Ltda. Estrutura de ferro em tubo OBREMET Obras em metalon para colocação de 102 000280 Estruturas Metálicas cabine de imprensa 3,00 x 20.000,00 02/05/07 231 Ind. e Com. Ltda. ME 5,00m para o Circuito Challengers Series de Tênis Locação de equipamentos de IVIEW Sistemas de informática para o Aberto de 102 004841 3.000,00 27/04/07 238 Apresentações Ltda. Tênis de Santa Catarina no período de 20 a 29/04/07 VIP Segurança e 9 dias de 2 profissionais de 102 recibo 1.800,00 29/04/07 240 Vigilância Ltda. vigilância VBC Marcon Locação de SNG + segmento – 102 1005 Comunicação Florianópolis em 28/04/07 e 11.000,00 03/05/07 254 Multimídia Ltda. 29/04/07 Quadros de estruturas tubulares para colocação de publicidade OBREMET Obras em em alambrados das quadras do 107 000278 Estruturas Metálicas 20.000,00 26/04/07 103 Aberto de Santa Catarina no Ind. e Com. Ltda. ME Costão do Santinho (2,50m x 1,20m) Serviços prestados de Staff e Apoio para o II Aberto Santa 107 recibo Osvaldo Costa Catarina de Tênis, realizado de 500,00 27/04/07 106 21 à 29 de abril de 2007 no Costão do Santinho Resort Serviços prestados de Staff e Apoio para o II Aberto Santa 107 recibo Diogo Bombardelli Catarina de Tênis, realizado de 500,00 27/04/07 107 21 à 29 de abril de 2007 no Costão do Santinho Resort Serviços prestados de Secretaria e Atendimento Jogadores para o II Aberto 107 recibo Vanessa Bombardelli Santa Catarina de Tênis, 700,00 27/04/07 108 realizado de 21 à 29 de abril de 2007 no Costão do Santinho Resort Mestre-de-Cerimônias (locução) Maurício Ronaldo no Aberto de Tênis de Santa 107 0406 1.500,00 30/04/07 109 Silveira - ME Catarina – Costão do Santinho – dias 27, 28 e 29/abril/2007 Luanco Terceirização Edição de relatórios inf. Cont. 107 1369 Industrial e Serviços 1.400,00 04/05/07 114 ref. mês 04/07 Ltda. Ressarcimento de custos e Sant Anna Eventos despesas realizados no Aberto 107 000035 Esportivos LTDA – 12.750,00 11/05/07 125 de Tênis de SC, no Costão do ME. Santinho Estrutura metálica para a OBREMET Obras em instalação da área VIP de 8 m x 107 000281 Estruturas Metálicas 27.000,00 11/05/07 127 15 m para o Circuito Challenger Ind. e Com. Ltda. ME Series de Tênis 30 Camisetas brancas Fio 30 107 096 Izomar Pinto Silva 350,00 21/04/07 133 com estampa frente e costas Decoração de ambiente para Madalu Arte Floral e Aberto de Tênis de Santa 107 000157 1.400,00 21/04/07 133 Eventos Ltda. – ME Catarina – dia 21/04/07 a 29/04/07 107 Recibo Thais Closs Serviços prestados de 500,00 27/04/07 136 416

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Secretaria e Atendimento Jogadores para o II Aberto Santa Catarina de Tênis, realizado de 21 à 29 de abril de 2007 no Costão do Santinho Resort PRO Processamento 126 682 Digitação 2.600,00 17/05/07 282 de Dados Ltda. Escadas metálicas de acesso OBREMET Obras em área VIP em chapa metálica tipo 126 000314 Estruturas Metálicas 4.280,00 21/05/07 285 piso de 2,70m para o Circuito Ind. e Com. Ltda. ME Challenger Series de Tênis Locação de linhas telefônicas e IVIEW Sistemas de 126 004842 ADSL para o Cyclus Open de 2.666,40 27/04/07 288 Apresentações Ltda. Tênis Via Inox Varejo e 126 009243 Travessa rasa / prato para bolo 469,89 25/04/07 290 Distr. De Util. Ltda. Luanco Terceirização Edição de relatórios inf. Cont. 126 1452 Industrial e Serviços 1.000,00 13/06/07 293 ref. mês 05/07 Ltda. Sant Anna Eventos Serviço de organização do 126 000039 Esportivos LTDA – evento Cyclus Open realizado 13.143,28 10/07/07 297 ME. no LIC em 01/2007 Ressarcimento do custeio do evento Cyclus Open 2007 ref. Sant Anna Eventos material esportivo / ref. site do 126 000040 Esportivos LTDA – 11.653,02 24/05/07 300 evento / ref. custeio TV ME. Clipagem / ref. pagtos diversos / ref. David Produções Serviços de organização do Sant Anna Eventos Aberto de SC ref. ressarcimento 126 000041 Esportivos LTDA – 2.630,28 30/07/07 302 diversos pagtos de pequeno ME. monte TOTAL R$ 278.341,87

Da análise da Tabela 2 pode-se constatar que não há detalhamento dos supostos “serviços prestados”; ademais, a descrição insuficiente nos documentos apresentados para comprovar as despesas realizadas impossibilita que se estabeleça de forma clara uma relação entre o serviço/material prestado/entregue e o evento realizado, inviabilizando qualquer possibilidade de fiscalização dos recursos repassados.

Tabela 3 – Despesas com premiação e arbitragem Valor NE NF Credor Descrição Data Fl. (R$)* 102 recibo Renato Silveira Recebimento de premiação 657,20 24/04/07 211 102 recibo João Souza Recebimento de premiação 2.692,36 24/04/07 213 102 recibo Lucas Engel Recebimento de premiação 2.035,09 24/04/07 216 102 recibo Rogerio Dutra Silva Recebimento de premiação 2.683,81 24/04/07 218 102 recibo Recebimento de premiação 2.683,81 24/04/07 219 102 recibo Recebimento de premiação 1.674,69 24/04/07 221 102 recibo Recebimento de premiação 1.060,00 24/04/07 224 102 recibo Recebimento de premiação 4.844,38 27/04/07 232 102 recibo Julio Silva Recebimento de premiação 1.710,73 24/04/07 233-a 102 recibo André Miele Recebimento de premiação 3.214,94 24/04/07 234 102 recibo André Ghem Recebimento de premiação 2.035,09 24/04/07 236 417

Valor NE NF Credor Descrição Data Fl. (R$)* 102 recibo Recebimento de premiação 1.060,00 24/04/07 242 107 recibo Diego Matos Recebimento de premiação 360,40 24/04/07 96 107 recibo Recebimento de premiação 1.102,40 24/04/07 97 107 recibo José Pereira Junior Recebimento de premiação 1.060,00 24/04/07 98 107 recibo Rodrigo Guidolin Recebimento de premiação 1.081,12 24/04/07 99 107 recibo André Baran Recebimento de premiação 360,40 24/04/07 100 107 recibo Recebimento de premiação 339,20 24/04/07 101 Serviços prestados de 107 recibo Ricardo Reis 2.186,05 27/04/07 111 Coordenação de Arbitragem 107 recibo Recebimento de premiação 1.440,43 24/04/07 123 Referente à Comissão por repasse de premiação e Protenis Promoções despesas do Aberto de Tênis de 107 574 12.750,00 11/05/07 126 Esportivas Ltda. Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 Ressarcimento de premiação, Sant Anna Eventos custeio e organização do Aberto 107 000036 Esportivos LTDA – de Santa Catarina, realizado no 120.000,00 14/05/07 128 ME. Costão do Santinho em abril de 2007 Referente à Comissão por repasse de premiação e Protenis Promoções despesas do Aberto de Tênis de 107 576 120.000,00 14/05/07 128 Esportivas Ltda. Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 107 recibo Carlos Zwetsch Recebimento de premiação 339,20 24/04/07 134 Serviços prestados de 107 recibo Mariano Ink 1.719,11 27/04/07 140 arbitragem 107 recibo Recebimento de premiação 12.938,36 28/04/07 141 107 Recibo Juan Pablo Guzman Recebimento de premiação 7.928,80 28/04/07 142 107 Recibo Recebimento de premiação 7.280,00 28/04/07 143 107 Recibo Recebimento de premiação 4.306,80 28/04/07 144 107 Recibo Recebimento de premiação 3.567,96 24/04/07 145 107 Recibo Brian Dabul Recebimento de premiação 3.171,20 24/04/07 146 107 Recibo Maximo Gonzalez Recebimento de premiação 3.171,20 24/04/07 147 107 Recibo Recebimento de premiação 3.171,20 24/04/07 148 107 Recibo Recebimento de premiação 2.090,32 24/04/07 149 107 Recibo Cristian Villagran Recebimento de premiação 1.874,08 24/04/07 150 107 Recibo Gustavo Marcaccio Recebimento de premiação 1.243,40 24/04/07 151 107 Recibo Jamie Baker Recebimento de premiação 900,00 24/04/07 152 107 Recibo Daniel Koellerer Recebimento de premiação 900,00 24/04/07 153 107 Recibo Ivan Miranda Recebimento de premiação 937,04 24/04/07 154 107 Recibo Lucas Santoro Recebimento de premiação 288,20 24/04/07 155 107 Recibo Diego Moyano Recebimento de premiação 324,36 24/04/07 156 Serviços prestados de 107 Recibo Thiago Serpa 815,00 27/04/07 157 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo André Furlaneto 595,00 27/04/07 158 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Arlindo Sandri Junior 615,00 27/04/07 159 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Valdinei Pereira 781,00 27/04/07 160 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Mauro Marques 865,00 27/04/07 161 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Nicolas Sanchez 1.015,00 27/04/07 162 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Ricardo Seadi 170,00 27/04/07 163 arbitragem 107 Recibo Ricardo Barcellos Serviços prestados de 765,00 27/04/07 164 418

Valor NE NF Credor Descrição Data Fl. (R$)* arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Maurilio Silveira 200,00 27/04/07 165 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Eduardo Marcandalli 770,00 27/04/07 166 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Rubio Ribeiro 977,00 27/04/07 167 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo George Higuashi 997,00 27/04/07 168 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Victor Wick 595,00 27/04/07 169 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Ademir Lima 765,00 27/04/07 170 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Taise Soares 625,00 24/04/07 171 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Ricardo Zaidi Nunes 705,00 24/04/07 172 arbitragem Gilson Lima de Serviços prestados de 107 Recibo 702,00 24/04/07 173 Oliveira arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Georges Stradioto 703,00 24/04/07 174 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Felipe Munno 655,00 24/04/07 175 arbitragem Ednaldo Leonel dos Serviços prestados de 107 Recibo 625,00 24/04/07 176 Santos arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Aseldo Redante 735,00 24/04/07 177 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Lorena Silva 595,00 24/04/07 178 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Roberto Almeida 1.638,65 27/04/07 179 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Rafael Maia 1.638,65 27/04/07 180 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Luiz Bechar Parada 1.704,95 27/04/07 181 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Marcus Campos 1.040,00 24/04/07 182 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Fabio Souza 1.184,00 24/04/07 183 arbitragem 126 Recibo Rafael Garcia Recebimento de premiação 657,20 24/04/07 283 Referente à Comissão por repasse de premiação e Protenis Promoções despesas do Aberto de Tênis de 126 581 13.143,27 Sem data 298 Esportivas Ltda. Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 TOTAL R$ 379.460,05 * Valores líquidos dos documentos de despesas (deduzida a parcela retida do Imposto de Renda)

Os recibos referentes ao pagamento de premiação não comprovam e não são suficientes para demonstrar quais foram os participantes da competição, as categorias e seus resultados, os jogos realizados e qual a política de premiação adotada. Além disso, os recibos apresentados relacionados ao pagamento de despesa com arbitragem também não indicam quais árbitros foram contratados para 419

trabalhar no evento, bem como a quantidade de dias e carga horária que demonstrem o porquê da diferença entre os valores pagos. No que tange aos documentos fiscais apresentados pelas empresas Sant Anna Eventos Esportivos Ltda. e Protenis Promoções Esportivas Ltda., no montante de R$ 265.893,27 (duzentos e sessenta e cinco mil oitocentos e noventa e três reais e vinte e sete centavos), tais despesas não se justificam, eis que o valor referente à premiação já teria sido todo pago aos participantes vencedores do Aberto de Santa Catarina, conforme os recibos acostados aos autos.

Tabela 4 – Despesas com combustíveis NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Posto de Combustível 126 082971 Gasolina comum 50,00 16/06/07 287 Ilha do Sol Ltda. GNV / Óleo Esso Mobil 15W50 126 121648 Posto Rita Maria 51,37 28/06/07 287 1lt Posto Santa Clara de 126 001820 Gasolina comum 118,00 29/07/07 290 Copacabana Ltda. Posto Santa Mônica 126 092283 Gasolina comum 123,06 21/05/07 291 Ltda. 126 022139 A. Angeloni Cia Ltda. Gasolina comum 30,00 30/04/07 291 126 106519 A. Angeloni Cia Ltda. Gasolina comum 50,00 13/06/07 295 126 082351 Real Auto Posto Ltda. Gasolina Supra 50,00 04/06/07 295 126 008404 Posto Coqueiros GNV 26,61 08/07/07 295 126 090849 Posto Rita Maria GNV 23,37 23/05/07 296 126 218880 Posto Rita Maria Gasolina comum 30,00 19/06/07 296 TOTAL R$ 552,41

Conforme se verifica nas notas fiscais relacionadas a despesas com combustíveis, não houve identificação dos condutores ou proprietários dos veículos abastecidos, descrição do número das placas dos automóveis, bem como, não há informações sobre as finalidades dos deslocamentos, impossibilitando a comprovação da boa utilização dos recursos públicos.

Tabela 5 – Despesas com alimentação e diárias: NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. RCD Enpreendimentos Despesas de 102 41660 22.063,36 25/04/07 204 Ltda. (Hotel Majestic) hospedagem Fornecimento de 214 refeições para o Torneio Ponto CEM Lanches e 208 / 102 002564 Aberto de Santa Catarina 5.350,00 26/04/07 Porções Ltda. 260 realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Olivio Ghizoni – ME 102 005131 Fornecimento de 10.150,00 26/04/07 208 (Alçapão Lanches) refeições para o Torneio 420

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Aberto de Santa Catarina realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Refeições fornecidas para o Torneio Aberto de Roberto Theodozio – ME 107 000555 Santa Catarina realizado 1.200,00 28/04/07 104 (Casa do Peixe) no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Refeições fornecidas para o Torneio Aberto de Roberto Theodozio – ME 107 000556 Santa Catarina realizado 1.800,00 30/04/07 105 (Casa do Peixe) no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Refeições fornecidas para o Torneio Aberto de Roberto Theodozio – ME 107 000558 Santa Catarina realizado 1.000,00 30/04/07 105 (Casa do Peixe) no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Refeições fornecidas para o Torneio Aberto de Roberto Theodozio – ME 107 000557 Santa Catarina realizado 5.000,00 30/04/07 110 (Casa do Peixe) no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Fornecimento de 60 refeições para o Torneio Roberto Theodozio – ME 113 / 107 000560 Aberto de Santa Catarina 1.500,00 08/05/07 (Casa do Peixe) 195 realizado no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Fornecimento de 410 cafés coloniais e 801 Confeitaria Café & refrigerantes para o 115 / 107 000437 6.550,00 30/04/07 Delícias Ltda. ME Torneio Aberto de Santa 194 Catarina realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Fornecimento de 200 refeições para o Torneio Ponto CEM Lanches e 122 / 107 002565 Aberto de Santa Catarina 5.000,00 10/05/07 Porções Ltda. 193 realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Fornecimento de 149 lanches e 173 Confeitaria Café & refrigerantes para o 131 / 107 000439 1.500,00 30/04/07 Delícias Ltda. ME Torneio Aberto de Santa 192 Catarina realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Fornecimento de 20 refeições e 50 Roberto Theodozio – ME refrigerantes para o 132 / 107 000559 580,00 30/04/07 (Casa do Peixe) Torneio Aberto de Santa 191 Catarina realizado no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Fornecimento de 80 lanches para o Torneio Confeitaria Café & 132 / 107 000440 Aberto de Santa Catarina 500,00 15/05/07 Delícias Ltda. ME 190 realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 RCD Enpreendimentos Despesas de 107 41661 20.000,00 25/04/07 138 Ltda. (Hotel Majestic) hospedagem 126 005132 Olivio Ghizoni – ME Fornecimento de 100 2.000,00 11/05/07 281 / 421

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. (Alçapão Lanches) refeições para o Torneio 309 Aberto de Santa Catarina realizado no LIC entre 09/04/2007 e 18/04/2007 Fornecimento de 160 refeições para o Torneio Olivio Ghizoni – ME 286 / 126 005133 Aberto de Santa Catarina 2.945,00 20/05/07 (Alçapão Lanches) 308 realizado no LIC entre 09/04/2007 e 18/04/2007 126 29837 Hotel Praiatur Ltda. Diárias 344,03 20/04/07 290 126 009310 Domini Pizza Refeição 103,70 18/02/07 290 126 023306 A. Angeloni e Cia Ltda. 02 Cesta Fácil Angeloni 61,96 30/05/07 291 126 097983 Superrosa Ltda. Diversos 74,05 25/05/07 295 TOTAL: R$ 87.722,10

Quanto às despesas realizadas com refeições, constata-se que não restaram devidamente discriminadas as pessoas beneficiadas com alimentação, situação que também impede o processo fiscalizatório de aplicação dos recursos públicos. Ressalta-se que todas as notas fiscais de alimentação referem-se a evento diverso daquele objeto do apoio do Estado de Santa Catarina neste processo, assunto que será tratado no subitem 2.1.4 deste relatório. No tocante às notas fiscais referentes a despesas com hospedagem, não foram discriminadas as pessoas hospedadas nos referidos estabelecimentos, assim como não foi demonstrada a sua função no projeto. Convém mencionar que foram juntadas às fls. 256-259 lista de hóspedes emitida por RCD Enpreendimentos Ltda. (Hotel Majestic). Contudo, tal listagem não pode ser considerada, haja vista que se refere a outro evento, pois as hospedagens ocorreram no mês de fevereiro de 2007, e o evento em questão – Aberto de Santa Catarina – aconteceu no mês de abril daquele ano.

Tabela 6 – Despesas com transporte NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. DEZ Viagens e Turismo 102 000961 Passagens aéreas 1.900,08 26/04/07 241 Ltda. – ME DEZ Viagens e Turismo 102 000937 Passagens aéreas 962,08 11/04/07 244 Ltda. – ME DEZ Viagens e Turismo 102 000929 Passagens aéreas 1.836,82 10/04/07 245 Ltda. – ME Passagem aérea Fpolis/SC – GOL Transportes Aéreos Congonhas/SP – Santos 126 Recibo 298,62 25/07/07 287 S.A. Dumont/RJ emitida em nome de Eduardo Sant’Anna TOTAL R$ 4.997,60 422

No mesmo sentido, foram realizadas despesas com transporte, sem qualquer indicação das pessoas que foram transportadas, destino do transporte e data em que o mesmo ocorreu, tampouco acerca de sua finalidade. Quando da análise das prestações de contas pela Gerência de Controle de Projetos Incentivados da SOL, o responsável apresentou os documentos de fls. 263-271, nos quais constam alguns dos passageiros que teriam utilizado o transporte aéreo contratado e o destino respectivo, bem como as empresas que realmente prestaram tal serviço (GOL, TAM, Varig, etc.). Ressalta-se que não foram exibidas as notas fiscais referentes a estas empresas, tendo sido apresentados somente os documentos fiscais da empresa DEZ Viagens e Turismo Ltda. – ME. Ora, as notas fiscais apresentadas são de empresa que possui sede no Estado do Rio Grande Sul, tornando inviável que a mesma prestasse o serviço contratado na cidade onde o evento foi realizado; por esta razão, foram subcontratadas outras empresas que efetivamente prestaram os serviços descritos nas notas fiscais apresentadas. Contudo, tais documentos não constam dos autos, o que, como já mencionado, inviabiliza por completo qualquer possibilidade de fiscalização dos recursos repassados. A comprovação da aplicação dos recursos deveria se dar mediante a apresentação dos documentos fiscais emitidos por cada um dos fornecedores contratados e não apenas um documento, emitido por um dos partícipes que responsabilizou-se por apenas uma parcela dos trabalhos, situação essa que também impede o processo fiscalizatório de aplicação dos recursos públicos. Desta forma entende-se que a documentação apresentada encontra-se incompleta, não servindo para dar o devido suporte para comprovação da despesa pública e também à realização da boa e regular aplicação dos recursos públicos repassados, contrariando o disposto no § 1º do art. 144, da Lei Complementar Estadual nº. 381/07. No mesmo sentido são os artigos 49, 52, III e 60, II e III, todos da Resolução nº. TC 16/94:

Art. 49 - O responsável pela aplicação de dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego, na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes. 423

Art. 52 A autoridade administrativa considerará como não prestadas as contas, entre outras situações, quando:

(...)

III – a documentação apresentada não oferecer condições à comprovação da boa e regular aplicação dos dinheiros públicos. (grifo nosso)

Art. 60 A nota fiscal, para fins de comprovação de despesa pública, deverá indicar:

(...)

II – a discriminação precisa do objeto da despesa, quantidade, marca, tipo, modelo, qualidade e demais elementos que permitam sua perfeita identificação;

III – os valores, unitários e total, das mercadorias e o valor da operação; (grifo nosso)

Diante do exposto, uma vez constatada a descrição insuficiente das despesas nas mencionadas notas fiscais e a ausência de outros documentos de suporte, impossibilitando a verificação da boa e regular aplicação dos recursos públicos, entende-se que deve o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente á época do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.9) ser responsabilizado pelas irregularidades cometidas, em afronta ao disposto no art. 144, § 1º, da Lei Complementar Estadual nº. 381/07 e nos arts. 49, 52, III e art. 60, II e III, todos da Resolução nº. TC 16/94.

2.1.2 Ausência de documentos para adequado suporte às despesas com publicidade

Verifica-se que não foram anexados nos processos de prestação de contas os documentos necessários para comprovação das despesas realizadas com publicidade, tendo sido apresentadas, tão somente, as notas fiscais respectivas, como demonstradas a seguir.

Tabela 7 – Despesas com publicidade NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Confecção de painéis em lona Roberto Stringhini 102 353 plástica para exposição em 7.641,00 10/04/07 206 (Stringhini Signs) quadras de tênis Confecção de banners / 102 204 Roberto Petrillo 10.635,00 30/04/07 230 material 102 005014 Jhalus Comunicação Prestação de serviços de 4.200,00 10/05/07 237 424

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Visual Ltda. (Ação Fixa) impressão de materiais publicitários / bandeirolas Cobertura Fotográfica II Processo Consultoria 102 000289 Aberto Santa Catarina de 1.750,00 03/05/07 239 Ltda. Tênis Locação de equipamento para START Vídeo e 102 443 transmissão Aberto de Tênis 8.600,00 03/05/07 247 Transmissão Ltda. em Santa Catarina Marcelo Ruschel da Cobertura fotográfica digital do Costa – ME (POA Press 102 1582 Aberto de Tênis de Santa 11.550,00 10/05/07 250 Agência de Catarina – abril 2007 Fotojornalismo) José Eduardo Soares De Serviço de assessoria no 102 235 Zotti (De Zotti 4.100,00 18/05/07 252 Aberto de Tênis de SC Comunicações) 10 Adesivos para externo 300 107 095 Izomar Pinto da Silva 850,00 21/04/07 105 x 100 verde Anúncios publicados no RBS Zero Hora Editora 107 247501 período de 25 à 28 de abril de 3.850,00 30/04/07 117 Jornalística S.A. 2007 Publicidade veiculada no RBS Empresa de TVA período de abril de 2007 107 004216 7.950,00 30/04/07 118 Ltda. conforme vossa autorização e nosso pedido nº 215801 Publicidade veiculada no Rádio Atlântida FM de período de abril de 2007 107 007359 1.700,00 30/04/07 120 Florianópolis Ltda. conforme vossa autorização e nosso pedido nº 624201 Publicidade veiculada no período de abril de 2007 107 010216 Diário da Manhã Ltda. 2.500,00 30/04/07 121 conforme vossa autorização e nosso pedido nº 561601 Floripainéis Mídia 107 0933 Ref. Material Promocional 2.000,00 15/05/07 129 Alternativa Ltda. - EPP Confecção de material Roberto Stringhini (painéis e faixas plásticas) 126 367 9.200,00 14/05/07 280 (Stringhini Signs) para Aberto de Tênis de Santa Catarina TOTAL R$ 76.526,00

Nos casos em que há emprego de recursos em despesas com publicidade, mister se faz que sejam observadas as disposições constantes no art. 65 da Resolução nº. TC – 16/94:

Art. 65 - Os comprovantes de despesa com publicidade serão acompanhados de:

I - Memorial descritivo da campanha de publicidade, quando relativa a criação ou produção; II - Cópia da autorização de divulgação e/ou do contrato de publicidade; III - Indicação da matéria veiculada, com menção de datas, horários e tempos de divulgação; IV - Cópia do material impresso, em se tratando de publicidade escrita, e gravação da matéria veiculada, quando se tratar de publicidade radiofônica ou televisiva; V - Cópia da tabela oficial de preços do veículo de divulgação e demonstrativo da procedência dos valores cobrados.

425

No presente caso, em nenhum momento foi apresentado qualquer documento que efetivamente comprovasse as despesas realizadas, em especial cópia do material impresso, fotos, entre outros. Convém ressaltar que a afronta ao artigo acima exposto acarreta no descumprimento do demais dispositivos legais mencionados no item anterior, quais sejam, §1º do art. 144 da Lei Complementar Estadual nº. 381/07, e arts. 49 e 52 da Resolução nº. TC – 16/94, razão pela qual deve o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente á época do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.9) ser responsabilizado pelas irregularidades cometidas.

2.1.3 Pagamento de despesas com finalidade diversa do objeto proposto

Constatou-se que diversas das notas fiscais apresentadas possuem como descrição a realização de outro evento ou situação que não possuem qualquer relação com o objeto proposto, qual seja, a realização do CHALLENGERS SERIES – Aberto de Santa Catarina, que ocorreu no período de 20 a 29 de abril de 2007 em Florianópolis, no Costão do Santinho. As notas fiscais elencadas na tabela a seguir demonstram que o proponente aplicou os recursos recebidos fora das especificações para as quais foram liberados.

Tabela 8 NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Ref. fornecimento de uniformes Alcione Maria para recepcionistas – Torneio 102 003864 Pereira (Summer Aberto de Santa Catarina 1.937,00 26/04/07 207 Time Boutique) realizado no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Fornecimento de 214 refeições Ponto CEM para o Torneio Aberto de Santa 102 002564 Lanches e Porções 5.350,00 26/04/07 208 Catarina realizado no LIC entre Ltda. 09/04 e 18/04 Fornecimento de refeições para o Olivio Ghizoni – ME Torneio Aberto de Santa Catarina 102 005131 10.150,00 26/04/07 208 (Alçapão Lanches) realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Vera Lúcia Montagem de stands e lonas no Espíndola Moreira 102 Recibo dia 3 à 11 de fevereiro de 2007 6.400,00 26/04/07 222 (Casa Moreira no Lagoa Iate Clube – LIC Eventos) Taxa de realização de evento Confederação 102 Recibo “CHALLENGERS” de 5.050,00 09/05/07 248 Brasileira de Tênis Florianópolis – Brasil em 05/02/07 426

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Refeições fornecidas para o Roberto Theodozio Torneio Aberto de Santa Catarina 107 000555 – ME (Casa do 1.200,00 28/04/07 104 realizado no LIC entre 09/04 e Peixe) 18/04/07 Refeições fornecidas para o Roberto Theodozio Torneio Aberto de Santa Catarina 107 000556 – ME (Casa do 1.800,00 30/04/07 105 realizado no LIC entre 09/04 e Peixe) 18/04/07 Refeições fornecidas para o Roberto Theodozio Torneio Aberto de Santa Catarina 107 000558 – ME (Casa do 1.000,00 30/04/07 105 realizado no LIC entre 09/04 e Peixe) 18/04/07 Refeições fornecidas para o Roberto Theodozio Torneio Aberto de Santa Catarina 107 000557 – ME (Casa do 5.000,00 30/04/07 110 realizado no LIC entre 09/04 e Peixe) 18/04/07 Fornecimento de 60 refeições Roberto Theodozio para o Torneio Aberto de Santa 113 / 107 000560 – ME (Casa do 1.500,00 08/05/07 Catarina realizado no LIC entre 195 Peixe) 09/04 e 18/04/07 Fornecimento de 410 cafés coloniais e 801 refrigerantes para Confeitaria Café & 115 / 107 000437 o Torneio Aberto de Santa 6.550,00 30/04/07 Delícias Ltda. ME 194 Catarina realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Fornecimento de 200 refeições Ponto CEM para o Torneio Aberto de Santa 122 / 107 002565 Lanches e Porções 5.000,00 10/05/07 Catarina realizado no LIC entre 193 Ltda. 09/04 e 18/04 Fornecimento de 149 lanches e 173 refrigerantes para o Torneio Confeitaria Café & 131 / 107 000439 Aberto de Santa Catarina 1.500,00 30/04/07 Delícias Ltda. ME 192 realizado no LIC entre 09/04 e 18/04 Fornecimento de 20 refeições e Roberto Theodozio 50 refrigerantes para o Torneio 132 / 107 000559 – ME (Casa do Aberto de Santa Catarina 580,00 30/04/07 191 Peixe) realizado no LIC entre 09/04 e 18/04/07 Fornecimento de 80 lanches para Confeitaria Café & o Torneio Aberto de Santa 132 / 107 000440 500,00 15/05/07 Delícias Ltda. ME Catarina realizado no LIC entre 190 09/04 e 18/04 Fornecimento de 100 refeições Olivio Ghizoni – ME para o Torneio Aberto de Santa 126 005132 2.000,00 11/05/07 281 (Alçapão Lanches) Catarina realizado no LIC entre 09/04/2007 e 18/04/2007 Fornecimento de 160 refeições Olivio Ghizoni – ME para o Torneio Aberto de Santa 126 005133 2.945,00 20/05/07 286 (Alçapão Lanches) Catarina realizado no LIC entre 09/04/2007 e 18/04/2007 Passagem aérea Fpolis/SC – GOL Transportes Congonhas/SP – Santos 126 Recibo 298,62 25/07/07 287 Aéreos S.A. Dumont/RJ emitida em nome de Eduardo Sant’Anna IVIEW Sistemas de Locação de linhas telefônicas e 126 004842 Apresentações ADSL para o Cyclus Open de 2.666,40 27/04/07 288 Ltda. Tênis 427

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Posto Santa Clara 126 001820 de Copacabana Gasolina comum 118,00 29/07/07 290 Ltda. SBF Prod. 126 019888 T-Shirt e Agasalho Adidas 249,80 12/05/07 291 Esportivos Ltda. Sant Anna Eventos Serviço de organização do evento 126 000039 Esportivos LTDA – Cyclus Open realizado no LIC em 13.143,28 10/07/07 297 ME. 01/2007 Ressarcimento do custeio do evento Cyclus Open 2007 ref. Sant Anna Eventos material esportivo / ref. site do 126 000040 Esportivos LTDA – 11.653,02 24/05/07 300 evento / ref. custeio TV Clipagem ME. / ref. pagtos diversos / ref. David Produções TOTAL R$ 86.591,13

No recibo do passageiro emitido pela empresa GOL Transportes Aéreos S.A. (fl. 287) verifica-se que foi paga com recursos públicos passagem aérea para o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente da entidade, com destino e data que não se coadunam com o evento realizado, sem haver qualquer menção ao objetivo da viagem. No mesmo sentido, foi juntada como comprovante de despesa a nota fiscal emitida pelo Posto Santa Clara de Copacabana Ltda., do Estado do Rio de Janeiro, na data de 29/07/07 (fl. 290). Tal documento não possui qualquer relação com o evento realizado pelo Instituto Catarinense do Esporte que, repisa-se, ocorreu no mês de abril em Florianópolis/SC.

A nota fiscal nº. 019888, emitida pela empresa SBF Prod. Esportivos Ltda. possui em sua descrição a aquisição de uma T-Shirt e um Agasalho da marca Adidas. Contudo, não há na prestação de contas quaisquer esclarecimentos acerca de tal aquisição, haja vista que a referida despesa não estava prevista no Plano de Trabalho apresentado às fls. 53-55, bem como sua finalidade não se coaduna com o objeto proposto. Além disso, foram apresentados como comprovantes de despesas os gastos realizados nos eventos Cyclus Open de Tênis, ocorrido em Florianópolis, no Lagoa Iate Clube – LIC no mês de fevereiro de 2007. Assim como o Aberto de Santa Catarina, esse outro evento também foi realizado pelo Instituto Catarinense do Esporte; contudo, os recursos repassados pelo Estado de Santa Catarina foram destinados exclusivamente para aplicação no Aberto de Santa Catarina, o qual não possui qualquer vínculo com outros torneios, razão pela qual não poderia ser dada outra destinação aos valores recebidos. 428

É importante destacar que o projeto é instrumento que vincula as partes interessadas – proponente e FUNDESPORTE – e a realização de despesas fora de suas finalidades configura a não observância ao pactuado e alteração do objeto, o que é vedado. O Decreto Estadual nº 307/03, em seus arts. 9º, IV e 16, § 4º, veda expressamente a utilização dos recursos em finalidade diversa do ato que aprovou a liberação dos mesmos:

Art. 9º É vedada a inclusão, nos convênios, sob pena de nulidade do ato e de responsabilidade do agente, de cláusulas ou condições que prevejam ou permitam: (…)

IV - a utilização dos recursos em finalidade diversa da estabelecida no respectivo instrumento, ainda que em caráter de emergência; (…)

Art. 16. A liberação dos recursos financeiros se dará obrigatoriamente mediante a emissão de ordem bancária em nome do beneficiário, para crédito em conta individualizada e vinculada, movimentada por cheques nominais e individualizados por credor ou por ordem bancária, para pagamento de despesas previstas no convênio e respectivo Plano de Trabalho. (…)

§ 4º É vedada a utilização dos recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada. (grifo nosso)

Portanto, as despesas listadas neste item revelam-se estranhas ao projeto. Tal prática contraria frontalmente o disposto nos já mencionados art. 144, §1º, da Lei Complementar Estadual nº 381/07 e art. 49 da Resolução nº TC-16/94, os quais exigem a boa e regular comprovação da aplicação dos recursos públicos. Por este motivo, deve o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente á época do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.9) ser responsabilizado pelas irregularidades cometidas.

2.1.4 Realização de despesas com autorremuneração e sem a comprovação da efetiva prestação ou fornecimento

Verificou-se que o Instituto Catarinense do Esporte contratou prestação de serviços com recursos públicos transferidos a empresas cujos sócios são pessoas integrantes da sua diretoria, conforme demonstrado na tabela abaixo:

Tabela 9 Ata / Contrato Cargo Associado Empresa Social às fls. Presidente Eduardo Augusto Teodoro Sócio da Sant’Anna Eventos 313-315 429

Ata / Contrato Cargo Associado Empresa Social às fls. San’Anna Esportivos Ltda - ME Sócia da Sant’Anna Eventos 313-315 Esportivos Ltda - ME Sócia da OBREMET Obras em Maria de Fátima Teodoro Secretária Estruturas Metálicas Indústria e 322-338 Sant’Anna Comércio LTDA - ME Sócia da Break Point Tennis 376-401 Shop Ltda. ME Sócio da Protenis Promoções Tesoureiro Ennio Lopes Moreira 316-321 Esportivas Ltda. Sócio da Luanco Informática Comissão Executiva Luiz Alberto Schweitzer Costa 339-375 Comercial e Serviços Ltda. ME. Presidente do Ex-Sócio da Luanco Informática Conselho Luiz Antonio Costa 339-375 Comercial e Serviços Ltda. ME. Deliberativo Sócia fundadora sem Sócia da Protenis Promoções Tanara Regia Bier Moreira 316-321 função diretiva Esportivas Ltda.

Visando estabelecer a relação das pessoas retro nominadas com as irregularidades apontadas, segue abaixo a descrição das notas fiscais de prestação de serviços emitidas pelas empresas nas quais figuram como sócios:

Tabela 10

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Break Point Tennis 102 000288 31 pares de tênis 7.740,00 29/04/07 206 Shop Ltda. – ME Break Point Tennis 102 000287 150 camisetas e bermudas 15.000,00 28/04/07 225 Shop Ltda. – ME Break Point Tennis 30 caixas com 24 tubos de 102 000286 15.000,00 25/04/07 226 Shop Ltda. – ME bolas Estrutura de ferro em tubo OBREMET Obras em metalon para colocação de 102 000280 Estruturas Metálicas cabine de imprensa 3,00 x 20.000,00 02/05/07 231 Ind. e Com. Ltda. ME 5,00m para o Circuito Challengers Series de Tênis Quadros de estruturas tubulares para colocação de publicidade OBREMET Obras em em alambrados das quadras do 107 000278 Estruturas Metálicas 20.000,00 26/04/07 103 Aberto de Santa Catarina no Ind. e Com. Ltda. ME Costão do Santinho (2,50m x 1,20m) Luanco Terceirização Edição de relatórios inf. Cont. 107 1369 Industrial e Serviços 1.400,00 04/05/07 114 ref. mês 04/07 Ltda. Ressarcimento de custos e Sant Anna Eventos despesas realizados no Aberto 107 000035 Esportivos LTDA – 12.750,00 11/05/07 125 de Tênis de SC, no Costão do ME. Santinho Referente à Comissão por repasse de premiação e Protenis Promoções despesas do Aberto de Tênis de 107 574 12.750,00 11/05/07 126 Esportivas Ltda. Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 Estrutura metálica para a OBREMET Obras em instalação da área VIP de 8 m x 107 000281 Estruturas Metálicas 27.000,00 11/05/07 127 15 m para o Circuito Challenger Ind. e Com. Ltda. ME Series de Tênis 107 000036 Sant Anna Eventos Ressarcimento de premiação, 120.000,00 14/05/07 128 430

NE NF Credor Descrição Valor (R$) Data Fl. Esportivos LTDA – custeio e organização do Aberto ME. de Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 Referente à Comissão por repasse de premiação e Protenis Promoções despesas do Aberto de Tênis de 107 576 120.000,00 14/05/07 128 Esportivas Ltda. Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 Escadas metálicas de acesso OBREMET Obras em área VIP em chapa metálica tipo 126 000314 Estruturas Metálicas 4.280,00 21/05/07 285 piso de 2,70m para o Circuito Ind. e Com. Ltda. ME Challenger Series de Tênis Luanco Terceirização Edição de relatórios inf. Cont. 126 1452 Industrial e Serviços 1.000,00 13/06/07 293 ref. mês 05/07 Ltda. Sant Anna Eventos Serviço de organização do 126 000039 Esportivos LTDA – evento Cyclus Open realizado 13.143,28 10/07/07 297 ME. no LIC em 01/2007 Referente à Comissão por repasse de premiação e Protenis Promoções despesas do Aberto de Tênis de 126 581 13.143,27 sem data 298 Esportivas Ltda. Santa Catarina, realizado no Costão do Santinho em abril de 2007 Ressarcimento do custeio do evento Cyclus Open 2007 ref. Sant Anna Eventos material esportivo / ref. site do 126 000040 Esportivos LTDA – 11.653,02 24/05/07 300 evento / ref. custeio TV ME. Clipagem / ref. pagtos diversos / ref. David Produções Serviços de organização do Sant Anna Eventos Aberto de SC ref. ressarcimento 126 000041 Esportivos LTDA – 2.630,28 30/07/07 302 diversos pagtos de pequeno ME. monte TOTAL R$ 417.489,85

As notas fiscais acima relacionadas, totalizam o valor de R$ 417.489,85 (quatrocentos e dezessete mil quatrocentos e oitenta e nove reais e oitenta e cinco centavos), o que equivale a 49,11% do valor total do repasse. Depara-se, nessa situação, com uma confusão entre o público e o privado: ao mesmo tempo em que agem como proponente de um projeto esportivo financiado com recursos públicos – e, portanto, como administradores públicos – os membros da Diretoria do Instituto Catarinense do Esporte remuneram a si próprios com valores exorbitantes, proporcionalmente ao total subvencionado pelo erário. E, conforme apontado em itens antecedentes, especialmente o item 2.1.1, sem a comprovação da efetiva prestação dos serviços ou do fornecimento dos materiais, em descumprimento ao disposto no § 1º do art. 144 da Lei Complementar nº 381/07, antes transcrito. 431

Convém mencionar que a legislação administrativa determina que todo agente que atua na contratação, formulação, planejamento, coordenação e execução da política desportiva do Estado, por meio da utilização de recursos públicos deve fazê-lo dentro da mais estreita obediência aos princípios de legalidade, impessoalidade, publicidade, moralidade, razoabilidade, economicidade e eficiência, na medida em que só pode fazer aquilo que se encontra previsto em lei, conforme determina o artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, reproduzido no artigo 16, caput, da Constituição do Estado de Santa Catarina:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...).

O princípio da legalidade é diretriz basilar de todo Estado de Direito, no qual vigora o império da lei. O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da Administração. Por sua vez, o princípio da economicidade relaciona-se com o da eficiência, visando atingir a boa prestação de serviços, do modo mais simples, mais eficiente e mais econômico para a Administração. O princípio da impessoalidade da atuação administrativa impede que o ato administrativo seja praticado visando a interesses do agente ou de terceiros, devendo ater-se à vontade da lei, sob pena de desvio de finalidade, assim como o princípio da razoabilidade, extraído implicitamente da Constituição Federal a partir do postulado do devido processo legal, no seu sentido material ou substancial, exige proporcionalidade entre os meios utilizados pelo administrador público e os fins que ele pretende alcançar. Entre os pressupostos da responsabilidade na gestão dos recursos públicos, encontra-se a exigência de transparência na sua aplicação, consubstanciada no fato de que todos os atos praticados pelo agente no curso da execução da despesa devem ser transparentes. Isso decorre do dever de probidade do agente público no desempenho de suas atividades, que deve sempre atuar em consonância com os princípios acima mencionados. As despesas caracterizadas como autorremuneração por serviços prestados por membros da própria diretoria da entidade ou pessoa jurídica proponente do projeto, beneficiado com recursos do FUNDESPORTE, não se 432

coadunam com tais princípios, em especial o da legalidade, notadamente porque não há disposição legal que a respalde. Assim, entende o Corpo Instrutivo deste Egrégio Tribunal de Contas que as situações apontadas configuram autorremuneração e contrariam os princípios da legalidade, moralidade, razoabilidade, economicidade, impessoalidade e eficiência, norteadores da boa e eficiente administração pública, já que o ordenador secundário da despesa se equivale aos gestores públicos no trato, na destinação e na forma como são gastos os recursos que lhe são repassados. Configuram ainda, descumprimento ao disposto no § 1º do art. 144 da Lei Complementar nº 381/07, em face da ausência de comprovação da efetiva prestação dos serviços ou do fornecimento dos materiais. Por esta razão, deve o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente á época do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.9) ser responsabilizado pela irregularidade cometida, em desacordo com o que prevê o art. 37 da Carta Magna, o § 1º do art. 144 da Lei Complementar nº 381/07 e o art. 16, caput, da Constituição do Estado de Santa Catarina.

2.1.5 Movimentação incorreta da conta bancária

Analisando os documentos trazidos pelo proponente para comprovação das despesas realizadas nos processos de prestações de contas constatou-se que a entidade emitiu cheques nominais a terceiros distintos dos credores das notas fiscais apresentadas, bem como se utilizou de cheque único para o pagamento de despesas diversas, e de vários cheques para o pagamento de despesa única, utilizando-se, ainda, de cheque avulso, com saque direto no caixa.

Tabela 11

NE Nominal Valor (R$) NF Credor Valor (R$) Data Fl. Ponto Cem 002564 Lanches e 5.350,00 26/04/07 208 Cheque nº 004 Porções Ltda. 102 nominal a Ponto 15.500,00 Olivio Ghizoni ME Cem Lanches Ltda. 005131 (Alçapão 10.150,00 26/04/07 208 Lanches) Arno Rogério Cheque avulso 025 Tancredi 4.660,00 30/04/07 227 nominal ao Instituto Mallmann 102 52.557,00 Catarinense do Interamericana Esporte 195 Construção e 9.358,00 30/04/07 228 Comércio Ltda. 433

NE Nominal Valor (R$) NF Credor Valor (R$) Data Fl. João Marcelo 028 11.149,00 30/04/07 228 Vargas The Bodyguard Cons. e Planej. 905 4.955,00 30/04/07 229 De Seg. Pessoal Ltda. CONSFFER Empresa de 104 11.800,00 30/04/07 229 Projetos Construções Ltda. 204 Roberto Petrillo 10.635,00 30/04/07 230 OBREMET Obras TED a Protenis em Est. Metálicas 102 Promoções 20.000,00 000280 20.000,00 02/05/07 231 Ind. e Com. Ltda. Esportivas Ltda. ME Cheque nº 020 232 / 102 nominal a Caia 5.957,50 recibo Caia Zampieri 4.844,38 27/04/07 233 Zampieri TED a AndréSwitka 235 / 102 2.034,09 recibo André Ghem 2.035,09 24/04/07 Ghem 236 DEZ Viagens e 000961 1.900,08 26/04/07 241 Turismo Ltda. TED a DEZ Viagens 4.698,98 DEZ Viagens e 102 000937 962,08 11/04/07 244 e Turismo Ltda. (fls.243) Turismo Ltda. DEZ Viagens e 000929 1.836,82 10/04/07 245 Turismo Ltda. Confederação recibo Brasileira de 5.050,00 09/05/07 248 TED a Tênis 102 Confederação 10.100,00 Confederação Brasileira de Tênis recibo Brasileira de 5.050,00 09/05/07 248 Tênis recibo Diego Matos 360,40 24/04/07 96 recibo Guilherme Clezar 1.102,40 24/04/07 97 Cheque avulso José Pereira nominal ao Instituto 4.303,52 recibo 1.060,00 24/04/07 98 107 Junior Catarinense do (fls. 95) recibo Rodrigo Guidolin 1.081,12 24/04/07 99 Tênis recibo André Baran 360,40 24/04/07 100 recibo Alexandre Simoni 339,20 24/04/07 101 Cheque avulso OBREMET Obras nominal ao Instituto 20.000,00 em Est. Metálicas 107 000278 20.000,00 26/04/07 103 Catarinense do (fls. 102) Ind. e Com. Ltda. Tênis ME Cheque avulso Roberto nominal ao Instituto 2.050,00 000555 Theodozio – ME 1.200,00 28/04/07 104 107 Catarinense do (fls. 104) (Casa do Peixe) Tênis 095 Izomar Pinto Silva 850,00 21/04/07 105 Roberto 000558 Theodozio – ME 1.000,00 30/04/07 105 (Casa do Peixe) Roberto 000556 Theodozio – ME 1.800,00 30/04/07 105 TED a Ennio Lopes 5.500,00 (Casa do Peixe) 107 Moreira (fls.109) recibo Osvaldo Costa 500,00 27/04/07 106 recibo Diego Bombardelli 500,00 27/04/07 107 Vanessa recibo 700,00 27/04/07 108 Bombardelli Maurício Ronaldo 0406 1.500,0 30/04/07 109 Silveira - ME TED a Marco Roberto 107 Antônio de Fraga 5.000,00 000557 Theodozio – ME 5.000,00 30/04/07 110 Wanner (Casa do Peixe) 434

NE Nominal Valor (R$) NF Credor Valor (R$) Data Fl. Roberto TED a Valdir Correa 107 1.500,00 000560 Theodozio – ME 1.500,00 08/05/07 113 do Amaral (Casa do Peixe) Transferência para a conta de Confeitaria Café e 107 6.550,00 000437 6.550,00 30/04/07 115 Santanna Eventos Delícias Ltda. ME Esportivos SantAnna Eventos Cheque nº 033 000035 12.750,00 11/05/07 125 Esportivos Ltda. - nominal ao Instituto 25.500,00 107 ME Catarinense do (fls. 125) Protenis Tênis 574 Promoções 12.750,00 11/05/07 126 Esportivas Ltda. Roberto 000559 Theodozio – ME 580,00 30/04/07 132 (Casa do Peixe) Izomar Pinto da 96 350,00 21/04/07 133 Silva Madalu Arte Floral 157 1.400,00 21/04/07 133 e Eventos recibo Carlos Zwetsch 339,20 24/04/07 134 recibo Thais Closs 500,00 27/04/07 136 RCD Empreendimentos 41661 20.000,00 25/04/07 138 Ltda. (Hotel Majestic) recibo Mariano Ink 2.022,48 27/04/07 140 recibo Paul Capdeville 15.221,60 28/04/07 141 Juan Pablo recibo 9.328,00 28/04/07 142 Guzman recibo Pablo Cuevas 8.564,80 28/04/07 143 recibo Horacio Zeballos 5.066,80 28/04/07 144 recibo Leonardo Mayer 4.197,60 24/04/07 145 recibo Brian Dabul 3.731,20 24/04/07 146 50.000,00 recibo Maximo Gonzalez 3.731,20 24/04/07 147 Cheque avulso + Juan Pablo nominal ao Instituto recibo 3.731,20 24/04/07 148 107 50.000,00 Brzezick Catarinense do (fls.135 e recibo Diego Junqueira 2.459,20 24/04/07 149 Tênis 139) recibo Cristian Villagran 2.204,80 24/04/07 150 Gustavo recibo 1.462,80 24/04/07 151 Marcaccio recibo Jamie Baker 1.060,00 24/04/07 152 recibo Daniel Koellerer 1.060,00 24/04/07 153 recibo Ivan Miranda 1.102,40 24/04/07 154 recibo Lucas Santoro 339,20 24/04/07 155 recibo Diego Moyano 381,60 24/04/07 156 recibo Thiago Serpa 815,00 27/04/07 157 recibo André Furlaneto 595,00 27/04/07 158 Arlindo Sandri recibo 615,00 27/04/07 159 Junior recibo Valdinei Pereira 781,00 27/04/07 160 recibo Mauro Marques 865,00 27/04/07 161 recibo Nicolas Sanchez 1.015,00 27/04/07 162 recibo Ricardo Seadi 170,00 27/04/07 163 recibo Ricardo Bracellos 765,00 27/04/07 164 recibo Maurilio Silveira 200,00 27/04/07 165 Eduardo recibo 770,00 27/04/07 166 Marcandalli recibo Rubio Ribeiro 977,00 27/04/07 167 recibo George Higuashi 997,00 27/04/07 168 435

NE Nominal Valor (R$) NF Credor Valor (R$) Data Fl. recibo Victor Wick 595,00 24/04/07 169 recibo Ademir Lima 765,00 27/04/07 170 recibo Taise Soares 625,00 24/04/07 171 Ricardo Zaidi recibo 705,00 24/04/07 172 Nunes Gilson Lima de recibo 702,00 24/04/07 173 Oliveira recibo George Stradioto 703,00 24/04/07 174 recibo Felipe Munno 655,00 24/04/07 175 Ednaldo Leonel recibo 625,00 24/04/07 176 dos Santos recibo Aseldo Redante 735,00 24/04/07 177 recibo Lorena Silva 595,00 24/04/07 178 recibo Roberto Almeida 1.696,00 27/04/07 179 recibo Rafael Maia 1696,00 27/04/07 180 Luiz Bechar recibo 1.774,00 27/04/07 181 Parada recibo Marcus Campos 1.040,00 24/04/07 182 recibo Fabio Souza 1.184,00 24/04/07 183 Hotel Praiatur 29837 344,03 20/04/07 290 Ltda. 009310 Domini Pizza 103,70 18/02/07 290 Via Inox Varejo e 009243 Distr. De Util. 469,89 25/04/07 290 Ltda. Posto Santa Clara 001820 de Copacabana 118,00 29/07/07 290 TED a Ennio Lopes 1.500,00 126 Ltda. Moreira (fls.289) Com. Prod. 019888 249,80 12/05/07 291 Esportivos Ltda. Posto Santa 092283 123,06 21/05/07 291 Mônica Ltda. A. Angeloni & Cia 022139 30,00 30/04/07 291 Ltda. A. Angeloni & Cia 023306 61,96 30/05/07 291 Ltda. Luanco Transferência para Terceirização 126 a conta de Luiz 1.000,00 1452 1.000,00 13/06/07 293 Industrial e Antônio Costa Serviços Ltda. TOTAL R$ 283.751,09 TOTAL R$ 294.633,49

Constata-se, ainda, que houve diferença nos valores pagos e nos pagamentos comprovados por notas fiscais, apurando-se a diferença de R$ 10.882,40 (dez mil oitocentos e oitenta e dois reais e quarenta centavos). A conduta adotada afronta o disposto no art. 47 da Resolução TC 16/94, o qual determina que “é obrigatório o depósito bancário dos recursos antecipados em conta individualizada e vinculada, movimentada por cheques nominais e individualizados por credor”. Neste sentido, dispõe o art. 16, do Decreto Estadual nº. 307/03:

Art. 16. A liberação dos recursos financeiros se dará obrigatoriamente mediante a emissão de ordem bancária em nome do beneficiário, para 436

crédito em conta individualizada e vinculada, movimentada por cheques nominais e individualizados por credor ou por ordem bancária, para pagamento de despesas previstas no convênio e respectivo Plano de Trabalho.

Além das irregularidades na movimentação da conta bancária vinculada ao projeto, o responsável pela entidade proponente não apresentou fotocópia dos cheques emitidos, constando dos autos apenas documentos denominados “cópia de cheque”, que não correspondem aos títulos emitidos nem suprem a exigência legal contida no inciso X do art. 24 do Decreto Estadual nº. 307/03:

Art. 24. As prestações de contas de recursos antecipados, compostas de forma individualizada de acordo com a finalidade da despesa e no valor da parcela, conterão os seguintes documentos, no que couber, conforme o objeto do convênio ou instrumento congênere: (...)

X – fotocópia dos cheques ou ordens bancárias emitidas;

Assim, considerando as irregularidades cometidas, deve ser responsabilizado o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente à época do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.9), pela afronta aos dispositivos legais acima mencionados.

2.1.6 Não comprovação do recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte

Verificou-se que a entidade proponente não trouxe na prestação de contas o documento que comprova o devido recolhimento do imposto de renda retido na fonte, uma vez que considerou o valor bruto para efeito de prestação de contas, conforme discriminado no recibo acostado aos autos e no balancete de prestação de contas (fl. 90):

Tabela 12 Valor do NE NF Credor Descrição Data Fls. IR (R$) Serviços prestados de 111/1 107 recibo Ricardo Reis 153,95 27/04/07 Coordenação de Arbitragem 12 TOTAL R$ 153,95

Tal como apresenta a tabela acima, apurou-se que o Instituto Catarinense do Esporte deixou de comprovar o recolhimento do Imposto de Renda 437

retido na fonte, do valor de R$ 153,95 (cento e cinqüenta e três reais, noventa e cinco centavos), podendo caracterizar descumprimento ao que determina o art. 11, alínea a, da Lei Federal nº. 4.357/64 e ainda, o art. 24, IX do Decreto Estadual nº 307/2003: Lei Federal nº. 4.357/64:

Art 11. Inclui-se entre os fatos constitutivos do crime de apropriação indébita, definido no art. 168 do Código Penal, o não-recolhimento, dentro de 90 (noventa) dias do término dos prazos legais:

a) das importâncias do Impôsto de Renda, seus adicionais e empréstimos compulsórios, descontados pelas fontes pagadoras de rendimentos;

Decreto Estadual nº 307/2003:

Art. 24. As prestações de contas de recursos antecipados, compostas de forma individualizada de acordo com a finalidade da despesa e no valor da parcela, conterão os seguintes documentos, no que couber, conforme o objeto do convênio ou instrumento congênere: (...) IX – documentos comprobatórios das despesas realizadas, tais como notas fiscais, recibos, folhas de pagamento, relatórios resumo de viagem, ordens de tráfego, bilhetes de passagem, guias de recolhimento de encargos sociais e de tributos, entre outros; (grifou-se)

Assim, haja vista a afronta ao que determina o mencionado dispositivo legal, sugere-se deva o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente à época dos fatos do Instituto Catarinense do Esporte, solidariamente com este (item 2.9), ser responsabilizado pela irregularidade ora cometida.

2.2. Não apresentação de documento do recolhimento do Imposto de Renda retido na fonte

Verificou-se que a entidade proponente não trouxe nas prestações de contas os documentos que comprovam o devido recolhimento do imposto de renda retido na fonte, muito embora tenha considerado o valor líquido para efeito de prestação de contas, com fundamento no art. 24, IX do Decreto Estadual nº 307/2003, conforme discriminado nos recibos acostados aos autos: Tabela 13 Valor do NE NF Credor Descrição Data Fl. IR (R$) 102 recibo João Souza Recebimento de premiação 296,84 24/04/07 213 102 recibo Lucas Engel Recebimento de premiação 127,31 24/04/07 216 102 recibo Rogerio Dutra Silva Recebimento de premiação 241,79 24/04/07 218 102 recibo Franco Ferreiro Recebimento de premiação 241,79 24/04/07 219 102 recibo Ricardo Hocevar Recebimento de premiação 63,71 24/04/07 221 438

Valor do NE NF Credor Descrição Data Fl. IR (R$) 102 recibo Caio Zampieri Recebimento de premiação 1.113,12 27/04/07 232 102 recibo Julio Silva Recebimento de premiação 70,07 24/04/07 233-a 102 recibo André Miele Recebimento de premiação 495,06 24/04/07 234 102 recibo André Ghem Recebimento de premiação 127,31 24/04/07 236 107 recibo Marcelo Demoliner Recebimento de premiação 22,37 24/04/07 123 Serviços prestados de 107 recibo Mariano Ink 303,37 27/04/07 140 arbitragem 107 recibo Paul Capdeville Recebimento de premiação 2.283,24 28/04/07 141 107 Recibo Juan Pablo Guzman Recebimento de premiação 1.399,20 28/04/07 142 107 Recibo Pablo Cuevas Recebimento de premiação 1.284,80 28/04/07 143 107 Recibo Horacio Zeballos Recebimento de premiação 760,00 28/04/07 144 107 Recibo Leonardo Mayer Recebimento de premiação 629,64 24/04/07 145 107 Recibo Brian Dabul Recebimento de premiação 560,00 24/04/07 146 107 Recibo Maximo Gonzalez Recebimento de premiação 560,00 24/04/07 147 107 Recibo Juan Pablo Brzezicki Recebimento de premiação 560,00 24/04/07 148 107 Recibo Diego Junqueira Recebimento de premiação 368,88 24/04/07 149 107 Recibo Cristian Villagran Recebimento de premiação 330,72 24/04/07 150 107 Recibo Gustavo Marcaccio Recebimento de premiação 219,40 24/04/07 151 107 Recibo Jamie Baker Recebimento de premiação 160,00 24/04/07 152 107 Recibo Daniel Koellerer Recebimento de premiação 160,00 24/04/07 153 107 Recibo Ivan Miranda Recebimento de premiação 165,36 24/04/07 154 107 Recibo Lucas Santoro Recebimento de premiação 51,00 24/04/07 155 107 Recibo Diego Moyano Recebimento de premiação 57,24 24/04/07 156 Serviços prestados de 107 Recibo Roberto Almeida 57,35 27/04/07 179 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Rafael Maia 57,35 27/04/07 180 arbitragem Serviços prestados de 107 Recibo Luiz Bechar Parada 69,05 27/04/07 181 arbitragem TOTAL R$ 12.835,97

Tal como apresenta a tabela acima, não foi possível apurar que o Instituto Catarinense do Esporte tenha efetuado o recolhimento dos valores retidos na fonte, podendo caracterizar descumprimento ao que determina o art. 11, alínea a, da Lei Federal nº. 4.357/64.

Desta forma, entende-se necessária a apresentação de tais documentos que atestem o recolhimento dos valores demonstrados nos recibos, a título de desconto para fins de imposto de renda, com fundamento no art. 24, IX do Decreto Estadual nº 307/2003, sob pena de cominação de multa ao Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna e de comunicação à Receita Federal do Brasil, na fase conclusiva deste processo.

2.3 Apresentação de recibos como comprovantes de despesa

Compulsando-se os autos, constata-se que foram juntados às prestações de contas diversos recibos a fim de comprovar as despesas 439

supostamente realizadas, em especial as referentes à arbitragem, conforme elencadas na Tabela 3, constante do item 2.1.1, deste relatório. Tal conduta fere o disposto no § 1º do art. 24 do Decreto Estadual nº. 307/03, transcrito a seguir:

Art. 24...... (...)

§ 1º Para efeitos do disposto no inciso IX, recibos não se constituem em documentos hábeis a comprovar despesas sujeitas à incidência de tributos federais, estaduais ou municipais.

Ora, por se tratarem de despesas sujeitas à incidência de tributos, em especial do Imposto sobre Serviços -ISS, previsto no inciso III do art. 156 da Constituição da República Federativa do Brasil, o documento hábil a ser apresentado seria a nota fiscal avulsa de prestação de serviços, emitida pela Prefeitura Municipal. Desta forma, o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna deve ser responsabilizado pela irregularidade cometida, em afronta ao que determina o mencionado dispositivo legal.

2.4 Serviços prestados por empresas domiciliadas fora de Santa Catarina

Verificou-se que foram contratadas empresas sediadas em diversos Estados da Federação, em especial Rio Grande do Sul e Paraná, para a prestação de serviços tais como organização, montagem de estrutura (lonas e stands), decoração e recursos humanos para a realização do evento. O art. 34, do Decreto Estadual nº. 3.115/05, dispõe que “o projeto incentivado deverá utilizar, preferencialmente, recursos humanos, materiais, técnicos e naturais disponíveis no Estado”. Ora, o termo “preferencialmente” exige que se dê prioridade na contratação de empresa domiciliada no Estado de Santa Catarina. Somente depois de esgotada tal possibilidade ou mediante justificativa de que o serviço é por deveras especializado é que se está autorizado a buscá-lo em outros Estados. 440

Além disso, a contratação dessas empresas acaba por majorar o serviço a ser prestado, considerando o deslocamento até o local do evento, qual seja, a cidade de Florianópolis/SC. Portanto, a preferência na contratação de empresa catarinense é regra que se sobrepõe a quaisquer regulamentos ou contratos, razão pela qual o Presidente pelo Instituto Catarinense do Esporte à época dos fatos deve ser responsabilizado pela infração cometida, em desacordo com o que prevê o art. 34 do Decreto nº. 3.115/05.

2.5 Ausência de aplicação da contrapartida

Em análise ao ato de concessão, constatou-se que a entidade, a princípio, demonstrava no Plano de Trabalho (fls. 53-55) que seria necessário, para a viabilidade do projeto o investimento do Poder Público no valor de R$ 850.000,00 (oitocentos e cinquenta mil reais) – o que equivale a 100% do total do projeto, tendo apresentado como contrapartida o valor de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), correspondente ao evento Cyclus Open de Tênis, realizado pela entidade proponente no mês de fevereiro de 2007. Por outro lado, o Procedimento de Captação (fl. 70) emitido pela Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, determinava que o Estado concederia o valor solicitado de R$ 850.000,00 (oitocentos e cinquenta mil reais) e a entidade arcaria com uma contrapartida financeira no importe de R$ 212.500,00 (duzentos e doze mil e quinhentos reais) – correspondente a 20% do total do projeto – haja vista que o valor total para a consecução do plano de trabalho foi orçado em R$ 1.062.500,00 (um milhão sessenta e dois mil e quinhentos reais). Convém mencionar que a entidade estava subordinada à lei então vigente quando da concessão dos recursos solicitados e conforme se verifica no caput do art. 21 do Decreto Estadual nº. 3.115/05, a contrapartida deveria corresponder a, no mínimo, 20% do valor total do projeto:

Art. 21. Os Fundos financiarão, no máximo, 80% (oitenta por cento) do custo total de cada projeto cultural, turístico ou esportivo, aprovado, devendo o proponente oferecer contrapartida equivalente ao valor restante. (grifo nosso)

441

Ainda que não seja um gasto realizado com recurso público, deve ficar demonstrada, na prestação de contas, que a despesa foi realizada, uma vez que a proposta tem como característica a comunhão de esforços das duas partes envolvidas: Poder Público e entidade beneficiada. Diante do exposto, resta caracterizada a ausência de comprovação da contrapartida, em desacordo com o Decreto Estadual nº 3.115/05, art. 21, de modo que devem ser responsabilizados solidariamente o Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna e o Instituto Catarinense de Esportes, pela irregularidade cometida.

2.6 Apresentação de prestação de contas fora do prazo

O art. 23 do Decreto Estadual nº. 307/03 ordena que a prestação de contas deve ser apresentada em 180 (cento e oitenta) dias no caso de primeira parcela ou de parcela única e de 60 (sessenta) dias a partir do recebimento de cada parcela.

Art. 23. O prazo para a apresentação da prestação de contas, contado do recebimento dos recursos financeiros pelo convenente, é de:

I - 180 (cento e vinte) dias em caso de primeira parcela ou de recebimento único; e II - 60 (sessenta) dias a partir do recebimento de cada parcela, à exceção da primeira. (…)

Conforme consta na capa do PTEC nº. 3775/07-0, à fl. 272, a prestação de contas referente à nota de empenho nº. 126, no valor de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), foi recebida em 17/07/07; portanto 11 (onze) dias após o término do prazo regulamentar (06/07/07), considerando que os recursos foram repassados na data de 07/05/07. Destaca-se que a apresentação da prestação de contas no prazo exigido pela legislação permite à Administração Pública aferir a legalidade dos atos praticados e comprovar o efetivo cumprimento do contrato firmado entre as partes. Verifica-se, dessa maneira, que a intempestividade por si só já é uma irregularidade que não pode ser elidida. Pode, sim, afastar o dano, se comprovada a boa e regular aplicação do recurso público, mas não a aplicação de multa. Tendo em vista que não restaram observadas, nos autos, situações que evidenciassem caso fortuito ou força maior, que justificariam o atraso, entende- 442

se cabível a aplicação de multa ao proponente, em face ao desrespeito à norma supracitada.

2.7 Inobservância das normas legais por parte do concedente

2.7.1 Ausência de parecer do Conselho Estadual de Desportos

Em análise ao ato de concessão dos recursos repassados constatou- se que o projeto apresentado pelo Instituto Catarinense do Esporte teve sua aprovação e homologação realizada pelo Comitê Gestor sem a prévia instrução e encaminhamento pelo Conselho Estadual de Desportos, conforme determina o art. 11, II e art. 20, ambos do Decreto nº. 3.115/05.

Art. 11. Compete ao Comitê Gestor de cada Fundo:

(...)

II – homologar, de acordo com as políticas governamentais e a capacidade orçamentária, os projetos a serem financiados com recursos do Fundo, definidos pelos Conselhos Estaduais de Cultura, de Turismo e de Desportos;

Art. 20. Aos Conselhos de Cultura, de Turismo e de Desportos, obedecida a legislação vigente que os instituiu e regulamentou, caberá a definição dos programas, projetos e ações a serem encaminhados aos Comitês Gestores respectivos para aprovação dos financiamentos solicitados, em conformidade com as prioridades das políticas públicas governamentais.

Ressalta-se que o parecer do Conselho Estadual de Desportos é condição sine qua non para a aprovação do projeto. É ao Conselho que cabe a definição dos programas, projetos e ações que serão financiados pelos Fundos. A análise efetuada pelo Comitê Gestor atém-se tão exclusivamente à adequação do projeto a sua capacidade orçamentária, não adentrando no mérito das proposições. Assim, considerando a afronta ao previsto no Decreto Estadual nº. 3.115/05, deve o Sr. Gilmar Kanesel, Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte à época dos fatos, ser responsabilizado pela irregularidade cometida.

2.7.2 Ausência do Contrato/Termo de Convênio ou outro Instrumento de Ajuste

443

Verificando a documentação constante dos autos, constatou-se a ausência do Contrato/Termo de Convênio ou outro Instrumento de Ajuste, que, necessariamente, deveria ter sido firmado entre a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte e o proponente, face à necessidade de formalização das condições a serem observadas pelas partes na execução do projeto. O art. 16, § 3º, do Decreto nº. 3.115/05 determina que:

Art. 16......

(...)

§ 3º Os recursos financeiros dos Fundos poderão ser empregados por meio:

I – da descentralização de créditos orçamentários, na forma instituída pela Lei nº 12.931, de 13 de fevereiro de 2004;

II – da celebração de convênios, com observância das normas previstas no Decreto nº 307, de 4 de junho de 2003;

III – da concessão de subvenções sociais, com observância das normas previstas na Lei nº 5.867, de 27 de abril de 1981;

IV – da celebração de contratos, na forma instituída pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

É sabido que o Estado-Administração, ao firmar compromissos recíprocos com terceiros, deve fazê-lo por meio da celebração de contrato. Logo, a concessão de recursos do FUNDESPORTE a particular, para a execução de projeto de interesse público, deve ser precedida da elaboração de um contrato, conforme dispõe a Lei Federal nº 8.666/93, em seu art. 60, parágrafo único e art. 116:

Art. 60......

Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.

Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração.

Desse modo, existindo ajuste com a administração sem a devida formalização por intermédio de termo e não se enquadrando este ajuste entre as exceções em que a lei dispensa o termo de contrato, tal ajuste é nulo. 444

Resta, portanto, evidente a exigência inarredável de formalização de um termo para regular a concessão de recursos do SEITEC, seja por intermédio da celebração de convênio, contrato, termo de cooperação ou outra forma de ajuste, sob pena de nulidade do ato. Desta forma, deve ser responsabilizado o Sr. Gilmar Knaesel pela irregularidade ora cometida, qual seja, a grave infração à norma legal, considerando que o repasse do recurso público foi realizado sem a formalização de convênio, contrato, termo ou outra forma de ajuste, descumprindo o disposto no art. 60, parágrafo único e art. 116, ambos da Lei Federal nº 8.666/93, e art. 16, § 3º, do Decreto nº. 3.115/05.

2.7.3 Liberação de recursos sem comprovação de prévia captação

Compulsando-se os autos constatou-se a ausência dos comprovantes de depósito de ICMS ao FUNDESPORTE, comumente denominada “captação de recursos”, no valor total do repasse, qual seja, R$ 850.000,00 (oitocentos e cinquenta mil reais). Contudo, os recursos foram liberados, em desacordo ao disposto no art. 31, § 1º, e no art. 32, do Decreto Estadual nº. 3.115/05:

Art. 31. Ao contribuinte do ICMS que aplicar recursos financeiros em projetos culturais, turísticos e esportivos previamente aprovados, será permitido apropriar-se em conta gráfica, a título de crédito, do valor correspondente à aplicação.

§ 1º A aplicação em projetos culturais, turísticos e esportivos será comprovada pela transferência de recursos financeiros por parte do contribuinte diretamente aos respectivos Fundos.

Art. 32. O valor a ser captado em projetos aprovados no âmbito do SEITEC poderá corresponder a até 80% (oitenta por cento) do valor total do projeto, que será transferido pelo contribuinte do ICMS ao respectivo Fundo.

De acordo com a Lei n.º 13.336/05, o FUNDESPORTE é constituído com recursos provenientes: 1 - do FUNDOSOCIAL; 2 - de receitas decorrentes de aplicação de seus recursos; 3 - de contribuições, doações, financiamentos e recursos oriundos de entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras; 4 – outros recursos que venham a ser destinados. 445

Desde a criação do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, Turismo e Esporte – SEITEC esta Corte de Contas vem acompanhando a composição dos Fundos (FUNCULTURAL, FUNTURISMO E FUNDESPORTE), e constatou que apenas recursos provenientes do pagamento de ICMS estão sendo depositados à conta dos respectivos fundos. Até 26 de junho de 2007 o contribuinte de ICMS podia destinar até 5% do imposto devido a projetos culturais, esportivos e turísticos e esse montante era então destinado na sua totalidade ao projeto discriminado pelo próprio contribuinte na guia de recolhimento. Com a alteração do Decreto Estadual n.º 3.115/05, pelo Decreto Estadual nº. 406, de 26 de junho de 2007, o contribuinte de ICMS passou destinar a projetos de sua livre escolha até 60% dos recursos passíveis de aplicação, o restante seria destinado a projetos de escolha do Estado. Essa nova sistemática permitiu que alguns projetos de interesse governamental não precisassem captar recursos para comporem o respectivo fundo e consequentemente subsidiar seus projetos, uma vez que o Fundo já teria recursos advindos de outras captações, ou seja, de outros projetos. No presente caso, não há que se falar em disponibilidade de recursos no FUNDESPORTE para financiar projetos do Governo, visto que o último repasse ocorreu em 25/04/07, anteriormente à sistemática adotada pelo Decreto Estadual nº. 406/07. Além disso, as parcelas de recursos deveriam ser liberadas pelo Comitê Gestor à vista dos valores captados pelo Proponente, devidamente confirmados pelo “DARE”, o que não ocorreu. Convém mencionar que, ao efetuar o repasse do valor integral solicitado pelo proponente sem a correspondente captação de recursos advindos do ICMS, o Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte à época, Sr. Gilmar Knaesel, praticou um ato administrativo na contramão dos princípios da administração pública, descritos no art. 37 da Carta Magna, em especial o da impessoalidade. Tal princípio é bem caracterizado por Celso Antônio Bandeira de Mello1:

1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 8 ed., São Paulo:Malheiros Editora, 1996, p. 68. 446

No princípio da impessoalidade se traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou grupos de qualquer espécie.

Dessa forma, por tudo previamente exposto e não tendo sido devidamente comprovada existência de recursos disponíveis na ordem de R$ 96.000,00 (noventa e seis mil reais) para subsidiar o projeto do Instituto Catarinense do Esporte, deve ser responsabilizado o Sr. Gilmar Knaesel pela afronta ao art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil e ao art. 31, § 1º, e art. 32, do Decreto Estadual nº. 3.115/05.

2.8 Responsabilidade Solidária do Sr. Gilmar Knaesel

O presente item tem por objetivo analisar a responsabilidade do Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, à época dos fatos, Sr. Gilmar Knaesel, em relação à aprovação do projeto “CHALLENGERS SERIES – Aberto de Santa Catarina”, no período de 20 a 29 de abril de 2007, da entidade Instituto Catarinense do Esporte. Foi verificada, nesse sentido, a ausência de preenchimento de algumas formalidades no ato de concessão de repasse financeiro desse projeto, quais sejam: a) falta de aprovação do projeto pelo Conselho Estadual de Desportos; b) ausência do Contrato/Termo de Convênio ou outro ajuste firmado entre as partes; e c) liberação de recursos sem comprovação de prévia captação. No caso em foco há de se destacar a omissão/inércia do concedente ao aprovar o referido projeto sem, contudo, se ater as formalidades disciplinadas no regramento jurídico. Não é dado ao administrador público agir discricionariamente quando do gerenciamento da coisa pública. Cabe ao exercente de um múnus público desenvolver seu mister em consonância com a norma vigente, pois aquele que atua na contratação, na formulação, no planejamento, na coordenação e execução de políticas públicas, deve fazê-lo dentro dos princípios que norteiam todo o serviço público. 447

Oportuno ressaltar que os princípios constitucionais são normas superiores em relação às demais regras do ordenamento jurídico, sendo de aplicação imediata e imperativo vinculante para a Administração Pública de forma geral e para a coletividade. O princípio da legalidade é um dos mais relevantes dos princípios da administração pública, pois cumpre a ele nortear e orientar todos os atos praticados pela Administração, sendo que qualquer ato administrativo só será legítimo, e, assim, somente produzirá efeitos jurídicos válidos se seguir fielmente todas as prévias determinações contidas na lei em sentido amplo. Neste sentido, na lição de Marino Pazzaglini Filho, “o principio da legalidade é o fundamento e a essência do estado de direito onde as leis governam e não os homens”. Ainda segundo o autor: “A observância do princípio da legalidade é dever do agente público e prévia condição para atuar licitamente. Expressa relação de subordinação ou vinculação à lei ou, mais precisamente, ao regramento jurídico”. Desta feita, entende-se que toda e qualquer atividades exercida na Administração Pública deve pautada na subordinação à ordem jurídica, ou seja, à legalidade. Nessa ordem, a inobservância das normas legais por parte do concedente quando da aprovação do projeto não pode ser tolerada, visto que ao adotar tal conduta, o Sr. Gilmar Knaesel acabou por avocar o ônus da responsabilidade para si, razão pela qual deve responder solidariamente pelas irregularidades cometidas pelo proponente quando da aplicação dos recursos repassados. A fim de não deixar dúvidas, traz-se o teor do disposto no inc. III do art. 1° da Lei Complementar n. 202/2000, Lei Orgânica deste Tribunal de Contas, que combinado com o art. 133, § 1°, alínea “a” do Regimento Interno, descreve quem é gestor responsável na visão da Corte:

Art. 1° Ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, órgão de controle externo, compete, nos termos da Constituição do Estado e na forma estabelecida nesta Lei: (...)

III – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores da administração direta e indireta, incluídas as 448

fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público do Estado e do Município

O Regimento Interno, ao tratar sobre o exercício do contraditório e do direito a ampla defesa (Título V) define responsável como sendo:

Art. 133. Em todas as etapas do processo de julgamento de contas, de apreciação de atos sujeitos a registro e de fiscalização de atos e contratos será assegurada aos responsáveis ou interessados ampla defesa.

§ 1º. Para efeito do disposto no caput, considera-se:

a) responsável aquele que figure no processo em razão da utilização, arrecadação, guarda, gerenciamento ou administração de dinheiro, bens, e valores públicos, ou pelos quais o Estado ou o Município respondam, ou que, em nome destes assuma obrigações de natureza pecuniária, ou por ter dado causa a perda, extravio, ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário. (grifo nosso)

Subsidiariamente, oportuno trazer à colação, o art. 10 da Lei Complementar n. 202/2000, in verbis:

Art. 10. A autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências com vistas à instauração de tomada de contas especial para apuração de fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano, quando não forem prestadas as contas ou ocorrer desfalque, desvio de dinheiro, bens ou valores públicos, ou ainda se caracterizada a prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte prejuízo ao erário.

Com o intuito do corroborar com o tema em questão, também vale destacar o art. 18, lll, “b”, § 2º, “a” e “b”, que assim dispõe:

Art. 18. As contas serão julgadas: (...)

lll – irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências: (...)

b) prática de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico, ou grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeiro, orçamentária, operacional ou patrimonial; (...)

§ 2º Nas hipóteses do inciso lll, alínea c e d, deste artigo, o Tribunal, ao julgar irregulares as contas, fixará a responsabilidade solidária:

a) do agente público que praticou o ato irregular e b) do terceiro que, como contratante ou parte interessada na prática do mesmo ato, de qualquer modo, haja concorrido para a ocorrência do dano apurado.

O Gestor Público responsável pela aprovação/homologação do termo de concessão de repasse de recurso, quando da análise das formalidades legais, 449

confirma a validade dos atos praticados até aquele momento e, ao anuir o procedimento de concessão, torna-se responsável, visto que cabe a ele argüir ou não qualquer falha na condução do processo e na documentação juntada pelo proponente. A condição de Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte impõe-lhe provar cabalmente sua isenção em relação a cada irregularidade apurada e sobre a qual lhe é reconhecida a co-responsabilidade. Registre-se, por fim, que a responsabilidade persiste, ainda, em razão da sua obrigação em zelar pela boa administração e averiguar possíveis falhas, sendo que sua negligência implica em culpa por omissão. Assim, considerando que as normas legais e regulamentares são de conhecimento e obediência obrigatórios por parte de todo administrador ou gestor público e, tendo em vista que a aprovação do projeto sem a observância dos preceitos legais e regulamentares descritos no item 2.6 e respectivos subitens deste relatório, convergiu para a ocorrência da irregularidade passível de imputação de débito. Ainda, nessa ordem, entende este Corpo Técnico que o Sr. Gilmar Knaesel deve responder solidariamente pelas irregularidades praticadas, nos termos do art. 15, I, da Lei Complementar nº 202/00.

2.9 Responsabilidade da pessoa jurídica

A fim de esclarecer a responsabilidade da pessoa jurídica, no presente caso concreto, o Corpo Técnico entendeu pertinente destacá-la em item próprio, por exigir a situação uma abordagem minuciosa a partir dos fatos e fundamentos que os dão sustentação. É preciso que se diga, inicialmente, que até o momento não se imputara responsabilidade à pessoa jurídica em razão de enormes divergências doutrinárias e jurisprudenciais acerca da matéria entre as Cortes de Contas no país. Contudo, houve um amadurecimento das discussões sobre o tema e, em atenção ao que vêm decidindo os tribunais, especialmente o Tribunal de Contas da União, de maneira uniformizada a partir do mês de outubro de 2011, este Corpo Técnico acompanha tais entendimentos naquelas situações em que o caso concreto permite seja feito esse enquadramento. 450

O tema da responsabilidade da pessoa jurídica no âmbito deste Tribunal de Contas, especialmente relacionada a processos de prestação ou tomada de contas especial de recursos recebidos a título de subvenção social, auxílio ou contribuição, referentes a repasses do Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo Esporte e Cultura – SEITEC, ainda não mereceu a devida atenção que a questão exige, por parte da jurisprudência da Corte. Vale ressaltar que, em 2010, um grupo de estudiosos deste Egrégio Tribunal de Contas iniciou uma discussão sobre a matéria, oportunidade em que muitas considerações importantes foram levantadas. Naquela época, vislumbrou-se que o critério que condicionava a responsabilização das pessoas jurídicas à comprovação de que estas se beneficiaram dos recursos públicos se afigurava como bastante razoável, em consonância com o entendimento do Tribunal de Contas da União, no tocante aos casos concretos que envolviam gastos irregulares de recursos federais transferidos a Estados e Municípios, com desvio de finalidade e em benefício próprio. A despeito da possibilidade de responsabilização solidária entre a pessoa jurídica e o seu dirigente, era assente que a solidariedade não poderia ser presumida, pois decorria de lei ou da vontade das partes, nos termos do que já dispunha o art. 265, do Código Civil2. Para decorrer de lei, exige-se previsão expressa na legislação regulamentar, enquanto que para decorrer da vontade das partes se exige a necessidade de previsão expressa no contrato, convênio ou outro instrumento congênere. Cumpre lembrar que as pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta personalidade, capacitando-as a ser sujeitos de direitos e obrigações, cuja principal característica é a de atuarem na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que a compõem. No tocante à responsabilidade contratual, as pessoas jurídicas em geral, mesmo não possuindo a existência ontológica das pessoas naturais, respondem com seu patrimônio por todos os atos ilícitos que praticarem por meio de seus representantes, desde que se tornem inadimplentes. A responsabilidade das pessoas jurídicas não deve ser entendida à luz da responsabilidade baseada na culpa, individual e subjetiva, mas, sim, à luz da

2 Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 451

responsabilidade social, inclusive sujeitando-as à desconsideração da personalidade jurídica em casos de abuso da personalidade com desvio de finalidade ou confusão patrimonial, bem como seus representantes à ação regressiva, por parte das entidades, em face dos prejuízos suportados por estas.3 Nesse diapasão, em regra, as pessoas jurídicas constituem um acervo de bens, que recebem personalidade própria para o exercício de atividade de interesse público e social4, respondendo civilmente pelos atos de seus representantes causadores de perdas e danos. Ressalta-se que as pessoas jurídicas de direito público ou privado possuem legitimidade para figurarem no polo passivo da relação processual e serem civil e administrativamente responsabilizadas pelos atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros. Assim, as pessoas jurídicas possuem existência jurídica independente da de seus administradores, razão pela qual existe distinção entre os patrimônios e as responsabilidades. Sua criação derivou de uma evolução histórica diante das necessidades emergentes, não podendo o Direito negar sua realidade, situação que culminou com o advento do sistema normativo regulador das atividades empresariais coletivas. Isso porque, há algum tempo atrás, partia-se do pressuposto de que a pessoa jurídica não possuía pensamento, não praticava atos, não assinava documentos, não decidia, não sofria sanção reparadora do sistema normativo etc. Assim, uma pessoa jurídica não poderia assinar contrato ou comparecer a uma audiência porque não possuía existência física. Contudo, essa impossibilidade física foi superada, não havendo mais qualquer dúvida acerca da responsabilidade civil das pessoas jurídicas, passando a ser objeto de regulação jurídica e, portanto, passível de reparar danos causados a

3 A responsabilização das pessoas jurídicas se revela de fundamental importância, a exemplo do ocorre na esfera ambiental, uma vez que a punição tão somente do seu gestor implicaria a impunidade da pessoa jurídica nos casos em que o dirigente deixasse o cargo de representante legal da entidade. Com isso, a pessoa física, ex-dirigente, cumpriria a sanção que lhe fora imposta e a pessoa jurídica estaria livre para continuar a causar danos ao erário público ou a terceiros, sob a direção de outro representante, culminando com uma inconcebível e odiosa irresponsabilidade social permanente. 4 Observa-se que as entidades proponentes de projetos com recursos antecipados, não raro, promovem eventos periodicamente, a cada ano, sendo que a propositura de projetos desportivos dessa natureza e o recebimento de recursos do FUNDESPORTE são da essência dessas pessoas jurídicas, razão pela qual a sua existência é reconhecida na sociedade pelos projetos sociais executados. Os eventos representam, geralmente, uma tradição na cidade e, pelo fato de estarem vinculados às entidades, implicam benefício direto às pessoas jurídicas, porquanto é a iniciativa e imagem delas que conferem credibilidade à execução dos eventos e, consequentemente, sua autopromoção. 452

terceiros, efetuar pagamento de aluguel e salários etc., bem como sofrer sanções como multa, restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade. Com o passar do tempo, houve um aumento dos investimentos nas pessoas jurídicas, determinando sua reformulação no âmbito das sociedades, cada vez maiores e mais complexas, inclusive com ações colocadas no mercado de bolsas. A ação praticada pela pessoa jurídica, cuja existência é prevista no âmbito normativo, se dá pelas atividades desenvolvidas no meio social. A concepção normativa da culpa deriva do juízo de censura atribuído pela norma jurídica. O desenvolvimento das atividades empresariais se origina de um centro de decisão representado pela(s) pessoa(s) indicada(s) no ato constitutivo. Logo, o objeto da censura resultante da norma reside na ação praticada pela empresa, que se traduz no comportamento do administrador em nome e proveito da pessoa jurídica. Em face dessas considerações, observa-se que a pessoa jurídica de direito privado que mantém vínculo com o Poder Público, por instrumento jurídico próprio, como é o caso de convênios, subvenção social, auxílio, contribuição, contrato de apoio do Sistema Estadual de Incentivo ao Turismo Esporte e Cultura (SEITEC), responde pelas obrigações pactuadas, mormente pelo dever de comprovar a boa e regular aplicação dos recursos que recebeu para a consecução de atividade de interesse público. A partir da consecução do vínculo, a entidade privada beneficiada com os recursos públicos formalmente se obriga a gerir e a dar conta dos valores recebidos, porquanto, independentemente de qual(is) seja(m) seu(s) administrador(es) naquele momento, ou de qual(is) vier(em) a ser no futuro, compromete-se pessoalmente a comprovar, mediante prestação de contas junto à autoridade competente, a regular aplicação daqueles recursos. Portanto, na hipótese em que a pessoa jurídica de direito privado e seus administradores derem causa a dano ao erário na execução de convênio celebrado com o Poder Público, com vistas à concretização de uma finalidade pública, incide sobre eles a responsabilidade solidária pelo dano ao erário. No mesmo sentido foi o parecer do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União quando suscitou, nos autos do processo de Tomada de Contas 453

Especial nº 006.310/2006-0, o incidente de uniformização de jurisprudência5, no âmbito daquela Corte, acerca da responsabilização da pessoa jurídica. Ante a instauração do incidente de uniformização da jurisprudência6, o Plenário daquela Corte de Contas decidiu pacificar as divergências acerca da matéria, cujos principais argumentos, em síntese, se destacam a seguir:

TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIVERGÊNCIAS ENCONTRADAS NO EXAME DE PROCESSOS EM QUE OS DANOS AO ERÁRIO TÊM ORIGEM NAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS DE RECURSOS FEDERAIS A ENTIDADES PRIVADAS. NA HIPOTÉSE EM QUE A PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO E SEUS ADMINISTRADORES DEREM CAUSA A DANO AO ERÁRIO NA EXECUÇÃO DE AVENÇA CELEBRADA COM O PODER PÚBLICO FEDERAL COM VISTAS À REALIZAÇÃO DE UMA FINALIDADE PÚBLICA, INCIDE SOBRE AMBOS A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA PELO DANO AO ERÁRIO. ARTIGOS 70, PARÁGRAFO ÚNICO, E 71, INCISO II, DA CF/88 (...)

Frise-se, por oportuno, que com a decisão de uniformização de jurisprudência também restou superada a questão referente à necessidade de se demonstrar que eventuais recursos públicos desviados tivessem sido incorporados pela pessoa jurídica e não pela pessoa física. Isso porque ficou assente que a responsabilidade solidária entre a pessoa jurídica de direito privado e seu(s) administrador(es) se verifica quando estes “derem causa a dano ao erário” na execução de avença celebrada com o poder público com vistas à realização de uma finalidade pública. Destaca-se que o mencionado julgamento segue a tendência de outras áreas do Direito, como a ambiental, civil e, até, penal, quanto à responsabilização da pessoa jurídica juntamente com a de seu(s) administrador(es) nos casos em que houver prejuízo ao erário. Nessa senda, a responsabilidade da pessoa jurídica é cristalina, na medida em que firmam convênio ou outro instrumento congênere com o Poder

5 TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO FIRMADO COM ENTIDADE PRIVADA. QUESTÃO PRELIMINAR. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIVERGÊNCIAS ACERCA DA RESPONSABILIZAÇÃO PELOS RECURSOS REPASSADOS MEDIANTE CONVÊNIOS A ENTIDADES PRIVADAS. CONTROVÉRSIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DA PRELIMINAR. ADOÇÃO DO RITO PREVISTO NO ART. 91 DO REGIMENTO INTERNO. CONSTITUIÇÃO DE ANEXO AOS AUTOS PRINCIPAIS (Acórdão 1974/2010 – Plenário, Processo nº 006.310/2006-0, Tomada de Contas Especial, Min. Rel.: BENJAMIN ZYMLER, Publ.: DOU 19/08/2010) (grifou-se)

6 Incidente de Uniformização de Jurisprudência. Acórdão 2763/2011- Plenário. Processo nº 006.310/2006-0. Ata 43/2011. DOU 19/10/2011

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Público e recebem recursos do estado, promovendo-se com os benefícios da sua aplicação e da realização dos eventos, sendo os seus representantes legais também os gestores dos recursos. Por seu turno, a responsabilidade dos seus representantes resulta da má gestão e da atuação desconforme com a lei ou, ainda, com as finalidades da própria entidade. Cumpre salientar que, no caso concreto que ora se analisa, é a pessoa jurídica que figura como convenente/contratante (apesar de ilegalmente ausente o termo de ajuste), obrigando-se a comprovar o pactuado com a Administração Pública para a consecução do objeto. Ademais, verifica-se que as notas fiscais juntadas aos autos não estão em nome da pessoa física, representante da entidade, mas, sim, em nome da pessoa jurídica, beneficiária e proponente do projeto. Destarte, caracterizada a má e irregular gestão dos recursos públicos, por desobediência aos preceitos legais e com prejuízo ao erário; considerando que significativa parcela da doutrina já vinha trilhando o caminho da possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica, juntamente com seu(s) administrador(es), bem como, da constatação de que foram dirimidas e pacificadas as divergências jurisprudenciais em sede do Tribunal de Contas da União, entende esta instrução que incumbe à entidade, pessoa jurídica proponente, solidariamente com o seu representante legal à época, o ônus da devolução dos valores correspondentes, a fim de restabelecer a equação econômico-financeira constituída no ajuste. Por derradeiro, observa-se que além de a responsabilidade do Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente à época do Instituto Catarinense do Esporte, estar perfeitamente configurada pela gestão antieconômica, com grave infração às normas que regem o convênio, conforme já demonstrado nos itens anteriores, os seus atos irregulares atingem diretamente a esfera de interesse e responsabilidade social do Instituto Catarinense do Esporte, pessoa jurídica de direito privado, impondo-se também a esta a responsabilidade pelos prejuízos causados ao erário. Diante disso, impõe-se a responsabilização da pessoa jurídica e a obrigação de o Instituto Catarinense do Esporte, juntamente com o seu representante legal à época dos fatos, Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, ressarcir os recursos aplicados indevidamente e que geraram débitos, em obediência aos comandos normativos estampados nos arts. 58, parágrafo único, e 455

59, II, da Constituição Estadual7, por assimetria aos arts. 70, parágrafo único, e 71, II, da Constituição Federal8, nos arts. 47, 50, 186 e 389 do Código Civil9 e no Incidente de Uniformização de Jurisprudência do TCU (Acórdão 2763/2011- Plenário, Processo nº 006.310/2006-0, Ata 43/2011, DOU 19/10/2011).

7 Art. 58. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado e dos órgãos e entidades da administração pública, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pela Assembléia Legislativa, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública ou privada que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária. Art. 59. O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: (...) II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores da administração direta e indireta, incluídas as sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público estadual, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário; (...) 8 Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: (...) II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; (...) 9 Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

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3 CONCLUSÃO

Considerando que o Instituto Catarinense do Esporte devolveu aos cofres públicos o valor de R$ 980,89 (novecentos e oitenta reais e oitenta e nove centavos) – fl. 196, bem como o valor de R$ 31.390,85 (trinta e um mil trezentos e noventa reais e oitenta e cinco centavos) – fl. 310, totalizando o montante de R$ 32.371,74 (trinta e dois mil trezentos e setenta e um reais e setenta e quatro centavos); Ante o exposto, sugere-se:

3.1 Definir a responsabilidade solidária nos termos do art. 15, I da Lei Complementar Estadual nº. 202/2000 dos seguintes responsáveis: Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, Presidente à época do Instituto Catarinense do Esporte, inscrito no CPF sob o nº. 041.187.989-80, residente na Av. Campeche, nº. 2702, apto 06, Bairro Campeche, Florianópolis/SC, CEP 88063-301; Sr. Gilmar Knaesel, inscrito no CPF sob o nº 341.808.509-15, ex-Secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, por meio de sua procuradora, Drª. Fabiana Cristina Bona Sousa, inscrita na OAB/SC sob o nº. 11.768, com endereço profissional na Rua Esteves Júnior, nº. 50, sala 305, Ed. Top Tower, Bairro Centro, Florianópolis/SC, CEP 88.015-130 (fl. 411), este em face do apontado no item 2.8; e da pessoa jurídica Instituto Catarinense do Esporte, inscrita no CNPJ sob o nº 06.048.127/0001-67, estabelecida na Rua Ataulfo Alves, nº 135, Bairro Roçado, São José/SC, CEP 88.108-220, por irregularidade(s) verificada(s) nas presentes contas que ensejam a imputação dos débitos mencionados no item 2.1, deste relatório.

3.2 Determinar a CITAÇÃO dos responsáveis nominados no item anterior, nos termos do art. 15, II, da Lei Complementar Estadual nº 202/00, sendo a pessoa jurídica na pessoa de seu atual representante legal, para apresentarem alegações de defesa, em observância aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, a respeito das irregularidades constantes do presente relatório, conforme segue:

3.2.1 Passível de imputação de débito do valor de até o montante de R$ 817.628,26 (oitocentos e dezessete mil seiscentos e vinte e oito reais e vinte e 457

seus centavos), sem prejuízo da cominação de multa, nos termos do art. 68 da Lei Complementar Estadual nº. 202/2000, pela não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos, nos termos que determina o art. 144, § 1º, da Lei Complementar Estadual nº 381/07 (item 2.1 deste relatório) em função de(a):

3.2.1.1 R$ 751.074,03 (setecentos e cinquenta e um mil e setenta e quatro reais e três centavos), pela ausência de comprovação do efetivo fornecimento dos materiais ou prestação dos serviços, agravada pela descrição insuficiente das notas fiscais apresentadas e da ausência de outros elementos de suporte,, em afronta ao disposto nos arts. 49, 52, III e art. 60, II e III, todos da Resolução nº. TC 16/94 (subitem 2.1.1 deste relatório); 3.2.1.2 R$ 76.526,00 (setenta e seis mil quinhentos e vinte e seis reais), pela ausência de documentos para o adequado suporte às despesas com publicidade, nos termos do que determinam os arts. 49, 52 e 65, da Resolução TC n.º 16/94 (subitem 2.1.2 deste relatório); 3.2.1.3 R$ 86.591,13 (oitenta e seis mil quinhentos e noventa e um reais e treze centavos), incluído no valor constante do item 3.2.1.1 desta conclusão, em face do pagamento de despesas com finalidade diversa do objeto proposto, em desacordo com o disposto no art. 9º, IV e art. 16, § 4º, do Decreto Estadual nº. 307/03 e no art. 49 da Resolução TC n.º 16/94 (subitem 2.1.3 deste relatório); 3.2.1.4 R$ 417.489,85 (quatrocentos e dezessete mil quatrocentos e oitenta e nove reais e oitenta e cinco centavos), incluído no valor constante do item 3.2.1.1 desta conclusão, em face da realização de despesas com autorremuneração de membros da diretoria da entidade e sem a comprovação da efetiva prestação ou fornecimento, contrariando o disposto no art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, no art. 16, caput, da Constituição do Estado de Santa Catarina e no art. 144, § 1º da Lei Complementar nº 381/07 (item 2.1.4 deste relatório); 3.2.1.5 R$ 294.633,49 (duzentos e noventa e quatro mil seiscentos e trinta e três reais e quarenta e nove centavos), incluído no valor constante do item 3.2.1.1 desta conclusão, em função da movimentação incorreta da conta bancária e ausência de fotocópia dos cheques emitidos, em desacordo com o que preveem os arts. 16 e 24, X, do Decreto Estadual nº. 307/03 e o art. 47 da Resolução TC nº. 16/94 (subitem 2.1.5 deste relatório); 458

3.2.1.6 R$ 153,95 (cento e cinqüenta e três reais, noventa e cinco centavos), pela ausência de comprovação do devido recolhimento do imposto de renda retido na fonte sobre o recibo de Coordenação de Arbitragem, em contrariedade ao que dispõe o art. 11, alínea a, da Lei Federal nº. 4.357/64 e art. 24, IX do Decreto Estadual nº 307/2003 (subitem 2.1.6).

3.3 Seja procedida a CITAÇÃO, nos termos do art. 15, II, da Lei Complementar Estadual nº 202/00, do Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna e da pessoa jurídica Instituto Catarinense do Esporte, na pessoa de seu atual representante legal, já qualificados, para apresentação de defesa, em observância aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, a respeito das irregularidades, conforme segue: 3.3.1 Passível de imputação de débito do valor de R$ 212.500,00 (duzentos e doze mil e quinhentos reais), sem prejuízo da cominação de multa, nos termos do art. 68 da Lei Complementar Estadual nº 202/2000: 3.3.1.1 pela não comprovação da aplicação de contrapartida conforme previsto no Procedimento de Captação (fl. 70), tal como disposto no art. 21 do Decreto Estadual nº. 3.115/05, (item 2.5 deste relatório).

3.3.2 Passível de cominação de multas ao Sr. Eduardo Augusto Teodoro Sant’Anna, previstas no art. 70 da Lei Complementar Estadual nº. 202/2000, em função de(a): 3.3.2.1 não apresentação de documentos que atestem o recolhimento dos valores demonstrados nos recibos de premiação e arbitragem, a título de desconto para fins de imposto de renda, com fundamento no art. 24, IX do Decreto Estadual nº 307/2003 (item 2.2 deste relatório); 3.3.2.2 apresentação de recibos como comprovante de despesas, contrariando o disposto no § 1º do art. 24 do Decreto Estadual nº. 307/03 (item 2.3 deste relatório); 3.3.2.3 aplicação dos recursos com empresas sediadas fora do Estado de Santa Catarina sem apresentação de justificativa, em contrariedade ao art. 34 do Decreto Estadual nº. 3.115/05 (item 2.4 deste relatório); 459

3.3.2.4 apresentação da prestação de contas após o término do prazo legal, em desacordo com o que determina o art. 23 do Decreto Estadual nº. 307/03 (item 2.6 deste relatório).

3.4 Seja procedida a CITAÇÃO, nos termos do art. 15, II, da Lei Complementar Estadual nº 202/00, do Sr. Gilmar Knaesel, já qualificado nos autos, para apresentação de defesa, em observância aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, a respeito das irregularidades constantes do presente relatório, passíveis de cominação de multas previstas no art. 70 da Lei Complementar Estadual nº. 202/2000, em função de(a): 3.4.1 ausência de parecer do Conselho Estadual de Desportos, contrariando o previsto no art. 11, II e art. 20, ambos do Decreto Estadual nº. 3.115/05 (subitem 2.7.1 deste relatório) 3.4.2 ausência do Contrato/Termo de Convênio ou outro instrumento de ajuste na apresentação da prestação de contas, em desacordo com o disposto no art. 60, parágrafo único e art. 116, ambos da Lei Federal nº 8.666/93, e art. 16, § 3º, do Decreto Estadual nº. 3.115/05 (subitem 2.7.2 deste relatório); 3.4.3 liberação de recursos sem comprovação de prévia captação junto às empresas contribuintes do ICMS, em afronta ao disposto no art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil e aos arts. 31, § 1º e 32, do Decreto Estadual nº. 3.115/05 (subitem 2.7.3 deste relatório). É o relatório. DCE, Insp.1, Div.1, em 20 de março de 2012.

Claudia Vieira da Silva Rose Maria Bento Auditora Fiscal de Controle Externo Auditora Fiscal de Controle Externo Chefe de Divisão

De acordo. DCE/Inspetoria 1, em ____/____/2012. Nilsom Zanatto Auditor Fiscal de Controle Externo Coordenador de Controle

De acordo. DCE, em ______/______/2012. Névelis Scheffer Simão Diretor