167 O DISCURSO MILITAR DA ORDEM: Uma

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167 O DISCURSO MILITAR DA ORDEM: Uma TEORIA & PESQUISA VOL. XVI - nº 01 - JAN/JUN DE 2007 O DISCURSO MILITAR DA ORDEM: uma análise dos pronunciamentos militares durante o governo Goulart (1961-1964)1 Daniel de Mendonça2 As interpretações mais recentes acerca das causas que desencadearam o golpe de 31 de março de 1964 têm colocado em xeque competentes e refinadas análises do passado. Dois exemplos presentes dessa nova onda de interpretações do movimento militar certamente são “Visões do golpe”, obra organizada por Maria Celina D’Araujo, Gláucio Ary Dillon Soares e Celso Castro (2004) e “Ideais traídos”, escrita pelo general Sylvio Frota (2006). “Visões do golpe” trata de minucioso trabalho de entrevistas realizadas com militares que não propriamente ocuparam destacadas posições de comando no processo da conspiração, mas que, ao longo do regime, exerceram importantes cargos na hierarquia do Estado brasileiro, pois que foram, em sua grande maioria, assessores diretos de líderes e de governos resultantes do movimento de 1964. Os depoimentos colhidos nesta obra apresentam interpretações que discordam das visões mais tradicionais acerca do movimento militar, notadamente aquelas que argumentam ter sido o golpe organizadamente arquitetado por uma elite militar, em conjunto coeso com as empresas multinacionais e nacionais, como é a visão sustentada, por exemplo, por Bresser Pereira, na sua conhecida interpretação da tecnoburocracia estatal, coordenada pelo tripé forças armadas, empresariado, nacional e internacional, e membros do aparelho do Estado brasileiro. A grande arquitetura do golpe elaborada por Dreifuss, ou seja, que atribuía um “plano geral” de ação unindo a burguesia e as Forças Armadas, num projeto político de formação de um “bloco histórico”, também perde a sua força se considerados os argumentos produzidos em “Visões do golpe”. Nesse sentido, um novo olhar acerca das razões que desencadearam a conspiração militar está hodiernamente sendo construído por interpretações que frontalmente criticam a idéia, ainda dominante, de que o golpe de 1964 foi arquitetado para a concretização de um projeto militar- 1 Este artigo é uma versão modificada do trabalho apresentado no GT “Forças Armadas, Estado e Sociedade”, no XXIX Encontro Anual da ANPOCS em 2005. 2 Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Mestrado em Ciências Sociais da Universidade Federal de Pelotas. Recebido em 04/2007. Aceito em 06/2007. 167 Daniel de Mendonça O discurso militar da ordem: uma análise dos pronunciamentos militares durante o governo Goulart (1961-1964) burguês solidamente construído3. Nesse sentido, a presente passagem da introdução de “Visões do golpe” parece bem ilustrativa: Os depoentes [os militares entrevistados] concordam que não havia um projeto de governo entre os vencedores: o movimento foi contra, e não a favor de algo. A questão imediata, segundo a maioria dos relatos, era tirar Jango e fazer uma “limpeza” nas instituições. A maneira de fazê-lo seria pensada e estruturada a posteriori. Só depois de vitorioso o movimento é que foi elaborado um “ideário”, vinculado ao tenentismo da década de 20 e tributário da índole democrática (leia-se anticomunista) da sociedade brasileira (D’ARAUJO, SOARES e CASTRO, 2004, p. 18). Dessa forma, em “Visões do golpe” são atribuídas, pelos entrevistados, duas causas principais e intimamente ligadas para a eclosão do movimento: 1) o medo do comunismo e; 2) a infiltração desta ideologia nas Forças Armadas, o que provocaria a corrosão de suas estruturas mais sagradas como a hierarquia e a disciplina. Segundo seus autores: A situação tornou-se intolerável para os militares quando “a subversão invadiu a caserna”, atingindo as Forças Armadas em seus dois fundamentos básicos: a hierarquia e a disciplina. Esta é apresentada como uma das razões mais importantes para o golpe, para alguns, por si só decisiva e suficiente para explicá-lo. Outras razões mencionadas com freqüência pelos estudiosos, como a inflação, as greves e a corrupção, são elementos acessórios. Alguns depoentes chegam a afirmar que, caso Jango tivesse dado sinais claros de que não compactuaria com a quebra da hierarquia e da disciplina, suas chances de continuar no governo seriam boas, e a correlação de forças não se definiria em favor dos golpistas. A revolta dos sargentos em 1963, dos marinheiros e fuzileiros navais em março de 1964, são dois eventos sempre citados pelos depoentes, ao lado da presença de Jango no comício da Central do Brasil (ou “das reformas”) e no jantar oferecido pelos sargentos no Automóvel Club. Com essa seqüência de acontecimentos, a maioria indecisa ou neutra da oficialidade definiu-se a favor do golpe e passou a procurar legitimar sua ação através do apoio de algum general que tivesse expressão no seu meio (D’ARAUJO, SOARES e CASTRO, 2004, p. 18). 3 Neste ponto, é interessante a seguinte passagem de “Visões do golpe”: “a opinião militar dominante define o golpe como o resultado de ações dispersas e isoladas, embaladas, no entanto, pelo clima de inquietação e incertezas que invadiu a corporação. Esta visão se contrapõe à interpretação predominante entre os analistas que até agora examinaram o episódio. Para estes, o golpe teria sido produto de amplo e bem-elaborado plano conspiratório que envolveu não apenas o empresariado nacional e os militares, mas também forças econômicas multinacionais” (D’ARAUJO, SOARES e CASTRO, 2004, p. 16). 168 TEORIA & PESQUISA VOL. XVI - nº 01 - JAN/JUN DE 2007 Posição que se coaduna com a de “Visões do golpe” é a do general Sylvio Frota. Frota (2006), que apresenta novos argumentos referentes à “revolução” – inclusive para além do movimento armado de março de 1964 (sua intenção principal no livro é abordar sua participação no governo Geisel e seu posterior rompimento) – trata a derrubada de Jango, mais como uma resposta “democrática” contra a iminência da ascensão do comunismo no Brasil do que propriamente um plano civil-militar cuidadosamente concebido e posteriormente posto em marcha. Conforme o autor: A ação militar foi realizada para defender a democracia, para resguardá-la da ameaça iminente do assalto comunista às nossas instituições, finalmente para evitar uma revolução marxista. Veio, portanto, preservá-la. Não foi desencadeada visando a implantar algo de novo, mas sim a restaurar. (...) Revelou-se, na realidade, uma confabulação ampla e espontânea, porém sem doutrina e sem coordenação. (...) Neste ângulo restrito poderia ser admitido o Movimento de março de 1964 como uma contra-revolução, pois a revolução socialista encontrava-se em sua derradeira fase, bem explícita na famosa frase proferida com euforia – consoante se diz e escreve – por Luís Carlos Prestes: “Já temos o governo, só nos falta o poder” (FROTA, 2006, p. 630-631). Tendo em vista essa nova possibilidade de explicação do movimento militar de 1964, neste artigo, serão buscados elementos discursivos em pronunciamentos militares que atestem ou neguem as razões aludidas pelos entrevistados em “Visões do golpe” e no trabalho de Frota. Neste particular, é interessante frisar que serão tomadas fontes diferentes daquelas que os organizadores da obra se valeram, ou seja, serão analisados documentos majoritariamente pretéritos ao golpe de 31 de março. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo central fazer uma análise de alguns pronunciamentos militares no período do governo trabalhista de João Goulart, principalmente, mas não de forma exclusiva, nos dois episódios de maior crise política: na crise da renúncia de Jânio Quadros e nos momentos finais do governo Jango, principalmente após o Comício da Central do Brasil. Nestes dois episódios, serão analisados os documentos produzidos por militares, os quais atestam que as posições assumidas em “Visões do golpe” podem ser, de fato, muito elucidativas para a explicação das razões que levaram os próceres militares a desencadearem o golpe de 1964. 169 Daniel de Mendonça O discurso militar da ordem: uma análise dos pronunciamentos militares durante o governo Goulart (1961-1964) 1. O DISCURSO “SOLUÇÃO MILITAR” APÓS A RENÚNCIA DE JÂNIO QUADROS A renúncia de Jânio Quadros gerou, antes mesmo do início do período de seu sucessor, a primeira crise que enfrentou João Goulart ao longo de seu curto e interrompido governo. Quase que imediatamente à saída de Quadros, seus três ministros militares “vetaram” a ascensão de Jango ao poder. Tal veto, gerou a crise sucessória em questão. Nesta seção, será analisada a tomada de posição dos ministros militares, a qual será chamada de “solução militar”, e que terá como característica principal a busca do impedimento de João Goulart. Este discurso terá como corte antagônico o discurso que será conhecido como “solução legalista”, ou seja, a posição pró-Goulart e pró-presidencialista que será enunciada, sobretudo, pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola e que terá eco militar na adesão do general Machado Lopes, comandante do III Exército sediado naquele estado. Assim, o “Manifesto dos ministros militares”, lançado em 30 de agosto, representou a posição oficial dos ministros da Guerra, da Marinha e da Aeronáutica, respectivamente, o marechal Odílio Denys, o vice- almirante Sílvio Heck e o brigadeiro-do-ar Gabriel Grum Moss. Como já foi aludida, a posição dos ministros foi plenamente contrária à posse de Goulart. O conteúdo do “Manifesto” justificava a “inconveniência” de Jango assumir o cargo, a partir da construção de um argumento, tido por seus enunciadores como de cunho legal e constitucional. Dessa forma, inicia-se a análise tomando o
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