Operações Gestão De Custos No Setor Artístico E Cultural: Os

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Operações Gestão De Custos No Setor Artístico E Cultural: Os Área Temática: Operações Gestão de Custos no Setor Artístico e Cultural: Os Casos das Escolas de Samba do Rio de Janeiro AUTORES ROBSON RAMOS OLIVEIRA Faculdade Béthencourt da Silva [email protected] JOSIR SIMEONE GOMES Universidade Estadual do Rio de Janeiro [email protected] Resumo As escolas de sambas da cidade do Rio de Janeiro proporcionam um dos maiores espetáculos a céu aberto do mundo. Essas organizações precisam se reinventar a cada ano, pois a arte da festa do carnaval é efêmera, o que as tornam diferente das demais no campo artístico e cultural. Dos bastidores das escolas de samba até a apoteose do desfile, as narrativas escritas por um carnavalesco, ou equipe de carnaval, ganham forma nas mãos de ferreiros, marceneiros, costureiras, bordadeiras e artesãos, que transformam ferro, madeira, isopor, tecidos, plásticos, papéis, pedrarias, dentre tantos outros materiais, em carros alegóricos e fantasias, que são confeccionados curto espaço de tempo. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é investigar como as escolas de samba do grupo especial da cidade do Rio de Janeiro fazem a gestão de seus custos para a produção de alegorias e fantasias. Realizou-se estudo de casos em treze escolas de samba em que se utilizou fonte de dados primários, coletados por meio de entrevistas realizadas, além de dados secundários coletados em bibliografia e Internet. Os achados da pesquisa revelam que as escolas de samba utilizam práticas de combate ao desperdício e adotam controle de custos informais. Palavras-Chave: Gestão de Custos; Setor Artístico e Cultural, Escolas de Samba. Abstract The samba schools of Rio de Janeiro provide one of the greatest spectacles in the world. These organizations need to reinvent themselves every year, because the art of celebration of carnival is ephemeral, which makes them different from others in the artistic and cultural sector. The scenes of the samba schools parade through the apotheosis of the narratives written by a carnavalesco, or team of carnival, earn way into the hands of carpenters, seamstresses, embroiderers and artisans that transform iron, wood, styrofoam, fabric, plastic , paper, stones, among many other materials on floats and costumes, which are made very short time. In this context, the objective of this research is to investigate how the samba schools of the special group of Rio de Janeiro management costs for the production of costumes and floats. Study are the cases in thirteen schools of samba of using primary source of data, collected through interviews, and secondary data collected from literature and Internet. The findings of the survey show that the samba schools use practices to combat waste and take control of informal costs. Keywords: Cost Management, Artistic and Cultural Sector, School of Samba. 1 Introdução: Contexto e Questão da Pesquisa O carnaval, enquanto espetáculo proporcionado pelas escolas de samba do Rio de Janeiro, mesmo sendo fruto de diversas origens, ganhou identidade própria, é um modelo de mega evento. Essa festa se tornou uma das datas que o Brasil mais recebe turistas nacionais e internacionais, tornando esses povos mais próximos culturalmente, diminuindo barreiras culturais, mercadológicas, psicológicas, dentre outras. Segundo dados do Ministério de Turismo, em 2006, o Brasil recebeu 5.018.991 turistas durante todo o ano. Observou-se, nas tabelas divulgadas pelo órgão, que a moda ocorreu no período de dezembro a março, possivelmente por motivos de férias, verão, reveillon e carnaval. Os principais emissores de turistas foram: Argentina (18,35%), Estados Unidos (14,38%), Portugal (6,23%), Itália (5,82%), Uruguai (5,78%), Alemanha (5,52%), França (5,50%) e Espanha (4,22%). Dos bastidores das escolas de samba até a apoteose do desfile, as narrativas escritas por um carnavalesco, ou equipe de carnaval, ganham forma nas mãos de ferreiros, marceneiros, costureiras, bordadeiras e artesãos, que transformam ferro, madeira, isopor, tecidos, plásticos, papéis, pedrarias, dentre tantos outros materiais, em objetos lúdicos, obras- primas, que são chamados de alegorias ou carros alegóricos, além das fantasias que são confeccionadas, e tudo em um período muito curto de tempo. Como se consegue tamanha façanha? É aqui que decorre a questão desta pesquisa, que é: Quais são as principais características da gestão de custos da produção de alegorias e fantasias das escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro? 2 Referencial Teórico No referencial teórico deste trabalho procurou-se revisitar a literatura sobre o sistema de planejamento e controle de uma produção e acerca do Controle Gerencial em organizações do setor artístico e cultural, de forma a apresentar subsídios para o entendimento dos graus de proximidade ou distanciamento da teoria que aborda tais questões que possam ser utilizadas para a compreensão do processo de gestão de custos no contexto das escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro. 2.1 Sistema de Planejamento e Controle da Produção Mercados competitivos, os progressos na tecnologia e na manufatura transformaram a natureza da economia e influenciaram muitas empresas a mudar radicalmente a forma de operar seu empreendimento, atingindo também as organizações conhecidas como Escolas de Samba. Todavia, essas mudanças incentivaram o desenvolvimento de práticas inovadoras e relevantes para a gestão de custos. Além disso, o escopo dos sistemas de contabilidade gerencial tornou-se amplo para munir os gestores com alternativas que pudessem melhor atender as necessidades dos clientes e administrar a cadeia de valores das empresas. E, ainda, para garantir e conservar uma vantagem competitiva, os gestores priorizam o tempo, a qualidade e a eficiência, características necessárias para o desenvolvimento de qualquer produto. Vollmann et al. (2006, p. 32) explicam que “muitas atividades essenciais que precisam ser desempenhadas no sistema de planejamento e controle da produção (PCP) não mudaram”, mas “evoluíram conforme foram ocorrendo mudanças no nosso conhecimento, na tecnologia e nos mercados”. Na visão dos autores, os sistemas de planejamento e controle de produção não devem ser utilizados, apenas, dentro das empresas, devem ligar clientes e firmas fornecedoras. A questão é coordenar toda uma cadeia de suprimentos entre as firmas, o que é compatível com a idéia de cluster ou arranjos produtivos locais (APL). Para Haddad (2002, p. 45) a cadeia produtiva tem início com a cadeia de valor do cluster, que se organiza de maneira particular. Para o autor a cadeia de valor: é constituída por múltiplos setores e indústrias de economia conectados entre si por fluxos de bens e serviços mais intensos do que aqueles que os interligam com outros setores e indústrias de economia nacional. Inclui produtores orientados para o mercado final, assim como supridores de diversos níveis envolvidos nas transações por meio de encadeamentos para frente e para trás na cadeia produtiva. Nesta perspectiva, Thomazi (2006, p. 39) coloca que a organização de um cluster ou APL se obtém a partir das aglomerações ou concentrações de empresas e atividades. No tocante às escolas de samba, Matos (2007) desenhou o sistema produtivo local do carnaval carioca. Quadro 1 – Sistema produtivo local do carnaval carioca 1ª Etapa 2ª Etapa 3ª Etapa Coordenação Produção do Espetáculo Desfile • Órgãos Públicos: • Fornecedores e comércio • Sistema Turístico Prefeitura de insumos especializados (agências de viagem, • Associações (LIESA) (tecidos, penas, bordados, hotéis, lojas de etc.) alimentação, transporte) • Fornecedores de demais • Serviços no Sambódromo insumos (ferro, madeira, (iluminação, sonorização, plástico, etc.) alimentação, segurança, • Serviços especializados limpeza, transporte) (artesão, escultor, pintor, • Mídia (canais de aderecista, etc.) televisão) • Costureiras (produção de • Sistema Fonográfico (CDs fantasias) dos sambas, radiodifusão) • Intermediários: Chefes de • Direitos Autorais (samba- ala (responsáveis pela enredo) produção de fantasias) • Jurados (avaliação do desfile) • Clientes (participantes) Fonte: Adaptado de Matos (2007) Depreende-se da visão de Matos (2007, p. 49-56) que o sistema produtivo local do carnaval carioca é divido em três etapas que se relacionam, conforme pode ser visto no Quadro 1. A primeira está ligada à coordenação do espetáculo, que é feita pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por intermédio da RIOTUR, empresa do município responsável por questões culturais e pelas próprias escolas de samba, por meio de uma associação, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA). A segunda etapa do arranjo produtivo, que trata da produção do espetáculo, refere-se à relação da escola de samba com os seus fornecedores de materiais, tais como, madeira, isopor, ferro, tecidos, tintas, aviamentos, além dos prestadores de serviços especializados, como costureira, bordadeira, sapateiros, ferreiros, além de outros materiais e serviços. Por fim a terceira etapa, que evolve o desfile, a grande festa, relaciona as escolas de samba com os jurados, seus clientes (participantes e aqueles que assistem ao espetáculo), vários serviços, mídia e sistema fonográfico. Todo o arranjo trabalha em conjunto, objetivando a realização do desfile das escolas de samba. Com relação à produção, Vollmann et al. (2006) explicam que a estrutura de um sistema de planejamento e controle de produção deve ser dividido em três partes ou fases, conforme mostra o Quadro 2. Quadro 2 – Fases do Sistema de Planejamento e Controle de Produção Fases Significado O que faz? Front End
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