Jornalismo E Estudos Mediáticos
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Jornalismo e Estudos Mediáticos JORGE PEDRO SOUSA ∙ ORG PUBLICAÇÕES FUNDAÇÃO FERNANDO PESSOA FICHA TÉCNICA Título: Jornalismo e Estudos Mediáticos – Memória IV Org.: Jorge Pedro Sousa © PUBLICAÇÕES FUNDAÇÃO FERNANDO PESSOA Artigos: Aidil Soares Navarro; Andréia Magalhães de Oliveira; Cristiane de Lima Barbosa; Leoní Serpa; Marco Antônio Gehlen; Maria José Costa Vieira; Renan Colombo; Rosângela Stringari; Samanta Souza Fernandes; Sandra Nodari; Silvana Torquato Fernandes Alves; Soriany Simas Neves; Thamirys Dias Viana; Vinicius Guedes Pereira de Souza. Paginação: Oficina Gráfica da UFP ISBN: 978-989-643-171-6 --- Permitida a reprodução não comercial, para fins científicos e educativos, desde que seja mencionada a origem. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO JORNALISMO E ESTUDOS MEDIÁTICOS – MEMÓRIA IV Jornalismo e Estudos Mediáticos [Documento eletrónico] : Memória IV / org. Jorge Pedro Sousa. – eBook. – Porto : Publicações Fundação Fernando Pessoa, 2021. – 194 p. ISBN 978-989-643-171-6 Jornalismo / Comunicação social / Sociologia da Comunicação / Redes Sociais CDU 070 | 659.3 | 316.77 | 001.9 Jornalismo e Estudos Mediáticos JORGE PEDRO SOUSA ∙ ORG PORTO ∙ 2021 Prólogo --- Este quarto livro eletrónico da especialidade de Jornalismo e Estudos Mediáticos dos programas de doutoramento e pós-doutoramento em Ciências da Informação e da Comunicação da Universidade Fernando Pessoa tem por fim dar público testemunho da mais recente investigação que tem sido de- senvolvida no seu âmbito. Pretende-se, além disso, construir com esta série de publicações as bases para o lançamento de uma revista científica periódica ligada a esses programas. Obra necessariamente coletiva e plural, o livro reúne, pois, textos de pós-doutores, doutores e douto- randos associados ao programa de pós graduação em Ciências da Informação e da Comunicação, dan- do contributos relevantes à produção de novo conhecimento no âmbito dos estudos das plataformas e meios de comunicação e do jornalismo. São doze os capítulos que compõem a obra, da autoria de catorze autores. A sua investigação abarca te- mas que vão do jornalismo e da dicotomia informação/desinformação à comunicação digital, passando pela análise do discurso e pela comunicação política. O leitor encontra, aqui, um conjunto de textos que trazem reflexões e dados atuais e pertinentes e contributos relevante para o campo de estudos dos media e do jornalismo. Jorge Pedro Sousa JORNALISMO E ESTUDOS MEDIÁTICOS / MEMÓRIA IV · 5 ÍNDICE 9 Quer que desenhe? Impacto do pensamento imagético no jornalismo e na política Vinicius Guedes Pereira de Souza --- 23 Jornalismo de Dados e Infografias automatizadas: O caso da startup Frames Marco Antônio Gehlen ∙ Maria José Costa Vieira --- 33 Telejornalismo: mágico e imprevisível, apesar do planejamento Rosângela Stringari --- 51 Apresentadoras femininas do Jornal Nacional: um breve perfil Sandra Nodari --- 69 Visualização de dados em vídeos digitais: estudo de caso do 2:59, do jornal Expresso Silvana Torquato Fernandes Alves --- 81 Teorias da conspiração e fake news: o mito do Complô em boatos das eleições brasileiras de 2018 Renan Colombo --- 101 As plataformas de fact-checking e o uso das redes sociais para amenizar o impacto das fake news junto aos leitores: um estudo comparativo da Lupa (Brasil) e Polígrafo (Portugal) Thamirys Dias Viana --- 113 A contribuição do fact-checking no combate à desinformação e infodemia em tempos de Covid-19 Cristiane de Lima Barbosa ∙ Soriany Simas Neves --- 133 Os temas do Espaço Sideral na divulgação científica das revistas Super (Interessante) de Portugal e Brasil Leoní Serpa --- 153 Blogar em tempos de pandemia: os impactos da Covid-19 nos principais blogues de viagens portugueses Samanta Souza Fernandes --- 171 Análise retórica do discurso do candidato a prefeito Bruno Covas na eleição municipal de 2020 no Brasil Aidil Soares Navarro --- 181 Da comunicação não violenta à escrita não violenta: nuances sob o olhar de profissionais da comunicação Andréia Magalhães de Oliveira --- Quer que desenhe? Impacto do pensamento imagético no jornalismo e na política Vinicius Guedes Pereira de Souza Programa de Pós-Graduação em Comunicação na Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil - PPGCOM UFMT [email protected] --- RESUMO Este artigo traz um resumo dos resultados e análises do projeto de pesquisa Quer que Desenhe? Manipu- lação, fake news e mudança no modo de pensamento tempo-histórico-linear para mágico-imagético-circular, em desenvolvimento no departamento de Comunicação da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. A partir de pressupostos de Flusser (2008, 2009), Barthes (1990), Baitello Júnior (2005), Carr (2014) e outros, o projeto investiga a relação entre a centralidade das imagens na sociedade atual e a possível mudança na forma de raciocínio da humanidade na produção e consumo de realidades e invisibilidades midiáticas (como a distribuição e sucesso das fake news) por meio de discussões sobre narrativas, representações, memes, discursos de ódio e seus impactos nos sistemas de comunicação e poder. Entre os cases analisados estão a passagem das informações distorcidas dos think tanks de extrema-direita nos EUA para as páginas de jornais brasileiros nas eleições de 2010, a evolução dos spams via e-mail para o Facebook em 2014 e como esse crescente de fake news contaminou o ambiente político de 2018. PALAVRAS-CHAVE Pensamento mágico-imagético-circular; fake news; jornalismo; política. INTRODUÇÃO O projeto de pesquisa Quer que Desenhe? Manipulação, fake news e mudança no modo de pensamento tempo-histórico-linear para mágico-imagético-circular, em desenvolvimento no departamento de Co- municação da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT desde 2018 aprofunda as pesquisas realizadas por seu coordenador desde o doutorado (Souza, 2016). As ideias iniciais do projeto foram apresentadas pela primeira vez no 7º Encontro do ALTEJOR ECA-USP (Souza, 2017) e depois de- senvolvidas em vários eventos acadêmicos, artigos e capítulos de livros. O projeto investiga a relação entre a centralidade das imagens na sociedade atual e a possível mudança na forma de raciocínio da humanidade na produção e consumo de realidades e invisibilidades midiáticas (como a distribuição e sucesso das fake news) por meio de discussões sobre narrativas, representações, memes, discursos de ódio e seus impactos nos sistemas de comunicação e poder, relacionamentos e na própria construção da subjetividade individual e coletiva. Sua principal hipótese é que, como vivemos em um mundo cada vez mais midiatizado e com nossas experiências mediadas por telas e outros aparelhos eletroeletrônicos, estamos lendo todos os textos da contemporaneidade, sejam eles escritos, audíveis, visuais, estáticos ou em movimento, como se fossem imagens. Enquanto a leitura linear de textos escritos pressupõe relações racionais de causas e efeitos, a leitura imagética utiliza as concepções previamente adquiridas para uma relação significa- tiva com a imagem muito mais calcada nas emoções, especialmente as mais básicas, como o medo, o ódio e o desejo. Como exposto em Souza (2018), as imagens, para Barthes (1990), sempre foram abertas a interpreta- ções divergentes. Mas os textos objetivos, como os jornalísticos por exemplo, não deveriam ser. O mo- tivo é a forma de pensamento baseada em textos, a tempo-histórico-linear, que pressupõe uma relação de causa e efeito. Temos visto, contudo, um mesmo texto sendo compreendido e usado de maneira oposta por pessoas de vinculação ideológica e imaginários diferentes. A razão pode estar na teoria de Flusser (2009) de que estaríamos retornando ao raciocínio baseado em imagens: o mágico-imagético- -circular. Ainda que não tenham a mesma natureza e uso das imagens tradicionais pintadas nas paredes das cavernas, as imagens técnicas atuais, mesmo quando formadas por letras em uma tela de celular, continuam a carregar seu caráter mágico, que pode usar a emoção para a manipulação da compreensão do leitor sobre seus significados. O vaguear do olhar é circular: tende a voltar e contemplar elementos já vistos. Assim, o ‘antes’ se torna ‘depois’, e o ‘depois’, se torna ‘antes’. [...] Ao circular pela superfície, o olhar tende a voltar sempre para os elementos preferenciais. Tais elementos passam a ser centrais, portadores preferenciais do significado. Deste modo, o olhar vai estabelecendo relações significativas. [...] O tempo que circula e estabelece relações significativas é muito específico: o tempo da magia. Tempo diferente do linear, o qual estabelece relações causais entre os eventos. No tempo linear, o nascer do sol é a causa do canto do galo; no circular, o canto do galo dá significado ao nascer do sol, e este dá significado ao canto do galo. [...] O significado das imagens é o contexto mágico das relações reversíveis. O caráter mágico das imagens é essencial para a compreensão das suas mensagens. (Flusser, 2009, 8). Segundo Muniz Sodré (2012), vivemos numa Bios Midiática e o discurso midiático afeta diretamente a sociedade através das identificações e representações que fazemos e recebemos de nós e dos “outros”. Já Baitello Júnior (2004), diz que vivemos uma iconofagia na qual nos alimentamos de imagens e somos 10 · FUNDAÇÃO FERNANDO PESSOA alimentados por elas. O certo é que as novas Tecnologias de Comunicação e Informação alteraram profundamente nosso ambiente social, político, artístico, e até mesmo nossa subjetivação. Com a mi- diatização das relações, nos valemos das linguagens tradicionais e contemporâneas, analógicas, digitais e híbridas, verbais e não verbais para