Do Malandro Ao Bandido: Representações De Personagens Periféricos Em Marcos Rey E Paulo Lins
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Universidade de Brasília Instituto de Letras Departamento de Teoria Literária e Literaturas Programa de Pós-Graduação em Literatura Do malandro ao bandido: representações de personagens periféricos em Marcos Rey e Paulo Lins Aline Teixeira da Silva Lima Orientador: Prof. Dr. Anderson Luís Nunes da Mata Brasília, dezembro de 2017 Aline Teixeira da Silva Lima Do malandro ao bandido: representações de personagens periféricos em Marcos Rey e Paulo Lins Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Literatura da Universidade de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Literatura. Orientador: Prof. Dr. Anderson Luís Nunes da Mata Brasília, dezembro de 2017 2 BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Prof. Dr. Anderson Luís Nunes da Mata Universidade de Brasília - Presidente _______________________________________________ Profa. Dra. Lucía Tennina Universidade de Buenos Aires – Membro Externo _______________________________________________ Profa. Dra. Regina Dalcastagnè Universidade de Brasília – Membro Interno _______________________________________________ Prof. Dr. Paulo C. Thomaz Universidade de Brasília – Suplente 3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Alvarina Teixeira de R. Silva e João Ribeiro da Silva, pelo apoio incondicional; Aos irmãos, João Marcos Teixeira Silva e Rosana Luísa da Silva; Aos meus filhos, Ana Carolina Teixeira Lima e João Guilherme Teixeira Bezerra, os quais, mesmo ainda tão pequeninos, me encorajam e me estimulam a continuar no caminho acadêmico; Ao orientador, Anderson Luís Nunes da Mata, sempre presente, que, além de compartilhar leituras e contribuir na construção do conhecimento necessário para fatura deste trabalho, me ajudou e norteou com muita seriedade, generosidade e gentileza. Obrigada pela confiança, incentivo e carinho; Aos professores do TEL, pelas colaborações diretas e indiretas, em especial à Regina Dalcastagnè, não apenas pelas aulas estimulantes, mas por ser uma mulher justa e honesta, que enxerga o mundo e as pessoas sem preconceitos, um ser humano que me serve de exemplo a ser seguido; À professora Sara Almarza, pelas primeiras orientações, quando este trabalho era ainda apenas um projeto; Ao Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, por me receber e acolher tão bem, pelo incentivo ao trabalho coletivo e pela troca de experiências; Aos amigos Amanda Holgado, Andressa Estrela, Berttoni Licarião, Brunna Bozzi, Joana Silva, Maíra Fonseca, Pedro Ivo Macedo, Raysa Soares pelas ideias, alegrias e angústias compartilhadas; Aos funcionários do TEL, especialmente ao Joalysson, pela presteza de sempre, e à Dona Glória, pelo sorriso com que presenteia os alunos da Pós diariamente. 4 SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................................... 6 ABSTRACT ................................................................................................................................. 7 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 9 Cenas do Crime: a representação da marginalidade e da violência na literatura brasileira ..................................................................................................................................................... 17 1. Representação social e literatura .................................................................................... 17 2. Marginalidade, violência e literatura .............................................................................. 20 3. Violência e marginalidade na ordem objetiva ................................................................ 23 4. Panorama da violência e da marginalidade na literatura ............................................... 26 5. A marginalidade e a violência em Memórias de um Gigolô e Cidade de Deus ............... 32 Aspectos de uma nova malandragem ...................................................................................... 37 1. O que é o malandro ......................................................................................................... 39 2. Semelhanças e distinções entre o pícaro e o malandro.................................................. 42 3. O malandro Mariano ....................................................................................................... 44 4. O pícaro Mariano ............................................................................................................ 50 5. Mariano, um personagem híbrido ou a nova malandragem .......................................... 53 Dialética malandro-bandido ..................................................................................................... 57 1. Cidade de Deus: uma narrativa da violência ................................................................... 57 2. O que é o bandido ........................................................................................................... 59 3. A representação do bandido em Cidade de Deus ........................................................... 62 4. O malandro e o bandido.................................................................................................. 68 4.1. O carisma................................................................................................................. 70 4.2. Malandragem inata .................................................................................................. 72 4.3. A ordem e a desordem ............................................................................................. 75 4.4. Negação ao trabalho ................................................................................................ 80 5. O malandro e o bandido: uma dialética .......................................................................... 85 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 95 5 RESUMO O presente estudo procura evidenciar, a partir da análise dos romances Memórias de um gigolô, de Marcos Rey, e Cidade de Deus, de Paulo Lins, as transformações ocorridas, durante o século XX, com as representações de dois tipos de personagens periféricos: o malandro e o bandido. Assim, partindo de um panorama da representação da violência e da marginalidade na literatura brasileira contemporânea, discuto algumas particularidades dessas figuras, as quais permitirão o traçado de um percurso em que a malandragem, descrita segundo as formulações críticas de Antonio Candido, vai sendo descontruída. E essa nova forma, a “nova malandragem”, já evidenciada em Rey, vai passar a se articular, de alguma maneira, com a bandidagem. Na sequência, estudo propriamente como esse fenômeno se deu, buscando compreender por quais razões e de que maneira o malandro e o bandido, figuras anteriormente distintas, passam a se conectar ao ponto de parecerem equivalentes na narrativa de Lins, revelando uma “dialética malandro-bandido”. Palavras-chave: malandro; bandido; Marcos Rey; Paulo Lins; literatura brasileira contemporânea. 6 ABSTRACT Having as starting point the analysis of two novels – Memórias de um gigolo by Marcos Rey, and Cidade de Deus by Paulo Lins – the present study aims to evidence the transformations that occurred during the 20th century to the representations of two types of social outcasts: the Brazilian trickster and the bandit. After outlining a panorama on how violence and marginality are represented in contemporary Brazilian literature, I discuss some of the traits attributed to these characters and highlight the deconstruction of a mindset of “trickery” which is based on the critical formulations of Antonio Candido. In its new form, the "new trickery", already evidenced in Rey, will be associated in some way with banditry. In the sequence, I study this phenomenon, trying to understand for what reasons and how the Brazilian trickster and the bandit, previously distinct figures, have blended to the point of seeming equivalent in the narrative of Lins, thus revealing a “trickster-bandit dialectics”. Keywords: trickster; bandit; Marcos Rey; Paulo Lins; contemporary Brazilian literature. 7 Eu fui fazer um samba em homenagem À nata da malandragem, que conheço de outros carnavais. Eu fui à Lapa e perdi a viagem, Que aquela tal malandragem não existe mais. Chico Buarque 8 INTRODUÇÃO A presença das temáticas da violência e da marginalidade é uma constante na literatura nacional. Tal constância denuncia uma tentativa da cultura brasileira de interpretar a realidade contemporânea, tendo em vista que a literatura nos permite compreender os problemas referentes aos princípios de funcionamento da sociedade representada, pois a literatura, ao “prender” a vida por meio da linguagem, a transforma em representação. Serão estes temas, portanto, o da violência e o da marginalidade, o ponto de partida deste estudo. Dentro desse contexto, pensar-se-á a origem da personagem marginal de Cidade de Deus (1997)1, de Paulo Lins, a começar das transformações do malandro, em Memórias de um gigolô (1968), de Marcos Rey. Desde os anos de 1960, vem se construindo, a partir de trabalhos como o do investigador romeno radicado na França Serge Moscovici, e de uma ampla literatura, o entendimento de teorias sobre o tema da representação social. A contar das pesquisas na psicologia