A Sociedade, Os Governos E Governantes Pós-Redemocratização
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
a sociedade, os governos e governantes pós-redemocratização a sociedade, os governos e governantes pós-redemocratização Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R311 Recontando a história do Rio Grande do Sul : a sociedade, os governos e governantes pós-redemocratização / Ricardo Bueno, Karim Miskulin [editores] – 1. ed. – Porto Alegre : Instituto Voto, 2013. 160 p. : il. (foto) ; 23 x 30 cm. ISBN 978-85-66806-00-7 Obra em formato luxo com capa dura. 1. Rio Grande do Sul – História. 2. Rio Grande do Sul – Política e governos. I. Bueno, Ricardo. II. Miskulin, Karim. CDU 981.65 Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Denise Pazetto CRB 10/1216 Patrocínio Produção Cultural Apoio Realização Recontando a história do Rio Grande do Sul: a sociedade, os governos e governantes pós-redemocratização é um projeto cultural do Instituto Voto, sob número Pronac 114411 Coordenação Executiva Karim Miskulin – Instituto Voto I www.revistavoto.com.br Coordenação de Produção Flavio Enninger – Quattro Projetos I www.quattroprojetos.com.br Coordenação Editorial Ricardo Bueno | Alma da Palavra Coordenação Administrativa Marcio Regenin Coordenação Gráfica Simone M. Pontes – TAB Marketing Editorial I www.tabeditora.com.br Textos Antonio Feix (cotidiano) Hélio Gama Filho (entrevistas, cenário político e economia) Ricardo Bueno (cultura) Revisão José Renato Deitos Produção Lisiane Silveira Mauren Xavier Impressão Gráfica e Editora Pallotti a sociedade, os governos e governantes pós-redemocratização KARIM MISKULIN / RICARDO BUENO 1ª EDIÇÃO INSTITUTO VOTO PORTO ALEGRE – RS / BRASIL NOVEMBRO / 2013 HISTÓRIA, PAIXÃO E MUDANÇAS Este livro, por ter a responsabilidade de ser o primeiro, foi feito a várias mãos. Um livro pensado e desejado há anos, em que pediríamos aos leitores que lessem (e refletissem) sobre os temas aqui abordados alguns minutos a cada dia. Afinal, trata-se de um livro da história recente do Rio Grande do Sul – o Rio Grande pós-redemocratização. A análise dos períodos vividos por pessoas que ainda hoje estão entre nós deve ser feita com a isenção e a transparência que o distanciamento, proporcionado pela passagem do tempo, oferece no sentido das reflexões sobre os desdobramentos de cada época, buscando a ampla compreensão dos efeitos sociais, culturais, políticos e econômicos produzidos. Foi este o principal objetivo deste livro: conhecer a história recente de nosso estado através de pessoas que a construíram . Fatos históricos precisam ser registrados para que as pessoas construam suas identidades, e governos e governantes são figuras essenciais na construção do destino de cada povo. Nesse contexto, nada mais próprio do que resgatar a voz daqueles que sonharam em construir um Rio Grande melhor, e que para isso dedicaram parte de suas vidas e mobilizaram multidões. A história começa em 1982 (ontem), quando é eleito pelo voto direto o primeiro governador desde 1962, e segue com todos os governos seguintes, terminando em 2013 (hoje). No começo desta nossa história, os eleitos para qualquer função, nos Legislativos ou Executivos, e igualmente os seus eleitores, não sabiam com certeza se tomariam posse e, caso isso ocorresse, se conseguiriam concluir seus mandatos e, finalmente, se estariam autorizados a participar de outras eleições no futuro. Isso constitui uma realidade muito diferente da que vivemos hoje. Nesse período, estivemos todos nós, gaúchos e brasileiros, várias vezes à beira do abismo econômico. A inflação foi do zero ao infinito, fazendo, neste trajeto, milionários e miseráveis, enquanto as moedas mudavam frequentemente com um simples carimbo nas notas “antigas”: do cruzeiro para o novo cruzeiro, de volta ao cruzeiro, depois para o cruzado, o cruzado novo, de volta ao cruzeiro, e, finalmente, o cruzeiro real e o real. Mas, acima de tudo, é um livro onde estão presentes o drama e o humor das profundas mudanças que ocorreram na cultura e na sociedade do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo. Nestas três décadas, vimos a força do tempo mudar radicalmente as famílias, os hábitos culturais, políticos e comerciais. Até mesmo os sucessos musicais passaram por nós como cometas. E nesta empolgante viagem pela história recente do Rio Grande, vamos perceber toda a força do tempo, que passa por nós velozmente, mostrando que tudo pode mudar, até as convicções. O certo é que vivemos em um estado melhor do que aquele em que viveram os nossos pais e avós, simplesmente por ser este o nosso tempo, e, sendo assim, é o único que podemos transformar. E para as coisas que o tempo não nos permitiu avançar, fica a esperança de que nos próximos anos, quando as transformações serão ainda mais velozes, a sociedade gaúcha consiga convergir rumo à equidade e à prosperidade, com a paixão que nos diferencia, mas com a humildade de ler os recados do passado. Este livro é uma homenagem àqueles que tiveram a coragem e a grandeza de dedicar parte de suas vidas ao Estado do Rio Grande do Sul. KARIM MISKULIN INSTITUTO VOTO A história política do Brasil se mistura à do Rio Grande do Sul. Se a década de 1980 ficou marcada no País como um período de redemocratização, a sociedade gaúcha teve papel fundamental na defesa das liberdades e dos anseios do povo brasileiro. A partir de 1982, a cultura do Rio Grande do Sul pôde voltar a florescer livremente. Esta narrativa, que envolve música, literatura, fotografia, economia e política, merecia ser eternizada. O livro Recontando a história do Rio Grande do Sul o faz com maestria, através da voz dos oito governadores que, terminado o regime militar, foram eleitos democraticamente como representantes do povo. A Souza Cruz muito se orgulha de ter colaborado com o desenvolvimento de um estado cuja história é tão rica. Há 110 anos no Brasil e 95 anos no Rio Grande do Sul, a Empresa estabeleceu ali a sua casa. A Souza Cruz assumiu os compromissos dos rio- grandenses e investiu no estado respeitando sempre o amor à terra, a preocupação com a sustentabilidade e o apego às tradições. Apoiar o livro Recontando a história do Rio Grande do Sul é, para a Souza Cruz, mais do que difundir um material histórico. É uma forma de agradecer ao povo gaúcho, que, durante quase um século, recebe a Empresa de forma tão afetuosa. EDUARDO BUTTER SCOFANO SOUZA CRUZ S.A. JAIR SOARES 10 PEDRO SIMON 28 46 ALCEU COLLARES ANTONIO BRITTO 64 OLIVIO DUTRA 82 100GERMANO RIGOTTO 120 YEDA CRUSIUS TARSO GENRO 138 Foto: Jefferson Bernardes 1983 JAIR SOARES 1986 JAIR SOARES Foto: Jefferson Bernardes Jair de Oliveira Soares nasceu em Porto Alegre em 26 de novembro de 1933 e, portanto, completa 80 anos em 2013, 30 anos após assumir o cargo de governador do estado como o primeiro chefe do Executivo escolhido pelo voto popular desde 1962. Estava com 50 anos quando iniciou o mandato, após ter vencido as eleições de outubro de 1982. Representando o Partido Democrático Social (PDS), sucessor da antiga Aliança Renovadora Nacional (Arena) e antecessor do atual Partido Popular (PP), Soares derrotou os principais líderes de alguns dos partidos que, reunidos no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), estiveram na oposição ao regime militar: Alceu Collares, do Partido Democrático Trabalhista (PDT); Olívio Dutra, do Partido do Trabalhadores (PT), e Pedro Simon, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Casado com Dionéia, tem três filhas. Formou-se odontólogo pediátrico em 1961 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e, depois, em 1976, graduou-se em Direito na mesma universidade. Atualmente, não exerce nenhum cargo político, mas trabalha de forma intensa na preparação de suas memórias. Já editou um livro, Uma vida em ação – Memórias políticas (Vol. I), de 2012, e em 2013 deve lançar o segundo volume. Está preparando a terceira e última parte, complementando a narrativa de sua longa carreira política que começou na década de 1950, quando se filiou ao Partido Social Democrático (PSD), após ter ingressado no serviço público estadual por concurso, no segundo governo de Ernesto Dornelles (31/1/51 a 24/3/55). Com sólida formação religiosa católica, Soares desde a infância sempre se destacou por duas características: disciplina e memória. Estudou no Colégio Anchieta, dos jesuítas. Foi chefe de gabinete do secretário de Obras Públicas Euclides Triches, no primeiro governo de Ildo Meneghetti (25/3/55 a 24/3/59). Em seguida, foi chefe de gabinete do então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gustavo Langsch, em 1960. Logo depois de formado, foi trabalhar como dentista da Assembleia, cargo que manteve quando assumiu a chefia do Departamento de Compras do Estado no governo de Walter Peracchi Barcelos (12/9/66 a 14/3/71) e, no mesmo governo, o cargo de secretário da Administração. Foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul durante seis anos, a partir de 1971, no governo Euclides Triches, até 1977, no governo de Sinval Guazelli, quando se desincompatibilizou para ser eleito deputado federal, em 1978. Em 1979, foi nomeado ministro da Previdência no governo do general João Figueiredo. E em 1982 foi eleito governador do Rio Grande do Sul. Jair Soares é famoso por seus cuidados com a saúde, apresentação sempre impecável e memória invejável. 14 AMBIENTE POLÍTICO | DIFICULDADES EM TEMPOS DE REDEMOCRATIZAÇÃO Em 1982, o Brasil comemorou o retorno das eleições diretas e de outras práticas democráticas, como liberdade partidária e propaganda eleitoral em rádio e televisão. E dessa forma a transição do sistema autoritário para a democracia plena, conhecida como abertura política, ingressou no seu derradeiro capítulo, concluído em 1986, com a eleição direta para a Presidência da República e a instalação do Congresso Nacional Constituinte. Algumas características especiais da eleição realizada em 15 de novembro de 1982 merecem registro. Não eram permitidas as coligações partidárias eleitorais, e o voto era vinculado. Ou seja, os eleitores deveriam votar em um só partido para todos os cargos em disputa.