Uma Etnografia De Três Baterias De Grupo Especial No Rio De Janeiro
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito Mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais ITINERÂNCIAS: UMA ETNOGRAFIA DE TRÊS BATERIAS DE GRUPO ESPECIAL NO RIO DE JANEIRO Antoinette Kuijlaars Orientador: Marcelo Carvalho Rosa (UFF) Banca: Maria-Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (UFRJ) Carlos Eduardo Machado Fialho (UFF) Julho de 2009 1 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Antoinette Kuijlaars ITINERÂNCIAS: UMA ETNOGRAFIA DE TRÊS BATERIAS DE GRUPO ESPECIAL NO RIO DE JANEIRO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências Jurídicas e Sociais. BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Marcelo Carvalho Rosa Profa. Dra. Maria-Laura Viveiros de Castro Cavalcanti Prof. Dr. Carlos Eduardo Machado Fialho 2 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Agradecimentos: Agradeço em primeiro lugar ao meu orientador Marcelo Rosa, por sua disponibilidade e inventividade, mesmo que no início pareceu me empurrar na ravina quando me incentivou a trabalhar o objeto que se transformou numa dissertação; À professora Maria-Laura Cavalcanti, que me iniciou às teorias antropológicas do ritual, e que aceitou participar dessa banca; Ao professor Carlos Fialho, pelas aulas apaixonantes sobre mídia e cinema, e pelo seu interesse pelas baterias; À professora Vera Malaguti Batista, por seus conselhos preciosos dados na defesa de qualificação, e a sua voz persistente da criminologia crítica. Obrigada a todas as pessoas das escolas Unidos do Viradouro, Unidos da Tijuca, Unidos do Porto da Pedra e Acadêmicos do Cubango, por ter me aceito nas baterias, e sem as quais essa dissertação não existiria. Só não cito os nomes por preocupação de anonimato. Fiquei muito feliz em ingressar no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense, que conheci graças ao professor Leonel Alvim, que além das aulas viventes permitiu encontrar turmas maravilhosas: agradeço especialmente à “turma dos não motorizados”, Carlinha, Isac, Ivan, Fábio-sociólogo, e a todos os outros, especialmente Henrique, Vilânia, Flavinha, Priscila, Pâmela, Joyce, Garcia, e Rafael-advogado pelas inúmeras caronas. Muitas risadas, e muitas conversas enriquecedoras, graças a vocês. Sem esquecer a turma que conheci esse ano, Carla, Antônio, Ellis, Allan, Patrícia. Agradeço a todos meus amigos de sempre, Érico, Felipe, Valter, Sorriso, Glauco, Diego, Régis, Eliane, Mariana, Cláudia, Marília, Jennifer Oudangada do lado brasileiro e africano; Jul Marx, Plab, Drouh, I-Man, SLBS, David, Claire L. e Claire G., Isabelle e especialmente Céline, do lado francês – mesmo com distância posso contar com a presença de vocês; À minha família e especialmente Françoise, minha mãe, releitora oficial de todos meus trabalhos que não pôde oficiar esse ano por causa do português. Senti falta. Ao meu amor, André, que teve a gentileza de corrigir o português deste trabalho às três horas da manhã. Prometo, corrigirei o francês do teu mestrado em Strasbourg... (com bastante munster e riesling). 3 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. SUMÁRIO Introdução.......................................................................................................................................5 Prólogo: questões relevantes sobre a abordagem do objeto...........................................................8 Capítulo 1: A disciplina além da vocação inicial das escolas de samba. O ensaio como revelador de relações de forças..........................................................................28 I. Uma socialização progressiva com os ritmistas................................................................28 II. A tensão entre lógicas contraditórias: lazer dos ritmistas e exigências profissionais da diretoria..................................................................................................................................37 A) Um ensaio, vários ensaios: um ponto de partida para uma reflexão sociológica...............................................................................................................37 B) Entre o amor pelo carnaval e a consciência de sua industrialização: itinerância versus assiduidade...................................................................................................48 C) A moralidade na bateria: entre obrigação imposta pelo mestre e reivindicação pessoal dos ritmistas.................................................................................................66 Capítulo 2: Hierarquias: da análise micro à análise macrosociológica....................72 I. A bateria como espaço de hierarquias diversas..................................................................72 A) A hierarquia entre ritmistas: uma hierarquia construída parcialmente pelos diretores..........................................................................................................................72 B) Uma hierarquia por instrumento?...........................................................................75 C) A bateria: um espaço viril......................................................................................78 II. Uma lógica disciplinar exacerbada durante o carnaval: um carnaval invertido para as classes populares?........................................................................................................................92 A) As estruturas sociais e o carnaval: uma abordagem controvertida......................92 B) O carnaval do sambódromo na prática: a persistência das discriminações sociais?..........................................................................................................................100 Capítulo 3: Os ritmistas fora da escola de samba. Condições de vida e perspectivas profissionais................................................................................................................. 111 Introdução: um contexto sócio-econômico difícil....................................................................111 I. Uns espaços marginais, uma população marginal?........................................................117 II. Frente a perspectivas profissionais “engarrafadas”/”entupidas”: a escola de samba como alternativa?....................................................................................................................123 A) A capacidade a moderar a sua prática: a escola de samba percebida como um vício.........................................................................................................................123 B) A profissionalização dentro da escola de samba: um bem raro e precário...........127 C) A escola de samba como “bico”: um paliativo......................................................129 D) O papel da escola de samba na orientação profissional: uma inversão de estigma....................................................................................................................136 E) Escola de samba e formação profissional, uma perspectiva de promoção social?.....................................................................................................................138 Conclusão...................................................................................................................................144 Anexos.......................................................................................................................................147 Bibliografia...............................................................................................................................154 4 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Introdução “Negaram ao Benedito o lugar de mestre sala E na escola, jamais eu ouvi sua fala Dois anos foi ele o campeão Mas hoje é o retrato da ingratidão.”1 O estudo acadêmico das escolas de samba pode ser agrupado em torno de dois temas principais, isto é, o das escolas de samba no âmbito do carnaval como ritual2, e o das escolas de samba como instrumento de manipulação política e de dominação das classes populares3. Não se trata aqui de considerar que essas interpretações e ângulos de abordagens não são pertinentes, mas o convívio com ritmistas de baterias de escolas de samba do grupo especial nos levou a tomar outra direção. Aqui, esta instituição vai ser entendida como o ponto convergente de socializações individuais entre moradores de subúrbios cariocas, sendo que eles irão levar-nos às singularidades de suas vidas, singularidades pouco presumidas no tocante aos discursos sobre os “pobres” cariocas. A escola de samba é a instituição central do carnaval do sambódromo, geralmente admitido como industrializado, comercial e que perdeu sua autenticidade, sendo que as pessoas que participam dele são consideradas como atores inconscientes de tal industrialização, exploradas na sua inocência de querer aparecer na televisão. Os discursos sobre a “decadência” do samba expressam o desentendimento da evolução das escolas de samba das últimas décadas e têm por efeito negar a existência do samba de escola de samba, assim como de pessoas que praticam e gostam desta cultura, por mais que esteja comercializada.