e

ACOM FAME SupportAssistência Técnica Unit de Ap oio Institucional ao Ministerio do Comercio

Estudo de mercado sobre o sector

CT07/CT10 Full Report Template dos produtos da pesca na

Republica de

e o seu potencial exportador

Este projecto è financiado pela União Europeia

Aviso Legal (Disclaimer): Este documento foi elaborado com assistência financeira de União Europeia. Os pontos de vista expressos neste relatório são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessariamente a visão da Comissão Europeia, nem do Beneficiário

ACOM Assistência Técnica de Apoio Institucional ao Ministério do Comercio

Estudo de mercado sobre os produtos da pesca na República de Angola

Gianluigi Negroni Cláudio Serangeli Estudo de mercado sobre o sector

dos produtos da pesca na

3

Dr. Dr. RepubliDr

ca de Angola

Dr. Gianluigi Negroni. Licenciado em Ciências da Produção Animal péla Universidade de Bologna, Itália, o Dr. Negroni é um consultor internacional especialista em aquicultura e pesca artesanal, com una longa experiencia de trabalho em Africa e América do Sul.

Dr. Cláudio Serangeli. Doutor em Biologia Marina péla Universidade de Roma, Itália, o Dr. Serangeli é assessor da Comissão Europeia para assuntos de pesca. Especialista em fortalecimento institucional das Administrações responsáveis da pesca, tem trabalhado com os Ministérios das Pescas da Itália e Romania, Albânia, Equador, México e Malawi.

Dr. Gregorio Tradacete. Perito Sénior em promoção de exportações na equipa do projecto ACOM. Desenho e supervisão dos estudos.

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a) Índice

1 INTRODUÇÃO ...... 13

1.1 Antecedente ...... 13 1.2 Objectivos ...... 14 1.3 Estrutura do relatório ...... 14 1.4 Estrutura da Missão Pesca e comentários aos Termos de Referência ...... 15 2 Definição do sector ...... 18

2.1 Produtos do Mar e Atividades Incluídas...... 18 2.1.1 Condições gerais hidrológicas da plataforma angolana...... 18

2.1.2 PEIXE ...... 20

2.1.3 As Principais especies pescadas em Angola (Consulta a Bianchi, G. Guia de campo para as espécies comerciais marinhas e de agua salobres de Angola – FAO 1986) ...... 20

2.1.4 Mariscos (Crustáceos e moluscos)...... 22

2.1.5 Farinha e óleo de peixe ...... 23

2.1.6 SAL ...... 25

2.1.7 Artes e métodos de pesca ...... 26

2.1.8 Máquinas e equipamentos ...... 33

2.2 Pautas aduaneiras ...... 34 3. Panorama Mondial do sector ...... 50

3.1 Análise e tendência do mercado do peixe ...... 50 3.2 Produção global de peixe e preço do peixe ...... 50 3.2.1 Captura de peixe ...... 51

3.2.2 Preço do peixe ...... 51

3.2.3 Alterações Climáticas ...... 52

3.3 Comércio dos produtos marinhos ...... 52 3.3.1 Mercados domésticos e de exportação ...... 53

3.3.2 Oferta e procura ...... 54

3.3.3 O Índice dos Preços do Peixe ...... 55

3.4 Consumo global do peixe ...... 59 3.5 Comercio Internacional ...... 63

5

4 Oferta de productos aquicolas em Angola ...... 67

4.1 O sector em Angola ...... 67 4.1.1 Produção total – observação sobre os dados ...... 67

4.1.2 Distribuição regional da produto ...... 79

5 PROCURA...... 84

5.1 Aspectos gerais do mercado angolano: consumo e tendências .... 85 5.2 Principais empresas produtoras...... 94 6. Importação e Exportação ...... 113

6.1 Introdução ...... 113 6.2 Importações e exportações de produtos do mar ...... 114 6.2.1 Produtos e países de origem ...... 115

6.2.2 Evoluçâo das importações ...... 115

6.2.3 Preços de importação ...... 118

6.2.4 Produtos e mercados de exportação ...... 123

6.2.5 Evolução das exportações ...... 124

6.2.6 Preços da exportação praticados ...... 125

6.2.7 Comércio regional ...... 128

6.3 Exportação acesso aos mercados internacionais ...... 129 6.3.1 Adequação dos produtos ...... 130

6.3.2 Consumo de peixe na UE ...... 130

6.3.3 Requisitos sanitarios ...... 133

6.3.4 Requisitos IUU ...... 137

6.3.5 Requisitos qualitativos ...... 137

6.3.6 Embalagem...... 139

6.3.7 Logística...... 142

6.4 Principais mercados de exportação ...... 145 6.4.1 Introdução ...... 145

6.4.2 Oportunidades ...... 146

6.4.3 Concorrência ...... 147

6.5 Principais Feiras e Eventos internacionais do sector ...... 150 7 Regulamentação do Setor ...... 153

6

7.1 Tarifas aduaneiras ...... 153 7.1.1 Quota e impostos nas importações ...... 154

7.1.2 Impostos e taxas das exportações ...... 158

7.2 Procedimento de exportação (para as empresas angolanas) . 158 7.2.1 Certificações ...... 158

7.2.2 Custos ...... 166

7.2.3 Prazos e constrangimentos ...... 167

7.3 RASTREABILIDADE ...... 171 8 Investimento...... 172

8.1 Evolução do investimento no sector ...... 173 8.1.1 Sector Artesanal ...... 175

8.1.2 O sector da pesca Industrial e Semi-industrial ...... 176

8.1.3 Aquicultura ...... 178

8.1.4 Transformação da farinha e óleo de peixe ...... 179

8.1.5 Industria do sal ...... 179

8.1.6 Problemas gerais ...... 179

8.1.7 Estrangeiro ...... 180

8.2 Procedimentos para o investimento estrangeiro no sector .... 181 8.2.1 Regulação ...... 182

8.2.2 Concessão de direitos de pesca ...... 182

8.2.3 Certificado de embarcação de pesca ...... 184

8.3 Ministério das Pescas ...... 185 8.4 UTAIP ...... 187 8.5 UTIP ...... 188 8.6 Oportunidades de parcerias e negócios ...... 189 9 Cultura Empresarial ...... 193

9.1 Introdução ...... 193 9.2 Necessidades de capacitação e formação. As Escolas de Pesca ...... 196 9.3 Promoção de vendas...... 199 9.4 Considerações e regulação ambiental ...... 202

7

9.4 Emprego e qualificação dos trabalhadores ...... 205 9.5 Acesso a tecnologia, embarcações, maquinaria e insumos ... 206 9.6 Metodos de comunicação. Sitios web...... 207 10. CONCLUSÇÕES E RECOMENDAÇÕES ...... 209

10.1 CONCLUSÕES ...... 210 10.2 RECOMENDAÇÕES ...... 212 10.2.1Recomendações para completar o estudo ...... 212

10.2.2Recomendações para ações a serem realizadas ...... 214

ANEXOS

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Lista de Figuras

Figura 2.1: Plataforma continental angolana 19 Figura 2.2: Current Large Marine Ecosystem 19 Figura 2.3 Morfologia Peixe ósseo 20 Figura 2.4 Morfologia Crustáceo (caranguejo) 22 Figuta 2.5 Morfologia crustáceo (camarão) 22 Figura 2.6 Fluxograma de Viadotti (Produção farinha e óleo de peixe) 25 Figura 2.7 Evolução de N° de embarcações por frota 29 Figura 3.1 World fish market at a glance 55 Figura 3.2 FAO fish Price Index 1990-2016 56 Figura 3.3 Fao fish Price Index 1990-2016 – Yearly average 56 Figura 3.4 Projeção global de produção de peixe 1984-2029 61 Figura 3.5 Projected Global Fish and aquaculture Supply by Species 62 Figura 3.6 Produção e exportação mundial de peixe 64 Figura 3.7 Africa Produção e importação (Bilhão de dólares por ano) 66 Figura 4.1 Capturas 1950-2010 – Toneladas 70 Figura 4.2 Capturas por sector 1950 - 2010 (Toneladas) 70 Figura 4.3 Biomasa especies pelágicas 71 Figura 4.4 Biomasa especies demersais 72 Figura 4.5 Importancia em peso das diferentes componentes 72 Figura 4.6 Diferenças ao preço por grosso 73 Figura 4.7 Total admissível de Captura – TAC 74 Figura 4.8 Comparação entre Biomassa e TAC 74 Figura 4.9 Sardinha biomassa 1985-2015 – Tons 76 Figura 4.10 Carapau biomassa 1985-2015 – Tons 77 Figura 4.11 Comparação biomassa Sardinha e Carapau do Cunene - 1985-2015 - Tons 77 Figura 4.12 Pesca Continental, Aquicultura e Sal (T) 2013 – 2017 78 Figura 4.13 Mapa de Angola 79 Figura 5.1 Tendência esperada de consumo em 2014 (Mil milhões de AKz) 88 Figura 6.1 Fluxos comerciais de produtos aquícolas 148 Figura 7.1 Exemplo de um produto de consumo com tarifa aduaneira a 30% 155 Figura 7.2 Comparação dos leads times e documentos necessários para importação 168 Figura 7.3 Estruturação do IPA 186 Figura 9.1 Escolas de pesca em Angola 196

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1 Grupos Principais de Espécies no Comércio Mundial, 2013 57 Tabela 3.2 Captura e Aquicultura Produção e Utilização 57 Tabela 3.3 Produção de captura marinha 59 Tabela 3.4 Análise de mercado de produtos de peixe 62 Tabela 4.1 Produção do sector aquícola em toneladas 67 Tabela 4.2 Diferenças entre as fiscalizações em Angola e em um país UE 68 Tabela 4.3 Espécies que são estudadas durante a avaliação dos estoques 75 Tabela 5.1 Índice de custo de unidade da proteína para alimentos 89 Tabela 5.2 Estudo Nielsen, descrição de Classe, % de Idade 92 Tabela 5.3 As espécies pescadas 99 Tabela 5.4 Preços espécies pescadas 100 Tabela 6.1 Lista dos principais fornecedores de produtos da pesca 115 Tabela 6.2 Produtos importados por ordem de importância (T) Dados FAO 116 Tabela 6.3 Produtos importados cálculos ITC baseados nos dados UN COMTRADE 117 Tabela 6.4 Comparação entre dados COMTRADE e dados da FAO 118 Tabela 6.5 Importação Segundo Secções e Capítulos do SH da Pauta Aduaneiras 119 Tabela 6.6 Importação código 03 Peixes e Crustáceos, Moluscos e, INE 2016 120 Tabela 6.7 Dos preços de importação elaborado sobre dados ACOM 121 Tabela 6.8 Produtos importados (USD x 1000) 2015, dados FAO 123 Tabela 6.9 Apresentação de código pautal e valor para Exportação 124 Tabela 6.10 Exportação Segundo Secções e Capítulos do SH de Pauta Aduaneira 125 Tabela 6.11 Exportação – Dados estatísticos FAO – Toneladas 125 Tabela 6.12 Preços indicativos das principais exportações angolanas 126 Tabela 6.13 De preços FOB, desembarque dos 92 Tons, mercado de Luanda 127 Tabela 6.14 Dados da FAO relativos às Exportações - USD (X 1.000) 2011-2015 127 Tabela 6.15 Exemplo de matriz para determinar o tipo de produto solicitado 129 Tabela 6.16 Lugares de exportação de pescaria e produtos de sal Angolanos 144 Tabela 6.17 Lista dos principias países que produzem sal no mundo 149 Tabela 6.18 Feiras e Eventos internacionais do sector pesqueiro 150 Tabela 7.1 Exemplo de simulação para exportação 168 Tabela 8.1 Projectos de investimento nos vários sectores de produtos aquáticos 179 Tabela 9.1 Estratificação da venda dos produtos 197

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Abreviaturas

ACOM Projecto de Apoio ao Comércio ADB African Developpment Bank ADV Declaração do valor Alfandegário AGT Aministração Geral Tributaria APIEX Agencia para Promocao di Investimento e as EXportações de Angola BCI Banco de Comércio e Indústria BCLME Benguela Current Large Marine Ecosystem BNA Banco Nacional de Angola CE Comunidade Europeia CEE Comunidade Económica Europeia CEEAC Comunidade Ecònomica dos Estados da África Central CEO Chief Executive Officer DNA Direcção Nacional de Aquicultura DNIIP Direcção Nacional de Infra-Estruturas e da Indústria Pesqueira DNPIS Direcção Nacional de Produção e Iodização do Sal DNPPRP Direcção Nacional de Pescas e Protecção de Recursos Pesqueiros DU Documento Unico DUA Documento Abreviado de Despacho ENFQ Estratégia Nacional de Formação de Quadros ENSO El Niño Southern Oscillation EUA Estados Unidos da América FAO Food and Agricolture Organization of the United Nations FEDEPA Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Pesqueira y Acuacultura FIS Fish Information & Services FLAG Grupos de Ação Local das Pescas FPI Fish Price Index FVO Food & Veterinary Office GCLME Guinea Current Large Marine Ecosystem GEPE Gabinete de Estudo, Planeamento e Estatística HACCP Hazard Analysis and Critical Control Points IFAD International Fund for Agricultural Development IMR Institute of Marine Research INE Instituto Nacional de Estadistica INIP Instituto Nacional de Investigação Pesqueira INN Pesca ilegal, não declarada e não regulamentada IPA Institutode desenvolvimiento da Pesca Artesanal) ISO International Organization for Standardization LCD Less Developed Countries MINCO Ministero do Comercio MINPESCAS Ministerio das Pescas MSY Maximum Susteinable Yeld = Rendimiento Maximo Sustentável NAO North Atlantic Oscillation OMA Organização Mundial das Alfandegas OMC Organização Mundial do Comércio ONG Organização Não Governamental PDO Pacific Decal Oscillation

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PIB Produto Interno Bruto PIF Posto de Inspecção Fronteiriço PNA Plano Nacional (desenvolvimiento das pescas em) Angola PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RDC République démocratique du Congo REI Registro Exportador Importador SADC Comunidade da Desenvolvimiento da África Austral SAV Serviço Alimentar e Veterinário SH Sistema Harmonizado SIGIP Sistema Integrado de Gestão do Investimento Privado SIGT Sistema Integrado de Gestão Tributaria SNFPA Serviço Nacional de Fiscalização Pesqueira e da Aquicultura t = T Metric Ton TAC Total AdmissÍvel de Captura TFAF Trade Facilitation Agreement Facility TM Tonelada metrica UCF Unidade de Correção fiscal UE União Europeia USD Dolaros Americanos UTAIP Unidade Técnica de Apoio ao Investimento Privado UTIP Unidade Técnica para o Investimento Privado VMS Vessel Monitoring System WTO World Trade Organization

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Antecedente A crise económica da Angola, provocada por a queda do preço do petróleo, impulsou a necessidade do aumento e diversificação das produções locais não petrolíferas e o acréscimo da sua exportação. Em 2016 o Projeto de Assistência Técnica de apoio Institucional ao Ministério do Comercio (ACOM) cum consenso do beneficiário identificou três sectores produtivos prioritários para o aumento da exportação; a pesca e um deles. O estudo visa a obtenção de informação certa para a empresa produtora, a oferta nacional, os volumes produtivos atuais, os níveis de exportação do produto pesqueiro, as características da procura dos produtos pesqueiros, o regime tarifário do sector, e a necessidade de investimento para a indústria do sector para incrementar exportações. Este estudo tem o objectivo de pesquisar a possibilidade para incrementar as exportações dos produtos das pescas.

O Decreto presidencial 40/16 de 24 Fevereiro 2016 aprova as linhas Mestras da Estratégia para Saída da crise económica derivada da queda do preço do petróleo e indica produtos exportáveis a curto prazo; os produtos haliêuticos têm umas indicações prioritárias para exportação. Para ter uma imagem clara da situação, a missão de pesca tentou fornecer um quadro claro para o sector pesqueiro, incluindo a busca de informações em Luanda e em missões de campo. As missões foram localizadas nos principais locais de produção para verificar os dados coletados e adquirir os disponíveis. Encontrar a informação é a base para o sucesso da missão, de facto, sem dados confiáveis, não há como propor atividades que possam aumentar a situação das exportações de pescas. O estudo investigou, na medida do possível em relação ao tempo e ao período de execução da missão1, dados das empresas produtoras, oferta e produção nacional, procura nacional e internacional, os volumes de produção, potencial das exportações, regime tarifário do sector, estudos profissionais e de longo prazo para as fileiras das pescas, as necessidades do investimento, constrangimentos que dificultam o desenvolvimento do sector e as exportações em particular. Angola tem um litoral de cerca de 1,650 km de extensão e ricos campos de pesca como resultado de dois sistemas de correntes marinhas: a “Benguela Current Large Marine Ecosystem” (BCLME) y a “Guinea Current Large Marine Ecosystem” (GCLME) cuja interação cria uma situação favorável para a vida marinha.

1 A missão ocorreu no período pré eleitoral e eleitoral, o que resultou em várias dificuldades de contacto com as instituições e na obtenção de informações confiáveis

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O estudo foca principalmente à pesca marítima e atividades relacionadas, sem negligenciar a aquicultura e as pescarias continentais; actividades que só foram investigadas em termos bibliográficos e em contactos com as autoridades centrais, sem ter realizado visitas direcionadas nessas áreas. 1.2 Objectivos O projeto ACOM trabalha com o Ministério do Comércio (MINCO) e o objectivo geral da missão é ajudar o MINCO no desenvolvimento de estratégias para aumentar a produção e exportação de pescarias. O objectivo especifico da missão é apoiar APIEX (Agencia para promoção do investimento e as exportações de Angola) na prestação de serviços de qualidade as empresas angolanas. A informação que a APIEX receberá ajudará APIEX a desenvolver inúmeras atividades com os sectores públicos e privados para desenvolver o sector pesqueiro e suas exportações. 1.3 Estrutura do relatório A estrutura do relatório relaciona-se com os primeiros capítulos com a descrição do sector pesqueiro em toda a sua estrutura, desde a produção até a comercialização ao consumidor. Os capítulos são desenvolvidos diretamente em relação à qualidade e quantidade dos dados coletados. A coleta de dados levou a maior parte do tempo gasto em Angola por os consultores em todo o mês de agosto de 2017. A missão em Angola produziu resultados importantes, mas não completos, devido à dificuldade ou à falta de informações completas sobre o sector pesqueiro em Angola. Muitos dos documentos solicitados não foram disponibilizados, o que constituiu uma dificuldade, mas a observação direta das equipas e as entrevistas realizadas com os diversos responsáveis, permitiu que, em muitas situações, essas dificuldades fossem ultrapassadas. Além disso, o período da missão coincidiu com o das eleições em Angola e a situação certamente não ajudou a prontidão da informação. Esta missão poderia ser uma sinergia com projetos/programas de outros doadores como IFAD, FAO e ADB. O estudo inclui os seguintes capítulos: • Introdução • Definição do sector • Panorama mundial do sector • Oferta • Procura • Importação Exportação

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• Regime do sector • Investimento • Cultura empresarial • Conclusão e recomendação

1.4 Estrutura da Missão Pesca e comentários aos Termos de Referência Uma primeira (Fase I) de organização, pesquisa de dados e planeamento na Itália. ACOM foi avisado em tempo de todas as necessidades da missão para evitar o desperdício de tempo e comunicar a todos os parceiros, particularmente no sector das pescas. Os consultores procuraram todos os dados disponíveis nos ministérios envolvidos no sector pesqueiro, principalmente no Ministério das Pescas em Italia. Os consultores reuniram-se em Roma para a retirada de vistos, uma visita à FAO para recolha de dados e organização da missão. A FAO contactou o escritório FAO em Angola, sem dados atualizados sobre pesca em Angola. Uma segunda (Fase II) do trabalho em Angola levou a entrar em contacto com os Parceiros e validar os dados; uma reunião final (workshop) permitiu aos consultores discutir as propostas com os beneficiários; A missão de campo nas províncias do Kwanza Sul, Benguela e Namibe permitiu que a equipe de consultores conhecesse a realidade do sector pesqueiro industrial e artesanal angolano na faixa costeira dessas regiões. Os governos provinciais de Benguela e Namibe foram contactados assim como associações de pescadores do Namibe e Benguela. Os peritos consultores também aprenderam sobre a estrutura do fluxo informal que domina os mercados interno e regional dos peixes pelágicos. Os resultados preliminares foram apresentados ao ACOM e parceiros Angolanos (APIEX, Ministérios interessados) com uma reunião de trabalho com apresentação de Power Point, como workshop final. Os dados coletados foram muito úteis na elaboração das estratégias propostas na parte final do estudo. Uma ultima (Fase III) os consultores completaram o relatorio com um trabalho de pesquisa bibliográfica y compilação dos dados obtidos diretamente em suas respectivas sedes. A missão teve em alta consideração a abordagem com os beneficiários para procurar uma cooperação de baixo para cima e para tentar o beneficiário se apropriar das futuras actividades do projeto. Os Termos de Referência foram abrangentes e claros e permitiu que os consultores tiveram, desde o início a vissão das actividades da missão das pescas.

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A coincidência com o período das eleições tem atrasado algumas ações. Por outro lado a disponibilidade do sector privado compensou parcialmente a lenta burocracia da parte pública. Finalmente, embora muitos dos documentos solicitados não foram disponibilizados, o que constituiu uma dificuldade, alguns dados muito básicos foram recebidos. Estes, mais a observação direta das equipas e as entrevistas realizadas com os diversos responsáveis, permitiu que, em muitas situações, essas dificuldades fossem ultrapassadas y nos permitiram produzir algumas propostas para o sector das pescas de Angola. As dificuldades encontradas durante a missão indicam que seria necessário ter mais tempo para a preparação bibliográfica, banco de dados electrónico com software apropriado para trabalhar com grandes massas de dados e o estudo preliminar para definir todo o trabalho, agenda e programar melhor a missão no campo, a ser realizado em um tempo mais longo. Ainda há pontos que precisam ser ampliados e esclarecidos para poder desenvolver uma ação eficiente e efetiva na comercialização de produtos da pesca e assimilados. De qualquer forma vale apontar que a gestão adequada mitigou as perdas graças à experiência dos consultores. A colaboração da equipa da ACOM ainda permitiu coletar informações suficientes para propor inúmeras atividades ao sector das pescas de Angola. A equipa da ACOM seguiu a equipa dos consultores em missão e várias reuniões em Luanda com seus funcionários e o ponto focal do Ministério do Comércio. Particularmente, foram solicitadas informações ao Ministério das Pescas (MINPESCAS), e ao Ministério do Comércio (MINCO), com resultados fracos e um uso considerável do tempo disponível. A extensa bibliografia consultiva e as reuniões adicionais com especialistas da FAO (em Roma) evidenciaram a falta de dados confiáveis em diversos pontos do setor da pesca e da aquicultura, particularmente no que se refere ao comércio local e regional. Ainda há pontos que precisam ser ampliados e esclarecidos para poder desenvolver uma ação eficiente e efetiva na comercialização de produtos da pesca e assimilados. Isso sugere a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada nessas áreas cinza para ser realizada num prazo adequado de tempo à necessidade Por exemplo, é desejável que exista a possibilidade de envolver outros ministérios, como a indústria, as finanças, a saúde, o meio ambiente, as infraestruturas, os transportes e outros, em futuros programas, para melhorar as oportunidades comerciais do setor pesqueiro, para o qual estabelecer suas responsabilidades e competências. De facto, o sector

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de pesca e produtos similares pode ser considerado transversal às diversas áreas da atividade humana.

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2 DEFINIÇÃO DO SECTOR

O actual paragrafo deste relatório trata dos recursos marinhos que são compostos pelas espécies dos animais marinhos e das águas internas e por alguns produtos não biológicos. Os recursos biológicos dividem-se em peixes ósseos, peixes cartilagíneos, crustáceos e moluscos nas diferentes formas de comercialização, ou seja como indivíduos inteiros ou transformados. Os produtos não biológicos referem-se ao sal (Na Cl). 2.1 Produtos do Mar e Atividades Incluídas

2.1.1 Condições gerais hidrológicas da plataforma angolana.2 “A Costa angolana estende-se ao longo de 1.650 km e a plataforma continental (até 200 m de profundidade) é cerca de 51.000 km. A plataforma (até 200 m de profundidade) alcança uma largura de 45 milhas a sul do estuário do rio Congo estreitando-se até 15 milhas perto de Luanda. Ao sul de Cabo Ledo, a plataforma estende-se novamente até 50 milhas de largura. Estreita-se para sul alcançando 10-12 milhas de largura ao sul do Namibe e Moçãmedes, 35 milhas de largura na Baìa dos Tigres e estreita-se novamente na área do Rio Cunene.”3 (ver Figura 2.1) A Corrente de Benguela, um ramo da deriva do vento de Oeste, corre ao largo das costas do sudoeste de África em direção para o Oeste, tornando-se a Corrente Sul Equatorial. Durante o inverno do hemisfério sul (de Maio a Agosto), a Corrente de Benguela move-se mais para norte e a Corrente Sul Equatorial torna-se mais forte por causa do fortalecimento dos ventos alísios. Como resultado, acontece o afloramento (up-welling) ao largo da costa de Angola neste período. Além disso, a frente bem definida, situada na proximidade do Cabo Lopez (Gabão), é originada pelo encontro de águas quentes tropicais do norte e as águas mais frias do sul. Motivado pelo enfraquecimento dos ventos alísios, a corrente de Benguela não é tão forte na plataforma de Angola durante o verão do hemisfério sul (de Janeiro a Abril), permitindo a penetração das águas mas quentes do norte. Devido ao afloramento sazonal associado com a Corrente de Benguela e a presença do sistema frontal acima mencionado, o meio ambiente marinho das águas de plataforma angolana é favorável para o peixe. A alta concentração de peixe encontra-se na parte sul da plataforma continental, por causa do afloramento mais forte nesta área. (ver figura 2.2) 4

2 Bianchi, G. Guia de campo para as espécies comerciais marinhas e de agua salobres de Angola – FAO 1986 3 Ibidem 4 Veja também a figura 2 do Anexo fotográfico

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Devido às condições hidrológicas acima mencionadas, a fauna de Angola

Figura 2.1 – Plataforma continental angolana Figura 2.2. Benguela Current Large Marine Ecosystem

Origem: Global Atlas of Marine Fisheries

Origem : Benguela Current LME Strategic Action Programme inclui tanto espécies tropicais e subtropicais como espécies de águas temperadas. A distribuição de alguma das espécies ao longo da costa varia também com a posição da fronte subtropical. Nos últimos anos, observamos varias variações nos fenômenos climáticos não relacionadas às diferentes estações; em particular o fenômeno que esta debaixo do nome de “El Niño–Southern Oscillation” (ENSO) mas também de outros fenômenos como a “Pacific decadal oscillation” (PDO) e a “North Atlantic Oscillation” (NAO). Tais fenômenos climáticos tenham uma forte influencia no recrutamento do os estoques aquáticos e foram estudados com uma atenção particular no sul de Benguela e nas espécies dos pequenos pelágicos como a enchova (Engraulis encrasicolus) e a sardinha (Sardinops sagax).5 A escala dos fenômenos climáticos ligados ao aquecimento global torna mais incerto as previsões da biomassa dos pequenos pelágicos e consequentemente a inteira fauna aquática no sistema da corrente de Benguela, incluindo as espécies presentes na costa Angolana. De uma forma geral, não se conhece grande parte da biodiversidade existente em águas territoriais angolanas, carecendo muitos grupos taxonômicos de uma descrição completa da sua diversidade específica. Da biodiversidade conhecida, pode ser apontada a ocorrência de maior informação para os peixes cartilagíneos e peixes ósseos6. Bianchi (19867 & 19928) identificou várias populações de distintas espécies em 87

5 LEHODEY ET AL. - Climate Variability, Fish, and Fisheries - American Meteorological Society (JCLI3898) - 15 OCTOBER 2006 6 Primeiro Relatório Nacional para a Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica - 2006 7 Op Cit. (FAO 86) 8 G Bianchi - DEMERSAL ASSEMBLAGES OF TROPICAL CONTINENTAL SHELVES - Bergen 1992 (PHD Thesis)

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famílias e 264 espécies ao longo da região costeira, determinando que a sua distribuição é controlada por gradientes transversais em profundidade (termoclinas) e pelo tipo de fundo. Poucos são os dados existentes sobre a biologia e distribuição de Chondrichthyes nas águas territoriais angolanas. Informação específica sobre a fauna invertebrada marinha e costeira de Angola também é muito limitada.

2.1.2 PEIXE Os peixes ósseos são o grupo mais vasto (correspondem a 9 em cada 10 espécies entre os vertebrados) e diverso de peixes actuais. Estes animais habitam todos os tipos de água, doce, salobra, salgada, quente ou fria (embora a maioria seja limitada a temperaturas entre 9 e 11ºC). Esta é a classe mais recente do ponto de vista filogenético, bem como a considerada mais evoluída. A taxonomia dentro desta classe tem sido frequentemente alterada, devido à descoberta de novas espécies, bem como de novas relações entre as já conhecidas. Os peixes cartilaginosos, como o tubarão e a raia, vivem principalmente em água salgada. Mas algumas espécies de raia vivem em água doce.

Figura 2.3

Oregem: http://www.portalsaofrancisc.com.br/animais/peixes

2.1.3 As Principais especies pescadas em Angola9 (Consulta a Bianchi, G. Guia de campo para as espécies comerciais marinhas e de agua salobres de Angola – FAO 1986)

Espécies Demersais (aqueles que nadam no fundo do mar) As comunidades de peixe demersal, ao longo da plataforma de Angola são as mesmas encontradas em todo o Golfo da Guiné. Em Angola elas são encontradas em maior quantidade que em outras partes de sua área

9 Bianchi G., Fichas FAO de Identificação de Especies para propositos comerciais. 1986

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de distribuição provavelmente por causa da grande produtividade destas águas. Algumas espécies tipicas das águas temperadas penetram em águas de Angola graças à corrente fria de Benguela. Os principais grupos das comunidades demersais podem ser classificadas na seguinte maneira: Aquelas de aguas pouco profundas acima da termoclina10 (cerca de 40 m de profundidade), onde a água é quente durante todo o ano ou oscila. As espécies pertencentes a estas comunidades são Pseudotolithus typus e P. Senegalensis, Galeoides decadactilus, Ilisha africana, Selene dorsalis, Pomadasys sp. (em fundos lodosos moles) e Sparus caeruleosticus, Epinephelus aeneus, etc. (em fundos duros ou arenosos). Não obstante estas espécies serem tipicamente tropicais, ao que parece são capazes de se adaptar as diminuições de temperatura estacionais devidas ao afloramento. Aquelas que se situam abaixo da termoclina, na plataforma continental e na sua declinação, incluindo Dentex macrophtalmus (Cachucho) e D. Angolensis, Synagrops microlepis, Merluccius polli e M. Capensis (esta ultima espécie proveniente do sul). Aquelas que vivem acima da termoclina, na área da termoclina, ou capazes de viver acima e abaixo da termaclima, tais como Brachydeuteuros auritus, Balistes capriscus, Trichiurus lepturus. Espécies pelágicas (que vivem geralmente em cardumes, nadando livremente na coluna de água) Um dos recursos pelágicos mais importante ao largo de Angola é provavelmente o carapau, representado pelo mais tropical Trachurus tracae, encontrado ao longo de quase toda a costa, e por T. capensis, uma espécie subtropical (espécie sobretudo de águas temperadas, encontram-se principalmente ao Sul de Angola). Sardinella aurita (...) é largamente distribuída pelo Atlântico Centro- Oriental, especialmente na área de importante up-welling. Angola representa o limite da sua distribuição. Esta espécie é encontrada principalmente em Fevereiro-Maio, durante a grande estação hidrológica quente, quando a temperatura da água é a mais elevada e migra para o norte para evitar as águas frias da grande estação fria (Junho- Outubro). É encontrada em grandes quantidades novamente em Novembro-Dezembro (pequena estação quente) e migra novamente durante a pequena estação fria. Sardinella maderensis tem uma área de distribuição muito similar a da S. aurita, apesar de ser mais costeira e mais eurihalina. Também é mais

10 Veja os números 40 a 63 do Anexo fotográfico.

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importante na parte norte do pais. As migrações sazonais parecem ser semelhantes ás de S. aurita. Outras espécies pelágicas importantes são Sardinella ocellata, originaria das águas mais temperadas da Namíbia que tem como limite norte o Banco da Baía dos Tigres, e Engraulis encrasicolus. Cavalas, bonitos e atuns são também importantes recursos pesqueiros em Angola. A maior parte das espécies tem uma distribução muito ampla, muitas delas encontradas, por todo o mundo, nos trópicos, sub- trópicos e águas temperadas. As espécies oceânicas mais importantes capturadas em Angola são Katsuwonus pelamis e Thunnus albacares assim como o mais costeiro Euthynnus alletteratus.

2.1.4 Mariscos (Crustáceos e moluscos) Com estes termos se indicam animais cujo corpo mole é coberto por uma concha protetora. Os mariscos vivem no fundo dos oceanos, mares, lagos e cursos de água de muitas partes do mundo. Por uma questão de comodidade neste paragrafo vamos incluir os crustáceos e moluscos.

Figura 2.5

Do ponto de vista comercial, as espécies de crustáceos mais importantes, existentes em águas ao largo da costa norte de Angola são o camarão rosa (Paraenaeus longirostris) e camarão riscado (Aristeus varidens) de águas profundas. O camarão escarlate (Plesiopenaeus edwardsianus) é também algumas vezes capturado para fins comerciais. Outras espécies de camarão presentes na plataforma continental são Penaeus notialis, abundante em águas de profundidade inferiores a 100 m, Solenocera membranaceum e Syciona spp. Um crustáceo com importância comercial, existente no talude continental ao largo da costa de Angola, é o caranguejo de águas profundas Chaceon maritae.11

11 Figura 66 Anexo fotografico

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Estudos apontam a presença na zona norte de 21 famílias de crustáceos com 54 espécies presentes e 13 famílias de moluscos com 27 espécies. Na zona centro, reportam 15 famílias de crustáceos com 43 espécies e oito (8) famílias de moluscos com 26 espécies. A costa norte e centro de Angola apresenta um total de 23 famílias de crustáceos com uma diversidade de aproximadamente 50 espécies. Ainda relativamente à diversidade de moluscos são reportadas 20 famílias de moluscos com aproximadamente 30 espécies. As espécies de moluscos de maior relevância são a Sepia hierredda e S. Bertheloti (chocos), Tadarodeps eblannae e Illex coindetti (lulas) e Octopus vulgaris (polvos).12 13

2.1.5 Farinha e óleo de peixe 14 Define-se farinha de peixe como um subproduto obtido pela cocção do pescado ou de seus resíduos mediante o emprego de vapor, convenientemente prensado, dessecado e triturado. Permite-se o tratamento pela cocção e secagem a vácuo ou por qualquer outro processo adequado ou ainda, permite-se a secagem por simples exposição ao sol, desde que essa prática não acarrete maiores inconvenientes. No processo de obtenção da farinha extrai-se o óleo; portanto, na mesma linha de processamento obtêm-se dois produtos: óleo e farinha de peixe. Bellaver (2005)15 classificou as farinhas de pescado em dois tipos: farinha integral e farinha residual de pescado. A farinha de pescado integral é um produto obtido de peixes inteiros de várias espécies; e as farinhas residuais são produtos obtidos a partir de resíduos (cabeças, nadadeiras, peles, vísceras) oriundos da evisceração ou filetagem de pescado. A farinha de peixe constitui uma das matérias prima mais adequadas do ponto de vista nutricional para elaboração de rações destinadas a alimentação de organismos aquáticos (NRC, 2011). É composta por 70% de proteína, 9% de lipídios e 8% de umidade (Blanco et al., 2007)16, sendo excelente fonte de proteína, lipídios e energia. As características de qualidade das farinhas e óleos de peixe variam em função da matéria prima utilizada, do controle de qualidade no processamento, das formas de proteção contra oxidação de gorduras e do armazenamento. Para o processamento de resíduos de produtos de

12 Primeiro Relatório Nacional para a Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica - 2006 13 Figura 64-65 Anexo fotografico 14 Leticia Hayashi Higuchi - Produção, caracterização nutricional e utilização de farinhas e óleos de resíduos de peixes neotropicais em dietas para Tilápia do Nilo - Jaboticabal, 2015 xvii, 86 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2015 15 Bellaver, Cláudio. Limitações e vantagens do uso de farinhas de origem animal na alimentação de suínos e de aves. 2° Simpósio Brasileiro Alltech da Indústria de Alimentação Animal. Paraná, 2005. 16 BLANCO, M. et al. Towards sustainable an d efficient use of fishery resources: present and future. Trends in Food Science and Technology, Oxford, v. 18, n. 1, p. 29-36, 2007

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origem animal torna-se indispensável a utilização de antioxidantes, cuja dosagem é recomendada de acordo com o princípio ativo e o fabricante (Vidotti & Gonçalves, 2006)17. O óleo de peixe (OP) pode ser extraído de peixes inteiros, vísceras, peles ou pelo processo de produção de farinha de peixe. É composto por 90% de lipídios neutros (triglicerídeos, ácidos graxos livres) e lipídios polares (fosfolipídios, esfingolipídios e lipídios oxidados). Sua obtenção provém das etapas de cozimento e prensagem. O líquido removido da torta da farinha é misturado, centrifugado a uma temperatura de 80ºC, obtendo- se o óleo de peixe bruto. Pode ainda, passar por um processo de refino para obtenção de um óleo clarificado, inodoro (Lima, 2013)18. Já ha muitos anos que se aconselha fazer uso dos restos para a produção da farinha e óleo de peixe para não diminuir os recursos para o consumo humano. O consumo do ponto de vista de rendimento econômico, a farinha e o óleo de peixe, são absolutamente impropria. Se considera que para produzir um kg de farinha de peixe precisa-se utilizar 5kg de peixe fresco; para a produção de um kg de óleo necessitam-se 20kg de peixe fresco. Fatores de conversão respetivamente de 22,5 % e de 5%.19 A demanda de farinha e óleo de peixe tem um histórico de crescimento que reflete o crescimento na produção aquícola e diminuição do uso de farinha de peixe no setor da pecuária (Naylor et al., 2009)20. A produção de farinha de peixe atingiu um ápice em 1994 de 30,2 milhões de ton. A partir de 2010, apresentou oscilações: aumentou em 2011 (19,4 milhões de ton.) e em 2012 diminuiu para 16,3 milhões ton (FAO, 2014).21 Como foi reportado pelo FIS “Fish Information & Services” (Daily updated news for the whole Fishing, Seafood and Processing industries) de 8 de setembro 2017 os preços da farinha e azeite do pescado seguem experimentando uma estrepitosa queda com preços que nao chegam a 1,100 dólares a TM para farinha de alta qualidade.22

17 VIDOTTI, R. M.; GONÇALVES, G. S. Produção e caracterização de silagem, farinha e óleo de Tilápia e sua utilização na alimentação animal. [S.l.: s.n., 2006]. 18 LIMA, L. K. F. Reaproveitamento de Resíduos Sólidos na Cadeia Agroindustrial do Pescado. Palmas:Embrapa,2013. 19 Euro Fish Market – Il punto sull’uso delle farine di pesce (https://www.eurofishmarket.it/b2b/10_IL_PUNTO_SULLE_FARINE_DI_PESCE.pdf) 20 Naylor et al., Feeding aquaculture in an era of finite resources. PNAS v106, n°36, p15103 – 15110, 2009 21 Figura 10 Anexo fotografico 22 http://fis.com/fis/worldnews/worldnews.asp?l=s&ndb=1&id=93722

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Resíduos

Cocção c/antioxidante

Caixa percoladora

Coleta de óleo Massa cozida

Filtro prensa Filtro prensa

Tanque de estocagem Borra de óleo Torta de prensa

ÓLEO DE PEIXE Silo de resfriamento

Moagem Figura 2.6

Fluxograma de Viadotti; Goçalves; Martins, 2011 – transformado Embalagem Etapas de produção da farinha e óleo de resíduos

FARINHA DE PEIXE 2.1.6 SAL 23 O sal é uma substância cristalina e ordinariamente branca, solúvel em água e crepitante ao lume. Trata-se do cloreto de sódio (NaCl), que se pode encontrar na água do mar ou em algumas massas sólidas. Sem sal, o nosso corpo não poderia executar algumas das vitais funções, como a regularização do sangue, fluidos e a transmissão da informação ao nosso sistema nervoso e músculos. É ainda útil na absorção de alguns nutrientes nos intestinos.

23 Veja os números 95 a 101 do Anexo fotográfico

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O sal é usado como condimento (para temperar as refeições) e para a conservação de peixe. Existem três processos principais para obter sal: A primeira é a obtenção de sal da água do mar. A água do mar é uma fonte inesgotável de sal, cada litro de água do mar contém aproximadamente 30 gramas de sal A maneira mais comum de extrair o sal desta água é através das salinas. Superfícies perto do mar que são inundadas com água do mar. Estando a uma profundidade rasa, a água se evapora pela ação do sol e do vento, podendo extrair e recolher o sal como um sedimento que é depositado uma vez que a água se evapora. O sal extraído é empilhado para secar e depois refinado para ser embalado e distribuído. A segunda maneira de obter o sal tem semelhanças com a anterior, já que o sistema é para coletar o sal em depósitos fósseis através de fontes de águas corrente que são denominadas fontes de água salgada. Essas molas são conduzidas por espécies de aquedutos, que em sua passagem as povoam com sal, até chegar a zonas artificiais de profundidade superficial, onde é seguida a mesma técnica descrita anteriormente. Há uma diferença: esta forma de extração quase nunca requer refinação adicional devido à pureza da fonte de água. A última maneira de extrair é através de minerais. Existem depósitos minerais, como a rocha salgada ou halite, cujo componente básico é sal. A sua obtenção é simples: o mineral é pulverizado para obter o sal. Posteriormente é necessário um processo de refinação antes do pacote final. Estima-se que a procura mundial de sal cresça anualmente 2,9% até 2015, atingindo 327 milhões de toneladas (métricas), avaliadas em 13,6 mil milhões de dólares. Dados de 2010 indicam que a indústria química representa 55% do consumo de sal. Esta representatividade prende-se com processos cloro-álcali (eletrólise de cloreto de sódio para produção de hidróxido de sódio) e de produção de carbonato de sódio, onde o sal é matéria-prima. A evaporação solar é o método mais popular de obtenção de sal, tendo representado 38% do sal comercializado em 2010. É também o método mais económico de produção , sobretudo em países com condições climatéricas favoráveis.”

2.1.7 Artes e métodos de pesca24 “Artes” sao os instrumentos e procedimentos que se utilizam para capturar os organismos que habitam as aguas marinhas, salobras ou doces.

24 Veja os números 12 a 39 do anexo fotográfico

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Existem muitas diferentes maneiras de capturar os organismos aquáticos. É por tanto necessário que as instituições desenvolvam uma definição e caracterização das “artes e métodos de pesca” que permitem a regulamentação. Vale a pena evidenciar que as formas e os métodos da pesca podem ser distinguidos com base nas diferentes características e tudo isso forma as definições da arte e metodologia. A seguir vamos citar as principais características que nos permitem distinguir as categorias relativas as artes e métodos de pesca: A. Operações da terra sobre a superfície da água e debaixo da água B. Com redes, denominada genericamente “artes”, que se faz com cabo e anzóis e outros aparatos especiais. C. Em base as espécies-alvo.

Estas categorias se diferenciam entre elas. Para a categoria A. o interesse primário verte-se sobre captura feita a bordo das embarcações (para as aguas marinhas ). A pesca pode ser dividida em três categorias principais: • industrial • semi industrial • artesanal

Queremos apontar que todas estas categorias fazem parte da pesca professional, embora que a pesca artesanal pode ser dividida entre professional e pesca de subsistência. Estas duas categorias as vezes são confundida entre elas. Segundo a definição do Glossário da FAO “a linha de marcação entre produtores artesanais e industrias é arbitrária. O que num pais ou uma região é considerado artesanal, em outro lugar pode ser considerado algo maior.” A legislação angolana para a conceder as licenças distingue as embarcações em: «Pesca industrial», aquela que é realizada com embarcações com mais de vinte metros de comprimento total, propulsionadas a motor, utilizando em regra congelação ou outros métodos de processamento a bordo e usando meios mecânicos de pesca e envolve, em geral, grandes investimentos e métodos tecnologicamente avançados de pesca visando a captura de espécies específicas de alto valor comercial ou de grandes quantidades de

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pescado de valor inferior, destinadas ao consumo ou processamento no mercado nacional ou internacional.

«Pesca semi - industrial», aquela que é realizada com embarcações (com comprimento de fora a fora) até vinte metros, inclusive, de comprimento total, propulsionadas por motor interior e utilizando, em regra, gelo para conservação do pescado, usando artes de palangre ou linha de mão, emalhe de fundo e também arrasto mecânico, cerco e outras.

«Pesca artesanal», a atividade de pesca que é efetuada com embarcações (com comprimento de fora a fora) até catorze metros de comprimento total, inclusive e propulsionada a remos, a vela ou por motores fora de bordo ou interiores, utilizando raramente gelo para conservação e fazendo uso de artes de pesca como linhas de mão e redes de cerco e emalhar.

Segundo os dados escritos no “Relatório Anual 2014 1° Edição”25 a Pesca Industrial da Frota Demersal contava com 70 embarcações ao contrario da semi-industrial que contava com 23 embarcações. Quanto ao tipo de pesca praticada não existe distinção entre os barcos industriais e semi-industriais; a Frota Pelágica, mas somente entre os cerqueiros para pequenos pelágicos e atum do alto, indicados respetivamente em 90 e 57 unidades, para um total de 147 embarcações. A seguir (Figura 2.7) podemos ver a evolução das diferentes frotas desde o iinício da década ate 2016 (demersais, pelágica e atum26) .

25 Relatorio anual 2014 – 1° Edição – Ministerio Das Pescas 26 O mar angolano recai debaixo do egida ICCAT quanto a pesca dos tunnidi e dos elasmobranchi, ainda existem algumas incongruenças entre os dados do ICCAT sobre a frota e dados transcritos nos documentos das estatisticas nacionais no que se refere a frota do atum. Nas estatisticas ICCAT resultam dois barcos atuneiros, ambos “Long Liner” de 33,6 m de largura e uma tonelada de GRT, com licença de pesca ate 31 de dezembro de 2017. Ao contrario os dados fornecidos pelo Minpescas falam de mais de 57 atuneiros.

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Figura 2.7 -Evolução de N° de embarcações por frota 300

250

200 Atuneiros 150 Frota Pelagica 100 Frota Demersal

50

0 2011 2012 2013 2014 2015 2016

As embarcações utilizadas para pesca se dividem quer pelos métodos de pesca quer pela conformação do mesmo barco. As embarcações industriais (com mais de 20 m) são todas construídas no exterior e geralmente são todas de propriedade de armadores estrangeiros (China, Coreia, Namíbia, Rússia, Espanha, etc.). Estas embarcações estão coligadas a sociedades mistas, na qual o detentor da licença é angolano e o armador geralmente é estrangeiro. A pesca praticada é principalmente a pesca de cerco y de arrasto sem excluir os outros métodos de captura. Estas embarcações ficam no mar por muito tempo (até meses) e normalmente preparam e congelam o peixe a bordo dos barcos para depois transbordar a carga directamente em mar o nos portos de Luanda e (em o anexo final se pode ver o país de bandeira e tipologia das embarcações e artes a operar em Angola)27. As embarcações semi-industriais têm um motor interno e estão dotados de uma ponte. Algumas tem maquinas de produção de gelo abordo ou câmaras para congelar e preservar o peixe. As embarcações parecem ser muito antigas, embora não existe uma estatística sobre a idade media das embarcações. As embarcações semi-industrias praticam tanto o cerco como o arrasto. Estas embarcações podem ficar no mar 1 dia ou até mesmo algumas semanas. Ao contrario dos barcos industrias, normalmente descarregam o peixe nos portos que se encontram ao lado da costa (Luanda, , Namibe, Lobito, e ) para ser conservado e congelado em terra e vendido para os canais formais e informais. Não existe uma distinção entre as embarcações industriais e semi- industriais, no que concerne aos métodos de pesca e as espécies alvos. As verdadeiras diferenças estão na capacidade de pesca e a conserva do pescado, e por tanto na faixa do mercado que afeta.

27 Plano Nacional da Desenvolvimento das Pescas em ANGOLA [2016|2020]

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Quanto aos barcos artesanais (abaixo dos 14 m de largura), a lei angolana permite a concessão de um máximo de 5.500 licenças, dados que não correspondem ao numero de barcos artesanais realmente presentes no território. Devemos considerar que os barcos artesanais são usados por toda a costa angolana lá onde existe a possibilidade de acesso a costa28. L’IPA (Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal) identificou 102 comunidades piscatórias locais (veja a tabela 3 dos Anexos). Num estudo feito em 201329 são indicados 7.767 embarcações artesanais. Se considera que nas embarcações artesanais se misturam as embarcações para a pesca de subsistência, que não tem uma grande diferença com as ultimas. Quanto a propulsão a primeira diferença existe na propulsão remo-velica e no motor. O motor se divide entre motor externo ou interno. Quanto as tipologias dás embarcações em Angola temos as canoas, chatas, e catrongas. As canoas são embarcações mais primitivas normalmente com propulsão remo-velica e também construídas em forma monóxila (construídos em um único tronco escavado) a estas se acrescentam embarcações auto-construídas com mesa ou pedaços de mesa de surf (ou igual) que são usadas ao lado da costa (subsistência). A um nível mais avançado encontramos as chatas, embarcações sem ponte construídas com madeira e com propulsão de remo ou com motor de popa com motores de 45 a 90 cv. A tripulação é de 4/5 pessoas, sem estrutura de conservação nem segurança. As catrongas são embarcações com os motores internos, ponte e cabina. São construidas em madeira e tem dimensões internas maiores da media no sob sector artesanal. Ao que se pode verificar, em Angola não existem estaleiros navais em grau de construir embarcações com dimensões maiores do que as artesanais e ninguém trabalha em embarcações com materiais compósitos (fibra de vidro). O uso e a distribuição das embarcações variam segundo as províncias costeiras. As canoas são o tipo de embarcações dominante nas províncias setentrionais de Cabinda e Zaire, enquanto que no sul existem poucas. As chatas são os barcos mais comuns e usados no resto da costa. O uso geral das catrongas nas províncias do norte reflete os mercados de pesca mais lucrativos. (Duarte et al. 2005) 30

28 Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal - http://www.ipangola.org/artisanalfisheries.pdf 29 Cristina Rosa e Teresa Coelho (Consultoras) Estudo da Pesca Artesanal nos municípios de Benguela (sede) e Baía Farta - Plurália, Consultoria e Formação Lda - 2013 30 Duarte, A., Fielding, P., Sowman, M. and M. Bergh. 2005. Overview and analysis of socio-economic and fisheries information to promote the management of artisanal fisheries in the BCLME region – Angola (REPORT B). Final Report and Recommendations, October 2005. Environmental Evaluation Unit, University of Cape Town.

30

A pesca é feita todos os dias, menos domingo ao menos que não foram pescar no sábado por causa das condições meteorológicas-marinhas e também do período de pesca. A quantidade da captura diária depende do tipo de embarcação da pesca, dos materiais, das condições meteorológicas-marinhas e também da temporada de pesca. Novas construções No site da Seaplace31 se encontra um projeto de fornecimento de 200 embarcações (veja a figura 27 do anexo fotográfico) para a pesca do Ministério das pescas em Angola e em particular: • Embarcações artesanais de 7.4m (160 unidades) • Embarcações artesanais de 13.80m (10 unidades) • Palangre de 12 m (10 unidades) • Palangre de 25 m (5 unidades) • Embarcações de cerco de 25 m (5 unidades) • Embarcações para apoiar a pesca de 16 m (5 unidades) • Catamarán palangre de 18 m (5 unidades)

Por tanto 10 unidades industrias (mais de 20 m), 5 unidades semi industrias, 16 unidades de suporto e 159 unidades artesanais. As artes da pesca que são utilizadas na pesca artesanal são as seguintes: Banda-Banda32: Este tipo de pesca que já foi abordado é proibido pela lei Angolana, todavia se tolera, no momento que a sua eliminação representaria um problema social e socioeconômico de grande dimensão considerando um numero de operadores entre os 120 / 160.000. Se trata de um método de pesca onde a rede é tirada com um esforço coletivo de pescadores de ambos os sexos e diferentes idades, diretamente na beira. Uma embarcação menor (chata ou canoa) é utilizada para arrastar e atirar a rede no mar. Uma parte fica por terra (pega pelas pessoas na beira), depois de ter posto a rede em forma de circulo o barco leva a rede em terra. A captura deste tipo de pesca indiscriminado e constituído pelos peixes jovens e imaduros. Linha: o uso de linha e ganchos de pesca é um método utilizado em todas as embarcações artesanais. O número de ganchos por linha de pesca varia de 1 a 5 e são escolhidos de acordo com as espécies alvo. Esta arte de pesca é muito usada e é também uma das mais seletivas. Tendem a pescar espécies demersais de qualidade e indivíduos de grandes dimensões.

31 http://www.seaplace.es/flota-de-pesqueros-angola-2/ 32 Figura 28-29 do anexo fotográfico

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Redes de Emalhar33: se usam dois tipos diferentes na pesca artesanal: As redes de emalhar de superfície são usados para capturar os pequenos pelágicos (es: sardinelas, cavala, sardinhas e pescada africana, etc.) as redes são em nylon, normalmente são mais compridas de 100 metros com uma profundidade de rede variável entre 4 a 5 metros. A dimensão da linha é definida por lei e varia dos 33 a 40 mm de fio (lateral).

As redes de emalhar de fundo são usadas para capturar espécies demersais. As redes são feitas de algodão ou nylon, com um comprimento considerável que pode medir 3000 metros nas embarcações mais grandes e uma altura que vai dos 4 e 5 metros. A dimensão da linha é também definida por lei e geralmente varia dos 40 a 60 mm de fio (lateral).

NB: devemos evidenciar que atualmente são usadas uma grande quantidade de redes de fabrico chinês feitas de plástico impresso que tem um custo muito baixo. Estas redes não se reparam quando rebentam e para completar são muito frágeis. Uma vez que a rede foi danada e ela não pode mais ser usada, é deixada no mar constituindo o perigoso fenômeno das redes fantasma. No estado atual as autoridades pedem que estas redes quando retiradas do mar são levadas em terra e queimadas, todavia considerando a pouca cultura ambiental da população e as dificuldades para a recolha das redes, muitas das vezes a maior parte dessas redes acabam por ficar no mar.34 Rapa35: é utilizada para a captura de pequenos pelágicos por parte das embarcações artesanais menores. Este método se usa nas províncias meridionais (Kwanza sul, Namibe e Benguela). Uma rede bastante pequena é posicionada num barco para circundar um banco de peixe (enquanto a outra fica parada) depois é recuperada com as mãos pela tripulação de um barco. Não há dados de tamanho de malha disponíveis. Armação36: este método de pesca é utilizado principalmente em Angola na parte meridional (Benguela e Namibe) mais que nas províncias centro-setentrional. É uma série de redes fixas posicionadas perto da costa, ortogonal ao mesmo com vários cômodos, em breve como as pequenas “almadravas”. As espécies alvo são as pelágicas e as demersais. Para as operações de posição e pesca se usa até 4 chatas ou catrongas. A armadilha é feita no mar por quatro dias e depois retirada até a costa por um trator. Na província do Kwanza sul as redes são tiradas diretamente no mar. Não temos noticias mais detalhadas sobre os métodos de pesca mas durante a missão foram observados vários métodos e muito parecidos entre eles.

33 Figuras 30, 31 y 32 do anexo fotográfico 34 Figuras33-34 e 35 do anexo fotográfico 35 Figura 36 do anexo fotográfico 36 Figura 37, 38 é 39 do anexo fotográfico

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Linha- Varra: método utilizado para capturar os atuns. Um gancho ou uma isca armada está presa a um poste de uma linha curta. O atum preso com o gancho é levado abordo por meio de um arpão. As operações de pesca variam notavelmente de norte ao sul. Nas províncias meridionais e centrais (Namibe, Benguela; Kwanza sul e Luanda) são utilizadas varias técnicas entre as quais diferentes tipos de redes de cerco; os palangres fornecem uma cota significativa das capturas nestas áreas. Quanto mais se mover para o norte maior é o uso das redes fixas nas comunidade da pesca. As espécies alvo destas redes são demersais e peixes de recife

2.1.8 Máquinas e equipamentos No que concerne o material e os equipamentos para toda a cadeia de pesca, Angola é completamente dependente das importações. Iniciando pela base sublinhamos que em Angola não existem estaleiros navais que podem construir ou manter os barcos de pesca que não sejam artesanais, ou seja de dimensões muito pequenas. Existem mestres que constroem as chatas e catrongas com madeira (e obviamente as canoas) mas todo o material é importado, seja o motor (de popa) e todo material de pesca. Alguns armadores de barcos semi-industriais tem a possibilidade de puxar os barcos em seco para fazer pequenas manutenções (raspadura e pintura da quilha) mas as operações de manutenção anuais são efetuadas na Republica da Namíbia em Walvis Bay, uma vez por ano durante o período de veda. Quanto as embarcações novas, em particular em material compósitos, estas são construídas no exterior. Já se fez referimento no paragrafo que se refere as embarcações das novas frotas de 200 embarcações construídas na Espanha. Quanto aos materiais de bordo, estes também são todos importados, começando dos guinchos até ao amo e a linha. As redes também são importadas assim como os matérias para a reparação destas. Uma observação importante sobre as redes é o facto de que o uso das redes de plástico impressas produzidas na China, esta se tornar muito frequente, estas não são abrigadas e normalmente são abandonadas ao mar, constituindo assim um grave dano por causa do fenômeno das redes fantasmas. As grandes embarcações, visto que são todas estrangeiras, efetuam reparações nas pátrias de origem ou nos portos namibianos ou de outros países. Estas estão completas de todos os materiais diretamente dos armadores. As embarcações que carregam os produtos congelados para exportar levam consigo o material pra troca e o material necessário para exercer a atividade de pesca.

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Quantos as maquinas para processamento, transformação e conservação do peixe também são importados de diferentes países, como a Namíbia, Espanha, Italia, etc. As embalagens geralmente são importadas, embora no Namibe existe uma fabrica de embalagens na qual importa sempre a matéria prima da Namíbia. 2.2 Pautas aduaneiras A Pauta Aduaneira serve para regular o regime de importação e exportação de mercadorias. As alfândegas estabelecem o pagamento e isenções do pagamento de emolumentos gerais aduaneiros em beneficio de quaisquer pessoas singulares e coletivas publicas e privadas. Em Angola a Pauta aduaneira é regulamentada por legislação “Instruções preliminares das pautas aduaneiras dos direitos das importações e exportação” (IPP) e publicada em Dario da Republica do 30 do Janeiro 2014; a seguir, é publicado o Retificação n. 1/14 de 30 de Janeiro. Uma nova versão da Pauta Aduaneira será lançada em 2018 para modernizar a existente e a adaptar às necessidades do país. A pauta é organizada em vista do fomento da produção nacional, o desenvolvimento económico sustentável, a atração dos investimentos e uso de mão-de-obra nacional. As taxas dos direitos aduaneiros devem considerar os crescimentos económicos e a política económica do pais. A Pauta aduaneira depende do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação das Mercadorias, da Nomenclatura SH (Sistema Harmonizado) aprovadas pela Organização Mundial das Alfandegas (OMA). Artigo 2 esplicita que a Nomeclatura do Sistema Harmonizado (SH) a um codigo de seis digitos (2 primieros bloco desagregado, posicao para 3 e 4 digitos, 5 e 6 a subposicao de um ou dois trasvessoes (expressao 00); para evitar problemas pode incrementar a 8 ou mais digitos. A Pauta aduaneira dos Direitos de Importação e Exportação regula a cobrança do imposto de consumo na importação; são as previstas nas colunas 4,5,6,7 e 8 do texto da pauta Aduaneira.

1 Códice Pautal de 8 dígitos 2 Descrição das mercadorias 3 Unidade de Quantidade 4 Regime geral

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5 Promoção Investimento 6 Preferência 7 Regime gerais 8 Promoção Investimento

Artigo 12 trata do Antidumping, sempre que este cause ou atrase consideravelmente a criação de produção nacional. Artigo 8 trata sobre como a “declaração aduaneira” deve ser apresentada as Alfândegas pelo declarante importador ou exportador devendo ainda ser anexada a documentação legalmente exigida. Alem disso se ocupa do Documento Único (DU) e do Documento Abreviado de Despacho (DUA) que se aplica em mercadorias transportadas em quantidade reduzidas sem caráter comercial com valor entre 1601 e 3500 UCF (Unidade de Correção fiscal). Se dispensa o cumprimento dass formalidade aduaneiras quando não apresentam características comerciais e não excedem, par remessa ou por viajante, o valor de UCF 1.600. Em Secção II o Artigo 12 sobre “Origem da mercadoria: os produtos das pescas” e inserido considerando uma taxa, se existe um acordo comercial para a mercadoria a base de peixe de outro pais. Também os produtos transformados devem ter uma prova de origem. Artigo 14 e 15 lidam com a obrigatoriedade da etiqueta que identifica marca, pais de fábrica e factura comercial completa de todos os dados em língua portuguesa, com discrição minuciosa de quantidade e qualidade dos respectivos componentes. Artigo 17 trata da veracidade da declaração; e os funcionários da autoridade aduaneira podem controlar as instalações dos comerciantes e produtores; Artigo 18 se ocupa dos documentos que devem ter a disponibilidade da autoridade aduaneira; a violação e punida no Código Aduaneiro e na demais legislação aplicável. Artigo 33 trata de direitos e demais imposições aduaneiras no regime aduaneiro, que é dividida em: a) Direitos aduaneiros b) Direitos antidumping c) Imposto de consumo e) Imposto do selo f) Emolumento gerais aduaneiros g) Sobretaxas h) Outros impostos legalmente aprovados

Artigo 47 declara que as importações de pequenas remessas de mercadorias no valor de UCF 1601 a UCF 3500 tem uma taxa fixa do 15% “ad valorem” Artigo 55 trata da importação temporária: Cada despacho de importação temporária tem uma taxa de 1,5 % (imposto de selo e imposto de emolumento general aduaneiro) sobre o valor aduaneiro das mercadorias.

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Artigo 59 declara como as mercadorias importadas temporiamente se devem re-exportar em un prazo de 12 meses. Artigos 89-90-91-92-93-94 tratam dos custos de serviços aduaneiros em suas varias formas. Uma taxa ad valorem sobre os produtos alimentares importados aplicável as sociedades residentes em Cabinda para Artigo 106. O Artigo 108 isenta toda taxa de exportação dos produtos de Cabinda. Artigo 54 especifica as Mercadorias com regime especial na importação como os seguintes em Quadro II que interessa ao sistema das pescas em Angola.

Quadro II N. de Nomenclatura ordem

02 Animais, despojos e produtos animais que non se podem importar sem autorização dos serviços veterinários

03 Espécies de peixe para aquicultura como Tilapia e outros que solo se podem importar com autorização do Ministério da Agricultura e desenvolvimento rural.

20 Embarcações de pesca novas ou usada do tipo artesanal, semi-industrial, e industrial do tipo utilizado especificamente para o transporte de pescado, que só podem ser importadas mediante autorização do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento rural e das Pescas.

Os capitulos que interessam a pesquisa actual sao: Capitulo 03 Peixe, Crustáceo, Moluscos e outros Invertebrados Aquáticos Capitulo 05 Pellet e farinha Capitulo 15 Óleo de peixe

Capitulo 16 se ocupa de preparações de Peixe ou de Crustáceos, de Moluscos ou de outros Invertebrados Aquáticos Capitulo 23 Resíduos e desperdícios das indústrias alimentares, alimentos preparados para animais Capitulo 25 Secção V Sal Descrição do Capitulo 3 que se ocupa das pautas para Peixe, Crustáceo, Moluscos e outros Invertebrados Aquáticos. Este capitulo não compreende:

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a) Os mamíferos da posição 01.06 b) As carne dos mamíferos da posição 01 06 (02 08 ou 02 10 c) Os peixes (incluindo os fígados, ovas e sémen) e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos mortos ou inadequados para a alimentação humana (Capitulo d) ; as farinhas, pose pellet de produtos das pescas inadequadso para a alimentação humana (Posição 23.01) e) O caviar e seus sucedâneos preparados a partir de ovas de peixe (Posição 16.04)e outros produtos aquático enlatados.

Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos

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Descrição do Capitulo 16: trata de preparações de Carne de peixe ou de Crustáceos de Moluscos ou de outros Invertebrados Aquáticos. Em particular deve contender mais de 20% em peso dês produtos das pescas.

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Parte C Secção 20 incluem produtos de importação por quota para “Outras mercadorias que poderão usufruir dos benefícios aduaneiros”. Em eseo sentido é previsto no Código Aduaneiro as mercadorias constituídas para amostras das posições 9800.00.00.75 e 85. Apenas podem usufruir dos benefícios constantes do presente Capitulo como as primeiras das líneas (Parte C - Secção 3) para Carapau fresco, refrigerado e congelado.

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O Capitulo 23 se ocupa de Resíduos e Desperdícios das Industrias Alimentares; Alimentos preparados para animais como Farinhas, pôs e pellets, de peixes ou crustáceos, de moluscos o de outros vertebrados aquáticos com 2 % de direitos de importação e 10% de imposto de consumo. (N. pautal 2301.20.00) Secção V inclue Produtos minerais: em Capitulo 25 e incluído o sal e suas preparações

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3. PANORAMA MONDIAL DO SECTOR

3.1 Análise e tendência do mercado do peixe Esta pesquisa de nível internacional faz uma análise sobre o atual mercado dos peixes e o mercado da aquicultura, para determinar os principais produtos e tendências. E’ necessário que estejamos a passo com os mercados mais dinâmicos a nível global que podem influenciar os mercados nacionais. A principal tendência mundial da pesca pode traçar uma imagem onde há uma crescente importância dos mercados domésticos frente a os mercados de exportação, nos principais países produtores do mundo. Também em países que não produzem, a tendência de consumo está aumentando. Há também um contraste entre volumes negociados planos e crescimento constante na produção total. O desenvolvimento da oferta global continua a ser definido pela estagnação da produção de pesca de captura, mesmo que a oferta total da indústria de aquicultura em rápido crescimento mundial continue a crescer. Há também uma abordagem qualitativa dos produtos da pesca utilizando a classificação a seguir: I) produtos altamente atraentes, ii) produtos potenciais, iii) produtos altamente promissores e, iv) os produtos com menor consumo. No final do paragrafo damos informações sobre o mercado mundial, com referimento ao mercado Angolano. 3.2 Produção global de peixe e preço do peixe A partir de 1950, as capturas globais (sem a anchoveta37) subiram até 1988, quando excedeu 78 milhões de toneladas. De 2003 a 2009, as capturas totais permaneceram excepcionalmente estáveis, com variações interanuais nunca a exceder 1% em quantidade absoluta. Finalmente, a partir de 2010 houve um ligeiro crescimento a cada ano até um máximo alcançado em 2014, com capturas globais, excluindo anchoveta, de 78,4 milhões de toneladas.38 Não obstante toda a demanda dos produtos do mar no mundo aumentou, segundo os dados da FAO (os dados podem ser consultados no relatório anual “State of the world Fisheries and aquaculture”). Muitos dos estoques mundiais chegaram ao MSY (rendimento máximo sustentável)39 e muitos estão ultrapassados. Por este motivo é necessário um melhor uso dos estoques, que não sejam usados na sua totalidade, diminuir o esforço da pesca e o esforço

37 A captura de anchoveta é sempre considerada separadamente pelo tamanho do estoque e sua variabilidade. Este ano (2017), por exemplo, considera-se que a quota para a indústria da farinha de peixe pode exceder 2,8 milhões de toneladas – (FIS Newsletter, hattp:/fis.com/fis/worldnews/worldnews.asp?) 38 The State of World Fisheries and Aquaculture 2016 – Food, www.fao.org/3/a-i5555e.pdf 39 O rendimento máximo sustentável (MSY) para um dado estoque de peixe significa o mais alto possível captura anual que pode ser sustentada ao longo do tempo, mantendo o estoque em tal nivel ou produzindo o máximo de crescimento. O MSY refere-se a um estado hipotético de equilíbrio entre a população explorada e a actividade pesqueira.

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sobre os estoques mais explorados e procurar manter todos os outros num nível estável. A demanda de organismos aquáticos para o consumo humano e para a indústria da transformação tem que ser a cargo de uma crescente aquicultura também sustentável. 3.2.1 Captura de peixe Espera-se que a produção e o consumo de produtos da pesca acompanhem as principais tendências com uma produção de captura estável e o aumento da produção do aquicultura avaliado em 5% por ano de acordo com as projeções de longo prazo40; espera-se que em 2025 serão produzidas 195 milhões de toneladas de peixe, dos quais 103 milhões de toneladas serão originárias da aquicultura. 3.2.2 Preço do peixe Em geral, existe um certo grau de incerteza quanto à dinâmica global dos mercados de produtos da pesca e aquicultura, como há tantas variáveis que afetam as economias dos países que afetam o comércio, como a instabilidade política e económica, a crise dos migrantes e o terrorismo nos países da UE. Algumas dessas variáveis podem diminuir a demanda do consumidor, como é o caso do embargo russo. Por outro lado, um dollar forte (US $) e a remodelação positiva dos mercados dos EUA oferecem uma visão favorável para os próximos períodos. O ano de 2016 teve um comércio total de produtos pesqueiros de 140 bilhões de US $. Enquanto isso cai para os registros de 2014 (de 148,4 mil milhões US $), e um aumento líquido de 4,4% em relação a 2015 (132,6 mil milhões de dólares americanos)41. Vale ressaltar que houve um aumento neste ano nos preços de alguns produtos pesqueiros estandardizados como camarão, comercializados, que podem ser atribuídos a estabilização do dólar e o aumento do valor de várias moedas. De facto, o aumento do valor do dólar norte-americano pode mostrar uma desaceleração no valor dos produtos pesqueiros comercializados. Um exemplo de aumento dinâmico e rápido no preço do peixe é proporcionado pelo rápido aumento do preço do salmão em 2016, o que foi em parte causado por taxas mais lentas de produção de atum nos países produtores, menor produtividade da produção de salmão e aumento da demanda mundial de produtos de peixe. A Federação Russa e o Brasil, os principais mercados emergentes, podem enfrentar algumas dificuldades económicas que desaceleram a importação de produtos pesqueiros. Os efeitos da BREXIT42 e das políticas de pesca relacionadas que afectam o comércio entre a UE e o Reino Unido são atualmente desconhecidos.

40 OCDE-FAO Perspectivas Agrícolas 2016-2025 41 OECD-FAO Agricultural Outlook 2016 long term projections 42 Brexit: O termo resume e expressa a saída do Reino Unido da União Europeia.

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3.2.3 Alterações Climáticas Vale ressaltar que as mudanças climáticas podem afectar a distribuição, quantidades e variedades de peixes em todo o mundo devido as mudanças nas temperaturas superficiais da água do mar, salinidade, níveis de oxigénio e acidez no meio marinho. Deve ser dada atenção a estes problemas, uma vez que podem afectar as capturas da pesca. A médio prazo, por exemplo, é possível que o menor fornecimento de anchovas causado pelos efeitos do evento “El Niño” possa levar ao aumento no preço da farinha de peixe, aumentando o preço dos peixes carnívoros na mesma cadeia de suprimentos43. Supõe-se que o crescimento do apetite do mundo por produtos pesqueiros e de aquicultura continua inabalável. A aquicultura ainda é responsável pela totalidade do crescimento da produção, já representando a maioria (53%) dos peixes que comemos directamente e, se as tendências atuais continuam, definir para ultrapassar as pescarias de captura em termos de produção absolutos até o ano 202044. De acordo com a tendência ascendente dos volumes de produção, o consumo anual de peixes aumentou em torno de 1% ao ano e deverá atingir 20,5 kg per capita por ano em 2016 a níveis global mundial. Isso aponta para a crescente importância dos mercados domésticos nos principais países produtores, particularmente aqueles em regiões em desenvolvimento do mundo. O desenvolvimento é tanto o resultado natural do aumento dos rendimentos quanto o aumento associado das despesas com as proteínas, bem como as consequências das políticas lideradas pelo governo para redirecionar as capturas domésticas para os mercados domésticos. A reserva das regiões costeiras das pescarias de anchova para frotas artesanais no Peru e a emissão nigeriana de quotas de importação de produtos da pesca e aquicultura são exemplos dessas políticas. 3.3 Comércio dos produtos marinhos No entanto, a medida em que a expansão do comércio de produtos da pesca e aquicultura nos países em desenvolvimento diminui, os mercados desenvolvidos e os produtores estão novamente liderando o crescimento, tanto como importadores quanto para exportadores. A Europa, em particular, espera mostrar aumentos significativos no valor total negociado em 2016, refletindo a demanda revitalizada dos consumidores, pois o crescimento económico lento mas constante é mantido. Outro fator que gera valor é o preço elevado de algumas

43 Los precios de harina y aceite de pescado siguen experimentando una estrepitosa caída. FIS Newsletter 10/09/2017 44 http://www.fao.org/in-action/globefish/market-reports/en/

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espécies-chave como o bacalhau, o salmão, os cefalópodos e os pequenos pelágicos. Do lado exportador, a Noruega é o principal beneficiário da melhoria da situação económica e das tendências ascendentes dos preços, dada a sua posição como um dos principais fornecedores do mercado da UE e um importante produtor de bacalhau, salmão, arenque e cavala. Enquanto isso, os preços do atum e camarão, duas grandes espécies exportadoras de países em desenvolvimento, demonstraram tendências ascendentes nos mercados globais, mas ainda estão bem abaixo das altas históricas. As tendências de preços para outras espécies altamente negociadas foram misturadas em 2016, com os cefalópodos continuando uma forte tendência ascendente. O resultado líquido é um aumento projetado de 3% no valor total de exportação de países em desenvolvimento e um aumento de 5% para a Ásia45. 3.3.1 Mercados domésticos e de exportação No cenário mais amplo, a crescente importância dos mercados domésticos para os mercados de exportação nos principais países produtores do mundo em desenvolvimento reflete-se no contraste entre volumes negociados planos e crescimento constante na produção total. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da oferta global continua a ser definido pela estagnação da produção de pesca de captura, mesmo que a oferta total da indústria de aquicultura em rápido crescimento mundial continue crescendo em 4-5%. Na taxa actual, a indústria das pescas perderá seu status, como o único sector alimentar restante fornecido principalmente por ecossistemas naturais, dentro de três anos. De facto, se considerarmos peixes utilizados apenas para consumo humano direito, temos comido mais peixes cultivados do que selvagens desde 2014. Dadas as diferenças fundamentais entre a aquicultura e as pescarias de captura em termos de cadeias de suprimentos, estrutura de custos, tecnologia, fatores de risco, impacto ambiental, controle de produção, canais de comercialização, desenvolvimento de produtos, rastreabilidade e rótulo ecológico, as implicações mais amplas dessa mudança de paradigma continuarão a ser o foco central das partes interessadas da indústria por muitos anos. Combinado com a forte demanda regional em outras economias emergentes em todo o mundo, as perspectivas para os mercados mundiais de produtos da pesca e aquicultura em 2017 podem ser descritas como cautelosamente positivas. No entanto, a demanda

45 http://www.fao.org/in-action/globefish/market-reports/resource-detail/en/c/903196/

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também é função dos esforços de marketing das partes interessadas relevantes e os líderes da indústria de vários sectores das pescas em diferentes partes do mundo estão cada vez mais a ser chamada para estratégias de marketing e desenvolvimento de produtos mais coordenadas e focadas a nível nacional e ou níveis regionais. A importância desse tipo de cooperação colectiva tem sido amplamente compreendida no nível de gerenciamento de recursos, mas ainda há possibilidades de perceber plenamente os benefícios dessa abordagem também no mercado. 3.3.2 Oferta e procura A curto prazo, as tendências da oferta e da demanda nos mercados internacionais continuam a ser a principal preocupação para os participantes da indústria. Fundamentalmente, o crescimento dos preços do marisco comercializado, mesmo que o volume de produção total aumente, aponta para um forte crescimento da demanda de peixe e produtos da pesca. Historicamente, grande parte desse crescimento tem sido atribuído ao crescimento da renda nas regiões em desenvolvimento, juntamente com o aumento associado da urbanização e das vendas retalhistas consolidadas, mas, mais recentemente, os mercados desenvolvidos estão novamente impulsionando as tendências da demanda global. Em 2016, a UE foi o maior mercado mundial de produtos da pesca e aquicultura, liderou o crescimento das importações de produtos da pesca e aquicultura, apesar da incerteza política e de alguns desafios económicos. A Federação da Rússia e o Brasil, uma vez que representam dois dos principais mercados de produtos da pesca e aquicultura de maior crescimento no mundo, continuam a diminuir devido a dificuldades económicas, embora as perspectivas futuras para ambas as economias sejam agora um pouco mais optimistas. O crescimento chinês continua com uma taxa um pouco mais lenta; é mais uma classe média urbana com uma enorme expansão que pode competir em igualdade de condições com consumidores dos EUA, da UE e japoneses para espécies relativamente mais caras, como salmão, camarão e peixe branco selvagem no futuro próximo. Enquanto isso, a Índia ainda é um mercado relativamente pequeno, mas com grande potencial em uma tendência de crescimento acentuada, registrando um aumento de 24% no valor de importação de produtos da pesca e aquicultura em 2015 e 2016.

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3.3.3 O Índice dos Preços do Peixe O Índice de Preços de Peixe da FAO (FPI) é regularmente publicado nas publicações do GLOBEFISH e no Panorama da Alimentação da FAO46 Atualmente, o índice inclui importações de produtos da pesca e aquicultura para três mercados (UE, Japão e EUA) e seis grandes agrupamentos de espécies (salmão, peixe branco, outros peixes, crustáceos, pelágicos e atum).

Origem: Globefish highlights 02/2017 Issue

O índice dos preços do peixe (Fish Price Index = FPI) depende das estatísticas do comércio porque os produtos da pesca e aquicultura são fortemente comercializados internacionalmente, expondo os produtos da pesca e aquicultura não comercializados à concorrência dos preços das importações e exportações47 Os dados comerciais facilmente atualizados podem, portanto, representar os preços domésticos dos produtos da pesca e aquicultura que são difíceis de observar em muitas regiões e são onerosos para

46 http://www.fao.org/giews/en/ 47 Production increases for key species expected to ease demand pressure on prices in 2017, – GLOBEFISH 2017

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atualizar com cobertura global. Os cálculos da extensão da concorrência de preços em diferentes países apoiam a plausibilidade da dependência de dados comerciais. No geral, o FPI mostra menos volatilidade e menos picos de preços do que outros índices de preços de alimentos, incluindo óleos, cereais e produtos lácteos48. Como comentaria o tabela precedente, a tendência aumentou 10 pontos de índice em ORIGEM: FAO Fish Price Index - March 2017 Dezembro de 2016, em comparação com o mesmo mês de 2015, com o maior contribuidor em 18 pontos nas espécies de aquicultura. Mais especificamente, o principal culpado é a contínua escassez global de suprimentos de salmão cultivado, que empurrou os preços para níveis recorde nos mercados internacionais, embora o bacalhau, o arenque, a cavala, o polvo, as lulas, os vieiras, os mexilhões e o camarão de criação também tenhem visto bons ganhos de preços. Em 2016 A Noruega, a China, o Marrocos e uma série de países produtores de camarão no Sudeste Asiático e América do Sul foram os principais beneficiários em termos de receitas de exportações em 2016. O sector de atum viu os preços das matérias-primas subirem em 2016, mas isso teve um impacto limitado nos Preços do atum enlatado. Aumentos de produção para espécies-chave esperadas para aliviarem a pressão da demanda sobre os preços em 201749. O próximo ano é caracterizado pela incerteza política tanto na UE como nos EUA, com Brexit e a política de comércio protecionista da administração Trump, tantos desenvolvimentos que poderiam criar um impacto negativo o comércio dos productos pesqueiros em dois dos maiores mercados do mundo. Dito isto, também deve notar-se que a demanda dos consumidores da UE demonstrou as perspectivas económicas para os EUA e uma série de mercados emergentes importantes geralmente são positivas, visto que ainda existe um potencial significativo para o crescimento da demanda de frutos do mar em 2017.

No entanto, com o fim de “El Niño” a produção prevista aumenta para uma série de espécies-chave, a pressão ascendente sobre os preços provavelmente seja atenuado por uma oferta mais abundante. Uma resistência considerável às incertezas em curso e às altas de preços até este ponto.

48 FAO Fish Price Index - March 2017 update, http://www.fao.org/in-action/globefish/fishery- information/resource-detail/en/c/338601/ 49 Globefish highlights 02/2017 Issue, and http://www.fao.org/in-action/globefish/fishery- information/resource-detail

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Na tabela 3.1 notamos que o peixe tem um maior volume de percentual e valores, seguidos dos crustáceos e dos moluscos a nível mundial.

Tabela 3.1 Ações de Grupos Principais de Espécies no Comércio Mundial, 2013

Peixes, Crustáceos, Moluscos VALOR QUANTITADE

e outros animais invertebrados Percentagem

peixe 67.7 80.6

Salmões, trutas, cheiros (smelts) 16.6 7.2

Tunas, bonitos, peixinhos (billfishes) 10.2 8.3

Bacalhau, pescada, haddocks 9.6 14.4

Outros peixes pelagicos 7.5 12.7

Peixe de agua doce 4 4.8

Flounders, halibuts, soles 1.6 2.1

Outros peixes 18.1 31.2

Crustáceos 21.7 8.2

Camarões, camarões 15.3 6

Outros Crustáceos 6.4 2.1

Moluscos 9.8 10.4

Calamares, chocos, polvo 5.6 4

Bivalves 3 5.6

Outros moluscos 1.1 0.7

Outros animais invertebrados 0.8 0.9

TOTAL 100.0 100.0

Fonte: FAO - O estado da aquicultura mundial 2016

Tabela 3.2 :Captura e Aquiculture Produção e Utilização 2009 2010 2011 2012 2013 2014 (Milhões de toneladas) PRODUÇAO Captura Continental 10.5 11.3 11.1 11.6 11.7 11.9 Marinha 79.7 77.9 82.6 79.7 81 81.5 Captura total 90.2 89.1 93.7 91.3 92.7 93.4 Aquicultura Continental 34.3 36.9 38.6 42 44.8 47.1

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Marinha 21.4 22.1 23.2 24.4 25.5 26.7 Total aquicultura 55.7 59 61.8 66.5 70.3 73.8 TOTAL 145.9 148.1 155.5 157.8 162.9 167.2 UTILIZAÇÃO Consumo humano 123.8 128.1 130.8 136.9 141.5 146.3 Uso não alimentar 22 20 24.7 20.9 21.4 20.9 População (bilhões) 6.8 6.9 7 7.1 7.2 7.3 Suprimento de peixe per capita (kg) 18.1 18.5 18.6 19.3 19.7 20.1 Origem: FAO - O estado da aquicultura mundial 2016 Nota: Excluindo plantas aquáticas. Os totais podem não corresponder devido ao arredondamento.

Como comentário da tabela 3.2, é possível recuperar várias informações. Este crescimento significativo no consumo de peixe aumentou as dietas das pessoas em todo o mundo através de alimentos diversificados e nutritivos. Em 2013, os peixes representaram cerca de 17% da ingestão de proteínas animais da população mundial e 6,7% de todas as proteínas consumidas. A produção total global de pesca de captura em 2014 foi de 93,4 milhões de toneladas, das quais 81,5 milhões de toneladas de águas marinhas e 11,9 milhões toneladas de águas interiores. A produção de aquicultura aumentou de forma constante e quase chegou ao nível de captura (93,4 versus 73,8 milhões de toneladas em 2014). A população mundial total aumentou para 7,2 bilhões (2014), já que o consumo per capita chegou a 20,1 Kg per capita por ano, se preveem novos aumentos. A produção total global em 2014 foi de 82,1 milhões de toneladas. As tendências de captura em marinha são comentadas na tabela anterior. De 2003 a 2009, as capturas totais permaneceram excepcionalmente estáveis, com variações interanuais nunca superiores a um por cento em quantidade absoluta. Finalmente, a partir de 2010 houve um leve crescimento a cada ano até um novo máximo foi alcançado em 2014, com capturas globais, excluindo anchoveta, em 78,4 milhões de toneladas. Em 2014, 13 dos 25 principais países de pesca aumentaram suas capturas em mais de 100.000 toneladas em comparação com 2013. Os incrementos mais importantes foram os da China, Indonésia e Mianmar na Ásia, na Noruega na Europa e no Chile e no Peru na América do Sul. As maiores espécies de peixes do mundo representam mais de 40% das pescarias totais nos últimos anos, enquanto as variações quantitativas aumentaram em menos de 1%. Pela primeira vez desde 1998, a anchoveta não foi a principal espécie no ranking de captura, já que foi superada pela bacalhau de Alaska.

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Tabela 3.3 . Produção de captura marinha: principais espécies e géneros Nomes cientificos FAO Media 2013 ENGLISH NAME 2003 -2012 Ton. Theragra chalcogramma Alaska Pollock (= walleye pollock) 2 860 840 3 239 296 Engraulis ringens Anchoa peruana 7 329 446 5 674 036 Katsuwonus pelamis Skipjack atum 2 509 640 2 974 189 Sardinella spp.1 Sardinellas nei 2 214 855 2 284 195 Scomber japonicus Carapau Chub 1 804 820 1 655 132 Clupea harengus Arenque Atlantica 2 164 209 1 817 333 Thunnus albacares Atum amarillo 1 284 169 1 313 424 Decapterus spp.1 Scads nei 1 389 354 1 414 958 Scomber scombrus Carapau atlantico 717 030 981 998 Engraulis japonicus Anchoa japonesa 1 410 105 1 329 311 Gadus morhua Bacalhao Atlantic 897 266 1 359 399 Trichiurus lepturus Largehead hairtail 1 311 774 1 258 413 Sardina pilchardus Sardinha Europeia 1 088 635 1 001 627 Dosidicus gigas Lula volante grande 778 384 847 292 Micromesistius poutassou Blue whiting (= poutassou) 1 357 86 631 534 Scomberomorus spp.1 Seerfishes nei 834 548 941 741 Illex argentinus lula aleta corta Argentina 446 366 525 402 Nemipterus spp.1 Threadfin breams nei 536 339 581 276 Cololabis saira Pacific saury 465 032 428 390 Portunus trituberculatus Gazami crab 356 587 503 868 Acetes japonicus Akiami paste shrimp 580 147 585 433 Strangomera bentincki Araucanian arenche 580 805 236 968 Sprattus sprattus Sprat Europeio 611 525 394 405 Clupea pallosii Pacific herring 330 017 510 025 Gadus macrocephalus Bcalhao do Pacifico 373 547 464 367 Total de 25 principais 34 232 526 32 954 012 TOTAL DO MUNDO 80 793 507 80 963 120 Espécies e gêneros Origem:http://www.fao.org/in-action/globefish/market-reports/globalfisheconomy/en/

Como mostra a Tabela 3.3 apesar da tendência bastante estável nos totais mundiais marinhos, as capturas de espécies principais únicas sofrem variações marcantes ao longo dos anos. Nos mares atlânticos e adjacentes, as capturas de arenque atlântico (Clupea harengus) caíram por estranho entre 2009 e 2014. Os produtos da pesca que estão em alta demanda a nível local e internacional são o salmão, a truta, os camarões e o atum, o bonito, o peixinho, os moluscos (lulas, polvo, choco e bivalves), peixes de fundo e outros peixes brancos (bacalhau, piscadela, arenche). 3.4 Consumo global do peixe O consumo dos peixes em todo o mundo deverá aumentar em 1% ao ano, mais rápido do que o aumento da população. Uma década atrás

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(2006), o consumo per-capita de peixe foi de 17,6 kg per capita/ano, mas isso aumentou para 20,3 kg/ano até 2015 e, finalmente, para 20,5 kg/ano per capita em 2016. O consumo per-capita kg/ano de espécies de aquicultura foi de 10,9 kg em 2016, superior ao estimado de 9,7 kg de espécies selvagens50 O consumo de peixe Kg per-capita será de 21,8 kg, Ásia e Oceania tiveram um melhor aumento em relação a todos os outros continentes. O aumento geral do consumo de peixe fica no crescimento da renda (consumo correlacionado de proteínas caras como produtos das pescas), particularmente nas regiões em desenvolvimento. O aumento da demanda acima não está correlacionado no aumento de preços, as próximas décadas preveem uma queda nos preços em termos reais. Os consumidores sempre estão cada vez mais preocupados com a qualidade e a segurança dos peixes que comem e a garantia dos produtos da pesca e aquicultura são solicitadas no consumo das tendências mundiais, especialmente para os produtos mais caros do mar. O fenómeno acima é causado pela maior concentração da população urbana e maior renda da população mundial. O comércio de camarão e atum são as principais espécies comercializadas em todo o mundo, no entanto, seus preços caíram nos últimos anos, de modo que os preços dos produtos da pesca e aquicultura comercializados permaneceram baixos em 2016 em comparação com outros anos. De facto, 2016 foi o segundo ano de declínio dos últimos 40 anos estatísticos da FAO51 O preço de outras espécies de alto volume, como cavalas, pangasius (basa) e tilapia, também caiu, enquanto outras espécies viram seu aumento de preços, como espécies de peixes medios como bacalhau e arenque. À medida que a produção mundial de salmão diminui, os preços aumentaram, particularmente nos países da UE. Dos principais exportadores de produtos da pesca e aquicultura do mundo, espera-se que a maioria veja as receitas de exportação em dólares americanos, devido a uma combinação de preços mais baixos e uma forte moeda dos EUA. México, China, Equador, Filipinas, Tailândia, Índia, como principais exportadores de atum e camarão, serão afetados pelos baixos preços dos produtos do mar estandardizados. Por outro lado, alguns grandes produtores, como a Noruega e a Islândia, se beneficiarão de preços elevados: os produtores de salmão da Noruega aumentarão seus benefícios do aumento do preço do salmão, Argentina lucrará com as capturas de camarão vermelho crustáceo vendidas para a China e a UE. O mercado mundial de importação dos EUA, da UE e do

50 The state of the world fishery and aquaculture, 2016 FAO 51 Globefish outono 2016

60

Japão prevê um declínio marginal no valor total das exportações ligado às suas tendências económicas.

Figura 3.4 Projeção global de produção de peixe Fonte: Fish até 2030, WB 2013

A tabela acima fornece uma visão clara da tendência global na produção de peixe. Começamos a apresentação dos resultados da linha de base com a produção em todo o mundo. A tabela descreve o fornecimento global de peixes projetado para 2030 e como é dividido entre produção de captura e aquicultura. A produção de captura projetada permanece bastante estável durante o período 2000-30, como foi observado nos dados. Em contrapartida, a projeção global da aquicultura mantém seu aumento constante a partir dos níveis históricos, atingindo o ponto em que é igual à produção de capturas globais em 2030. Prevê-se que o suprimento global de peixes aumente para 187 milhões de toneladas em 2030. Essas projeções são consistentes com as projeções de outros países e as agências especializadas. A figura 3.5 descreve a fonte projetada por espécies (tanto de captura quanto de aquicultura), resume a mudança projetada na parcela das espécies ao longo do tempo. O crescimento mais rápido é esperado nas tilapias, carpas e pangasius/peixe-gato. Devido à rápida expansão da aquicultura, a produção de tilápia deverá aumentar mais que o dobro entre 2008 e 2030. Espera-se que algumas espécies de alto valor (camarão, salmão) cresçam entre 50% e 60% ao longo do período. Algumas espécies de baixo valor também provavelmente crescerão rapidamente. Por outro lado, apenas um crescimento marginal do suprimento é esperado para espécies com potencial de aquicultura limitado.

61

Figura 3.5 . Projected Global Fish and aquaculture Supply by Species Origem: Fish to 2030, WB 2013

Dado os resultados contínuos de pesquisa e desenvolvimento em várias espécies de aquicultura, esses resultados são bastante realistas. Desde a introdução de tilápias geneticamente melhoradas na Ásia na década de 1990, muitos países do mundo, incluindo a China, atualmente têm programas de melhoria genética da tilapia em curso. A tabela 3.4 apresenta algumas categorias de produtos pesqueiros que podem ser: altamente atraente, um produto com potencial, um produto altamente promissor ou um produto pesqueiro de menor consumo.

Tabela 3.4 . Análise de mercado de produtos de peixe no âmbito nacional, regional e internacional Altamente Produtos Altamente Menor Espécie/tipo de produto atraente potenciais promissor consumo NRI* N R I N R I N R I N R I Lagosta congelada X X X X X X Lagosta fresca X X X X X Lagosta/caranjeiro vivos X X X X X Camarão fresco X X X X X X X X X Camarão congelado X X X X Grande pelágico fresco** X X X X X Pequeno pelágico fresco*** X X X X Pequeno pelágico congelado uso humano X X X X X X X Pequeno pelagico para isca X X X Tilapia congelada X X Tilapia fresca X X X X Pangasius congelado (Basa) X Ostras fresca X X X X X X X Mexilhões (Mitilus sp), Scallop, almeja fresca X X X X X Pepino do mar secado (Oloturia sp) X X X X X X Musgo irlandês (Gracilaria sp.) X X Salmão e truta congelada X X Peixe de fundo demersal / peixe branco fresco/congelado ****

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Peixe pelagico salgado/seco X X X X X X X Bacalhau seco (Gadus morhua) e otro peixe similares X X X X Lulas,seco chocos, polvo X X X X X X Fonte: Consultor arquivado visitas, pescadores questões, consultor experiências 2017 * N-R-I= Nacionais – Regionais – Internacionais ** Atum, bonito, espadim, aguja, etc *** Sardinha (Sardinella sp), Carapau (Trachurus sp) **** Pescado demersais exemplo Corvina (Lutjanus sp), Cerna (Epinephelus sp), entre outros

As quatro características são consideradas nos níveis nacional-regional- internacional. A tabela mostra muitos produtos vivos, frescos, congelados e salgados/secos segundo as áreas de desenvolvimento. Alguns produtos pelágicos secos tenham muita saída no mercado tradicional Angolano e em geral na África ocidental, central e austral onde fazem parte da dieta mas não tenham um saída no mercado internacional. Depois temos as lagostas, camarões vivos que se consome muito em alguns países e muitos menos em outros países. Temos também alguns produtos que não são explorados no seu total como: os moluscos bivalves e gasterópodes (lulas, gambas e o polvo) que tenham uma certa procura em alguns mercados Europeus. Este estudo serve para definir os produtos que precisam de um desenvolvimento do posto de vista qualitativo, se deve também efetuar um estudo mais profundo sobre a produção, trabalho, marketing e logística e a seguir a escolha dos produtos mais apropriados a exportação.

3.5 Comercio Internacional O comércio desempenha um papel importante no sector das pescas e da aquicultura como criador de emprego, fornecedor de alimentos, gerador de renda e contribui para o crescimento e desenvolvimento económico e para a segurança alimentar e nutricional. Além disso, existem indústrias de insumos para pescarias e aquicultura que criam grandes empresas. O peixe e os produtos da pesca representam um dos segmentos mais comercializados do sector alimentar mundial, com cerca de 78% dos produtos do mar estimados expostos ao comércio internacional52 O comércio de peixe e produtos da pesca tem crescido consideravelmente nas últimas décadas, impulsionado péla expansão da produção pesqueira e péla alta demanda, com o sector pesqueiro operando em um ambiente cada vez mais globalizado. Os peixes podem

52 UN-Oceans. 2015. UN-Oceans – an interagency collaboration mechanism on ocean and coastal issues within the UN system. In: UN-Oceans [online]. [Cited 8 May 2016]. www.unoceans.org/

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ser produzidos em um país, processados em um outro e consumidos em um terceiro. Isso também está relacionado à crescente terceirização de processamento para países onde salários e custos de produção comparativamente baixos fornecem uma vantagem competitiva. Muitos factores em relação aos factores de logística e globalização facilitaram e aumentaram a mudança do consumo local para os mercados internacionais. Esta mudança manifesta-se mais claramente na participação geográfica mais ampla do comércio. Nos últimos anos, quase todos os países são objecto de exportações e importações de peixes e produtos da pesca. A estrutura e o padrão do comércio diferem significativamente por commodities e por região. O comércio mundial de peixes e produtos pesqueiros expandiu-se significativamente nas últimas décadas, aumentando em mais de 245% em termos de quantidade (equivalente em peso vivo) de 1976 a 2014 e em 515% se considerarmos apenas o comércio de peixes para consumo humano, como se pode ver na tabela 3.5 a seguir. Estas quantidades representam uma parcela significativa da produção total de peixes, com cerca de 36% (equivalentes de peso vivo) exportados na forma de diferentes produtos para consumo humano ou não comestíveis em 201453.

Figura 3.6 Produção e exportação mundial de peixe

Oregem: The state of the world fishery and aquaculture, FAO 2016

As linhas refletem o grau de abertura e integração do sector no comércio internacional. Essa participação aumentou de 25% em 1976 para um pico de 40% em 2005, sempre na tabela a seguir é evidente. Desde então, diminuiu, principalmente devido à produção reduzida e às exportações relacionadas de farinha de peixe. A China é o principal produtor de peixe, mas também o maior exportador de peixe e produtos da pesca desde 2002, embora representem apenas uma pequena percentagem de suas exportações totais de mercadorias. As importações chinesas dos produtos da pesca também estão crescendo, tornando-se o terceiro maior país importador do mundo desde 2011. O aumento das importações da China é em parte resultado da terceirização de processamento de outros países, mas também

53 The state of the world fishery and aquaculture, FAO 2016

64

reflete o crescente consumo doméstico de espécies no país não produzidas localmente. A Noruega, o segundo maior exportador, fornece diversos produtos, incluindo salmonídeos cultivados, pequenas espécies pelágicas e peixes brancos tradicionais. Em 2014, a Noruega registou valores recordes de exportação, em particular para salmão e bacalhau. Em 2014, o Vietnam tornou-se o terceiro maior exportador, ultrapassando a Tailândia. A Tailândia sofreu um declínio substancial nas exportações desde 2013. O declinio está ligado a redução da produção de camarão devido aos problemas de patologia. Ambos os países asiáticos possuem importantes indústrias de transformação, que contribuem significativamente para a economia através da criação de emprego e do comércio. Suas exportações ainda diminuíram em 2015 (14% em dólares e 10% em termos de “Baht” tailandês), principalmente por causa da redução da produção de camarão e da redução dos preços dos camarões e dos atuns. A UE, os Estados Unidos da América e o Japão são altamente dependentes das importações de pesca para satisfazer o consumo doméstico. Em 2014, as importações combinadas representaram 63% em valor e 59% por quantidade de importações mundiais de peixes e produtos da pesca. A UE é, de longe, o maior mercado único para as importações de peixe, avaliado em US $ 54 bilhões em 2014 (US $ 28 bilhões se excluído o comércio intracomunitário), um aumento de 6% em relação a 201354. O Japão, tradicionalmente o maior importador único de peixes, foi ultrapassado pelos Estados Unidos da América em 2011 e novamente desde 2013. Nos últimos anos, as importações da pesca japonesa diminuíram, também devido a uma moeda mais fraca, o que tornou as importações mais caras. Além dos países acima mencionados, muitos mercados emergentes e exportadores ganharam importância. Os fluxos regionais continuam a ser significativos, embora, muitas vezes, este comércio não se reflicta adequadamente nas estatísticas oficiais, em particular para a África. Os melhores sistemas de distribuição, bem como a expansão da produção da aquicultura, permitiram o aumento do comércio regional. O quadro acima resume os fluxos comerciais de peixes e produtos da pesca para 2014. O quadro geral apresentado não é exaustivo, pois os dados comerciais não estão totalmente disponíveis para todos os países, em particular para vários países africanos.

54 FAO. 2015. Trade in fisheries services [online]. Committee on Fisheries. Fifteenth Session of the Sub- Committee on Fish Trade, Agadir, Morocco, 22–26 February 2015. COFI:FT/XV/2016/7. [Cited 30 March 2016]. ftp://ftp.fao.org/FI/DOCUMENT/COFI/cofift_15/7e.pdf

65

No entanto, os dados disponíveis indicam tendências gerais. A região da América Latina e do Caribe continua a ser um sólido exportador de pescas líquidas, assim como a Oceania e os países em desenvolvimento da Ásia.

Figura 3.7 Africa Produção e importação (Bilhão de dólares por ano)

Origem: The state of the world fishery and aquaculture, FAO 2016 Pelo valor, a África tem sido exportadora líquida desde 1985 (com exceção de 2011). No entanto, a África tem sido um importador líquido em termos quantitativos, refletindo o menor valor unitário das importações (principalmente para pequenos pelágicos). No entanto, em 2015 após anos de aumentos sustentados, o comércio da pesca experimentou uma desaceleração, com uma queda de 6% na suas exportações em dólares norte-americanos (4% em termos do yuan chinês), enquanto as importações diminuíram ligeiramente em dólares americanos. A desaceleração foi resultado da apreciação do dólar norte- americano e de uma redução no seu sector de transformação.

66

4 OFERTA DE PRODUCTOS AQUICOLAS EM ANGOLA

4.1 O sector em Angola 4.1.1 Produção total – observação sobre os dados A pesca marítima é a primeira indústria Angolana não mineraria em Angola, representando 1,7 do PIB (Produto Interno Bruto) do país (FAO 2014)55, a esta se inclui a pesca nas águas internas e a aquicultura, duas atividades principais que podem representar uma grande expansão do sector para o futuro do pais. Segundo os dados do Ministério das Pescas a produção aquícola total é detalhada na seguinte tabela. Tabela 4.1 - Produção do sector aquícola em toneladas

Designação 2013 2014 2015 2016 2017

Pesca Industrial 169.216 191.221 248.757 201.418 207.501

Pesca Semi-industrial 96.856 112.944 69.392 104.642 111.731

Artesanal Marítima 85.167 118.787 138.678 207.720 200.000

Artesanal Continental 11.783 18.817 38.514 18.061 25.000

Total captura (pesca extrativa) 363.022 441.769 495.341 531.841 544.232

Aquicultura 47 305 872 655 3.000

Total Produção Pesqueira 363.069 442.074 496.213 532.496 547.232

Dados Ministério da pesca 2017

A pesca é uma atividade “labour intensive” ou seja, requer muita força de trabalho. Atualmente são mais de 150.000 angolanos56 que estão empregados no sector primário (captura), o que quer dizer que como mínimo temos outras 100.000 pessoas que trabalham nos sectores auxiliares diretos, e se pode prever um maior aumento destas cifras. A pesca, em particular aquela artesanal se caracteriza por ser um trabalho desenvolvido quando não há uma fonte de emprego alternativa em grau de assumir a mão de obra em momentos de crise quando no mercado faltam outras fontes de redito ou de subsistência. Angola pelas características que já tratamos no capitulo 2 , possui um mar extremamente rico em recursos haliêuticos; além disso possui uma grande rede de água doce entre rios e lagos, tem grande potencialidade seja para a pesca continental como para aquicultura.

55 Fishery and Aquaculture Country Profiles - The Republic of Angola -2014 56 Golub S.; Prasad V. - Promoting Economic Diversification and International Competitiveness in Angola - UNCTAD 2016

67

Historicamente o sector da pesca foi dizimado a partir da guerra civil e as capturas foram muito menores de 700.000 toneladas reportadas em 1972 em época precedente a independência. É necessário ressaltar que as estatísticas não são muito confiáveis muito embora o Ministério das Pescas está a fazer um esforço neste sentido. A estrutura e o numero para o controlo são insuficientes para garantir um correcto controlo da captura bem como dos actos ilegais. Como exemplo: na tabela 4.2 vamos confrontar as actividades da fiscalização Angolana e de um país da União Europeia (Itália) em 2014, para fazer entender como é que com as forças em campo não é possível seguir no modo eficaz o desenvolver das actividades da pesca. O uso do VMS (obrigatório para as frotas da UE há mas de 15 anos) serve mais para o controlo da posição das embarcações (aqueles que o têm a bordo) mais do que para controlar as actividades de pesca, portanto é muito útil para a segurança no mar. Também é necessário especificar que os consultores encontraram dificuldades severas pela fiscalização para utilizar o VMS por causa do não funcionamento da rede de informática. Tabela 4.2 - Diferenças entre as fiscalizações em Angola e em um país UE (Italia) Ano 2014

Descrição Angola Italia

Costa Km 1.600 8.000

Frota da pesca 5.750 13.199

Recursos Humanos 356 15.500 Fiscalização

Meios navais 1557 600

Meios aéreo 0 19

Inspeção efetuadas 949 159.709

Inspeções terrestres 469 136.116

Inspeções marítimas 568 23.593

Autos instruídos 131 5.576

Elaborado sobre dados PNA 2016-2020 e relatório Guardia Costiera Italiana

57 PNA 2016-2020

68

Durante a guerra civil assistimos a dois fenômenos, por um lado a pesca efetuada ilegalmente pelos grandes navios industriais com bandeiras Russas, Espanhola e de outras nações que exploraram os estoques, sobretudo dos pequenos pelágicos e por outro do crescimento exponencial da pesca artesanal, onde a pesca de subsistência se transformou em atividade professional a todos os efeitos, substituindo em parte a atividade industrial (e semi industrial) e atingir niveis de capturas igual ao sector industrial. Evidenciamos ainda que a pesca INN (ilegal, não declarada e não regulamentada) ainda é praticada nas águas angolanas e isso é claramente indicado pêlos estudos específicos da Pramod et al58, Marag, Cofrepeche, etc, ou seja pêlos dados fornecidos péla fiscalização do Namibe que no ano de 2016 sobre os 41 autos instruídos sobre um total de 253 verificações das quais só 55 navios industriais 10 tenham “infracções graves”, das quais duas embarcações Russas, 5 Chinesas e uma Namibiana, estas foram apanhadas enquanto praticavam a pesca em zonas proibidas ou com matérias proibidos. Feitas estas breves considerações a seguir trazemos os dados oficias sobre a pesca em Angola para os vários sectores da pesca marítima, continental e da aquicultura. Belhabib e Divovich59, reconstruíram os dados sobre a captura realizadas em Angola desde 1950 ate 2010 demostrando que as capturas reais sempre foram maiores que as oficias como se vê no gráfico 4.1. Além disto no trabalho deles reconstruir as capturas das diferentes componentes da pesca (industrial e artesanal) se pode facilmente seguir o crescimento do ultimo sector ao longo dos anos e a diminuição sobre as capturas a cargo do sector industrial e semi industrial (ver o gráfico 4.2). No gráfico 4.2 se vê facilmente a caída das capturas do sector industrial (se refere a coluna da esquerda) e o contemporâneo crescimento do sector artesanal (se refere a coluna da direita).

58 Pramod, G; Pitcher, TJ; Pearce, J; Agnew, D. – Sources of information support estimates of unreported fisheries catches (IUU) per 59 countries and the high seas - Fisheries Centre Research Reports Volume 16 Number 4 - 2008 59 Belhabib, D. and Divovich, E. (2015) Rich fisheries and poor data: a catch reconstruction for Angola, 1950-2010, an update of Belhabib and Divovich (2014). pp. 115-128. In: Belhabib, D. and Pauly, D. (eds). Fisheries catch reconstructions: West Africa, Part II. Fisheries Centre Research Reports vol.23(3). Fisheries Centre, University of British Columbia [ISSN 1198-6727].

69

Figura 4.1 - Capturas 1950-2010 - Toneladas Diferença entre dados da FAO (oficial) e dados reconstruídos (Belhabib, D. and Divovich) 800,000.00 700,000.00 600,000.00 500,000.00 400,000.00 300,000.00 200,000.00 100,000.00

-

1962 1971 1980 1989 1998 1950 1953 1956 1959 1965 1968 1974 1977 1983 1986 1992 1995 2001 2004 2007 2010

FAO Recostrução captura total

Figura 4.2 - Capturas por sector 1950 - 2010 (Toneladas) elaborado sobre datos de Belhabib - Divovich (2015) 700,000.00 350,000.00 600,000.00 300,000.00 500,000.00 250,000.00 400,000.00 200,000.00 300,000.00 150,000.00 200,000.00 100,000.00 100,000.00 50,000.00

- -

1992 1950 1953 1956 1959 1962 1965 1968 1971 1974 1977 1980 1983 1986 1989 1995 1998 2001 2004 2007 2010

Industrial Artisanal Subsistencia Art +Subs

4.1.1.1 Produção marítima As espécies comercias presentes no mar Angolano foram mencionadas no segundo capitulo e na tabela 4.3 que segue. No gráfico 4.3, se pode ver que, desde 2012, houve queda no estoque de Sardinella spp, em recuperação em 2014, esta recaída é atribuível a fatores naturais e não à pesca. No entanto, é de notar que, apesar da contração, o estoque de Sardinella spp ainda é maior do que o estoque combinado de Trachurus spp.

70

A biomassa é calculada em base aos diferentes parâmetros e campanhas de estudos que se realizam com a ajuda financeira dela FAO e do NORAD Noruega.

Figura 4.3 - Biomasa especies pelágicas elaborado com os dados do Ministério das pescas - 2017 1,200,000.00 Carapao do Cunene 1,000,000.00 Trachurus tracae 800,000.00 Carapau do Cabo 600,000.00 Trachurus capensis

400,000.00 Carapau tot Título do Título Eixo 200,000.00 Sardinellas - Sardinella spp. 2012 2013 2014 2015

No próximo gráfico (4.4) se pode ver os dados relativos com biomassa das espécies demersais relatadas pelo Ministério das pescas. Se pode notar uma diminuição geral dos estoques das espécies demersais. No entanto, essas espécies são menos sensíveis às mudanças climáticas e por tanto a diminuição dos estoques pode ser colocada em relação a elevada pressão da pesca exercitada na faixa costeira Particular relevância foi a caída dos estoques de Dentex macrophtalmus (Cachucho)60 em quanto se trata de uma espécie particularmente apreçada em Angola e em geral pelos consumidores regionais. Com base nas informações recebidas durantes as varias entrevistas podemos constatar que em diferentes lugares a pesca desta espécie sofreu uma grande diminuição, ou mesmo um colapso. Foi denunciado pelos pescadores artesanais uma frequente invasão por parte dos barcos arrastreros semi-industriais ou mesmo industriais, dentro das quatro milhas da costa que, se verificada, pode ser apontada como uma possível causa do colapso de algumas espécies. As espécies demersais pescadas obviamente são muito mais do que aquelas indicadas no gráfico 4.4 que só ilustra as principais espécies61.

60 Veja figuras 5, 47, 48 do Anexo fotografico 61 Veja a tabela 4.3

71

Figura 4.4. Biomasa especies demersais elaborado sobre dados Ministério das pescas 2017 60,000.00 Esparideos 50,000.00 Roncadores 40,000.00

30,000.00 Corvinas

Título do Título Eixo 20,000.00 Garoupas 10,000.00 Pescada - 2012 2013 2014 2015 2016

Quanto ao camarão de profundidade (Parapaeneus longirostris e Aristeus varidensis) os níveis de biomassa flutuam ao longo da serie temporal, com uma tendência crescente para as duas espécies. Não obstante a biomassa cumulada não supera as 4500 toneladas. Estas espécies tenham um alto valore comercial mas as suas TAC62 são mais relativamente baixa. No gráficos 4.5 e 4.6 se pode ver no primeiro a importância em peso das diferentes componentes do sector da pesca marítima e no segundo a diferença de valores em Euro das diferentes componentes.

Figura 4.5 - Importancia em peso das diferentes componentes Elaborado sobre datos Min Pesca 2017

2,000,000.00

1,000,000.00 Camarao

Toneladas Demersais - Pelagicos 2012 2013 2014 2015

62 Total Ammissibile de Cattura

72

Figura 4.6 - Diferenças ao preço por grosso Elaborado sobre datos Globefish - European Price Report 2016 12.00 Camarao 10.00 Demersais 8.00

6.00

4.00

2.00 Sardinhas

- Sardinhas Camarao Demersais (corvina)

Como indicado por estes dados, é evidente que enquanto a pesca dos pequenos pelágicos é uma captura que se baseia na quantidade do pescado, aquela dos peixes demersais e do camarão tem como objetivo a máxima qualidade que, por tanto, necessita de maiores atenção no tratamento do pescado com estrutura de pesca, manipulação, e conservação de nível adequado. O ultimo grupo do qual vamos tratar é aquele dos moluscos, a classe dos Cefalópodes é aquela que é maiormente pescada nas águas angolanas, em particular os chocos (Sepia spp), lulas (Loligo vulgaris, Illex coindetii, Ommastrephes sp.), e os polvos (Octopus macropus; O. vulgaris)63. A biomassa estimada dos chocos e lulas é de cerca 9.000 toneladas, a dos polvos não é muito confiável porque esta espécie é pescada em forma quase ocasional pelos barcos arrastreros entre 20 a 200 metros de profundidade. Além dos cefalopodes precisa-se fazer uma nota sobre os moluscos bivalves, ostras e almejas dos quais não se tem uma exata descrição das espécies. Também não tem uma avaliação precisa destes recursos que, todavia se bem utilizadas e bem tratada pode vir a ser um interessante produto de consumo e de exportação. No que diz respeito aos moluscos bivalves, a FAO está coordenando um projeto64 para fortalecer o controle de ameaças à segurança alimentar, pragas e doenças de animais e plantas para produção e comércio agrícola no sul da África com dois atividades, uma a nível regional e outra a nível nacional, para fortalecer a gestão de segurança de

63 Ibidem. – Bianchi 64 INFORME SOBRE LAS ACTIVIDADES DE LA FAO RELACIONADAS CON EL COMERCIO PESQUERO - 15.ª reunion - Agadir (Marruecos), 22-26 de febrero de 2016

73

moluscos bivalves nos países participantes com recursos bivalves importantes, onde Angola é um deles. O gráfico 4.7 mostra as os TAC (Total Admissível de Captura) indicadas ano a ano pelo Ministério com base em dados coletados de campanhas oceanográficas ou de estudos Se pode notar que enquanto tem uma certa diversificação nos TAC das espécies pelágicas, que seguem o andamento dos índices da biomassa. Quanto as espécies demersais as indicações de captura são as mesmas nos últimos 4 anos. No gráfico sucessivo (n° 4.8) se pode ver como os dados da biomassa e os TAC coincidem, quanto as espécies demersais, o que indica um evidente erro ao relatar os dados.

Figura 4.7 - Total admissível de Captura – TAC Elaborado sobre dados Min Pesca 2017

300,000.00

250,000.00

200,000.00 Pelagicos 150,000.00 Demersais 100,000.00

50,000.00 Camarão

- 2013 2014 2015 2016 2017

Figura 4.8 - Comparação entre Biomassa e TAC Elaborado sobre dados Min Pesca 2017 1,200,000.00 1,000,000.00 800,000.00 Pelagicos Biom. 600,000.00 Pelagicos TAC 400,000.00 Demersais Biom. 200,000.00 Demersais TAC - 2013 2014 2015 Desde 1985 o navio oceanográfico Norueguês “DR. FRIDTJOF NANSEN” tem feito campanhas de avaliação sobre os recursos haliêuticos no mar Angolano. Os estudos de 1985 a 1995 tiveram um andamento desconexo. Transformaram-se em anuais desde 1996 em diante, e bienal (verão e inverno) desde 2011 pra diante. O Projeto EAF-Nansen dá continuidade a projetos e programas anteriores, numa parceria que envolve a FAO, a Norad e o Instituto de Investigação Marinha (IMR), Bergen, Noruega, voltados a avaliação e

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gestão dos recursos pesqueiros marinhos nos países em desenvolvimento. Desde já indicamos que o “survey” é feito para estimar a abundancia relativa e a mapear a distribuição dos principais recursos comercias pelágicos e semi-pelágicos das espécies piscícola das aguas Angolanas, com um particular referimento para suas espécies de sardinelas (Sardinella aurita e S. maderensis) e ao “Carapau” (Thrachurus tracae e o Trachurus capensis), para além de outros Clupeidae (sardinhas) e Carangidae (charro, chicharro, palombeta, etc).

Tabela 4.3 – Espécies que são estudadas durante as avaliação dos estoques65 Grupo Taxon Espécie Nome comum angolano Sardinella Sardinella sp. S. aurita Lombuda, Sardinela, Sardinha (Sardinella) S. maderensis Palheta, Sardinela, Sardinha

Horse mackarel Trachurus sp. T. tracae Carapau, Carapu do Cunene (Carapau) T. trachurus capensis Carapau, (Chicarro, Charro)

Pilchard Sardinops S. ocellatus Sardinha do reino, Sardinha do cabo

Big-eye grunt Brachydeuterus auritus Colo-colo, Camutungo, Espécies pelágicas 1 Clupeiformes Ilisha africana Capasseca (no Sardinops sp.) Etrumeus whiteheadi ????

Engraulis encrasencrasicolus Biqueirão

Espécies pelágicas 2 Carangide Selene dorsalis Condombolo, Peixe-galo (no Thrachurus sp.) Chloroscombrus chrysurus Cambele, Malesso, Camalesso

Decapterus rhnchus Charro-amarelo, Charro-branco

Seriola carpenteri Charro catarino, Peixe-limao

Scombridae Auxis thazard Judeo, Chapouto

Sarda sarda Sarrajão, Serrajão, Bonito, Sarda

Scomber japonicus Cavala

Sphyrendae Sphyrena guachancho Bicuda, Pescada-bicuda, Barracuda

Trichiurus lepturus Lìrio, Espada, Peixe-espada

Others Lepidopus caudatus Peixe-espada, Espada, espada-branco

Outras Dentex angolensis Dentão espécies demersais Sparidae D.macrophtalmus Chachuco D. congoensis Dentão-do-Congo (Port.) (pricipais taxon en D. bernardi Dentão-austral (Port.) groupos) Pagellus bellotti Tico-tico, Bica, Breca

Sparus caeruleostictus Pargo-ruço, Pargo, Pargo-boi

S. pagrus africanus Pargo-legitimo, Pargo-verdadeiro, Pargo-

Outros taxii Saurida brasiliensis comum???

Arioma bondi Falso-carapace

Pomadasys incisus Bolo-bolo, Combolo-bolo, Roncador

Galeoides decadactylus Barbudo

Espécies Mycrophidae Diaphus dumerili Ferreiro, Peixinho-preto mesopelágicas Trachinocefalus myops Lagarto, Lagarto do Mar

65 Ver figuras 40 a 63 do anexo fotográfico

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Quanto as espécies pelágicas não incluídas nas principais espécies-alvo, estas são divididas em dois grupos na qual a biomassa é estimada em forma distinta. Na tabela 4.3 trouxemos os nomes científicos e locais das espécies pelágicas e semi-pelágicas que são estudadas durante a avaliação dos estoques. Os estoques demersais são avaliados por métodos de área varrida (swept area method). A biomassa de espécies individuais é calculada a partir das densidades de peixes integradas nas três principais regiões da pesquisa e a composição proporcional de cada espécie na captura. Um TAC é calculado pela determinação de uma biomassa ideal e um TAC é definido de acordo com o nível atual estimado de biomassa (estratégia constante de mortalidade por pesca). Uma quantidade de 150.000 toneladas é removida da estimativa da biomassa total como uma abordagem preventiva antes do TAC estimado66. Nos gráficos 4.9, 4.10, 4.11 podemos ver respectivamente a biomassa calculada pelos cruzeiros dos navios de estudos Dr. Fridtjof Nansen para a sardinha (Sardinella aurita e S. maderensis) e o carapau (Thrachurus tracae e Trachurus capensis)67 e o confronto entre os dois recursos desde 1985 a 2015.

Figura 4.9 - Sardinha biomassa 1985-2015 - Tons SURVEYS FRIDTJOF NANSEN

1200000

1000000

800000

600000

400000

200000

0 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015

Verão Inverno

66 Duarte Agostinho et al. - Overview and analysis of socio-economic and fisheries information to promote the management of artisanal fisheries in the BCLME region – Angola - October 2005 (En) 67 Figuras de 43 a 46 do Anexo fotográfico

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Figura 4.10 - Carapau biomassa 1985-2015 - Tons SURVEYS FRIDTJOF NANSEN 400000

300000

200000

100000

0

1992 2001 2010 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 Verão Inverno

Figura 4.11 - Comparação biomasa Sardinha e Carapau do Cunene - 1985-2015 - Tons SURVEYS FRIDTJOF NANSEN 1200000 1000000 800000 600000 Sardinha 400000 Carapau 200000 0

4.1.1.2 Pesca continental e aquicultura A pesca nas águas continentais nasce como actividade de subsistência68 e se desenvolve sucessivamente como actividade extrativa artesanal. O equipamento é limitado a canoas monóxila e barcos de madeira, e as artes de pesca são redes, armadilhas e iscas. As espécies mais capturadas são bagres e tilapias (FAO 2014). O amplo sistema da bacia hidrográfica Angolana (cerca de 13.000 metros cúbicos por pessoa)69 que se cruzam nas bacias de Okavango, Cunene, Cuvalei, Kwanza, Congo e Zambezi tem um potencial notável para o crescimento das pescarias continentais. Os pescadores são cerca de 10% daqueles empregados na pesca marítima, mas a produção é de cerca de 4% das capturas70. No entanto, deve salientar-se que os dados sobre a pesca

68 Golub, S.; Prasad V.- Promoting Economic Diversification and International Competitiveness in Angola – UNCTAD 2016. 69 AQUASTAT Information System on Water in Agriculture: Review of Water Resource Statistics by Country. Rome: FAO. 70 DRAFT Socioeconomic Situation Analysis of Fish Value Chain in Angola: Evidence from and Uíge Provinces, Mr. KOANE MINDJIMBA FAO International Socio-economist Consultant 12/06/2017

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interna são muito aleatórios, porque não existe uma metodologia real de coleta de dados por falta de pessoal envolvido nesta tarefa (comunicado pelo diretor da pesca artesanal do Minpescas). A indústria da pesca continental tem menos oportunidades de processamento e exportação, mas pode ter um impacto significativo tanto no aumento do emprego como na redução da pobreza através das vendas nos mercados domésticos, bem como um forte impacto sobre a melhoria da alimentação da as populações das províncias não-costeiras. Para esse fim, existem projetos específicos (incluindo um para o FIDA) para melhorar as condições e a produtividade da pesca continental. A aquicultura também nasceu em Angola como uma atividade de subsistência e seu desenvolvimento é amplamente seguido por este guia, conforme confirmado pelo Diretor de Pesca artesanal e aquicultura do Min-pesca. Um projeto da FAO está actualmente em andamento, especialmente para as mulheres, para a criação de pequenas áreas de reprodução para autoconsumo e pequeno comércio de vizinhança. Juntamente com esta atividade está planejada uma atividade industrial ou semi-industrial cujo o propósito e produção e comercialização sejam principalmente de Tilapia do Nilo (Oreochromis niloticus). Em 2017 (agosto/setembro), uma empresa chinesa investiu um milhão de dólares na construção de 200 piscinas de aquicultura para a produção de tilapias (Oreochromis niloticus) no município da Barra do , província do Bengo (Luanda norte)71. A produção, por enquanto, se destaca de figuras um tanto modestas, embora o potencial seja notável. Deve-se notar que as estatísticas são quase inexistentes nessa área. É importante, no sector da aquicultura específico, notar que, uma vez que o sistema aquático de Angola é parte dos países vizinhos que possuem uma aquicultura mais desenvolvida, existem sérios riscos de contágio de doenças potencialmente perigosas para a reprodução72 (e espécies de rios), que devem ser levados em consideração na escolha das espécies para raça, no sistema de reprodução e na compra do alevinos. No gráfico 4.12, se pode apreciar os dados oficiais para a produção de pescarias continentais e aquicultura (eixo esquerdo) e sal (eixo direito). Os dados para 2017 são projeções.

71 FIS – Fish information and service newsletter (FAO) - September 23, 2017. 72 Walakira J.K. - Mapping Aquatic Animal Diseases in Southern Africa - Inter African Bureau for Animal Resources - 2016

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Figura 4.12 - Pesca Continental, Aquicultura e Sal (T) 2013 - 2017* Elaborado sobre dados Min Pesca 2017 2013 2014 2015 2016 2017 140,000 40,000 120,000 30,000 100,000 80,000 20,000 60,000 40,000 10,000 20,000 - -

Pesca Cont. Acquicultura Sal

4.1.2 Distribuição regional da produto A República de Angola está dividida em 18 províncias. Existem sete províncias costeiras em Angola, que são do norte ao sul: Cabinda; Zaire; Luanda; Bengo, Kuanza Sul; Benguela y Namibe mas sobretudo como resultado das condições oceanográficas acima referidas, as zonas de pesca mais relevantes situam-se nas províncias de Kuanza-Sul, Benguela e Namibe.

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A pesca é uma atividade importante ao longo de toda a costa e a Província de Namibe é o maior centro pesqueiro de Angola, sendo Tômbwa o maior porto. Tendo como fronteira a influência da corrente de Benguela, que também determina um clima seco, a fauna de demersais é diversa no Norte (águas tropicais, maior diversidade de esparídeos e corvinas) e no sul: águas temperadas, com destaque para o cachucho (Dentex macrophtalmus), a corvina africana (Argyrosomus hololepidopus) e os pequenos pelágicos. Os pescadores artesanais pescam carapau, garoupa, cachucho, corvina, sardinha, cherne, cavala e, em algumas comunidades, lagosta, enquanto os pescadores semi-industriais e industriais visam principalmente o carapau, a sardinha, camarão e caranguejo. O sector da pesca industrial inclui pescarias dirigidas ao carapau, sardinela, atuns, camarões, carangueijo, lagosta e alguns demersais, especialmente com arrasto e cerco, envolvendo 200 navios (FAO-2007) e capturas da ordem das 150 mil toneladas. A pesca industrial e semi- industrial está baseada em 4 portos: Namibe, Benguela, Porto Amboim e Luanda. De acordo com o Instituto da Pesca Artesanal o sector fornece 100.000 toneladas de peixe, destacando-se, de entre as 18 províncias de Angola, o Zaire, Benguela e o Namibe. Na pesca artesanal a frota opera ao longo da costa, existindo cerca de 100 locais de descarga (praias). As capturas de espécies demersais como as garoupas, as corvinas e os pargos e as lagostas correspondem a aproximadamente 40% das capturas. As pescarias realizadas em água doce, exercidas nos rios, são menos relevantes, embora de alto valor comercial nos mercados locais, envolvendo um número muito menor de pescadores (FAO - 2007) que capturam essencialmente Tilapia spp. e, secundariamente, o bagre (Clarias gariepinus) e camarões de água doce (Macrobrachum rosenbergii). As experiências mais relevantes em aquicultura foram feitas em água doce, mas sem resultados muito relevantes dada a falta de investimento e de formação adequada. BENGUELA O município de Benguela ocupa uma área de 2.100 km² e está localizado na região centro oeste de Angola, estando limitado ao Sul pelo município da Baía Farta, ao Norte pelo Município da , a Oeste pelo Oceano Atlântico, a Leste pelo município do e a noroeste pelo município do . Administrativamente o município está dividido

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em 6 (seis) Zonas classificadas de A a F, integrando 68 bairros, 22 aldeias e 5 povoações. Benguela situa-se a 692 km de Luanda. A população do Município de Benguela está estimada em 1.031.347 habitantes. Benguela está classificada na categoria de município do tipo A. BAIA FARTA O Município da Baía Farta ocupa uma área 6.744 km² e está localizada a Sul da Província de Benguela, estando limitado a Sul pela província do Namibe, a Norte pelo município de Benguela, a Este pelos municípios do Chongoroi e Caimbambo e Oeste pelo Oceano Atlântico. Administrativamente o município está dividido em cinco comunas nomeadamente, Sede, Equimina, Kalohanga, e Chamume (Orla Marítima Sul), não estando a última juridicamente reconhecida. A população do Município da Baía Farta está estimada em 125.622 habitantes, dos quais mais de metade (54,6 % ) estão concentrados na comuna do Dombe Grande. A Baía Farta está classificada na categoria de município do tipo B. A economia do município está baseada na pesca, tendo a agricultura igualmente um peso importante. O comércio tem pouca expressão no município. Dos quatro municípios da província que desenvolvem atividade pesqueira, a Baía Farta é o maior produtor de pescado.

4.1.2.1 CADEIAS DE PESCADO COM POTENCIAL – Principais Espécies 73 O potencial anual dos recursos foi estimado em 655 mil toneladas, dos quais 520 mil tons se referem a recursos pelágicos, 120 mil toneladas a demersais e 15 mil toneladas a camarões. Analisando em detalhe as principais características das espécies capturadas, na zona sul, que integra as províncias de Benguela e Namibe, destaca-se: Os carapaus (nomeadamente o carapau do Cunene, Trachurus trecae, e o carapau do Cabo T. capensis). Destas, o carapau do Cunene, é o mais capturado e o melhor em termos de sabor, sendo essencialmente capturado entre Maio e Outubro (inverno austral), com capturas declaradas, no período de 2005 a 2009, entre 30 e 14 mil tons, com um máximo de 44 mil tons em 2008. Os cruzeiros de investigação de inverno mostram uma redução da biomassa, ao contrário do carapau do Cabo, recurso partilhado com a Namibia, que apresenta níveis de biomassa satisfatórios, especialmente dos adultos, da ordem das 60 mil tons, salientando, o INIP, bons recrutamentos recentes (INIP,2011). Existem duas espécies de sardinelas, a sardinela lombuda, Sardinella aurita, e a sardinela palheta, S. maderensis. A sardinela lombuda é mais importante (60% da biomassa, de acordo com

73 Para imagens dessas espécies, ver figuras 40 a 67 do anexo fotográfico

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estimativas Março-Abril 2011), apresentando migrações de que resulta uma distribuição mais a sul entre Fevereiro e Junho e Setembro a Novembro, aparecendo mais na zona de Benguela, no Inverno. A sardinela da Madeira prefere águas mais quentes e estuarinas. No seu conjunto verificam-se flutuações consideráveis de biomassa, com 250 mil tons estimadas em 2005 e 700 mil tons, em 2007, que determinam variações na produção, que oscilaram no período de 2005 e 2009, entre 46 (2005) e 74 mil tons (2009). O estado actual destes recursos é considerado entre sub-explorado e completamente explorado (FAO, 2012). De entre os demersais, que são sobretudo pescados com artes de pesca à linha, destaca-se o cachucho (Dentex macrophtalmus), que se distribui-se entre profundidades dos 30 aos 500 m, apresentando migrações sazonais entre a costa e águas mais profundas e o dentão (D. angolensis). O cachucho é uma espécie um tempo muito abundante na costa sul que agora parece sofrer superlotação, podendo ser capturada também com cerco, entre Maio e Outubro. Existem duas espécies de pescadas sendo que a pescada de Angola (Merluccius polli) é a mais importante na zona norte, constituindo captura acessória da pescaria de crustáceos. Mais a sul é mais relevante a pescada do Cabo, M. capensis. O estado deste recurso é considerado sobre-explorado, mas não drasticamente (INIP,2011). Outras espécies demersais importantes são as corvinas do género Argyrosomus, com destaque para a corvina legitima ou pungo (A. hololepidus), espécie costeira que usa os estuários para crescer, tolerando bem diferenças de salinidade e para as espécies Pseudotolithus typus e P. senegalensis (rainhas = corvinas), com capturas totais médias de 20 mil tons na zona FAO entre 2002 e 2009. Também aparecem referidas as garoupas (Epinephelus spp.). Dados disponíveis indicam, na zona de Benguela uma redução da biomassa de espécies demersais com destaque para o cachucho e a corvina africana (INIP,2011). Os crustáceos são mais relevantes na zona central e norte, em particular os camarões enquanto na zona sul é explorado o caranguejo (Geryon maritae), sendo igualmente relevante a lagosta (Jasus lalandii). O caranguejo é um recurso partilhado com a Namíbia, atualmente em recuperação, que suportou capturas da ordem das 3800 tons (média 2000-2008). Quanto aos camarões destaca-se os camarões de profundidade (Parapenaeus longirostris e Aristeus varidens). A primeira espécie teve um máximo de capturas de 5600 tons em 2001, tendo atingido apenas as 160 toneladas em 2009. A segunda, o camarão listado, apresentou capturas de 3400 tons em 2011 e 250 tons em 2009. Estas espécies são consideradas intensamente explorados e as capturas estão restringidas por TAC reduzidos. Finalmente destaca-se a elevada abundância dos atuns e espécies afins.

4.1.2.2 Espécies mais capturadas/Espécies mais vendidas Os recursos de pequenos pelágicos (sardinhas, carapaus e cavalas) são os mais relevantes nas zonas em apreço, como acontece em todas as

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zonas do globo onde os fenómenos de “up-welling” se fazem sentir. Para além disso são importantes os atuns e similares (merma, judeu) que, são frequentes nas capturas, não apenas nas zonas oceânicas mas também nas zonas costeiras. Destaca-se uma enorme variedade de peixes demersais, nomeadamente as espécies de esparídeos - cachuchos e pargos - e as corvinas e garoupas, incluindo os meros. Os cefalópodes e bivalves serão também recursos relevantes atualmente não muito capturados. O caranguejo e os camarões são também espécies existentes e capturadas de modo não muito intenso pela pesca artesanal, que não usa as artes adequadas à sua captura. A província de Benguela ocupa, em Angola, o segundo lugar no que respeita à pesca, industrialização do pescado e produção de sal.

4.1.2.3 Transformação e indústria ligada aos recursos aquáticos Benguela Na área das Pescas, de acordo com o mesmo relatório municipal de Benguela, o sector possui 76 empresas registadas, sendo 42 ativas e 34 paralisadas. O quadro seguinte caracteriza-o por área de atividades. Baia Farta Enquanto no Município de Benguela não existem em funcionamento unidades industriais ligadas diretamente à atividade da pesca, na Baia Farta estão instaladas 21 empresas de pesca (industrial e semi- industrial) que, maioritariamente, capturam, congelam e vendem peixe capturado, essencialmente pequenos pelágicos (sardinhas e carapaus). A pesca artesanal no município é considerada uma atividade de subsistência, a sua prática está concentrada no litoral das Zonas B, E e F. Existem comunidades piscatórias na -Maria, Kawango; Kapiandalo; Quioch; Goa, Kasseque Marítimo, Santo António e Caota. Os donos das embarcações são na sua esmagadora maioria homens, mas é possível igualmente encontrar algumas mulheres proprietárias. Os métodos utilizados pelos pescadores artesanais são diversos, dependendo da capacidade financeira, mas também do tipo de pescado ao longo do ano. Contudo, as práticas mais comuns são a pesca à linha e a pesca à rapa (rede de cercar a embarcação).

Huambo Na comuna da Calima, Provincia do , a pesca artesanal também é um recurso com importância para a subsistência das famílias, que

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pescam com recursos artesanais peixes de rio para consumo doméstico e venda. A pesca continental é a atividade de captura de pescado nos rios, represas e lagoas. Ela é feita de forma artesanal pelas populações que com muitas dificuldades têm-na como fonte alternativa de rendimentos. As capturas são feitas, na maior parte das vezes, utilizando material artesanal de fabrico local bastante rudimentar, o que justifica os baixos níveis de captura. A pesca artesanal também é praticada com a finalidade de consumo familiar e para venda nos mercados. Cacusso, bagre, hunga e outras espécies de água doce são capturados nos rios Cuando, Cunene, Cunhongamua e Queve e nas barragens. A Administração Municipal do Huambo registou em 2012 a existência de 25 associações de pescadores, com números de associados que variam entre os 16 e os 164, num total de 859 pescadores. Município da Tômbwa – Província do Namibe A pesca constitui o grande potencial económico do município, existindo atualmente oito (8) comunidades piscatórias, nomeadamente: Rocha Magalhães, Rocha Nova, Cabo negro, Pinda, Tômbwa (sede), Fundão, Cafunfo e Pinda Albina. A partir de 2004, algumas comunidades piscatórias foram desaparecendo, como é o caso das comunidades da Praia ANGESP e da Praia do Banho. O município do Tômbwa está localizado numa área geográfica muito rica em espécies de peixe, como o carapau, a sardinha, o atum e outras. Este fator faz com que a Baía do Tômbwa seja um dos centros mais importantes da indústria pesqueira da Província, e até do País, uma vez que nele se estabeleceram cerca de 80% das fábricas da Província, incluindo a Fropesca que é a maior empresa pública de pesca. As espécies mais capturadas no município são primeiro a sardinha e depois o carapau. Durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2012 registou- se uma captura de 2.307.880 kg de sardinha; 437.529 kg de carapau; 179.729 kg de cavala e 6.653 kg de outras espécies. A pesca artesanal é considerada a principal fonte de renda e de subsistência da maioria da população do município e envolve diretamente homens, jovens, crianças e mulheres. Os três primeiros grupos dedicam-se ao processo da pesca, incluindo a reparação das redes e manutenção das embarcações. Já as mulheres têm a responsabilidade no processamento e venda do pescado.

5 PROCURA

O presente capítulo do estudo das pescas em Angola visa caracterizar as tendências do consumo, abastecimento, produto, distribuição e comunicação no mercado de Angola. A população angolana é costeira e continental, tendo nas últimas décadas um crescente consumo aparente de produtos pesqueiros, com

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um consumo médio per capita maior do que a média africana e mundial. O consultor estima que nas zonas costeiras, o consumo seja mais que o dobro das áreas interiores. Para a população de baixa renda, o custo da proteína dos peixes está entre os mais baixos oferecidos pêlo mercado e, portanto, é um dos alimentos favoritos. 5.1 Aspectos gerais do mercado angolano: consumo e tendências A economia angolana foi muito dependente das exportações mineiras após a assinatura do Tratado de Paz; só a indústria do petróleo, representou mais de 47% do PIB do país, logo seguido da indústria de diamantes. Actualmente, e devido ao colapso do preço do petróleo, o país entrou numa fase altamente recessiva e estagnada. A dependência do petróleo significou que, a economia baseou-se nas importações, tendo sido destruídas as poucas actividades não mineradoras do país, como foram os casos dos sectores da agricultura e da indústria pesqueira. Assiste-se agora, a um forte impulso para a reconstrução das infra- estruturas, pois com a guerra, muitas das obras de construção pararam ou diminuíram seu trabalho. Neste contexto, o governo começou a pressionar por uma diversificação da economia. Impulsionada péla ajuda de fundos estrangeiros e incentivos nacionais, actividades primárias como a pesca, a aquicultura e actividades agrícolas, além das actividades de mineração, de madeira e “pedras ornamentais”, passaram a ter a atenção necessária ao seu desenvolvimento. A pesca é o terceiro sector da economia angolana, embora o seu contributo para a riqueza nacional não seja comparável ao do petróleo (1,7% vs. 47% do PIB). O seu desenvolvimento é importante, não só pêlo que representa nas exportações (em particular produto transformado), como também como uma importante fonte de proteínas animais para a população e para o comércio regional informal, o qual é uma actividade que emprega uma grande proporção da população altamente dependente da pesca. A este respeito, a forte propensão angolana a comer peixe como elemento-chave da sua dieta (pêlo menos nas cidades e nas zonas costeiras) é um incentivo adicional para a produção e a melhoria do ponto de vista qualitativo e de saúde. A fim de impulsionar a diversificação económica e estimular a economia do sector aquícola foram criados programas públicos de incentivo para o sector pesqueiro (Ver Cap 8). O Decreto presidencial 40/16 de 24 Fevereiro 2016 mostra o caminho a seguir para uma diminuição da dependência do país face ao petróleo.

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A descrição da distribuição demográfica do país mostra a seguinte situação: Angola tem uma área total de 1.244.700 Km², dividida em 18 províncias e uma população de 24,3 milhões de habitantes, com uma densidade populacional de 19 hab/km2. Lista e habitantes das principais aglomerações urbanas do país: • Luanda 6,5 milhões de habitantes (província de Luanda, dados de 2014) • (1.011 mil), • Huambo (904 mil), • Lobito (737 mil), • Benguela (469 mil), • Kuito-Bié (424 mil) • Cabinda (399 mil)74

Seguindo uma análise cautelosa, deve-se notar, que as informações fornecidas pêlo sector do peixe de Angola não são confiáveis e são muito limitadas. Angola apresenta um mercado de pesca altamente dinâmico com importantes disparidades económicas e uma variedade cultural. Isso deve-se aos eventos históricos, à variedade de populações locais e ao alto grau de imigração que o país recebeu e está recebendo. Os produtos pesqueiros, nomeadamente os mariscos, tendem a ser altamente exigidos pêlo mercado nacional, regional e internacional, dependendo esse facto de suas características inerentes, como por exemplo, as espécies, embalagens e preços. Esta última característica tem grande ascendente para a maioria da população angolana. O aumento da população angolana tem impulsionado positivamente o consumo, potenciado péla população jovem, que serão os principais consumidores da próxima década. Perspectiva-se que a população em Angola alcance em 2018, os 25 milhões de pessoas, baseada numa taxa de crescimento de 3,4% ao ano, de acordo com cálculos de Pedro Miguel Silva, Partner da Deloitte, segundo dados cruzados a partir das estimativas do Economist Intelligence Unit, World Development Indicators e World Bank. A crescente urbanização da população reflecte-se assim numa oportunidade para o segmento de retalho, já que, previsivelmente em 2020, cerca de 65% da população será urbana; e já em 2018 é esperado um aumento na população urbana de 3 milhões de unidades75. Tendência económica do país

74 Evolução do sector da Distribuição Moderna em Angola, Deliotte 2015 75 II Conferência da Distribuição em Expansão A evolução do sector da Distribuição Moderna em Angola, Pedro Miguel Silva, Associate Partner Deloitte, Luanda, 12 de Março de 2014

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Em comparação com o continente africano, estima-se que Angola tenha um Produto Interno Bruto, PIB, muito maior (três vezes a média) do que outros países. Em Angola, estima-se que a classe média, em 2014, tenha variado entre os 21 e 50% da população. Tendo presente os dados acima mencionados, é possível considerar que os mesmos tiveram reflexo no consumo humano, nomeadamente o consumo de produtos da pesca, que têm um bom preço em comparação com a unidade proteica76. Angola foi considerado como um dos mais esperançosos Países Africanos (“Africa Rising”), tendo ganho a admiração geral quando apresentou taxas de crescimento anual surpreendentes, na ordem dos 17% entre 2002 e 2008, impulsionado pêlo crescimento da produção de petróleo em um dos momentos de mais altos preços mundiais do petróleo. Ao mesmo tempo, Angola obteve sucesso no combate à inflação, a qual passou de 109% em 2002 para 7,2% em 2014, e gerou excedentes orçamentais em 2010-2014. A taxa de pobreza diminuiu de 62% em 2001 para 37% em 2009. A desaceleração da economia mundial na sequência da crise financeira de 2008 implicou uma desaceleração do crescimento em Angola para um ainda bastante razoável valor de 4,3% entre 2009 e 2014. Angola cresceu ligeiramente em 2016, passando de 3% em 2015 para 3,3% naquele ano, o que representa um crescimento de menos de metade do período pré-crise petrolífera, de acordo com as “Perspectivas Económicas Globais” do Banco Mundial, divulgadas quarta-feira (06.01) em Washington77. No último ano, 2017, com a crise, certamente a situação não melhorou, antes pêlo contrário, poderá ter piorado, mas não existem dados actualizados. A infra-estrutura de transporte foi substancialmente reconstruída com novas estradas conectando o país e um boom de construção maciça reconfigurou Luanda com paisagem como arranha-céus e shopping centers. Angola atraiu um grande volume de investimento estrangeiro directo (US $ 15 bilhões em 2014) e acumulou cerca de US $ 30 bilhões das reservas cambiais a partir de 201478. O “spread” (espalhar) entre a taxa de câmbio paralela e a taxa de câmbio oficial em Angola também indica que o kwanza está sobrevalorizado. Após a queda dos preços do petróleo, o “spread” da taxa de câmbio do mercado aumentou de 15% em Setembro de 2014 para 65% em Outubro 2015, mesmo quando o Banco Nacional Angolano

76 Tendências do Mercado Alimentar de Angola e Moçambique, Consumidor, Produto, Distribuição e Comunicação, Agrocluster Ribatejo Março 2015 77 http://www.dw.com/pt-002/vida-mais-cara-em-angola-em-2016/a-18966089 78 World Trade Organization (2015). Angola Trade Policy Review: Report by the Secretariat. Geneva: WTO. World Trade Organization (2015), Angola Trade Policy Review: Minutes of the Meeting. Geneva: WTO.).

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desvalorizou o Kwanza em 30% em relação ao dólar (USD) durante o mesmo período79. Os consultores verificaram que, a partir de Agosto de 2017, a troca paralela é reduzida para 100% da taxa bancária. Os investidores da indústria do peixe muitas vezes colocam a questão monetária como o principal problema de seus negócios. Algumas pessoas com que falámos, referiram a existência de taxas muito mais altas em determinados momentos de escassez de moeda nos mercados. Actualmente é muito difícil receber divisas dos bancos para comprar equipamentos no exterior (Ver cap. 7). O gráfico 5.1 mostra como, antes da crise, os valores de consumo privado esperados em 2018 são mais de 1,5 milhões de milhões de Kwanzas com uma tendência ascendente constante.

Figura 5.1 – Tendência esperada em 2014 (Mil milhões de AKz)

Origem: Evolução do sector da Distribuição Moderna em Angola (Delloite 2015)

Actualmente, com a contracção da economia, há também uma contracção no consumo de peixes, ou melhor, uma contracção no consumo de produtos de valor qualitativamente mais elevado, ao mesmo tempo em que continua a expansão do mercado paralelo e de baixo custo (e qualidade), de acordo com a opinião do consultor após as visitas. Em Angola existem obstáculos para o desenvolvimento de uma rede comercial adequada à distribuição de produtos da pesca, existem deficiências e riscos que não são indiferentes ao mercado. É o caso da situação das trocas financeiras que não sendo liberalizadas criam escassez de moeda. Por conseguinte, existem condições de concorrência distorcida nos mercados nacionais de importação e de exportação dos produtos da pesca. O regime de livre comércio tem problemas, uma vez que tem escassez e fraca eficiência das verificações fiscais e de saúde adequadas no país para a fileira dos produtos hidrobiológicos frescos e processados. O acima referido cria problemas aos consumidores, especialmente aqueles que precisam de comprar peixe de baixo custo.

79 Promoting Economic Diversification and International Competitiveness in Angola, Stephen Golub and Varun Prasad Swarthmore College - UNCTAD 2016 e Angola Relatório do FMI n.º 15/302FMI / 2015

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Tabela 5.1 Índice de custo de unidade da proteína para alimentos principais a preços de varejista/retalho Produto 1 2 3 4 5 Preço do produto Conteúdo de Proteínas do Preço / proteína Prot\custo KW\kg proteínas % * produto gramas\kg índice de custo equivalente ao unidade de pescado (sardinha proteína S/S) kwz\gr produto Vaca 850 20,0 200 4,25 17,6 Porco 850 18,0 180 4,72 15 Ovelha 1200 20,0 200 6 12,5 Galinha 600 (limpa) 26,0 260 2,3 32,6 Leite 1L 250 3,1 31 8,06 9,3 Ovos (50gr) 60X20= 1.200 12,5 125 9,6 7,8 Peixe Demersal ** 2.000 19,0 190 10,52 7,12 Peixe Tilápia 527 20,0 200 2,62 28,62 Peixe pelágico*** 150 per uma X 5 20,3 203 3,6 20,83 Sardinha = 750 cerca 1 Kg Bagre fumado 1000 40 400 2,5 30 **** Sardinha 43,8 per uma, 40 400 0,75 100 salgada/seca ***** 300 per 7 cerca de 1 Kg Sardinha enlatada 350 X 7,5 = 2.625 23,6 236 11,1 6,75 (132 gr lata)*** Feijão castanha 350 21,0 210 1,66 45,1 Milho 500 9,4 94 5,31 14,12 Arroz 200 7,1 71 2,81 26,69 Origem: visita de campo e elaborações dos peritos consultores * http://www.dietabit.it/ - - http://foods-high-in.net/tilapia-raw,5966.html ** Cachucho, Lírio, Garoupa, Corvina, Cherna, *** Sardinella spp, carapau (Trachurus spp) **** Clarias garinepinus ***** Sardinella spp Todos os preços no mercado consumidor, Luanda 2017 Agosto

Os comentários à tabela 5.1 oferece-nos sugestões que muito nos podem ajudar nas conclusões do nosso relatório. A descrição da tabela é a seguinte: - A primeira coluna indica “Preço do produto Kz\kg” de produtos ricos em proteínas no mercado, são considerados os mais exigidos péla população e exigidos para atender os parâmetros nutricionais da OMS. Existem alguns problemas na definição dos preços Kg, pois estão vendendo no mercado angolano ao “monte”, ou seja, por peças. Foram realizados muitos testes para alcançar esses resultados. Os números propostos não são científicos, mas reflectem, muito de perto, a realidade. - A segunda coluna indica “Conteúdo de proteínas %” as percentagens do teor de proteína para cada tipo de alimento. - A terceira coluna indica os gramas por Kg de proteína por alimento.

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- A quarta “Preço/proteína índice de custo unidade de proteína kwz\gr produto” é a mais importante, pois permite ver o custo da unidade de proteína por alimento, dividindo o preço das gramas de proteína presente em cada kilo de cada alimento. - A quinta coluna “Proteína/custo equivalente ao pescado (sardinha S/S) “propõe o custo da unidade de proteína mais barata (peixe pelágico salgado/seco) dividido pêlos demais como percentagem. Os resultados apresentados revelam os alimentos mais convenientes para sua relação custo-proteína, (ver Coluna Preço/Proteína Induzida Proteína Kwz) Entre as carnes, vemos que a galinha com uma relação de custo de proteína de 2,3, é a que apresenta o valor mais baixo, entre os peixes temos a sardinha salgada/seca com uma relação de custo de proteína de 0,75, imbatível quando comparada com a de outros peixes, e não só. Finalmente, temos alguns cereais e legumes, os feijões escuros têm um bom índice, de 1,66, que é o número que se aproxima mais do peixe seco/salgado. O baixo custo por unidade de proteína de peixe pelágico salgado/seco, explica muitas coisas. De facto, todos os mercados têm esse tipo de produto, o mesmo é fácil de fabricar (embora não higienicamente controlado), o seu transporte e armazenamento não exige embalagens especiais (somente de higiene), e é altamente exigido no mercado nacional e regional. Os compradores de renda mais baixa sabem bem que é um produto acessível para ele. Considerável também o alto valor agregado da proteína de peixe pelágico enlatado que, no entanto, é importado em grandes quantidades. Os preços de alimentos e, em particular, de peixe estão sujeitos a amplas e repentinas variações, dependendo da situação dos mercados locais, custos das divisas e da nacionalidade da produção. Os mercados angolanos muitas vezes falham a cadeia do frio e os preços seguem a lei da oferta e da procura. Estrutura da distribuição Os anos de guerra, que destruíram ou levaram à abolição da infra- estrutura pesqueira angolana, não permitiram uma efectiva auto- suficiência alimentar em Angola. A partir dos resultados dos inquéritos da Deloitte, verifica-se que 45% dos inquiridos utilizam a “cantina” (pequenas áreas de vendas locais, muitas vezes administradas por famílias da África Ocidental) para as suas compras, enquanto outros 40% vão ao supermercado ou minimercados80. Isso, obviamente, diz respeito aos entrevistados. A

80 Hipersuper, ESPECIAL: DISTRIBUIÇÃO MODERNA CRESCE A PASSOS LARGOS EM ANGOLA, http://www.hipersuper.pt/2015/07/15/distribuicao-moderna-cresce-a-passos-largos-em-angola/

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parte da população angolana de baixo rendimento ainda utiliza os mercados abertos e a venda de rua, aceitando padrões de baixa qualidade. Das visitas aos grandes supermercados, os consultores notaram a pequena quantidade de compras que os clientes fazem, quase sempre de produtos não frescos. Para os produtos de grande consumo, independentemente do tipo de local de compra considerado, o preço e a embalagem são os factores preponderantes na decisão de compra. No caso dos locais informais, o preço/unidade vs. quantidade da embalagem, é um factor de decisão, enquanto que em locais de distribuição organizada, apesar do factor preço ser ainda muito importante, o consumidor já tem em conta a notoriedade da Marca, o marketing e comunicação, e a qualidade intrínseca do produto. Ao nível dos alimentos enlatados, atum, sardinha, cavala, e peixes demersais são líderes de venda, e o preço é o factor determinante de escolha. Além disso, o mercado angolano é constituído por uma população muito jovem, com menos de 20 anos em áreas urbanas, 6 habitantes jovens por cada 1081. Este factor, juntamente com o aumento do rendimento das famílias, o aumento da escolaridade e o acesso à formação, faz com que a população angolana pode manter um maior nível de compras82. Os principais factores que irão influenciar o futuro próximo do sector empresarial da fileira da indústria pesqueira em Angola, são, por exemplo, os seguintes: a gestão sustentável dos recursos haliêuticos, a criação de uma rede comercial apropriada e a comunicação com todos os parceiros (incluído os consumidores) que intervêm na fileira dos produtos pesqueiros. O sucesso dos investimentos no sector da pesca e outros sectores é fortemente influenciado por alguns factores negativos, como a dependência dos mercados internacionais. A economia inflacionada, aumenta os custos de produção devido aos altos custos de importação de materiais importados e ao baixo nível de produtividade das importações actuais. A falta de investimento, conhecimento e consequências da guerra civil, limitou seriamente, o desenvolvimento das actividades da fileira do produto hidrobiológico Angolano. Tipo de produtos e distribuição regional da produção, pesca de mar e aquicultura ver capitulo 4 Podemos ver um aumento no consumo interno após 2014 e uma estabilização em 2015 e 2016 para todos os produtos hidrobiológicos; um aumento nos produtos da aquicultura, esperando-se um aumento acentuado em 2017. Também se verifica um forte aumento na produção

81 De Liotte, Evolução do sector da Distribuição Moderna em Angola, 2014 82 Tendências do Mercado Alimentar de Angola e Moçambique, Consumidor, Produto, Distribuição e Comunicação, Agrocluster Ribatejo Março 2015

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de sal que é sempre necessário. Alguns desse “consumo aparente” são exportados, mas não existem dados oficiais. A farinha de peixe e o óleo de peixe são geralmente utilizados para a fabricação de alimentos para animais e, em particular, para a aquicultura. No entanto, deve ser especificado que, embora o consumo de ração tenha aumentado com o aumento da aquicultura, não há informações sobre o uso no país de farinha e de óleo de peixe para a produção de alimentos para animais. Conclui-se, portanto, que a farinha e o óleo são exportados e a ração é importada. Considerando que 467,002 toneladas correspondem ao consumo interno de produtos da pesca em Angola em 2016, as quais, se divididas por 25 milhões de habitantes, implica que para aquele ano, o consumo (aparente) per capita de produtos da pesca em Angola, foi de de 18,68 Kg. Este resultado, tem como base de trabalho os dados disponíveis para o consultor. Os resultados estão de acordo com outras estatísticas disponíveis. Caracterização do consumidor O estudo Nielsen83 com investigações nos principais centros urbanos angolanos (Luanda, Lubango, Benguela e Huambo) identificou vários tipos de consumidores. O estudo numérico baseia-se nos seguintes parâmetros: atitude, idade, classe socioeconómica, nível de educação, utilização de dispositivos móveis, média (jornais, revistas etc.), família, acessibilidade e confiança na marca.

Tabela 5.2: Estudo Nielsen, descrição de Classe, % de Idade, Descrição do grupo Classe % Idade Descrição de grupo Trendy Aspirants 39% 15-29 Anos Solteiros, urbanos e principalmente do sexo masculino. São consumidores com estudos de nível secundário ou superior. Caracterizados por serem modernos, fashion, tecnológicos e propensos a experimentar novos produtos. Evolving Juniors 21 15-19 Estudos ao nível do secundário. Residentes na periferia de centros urbanos. Na maioria são estudantes. São bastante sociáveis e gostam de passar tempo com os amigos. São mais tradicionais, com orientação para a família e para a religião. Valorizam a poupança. São consumidores moderados de televisão, rádio e telemóvel. Balanced Seniors 17 20-45 Casados e com filhos, com estudos ao nível do secundário e ou superior. São consumidores tradicionais, orientados para a família e para os aspectos religiosos. Compram com base em recomendações e preocupam-se com aspectos de poupança. Wannabe Bachelors 9 20-34 Principalmente do sexo masculino, com estudos até ao 9% secundário. Residência na periferia de centros urbanos. São consumidores com estudos até ao secundário e com empregos

83 Nielsen, Emerging Markets Insight Angola 2012

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em áreas de supervisão. São geralmente influenciados pela publicidade e pela embalagem. Progressive 9 30-45 Casados com filhos, conclusão do secundário. Com estudos e Affluents com emprego em áreas da gestão. São consumidores dispostos a experimentar novos produtos e a pagar mais péla qualidade. A família é importante, mas com tendência a serem mais individualistas. São grandes consumidores de media (jornais, revistas etc.). Female 3 15-29 Casadas, formação ao nível do 1º ciclo. Residência na periferia Conservatives* dos centros urbanos. Mulheres com estudos até ao secundário. Valorizam as tradições e os valores familiares. Sem grande consciência das marcas, mas dispostas a experimentar novos produtos. Struggling 2 30-45 Casados e com filhos. Formação ao nível do 1º ciclo. Residência Traditionals* na periferia dos centros urbanos. São consumidores caracterizados por possuírem baixos níveis de escolaridade, bastante orientados para as tradições, família e religião. As suas principais preocupações são o preço e disponibilidade. Sem grande consciência das marcas. * amostra de pequena dimensão Origem: Nielsen Emerging Markets Insight 2012

Os Trendy Aspirants84 (39 %), os Envolving Juniores (21%) e os Balance Seniors (17%) representam algumas das principais categorias definidas pelos estudos, com tendência para no futuro, aumentar nos centros urbanos. Estas três principais categorias representam a maioria da amostra urbana (39%+21%+17%=77%), que pode ser aliciada para o consumo de novos tipos de produtos da pesca ou produtos actuais com características de melhor qualidade. São consumidores fáceis de motivar, usam tecnologias, são fidelizáveis e estão interessados em marketing e publicidade. A maioria também está fortemente interessada no preço, dependendo da disponibilidade financeira que vem aumentando nos últimos anos. Duas daquelas categorias, têm como habilitação literária estudos secundários. O autor chama, então, a atenção para o facto, de que as características do produto devem atender aos requisitos reivindicados pêlos

84 Trendy Aspirants (39%): são líderes de opinião, muito associados a tecnologias e gadgets e com tendência para efetuarem compras por impulso. Este tipo de consumidores encerra potencialmente grandes oportunidades para o crescimento das marcas. Envolving Juniores (21%): são tipicamente jovens estudantes. Considerados féis às marcas, mas também bastante receptivos à experimentação de novos produtos. A interação ativa com este grupo permitirá a fidelização e estabelecer uma posição no mercado à medida que estes consumidores vão-se tornando adultos. Balance Seniors (17%): normalmente já adultos de meia-idade com família e com casa própria. Não são considerados féis às marcas, sempre dispostos a experimentar novas marcas que se demonstrem mais económicas. Origem: Nielsen Emerging Markets Insight 2012 F

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consumidores angolanos, os quais são muito semelhantes aos verificados nos mercados regionais. O comércio informal e tradicional de vendas na rua, mercados informais ao longo das artérias de comunicação, mercados ao ar livre e lojas locais de mercearia são os principais pontos de compra para a grande maioria da população angolana. Os motivos são: a primeira, é a falta de uma rede moderna de distribuição com produtos estrategicamente colocados em centros urbanos, outra razão, é a crença de que grandes redes de distribuição têm preços mais altos do que outros tipos de venda “tradicionais”. Finalmente, a baixa taxa de escolaridade de uma grande parte da população, o pouco respeito péla legislação moderna angolana são factores negativos no desenvolvimento de uma rede comercial em Angola. Nos últimos anos, o desenvolvimento do país, o qual tem sido significativo, permite ao consumidor de nível médio, a escolha de uma maior variedade de produtos pesqueiros e, acima de tudo, uma escolha baseada na qualidade de produtos qualitativamente melhores e de maior controlo higiosanitário. Esta situação não se verifica para os consumidores que compram no mercado informal, e que certamente são a grande maioria. Ainda há um longo caminho a percorrer e óptimas oportunidades para o sector da distribuição. Uma parte importante da população angolana ainda é considerada pobre apesar do notável progresso da última década. Os preços, incluindo os dos alimentos, e especialmente na capital, são considerados entre os mais altos do mundo. Uma parte importante do rendimento da população é destinada à alimentação. A situação acima descrita, deprime o consumo, em geral. Deve-se ter em atenção que este estudo utiliza as vezes dados do período anterior à crise, portanto, embora as tendências sejam válidas, a mudança da situação económica pode levar a diferenças nas percentagens das diferentes classes estudadas e a uma desaceleração nos resultados esperados. 5.2 Principais empresas produtoras Os consultores tiveram a oportunidade de realizar uma missão de campo em algumas províncias de Angola, o que permitiu a visita a alguns dos principais grupos e o conhecimento das suas actividades. De acordo com as novas linhas do Governo para a diversificação da economia, verificou-se a existência de alguns dos principais projectos de grande investimento no sector das pescas em Angola. Quatro são as pescarias primárias, que se situam em: Luanda, Kwanza Sul, Benguela e Namibe, a estas deve ser adicionado o Zaire tanto

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quanto a pesca artesanal. No passado, várias indústrias estavam presentes, o que, por uma série de razões históricas, diminuiu consideravelmente em volume. Na última década, houve um crescimento significativo na indústria, e de momento está-se a recuperar inúmeras iniciativas. Em particular, o governo estimulou fortemente o sector com o Decreto Presidencial 40/16 de 24 de Fevereiro de 2016, que identifica as linhas estratégicas para o desenvolvimento de exportações não petrolíferas, e onde a pesca é referida como um sector muito importante. A missão visitou e tomou conhecimento da realidade de algumas unidades da indústria pesqueira angolana, nomeadamente, as que foram indicadas pêlos Serviços Provinciais do MINPESCAS, tentando recolher informações representativas da indústria e confirmar dados bibliográficos. Dependendo dos pressupostos da missão, que se concentraram principalmente na pesca industrial, as indústrias visitadas foram as localizadas em Luanda, Benguela e Namibe, e também foi feito uma rápida visita a Kwanza Sul. A missão visitou as principais cidades dessas províncias, que tem um porto pesqueiro e que está ligado à rede logística do país. A seguir descreve-se um breve resumo das entrevistas realizadas pêlos consultores, as quais ainda não foram publicadas. Deve salientar-se que, além de informações comerciais breves, algumas impressões e outros dados são interessantes para o propósito do relatório.

Luanda Isakama Import – Export A Sociedade, administrada de forma familiar, é cessionária de licenças de pesca ilimitadas (sempre dentro dos TAC identificados anualmente). A empresa possui um acordo de associação com uma empresa espanhola que realiza operações de pesca com seus 10 navios de pesca e suas vendas em Espanha. Os custos são suportados péla empresa espanhola, excepto a compra de novos equipamentos. O navio de carga que transporta o produto congelado no mar, também transporta as peças sobressalentes necessárias para a pesca. O transbordo ocorre em um dos portos da costa angolana. A empresa angolana recebe seu lucro após a venda deduzidos os custos. Crustangola É uma Cooperativa que tem direitos de pesca e trabalha em parceria com o espanhol Mariscos Rodriguez. Existem 10 arrastões e outros 10 são de propriedade do parceiro espanhol; todos os barcos têm mais de 35 metros de comprimento, pescam a mais de 12 milhas da costa e as espécies alvo são: gamba, alistado e caranguejo.

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Nessas embarcações, pessoal qualificado, limpa, classifica e congela os mariscos e posteriormente, armazena-os em câmaras ou túneis congeladores a uma temperatura entre -25 ° e -30 ° durante um período de aproximadamente 40/50 dias. No final da maré, os pescadores voltam para a Baía de Luanda e transbordam suas capturas, sem interromper em nenhum momento a cadeia de frio, para o navio mercante “V Centenário”, o qual transporta todo o produto capturado péla frota de Mariscos Rodríguez, ao Porto de Huelva. Recursos humanos: 22 tripulantes por cada barco, capitão e motorista estrangeiros, assistência técnica espanhola para cada barco e para reparações urgentes. Reparações periódicas são realizadas na Namíbia em Walvis Bay. Uma equipa espanhola de apoio está presente durante todo tempo. Apenas três motoristas são angolanos, qualificados em Espanha. Volume de venda cerca de 1.400 toneladas/ano por um valor de 15 M de USD$. Os pontos fortes são: i) a absorção ilimitada de produtos pêlo mercado e ii) a boa tecnologia de pesca. Ponto fraco são o custo de combustível (30% dos custos), falta de formação em geral do pessoal angolano. Falta peças de reposição e equipamentos para barcos de pesca. O equipamento é pago com parte do produto e é trazido para Angola pêlo comerciante proprietário do navio “V Centenário”. A empresa não pretende garantir a diversificação, confiando no “stock” de mariscos. Solmar É uma empresa pertencente ao grupo Diside, inteiramente de capital angolano. O grupo dedica-se principalmente à indústria agrícola e agro- industrial. O Grupo foi criado em 2012 e adquiriu, entre outros, o Solmar que existe desde 1996. Reinaugurada em Outubro de 2016, a Solmar é agora uma unidade moderna de processamento de peixe com capacidade para 15 toneladas por dia, estando dotada de equipamentos que permitem, além da congelação, a limpeza, o corte em filetes e postas, bem como a embalagem de peixe. Em termos de armazenamento tem uma capacidade de 500 toneladas das quais 200 estão reservadas para matéria-prima e as restantes para o peixe processado.

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Sem ter frota própria (funciona com 4 barcos semi-industriais - contratados), a empresa não obtém a matéria-prima necessária no mercado devido à falta de oferta para as suas três linhas de processamento. Só utiliza cerca de 15% da capacidade instalada, sendo a sua produção de 500 T/ano. Emprega 40-60 pessoas, tendo como ponto forte o conhecimento tecnológico e pessoal preparado. Sobre qualidade tem a implementação do Sistema HACCP e Gestão da Segurança Alimentar, instalações modernas e tecnologicamente avançadas. A garantia da qualidade dos produtos Solmar é conferida pêlo processo de transformação controlado e seguro. No entanto, não exporta e só funciona no mercado interno, portanto, não possui certificação CEE e nem mesmo para outros países (EUA, Japão, etc.). No estado actual das coisas, não está previsto iniciar o caminho de exportação do produto. Bengo Cooperativa Artesanal do Cabo Ledo (COPESCALO) – Sociedade GEZMAR85 A Cooperativa está localizada na Província do Bengo, embora tenha o mercado de referência de Luanda. GEZMAR está em Luanda. O Centro foi construído através de um programa governamental e entregue aos pescadores artesanais. No entanto, os pescadores: (i) não foram formados para poder cuidar do Centro; (ii) não receberam nenhum capital que lhes permitisse iniciar e operar o Centro. Como resultado, o Centro degradou-se por falta de uso e manutenção. Neste ponto, o governo lançou uma licitação para conceder o uso do Centro a uma empresa que poderia gerir o Centro. A Sociedade GEZMAR ganhou o contrato e reestruturou o Centro com um empréstimo bancário (apoiado pêlo governo que liderou o processo com o BCI para a concessão dos empréstimos). A empresa paga os empréstimos mensais, assim como um “aluguer” ao governo. O governo administra um empréstimo para a Cooperativa com o BCI (Banco Comercial). Os empréstimos foram feitos às mulheres formadas. Houve dois financiamentos até agora. O presente, que é o terceiro, concede a cada mulher 500.000 Kwanza (corresponde às informações do Director da pesca artesanal e aquicultura do Ministério da Pescas). Os pescadores não tiveram acesso ao crédito.

85 Figuras de 68 a 74 do Anexo fotografico

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O centro tem: • uma fábrica de gelo – duas câmaras de conservação; • uma sala de congelação; • uma unidade para secar o peixe. NB: Todas as unidades que precisam de energia não funcionam há oito meses porque os geradores estão estragados. Não há energia da rede eléctrica na área. A mesma empresa está reabilitando outro Centro no Namibe para comprar e distribuir peixes capturados péla pesca artesanal. Funcionamento: A Sociedade GEZMAR: • tem o centro de gestão; • fornece aos pescadores equipamentos (pagam mensalmente); • compra dos pescadores da cooperativa cerca de 70% do pescado escolhendo a melhor qualidade. (trabalham 2 Toneladas dia); • processam as capturas no Centro empregando as mulheres da cooperativa (24 unidades) que são pagas como “assalariadas”; • o peixe é retirado e vendido seco ou fresco em Supermercados como os Candando, Kero e outros de Luanda. a Cooperativa reúne: • 37 armadores: • 69 mulheres formadas em processamento e comercialização: • uma centena de pescadores (além dos armadores).

A cooperativa: • tem um acordo com a Gezmar que compra a captura de melhor qualidade; • coloca as mulheres (armadoras) a captura restante; • mulheres secam o peixe e comercializam-no no circuito informal; • os barcos são típicos “chatas” de madeira com motor de popa de 50/75 hp; • as tripulações são 4/5 homens;

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• não estão equipados com fechaduras isoladas e não transportam gelo; • permanecem no mar de um dia até um máximo de 6 dias; • pesca a menos de 4 milhas marítimas do litoral em profundidades de 35 a 70 braços (um braço é igual a 1,67 m). A pesca: • usam redes de 6 metros x 2 braços (= 3,20 m); • muitas redes são de produção chinesa e são de plástico estampado. Uma vez estragadas, não são reparadas; • as redes espanholas são em nylon (mix) e são reparadas; • o peixe é limpo e salgado a bordo para armazenamento; • a pesca tem dois períodos: o época alta (mais capturas): Maio-Outubro; o baixa temporada (menos captura): Outubro-Abril; • na época alta pode-se pescar cerca de 200 kg de peixe de grande dimensão por dia; • na época baixa as capturas podem cair para 50 kg por dia e o peixe é de menor dimensão; • actualmente, para capturar quantidades iguais ou próximas às do passado, em vez de 20 redes, é necessárias 50/60 redes.

Tabela 5.3 - As espécies pescadas são:

Nome locais Nome cientifico 1 Nome cientifico 2 Arte de pesca Importancia Rede X Bagre Arius spp. emalhar Rede Barbudo Pentanemus quinquarium Polydactylus quadrifili emalhar e Brota (Bacalhau Rede Angolano) Brotula barbata emalhar Rede X Cachucho Dentex macrophtalmus emalhar Rede Calafate Umbrina canariensis emalhar Rede Corvina Media Pseudolithus typus Pseudolithus spp. emalhar Rede Linguado Varias especies emalhar Pungo (en tempo de Argyrosomus Rede Epoca Frio frio) hololepidotus emalhar

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Rede X Roncador Pomadasys spp. emalhar

Viola Rhinobatos percellens Linha Raya Raya spp. Linha Tubarão (medio) Varias especies Linha

NB: O tubarão grande pesca-se com uma rede específica que também é adequada para pescar corvinas e outros peixes maiores. Tabela 5.4 - Preços Specie Salgado $/Kg Congelado $/Kg Corvina media 500 800 Corvina grande 800 1200 Pungo 1000 1400 Diversos 400 Viola e raya 150 Brota 600 800

Efectuam-se também capturas de mariscos em particular de: • lagosta Palinurus rissoni • lulas Loligo (pas esecies) • polvo Octopus spp.

Projetos Futuros: Gostariam de exportar peixe seco, particularmente para Portugal. • O Centro possui uma sala de secagem controlada (ver foto), mas actualmente não possui um número CEE; • eles participaram numa feira internacional (?) levando a Brota (Brotula barbata/Gadella maraldi) salgada a 70%; • gostariam de criar uma Brota (Brotula barbata/Gadella maraldi) em maricultura. Atualmente, não têm o crédito necessário do Banco ou outros projectos de financiamento (tipo AngolaInvest). Outro projeto é comprar um pequeno arrastão, mas os custos são elevados e eles não possuem os fundos. Estão a procurar parceiros estrangeiros para ajudá-los Como é uma cooperativa, gostariam de aproveitar um fundo rotativo ou mesmo criar um fundo de alívio mútuo, mas não têm a capacidade administrativa de fazê-lo. Kwanza Sul

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Peskwanza (http://jornaldeangola.sapo.ao/reportagem/peskwanza_volta_a_pesca _com_a_china) A empresa, criada em 1987 e com sede em Porto Amboim, tem com propósito abastecer de pescado a população. Não é a unica empresa presente no Kwanza Sul. Nos ultimos anos ficou sem barcos, tendo apenas as condições de infra-estruturas em terra com as quais tem criado parcerias com armadores detentores de embarcações. O governo chinês financiou a revitalização da empresa que entrou em parceria com a empresa chinesa Adalian Yan Ming Int Erprise Group. Chega a trabalhar 7.200 toneladas de peixe por ano. A empresa ainda precisa de uma grande “renovação” e manutenção normal e extraordinária. Em particular, a ponte-cais, porque os pilares estão deteriorados, Embora o financiamento da sua reestruturação tenha sido aprovado, não há fundos disponíveis para iniciar o trabalho. A empresa não tem controlo sobre as operações de pesca: os barcos de pesca que abastecem a unidade são tanto de arrasto como de cerco. Alguns dos barcos de alta tonelagem pertencentes ao sector “industrial” congelam a bordo e vendem através dos canais de distribuição da PesKwanza. A indústria emprega 90 pessoas, oferecendo alojamento num complexo de pequenas casas localizadas perto da instalação, onde também há um restaurante. O peixe é tratado de forma suficientemente moderna, capturado com uma bomba de sucção e descarregado em tanques de lavagem onde o peixe é seleccionado e depois congelado em embalagens de 20 Kg. Pode ser armazenado até ao limite de 150 toneladas. O produto é vendido “ex fábrica” Deve-se notar, no entanto, que as condições gerais da unidade são bastante obsoletas e que é necessário um grande investimento para um padrao máximo de qualidade. O programa de relançamento prevê: Reparação de Ponte-Cais (aprovado), Aquisição de novos barcos e Recuperação do complexo industrial

Cassonge Soc de Pesca Limitada86 É uma empresa localizada perto da PesKwanza. São os proprietários de uma terra onde existia uma unidade da era colonial. A unidade de processamento e congelação está completamente destruída. No

86 Figuras 114, 119, 123, 124, 126, 128, 129 do Anexo fotografico

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presente, a estrutura restante consiste em um cais de amarração e uma série de tanques de salgação anexados a uma unidade de secagem solar. As condições de higiene são absolutamente inadequadas.

Toda a unidade está localizada numa área de 1600 m2, na qual uma unidade moderna poderia ser construída. A empresa é licenciada por licenças de pesca e gestão de barcos artesanais (Chatas) que capturam sardinha. As capturas variam de 10- 15 T/dia a 30 T/dia no período mais favorável. O esforço de pesca dura cerca de 300 dias/ano. No que diz respeito à captura, ela é mantida com o gelo comprado fora porque a máquina não funciona

Os barcos são alados para a praia por 15 a 30 dias por ano para reparações mecânicas. Cada três meses são lançados em seco para reparações de a estrutura del navio. O peixe é vendido para as “peixeiras” que limpam e fazem “salga e seca” e também pagam uma taxa diária ou semanal pelo aluguer das unidades . O preço de venda varia entre 2000K por cada 30Kg a 3500K a cada 20Kg de acordo com a abundância do produto. Nos períodos sem produto, os peixes congelados podem ser vendidos até 4500 K por 20 Kg.

Por esta razão, gostariam de poder reestruturar a fábrica de congelação e estão procurando parceiros (não muito ativamente) em países estrangeiros. Também gostariam de adquirir uma embarcação de pesca semi-industrial, pois possuem licença para pesca de arrasto para além das 12 milhas. Consideram que há um problema entre a pesca artesanal e industrial, pois esta pesca dentro das 4 milhas com arrastões industriais, em particular, embarcações chineses que, no geral “não são impedidas pelas autoridades”.

Benguela

Grupo Areias Benguela87 O Grupo Adérito Areias, que tem como figura de referência o empresário Benguelense Adérito Areias, é um Grupo que se formou há mais de 70

87 http://www.grupoaderitoareias.com/srcstore/default.asp?art_id=2

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anos; tem tradição familiar no ramo das pescas e produção de sal, tendo vindo a consolidar a sua posição nestas duas áreas. Ao mesmo tempo que tem vindo a diversificar os seus interesses noutros ramos de actividade como a transformação de cereais, agro-pecuária, construção civil, Estaleiros Navais, Hotelaria, importação e exportação. As áreas de interesse em relação ao projecto são reduzidas para três: a pesca, o estaleiro e a produção de sal. No que diz respeito à pesca, a empresa do grupo é a PESCARIA IEMANJA Situada no Município da Baia Farta, encontra-se em funcionamento desde 2004. Actualmente dedica-se exclusivamente à captura, congelação e conservação de pescado (90% Sardinela 10% Carapau) com um quadro laboral de 300 trabalhadores. Possui duas embarcações de pesca de cerco com capacidade para 100 tons e efectua diariamente o processamento do pescado. Dispõe de ponte-cais totalmente mecanizado para descarga e abastecimento às embarcações. Capacidade Instalada: • 100 tons/dia de congelação; • 2800 tons de conservação; • 5 tons/dia de gelo em escama; Do ponto de vista comercial, voltam-se para o mercado interno e mercados regionais (vizinhos). As exigências de saúde e qualidade dos clientes, como a UE ou os EUA, exigem investimentos substanciais. Este investimento não é justificado desde que eles têm disponíveis grandes mercados regionais como o Congo Democrático e outros países vizinhos. Como apoio às suas actividades, têm 1.800 KW de energia eléctrica de reserva à rede pública, uma oficina para manutenção dos seus equipamentos e central de comunicações via rádio, que cobre toda a frota pesqueira e restantes unidades de produção. A nível social, para satisfação e conforto dos trabalhadores, dispõe de dois refeitórios e infantário com capacidade para 50 crianças. A necessidade do gerador de energia deve-se à inadequação do sector público de energia que não possui capacidade para atender às necessidades da indústria. De acordo com os responsáveis das empresas, há um forte esgotamento dos “stocks” pesqueiros 88. Há muitas razões para isso: a pesca de

88 Ficam sob pressao os estoques de cachucho, espada, carapao e sardinela

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super-embarcações de pesca congeladoras do paralelo 13 para baixo, o problema não resolvido de “Banda Banda”, a venda no mercado informal que faz concorrência desleal para aqueles que produzem com qualidade, e o controlo deficiente das atividades de pesca, etc. ESTALEIROS NAVAL A construção de embarcações de madeira, e a reparação naval de madeira, ferro ou fibra de vidro. O quadro de pessoal compreende carpinteiros navais, calafates, pintores, e pessoal da oficina de serralharia e mecânica num total de 30 trabalhadores. É, portanto, um pequeno estaleiro adequado para reparos menores, enquanto que para os grandes é necessário chegar a Walvis Bay. SALINAS CALOMBOLO89 A empresa Salinas Calombolo com Sede em Benguela e unidades de produção localizadas entre a Baia Farta e Chiome, ao serviço desde 1989, dedica-se à extracção e comercialização de sal marinho. Actualmente possui uma área produtiva em pleno funcionamento de 1.000 há. Estão divididos em 4 unidades de produção (Salina Calombolo,Salina Tentativa, Salina Baia e Salina Zeca Monteiro) com um quadro de pessoal de 750 trabalhadores. Como apoio à produção dispõe anexa à Baia Farta uma fábrica de higienização e iodização de sal com capacidade de processamento de 15 tons/hora. Estão a desenvolver-se desde o ano 2011 acções de aumento das áreas de produção, prevendo-se até ao ano 2017 ter uma produção anual estimada de 250,000 tons. A última fábrica em Calombolo é operacional e bombeou péla primeira vez água do mar, durante a visita da missão. Possui as últimas descobertas do projecto de água salgada com tanques de cristalização que permitirão uma produção contínua de sal. Empresa Congele de Miguel Pai90 O empreendimento, orçado em dois milhões de dólares americanos, é um dos oito presentes na Baia Farta, bem estruturado e moderno, e está investindo na melhoria da qualidade higiénica do produto. Possui um

89 Figuras de 95 a 100 do Anexo fotografico 90 Figuras de 75 a 83 do Anexo fotografico

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complexo de frio com túneis, um armazém de conservação e três embarcações para pesca. Produções totais de 15 Tons por dia91. A empresa também compra peixes de outros barcos independentes. Possui uma capacidade de congelação de 95 T e armazenamento de 800 T em -20 °C. O produto é embalado e vendido em caixas de 20kg, ex-fábrica. Este tipo de marketing é devido ao facto de que grande parte dos bens comprados das unidades de congelaçao são transportadas para comercialização tanto no país como, segundo as informações recebidas, para mercados vizinhos, pelo menos 70%, como por exemplo, na fronteira do Congo Democrático. Isso faz que a procura seja muito forte localmente. Como o produto é colocado no circuito informal, a empresa não precisa de exportar. O preço de venda varia de 13.000 AKz a cada 20 Kg de Carapau, 5.500 AKz para a cavala e 3.500 a 5.000 AKz para a Sardinella (Sardinha). Durante vários anos, a pesca do Carapau foi indiscriminada. Entretanto uma veda da pesca está sendo aplicada: Janeiro a Março no Norte, de Abril - Junho a Sul, e Maio a Julho em Benguela. Na época da proibição da pesca do carapau, a sardinha constitui uma das espécies pescadas para a fábrica poder sobreviver Muitas vezes, durante o período de veda, os barcos industriais (não angolanos) penetram em zonas proibidas e pescam. No entanto, existe um fenómeno de arraste ilegal que usa malhas pequenas e sem licença Entre os principais problemas mencionados existem: • dependência de geradores e, portanto, de combustível para ligar as máquinas, não é possível confiar na energia pública; • a falta de moeda estrangeira (dólares, euros) que são as únicas moedas aceites no exterior e, portanto, necessárias para a compra de equipamentos (redes e outros) e também a compra de peixe no exterior (especialmente carapau) quando há escassez em Angola, condicionam a operacionalidade da fábrica. São atribuídas quotas para a compra de produto (Congele tem 1000 T), mas a essa quota de produto não corresponde a entrega, pêlos bancos, da divisa correspondente, por isso é praticamente impossível importar;

91 http://www.angolabelazebelo.com/category/baia-farta/

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• concorrência para comercialização informal do produto. Acontece que os pescadores vendem, fazendo transbordo no mar, parte das capturas. Planta de Guanda Pesca (Baia Azul)92 É um novo empreendimento; as instalações da província de Benguela já estão em construção. Avaliado em USD 41.984.000.00 (quarenta e um milhões e novecentos e oitenta e quatro mil dólares), o projecto vai produzir mais de três mil toneladas de peixe seco e criar 605 postos de trabalho directos e indirectos, maioritariamente nacionais. Tem um socio chinês. Implementado numa área de sete hectares, o projecto comporta duas fases, sendo a primeira de captura, congelação e produção de peixe seco, enquanto a segunda prevê a produção de 1800 toneladas de óleo de peixe e 6 mil toneladas de farinha de peixe93. Não foi possível visitar o sistema de lixo feito péla equipa chinesa. Namibe ETS Namibe (www.astangola.com) O “African Selection Trust SA” foi fundada com o objetivo de remodelar e construir fábricas de pesca para maximizar a produção, garantir a criação de emprego para combater a pobreza e estabilizar a segurança alimentar em Angola. O grupo de pesca está localizado no sul de Angola, na província do Namibe. As principais espécies utilizadas para o congelamento em blast freezer a -30 °C são Sardinella maderensis e S. Aurita A embalagem é com caixas de 20 kg (2 x 10 kg) em sacos de plástico que estão dentro de caixas de cartão. O tamanho das sardinhas é dividido em: 18 cm (pequeno), 22 cm (médio) e 25 cm (grande). Existe um laboratório para controlos qualitativos.ATS também compra peixe de outros barcos de pesca angolanos. NAVIO DE TRANSPORTE O navio “Carlotta” transporta peixe e óleo de peixe de Angola para a Namíbia. O navio de carga RORO pode transportar até 700 toneladas de carga, foi recentemente remodelado. Navios de pesca do AST

92 Figuras 84, 85 (85A) do Anexo fotogafico 93 http://m.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/economia/2017/6/29

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• 100 toneladas; • 200 casco de fibra de vidro, pelágico CSW de 200 toneladas; • 400 casco de aço, pelágico RSW de 400 toneladas. ETS FABRICAS DO GRUPO Todas estão Localizadas no Tombwa (província de Namibe, sul de Angola) PESCA FRESCA LDA94 Produção de farinha de peixe: • A fábrica foi comprada na China, instalada e inaugurada oficialmente em Outubro de 2010 • Mercados: Namíbia, África do Sul e Oriente RJ INDUSTRIAL E COMERCIAL LDA • Produz farinha de peixe e óleo de peixe • Mercados: Namíbia, África do Sul e Oriente (Japão, Taiwan, etc.) Note-se que o CEO da empresa em Angola declarou que para a produção de farinha e óleo de peixe eles pretendem usar os restos das outras fabricas (de outros empresários) para não usar para esta produção um produto que pode ser usado para consumo humano directo. Esta afirmação vai na direcção das declarações do Ministério das Pescas que desejam reduzir a produção de farinha de peixe. EMPESUL LDA • Produz peixe congelado • Vendido em embalagens de 20 kg • Mercados: vendidos localmente, os clientes fornecem o próprio transporte • Principalmente Sardinella; Quando disponível, também o carapau • Salas de armazenagem de - 18 graus AFS Angolan Freight Services, foi formada péla AST para lidar com a logística / exportações do grupo e para manter contacto com os clientes. RIBA • Produz peixe congelado • Vendido em caixas de 20 kg • Mercados: vendidos localmente e exportados.

94 Figuras 93, 94 do Anexo fotografico

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• Principalmente Sardinella; quando disponível, cavala • Salas de armazenagem de - 18 graus GATO • Produz peixe congelado • Vendido em caixas de 20 kg de peixe congelado • Mercados: vendidos localmente e exportados. • Principalmente Sardinella; quando disponível, cabana e cavala • Salas de estocagem de - 18 graus PES-SUL95 Nova fábrica de conservas. A fábrica processa cavala, carapau, sardinela e atum. A fábrica foi completamente restaurada. Tem todas as novas máquinas, o boxe é automático, acaba de ser inaugurada. Pode processar algumas centenas de toneladas de peixe por ano. O CEO da empresa em Angola informou que eles estão planeando continuar a investir no país, mas também sofrem com a falta de controlo sobre os grandes navios industriais, particularmente os russos, que, segundo ele, pescam mais peixe do que o permitido, tanto dentro das águas angolanas como fora delas. O controlo do “stock” e o cumprimento dos TAC são essenciais para desenvolver o sector de forma sustentável e duradoura. Mercados de vendas informais96 Durante a missão, vários mercados informais (bem como alguns supermercados) e, em particular, dois mercados de desembarques de produtos, Mercado da Ilha e Mobunda em Luanda, um mercado de peixe “geral” em Baia Farta e um mercado de rua no Namibe. Infelizmente, não foi possível visitar o mercado do Lubango péla rejeição violenta de uma autodenominada “responsável”. Esses mercados têm traços comuns e características diferentes devido à sua peculiaridade. Organização Todos os mercados, embora com uma aparência caótica, dependem de uma organização informal, mas extremamente eficiente e eficaz. Existe um “director/directora de mercado” que é responsável por organizar o mesmo. Não era possível saber mais do que isso porque o tempo não foi suficiente para fazer uma conversa com os directores que estavam particularmente ocupados no seu trabalho durante as visitas. Os mercados nacionais dependem do Ministério do Comércio, que é responsável por cobrar um imposto sobre a colocação no mercado e

95 Figuras de 86 a 92 do Anexo fotografico 96 Figuras de 102 a 112, 115, 127 – 130 a 140 do Anexo fotografico

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provavelmente teria estatísticas importantes sobre o funcionamento dos mercados, mas infelizmente não conseguimos descobrir. Os mercados têm protecção policial, protecção do Ministério das Pescas, e (nos mercados de desembarque) assim como, da Guarda da fronteira, para evitar confrontos e/ou entrada de imigrantes ilegais ou de substâncias ilegais ou ilícitas. Não tivemos conhecimento da existência de uma auditoria fiscal de bens e transacções. Em todos os mercados, existe também uma (ou mais) organização interna, não oficialmente constituída, mas extremamente efectiva e vasta. Existe, de facto, uma hierarquia clara entre as pessoas que compram (em geral mulheres) tanto para venda como para transformação. Por exemplo, no mercado da Ilha, a organização das zungueiras consiste em uma (ou duas) mulheres que dirigem a organização empresarial e de trabalho e um “conselho” de outras seis mulheres, esta organização é assim dirigida por oito mulheres. Elas lidam com o produto e também com a moeda necessária para as compras. Elas também fazem a gestão do marketing para os países vizinhos e, portanto, a organização dos transportes. Situação higiénico-sanitária Em todos os mercados visitados, incluindo o de Lubango (só foi possível ver as condições sem poder conversar com nenhum operador), as condições sanitárias são desastrosas. Nos mercados de desembarque, as “chatas” são usadas para retirar o produto de embarcações semi-industriais97, ora esses barcos são normalmente alimentados por um remo traseiro e são usadas diariamente para esse trabalho. Os barcos são feitos de madeira e, portanto, absorvem fluidos orgânicos, como muco, sangue, etc., desenvolvendo bactérias, e outras substâncias tóxicas e nocivas. Os barcos não são limpos e geralmente a captura está na parte inferior do barco sem qualquer tipo de protecção e muitas vezes em poças de água. Os operadores não estão adequadamente vestidos, manipulam bens e dinheiro ao mesmo tempo, trabalham com as mãos sem luvas de protecção, e não têm qualquer ideia das medidas sanitárias com que o produto deve ser tratado. Nos vários mercados visitados, havia grandes áreas cheias de lixo e água estagnada. Em muitos dessas poças de água havia material orgânico em decomposição, como vísceras de peixe ou outros materiais de resíduos orgânicos. São condições ideais para o desenvolvimento de viveiros de insectos, mosquitos e, em particular, moscas. Estas últimas são extremamente numerosas e muitas vezes cobrem inteiramente o peixe que se encontra à venda. O lixo também está espalhado e presente em todos os lugares98. Nos mercados da Ilha e Mabunda, a drenagem das águas poluídas da cidade atravessa o mercado e são lançadas directamente nas águas do porto/praia. Como

97 Figura 102 do Anexo fotografico 98 Figura 103 do Anexo fotografico

109

consequência, nos mercados, há ratos e outros animais, como cães e até pássaros que se alimentam dos resíduos. O processamento de peixe, como a evisceração, ocorre directamente no chão ou, na melhor das hipóteses, em uma placa de madeira99. É realizada sem luvas e com a mesma faca que não é lavada. As entranhas permanecem no chão até que sejam (geralmente) lançadas nas águas do porto (mercados de desembarque) ou em alguma pilha de lixo. O peixe é pré-salgado por imersão em salmoura preparada com uma concentração de sal controlada100, ou utilizando água do mar, sendo depois, após um tempo considerado adequado, colocado a secar em andaimes feitos de madeira e rede. A rede em que o peixe é colocado não é higienizada ou substituída. No mercado da Ilha, o secador não é senão o telhado do lugar onde o peixe é trabalhado e, portanto, está exposto às intempéries e aos insectos.101 Uma vez seco, o peixe é colocado em grandes pilhas e depois dividido em “tambores” de 80 Kg. É depois acondicionado para transporte, utilizando-se para o efeito uma tela, na maioria das vezes velha e suja.102 O peixe fresco para venda imediata é colocado em cestas de plástico e depois transportado, geralmente na cabeça, até ao ponto de venda nas ruas ou de porta a porta.103 As mesas de peixe são placas de madeira simples nas quais os produtos são trabalhados quando não se coloca em caixas directamente no chão. Em alguns casos muito raros, foi possível notar a adição de gelo no produto, mas em quantidades pouco significativas.104 A venda é feita sem qualquer saneamento preventivo, o produto e o dinheiro são manuseados com as próprias mãos sem qualquer protecção. O produto vendido de forma directa é colocado em sacos de plástico de baixa qualidade (não para alimentação). O mercado da Baia Farta, que é um dos maiores (se não o maior) mercado de peixe de Angola, está organizado em unidades discretas; ele não tem um desembarcadoiro (ou pêlo menos os consultores não puderam visitá-lo) e o peixe é vendido fresco, mas especialmente seco- salgado ou defumado. As condições higiénicas e sanitárias não diferem visivelmente do acima referido.

99 Figuras 111 e 112 (112A) do Anexo fotografico 100 Figuras 109, 115 e 116 do Anexo fotografico 101 Figuras 115 ate 126 do Anexo fotografico 102 Figuras 128, 129, 130,136 do Anexo fotografico 103 Figuras 107, 108, 110 do Anexo fotografico 104 Figuras 104, 105, 106 do Anexo fotografico

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O mercado do Namibe é um mercado de venda directa (vendas de rua). É realizado em uma área exterior em frente ao mercado fechado da cidade, que não é utilizado. Serviços Os serviços nos mercados visitados são praticamente inexistentes. Excluindo a organização geral descrita acima, deve-se notar que não há: • instalações de armazenamento, como docas, ou qualquer outra estrutura. O desembarque ocorre directamente na praia pélas chatas; • água corrente para lavar os produtos comprados; • uma unidade de energia eléctrica estruturada; • bancos para poder trabalhar ou vender peixe; • câmaras frigoríficas onde manter o peixe; • produção de gelo; • um serviço de recolha de resíduos (que, de facto, acaba no mar); • instalações sanitárias; • drenagem adequada; • cantina/bar, etc.

Logística A logística do mercado está intimamente ligada e dependente dos serviços. O desembarque, como mencionado acima, ocorre através das chatas (nos mercados de pouso). Todos os mercados visitados foram desenvolvidos em terras não urbanizadas para tal efeito, estavam na praia (Ilha, Mabunda), em uma parcela (Baia Farta, Lubango) ou péla estrada (Namibe). Não há estradas de acesso, os lotes de estacionamento são pobres e não há áreas para carregar e descarregar. Sanitários básicos inexistentes, embora em Mabunda houvesse um raspador para recolher o lixo e enterrá-lo. Não há esgotos. Os mercados geralmente estão localizados ao longo das estradas normais de trânsito e as entradas para eles são difíceis. Conclusão Os mercados informais em Angola precisam de ser totalmente restaurados. A situação higio-sanitária é desastrosa em todos os aspectos, tanto que pode ser considerada perigosa para a saúde pública. Isso é confirmado péla pesquisa realizada pêlo INIP (que encontrou um nível muito elevado de bactérias e microorganismos nocivos) e pélas entrevistas a consumidores que frequentemente têm sintomas que podem ser atribuídos a altos níveis de histamina em produtos alimentares, ou envenenamentos devido a outros tipos de poluição alimentar (bacteriológica). Todos os comportamentos relatados como

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negativos ou perigosos pélas organizações internacionais de saúde são habituais nestes mercados. A logística é extremamente precária mesmo considerando que os mercados foram visitados em um período seco, certamente que essas condições se deterioram consideravelmente durante a estação chuvosa. O positivo é que existe uma organização já desenvolvida, sobre a qual uma acção de melhoria incisiva e duradoura pode ser feita. Namibe, por exemplo, tem a infra-estrutura de um mercado que poderia ser reabilitado105 com uma despesa bastante modesta e teria o potencial de se tornar um mercado com bons níveis (em comparação com os actuais) do ponto de vista logístico e de serviço, assim como também do ponto de vista higio-sanitário. Poderia se fazer um projecto piloto, nesse sentido. Obviamente, os operadores devem ser obrigados a usar a instalação através de um sistema de incentivos e proibições a serem cuidadosamente estudados. O sector informal, portanto, é um motor comercial muito importante do ponto de vista económico, mas ao mesmo tempo é um perigo para a saúde dos consumidores. A acção a levar a cabo é, portanto, a de valorizar os seus pontos positivos e eliminar gradualmente os factores negativos.

105 Figuras 141-143 do Anexo fotografico

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6. Importação e Exportação

6.1 Introdução Após a independência, e especialmente após a guerra civil, Angola baseou a sua economia nas exportações de petróleo e, em menor medida, nos diamantes. Todos os bens de consumo foram importados, o que, por um lado, destruiu completamente as empresas locais (especialmente as pertencentes ao sector primário) e, em segundo lugar, criou uma dependência absoluta das importações. A repetida instabilidade do petróleo desencadeou uma crise muito acentuada, ligada não só ao fenómeno da “doença holandesa” (em inglês Dutch Desease), mas também a uma crise monetária com a falta de uniformidade nos mercados internos. A crise financeira é um impasse económico geral em muitas áreas do país. O sector das pescas não é uma excepção, com repercuções consideráveis, teve que se adaptar à situação. Quase 93% das exportações de Angola em 2016 foram o petróleo bruto e derivados, que aumentaram mais de 3.500 milhões de euros em relação a 2015, mas o país precisa de importar produtos agrícolas, os quais representam 10% do total importado106 107. Angola continua a ser, portanto, fortemente dependente das exportações de petróleo e importações de produtos alimentares apesar do crescimento que o sector agrícola registou. De 2015 a 2016, as exportações de produtos agrícolas aumentaram 44,79%, atingindo o valor de 17,858 milhões de kwanzas (96,5 milhões de euros), representando uma participação de mercado de 0,37% do total108. As importações de produtos alimentares caíram 22,89% em 2016 para 103,644 milhões de Kwanzas (560,5 milhões de euros), representando 5,12% do total. Em geral, as exportações angolanas aumentaram 18,76% em 2016, totalizando 4.803 trilhões de Kwanzas (25,9 bilhões de euros), enquanto as importações diminuíram 22,37% para 2.024 trilhões de Kwanzas (€ 10,9 bilhões). Em 2016, a balança comercial de Angola (incluindo reimportações e reexportações) registou um excedente de 2.779 trilhões de Kwanzas (15 bilhões de euros), quase o dobro do resultado de 2015109. As estatísticas oficiais do INE (Instituto Nacional de Estatística) para o sector da pesca e da aquicultura parecem não ser muito confiáveis, sendo, portanto, difícil definir intercâmbios reais. A falta de confiabilidade dos dados deriva, em parte, do sistema de recolha dos

106ICE Roma 26 Giugno 2017 / http://mefite.ice.it/CENWeb/ICE/News/ICENews.aspx?cod=94845&Paese=330&idPaese=330 107 Anuario Commercio esterno INE – 2016 108 ICE Panorama Internazionale, 26 GIUGNO 2017, ANGOLA HA SPESO IL 10% DELLE IMPORTAZIONI NEL 2016 IN PRODOTTI AGRICOLI, http://mefite.ice.it/CENWeb/ICE/News/ICENews.aspx?cod=94845&Paese=330&idPaese=330 109 ICE LUANDA do dados Anuário comercio esterno INA 2016

113

mesmos, tendo sido detectado, com a ajuda de um especialista em estatística, erros grosseiros. Estes já tinham sido encontrados durante a missão, na reunião de trabalho final, já que a denominação das espécies exportadas e importadas estavam erradas. O banco de dados usado para compilar as estatísticas parece obsoleto e inadequado. A fim de poder ter dados mais confiáveis, seria necessário efectuar uma pesquisa às bases de dados da EU, permitindo assim, cruzar os dados de importação da UE com os dados de exportação angolanos. Uma primeira análise mostra uma série de erros, mas não se avançou na análise, porque é uma tarefa muito específica e aprofundada que vai para além dos objectivos desta missão. 6.2 Importações e exportações de produtos do mar Como se afigura pela leitura dos pontos que se seguem, convém salientar que os dados oficiais não são fiáveis e diferem segundo várias ordens de grandeza em função da fonte. Foram analisados os dados disponibilizados por diversos organismos, nomeadamente os dados fornecidos pela “Administração Geral Tributária” de Angola, os dados oficiais fornecidos às Nações Unidas (UN COMTRADE110), a base de dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação ( FAO111 112) e os dados da UE113. A partir da análise dos dados estatísticos da FAO114 no que respeita às importações, exportações e produção, ressalta em primeiro lugar a enorme disparidade entre os tipos de produtos exportados e importados. Se tivermos em consideração os dados disponíveis dos últimos 10 anos (2006-2015), os primeiros situam-se em 29 ao passo que os segundos ascendem a 322. Se se considerarem apenas os últimos cinco anos (2011-2015) a proporção é de 8 para 213. Mais especificamente, constata-se não existir uma redução considerável dos produtos exportados e importados, mas sim a sua substituição parcial, o que indica uma adaptação às solicitações/necessidades dos mercados externos (exportação) e internos (importação) É ainda interessante constatar que, enquanto os dados das exportações são todos inferidos da FAO, os das importações são na sua maioria fornecidos por uma autoridade nacional, angolana (importações) ou de países exportadores ou, muito provavelmente, resultam do cruzamento de dados.

110 https://comtrade.un.org/ 111 http://www.fao.org/fishery/statistics/software/fishstatj/en 112 www.fao.org/fishery/static/Yearbook/YB2015_CD_Master/index.htm (Fishery and Aquaculture Statistics Yearbook 2015 (FAO 2017) 113 THE EU FISH MARKET 2017 - WWW.EUMOFA.EU 114 Ver Anexos

114

6.2.1 Produtos e países de origem

De acordo com os dados produzidos pélas importações da AGT para os anos 2014-2015-2016 e no primeiro trimestre de 2017, os países de origem dos produtos da pesca importados para Angola são 61115.

Tabela 6.1: Lista dos principais fornecedores de produtos da pesca e da aquicultura a Angola. Produto 0305 Peixes secos, salgados ou congelados; peixes fumados, próprios para alimentação humana (inclui o bacalhau seco)

2011 2012 2013 2014

Exporters Quantidade Quantidade Quantidade Quantidade (toneladas) (toneladas) (toneladas) (toneladas)

World 104,885 22,064 70,989 45,023

Norway 3,967 4,954 20,624 34,086

Portugal 100,625 16,966 45,976 7,533

Belgium 95 32 247 216

United Arab Emirates 56

Uruguay 2,643 2,807

Congo, Democratic Republic 12 of the

United States of America 29 35 29 55

South Africa 9 4 5 15

Korea, Republic of 3 3 2 1

Sources: ITC calculations based on UN COMTRADE statistics since January, 2007. ITC calculations based on Angola Permanent Mission to the United Nations in Geneva and the Direcção Nacional das Alfândegas de Angola statistics until January, 2007

6.2.2 Evoluçâo das importações

Os dados disponíveis do INE permitem-nos dizer que sempre houve um desequilíbrio nas importações do Capítulo 03 (Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos) para todos os anos disponíveis (2011, 2012, 2015) menos do que 2016, onde as importações e exportações do regime pautal 03 são quase iguais. Não obstante os dados estatísticos diferirem dos do INE, os da FAO confirmam o défice na balança comercial angolana no que diz respeito ao sector dos produtos da pesca e da aquicultura. Enquanto pêlo menos até 2015 (últimos dados disponíveis) as importações e as exportações

115 AFEGANISTÃO, ÁFRICA DO SUL, ALEMANHA, ARÁBIA SAUDITA, ARGENTINA, AUSTRALIA, BANGLADESH, BELGICA, BRASIL, CANADÁ, CHILE, CHINA, CHIPRE, CONGO, CONGO, REPUBLICA DEMOCRATICA, DINAMARCA, EGIPTO, EMIRATOS ARABES UNIDOS, ESPANHA, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, FILIPINAS, FRANÇA, GIBRALTAR, HOLANDA, HONG KONG, INDIA, INDONESIA, ISLANDIA, ISRAEL, ITALIA, JAPÃO, LIBANO, LUXEMBURGO, MALASIA, MARROCOS, MAURÍCIAS, MAURITANIA, MÉXICO, MOÇAMBIQUE, MONTENEGRO, NAMÍBIA, NIGÉRIA, NORUEGA, NOVA CALEDONIA, NOVA ZELANDIA, PAQUISTÃO, PERÚ, POLONIA, PORTUGAL, QUENIA, REINO UNIDO, REPÚBLICA DA COREIA, SENEGAL, SINGAPURA, SUIÇA, TAILÂNDIA, TANZANIA, TURQUIA, URUGUAI, VIETNAM, ZAMBIA. AGT statistic – 2014,15,16,17 (Junio)

115

registaram os mesmos valores dos três anos anteriores, de notar um acréscimo significativo em relação aos dados do período quinquenal anterior (2006-2010) No que diz respeito aos dados da FAO referentes às importações, estes são maioritariamente disponibilizados por terceiros e não inferidos da FAO. Para os últimos cinco anos disponíveis (2011-2015), registam-se 213 tipos de produtos que pecam por excesso quando comparados com o somatório dos dados declarados (322 tipos de produtos) nos últimos 10 anos. No entanto, trata-se mais de uma substituição do tipo de produto (ou de uma alteração na interpretação) do que de uma redução das importações. Os tipos de produtos que apresentam, independentemente da quantidade e da apresentação, uma continuidade das importações são os seguintes: • Crustáceos: o Diferentes espécies de lagostas, caranguejos em diversas apresentações, camarões (camarões e lagostins, em diversas apresentações), outros crustáceos • Moluscos: o Sobretudo chocos e lulas, bem como uma determinada quantidade de polvos. • Vários produtos de peixes: o Pescadas da espécie Merluccius (bacalhau e abrótea) em várias apresentações, cavalas (sardas et al), salmonídeos (salmões-do-atlântico et al), sardinhas, espadartes, atum (Thunnus) e uma enorme variedade indeterminada de peixes importados secos, salgados ou em salmoura, congelados e fumados Tem-se assistido nos últimos anos (desde 2014) a uma entrada e a um forte aumento das importações de percas-do-Nilo (Lates niloticus) e de tilápias (Tilapia spp; Oreochromis spp) Quantidade:. No que concerne ao tipo de produtos mais importados (média aritmética em 2014/2015) e tendo em conta apenas os produtos que excedem as 1.000 toneladas temos:

Tabela 6.2: Produtos importados por ordem de importância (T) Jack and horse mackerel, frozen 57.417 Sardines, 116sardinellas, brisling or sprats, prep. Or pres., not minced 31.808 Fish, frozen 26.681 Fish dried, whether or not salted 10.928 Cods nei, dried, whether or not salted 8.749 Jack and horse mackerels, fresh or chilled 5.747 Tunas prepared or preserved, not minced 5.450 Mackerels nei, frozen 4.014 Tilapias, frozen 3.270 Gadiformes nei, frozen 1.638

116

Catfish, frozen116 791 Dados FAO – FishStatJ 2017 re-elaborado

Para 2015, os dados da FAO apontam para uma quantidade de produtos importados igual a cerca de 144.600 toneladas Os dados apresentados na tabela (6.3) que se segue são cálculos do ITC baseados nos dados estatísticos fornecidos à UN COMTRADE

2012 2013 2014 2015

Code Product label Imported Imported Imported Imported quantity, quantity, quantity, quantity, Tons Tons Tons Tons

Frozen fish (excluding fish fillets and other fish 0303 91,172 64,980 133,344 162,845 meat of heading 0304)

Fish, fit for human consumption, dried, salted or 0305 in brine; smoked fish, fit for human 22,064 70,989 45,023 11,094 consumption

Fish fillets and other fish meat, whether or not 0304 1,245 1,073 33,302 2,520 minced, fresh, chilled or frozen

Molluscs, fit for human consumption, even 0307 smoked, whether in shell or not, live, fresh, 450 464 883 387 chilled,

Crustaceans, whether in shell or not, live, fresh, 0306 1,190 856 5,620 759 chilled, frozen, dried, salted or in brine

Fish, fresh or chilled (excluding fish fillets and 0302 74 278 11,091 4,171 other fish meat of heading 0304)

Aquatic invertebrates other than crustaceans 0308 10 1 and molluscs, live, fresh, chilled, frozen, dried

0301 Live fish 3 6 6 1

Fonte: Cálculos do ITC baseados nos dados estatísticos fornecidos à UN COMTRADE desde Janeiro de 2007 Dados baseados nos dados reportados pelos parceiros comerciais (mirror data) em itálico - negrito (é notória a disparidade) Cálculos do ITC baseados nas estatísticas da Missão Permanente de Angola junto da Organização das Nações Unidas em Genebra e a Direcção Nacional das Alfândegas de Angola" até Janeiro de 2007.

Os dados apresentados nos quadros anteriores indicam que os dados não são coerentes (consistentes); segundo os dados estatísticos da FAO para os mesmos anos, constata-se uma diferença substancial nas categorias equiparáveis.

116 Os peixes-gato (bagres/catfish) estão indicados devido ao seu valor comercial (ver tabela de preços)

117

Tabela 6.4 Comparação entre dados COMTRADE e dados da FAO 2012 2013 2014 2015 Frozen fish (excluding fish fillets and other fish 303 91.172 64.980 133.344 162,845 meat of heading 0304) FAO Fish, frozen, nei 20.264 24.681 43.762 9.600 Fish, fit for human consumption, dried, salted 305 or in brine; smoked fish, fit for human 22.064 70.989 45.023 11.094 consumption FAO Fish dried, whether or not salted, nei 5.180 18.334 19.823 2.032 Fish fillets and other fish meat, whether or not 304 1.245 1.073 33.302 2.520 minced, fresh, chilled or frozen

FAO Fish fillets, fresh or chilled, nei+ Fish fillets, frozen, nei 1.158 943 300 77

O acima exposto explica a complexidade em identificar e avaliar com rigor determinados dados, muito devido à ausência de códigos harmonizados para os produtos da pesca entre as várias instituições nacionais e internacionais (ainda que pertencentes à mesma organização-mãe - Nações Unidas - como a COMTRADE e a FAO) Segundo os dados da FAO, o total das importações em 2015 é igual a (cerca) 144.600 toneladas.

6.2.3 Preços de importação O valor dos produtos da pesca e da aquicultura também difere segundo várias ordens de grandeza em função de uma série de parâmetros que normalmente não são referidos nas estatísticas. Assim sendo, o custo de um produto pode, por exemplo, variar em função de: • tamanho dos indivíduos da espécie considerada • quantidade de gelo que cobre o produto da pesca (vidragem), a qual pode variar entre 1 e 50% do peso do produto. • apresentação, inteiro, eviscerado, sem cabeça e sem rabo, etc. • aspecto exterior, que compreende igualmente a cor e a integridade anatómica, etc. • etc. O preço também está sujeito a alterações consoante a época do ano, o país de origem e de destino, e a produção mundial dessa espécie ou de outras espécies. O sector dos congelados é fortemente influenciado por grandes grupos económicos que controlam os mercados e que muitas vezes compram a produção com base em dados previsionais baseados nos cálculos da disponibilidade em stock. As declarações constantes dos documentos de acompanhamento do produto seguem uma lógica comercial, que nem sempre declara os valores reais e que apresenta diferenças significativas no contexto do mercado mundial dos produtos em causa. Os preços declarados no sistema angolano em vigor, o HS, não faz referência a estes detalhes. Os dados das várias entidades internacionais, como os disponíveis no portal ITC - Mapa comercial (com base em UN COMTRADE), são

118

apresentados de forma agregada e mostram os valores dos produtos que devem ser desagregados para fornecer mais informações. Da mesma forma, os dados da FAO são indicados em grande parte sob a forma agregada, ainda que a agregação não siga o mesmo critério da instituição homóloga que se ocupa do comércio (COMTRADE das Nações Unidas). Um encontro com alguns operadores do sector (importação/exportação de produtos da pesca) confirmou as dúvidas sobre os limites de fiabilidade dos dados. Por conseguinte, os dados apresentados, muito embora sejam os oficiais, podem não reflectir a realidade do sector e por isso devem ser lidos e sujeitos a verificação. Após o valor mais alto registado em 2015, quase duas vezes as importações registadas em 2011, há uma redução drástica nas importações, de 25 para 16 bilhões de Kwanza.

Tabela 6.5 - Importação Segundo Secções e Capítulos do Sistema Harmonizado de Pauta Aduaneiras

Anos 2011 2012 2015 2016

Secção e Designação de Milhões Akz M. Akz M. Akz M Akz capítulos categorias (X 1.000.000)

Secção I, Peixes e Crustáceos, 2.306 4.154 6.800 16.059 Capítulo 03 Moluscos e Invertebrados Aquáticos USD USD USD USD 14.018.237 25.252.279 41.337.386 97.623.100 Origem: Anuario Comercio Externo 2012 e 2016, INE (Istituto Nacional de Estadística) Na tabela 6.5 na análise sobre as importações, só foram considerados os dados com uma certa consistência, foram assim, ignorados os dados não relevantes. Para o código pautal 1604 (processado / preparado), temos as seguintes categorias de produtos 1300 -- Sardinhas, sardinelas e espadilhas

1400 -- Atuns e bonitos (Sarda spp.)

1500 -- Sardas e cavalas

1600 -- Anchovas

Na tabela 6.6 regista-se a importação relativa a Peixes e Crustáceos, Moluscos e Invertebrados Aquáticos, de acordo com o código pautal 03.

Tabela 6.6 - Importação código 03 Peixes e Crustáceos, Moluscos e, INE 2016

119

Código pautal Designação de categorias Akz USD117 03021100 --Trutas (Salmo trutta, Oncorhynchus mykiss) 732 259 4.411,20

03021300 --Salmões do pacifico (Oncorhynchus nerka, 46 715 539 281.418,91 03021400 Oncorhy-- Salmões do atlântico (Salmo salar) e salmões 190 503 840 1.147.613,49 03024300 do--Sardinhas (Sardina pilchardus, sardinops spp.), 3 412 384 20.556,53 03024510 ---Carapaus 176 283 382 1.061.948,08 03025100 --Bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua), 2 752 039 16.578,55 03027100 bacalha--Tilápiasu- d(Oreochromis spp.) 2 261 773 13.625,14 03031100 --Salmão(Oncorhynchus nerka) 18 443 161 111.103,38 03031200 --Outros salmões (salmões-do-Pacífico) 30 203 734 181.950,20 03031300 (Oncorhynch--Salmões (Salmo salar e Hucho hucho) (salmão- 26 538 984 159.873,40 03031400 do--Trutas-A (Salmo trutta, Oncorhynchus mykiss, 300 990 1.813,19 03031900 Oncor--Outros 40 831 847 245.974,98 03032300 --Tilápias (Oreochromis spp.) 377 349 107 2.273.187,39 03032400 --Bagres (Pangasius spp., Silurus spp., Clarias sp 23 547 441 141.852,05 03035300 --Sardinhas (Sardina pilchardus, sardinops spp.), 53 868 413 324.508,51 03035400 --Sardas e cavalas (Scomber scombrus, scomber 27 687 857 166.794,32 03035510 aust---Carapaus 9 769 187 622 58.850.527,84 03035520 ---Chicharros ( Trachurus spp.) 247 343 1.490,02 03035700 --Espadarte (Xiphias gladius) 8 114 922 48.885,07 03036300 --Bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua), 277 176 593 1.669.738,51 03038900 bacalhau--Outros - d 809 438 842 4.876.137,60 03043100 --Tilápias (Oreochromis spp.) 23 351 127 140.669,44 03043200 --Bagres (Pangasius spp., Silurus spp., Clarias sp 53 804 411 324.122,96 03044100 --Salmões (Oncorhynchus nerka, Oncorhynchus 9 762 550 58.810,54 03044200 gor--Trutasbu (Salmo trutta, Oncorhynchus mykisss, 18 279 110,11 03045200 Onco--Salmonídeos 369 604 2.226,53 03046100 --Tilápias (Oreochromis spp.) 21 566 803 129.920,50 03046200 --Bagres (Pangasius spp., Silurus spp., Clarias sp 34 147 018 205.704,93 03047100 --Bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua), 118 021 283 710.971,58 03048100 bacalhau--Salmões-d ( Oncorhynchus nerka, Oncorhynchus 21 027 818 126.673,60 03049300 gorbu--Tilápias (Oreochromis spp.), bagres (Pangasius 74 163 135 446.765,87 03053900 s-- Outros 58 443 660 352.070,24 03054100 --Salmões (Oncorhynchus nerka, Oncorhynchus 38 892 170 234.290,18 03054300 gorbus--Trutas (Salmo trutta, Oncorhynchus mykisss, 885 665 5.335,33 03054400 Onco--Tilápias (Oreochromis spp.), bagres (Pangasius 1 029 954 6.204,54 03055100 s-- Bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua), 1 096 359 370 6.604.574,52 03055900 bacalhau--Outros - d 592 156 738 3.567.209,27 03056200 --Bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua), 205 579 493 1.238.430,68 bacalhau-d 15041000 - Óleos de fígados de peixes e respectivas fracçõe 170 135 1.024,91 15050000 Suarda e substâncias gordas dela derivadas, 11 809 71,14 inclui 16041100 -- Salmões 3 151 503 18.984,96 16041300 -- Sardinhas, sardinelas e espadilhas 2 171 902 215 13.083.748,28 16041400 -- Atuns e bonitos (Sarda spp.) 2 746 317 983 16.544.084,23 16041500 -- Sardas e cavalas 131 077 046 789.620,76 16041600 -- Anchovas 379 839 2.288,19 16041900 -- Outros 38 726 646 233.293,05 16042000 - Outras preparações e conservas de peixes 171 121 986 1.030.855,34 16043100 -- Caviar 10 058 517 60.593,48 16043200 -- Sucedâneos de caviar 3 056 156 18.410,58 16051000 - Caranguejos 5 042 846 30.378,59 16052100 -- Não acondicionados em recipientes 3 246 523 19.557,37 16052900 hermeticament-- Outros 36 777 436 221.550,82 16054000 - Outros Crustáceos 2 190 519 13.195,90

117 Cambio Inforeuro - http://ec.europa.eu/budget/contracts_grants/info_contracts/inforeuro/index_en.cfm 1USD=166Akz (06/2016)

120

16055100 -- Ostras 1 115 054 6.717,19 16055200 -- Vieiras e outros mariscos 774 832 4.667,66 16055300 -- Mexilhões 402 748 2.426,19 16055400 -- Chocos, sepiolas, potas e lulas 7 550 692 45.486,10 16055500 -- Polvos 981 956 5.915,40 16055600 -- Amêijoas, berbigões e arcas 227 088 1.368,00 16055800 -- Caracóis, excepto os do mar 1 452 770 8.751,63 16055900 -- Outros 3 159 736 19.034,55 16056300 -- Medusas (águas-vivas) 62 612 377,18 16056900 -- Outros 7 359 584 44.334,84

23012000 - Farinhas, pós e pellets, de peixes ou crustáceos 210 256 1.266,60

25011010 -- Acondicionado para venda a retalho (Sal) 1 112 622 871 6.702.547,42 25011020 -- A granel 940 257 5.664,20 25011090 -- Outro 125 367 071 755.223,32 25019000 - Outros 250 447 145 1.508.717,74 Origem: Anuario Comercio Externo 2016, INE

No quadro que se segue estão indicados os preços médios de importação de produtos da pesca, por Kg, em 2014, 2015 e 2016, extraídos dos dados estatísticos da AGT118 fornecidos pelo projecto ACOM. A classificação (Nomenclatura) respeita o número de código da Pauta Aduaneira Angolana (Sistema HS) e não tem em conta: as flutuações extremas nos preços nem os dados relativos a quantidades inferiores a uma tonelada (1 000 kg)

Tabela 6.7 - dos preços de importação Codigo pautal Descricao Principale origem Valor FOB / USD- Kg Trutas (Salmo trutta, Oncorhynchus Portugal 11,5 03021100 mykiss, Oncor) Fresco Salmões do pacifico (Oncorhynchus nerka, Portugal 3 -12 03021300 Oncorhy) fresco media pesata 8 --Sardinhas (Sardina pilchardus, sardinops Morocco, Portugal 1,5 03024300 spp.) fresco Namibia, 1 a 4 Mauritania, Media pesata 1,7 03024510 -Carapaus fresco Portugal -Salmão(ONCORHYNCHUS NERKA) Portugal, 1 a 5 03031100 Congelado Media pescata 2,5 Salmões (Salmo salar e Hucho hucho) Portugal 7 03031300 (salmão-do-A) Congelado China, India, 0,5 a 1,5 03032300 Tilápias (Oreochromis spp.) Congelado Mauritania Media pesata 1 Bagres (Pangasius spp., Silurus spp., China, Vietnam, 1 03032400 Clarias sp) Congelado Nigeria Sardinhas (Sardina pilchardus, sardinops Portugal, 1-4 spp.), sardinelas (Sardinella spp.) Mauritania Media pesata 2,5 03035300 espadilha (Sprattus sprattus) Congelado 0303.55.10 Carapaus – Congelado Bacalhau-do-Atlântico (Gadus morhua) Noruega e 6-12 3047100 seco Portugal Media pesata 8,5 Origem: dados trasmitidos por ACOM

A título de exemplo, a tabela 6.7 indica os produtos que apresentam os volumes de importação mais elevados. Se se observar a coluna dos preços, podemo inferir que não existem grandes oscilações no preço por

118 AGT = Administracion General Tributaria

121

kg. Se considerarmos o código "03032400-bagres", podemos dividi-lo nos seguintes sub-grupos: • Panga ou peixe-gato (Pangasius spp.) do Vietname e da China • Siluro europeu (Silurus spp.) • Peixe preto ou bagre (Clarias sp.) da Nigéria Não obstante os três produtos serem diferentes no aspecto e no preço, com o sistema HS de 8 algarismos não é possível distingui-los; assim, a interpretação destes dados deve ser muito cautelosa. O preço e a conformidade estão em consonância com os dados da FAO (1,35/kg), mas a sua composição não pode ser identificada porquanto a informação disponibilizada está agregada (1041 t em 2015)119 Nos países asiáticos de origem, o preço por grosso do quilo do peixe- gato (Pangasius) está abaixo do dólar (com uma vidragem média de 20%) e o quilo dos filetes pouco acima do dólar (Personal Communication Negroni, 2016), enquanto os preços dos outros 03032400 são mais elevados. Por outro lado, se considerarmos o código 03032300 Tilapias (Oreochromis spp.) congeladas, constatamos que, enquanto os dados da AGT apresentam preços que variam entre 0,5 e 1,5 dólares/kg, os dados da FAO indicam para o mesmo produto um preço médio de 2,50 dólares/kg, o que indica uma discrepância muito significativa entre os dois dados "oficiais". Os produtos de elevado valor, como a truta, o salmão e o bacalhau seco do Atlântico destinam-se a nichos específicos de mercado, isto é, são importados para os clientes ricos dos grandes centros urbanos, enquanto o volume das importações de peixes pelágicos, como a sardinha, o carapau e os peixes de água doce da Ásia, é inferior. Um estudo recente e detalhado120 sobre as importações de peixe em Angola aponta a China como um dos principais fornecedores de Tilápias. Em 2016, Angola importou, em 38 operações, 1.508,63 toneladas. Importou ainda da China: corvina, pescada, carapau, sardinha, peixe- gato e escamudo121 (espécie muito utilizada na gastronomia angolana) Outros produtos cujas importações são indicadas em quantidades muito reduzidas (abaixo da tonelada) são os seguintes: crustáceos vivos e filetes de peixe importados para restaurantes de sushi e sashimi. De acordo com os dados da FAO, as importações (USD x 1000) dos produtos que ultrapassam o milhão de dólares (média aritmética 2014/2015) são apresentados a seguir

119 FisStatJ FAO 120 Setor das Pescas em Angola caminha para a autossuficiência, IVAIR AUGUSTO ALVES DOS SANTOS ⋅ 12 DE DEZEMBRO DE 2016 - Observatório da áfrica, análise da áfrica contemporânea – g r u p o de estudos africanos – i r e l / u n b , https://observatoriodaafrica.wordpress.com/2016/12/12/setor-das-pescas-em-angola-caminha-para-a- autossuficiencia/ 121 Nome africano da espécie Pollachius virens salga y seca.

122

Tabela 6.8 Produtos importados por ordem de importância (USD x 1000) Jack and horse mackerel, frozen 91.466 Fish, frozen 32.852 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, prep. or pres., not minced 25.748 Tunas prepared or preserved, not mince 21.587 Fish dried, whether or not salted 17.596 Cods, dried, whether or not salted 16.501 Jack and horse mackerels, fresh or chilled 14.652 Tilapias, frozen 8.148 Mackerels, frozen 6.943 Shrimps and prawns, other than coldwater, frozen 5.439 Fish, salted or in brine 2.661 Cods, salted or in brine 1.574 Cods, frozen 1.474 Hake fillets, frozen 1.412 Cuttlefish and squid, other than live, fresh or chilled 1.316 Fish fillets, dried, salted or in brine 1.262 Catfish, frozen 1.066

Origem: FAO FishStatJ 2017 (ver Anexos)

Segundo os dados da FAO, o montante das importações de produtos da aquicultura ascendeu a (cerca) 226 milhões de dólares em 2015.

6.2.4 Produtos e mercados de exportação

Num documento do Observatório da África122 sobre a pesca, é referido que em 2016 a comercialização de produtos do mar, dentro dos circuitos oficiais, rendeu ao país mais de 30 milhões de dólares (27 milhões de Euros), o que à taxa média oficial de câmbio de 2016 (igual a 164,5), é equivalente a cerca de 5 bilhões de Kwanzas. No entanto, os dados de Alfândega para o código pautal 03 (Peixes e Crustáceos, Moluscos e O. Invertebrados Aquáticos) regista um valor maior que 16 bilhões de Kwanzas. Para além do valor do código pautal 03, devemos também ter presente as receitas do mercado informal, aqui não declarado e quantificado, o que poderá elevar para valores mais altos as exportações de produtos da pesca. Os principais destinos das exportações oficiais de Angola são a nível regional: África do Sul, República Democrática do Congo e Namíbia; a nível extracontinental Espanha, Chile, Peru, Coreia do Sul e Arábia Saudita. Note-se que a China não parece estar presente entre os países onde há uma exportação importante, mas é uma das nações que pescam

122 Setor das Pescas em Angola caminha para a autossuficiência | Observatório da África, ANÁLISE DA ÁFRICA CONTEMPORÂNEA – GRUPO DE ESTUDOS AFRICANOS – IREL/UNB ANGOLA, ECONOMIA - UBLICADO POR IVAIR AUGUSTO ALVES DOS SANTOS ⋅ 12 DE DEZEMBRO DE 2016

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em Angola com um número importante de embarcações de pesca e que apoia activamente este setor. Quanto ao sal, código pautal 2501 (Sal) verificamos que os valores são pequenos; existem algumas exportações para a Namíbia, provavelmente sub-estimadas pela documentação oficial, estes valores foram considerados contraditórios durante uma entrevista com um despachante oficial. A Tabela 6.3 mostra os códigos de repartição da categoria pautal, a descrição do produto e os valores em Kwanza, Dólares e Euros à taxa de câmbio média de 2016123. Tabela 6.9 Apresentação de código pautal e valor (Kwanza e equivalente em USD e Euro) para ExportaçCódigo ão Designação 2016 de categorias Valor em Akz Valor em Dolares Valor em Euros 03021900pautal --Outros 16 058 653 397 97.620.993 88.193.165

15042000 - Gorduras e óleos de 268 144 221 1.630.056 1.472.632 peixes e respectivas 16041300 --fracções Sardinhas, sardinelas e 44 887 061 272.870 246.517 16041400 --espadilhas Atuns e bonitos (Sarda 99 403 604 546 16041900 --spp.) Outros 42 160 256 231 16042000 - Outras preparações e 118 234 719 649 16051000 -conservas Caranguejos de peixes 292 137 725 1.775.913 1.604.402 16052900 -- Outros 120 324 731 660 16055400 -- Chocos, sepiolas, potas 14 786 90 81 e lulas 23012000 - Farinhas, pós e pellets, 1 195 065 027 7.264.833 6.563.224 de peixes ou crustáceos 25011010 -- Acondicionado para 363 108 2.207 1.994 25011090 -- Outrovenda a retalho 4 951 30 27 25019000 - Outros 29 681 180 163 Origem: Anuario Comercio Externo 2016, INE (Istitudo Nacional de Estadistica), Pag 31,35, 38 www.ine.gov.au

Pelos dados fornecidos pela Alfândega temos mais de 1.200 empresas registadas como exportadoras em 2014-15-16 e início de 2017. 6.2.5 Evolução das exportações

Os dados disponíveis, embora agregados para todas as espécies e a nível nacional para os anos 2011, 2012, 2015 e 2016, dão uma indicação clara da direcção das exportações angolanas de produtos da pesca. Os dados oficiais mostram, de 2011 a 2016, que as exportações aumentaram quase sete vezes. É preciso ter presente, como factor limitante para as exportações, que por um lado existe uma procura crescente no mercado interno (embora não saibamos quanto produto está sendo reexportado informalmente) e por outro os TAC estabelecidos pêlo MINPESCAS com base em estudos de biomassa que devem ser respeitados. Além disso, após as visitas feitas no campo, pode-se tomar como hipótese uma quota de

123 http://www.bancaditalia.it/compiti/operazioni-cambi/archivio-cambi/index.html

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exportação de produtos da pesca informal, que se pode assumir como uma percentagem igual a dois dígitos.

Tabela 6.10 Exportação Segundo Secções e Capítulos do Sistema Harmonizado de Pauta Aduaneira Anos 2011 2012 2015 2016 Secção e capítulos Definições Milhões Akz M. Akz M. Akz M Akz (x 1.000.000) Secção I, Capítulo Peixes e Crustáceos, 2.306 4.154 6.800 16.059 03 Moluscos e O. Invertebrados USD 13.975.757 Aquáticos Origem: Anuario Comercio Externo 2016 e 2012, INE (Istitudo Nacional de Estadistica), www.ine.gov.au

Segundo os dados da FAO relativos às EXPORTAÇÕES, os salmonídeos, os óleos de peixe e a farinha de peixe representam o maior volume em toneladas. Em terceiro lugar, encontramos os crustáceos (camarão e lagostins congelados). Nas estatísticas oficiais da FAO, o peixe seco, salgado ou em salmoura, tem um peso significativo na balança comercial (2-4 toneladas de 2011 a 2015). Os carapaus (Trachurus spp.) e as sardinelas (Sardinella spp.) congelados não surgem nas estatísticas. O peso total das exportações ascende a 13.398 toneladas.

Tabla 6.11 – Exportacao – Dados estadisticos FAO – Toneladas124 Commodity (Commodity) 2011 2012 2013 2014 2015 Crabs nei, frozen 10 70 102 81 91 Fish body oils, nei 203 100 16 1.632 2.031 Fish dried, whether or not salted, nei 2 3 4 3 3 Fish liver oils, nei 2 25 - 945 - Fishmeals, nei 1.491 1.680 1.585 2.665 4.350 Salmonoids, fresh or chilled, nei 2.748 8.700 8.200 7.000 5.326 Shark fins, dried, whether or not salted, etc. 19 15 6 7 5 Shrimps and prawns, frozen, nei 609 1.318 1.507 1.284 1.592 Total das exportações 5.084,00 11.911,00 11.420,00 13.617,00 13.398 Origem FishStatJ – FAO Elaborado pelo expertos

6.2.6 Preços da exportação praticados

Os preços de exportação estão sujeitos às mesmas questões apresentadas no capítulo 6.2.3. Os preços de exportação apresentados no quadro que se segue baseiam- se nas estatísticas de 2016 da AGT fornecidas péla ACOM (MINCO); os dados estatísticos disponíveis sobre as exportações e os preços médios por kg (existem oscilações consideráveis que não são tidas em conta: por exemplo, 0.302.43 sardinha congelada exportada a 6,28 dólares/Kg e farinha de peixe exportada a mais de 8 dólares/kg) estão indicados nas estatísticas. A classificação baseia-se na Pauta Aduaneira Angolana (Sistema HS). Foram sempre consideradas as quantidades que ultrapassam os 1 000 Kg.

124 Os dados en amarelo son inferidos pela FAO

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Tabela 6.12 preços indicativos das principais exportações angolanas Codigo pautal Descricao Principale destino Valor FOB / USD-Kg Sardinhas (Sardina pilchardus, sardinops - 0,39 spp.), sardinelas (Sardinella spp.), 0302.43.00 espadilha (Sprattus sprattus) – Fresco 0302.45.10 Carapaus – Fresco - 0,965 0302.47.00 --Espadarte (Xiphias gladius) – fresco Esphana, Portugal 0,96 Esphana, Republica 2,35 0303.33.00 --Linguados (Solea spp.) – Congelado da corea Congo dem. , 1,57* China, Costa do marphil, Gana, --Sardinhas (Sardina pilchardus, Liberia, Nigeria, sardinops spp.), sardinelas (Sardinella Africa du sul, Togo, spp.) espadilha (Sprattus sprattus) – Portugal, Vietnam, 0303.53.00 Congelado Zambia 0303.55.10 ---Carapaus – Congelado 0,96 --Espadarte (Xiphias gladius) – Esphana, China, 0,90 0303.57.00 Congelado Portugal 0306.14.00 --Caranguejos – Congelado Espanha 8,45 --Camarões de água fria (Pandalus spp., Espanha 7,3 0306.16.00 Crangon crangon) – congelado 03061300 --CAMARÕES – congelado Espanha 7,93 --Outros, incluindo as farinhas, pós e Namibia 0,45 pellets de crustáceos, próprios para 0306.19.00 alimentação humana – secado 03055900 --Outros, peixes salgados Congo Republica 0,44 Democratica, Zambia Fonte: ACOM 2014-2015-2016, relatório elaborado pelo consultor sem tratamento estatístico, tendo sido retirados os dados com desvios consideráveis em relação à média.

As estatísticas fornecidas pela ACOM (Fonte MINCO) já foram objecto de uma análise aprofundada realizada por técnicos de TI, cujas fragilidades detectadas deram origem à apresentação de um comentário detalhado. No quadro acima mencionado, só foi possível apresentar os dados a título meramente INDICATIVO graças à experiência dos consultores e aos trabalhos efectuados pêlos peritos no terreno, uma vez que esses dados não se revestem de carácter científico nem foram obtidos de fontes fiáveis. Por conseguinte, e tal como já foi salientado, propõe-se uma acção específica para a recolha de dados estatísticos para o comércio (nacional, regional e internacional) dos produtos da pesca em Angola. Por exemplo, recorde-se que o código "03061300 CAMARÕES - congelado" inclui pêlo menos três espécies de camarão e não considera a vidragem nem o tamanho. Presume-se que é embalado cortado em pedaços de meio quilo/um quilo, com a cabeça. Lamentavelmente, o código HS utilizado em Angola não permite uma identificação mais precisa. Durante os trabalhos de campo, os peritos visitaram o porto de pescas industriais de Luanda, onde recolheram alguns dados sobre os preços FOB das vendas diárias no terminal industrial do Porto de Luanda.

Tabela 6.13 de preços FOB, desembarque dos 92 Tons, 08-08-2017, mercado de Luanda para exportacao

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N Espécie Nome Espécie Nome Classificação Preço FOB Preço comum Cientificoi (tamanho/qualidade) AKz indicativo (caixa)* (X Kg) 03 Anchoveta Pomatomus saltatrix GG 10.850 1550 05 Salmonete Mullus spp 5.735 819 32 “Ronquinha” 6.355 908 35 Matona125 G 10.385 1484 36 Carapau Trachurus spp GG 8.215 1174 36 Carapau Trachurus spp P 6.355 908 37 Sarrajão Sarda sarda 6.665 952 38 Pescada Merluccius polli 7.440 1063 44 Galo Zeus faber GG 8.370 1196 44 Galo Zeus faber G 7.750 1107 49 Mix 6.975 996 52 Marionga Brachydeuterus 5.270 auritus 753 53 Ruivo-Santo Triglidae 5.735 Antonio 819 54 Barbudo Polynemidae spp G 7.595 1085 61 Cachucho Dentex G 6.200 macrophthalmus 886 66 Cavala Scomber japonicus G 5.115 731 74 Calafate Umbrina canariensis G 9.455 1351 *Una caixa 7 Kg

Segundo as estatísticas da FAO relativas ao montante das exportações126, o produto mais importante continua a ser o dos "salmonoídes" com mais de 46 milhões de dólares, seguido dos crustáceos que em 2015 ultrapassam em muito os 15 milhões de dólares, aparecendo a seguir o montante referente à farinha e ao óleo de peixe. O montante total das exportações ascende a 72.626 milhões de dólares

Tabela 6.14- Dados da FAO relativos às Exportações - USD (X 1.000) - Os dados em amarelo/itálico são inferidos pela FAO Commodity (Commodity 2011 2012 2013 2014 2015 Crabs nei, frozen 50 381 748 697 709 Fish body oils, nei 241 115 20 2.030 2.732 Fish dried, whether or not salted, nei 30 47 93 72 126

Fish liver oils, nei 15 286 87 - Fishmeals, nei 2.250 2.211 2.072 5.838 6.780 Salmonoids, fresh or chilled, nei 24.749 43.681 49.147 48.757 46.323 Shark fins, dried, whether or not salted, etc. 873 797 439 320 244 Shrimps and prawns, frozen, nei 6.134 11.744 13.944 14.077 15.712 Total das Exportações 34.342 59.262 66.463 71.878 72.626

Seguem-se algumas observações passíveis de serem retiradas dos dados acima apresentados, ainda que a referência exacta tenha por base as estatísticas oficiais da FAO: • os salmonídeos não surgem entre as espécies pescadas em Angola, não se encontram nas "Fichas FAO de Identificação de

125 Peixe miúdo da costa angolana 126 Na análise, consideramos 2015, o último ano em que temos dados. (FAO 2017)

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Espécies para Actividades de pesca" (em Angola) nem nas estatísticas de produção da FAO (dados de 2015, publicados em 2017). Não há nada que explique este facto relacionado com as espécies consideradas; • espécies como o carapau (Trachurus spp) e a sardinela (Sardinella spp) congelada também não aparecem; • os peixes secos, salgados e em salmoura surgem nas estatísticas com uma tonelagem irrealisticamente baixa; • designadamente o Trachurus spp e a Sardinella spp são as espécies secas, salgadas e congeladas mais exportadas para os países vizinhos através do comércio informal. Com base nas informações recolhidas durante a missão e nos dados extraídos de diversos estudos, a quantidade transaccionada destes produtos representa um total que varia entre 100.000 e 150.000 toneladas de produto exportado; • o preço do kg para a categoria "peixe seco, salgado ou não salgado" apresenta uma discrepância relativamente aos preços normalmente aplicados: 42 dólares/kg127, muito acima dos preços geralmente praticados que variam entre 0,80 e 3 dólares/Kg; • ao analisar os dados, constatamos que as barbatanas de tubarão representam os produtos de maior valor, os quais são vendidos a 48.80 dólares/kg. Este produto tem vindo a diminuir ao longo dos anos devido à pressão exercida pela comunidade sobre a comercialização de tubarões de profundidade pertences à família Squalidae;128 • o segundo produto de valor mais elevado (se se excluírem os valores não fiáveis referentes a peixe seco) é representado pêlos crustáceos (camarão), seguido dos "salmonídeos" com um preço médio de 9.87 e 8.70 dólares/kg; • a farinha de peixe e o óleo de peixe são os produtos que apresentam o valor mais baixo, com um preço médio de 1.56 e 1.35 dólares/kg, respectivamente, à semelhança do que acontece no mercado internacional.

Pêlos dados fornecidos pela Alfândega temos mais de 1.200 empresas registadas como exportadoras em 2014-15-16 e início de 2017.

6.2.7 Comércio regional

Conforme assinalado acima, a República do Congo RDC (juntamente com a África do Sul e a Namíbia) é um dos maiores importadores de

127 3 Ton = 3000; 126.000 USD – 126.000/3000=42 128 Molte specie di squalidi sono in pericolo di estinzione a causa della pressione della pesca. Il “finning” è stato vietato dalla UE e altri paesi come gli USA si stanno muovendo in tal senso. L’opinione pubblica mondiale è sempre più contraria a questo tipo di operazioni. Attualmente molte delle pinne di squalo vendute provengono dal mercato nero.

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produtos aquáticos oficiais, no entanto, tendo por base entrevistas com produtores e comerciantes, bem como com comerciantes informais, constatou-se que uma grande parte dos produtos da indústria pesqueira (negócios informais) destinam-se tanto à República Democrática do Congo quanto ao Congo Brazzaville (peixes pelágicos congelados e salgados / secos). Assim, os negócios informais também acontecem com a Zâmbia. Nenhum outro dado quantitativo está disponível. Além disso, as entrevistas concluíram que uma grande parte das exportações regionais é praticada através do comércio informal

6.3 Exportação acesso aos mercados internacionais O acesso aos mercados internacionais depende de vários factores, sendo os principais os seguintes: • condições económicas; • qualidade higio- sanitária do produto; • qualidade organoléptica do produto; • logística/burocracia; • acordos internacionais de pesca. Conforme destacado no Capítulo 3, o consumo de produtos da indústria pesqueira no mundo está aumentando, de modo que a procura também está crescendo. Os mercados mais desenvolvidos exigem uma maior qualidade e, portanto, condições higio-sanitárias rigorosas que, por sua vez, dependem de operações de pesca e logística adequadas. Melhor qualidade também significa preços de venda maiores. Deve também ser considerado que existem países que preferem produtos de qualidade inferior, apresentando uma alta absorção desses mesmos produtos. A Tabela 6.15 mostra o exemplo de uma matriz hipotética que compara os factores de importância para os países que importam produtos da indústria pesqueira em uma escala de 1 (máximo) para 5 (mínimo). Esta matriz (ou matriz semelhante) também pode ser usada para um único país, a fim de encontrar o produto mais adequado a oferecer.

Tabela 6.15 - Exemplo de matriz para determinar o tipo de produto solicitado 1 maior importância 5 menos importantes Condiçoes Qualidade Qualidade Logistica Acordos economicas sanitaria organoleptica Burocracia internacionais Países con un mercado desenvolvido Regionais 3 ½ 3 2/3 1 Extra-continental 3 1 1 1 1 Paises con alto consumo de pesca Regionais 3 2 3 3 ½ Extra-continental 2 3 ¾ ½ 2/ Paises con alto consumo e baixa qualidade Regionais 1 4/5 5 2/3 4/5

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Extra-continenal 1 ¾ 4 ½ 4/5

Mercados de importação como a União Europeia, os EUA e o Japão ou mesmo a África do Sul têm um foco particular na qualidade sanitária do produto. Do ponto de vista organoléptico, existe uma distinção importante entre os vários países, por exemplo, no norte da Europa há um alto consumo de pequenas espécies pelágicas, enquanto nos países mediterrânicos são mais apreciadas as espécies de maior qualidade e/ou as espécies demersais. Não existem preconceitos quanto ao acesso aos mercados internacionais de produtos da pesca angolanos, se satisfizerem os parâmetros de qualidade requeridos em vários países importadores (América do Norte, UE e Japão), como sejam, o certificado de saúde e o certificado INN que são obrigatórios, os produtos podem ser comercializados nesses mercados. Actualmente, para os mercados regionais (principalmente a República da Zâmbia e a República Democrática do Congo) não há problemas importantes, embora, em geral, a qualidade dos produtos da pesca seja considerada baixa. 6.3.1 Adequação dos produtos

Existem alguns parâmetros, características e apresentações que os produtos da indústria pesqueira devem cumprir para serem comercializados internacionalmente. Antes de serem admitidos à exportação, devem cumprir a legislação específica angolana: • legislação relativa à Lei das Pescas Angolanas (lei 6); • procedimentos de exportação (ver capítulo 7.2); • procedimentos sanitários (ver capítulo 6.3.3); • procedimento INN (Ver capitulo 6.3.4); Devem ser produtos apropriados do ponto de vista comercial e do gosto do consumidor dos países importadores. Nos países importadores com alto padrão de vida existem novas atitudes do consumidor que exigem a adequação comercial dos produtos de exportação. 6.3.2 Consumo de peixe na UE

Na UE, o consumo médio de organismos aquáticos aumentou devido ao maior consumo em países onde foi particularmente baixo (Roménia, Bulgária, etc.). No entanto, a composição dos produtos mudou: diminuiu o consumo de peixe fresco e produtos tradicionais, a pesca dos mares europeus diminuiu para preservar o “stock” e aumentou o consumo de peixes congelados e produtos de pesca preservados. Em contraste, a procura por produtos mais convenientes e mais elaborados está aumentando. Considerando que os produtos frescos são consumidos principalmente por pessoas mais idosas, enquanto os produtos elaborados são comprados por

130

pessoas mais jovens, pode-se esperar que o declínio do produto fresco continue no futuro129. Uma característica do mercado europeu é também que cada Estado- Membro tem a sua própria especificidade. Em outros termos, isso também significa que os produtos que consumimos assim como a inovação é muitas vezes específica para cada país. Os produtos preservados são cada vez mais dominados pêlo atum130. Ao mesmo tempo, cada vez mais produtos prontos para comer estão surgindo no mercado. O surimi131 e seus produtos derivados mostraram um desenvolvimento significativo, tendo a sua procura aumentada no mercado mundial. Há também uma multiplicidade de produtos novos e inovadores, denominados produtos gama 5 e 6, como mariscos transformados em saladas, “quiches” e pizza, com pasta e arroz, sanduiches e patés. É interessante perspectivar quais são as consequências dessas tendências do consumo no mercado de peixe. Primeiro, o aumento da procura por produtos elaborados torna os processadores dependentes do fornecimento de matéria-prima para a elaboração nas unidades fabris. Fornecimentos regulares e seguros tornaram- se decisivos. Por conseguinte, os pedidos dos países importadores devem ser comparados com os produtos que o país exportador, neste caso Angola, pode oferecer e em que termos. Angola pode-se tornar um efectivo fornecedor, para países com alto poder de compra de alimentos provenientes do mar de alto valor, produtos semi- processados ou transformados 132. O exemplo é a Namíbia, onde a indústria já embalou peixes de porção única ou múltipla (principalmente pescada branca Merluccius sp e Lophius piscatoriu) para as cadeias hyper e supermercados internacionais com o rótulo solicitado. Os importadores de organismos aquáticos, por razões económicas, também se estão direcionando para a aquisição de produtos semi- processados como filé, lombos de atum, peixe-espada, e/ou surimi- base. Mercado fresco e congelado Na escolha da estratégia de exportação, deve ser considerado além do mercado, o tipo de produto a exportar. Existem dois mercados principais

129 Consumer attitudes and Fish market prospects, Mrs. Sandra KALNIETE Member of the European Commission, SPEECH/04/283. 130 Fish & Seafood in Europe, Market line June 2016. 131 Definição surimi: musculo de peixe desossado e moldo constituído apenas de proteína miofibrilares, usado como matéria prima para diversos fins na industria alimentícia, https://www.slideshare.net/ligiacdourado/surimi-e- derivados. 132 Consumer attitudes and Fish market prospects, Mrs. Sandra KALNIETE Member of the European Commission, SPEECH/04/283.

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que podem ser considerados paralelos: os produtos frescos e os produtos congelados. O primeiro (fresco) é um produto totalmente dependente de uma logística de cadeia altamente eficiente e efectiva, além de especializada no produto a ser exportado. O valor do fresco geralmente é maior, mas também está sujeito à volatilidade do mercado e à tendência diária da procura e da oferta em todo o mundo. A perecibilidade do produto (máximo de 5 dias) é um factor de risco bastante elevado. O segundo (congelado) é uma mercadoria (commodity) e, portanto, menos dependente de flutuações repentinas do mercado, pode ter um planeamento de médio e longo prazo, e é um mercado mais seguro do ponto de vista financeiro. No mercado fresco são tratados grandes pelágicos, como atum ou peixe- espada (Xiphias gladius) e também alguns crustáceos de alto valor, como lagosta ou caranguejo. Moluscos bivalves Em Angola os recursos de moluscos disponíveis ainda não foram estudados minuciosamente. Para comercializá-los, no entanto, são necessárias medidas legislativas e técnicas específicas para assegurar um controlo rigoroso e abrangente do recurso e das condições sanitárias das águas onde os moluscos são capturados ou criados. O mesmo se aplica aos indivíduos colocados à venda. A obtenção de licenças de exportação para países como a UE ou os EUA muitas vezes exige longos tempos e controlos muito precisos. Pode demorar anos antes de ter permissões de exportação. Disponibilidade constante Os contratos de fornecimento em geral são baseados em contratos de fornecimento mais longos e exigem a certeza de poderem se comprometer com as quantidades mínimas pretendidas. A necessidade de um abastecimento regular pode ser uma oportunidade para a piscicultura continuar a desenvolver-se em Angola para os mercados internos e internacionais. Angola é um país que tem vocação para a indústria de aquicultura (veja o capítulo 4 - § 4.1.1.2). Deve-se considerar no desenvolvimento da aquicultura comercial que há regras a serem seguidas, especialmente no que se refere à poluição ambiental e à introdução de espécies exóticas. Uma das características que é verificada é a compatibilidade ambiental de empresas de aquicultura. Algumas ONGs estão mostrando preocupações crescentes

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sobre o custo ambiental da piscicultura. São abordados dois aspectos: a poluição ambiental local e a quantidade de peixes utilizados para a produção de alimentos para aquicultura. O nível higio-sanitário e tecnológico em Angola é muito variado. Ao nível da pesca industrial, especialmente aquela realizada em parceria com empresas europeias, a tecnologia de pesca e de transformação é adequada para ter licenças para exportação para a UE. Outros grupos industriais Angolanos também estan em conformidade com os padrões exigidos pelo mercado internacional e a procura dos consumidores. O mercado internacional de organismos aquáticos requer as seguintes características: - conveniência e comodidade: o produto, se trabalhado em Angola, deve apresentar através de novas formas de embalagem e apresentação, uma maior consonância com o estilo de vida moderno, de forma a ir ao encontro dos consumidores mais jovens; -saúde E bem-estar: o produto deve ser manipulado de forma higiénica e ir ao encontro de uma dieta alimentar saudável; -sustentabilidade E consumo responsável: é necessário o uso de rótulos éticos que incluam mais e mais informações sobre o método de pesca e criação dos produtos de aquicultura e que permitam acompanhar a sua distribuição. 6.3.3 Requisitos sanitários

Os requisitos higio-sanitários são a base de qualquer exportação de produtos aquáticos. Principais mercados como a União Europeia, Estados Unidos, Japão, África do Sul, etc. exigem medidas específicas para garantir a satisfação do consumidor, independentemente da qualidade organoléptica do produto. Como exemplo, são relatados os dados da União Europeia que é, de longe, o maior importador mundial de produtos de peixe, mariscos e aquicultura. As regras de importação para esses produtos são harmonizadas, o que significa que as mesmas regras se aplicam em todos os países da UE. Para países fora da UE, a Comissão Europeia é o parceiro de negociação que define as condições de importação e os requisitos de certificação. O pacote de segurança alimentar da UE é considerado o padrão de produtos de pesca mais alto do mundo. É geralmente também um dos mercados onde os produtos da indústria pesqueira são bem pagos de acordo com a qualidade obrigatória dos produtos da pesca. Nos últimos anos, vários critérios de segurança alimentar tornaram- se parte integrante dos requisitos do contrato de venda de produtos

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da pesca e, portanto, levaram a mudança na selecção de matéria- prima pela indústria de transformação. Todos os principais mercados têm regras bem definidas para a segurança alimentar. Essas regras seguem e personalizam os ditames do “Codex Alimentarius” da FAO133. Existem diferenças em questões político-legislativas, comerciais e culturais, mas o cumprimento dos princípios da saúde e higiene existe em todas as leis avançadas. Não há dúvida de que o mundo da nutrição se orienta nessa direcção. Para poder exportar, qualquer país deve adaptar a sua legislação e regras sanitárias e de saúde às dos países importadores. A legislações mais importantes são a da UE, EUA e Japão. Note-se, no entanto, que outros países, como a África do Sul, têm legislação de higiene e sanidade bastante rigorosas. Princípios do pacote de segurança alimentar da UE Os princípios da Lei Alimentar Europeia implementam o princípio da gestão da qualidade e dos controlos orientados a processos em toda a cadeia alimentar: desde o navio de pesca ou aquicultura até à mesa do consumidor. Para implementar esses princípios harmonizados, o Serviço Alimentar e Veterinário (SAV– FVO/Food & Veterinary Office134) da Comissão Europeia realiza missões em todos os países exportadores. O pacote sanitário angolano para produtos da pesca já está harmonizado com o da UE, há periodicamente actualizações sobre a amplitude e complexidade dos problemas sanitários dos produtos da pesca. Na prática, os decretos de Angola são aplicados através do manual de inspectores, que inclui rótulos de inspecção para a cadeia de produção de produtos pesqueiros angolanos. Regras gerais de importação dos produtos da pesca na UE. A certificação oficial é obrigatória para importar produtos da pesca nos países da UE, isto é baseado no facto de a autoridade competente do país não pertencente à UE ser reconhecida pela Comissão Europeia. O reconhecimento e certificação da autoridade competente do país terceiro (Angola) deve ser formal e é um pré- requisito para que o país seja elegível e autorizado a exportar para a União Europeia. No Ministério das Pescas de Angola, o Instituto de Investigação Pesqueira (INIP) possui certificação de Autoridade Competente reconhecida pela UE. O INIP tem os poderes e recursos legais necessários que garante a inspeção e controlos credíveis em toda a cadeia de produção pesqueira, que cobrem todos os aspectos relevantes de higiene, saúde pública e, no caso dos produtos da aquicultura, também a saúde animal. Sem esquecer a produção de farinha de peixe. O INIP é responsável por todas as negociações bilaterais e outro diálogo relevante sobre a exportação de produtos da pesca. Todas

133 http://www.fao.org/fao-who-codexalimentarius/en/ 134 http://ec.europa.eu/food/fvo/how_pt.htm

134

as outras partes interessadas e empresas privadas que desejam exportar para a UE devem entrar em contacto com a autoridade competente e se comunicarem com a União Europeia através deste canal. Os elementos-chave específicos para toda a exportação de produtos da pesca para a UE, são que os países de origem devem estar em uma lista positiva de países elegíveis para o produto da pesca, Angola já está nesta lista respeitando os critérios de elegibilidade135. Os critérios são as seguintes: • Angola tem uma autoridade competente (INIP) que é responsável pelos controlos oficiais em toda a cadeia de produção das pescas, INIP deve ser bem organizado para inspecionar e controlar todas as exportações para países da UE com certificado sanitário adequado, ou seja o certificado sanitário para acompanhar os produtos da pesca que estão destinados à UE. • O INIP garante que os requisitos relevantes de higiene e saúde pública são atendidos ao longo da cadeia pesqueira. A legislação de higiene de Angola contém requisitos específicos sobre a estrutura dos navios, locais de desembarque, estabelecimentos de transformação e processos operacionais, congelamento e armazenamento. O INIP aplica essas disposições as quais devem ser aplicadas no campo e visam garantir padrões elevados e prevenir qualquer contaminação do produto da pesca durante o processamento, transporte e exportação. • As exportações Angolanas para a UE só são autorizadas a partir de navios e estabelecimentos aprovados (por exemplo, instalações de processamento, congeladores ou navios industriais, lojas frigoríficas), que foram inspeccionadas pelo INIP e que cumpriram os requisitos da UE. O INIP fornece as garantias necessárias e é obrigado a realizar inspecções regulares e tomar medidas correctivas, se necessário. Uma lista desses estabelecimentos aprovados é mantida pela Comissão Europeia e é publicada no seu site136. • As inspecções periódicas pelo Serviço Alimentar e Veterinário da Comissão (SAV, FVO – Food Veterinary Officer) são necessárias para confirmar o cumprimento dos requisitos acima. • Angola ainda não tem permissão para exportar moluscos bivalves. As condições específicas aplicam-se para a exportação para a UE de moluscos bivalves vivos ou processados (por exemplo, mexilhões e amêijoas), equinodermos (por exemplo, ouriços marinhos) ou gastrópodes marinhos (por exemplo, caracóis e conchas).

135 EU import condition for seafood and other fishery products, Director General for Health and Consumer 136 http://ec.europa.eu/comm/external_relations/delegations/web_en.htm

135

Essas importações só são permitidas se elas vierem de áreas de produção aprovadas e listadas. As autoridades nacionais dos países exportadores devem dar garantias sobre a classificação desses produtos e o acompanhamento próximo das zonas de produção para excluir a contaminação com certas biotoxinas marinhas que causam intoxicação por marisco. • Angola ainda não tem permissão para exportar produtos de aquicultura para países da UE, caso seja necessário, deverá elaborar uma legislação específica a ser enviada para a UE. • Os produtos da pesca exportados de Angola podem entrar nos países da UE apenas através de um Posto de Inspecção Fronteiriço (PIF)137 aprovado sob a autoridade de um veterinário oficial. Cada remessa está sujeita a um controlo documentário sistemático, verificação de identidade e, se for caso disso, um controlo físico. A frequência das verificações físicas depende do perfil de risco do produto e também dos resultados das verificações anteriores. As remessas que não sejam compatíveis com a legislação comunitária (UE) devem ser destruídas ou, sob certas condições, reexpedidas no prazo de 60 dias138 139. Como primeiro passo, as empresas que desejam exportar peixes ou outros produtos da pesca para a UE a partir de Angola devem entrar em contacto com o INIP, as autoridades nacionais relevantes em seu país para serem autorizadas. O INIP transmite à Comissão Europeia as listas de estabelecimentos elegíveis que podem ser alteradas a pedido do país exportador e disponibilizadas para o público na internet140. Em Angola há 18 barcos de pesca autorizados a exportar para a UE, em Outubro de 2016, e todos são navios congeladores. Praticamente falando, o produtor e os exportadores de produtos da pesca de Angola devem ser registados e controlados no INIP que fornece um número de UE para cada empresa da industria pesqueira. Cada embarque de produtos de pesca para a UE deve ter um certificado sanitário assinado pelo responsável do INIP. Para serem registadas, as empresas exportadoras da pesca angolanas devem respeitar os padrões solicitados pelo INIP e os requisitos sanitários de gestão.

137 Inspection Border Post 138 Para informações sobre importações pessoais, consulte: http://ec.europa.eu/food/animal/animalproducts/personal_imports/index_en.htm 139 Informacao addicionais: The Food Safety website of DG Health & Consumer Protection: http://ec.europa.eu/food/index_en.htm Detailed information on import conditions for animals and animal products: http://ec.europa.eu/food/animal/animalproducts/index_en.htm Key questions on the new rules on food hygiene and official food controls. http://ec.europa.eu/food/international/trade/interpretation_imports.pdf Expanding Exports – online helpdesk managed by DG Trade: http://exporthelp.europa.eu/index_en.html 140 http://ec.europa.eu/food/food/biosafety/establishments/third_country/index_en.htm

136

A base da legislação angolana em matéria de segurança alimentar (já harmonizada pela UE) para a indústria da pesca baseia-se no respeito do pré-requisito e sistema HACCP. 6.3.4 Requisitos IUU

Assim como a legislação em matéria de higiene e saúde se baseia nos regulamentos da FAO (e em particular sob o Codex Alimentarius), a legislação de pesca INN também é baseada no código de conduta da FAO sobre pesca responsável “FAO Code of Conduct for Responsible Fisheries”141. O regulamento da UE para prevenir, desencorajar e acabar com a pesca INN entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2010. A Comissão colabora activamente com todas as partes interessadas para garantir uma aplicação coerente do Regulamento INN. Apenas os produtos da pesca marinha certificados como sendo legais pelo Estado de bandeira ou Estado de exportação relevante podem ser exportados para UE ou importados para o seu território. É regularmente divulgada uma lista dos navios que fazem pesca INN, identificados como tal pelas organizações regionais de gestão das pescas. Ao abrigo do Regulamento INN, podem ser adoptadas medidas contra os Estados que ignoram as atividades ilegais de pesca: primeiro recebem um aviso, depois podem ser identificados e inscritos numa lista negra por não lutarem contra a pesca INN. Os operadores da UE que façam pesca INN em qualquer região do mundo, independentemente da bandeira arvorada, enfrentam sanções pesadas proporcionais ao valor económico da sua captura, que os privam de qualquer lucro. 6.3.5 Requisitos qualitativos

Os produtos da pesca são facilmente perecíveis e a frescura é um factor chave para assegurar não só o valor gastronómico, mas também a salubridade dos pratos servidos. Os requisitos qualitativos dos produtos da pesca não são padronizados, sua determinação torna-se complicada, pois pode ser muito subjetiva e profundamente diferente para diferentes espécies em diferentes países do mundo. Todos os produtos de peixe: i) fornecem proteínas de alto valor biológico; ii) são caracterizados por uma particular composição de gordura; iii) e são alimentos de alta qualidade que são muitas vezes transformados; A velocidade dos processos de degradação e conservação varia com as espécies e é influenciada por numerosos parâmetros relacionados com a cadeia produtiva.

141 http://www.fao.org/docrep/005/v9878e/v9878e00.htm

137

Hoje em dia, o conceito moderno de qualidade dos produtos da pesca, não tem a ver com a qualidade do produto, mas sim com o conceito de qualidade da cadeia produtiva. A definição de qualidade permanece válida: “o conjunto de características de uma entidade que determina sua capacidade de atender às necessidades expressas e implícitas do comprador” (UNI EN ISO 8402-95)142 Em geral, a abordagem passou do controlo do produto final para uma abordagem de gestão integrada, em que o planeamento, o envolvimento do pessoal, a documentação de negócios e a atitude em relação à melhoria constituem os pontos fulcrais (os hubs) do novo modelo de gestão. Os aspectos fundamentais da qualidade são: as características organolépticas, químicas e nutricionais e os aspectos tecnológicos (métodos de trabalho, conservação e transformação). Todas essas características dependem em grande medida das espécies, dos alimentos de que fazem uso, da qualidade da água, do ambiente em que vivem, do seu estado fisiológico de saúde e bem-estar, da gestão correcta da tecnologia, da sustentabilidade ambiental das actividades de pesca e aquicultura, das operações de captura/colheita e pós-colheita de produtos da pesca, como selecção, manipulação, processamento e conservação (produtos refrigerados, congelados e processados). Pode-se assim definir, como qualidade dos produtos da pesca, o conjunto das suas características que podem satisfazer o conforto, a saúde, a utilidade e a conveniência do comprador/consumidor. Tais características deverão, constantemente, ser encontradas no produto, através de uma gestão adequada da cadeia de produção, respeitando o bem-estar dos animais e a sustentabilidade ambiental. O anteriormente referido deve ser totalmente transparente através da rastreabilidade e rotulagem. Excluindo a segurança sanitária já tratada amplamente em outros capítulos, podemos considerar outros parâmetros que podem ser incluídos na qualidade total dos produtos da pesca, como espécies, sexo, idade, estado fisiológico, tamanho e rendimento, composição química, propriedades nutricionais e dietéticas, aspecto físico (frescos-congelados-fumados-salgados), vida útil, características tecnológicas, entre outros. O estado de frescura, em particular, é avaliado através de uma abordagem sensorial, aparência geral dos olhos, pele, brânquias, cheiro de mar, consistência, elasticidade e cor da carne, enquanto matéria-prima. A textura, cor, sabor, aroma e suco de carne na fase de cozimento, também é capaz, por si só, de indicar com boa confiança a qualidade dos peixes. Também podemos considerar a qualidade do produto da pesca como parâmetros qualitativos. De facto cada estado possui legislação

142 Il Pesce N. 3 – 2015, Qualità nella filiera ittica

138

comercial detalhada e o sistema de embarque HS (Harmonized System143) também abrange muitas espécies. Os aspectos éticos e ambientais também se estão tornando cada vez mais importantes para o consumidor, que é sensível ao facto de que o produto a ser consumido será obtido em pescarias sustentáveis e através da aquicultura biológica, que tem em atenção o bem-estar animal. Além disso, não se deve esquecer que a protecção das unidades populacionais (reservas) de peixes, assim como, do meio ambiente, além de serem um parâmetro de qualidade assegurada, é a base do bem-estar e das oportunidades de trabalho tanto nos sistemas socio-económicas actuais como no das gerações futuras. Além disso, como é o caso de todos os outros animais, os procedimentos correctos na captura (pesca) e na colheita (aquicultura) são cruciais para obter um produto final que reflicta a qualidade de vida do animal. A qualidade do produto começa com um exame cuidadoso da aparência das espécies de peixes , com base em caracteres como rigidez do “rigor mortis”, estado dos olhos, presença de muco, elasticidade da carne (Reg. (UE) 2406/1996) e características morfológicas de interesse comercial. As características de morfologia e mercadoria apropriadas (que variam de acordo com as necessidades do negócio) são avaliadas por meio de uma série de medidas: as características comerciais de peixe incluem protocolos e acordos específicos para cada contrato, muitas vezes incluindo peso e tamanho. As medidas de comprimento também desempenham um papel comercial importante para espécies de maior interesse. Para cada espécie, foi definido um tamanho mínimo, abaixo do qual a pesca e a comercialização não são permitidas (Regulamento CE 1967/2006, Anexo III). O Reg. 1169/2011 (UE), definiu a partir de Dezembro de 2014, as regras de informação sobre produtos alimentares para venda ao consumidor na União Europeia. Uma das principais novidades é a inclusão da declaração nutricional na lista de indicações obrigatórias, conforme previsto no art. 9. l. 6.3.6 Embalagem

O consumo de peixe é muito influenciado pela embalagem que deve enviar algumas mensagens de produtos da pesca aos consumidores: • O marisco é promovido como alimento saudável e é cada vez mais procurado por “trendsetters”: são aqueles que fazem “tendência”.

143 World custom Organisation - http://www.wcoomd.org/en/topics/nomenclature/overview/what-is-the- harmonized-system.aspx

139

o Snacking, são as chamadas refeições em movimento, que estão em ascensão, uma vez que os consumidores deslocam-se mais e são mais activos. o Novas embalagens abrem um novo potencial, uma vez que aumentam o apelo para o consumo dos peixes e mariscos. A “primeira impressão” do consumidor é o objectivo da embalagem moderna, mas isso interage com outros pontos da cadeia alimentar: • está igualmente preocupado com a logística das cadeias de abastecimento altamente complexas; • a comercialização dos alimentos; • a procura por alimentos frescos, em caixa e congelados; • a apresentação de produtos e atracção do cliente; • as preocupações ambientais; • a segurança alimentar; • o custo; • a cadeia de fornecimento de matéria-prima ; • e, em última análise, a atractividade do produto uma vez em exibição na loja144 Sem entrar em detalhes para analisar a distribuição pesqueira angolana nacional e a rede internacional de pesca interconectada, com um grande número de participantes e actividades, verifica-se que a embalagem é fundamental. É um negócio complexo para equilibrar a facilidade de acesso e facilidade de manipulação. Em segundo lugar, grandes avanços foram feitos na tecnologia de embalagens, existindo agora, uma gama de opções disponíveis, que aborda especificamente os difíceis desafios acima apresentados. Aqui estão alguns dos elementos-chave da embalagem de alimentos de produtos de pesca bem-sucedida de hoje: • funcionalidade e conveniência; • embalagem que é fácil de abrir e, se necessário, fechar; • estilo e apelo visual. Para se distinguir e se destacar de outras marcas e ser reconhecível pelos consumidores. • Consciente do meio ambiente. Por exemplo, em termos de vida útil mais longa para minimizar o desperdício de alimentos e evitar poluição ambiental. • Sentido, sensação e experiência para torná-lo atraente para interagir com o produto, por exemplo, que a exibição do produto seja livre de rugas e que os consumidores se sintam confortáveis ao tocar e manipular o produto. • Prático; por exemplo, quando o produto pode ser levado directamente da prateleira de varejo para o forno, quando qualquer desperdícios é facilmente descartável145.

144 Overcome the consumers’s fear of fish through packaging, Bemis – www.bemis.com 145 Seafsh (UK seafood industry): Annual Key Category Insights Report, December 2015

140

A embalagem apropriada oferece várias vantagens para promover os produtos da pesca: minimiza a sensação de distância entre consumidor e produto, ajuda os consumidores a se sentirem menos incertos sobre a qualidade dos peixes e mariscos , desempenha um papel fundamental na educação dos consumidores, nomeadamente para entender os benefícios e as experiências agradáveis associadas ao seu consumo 146.

Principais materiais de embalagem para o sector da pesca em Angola Os principais tipos de embalagens utilizados na industria pesqueira angolana são os seguintes: • caixa de plástico de polietileno de alta densidade de 5 a 30 kg para peixe fresco com gelo, tem furos para a eliminação de água e podem ser lavadas e recicladas; • caixas de styrofoam de 5-15 Kg para peixe fresco com de gelo, não são recicláveis em Angola; • caixas de (cartão) * cartão (com sacos plásticos internos para peixes congelados 20-30 Kg); • caixas monodose para peixe pelágico e atum (são colocadas em paletes de 5-10 kg ). Os materiais utilizados para caixas de monodose são: recipientes de estanho; vidro; plástico e alumínio (estes dois tipos não são recicláveis em Angola).

Situação de Angola para material de embalagem industrial Para apoiar o sector industrial nacional, principalmente a indústria pesqueira, uma fábrica de embalagens de papelão (cardboard) será implementada nos finais de 2017 na província do Namibe. O seu objectivo é o da redução gradual das importações desse material no país. A Unidade Técnica de Investimento Privado (UTIP) e a empresa Guans Packaging Angola (SU), Ltd, estabeleceram um acordo sobre a construção da fábrica. A implementação deste projecto, avaliado em 67,9 milhões de dólares, terá capacidade para produzir cerca de um milhão de cartões por dia.

146 Bemis research based on analysis from www.supplychainbeyond.com (The Network E. ect) and CBI, The Dutch Centre for the Promotion of Imports from developing countries: htps://www.cbi.eu/sites/default/fles/market_information/researches/tradestatistics-fsh-seafood.pdf

141

Tal unidade industrial servirá para fornecer embalagens de papelão, resolvendo a escassez deste material, usado por quase todas as indústrias nacionais da pesca147. Todos os outros tipos de embalagens devem ser importados para atender às necessidades da indústria de pesca, captura e processamento. Atualmente, existem duas pequenas unidades de produção localizadas na província de Luanda (Ango-Plastico) e Benguela (Lobiaco) que produzem embalagens (papelão e plástico), mas não produzem o suficiente para as necessidades locais, pelo que se recorre à importação. 6.3.7 Logística

Uma boa abordagem logística é essencial para que o sector da pesca contribua para o lançamento de um novo ciclo de desenvolvimento económico, não dependente do petróleo. A logística interna no país é parcialmente abordada nos parágrafos 5.1 e 7.2.3. Nesta secção, iremos focar-nos mais sobre a exportação. É importante ter presente, que a falta de dados específicos e validados não permite uma análise aprofundada, a informação actual é também baseada em visitas de campo. A logística do sector pesqueiro de Angola, que iremos tentar analisar precisa de ser orientada para as necessidades das empresas, apoiando “clusters” de pesca bem definidos (para evitar conflitos de investimento e custos adicionais) e toda a cadeia de valor do sector pesqueiro, incluindo o sector artesanal. Devemos cuidadosamente considerar que os vários planos estratégicos de desenvolvimento do sector pesqueiro coincidem com os do país, e que serão eliminados os estrangulamentos da distribuição, o que permitirá que a produção chegue de forma rápida e segura à exportação. É o desenvolvimento da rede de distribuição dos produtos pesqueiros que permitirá que a produção nacional chegue ao consumidor de forma eficaz. Alguns produtos da pesca têm sido exportados, mas muitos deles fora do circuito formal e oficial, de tal modo que o Estado não controla os resultados financeiros de tais operações (Ver Cap 5). Os principais factores referidos pelos investidores do sector pesqueiro, quando tomam a decisão sobre a localização das suas unidades industriais, é a existência de uma excelente logística. A

147 According to the chairperson of the Support Fund for the Development of the Fishing Industry, Francisco Santo: "With the implementation of this project, there will no longer be any need to import the cardboard packaging used in the fishing sector". ANGOP - Wed, 12 Jul 2017 08:15 - Updated Wed, 12 Jul 2017 08:15Angola: Industrial sector gains cardboard packaging factory http://www.angop.ao/angola/en_us/noticias/economia/2017/6/28/Angola-Industrial-sector-gains- cardboard-packaging-factory,f7010906-b667-49b0-86

142

logística para as exportações dos produtos das pescas, mas também para o abastecimento do mercado interno, é uma consequência directa da estratégia territorial do sector pesqueiro angolano, a qual se baseia nos seguintes pontos: • proximidade das fontes de matérias-primas; • disponibilidade de infra-estruturas para instalação e operações das empresas das pescas, ao nível de comunicação, energia, e água potável; • disponibilidade de mão-de-obra; • disponibilidade de infra-estrutura de acesso/escoamento da produção para exportação; • disponibilidade material para industrias pesqueiras; (es dezir disponibilidade dos meios de produção para a indústria da pesca); • proximidade dos mercados. De acordo com as ideias da Rede Nacional de Plataformas Logísticas, a produção e os pontos de partida para a exportação (também para os mercados nacionais) dos produtos da pesca de Angola são baseados em diferentes eixos, incluindo oportunidades de exportação: • Corredor de Desenvolvimento Litoral que segue toda a linha do litoral do país do Norte; • Corredor de Desenvolvimento Costeiro que segue todo o litoral do Norte ao Sul do país: onde pode exportar ao Norte para a República do Congo Brazzaville e a República do Congo Democrático e ao sul para Namíbia por via rodoviária. Tem portos importantes como Luanda, Porto Amboim, Lobito, Benguela e Namibe; • Corredor de Desenvolvimento do Lobito, principal via de penetração internacional (potencial) e que, com facilidade se pode constituir como um veículo de escoamento de produções das pescas do território africano, bem como, de todo o vasto Planalto. O Porto do Lobito tem boa operação portuária, para exportação. • Corredor de Desenvolvimento do Namibe para os Mercados do Sul de África: África do Sul, Namíbia, e Botswana148 Existem outros eixos que lidam com os mercados internos que não discutiremos neste parágrafo. Esses corredores estão actualmente ligados por estrada e, como mencionado acima, possuem bons portos para as operações de pesca e são adequados para exportação de produtos à base de peixe. Algumas linhas ferroviárias estão sendo concluídas em particular no corredor do Lobito.

148 Estudo Logística Angola, Março 2016, Promotor: Associação Industrial Portuguesa - Feiras, Congressos e Eventos. Autoria, CESO Development Consultants; Coordenação Técnica: Rui Miguel Santos, Susana Sarmento, Realizado para Referência do projecto: PT 2020 - AAC 01/SI/2014 - Proj. Conjuntos. Internacionalização - Proj. n.º 74 – Lisboa – Feiras, Congressos e Eventos, Associação Empresarial

143

Temos alguns aeroportos internacionais em Angola. O único que é utilizado para a exportação de produtos da pesca é o de Luanda; outros, se necessário, poderiam ser facilmente equipados para exportar produtos da pesca. De acordo com as informações recolhidas junto de empresários angolanos, a exportação de produtos da pesca congelados, em particular o camarão, é actualmente realizada através do transbordo de produtos para os navios-mães e depois transportados para a Europa. A operação ocorre sob o controlo de inspectores do INIP no porto de Luanda.

Tabela 6.16 Lugares de exportação de pescaria e produtos de sal Angolanos** Local de registo de Comércio regional Número de exportação X Comércio exportações Internacionais Y 2014-2017* Delegação Aduaneira Y 1 Sonis Delegação X 2 Aduaneira Kwanda Luanda aeroporto Y 34 Luanda porto X - Y 421 Porto Amboim X 103 Porto Lobito Y 377 Posto aduaneiro de X - Y 1.829 Luvu Namibe porto X 50 Santa Clara (Namibe) X - Y 10 Malongo X 3 Origem: dados AGT 2014-2015-2016-2017 * 2014-2017 primeiro trimestre, exportações no valor de mais de US $ 10.000 USD ** Existem 126 exportações que afectam pagamentos aduaneiros como código “25”, que trata de produtos de sal.

O local aduaneiro de Luvo no Congo RDC tem o maior número de operações de exportação, seguido do porto de Lobito, porto de Luanda e Porto Amboim. Este último porto destina-se a produtos da pesca apenas para o comércio internacional, enquanto os outros dois portos têm destinos internacionais e regionais. O aeroporto de Luanda é o único usado para produtos de alto valor. Como em outras áreas dos indicadores do “Doing Business” (DB)149, e com base nas medidas do tempo e custo de importação e exportação, Angola obteve resultados escassos em termos das comparações internacionais de “Negociando entre Fronteiras”,

149 http://www.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/angola

144

ocupando em 2016, o 181º lugar em 189 países. Estas questões de logística são muito importantes no comércio dos produtos das pescas; estudos específicos podem ser fornecidos ao sector pesqueiro para facilitar o seu comércio. 6.4 Principais mercados de exportação 6.4.1 Introdução

De acordo com os dados fornecidos pela AGT, os países para o qual Angola exportou produtos de pesca nos anos de 2014, 2015, 2016 e primeiro trimestre de 2017, foram 51. Algumas questões importantes que nos últimos anos continuam a afectar a exportação regional da pesca angolana são retomadas nos seguintes pontos: • a relação entre a política de gestão da pesca, a alocação de direitos e a sustentabilidade económica do sector; • o papel de baixo perfil do sector de pequena escala na produção e comércio de peixes; • problemas de alívio da pobreza versus disponibilidade de recursos para a população costeira; • pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (pesca INN) e seu impacto na cadeia de valor; • o impacto no sector doméstico da pesca e da aquicultura devido a um aumento das importações de produtos de aquicultura; • a globalização das cadeias de fornecimentos, com crescente terceirização da produção; • a instabilidade económica e risco de aumento do proteccionismo usando barreiras não tarifárias ou tarifas altas de importação; • o impacto dos acordos comerciais mega-regionais no fluxo internacional de produtos da pesca; • a volatilidade dos preços das “commodities” em geral e o impacto sobre os produtores e os consumidores; • a volatilidade cambial angolana e o seu impacto no comércio de produtos da pesca; • os preços e distribuição de margens e benefícios em toda a cadeia de valor das pescas; • a incidência de fraude na denominação de nomes comerciais de peixes e produtos da pesca; • as dificuldades para Angola no cumprimento de regras rigorosas em matéria de qualidade sanitária e segurança fiscais; • a disparidade entre riscos e benefícios percebidos e reais para a saúde humana do consumo de peixe; A nível internacional, existem outros pontos importantes:

145

• o aumento significativo dos rótulos ecológicos (ecolabel) e seu possível efeito no acesso ao mercado para os países em desenvolvimento; • bem como as condições de trabalho no sector; • a crescente preocupação com as condições sociais e de trabalho dentro da indústria e seus fornecedores; • a crescente preocupação do público em geral e do sector de varejo sobre a sobrepesca de determinadas unidades populacionais de peixes. A cadeia de abastecimento internacional para peixes e produtos da pesca pode envolver um grande número de partes interessadas na fileira das pescas (pescadores industriais / pescadores artesanais, transformadores e outros) e o consumidor final. As questões acima mencionadas podem afectar as partes interessadas em graus variados, dependendo da sua posição na cadeia de valor e sua relação contractual e força de negociação relativa com fornecedores e clientes. 6.4.2 Oportunidades

Um desenvolvimento adequado do sector de exportação da pesca está absolutamente interligado com os seguintes pontos: • Distribuição adequada de recursos entre consumo interno e exportação. Os produtos pesca e aquicultura podem ser: • distribuídos no mercado local; • exportados. Em ambos os casos, os produtos podem ser frescos ou processados, no segundo caso, os produtos processados possuem maior valor agregado. Portanto, há uma necessidade de programação que aborda a necessidade de aumentar as entradas de moeda forte (exportações) com a necessidade de continuar a fornecer à população um produto de valor nutricional alto e custo acessível. O pressuposto básico é ter em conta a disponibilidade de recursos (controlo dos “stocks”). Peixe fresco, valor agregado e farinha Considerando que, a partir dos dados disponibilizados, é claro que a quantidade de captura não pode ser aumentada, o desenvolvimento comercial deve passar pela melhoria da qualidade do produto pescado, através do seu melhor uso e uma cadeia de valor agregado. Assim, a farinha de peixe deve assumir o papel de “subproduto” transformando os resíduos de outros processos. • - Abordagem da pesca eco sistémica (eco-system approach) e pesca artesanal sustentável. A abordagem eco sistémica para a gestão das pescas é um conceito amplamente aceite e vários instrumentos internacionais exigem a sua aplicação. A mitigação de capturas acessórias, a gestão de

146

espécies múltiplas, a protecção de ecossistemas vulneráveis e a abordagem integrada são quatro tipos da análise eco sistémica. Importa referir, que a falta de identificação e compreensão dos objectivos específicos de gestão está a dificultar a aplicação da abordagem eco sistémica. Este tipo de visão aplica-se à pesca industrial e artesanal. A pesca artesanal, parece ser a menos destrutiva, pois tem alvos específicos e direccionados. A organização e o desenvolvimento sustentável deste sector de pesca podem oferecer uma ampla margem de melhoria nos sectores de qualidade comercial e de exportação. • Obrigação dos navios estrangeiros de capturar e descarregar suas capturas em Angola. Este ponto constitui uma grande oportunidade, pois permite aumentar os empregos, o valor dos produtos da pesca com várias preparações. Mais processamento de produtos de pesca em Angola e mais valor permanecem no país, os controles fiscais são mais fáceis, o sistema de pesca desenvolve-se melhor e os especialistas em pescas e investidores angolanos podem decidir processar mais produtos pesqueiros. Aquicultura. A aquicultura ainda não está muito desenvolvida em Angola, mas é um sector que precisa de ser considerado. As condições ambientais, os recursos hídricos e as terras para a aquicultura são muito favoráveis para o meio continental, a Mari cultura poderia desenvolver-se, mas ainda exige estudos específicos para compreender melhor o seu potencial. Primeiras experiências estão sendo feitas, como seja o caso do projecto coreano para a aquicultura marinha (2017) e o desenvolvimento da criação de tilápia em águas continentais com um centro de larvicultura. O peixe-gato (Clarias gariepinus) é amplamente apreciado em toda a África e a tecnologia é conhecida e de baixo nível para a aquicultura extensiva e semi-intensiva. A criação artesanal do peixe-gato africano tem ocorrido há mais de 20 anos no Congo Brazzaville. Existe também a possibilidade de testar o desenvolvimento da moluscicultura. É uma indústria com uma sólida experiência em várias partes do mundo e especialmente na Europa. Planos de desenvolvimento Estudos apropriados derivados da participação em feiras da indústria e experiências directas com associações industriais das pescas devem ser lançados periodicamente pelas partes interessadas da pesca angolana para actualizar as situações do grupo de pontos acima referidos. Um plano de acção detalhado deve ser preparado para cada actividade que se decida implementar. 6.4.3 Concorrência

O comércio de produtos da pesca é um mercado global, os fluxos comerciais estão bem ilustrados na Figura 6.1 em baixo. Por

147

conseguinte, existe concorrência neste sector, embora o mercado possa absorver, de modo ilimitado, qualquer tipo de produção pesqueira. Diferente é a situação da aquicultura em que os custos de produção, em alguns casos, podem ser superiores aos custos de venda. Uma vez determinado, com um certo grau de certeza, um produto com potencial de exportação, deve ser realizada uma pesquisa de mercado específica que, a partir da experiência anterior, investigue outros mercados possíveis usando uma matriz (ver Tabela 6.5) que ajuda a determinar os possíveis factores de sucesso. Nas pescarias, a análise do mercado deve levar em consideração diferentes variáveis, em especial a mudança dos “stocks” mundiais cuja flutuação pode abrir mercados que anteriormente não estavam disponíveis. Por exemplo, são notícias recentes de que o “stock” de bacalhau do Alaska (Gadus chalcogrammus) entrou em colapso em 70%, isto abre portas para novas oportunidades de exportação em direção a países e mercados com espécies de peixes com características semelhantes. Aquele tipo de análise de mercado também é válida para “commodities” como a farinha e óleo de peixe, pelo contrário, o sal tem um mercado mais estável, pois não há variações importantes na produção de um ano para o outro. A tabela 6.17 mostra os maiores produtores de sal do mundo.

148

149

Tabela 6.17 - Lista dos principias países que produzem sal no mundo

Origem: http://minerals.usgs.gov/minerals/pubs/commodity/salt/mcs- 2014-salt.pdf 6.5 Principais Feiras e Eventos internacionais do sector A lista, não exaustiva, das principais feiras e eventos para a fileira de pesca abrange os principais mercados mundiais de venda de pescarias e equipamentos pesqueiros e de aquacultura em Angola.

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A participação em feiras e eventos exige uma certa organização, tanto para a reserva de espaços de exibição, como a preparação de materiais de papel e audiovisuais e a criação de um “projecto” entre agências governamentais, associações industriais e empresários industriais e da pesca artesanal. Nas feiras também há algumas actividades como: possibilidades do “Business to Business”, conferências internas, visitas ao produtor local e clientes, noites especiais e eventos, concursos de produtos pesqueiros, todos aqueles actividades podem chamar a atenção dos produtores angolanos. Tudo o que precede poderia ser organizado por uma entidade angolana (APIEX, consórcios, agência, empresa privada, etc.) que pode preparar alguns eventos para mostrar os produtos angolanos, tipo “panel test” e promoções específicas dos produtos de pesca de Angola. O acima pode ser desenvolvido de acordo entre o projecto e as associações industriais. A participação nas actividades internacionais mostradas na tabela seguinte não garante, de imediato, a obtenção de resultados benéficos para a fileira angolana dos produtos da pesca; é necessária uma preparação intensa que começa muitos meses antes dos eventos, até mesmo um ano. Há também que considerar custos elevados para a agência pública, as associações e os empresários. O sucesso destas iniciativas exige trabalho de grupo em toda a fileira da pesca de forma a alcançar resultados tangíveis. Portanto, é necessário a elaboração de um projecto com objectivos claros, antes de participar activamente nas feiras e eventos internacionais, de forma a optimizar tempos e custos.

Tabela 6.18 Feiras e Eventos internacionais do sector pesqueiro No Nome Cidade-País Tel E-Mail / web site Data - (organização) Periodicidade 1 Expo pesca – Aqui Lima, Peru +511- 2017820 [email protected] Octubro 2017 - Peru anual 2 8th International Dubai - UAE +1-650-889- foodquality@foodtechcon November 2017, Conference on 4686 ferences.org, anual Food Safety, https://foodsafety- Quality & Policy hygiene.conferenceseries. com/middleeast/ 3 GOAL 2107 (GAA) Dublin – Irlanda, +1-603-317- www.aquaculturealliance. December 2017, 5000 org/goal/ anual 4 Aqua 2018 (WAS) Montpellier, +1 760 751 [email protected], August 2018, anual Frância 5005 www.was.org 5 NOR-FISHING Trondheim, +47-73568640 [email protected] August 2018, anual Noruega

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6 The 19th Japon Tokyo, Japon +81-357752855 [email protected] August 2018, anual International om – Seafood & www.exibitiontech.com/s technology Expo eafood 7 Seafood Expo Asia Hong Kong, +31-102067465 custumerservice@divcom, Setembro 2017 - China com – Anual www.seafoodexpo.com/A sia 8 SMM, navios, Hamburg, +49-4035690 [email protected] Setembro 2017- maquinas e Germania – www.hamburg-messe.de Anual tecnologias marinhas CONXEMAR 2017 Vigo, Espanha +34-986433351 [email protected] Outubro 2017, m – www.conxemar.com anual 10 SIAL 2017 Paris, Frância +33-176771111 www.salonifrancesi.it – Outubro 2017, (Comexposium) wwwsialparis.com anual 11 SEAFEX (DWTC Dubai, EAU +971-43321000 [email protected] – Novembro 2017, Dubai World Trade wwwseafexme.com Anual Centre) 12 SEAFOOD EXPO, Bruxelles, Bélgio 1- [email protected] Avril 2018, Anual 2018 2078425504 m.au – www.euroseafood.com, www.divbusiness.com 13 Slow fish Genova, Italia http://slowfood.com/slow May 2017, bienal fish/ 14 Salone del gusto, Torino, Italia +39- [email protected] Setembro 2017, (Slow food) (0)172419611 om – anual www.salonedelgusto.it 15 57° Salone nautico Genova, Italia +39- [email protected] - Setembro 2017 , Internazionale, (0)105391270 www.fiere.ge.it, anual (Fiere di Genova www.salonenautico.com SPA) 16 CIBUS TEC Parma, Italia +39- [email protected] – Otubro 2017, anual (0)521996206 www.cibustec.it 17 Seafood Expo, Boston, USA +1 www.seafoodexpo.com/n Marcio, 2018, anual North America 207.842.5590 orth-america/

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7 Regulamentação do Setor

A classificação tarifária de Angola é baseada no Sistema Harmonizado (SH). As taxas de importação são impostas tendo por base o valor CIF “ad valorem”. Como regra, a maioria dos produtos importados no âmbito da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral “Southern África Development Community – SADC”, da qual Angola faz parte, estão isentos dos direitos do imposto de importação150. Angola é um dos 11 membros da CEEAC – “Comunidade Económica dos Estados da África Central”, juntamente com o Burundi, República Centro Africana, Chad, Republica do Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda, São Tomé e Principe. A CEEAC faz parte da “Comunidade Económica da União Africana” e foi criada promoção da cooperação económica regional na África Central. A CEEAC estabeleceu que as tarifas para os produtos manufacturados devem ser inferiores a 45% do preço de fábrica para os países membros, segundo os acordos e os protocolos estabelecidos. Estas tarifas podem descer até 25%, se o produto tem uma importância particular e até 30% se se demonstrar que se trata de um produto raro. As entidades que lidam com o regime de importação e exportação dos produtos das pescas são: Ministério dos Transportes, Ministério do Comércio, Ministério das Finanças, através da Administração Geral Tributária (AGT)151, MINPESCAS e Banco Nacional de Angola (BNA) e Bancos Privados que utilizam o financiamento do BNA. No futuro espera-se que seja criada uma entidade competente para facilitar todos os trabalhos de documentação para importações/exportações, o chamado guiche único ou balcão único importador/exportador. 7.1 Tarifas aduaneiras No Capítulo 2.2 deste relatório, foi feita descrição detalhada da Pauta Aduaneira Angolana, posta em execução através do Decreto Legislativo Presidencial nº.10/13 de 22 de Novembro, publicado no Diário da República nº. 225 e rectificado em 2014 através da Rectificação nº. 1/14 de 30 de Janeiro. Uma nova Pauta Aduaneira será disponibilizada em 2018 com algumas modificações.

150 A Tarifa Externa Comum dos países membros da SADC pode ser consultada em: www.sadctrade.org/tariff_data 151 A Administração Geral Tributária é o organismo do Estado que tem por missão fundamental propor e executar a política tributária do Estado e assegurar o seu integral cumprimento, administrar os impostos, direitos aduaneiros e demais tributos que lhe sejam atribuídos, bem como estudar, promover, coordenar, executar e avaliar os programas, medidas e acções de política tributárias relativas a organização, gestão e aperfeiçoamento do sistema tributário. A Administração Geral Tributária tem igualmente a missão de controlar a fronteira externa do país e do território aduaneiro nacional, para fins fiscais, económicos e de protecção da sociedade, de acordo com as políticas definidas pelo Executivo

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O novo documento aduaneiro em fase de elaboração vai substituir o actual que entrou em vigor a 03 de Março de 2014. A nova Pauta Aduaneira, de 2017, foi elaborada com base na versão de 2017 do Sistema Harmonizado da Organização Mundial das Alfândegas, em vigor desde Janeiro. A Administração Geral Tributária (AGT) considera que as modificações propostas no âmbito do sistema harmonizado têm como objectivo “incentivar a produção interna nos mais diversos ramos de actividades”. Acredita-se ser útil neste momento para aumentar a produção nacional, e promover a substituição de importações152. Angola aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC), à Organização Mundial das Alfândegas (OMA) e à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). 7.1.1 Quota e impostos nas importações

• Capitulo 3 da Pauta Aduaneira ocupa-se de “Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquaticos”, não inclui os produtos pesqueiros que não são para o consumo humano (como por exemplo os “pellet”). Posição pautal 0305.10.00).

Segundo a Pauta Aduaneira Angolana os direitos de importação variam de 20 a 30% e os Impostos de consumo de 10 a 30% (Ver Cap 2.2) As variações dos impostos dependem dos interesses do Estado Angolano respeito de produtos específicos. Os impostos regulam os mercados e podem favorecer o desfavorecer alguns produtos da pesca respeito das impirtaçoes mais ou menos económicas. Assim a produção nacional pode ser favorecida respeito da estrangeira. Isto é efectuado pêlos países através da Pauta Aduaneira. Estes últimos produtos têm taxas maiores para favorecer as produções locais. Existem algumas isenções especiais para os produtos básicos que faltam ao consumidor angolano, como por exemplo o carapau (Tracurus spp). A Nova Política Comercial de Angola (Decreto Presidencial n.º 105/2014, de 16 de Maio de 2014) introduz medidas para a protecção da produção nacional, tendo como objectivo a substituição gradual das importações, através da utilização dos seguintes instrumentos: sobretaxa às

152 http://www.mercado.co.ao/uncategorized/nova-pauta-aduaneira-da-primazia-importacoes/, 03-2017; http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/economia/2017/0/3/Angola-Concluida-versao-final-Nova- Pauta-Aduaneira,758a854d-fbd6-40b5-bab1-0d936a28fc9e.html

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importações; medidas antidumping; restrições quantitativas às importações e medidas de salvaguarda153 154 • O artigo 33 da Pauta Aduaneira define os Direitos e as demais imposições aduaneiras, que são as seguintes: • direitos aduaneiros (depende da posição Pautal); • direitos antidumping (em casos específicos para compensar); • imposto de consumo155 ; • imposto de selo de 1% de valor dos produtos (não se aplica aos produtos pesqueiros, AGT); • emolumentos gerais aduaneiros (custos especifico gerais alfandegários)156 (2% de valor declarado no DU – Documento Único); • sobretaxa (não se aplica aos produtos pesqueiros, AGT); • outras imposições legalmente aprovadas157. Documento Único (DU): fórmula de declaração de despacho aduaneiro de mercadorias, que permite identificar o nome da posição pautal e a taxa a pagar. Número de documentos requeridos em 2016-2017 para a importação158: • Bill of landing (conhecimento de embarque ), • Certificado de Origem; • Factura Comercial, • Documento Único, declaração alfandegária (DU); • Declaração do valor alfandegário (ADV); • Autorização importação do Carregador (Conselho Nacionais dos Carregadores); • MINCO - registro da licença de importação no MINCO;

153 Aicep Portugal Global Angola - Condições Legais de Acesso ao Mercado (outubro 2016)• Sobretaxa às importações, sempre que necessário, para que os preços estejam a um nível que favoreça a produção interna; •Medidas antidumping para protecção da produção nacional contra os produtos que entrem em território nacional; • Restrições quantitativas às importações, sempre que estas constituam ameaça real ao desenvolvimento da produção nacional, recorrendo a sistema de quotas; • Medidas de salvaguarda (limitar, progressivamente, a importação de produtos pré- embalados, por produtos a granel; seguridade sanitária; Inspecção Pré-Embarque das mercadorias). 154 Origem: Pauta aduanera 2014; Guida fiscal Angola 2015; Lei O Despachante oficial - Lei 77/17; Guia do sistema tributário Angolano AGT – Administração Geral Tributária: Gilberto Luther (Coordenador Geral), Cláudio Paulino (Coordenador Técnico), Pedro Marques e Neidialva Cardoso e visitas dos consultores. 155 Decreto Legislativo Presidencial n.º 3-A/14, de 21 de Outubro, com as alterações introduzidas pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 5/15, 21 de Setembro 156 Alfândegas podem cobrar taxas relativas a serviços de vigilância, de fiscalização, de conferência de carga, de condução de mercadorias, de selagem e desselarem de contentores, de medição de tanques, de abastecimento de combustível, de funcionamento fora das horas normais de expediente, de expediente de navios e de visita fiscal, Guia fiscal 2015 157 Legislação e Inspecção PIP pre embarque, Despachante 2% máximo, Transportadores, Taxa portuária da estiva/taxas portuária para porto e SOGESTE; Emolumento de 1.000 KWA cada factura 158 Fonte: Banco Mundial, Doing Buiness 2016-2017 e visita de campo

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• Packing List ou Romaneio de Embarque159; • Comprovante de Manipulação de Mercadoria em Terminal (Conhecimento de Embarque Marítimo). e todos os documentos exigidos pelo país exportador. Durante a visita de campo outros documentos foram mencionados: • declaração de Importação; • inspeção limpa, (Clean Inspection); • relatório de resultados. O exemplo da figura refere-se a um produto típico da secção 3 dos produtos pesqueiros, Pauta Aduaneira de 2014, com 30% de imposto aduaneiro e 20% de imposto de consumo sobre o valor CIF (Carry In Freight = custo, seguro e frete). Pode-se notar os aumentos de custos para o público em geral, calculado a partir do preço no retalhista. Exemplo de um produto de consumo com tarifa aduaneira a 30%

Origem: Análise Deloitte e visitas dos peritos consultores 160 Prazo médio para desembarco (dias): • Importação 48, • Exportação 45, Custo médio (US$ por contentor 20’): • Importação 1.850 Exportação 2.690

159 O “Romaneio de Carga” (ou de embarque) é o documento de embarque que discrimina todas as mercadorias embarcadas ou todos os componentes de uma carga em quantas partes estiver fracionada. O romaneio tem o objetivo de dar a conhecer detalhadamente como a mercadoria está apresentada, a fim de facilitar a identificação e localização de qualquer produto dentro de um lote, além de facilitar a conferência da mercadoria por parte da fiscalização, tanto no embarque como no desembarque. 160 Análise Deloitte & Touche Auditores, Lda, II Conferência da Distribuição em Expansão - A evolução do sector da Distribuição Moderna em Angola 2014 e visitas dos peritos consultores Outros custos: se intende para custos não facturáveis

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Quota para o CARAPAU (Tracurus spp) Carapau é um dos produtos da pesca mais procurados, sendo um peixe pelágico tradicionalmente consumido pela população angolana. Parte S Secção 20 do Pauta Aduaneira incluem-se produtos de importação para a quota de Outras mercadorias que poderão usufruir dos benefícios aduaneiro”. Neste sentido está previsto no Código Aduaneiro as mercadorias que constituem amostras das posições 9800.00.00.75 e 85. Pode-se usufruir dos benefícios constantes do presente capitulo como os primeiros das líneas (Parte C - Secção 3) para Carapau fresco, refrigerado (Posição aduaneira 9803.0245 10) e congelado (9803.0355 10)161 Durante o 2017, foi autorizado a importação sem qualquer imposto de consumo e de direito de importação das empresas que se candidataram a ele. A autorização resulta de um despacho de 06 de Março, assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, definindo o contingente a importar até 31 de Dezembro de 2017. As descargas podem ser efectuadas até ao final de Janeiro de 2018 através dos portos comerciais e pesqueiro de Luanda, de Porto Amboim, Namibe, Lobito e Cabinda. A quantidade de Carapau a ser importada é fixada em 90.000 toneladas em 2017; esse valor é calculado em comparação com o período de paro biológico na província de Cunene, rico em carapau. Este é o quarto ano que se apresenta esta oportunidade, que tem como objectivos: i) abastecer os mercados nacionais, ii) garantir a segurança dos alimentos e manter os preços baixos nos mercados, assim como, proteger os recursos hidrobiológicos angolanos. Sem este mecanismo de quota para importações de carapau, o Imposto de Consumo para esta espécie teria uma redução de 30% A quota foi estabelecida de acordo com as recomendações do Instituto de Investigação Pesqueira, que afirma que “Três indicadores são suficientes para a recuperação”. Existem mais de cento e cinquenta empresas que importam carapau para Angola

Origem: Pauta Aduaneira 2014 e

161 (Existem isenções sobre os impostos de importação para Carapau fresco e congelamento)

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http://24.sapo.pt/noticias/internacional/artigo/angola-autoriza-importacao-de-90-000- toneladas-de-carapau-em-2017-isentas-de-taxas_22061903.html O Capitulo Pautal N. 16 ocupa-se de preparações da Carne, de Peixe ou de Crustáceos de Moluscos ou de outros Invertebrados Aquáticos. Em particular deve conter mais de 20% em peso dos produtos das pescas. Os códigos 1604 e 1605 têm direito de importação de 20 a 30% e imposto de consumo do 10%. O Capitulo Pautal N. 23 ocupa-se de Resíduos e Desperdícios das Industrias Alimentares; Alimentos preparados para animais, como farinhas, pós e “pellets” de peixes ou crustáceos, de moluscos ou de outros invertebrados aquáticos, com 2% de direitos de importação e 10% de imposto de consumo (N. Pautal 2301.20.00). A secção V da Pauta Aduaneira incluí Produtos minerais do Capitulo 25, que inclui sal de todos tipos, com 20% de direitos de importação e 10% de imposto de consumo. 7.1.2 Impostos e taxas das exportações

Não temos informações suficientes sobre os impostos de exportação, que exigem mais pesquisas de campo, na web temos um site (AGT) que nos fornece automaticamente impostos de exportação. (www.siadu.gv.ao/TaxesSimulator/TaxResults.aspx) 7.2 Procedimento de exportação (para as empresas angolanas) Para informações actualizadas e confiáveis, é sempre aconselhável entrar em contacto com a Alfândega de Angola e consultar o seguinte site www.agt.minfin.gv.ao. 7.2.1 Certificações

Para uma melhor definição dos procedimentos a seguir por um exportador angolano, o consultor pretende acompanhar passo a passo todas as operações necessárias para ir ao encontro do que dispõe a legislação actual do sector económico angolano162. Importa ter presente que durante 2018, entrará em vigor a nova Pauta Aduaneira, o que poderá trazer alterações ao que se encontra estipulado. Recomendamos que se contrate os serviços de um despachante aduaneiro com

162 Lei n 1/07 de 14 de Maio das actividades comerciais; ➢ Despacho Presidencial nº 265/10 de 26 de Novembro, que regula os procedimentos administrativos que devem ser observados para o licenciamento de importações, exportações e reexportações; ➢ Decreto Legislativo Presidencial nº 10/13 de 22 de Novembro, que aprova a nova Pauta Aduaneira dos direitos de importação e exportação.

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experiência e se consulte o site da Administração Geral Tributária (AGT)163. 1º Passo Constituição da Empresa

Constituição da empresa junto dos Órgãos do Ministério da Justiça;

2º Passo Licenciamento

Licenciamento por ramo de Actividade (Alvará e/ ou Declaração do Órgão anuente); 3º Passo Inscrição REI (Registo de Exportador e Importador) Para iniciar qualquer processo de importação, é essencial que o importador efectue inscrição no Registo de Exportador e Importador (REI -D.PR No. 07/17 de 7 de Abril - sobre Disposições Administrativas para Licenças de Importação, Exportação e Reexportação).do sistema estabelecido no sistema comercial SICOEX (Sistema Integrado do Comércio Externo)164 e que são: • o registo é detido pelo Ministério do Comércio; • os requerentes de registo devem fazer um pedido, preenchendo um formulário, que se obtém, fazendo “download” do “site” do Ministério do Comércio; • o registo tem uma duração de 5 anos e activa-se automaticamente, depois da primeira operação de importação/exportação. Os documentos necessários para o registo são: • uma cópia autenticada do Contrato da Companhia ou dos seus Estatutos; • fotocópia da Licença Comercial (Alvará Comercial) apenas para empresas não comerciais; • uma cópia autenticada da Acta da Assembleia Geral, que contém a nomeação dos membros da administração da empresa; • fotocópia do documento de identidade do representante legal da empresa que tem o direito de inscrição.

163http://www.agt.minfin.gv.ao/portalat/faces/alfandega/sistemas?_afrLoop=758358338771792&_afrWind owMode=0&_afrWindowId=i0axfu6g4&_adf.ctrl-state=noynhzm 164 SICOEX, Sistema de controle computadorizado para importações. exportações e reimportações, sob tutela de Ministro do Comercio por harmonização com outras instituições, integra actividade de registo mediante um fluxo único de infomacoes. - http://www.cidadao.gov.ao/TodasPerguntasRespostasTema.aspx?id=66

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As Áreas de competência de SICOEX são: • certificações sanitárias; • certificação de cobrança cambial; Certificação de SICOEX podem ser utilizadas por operador inscrito no REI165

O Banco Nacional de Angola (BNA) e a Agência Geral Tributária (AGT) devem disponibilizar as informações apropriadas. Antes de embarcar a mercadoria o exportador/importador deve apresentar toda a documentação ao SICOEX (MINCO, AGT, BNA entres outras). 4º Passo Análise de mercado Deve-se fazer um estudo de viabilidade do negócio com uma descrição minuciosa de todas as características das exportações que se deseja fazer. Deverá ser incluída toda a certificação técnica, económica, de saúde, fiscal e pesca INN166. Os preços de produtos e de produção também devem ser considerados, bem como os tempos de envio e a cadeia de frio. As embalagens e rótulos devem obedecer ao que se encontra estabelecido nas regras internacionais. Sem esquecer os custos: dos transportes, ii) das finanças, iii) o pagamento, iv) os encargos e requisitos bancários e v) todas as informações que influenciam o funcionamento. Negociar com Exportador/Cliente: • o preço dos bens; • o prazo de embarque; • meios de transporte; • documentos relativos às transacções e remessa de mercadorias a serem enviadas pelo fornecedor; • responsabilidade de todos os custos, incluindo transporte e seguro; O método de pagamento mais apropriado, com base nas seguintes opções: (A) Pagamento antecipado (Conta Corrente ou Cartão de Crédito) (B) Carta de Crédito Bancário.

165 Registro de exportação de importadores 166 Para os países que o exigem ou se os produtos serão reexportados para um país que o exija

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5º Passo Despachante Nomear um Despachante aduaneiro com experiência em trabalhar produtos similares (produtos de pesca) a fim de desembarcar a mercadoria e com a respectiva documentação no prazo certo; 7º Passo Confirmação do negócio O exportador deve formalizar a negociação enviando uma factura pró- forma. Nela devem constar informações sobre o importador e o exportador, descrição da mercadoria, peso líquido e bruto, quantidade e preço unitário e total, condição de venda e modalidade de pagamento, meio de transporte, e tipo de embalagem. Obter a nota fiscal comercial pró-forma com os seguintes campos obrigatórios: • nome e endereço do exportador, incluindo telefone, fax ou e-mail; • nome e endereço do importador, incluindo telefone, fax e (ou) endereço de e-mail; • endereço de entrega, se diferente do endereço de cobrança; • data da factura, número e local; • a descrição exacta dos bens; • quantidade (unidade, volume ou embalagem), preço unitário e valor comercial da factura (com indicação de moeda); • termos de entrega e pagamento; • peso bruto e líquido dos bens; • país de origem. Entrega de documentos de despacho e despacho aduaneiro dos bens fornecidos pelo remetente ao banco onde o pagamento foi feito. 8º Passo Confirmação das formas de pagamento O exportador deve ter um meio de pagamento, uma conta bancária, cartão de crédito ou outro. Se o exportador não tiver uma conta bancária, ele deve demonstrar que procedeu à sua abertura num banco comercial localizado em Angola, o qual irá mediar as transacções e qualquer exportação autorizada só será realizada por um único banco. Duas possibilidades: • o uso da moeda estrangeira depositada em seu banco comercial; • ter uma conta em moeda nacional e em moeda estrangeira.

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A sua liquidação está sujeita à autorização do Banco Nacional de Angola (BNA) na área relativa à legislação de capital. 9º Passo - Documento Único (DU) O exportador, o despachante do exportador deverá providenciar o licenciamento da mercadoria e o pedido de licença (DU, Documento Unico167), que deve ser formulado através da submissão pelo exportador ao Sistema Integrado do Comércio Externo (SICOEX) da correspondente licença de exportação, de acordo com a legislação Angolana168. A compilação de documento electrónico de SICOEX é considerado um pedido de licença para importar/exportar mercadoria. Os órgãos competentes analisam o pedido de licença. Com o SICOEX o importador/exportador pode obter em qualquer momento informação sobre o seu pedido de licença. A notificação da decisão de concessão ou não-concessão de licença é feita pelo MINCO através do SICOEX, no prazo máximo de 5 dias (Artigo 24-25-26 Decreto Presidencial 75/2017 Licenciamento do Comércio Externo). Toda a documentação é arquivada no SICOEX. A seguir a AGT deve proceder ao desalfandegamento das matérias descritas no DU, com o processamento da declaração aduaneira. O DU só se pode utilizar uma única vez. 10º Passo Documentação necessária para o embarque da mercadoria para o exterior. Diferentes listas • nota de embarque; • Documento de Arrecadação de receitas (DAR); • Registo de Exportação e Importação (REI); • certificado de origem e qualidade; • certificado de inspecção; • certificado fitossanitário; • certificado de análise; • certificado de seguro de transporte.

167 Documento Único (DU): tiene todo documentos para conseguir o pagamento das pautas, Alfandega se ocupa de considerar o nombre pautario e considerar a taxa a pagar para el numero pautario considerado. 168 Ver Artigo 17 do Decreto Presidential 75/2017 Licenciamento Comércio Externo ; Decreto 75/02 de 15 Novembro do Conselho de Ministros com ajuste pelo decreto executivo N. 117/06 de 11 de Agosto do Ministro das Finanças.

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(Guia do exportador, APIEX 2015) • bill of landing; • certificado de origem • factura comercial; • Documento Único, declaração alfandegária (DU); • packing list ou Romaneio de Embarque; • certificação de taxa; • certificado sanitário*; • recibo de manuseio de cargas de terminais; • MINCO registo; • MINCO licença de exportação; • factura comercial. (Banco Mundial, Doing business, 2016-2017): • Autorização para exportação dos produtos pesqueiros: documento especifico para produtos das pescas:

• certificado sanitário; • licença sanitária da empresa; • certificado sanitário para exportação (todos os produtos); • certificado de excepção de encefalopatia bovina; (para carnes) • documento de análise do laboratório INIP de Luanda;(pescas) • certificado de origem de qualidade (MINCO); • certificado INN. Durante a missão, um despachante foi entrevistado, tendo adicionado os seguintes pontos à lista • conhecimento de Embarque Marítimo; • Ordem de Liberação de Carga; • Declaração de Exportação; • Contrato de Câmbio. 11º Passo Operação de câmbio

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Trata-se de efectuar a contratação da operação de câmbio, negociando com a instituição financeira autorizada o pagamento em moeda estrangeira acordada pela aquisição das mercadorias exportadas. O processo da liquidação cambial pode ser efectuado por instituições bancárias autorizadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e registada no SICOEX e SINOC (Sistema Integrado de Operações Cambias)169 que depende do BNA. 12º Passo - Embarque de mercadoria e despacho aduaneiro Após estes procedimentos deverá ser efectuado o embarque da mercadoria e desembarco na alfândega. O embarque aéreo ou marítimo da mercadoria é efectuado por agentes alfandegários mediante o pagamento de despesas portuárias. O embarque rodoviário é efectuado no próprio estabelecimento do produtor, ou em local pré-estabelecido pelo importador. A permissão da mercadoria para embarque é feita mediante a verificação física e documental realizada por agentes alfandegários nas instâncias aduaneiras. Todas as etapas do despacho alfandegário são feitas através do SICOEX. 13º Passo - Preparação dos documentos pós embarque, para negociação junto do Banco (pagamento) 1 factura comercial; 2 conhecimento do embarque; 3 acordo cambial; 4 carta de crédito (original); 5 apólice ou certificado de seguro (caso a condição seja CIF – Carry In Freight); 6 o Bordereaux170; 7 nota fiscal (DAR); 14º Passo Apresentação dos documentos ao banco do importador

169 SINOC: é um sistema automatizado de informação do BNA aos Bancos comerciais para registo, acompanhamento e controle de operações cambias. 170 Forma aportuguesada do termo francês bordereau, utilizado para denominar a relação de títulos de créditos que um cliente leva ao banco a fim de realizar uma operação de desconto ou cobrança.

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No caso de a operação ter sido efectuada com carta de crédito, deve-se apresentar ao banco indicado pelo importador os documentos que comprovem que a transacção foi efectuada conforme combinado. 15º Passo Liquidação do câmbio Após a transferência para o banco do exportador deverá ser feita a liquidação do câmbio conforme as condições descritas no contrato de câmbio. O recebimento deverá ser em AKz (kwanzas) 171, ou em divisas na conta em dividas da empresa exportadora. Certificado de origem O Certificado de Origem depende da legislação do país de origem do produto, emitida pela Autoridade Competente. Pode haver produtos com tratamento preferencial (tarifa de tratamento preferencial: ausência total ou parcial de impostos) e não preferencial172. Cada país define as suas próprias regras de origem, as de Angola encontram-se definidas nos artigos 20 e 23 da Pauta Aduaneira. Acordos Internacionais Existem vários acordos (alguns negociados) dos quais Angola faz parte: negociação de exportações preferenciais pautais para a China; protocolo comercial da SADC; Acordo de Parceria Económica entre a União Europeia e países da ACP. Porém, na verdade, o mais importante é o Sistema de Preferências Gerais - SPG, concebido pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento. O Acordo EBA (tudo menos Armas) para a União Europeia, onde os produtos angolanos estão isentos dos impostos de Direitos Aduaneiros e de Quotas, excluindo armas173 A Direcção Nacional de Intercâmbio de Luanda dá o certificado de origem para todos os produtos pesqueiros (farinha de peixe, óleo de peixe, peixe congelado e fresco).

171 MINISTÉRIO DO COMÉRCIO, Agência para a Promoção de Investimento e Exportações - MANUAL DO EXPORTADOR Procedimentos Administrativos, 2015 e ICE – Instituto do Comércio Externo - 2017 172 Definido para a OMC (Organisação Mundial do Comércio), está está a harmonizar em todos os níveis para Angola.

173www.agt.minfin.gov.ao/portalat/faces/alfandega/servicos?_afrLoop=645738511589942&_afrWindowMo de=0&_afrWindowId=xm5wehcyp&_adf.ctrldtate=67f4qtern_34#!%40%40%3F_afrWindowId%3Dxm5we hcyp%26_afrLoop%3D645738511589942%26_afrWindowMode%3D0%26_adf.ctrl-state%3D67f4qtern_38

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7.2.2 Custos

Esta informação foi adquirida na sequência de muitas conversações com especialistas da indústria em Angola, que se encontravam disponíveis durante a missão, mas não são consideradas exaustivas. Gastos para exportação marítima dos produtos da pesca: • direitos aduaneiros (Depende da posição Pautal, vai de 2-10 % para a pauta 03); • imposto de consumo (Depende da posição Pautal, vai de 10-30 % para a pauta 03); • imposto de selo 1% de valor total do produto (peixe não incluído); • emolumento geral alfandegário 2% de valor; • despachante 2% máximo; • transportadores; • taxa de terminal portuário; • serviço do porto EP 14 e Taxa de terminal portuário EP 19 (SOGESTER174); • BROMANGOL175 o INIP para analises (30.000 – a 300.000 KWA dependendo das analises) Situaçao de monopólio da Bromangol eliminada em Novembro de 2017; • legalização do Bill of landing; • emolumento de 1.000 Kz cada factura; • dependendo do regime fiscal do produto (são necessárias investigações adicionais); • documentos para CNCA (Conselho Nacional de Carregadores Angolanos ou Loading Certificate) que inclui: o Certificado de origem 5.000 AKzs

174 http://www.sogester.co.ao/en/?service=carga-aerea to better serve our business partners, the company has a customer service desk at guichet Unique Port of Luanda, will be at work that Guichet services tax, pre-gate service and customer support. Luanda, Bengo, Namibe. 175 O contrato de Concessão de Obra Pública de Construção e Exploração de Laboratórios de Análises, celebrado entre o Estado Angolano e a Sociedade Comercial BROMANGOL SA, foi rescindido en Octubre 2017 através de um despacho do Presidente da República, João Lourenço. (http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2017/10/45/Executivo-rescinde-contrato-exploracao- laboratorios-com-empresa-BROMANGOL,5010f4c5-1780-447a-844f-8e9ee6ae0866.html)

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o Inspecção policia fiscal 8.850 AKzs

O custo médio por contentor está avaliado em 1850 USD para a Importação e 2.690 USD para a Exportação, Banco Mundial Doing Business 2016 – 2017

7.2.3 Prazos e constrangimentos

Numerosas são as restrições que não tornam o sistema das pescas Angolano eficiente. Podemos identificar quatro grandes áreas: • mão de obra; • infra-estrutura e logística; • processo alfandegário e aplicação de legislação; • disponibilidade de moeda estrangeira. Durante as várias visitas realizadas nos locais de produção, transformação e comercialização de peixe, as ideias acima expostas pelos empresários pesquisados foram confirmadas. Um grande problema reside na parte informal do sector das pescas que abrange uma grande parte da produção nacional e regional. Mão de obra É do conhecimento geral que a falta de mão-de-obra e técnicos especializados no sistema de logística e distribuição de produtos pesqueiro é um problema, muitas vezes reflectida em alto absenteísmo e falta de confiança na subcontratação de operações logísticas por outras empresas devido ao baixo nível de serviços operacionais. Infra-estruturas na indústria pesqueira Os problemas de infra-estrutura no sector da pesca têm um grande impacto no desenvolvimento do sector porque, entre outros aspectos, não permitem o controlo, aumentam muito os custos, aumentam a concorrência desleal, e não permitem a rastreabilidade. Os capítulos 2- 3-4-5-6 descrevem a situação em detalhe. A industria nacional dos produtos da pesca, desde a captura até à primeira transformação está em plena renovação com grandes recursos públicos e privados (nacionais e internacionais) e com um forte impulso do governo; a grande distribuição organizada que abre novas áreas para a média burguesia angolana, constitui, também, um factor de

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desenvolvimento do sector pesqueiro, ao permitir ir ao encontro de uma população com um melhor nível de rendimento. O estrangulamento reside nas infra-estruturas para a pesca artesanal marítima e continental. Na verdade, temos problemas em toda a cadeia da pesca artesanal, da captura ao consumidor final. A pesca artesanal, que pelo menos, parcialmente, pode coincidir com o sector informal das pescas precisa de medidas substanciais para melhorar e aplicar a regulamentação do sector das pescas. Assim sendo, a cadeia de produtos artesanais das pescas deverá ter em conta os seguintes pontos: • barcos e equipamento de captura; • pontos de desembarque; • locais de primeira venda; • mercados e venda ao leilão; • transformação; • transportes e logística; • comunicação; • distribuição; • integração com o sistema industrial; • integração com o sistema de exportação regional e internacional; • sistema de crédito e compras colectivas. O tráfego rodoviário de Angola sofreu um grande desenvolvimento nos últimos anos, mas continua a ser um problema para muitos empreendedores entrevistados. As infra-estruturas de armazenagem em Angola, e sobretudo em Luanda, não dispõem das condições necessárias para o desenvolvimento de uma operação logística de elevada qualidade e tem custos elevados. Processo alfandegário e aplicação da legislação Todos os entrevistados e comerciantes da indústria pesquisada e a bibliografia consultada admitem e confirmam que os processos aduaneiros não são confiáveis, as comunicações são difíceis e levam muito tempo, embora tenham sido realizados progressos notáveis nos últimos tempos. Este fenómeno pode ser visto no quadro seguinte onde se compara os prazos necessários para completar um processo alfandegário em Angola e alguns países, e onde também se exemplifica com os prazos praticados em Portugal. Os motivos já referidos

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aumentam os riscos comerciais, a gestão de existências, aumentam os custos e os riscos para a segurança alimentar176.

Figura 7.2: Comparação dos lead times e documentos necessários para importação

Origem: Banco Mundial, Doing business 2016-2017 Os problemas com as operações aduaneiras são objecto de várias propostas para optimizar os tempos e para uma rede adequada entre os vários atores públicos envolvidos no sector pesqueiro e, de facto, propuseram um “Guiche” único para operações aduaneiras, que ajudará a resolver todas as questões aduaneiras. Além disso, a AGT já disponibilizou as instalações para certas operações aduaneiras, como o “Simulador de Direitos” que simula os direitos aduaneiros da Pauta Aduaneira.

Tabela 7.1 : Exemplo de simulação para exportação Descrição pautal N. Pautal Valor Akz Taxa exportação Kwz Farinhas, pós e pellets, de peixes ou 2301.20.00 1.000.000 100.000 crustáceos, de moluscos ou de outros invertebrados aquáticos Peixe congelado inteiro, Tilápias 1.000.000 100.000 0303.23.00 (Oreochromis spp) Peixe seco 0305.49.00 1.000.000 300.000 Peixe fresco ou refrigerados sardinha 0302 43 00 1.000.000 100.000 (sardinella spp) Peixe congelados sardinha (sardinella spp) 0303 5300 1.000.000 100.000 Origem: http://www.siadu.gv.ao/TaxesSimulator/TaxResults.aspx Portal SIADU (Sistema Integrado Aduaneiro) que facilita práticas aduaneiras.

176 Logística em Angola: desafios actuais e perspectivas de desenvolvimento, Angola, 2014, Deliotte, Edifício KN10 Rua Kwamme Nkrumah, 10 – 2º, Luanda – Angola Tel. + (244) 222 679 600 Banco Mundial, Doing business 2016-2017

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As funções que poderão ser encontradas no ‘SIADU’ são direccionadas para Importadores, Despachantes, Agências de Navegação e Operadores de Terminais e Portos177. Desenvolvimento de novos sistemas informáticos de gestão tributária (a concretizar de forma faseada), entre os quais se encontra o Sistema Automatizado de Processamento de Dados Aduaneiros – “Asycuda” (Automated System for Customs Data178), ferramenta informática das Nações Unidas que, juntamente com o Sistema Integrado de Gestão Tributária (SIGT), vai permitir facilitar as trocas comerciais, reduzir custos e formalidades burocráticas a nível aduaneiro. Disponibilidade de moeda estrangeira Na sequência das entrevistas com vários empresários, a questão da falta de moeda estrangeira nos mercados financeiros nacionais tem sido relatada repetidamente. Isso cria problemas na compra de meios de produção para o sector pesqueiro no exterior, para pagamentos de folha de salários para expatriados e para importações. Como em outras áreas dos indicadores do “Doing Business” (DB)179, e com base nas medidas do tempo e custo de importação e exportação, Angola obteve em 2016, resultados escassos em comparações internacionais de “Negociando entre Fronteiras”, ocupando o 181º lugar em 189 países. Estas questões de logística são muito importantes no comércio das pescas; estudos específicos podem ser fornecidos ao sector pesqueiro para facilitar as suas actividades comerciais. Angola ainda em 2017 não ratificou o Acordo de Facilitação de Comércio da OMC (Organização Mundial do Comércio, WTO) de 2013, mas o Acordo já entrou em vigor, também para Angola. O Acordo visa harmonizar os procedimentos aduaneiros transfronteiriços globais para diminuir os custos de transporte, como os descritos pelos indicadores (DB) de dados acima180. Para ajudar o novo país a que o Acordo de Facilitação do Comércio (Trade Facilitation Agreement) melhore a facilitação do comércio, a OMC (WTO) criou o Mecanismo de Acordo de Facilitação de Comércio (TFAF- Trade Facilitation Agreement Facility) para ajudar os LDC (Less Developed Countries) a implementar as disposições do acordo a médio prazo.

177 Para importadores e-Cacifo; e-Manifesto; e-Simulador de direitos, e-IPE; Localização de contentores Para Despachantes Códigos de exportadores e-DU; e-Cacifo; e-Manifesto; e-Simulador de direitos; e-IPE; Localização de Contentores Para Agências de Navegação e-Manifesto Para Operadores de Terminais e Portos Entrada de Contentores Saída de Contentores; Transferência de Contentores. 178http://www.agt.minfin.gov.ao/portalat/faces/alfandega/sistemas/asycuda?_afrLoop=837843224117139 &_afrWindowMode=0&_afrWindowId=null&_adf.ctrl- state=103uz2cqjv_1#!%40%40%3F_afrWindowId%3Dnull%26_afrLoop%3D837843224117139%26_afrW indowMode%3D0%26_adf.ctrl-state%3D103uz2cqjv_5 179 http://www.doingbusiness.org/data/exploreeconomies/angola 180 Promoting Economic Diversification and International Competitiveness in Angola Revised, April 2016, Stephen Golub and Varun Prasad - Swarthmore College, Report Prepared for UNCTAD

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7.3 RASTREABILIDADE A descrição do conceito de rastreabilidade é desenvolvida sobretudo do ponto de vista da legislação EU, onde são abordados os produtos angolanos mais valiosos. O QUE É A RASTREABILIDADE • a capacidade de rastrear o histórico, a aplicação ou a localização daquilo que está em consideração, (ISO 9001); • de acordo com a GS1, a rastreabilidade é definida como: a capacidade de rastrear o movimento através do (s) estágio (s) especificado (s) da cadeia de suprimentos estendida e rastrear para trás o histórico, a aplicação ou a localização do que está em consideração; • rastreabilidade / rastreamento de produtos é a capacidade de acompanhar o movimento de alimentos através de estágios específicos de produção, processamento e distribuição. (Codex Alimentar); • conjunto claramente definido de matérias-primas ou produtos que são identificados e rastreáveis de forma exclusiva. (Wiki de Tracefood).

Em Angola, a rastreabilidade é aplicada apenas aos produtos exportados para a Comunidade Europeia.

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8 Investimento

As novas linhas de desenvolvimento da indústria da pesca estão expressas no Decreto Presidencial 40/16, de 24 de Fevereiro de 2016, que inclue ao sector pesqueiro como muito importante para o país. O Governo, os grandes e pequenos grupos privados, investiram no sector da pesca considerado como fundamental para a diversificação da economia do país. Este decreto está em linha com a Estratégia Nacional “Angola 2025”181 que preconiza os seguintes três objectivos de médio prazo: • Pressupostos básicos do desenvolvimento, a estabilidade macroeconómica e a recuperação das infra-estruturas; • Desenvolvimento do sector privado, com vista a aumentar os investimentos, o emprego e a produtividade de investimentos na produção desses bens e serviços; • Inserção competitiva de Angola no contexto internacional.

O Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017 (PND)182 é parte da Estratégia Nacional. No que se refere às pescas sublinha: i) a redução recente da pesca artesanal e da pesca industrial, ii) a ausência de redes integradas de comercialização e distribuição de produtos alimentares da pesca e iii) a necessidade de promover o fomento de “joint-ventures” na área das pescas com outros países. Estas razões justificam os projectos de operadores privados no sector das pescas e a ajuda do governo angolano para o crescimento do sector da pesca. O sector é extremamente dinâmico, aproveita a abundância de recursos angolanos e as novas oportunidades de acesso ao financiamento do programa “Angola Investe” e “Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Pesqueira e Aquicultura” (FADEPA). As empresas recuperaram, expandiu-se a infra-estrutura terrestre e começou a renovação da frota de pesca. O regime de investimento no sector das pescas segue as leis nacionais que incluem as seguintes agências: • “Agência de Promoção de Investimento e Exportações de Angola”, APIEX-Angola, tem por missão a captação de investimento

181 http://portalmacvp.tecangol.com/Directivas 182 A novo plano esta em preparação

172

privado, a promoção das exportações e o apoio à internacionalização das empresas angolanas; • A coordenação dos Gabinetes dos Governadores Provinciais, das Unidades Técnicas de Apoio ao Investidor, designadas por UTAI, prestam ajuda aos investidores; • “Unidade Técnica para o Investimento Privado” (UTIP) – Compete- lhe receber, analisar e negociar os projectos de investimento privado de montante superior a USD 10 000 000,00; • “Unidade Técnica de Apoio ao investimento Privado” (UTAIP)183 – Serviço de apoio técnico permanente do Titular do Departamento Ministerial responsável pelo sector de actividade dominante, encarregue da preparação, condução e avaliação dos projectos de investimento privado de montante até USD 10.000.000,00184

8.1 Evolução do investimento no sector Não há estatísticas claras e confiáveis sobre o investimento no sector da pesca, mas o sector parece bastante dinâmico. Também deve ser especificado que a falta de estatísticas claras e informações precisas, em muitos casos, não permitem identificar com certeza a origem dos investimentos, sejam elas nacionais ou internacionais. Efectivamente, muitos projectos têm duplo financiamento, fundos nacionais comprometidos com fundos internacionais, cooperação institucional (FAO, Banca Africana, etc.) ou privados. Na última década, assistiu-se á tendência para a criação de “cluster” (aglomeração) no sector pesqueiro, melhorando o que já era no passado, quando o sector pesqueiro estava muito desenvolvido. O estado angolano orienta esta tendência, ajudando com a legislação a atrair investimentos internacionais e financiando as áreas mais importantes, como as das províncias de Benguela e Namibe, sem esquecer Luanda como líder do mercado nacional. O sector da pesca em “cluster”185 permite, não só uma forte aceleração do sector pesqueiro,

183 UTAIP’s – Cada Ministério que tenha previcão de gastos para projetos privados tem uma UTAIP; 184 Mercados informação e regulamentação Angola, condições legais do acesso au mercado, AICEP Portugal Global, Outubro 2016 e legislação: APIEX Decreto Presidencial n.º 184/2015, de 30 de Setembro; UTAI Despacho n.º 158/2016, de 21 de abril; UTIP Decreto Presidencial n.º 185/2015, de 2 de Outubro; UTAIP Decreto Presidencial n.º 236/2015, de 30 de Dezembro. 185 Clusters: concentrações geográficas de empresas, organizações e instituições que se relacionam entre si e que constituem o ecossistema para o fomento da inovação e de novos negócios e a criação de sinergias. Criam economias de escala e evitam desperdícios de factores de produção. O Estado desempenha um papel fundamental na criação de clusters do sector da pesca em Angola. - Evolução das políticas económicas em 40 anos, Jornal de economia e finanças – 13 Novembro 2015

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através do desenvolvimento da política de diversificação económica empreendida pelo Estado, como também permite economias de escala, tanto para a tecnologia como para o marketing, desde que se bem geridas entre o estado, as associações industriais e os empresários pescadores. As indústrias mais modernas e organizadas assumem o papel de líder nos diferentes “clusters” da pesca, auxiliados pelos planos estatais de pesca e pelo acesso ao crédito. Através dos “clusters” há uma grande absorção de mão-de-obra na indústria pesqueira (directa e indirecta) e revitalização da economia local. Nisso são ajudados por um vasto mercado nacional e internacional e programas como “Angola investe” que facilitam a cadeia de produção do sector pesqueiro com facilidades financeiras e de crédito. O panorama dos investimentos no sector dos produtos aquícolas está constantemente em movimento. Existem muitos projectos, tanto a nível nacional como internacional que estão em diferentes etapas de planeamento ou realização. Os fundos provêm do Estado, de instituições internacionais (como FAO, Banco Africano de Desenvolvimento, FIDA, etc.), cooperação bilateral e multilateral (China, Coreia, União Europeia, Portugal, Polónia, etc.) e também de empresas privadas angolanas. Como não existe uma coordenação entre as várias agências doadoras (públicas ou privadas), há uma certa confusão sobre o “estado da arte” dos vários projectos. Isto, juntamente com uma discreta falta de transparência, cria uma dificuldade considerável tanto para entender se um projecto é real ou não, (ou seja, se está na fase de execução ou é apenas em papel) e a fonte de fundos de onde ele provém. Por exemplo o banco de dados da UTAIP186 apresenta mais de 80 propostas a nível nacional divididas entre: • captura do pescado; • aquicultura continental; • transformações e pesca artesanal; • farinha e óleo de peixe; • cadeia produtiva das conservas; • indústria salineira.

De acordo com a UTAIP, existem várias propostas de projectos no sector da captura entre os quais, temos: • construção de entrepostos frigoríficos no Tombwa e Moçâmedes;

186 UTAIP – Cadeias Produtivas do sector das pescas, Junho 2017

174

• construção de ponte cais no Tombwa para todas as embarcações; • construção de ponte cais no Porto Amboim-Kwanza Sul; • reabilitação do porto pesqueiro da Bela Vista; • instalação de uma lota na província de Benguela (Baia Farta); • Escola de pesca no Namibe para formação pesqueira;(feito) • iniciativa privada no Namibe, Tombwa para estaleiro naval (ENAMEG LDA); • projecto estatal na ordem de algumas centenas de navios de pesca.

No sector da aquicultura temos, entre os quais, os seguintes: • construção do centro de aquicultura Massangano (Tilapia); • projetos comunitários localizados no: Bengo, , Kwanza Norte / Sul, Moxico, Lunda Norte e Sul; • projetos de organizações internacionais (PNUD, FAO, FIDA e outros); • centros de aquicultura de larvas estão sendo erguidos; • cinco empresas têm potencial para a produção de alimentos para a aquicultura.

Deve-se, porém, especificar que apenas dois desses projectos foram aprovados, enquanto outros ainda estão na fase de proposta. Isso significa que mesmo em vista da crise actual, não é certo que serão lançados, ou que haverá fundos para financiá-los. Dada a impossibilidade, pelo menos com os dados na nossa posse, de determinar exactamente de onde são provenientes os fundos de investimento (nacional ou estrangeiro), consideramos mais apropriado desenvolver a análise com base nos diferentes sectores do cenário empresarial.

8.1.1 Sector Artesanal • Foram reabilitados 9 Centros (ou estão sendo reabilitados) de apoio à pesca artesanal ao longo da costa e estão em curso mais 4, em 4 províncias do litoral. Esses “Centros de conservação e transformação” estão destinados a diminuir a perda do produto após as capturas;

175

• Foram construídos 3 Centros de “salga e seca” 187 188 na província do Namibe e no Kwanza Sul; • Desenvolveu-se um programa de microcrédito e formação para mulheres processadoras (zonas rurais do Uige); • Construído o centro de formação e processamento do Ngolome no Kwanza Norte.

Esses projectos são apoiados economicamente pelo Estado em colaboração com a FAO, com suporte técnico no caso dos dois primeiros. No terceiro projeto, o Estado interveio no sistema bancário para facilitar a concessão de crédito. Existem vários projetos que se concentram na pesca artesanal e na pesca de subsistência. A cooperação internacional, bilateral- ou multilateral, desenvolveu vários estudos e projetos para este sector. A fraqueza reside na fraca colaboração entre as várias agências para as quais há sobreposições e repetições. Das inúmeras visitas e entrevistas realizadas, os consultores confirmam que o sector artesanal está em pleno andamento, com muitos investimentos, tanto para capturas como para processamento e comércio. Na verdade, o sector artesanal integrado com a sua parte comercial informal abastece todo o território nacional e os mercados regionais com peixes frescos, congelados e salgados / secos, é atualmente a pedra angular do sector pesqueiro angolano para os mercados domésticos e regionais. A evolução da pesca artesanal deve procurar, na melhoria qualitativa, a oportunidade de agregar valor à captura. Nos projectos acima mencionados, o sector artesanal tem um bom nível tecnológico, produtivo e comercial, especialmente na proximidade de grandes centros urbanos, como Luanda. As grandes redes de supermercados são fornecidas por esses centros de excelência espalhados por toda a costa.

8.1.2 O sector da pesca Industrial e Semi-industrial O financiamento privado ou público/privado está concentrado no sector da pesca industrial e semi-industrial, pois é aquele que gera rendimentos e retornos lucrativos. Esta é uma área onde as dotações de capital são importantes e podem gerar uma taxa de emprego relativamente alta. Estas são as razões pelas quais é apoiada pelos Estados com suas várias agências.

187 Elaboração artesanal praticada, geralmente por mulheres, fora das condições básicas higiênico- sanitárias 188 Um dos dois projetos aprovados, por um montante de 2 milhões de USD, é justamente para a produção de sal.

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A maioria dos projectos está focada na transformação e não na pesca. Conforme especificado nos capítulos relevantes, o nível de captura é no máximo sustentável e talvez até um pouco acima. Portanto, as empresas concentram-se em dar valor agregado ao produto e garantir que não se verifiquem perdas devido a condições precárias de armazenamento e processamento. Luanda Nenhum projecto especial foi assinalado em Luanda no sector de transformação de pescado, contudo, durante as reuniões institucionais, foi relatado que as reestruturações de algumas fábricas de processamento foram planeadas enquanto outras estariam em progresso. Nenhuma outra informação foi fornecida. Benguela - Baia Farta Na Baia Farta concentra-se a Indústria Pesqueira da Província de Benguela, a qual, pode ser considerado um “Cluster” pesqueiro importante para Angola. De 2014 até hoje mais de dois milhões de dólares (USD) foram concedidos pelo programa “Angola Investe” aos empreendedores da Baia Farta, e de acordo com a declaração de Arnaldo Vasconcelos, presidente da Associação dos Produtores de Peixe em Benguela, outros fundos e investimentos são esperados. Está confirmado que os investimentos se concentraram em instalações (fábricas de gelo, túneis de congelação e tanques de lavagem) para permitir uma alta qualidade de produtos de peixes congelados, principalmente pelágicos. Existem pelo menos dois projetos chineses (ou angolanos / chineses) em Benguela. Um dos dois (Guanda) na Praia Azul, é a construção de una fábrica de transformação com uma superfície superior a 7 há. e um investimento planeado de 40 milhões de USD; um segundo empreendimento, também chinês, está sendo construído, trata-se de uma fábrica com uma superfície similar. No ano passado, três novos barcos de pesca chegaram de Portugal e têm sistemas de refrigeração de peixe a bordo. Namibe Nesta província existem três importantes “cluster” da produção pesqueira: os portos do Namibe, Tombwa e Lucirte. O mais importante é Tombwa, mas os outros dois também se estão desenvolvendo. Tombwa

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Foram realizados fortes investimentos para a reabilitação de vários complexos industriais, dois dos quais foram inaugurados durante a missão do perito. Não é inteiramente claro (os dados oficiais não estavam disponíveis) se os investimentos são completamente privados, com origem na Namibia, como afirmou o CEO da AST, ou se houve um co-financiamento estatal e de que tipo. Uma das duas novas fábricas tem linhas de produção para sardinha, cavala e atum. Durante a missão, e especialmente durante os discursos de inauguração, foi afirmado que outros investimentos estão em andamento para a reabilitação de novos complexos industriais. O porto de pesca de Tombwa também foi restaurado, mas não há dados sobre o financiamento utilizado e a sua origem. A “Escola de Pesca” do Namibe foi financiada pela Cooperação Polaca. Uma restrição importante à produção de conservas é a falta de latas e embalagens. Existe uma empresa na Provincia de Luanda (Anglo plastico) e outra em Benguela (Lobiaco) que produzem embalagens, mas importam o papelão. Contudo, não dispõem da capacidade de produção necessária para a indústria angolana.

8.1.3 Aquicultura Luanda Em 21 de Agosto de 2017, foi inaugurada a primeira fase da construção do “Centro de Larvicultura Marinha do Ramiros (CLMR)”, enquadrado no Projecto de Desenvolvimento de Tecnologias para o Melhoramento dos Recursos Pesqueiros de Angola, que está a ser realizado em parceria com o Governo da Coreia do Sul, através da Agência de Cooperação Internacional (KOICA). Esta infra-estrutura está avaliada em cerca de seis milhões de dólares norte-americanos, ocupa uma área de 10 mil metros quadrados e vai contribuir para o desenvolvimento em Angola, da aquicultura e da investigação científica aplicada. 189 Uma empresa chinesa, RSI Su-Lda, investiu um milhão de dólares na construção de 200 tanques para o cultivo de tilapia na comuna da Barra de Dande, provincia de Bengo (norte de Luanda). Este investimento também ocorreu na segunda metade de 2017 e está em desenvolvimento. Há também um projecto do Ministério das Pescas, Direcção da Pesca Artesanal e Aquicultura, para desenvolver um sistema de tanques (ponds) para a aquicultura do autoconsumo e pequeno comércio. Este projecto é apoiado pela FAO, mas ainda está em fase preliminar. Este projeto é nacional e deve ser desenvolvido nas províncias do interior.

189 http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/economia/2017/7/34/Angola-Ministerio-das-Pescas- inaugura-primeiro-centro-Larvicultura,bbf07ac1-c6de-4b79-8937-633bdc4251f8.html

178

8.1.4 Transformação da farinha e óleo de peixe Embora a lei angolana, por enquanto, não permita um maior desenvolvimento da indústria da farinha de peixe, existem vários projectos que envolvem a construção de fábricas para a sua produção, além das quatro indústrias existentes. As novas estruturas estão em projectos mais complexos, em particular em Benguela, como é o caso do projecto chinês Guanda, que também inclui uma fábrica de farinha e óleo de peixe e no Namibe, onde o Grupo AST S.A. planeia construir uma pequena fábrica para transformar os resíduos de outras fábricas.

8.1.5 Industria do sal190 No “Cluster” da “Cidade do Sal”, a Chumume (Baia Farta), que fica a 60 Km de Benguela existem três empresas produtoras de sal: Macaca, Calombolo e Chumume com um total de 1.800 ha de superfície. As condições climáticas com clima seco e pouca precipitação, ventos presentes, condições pedológicas com argila, terreno plano próximo ao mar, salinidade oceânica não poluída, tornam a área muito adequada para a produção de sal. Em Agosto de 2017, abriu uma nova área de sal em Calombolo, o que aumenta a área de produção de 500 ha. Dados apresentados pela APROSAL em colaboração com a Direcção Provincial das Pescas, confirmam que existem grandes áreas para a possível futura expansão desta indústria. A crise financeira abrandou o desenvolvimento das salinas devido à falta de recursos para o desenvolvimento de indústria de sal, apesar dos grandes mercados nacionais e regionais disponíveis. Apesar de ser considerada estratégica pelo governo não há meios técnicos e financeiros para o desenvolvimento desta indústria. Alguns espaços disponíveis para esta indústria estão ocupados, mas não são explorados por as empresas com licença. Actualmente, existem iniciativas em andamento: a construção de uma nova solução salina no Bengo (Capulo), o mapeamento das áreas de produção de sal com a colaboração dos governos provinciais para determinar áreas específicas para produção de sal, a formação profissional em produção de sal, a aquisição de iodato de potássio para enriquecer o sal, e facilitar a produção de embalagens.

8.1.6 Problemas gerais Em geral, alguns problemas são comuns a quase todos os investimentos do sector pesqueiro em Angola, independentemente da sua dimensão como sejam: a falta de infra-estruturas de logística, cadeia de frio, água potável, escassez de associações de produtores, presença deficiente da

190 Angola precisa de 250.000 toneladas por ano, e produziu 93.000 toneladas em 2016. Por este motivo existe uma quota estabelecida para importar 100 mil toneladas de sal.

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electricidade, falta de peças sobressalentes, falta de mão-de-obra e técnicos especializados, entre outras coisas. O Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) (linha, de 1.344 quilómetros de extensão) até Luau, que continuava de frente para a República Democrática do Congo, será uma grande ferramenta logística quando estar em operação. Esta linha poderá estar associada a outras que transportam produtos da RDC e da Zâmbia, constituindo uma importante via de comunicação para o escoamento regional dos produtos da pesca das Províncias de Benguela. Note-se que seria de extrema importância para o seu desenvolvimento, uma maior colaboração entre os vários Ministérios que lidam com diferentes áreas do sector pesqueiro, como sejam, o Ministério das Pescas, Finanças, Economia, Indústria, Saúde e Comercio.

Tabela 8.1 principais itens relacionados a projectos de investimento nos vários setores de produtos aquáticos (Minpes-Utaip 2017) Projectos apresentados em Investimento N. Postos de N. Projectos Provincias envolvidas Agosto de 2017 a UTAIP (USD) $ totais trabalho de MINPESCAS Investimento Sector Aquicultura 200.090.883 2.163 61 Bengo, Biè, Kwanza Nort, Kwanza Sul, Huilia, Luanda, Lunda Sul, Luanda Norte, Malange, Moxico, Namibe, Uige Captura e trasformação 61.950.191 1.181 16 Benguela, Cabinda, Luanda, Namibe Infra-estructuras 1.642.662 80 1 Namibe (Estaleiros) Salga e Seca 5.000.000 133 1 Namibe Salinicultura 13.392.174 498 7 Bengo, Benguela, Namibe, Kwanza Sul Origm: UTAIP – MINPES, Cadeias produtivas do sector das pescas, Junho 2017

8.1.7 Estrangeiro As pescarias industriais são geralmente realizadas por navios estrangeiros (da China, Japão, Coréia do Sul, Rússia, Espanha, Nigéria e Namíbia) arrendados ou em “joint-venture” com empresas angolanas, mas precisamos de receber informações mais específicas das autoridades sobre isso; as poucas informações disponíveis estão nas seguintes linhas. Mencionámos alguns investimentos que ocorreram, em construções e aprovados com capital estrangeiro em Angola (ver Cap. 5 para detalhes). Há também outros grandes projectos, como o da Baia dos Tigres, no sul da província do Namibe, com empresários portugueses para um sistema energético hibrido do MINPESCAS.

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8.2 Procedimentos para o investimento estrangeiro no sector A lei que rege o investimento privado é a a lei do Investimento Privado 14/2015 de 11 de Agosto de 2015, os artigos mais importantes são: • o artigo 11, diz que para o sector da pesca pode ser definido um regime especial para salvaguardar o interesse do empresário Angolano; • o artigo 22, diz que os lucros e dividendos do projecto de investimento privado externo podem ser transferidos para o país de origem. • A transferência de lucros e dividendos é um direito que cabe ao investidor externo.

Em coordenação com o Banco Nacional de Angola (BNA) e de acordo com a legislação cambial, depois de implementado o projecto de investimento e mediante prova da sua execução, o investidor externo pode expatriar: a) os dividendos ou lucros distribuídos; b) o produto da liquidação dos seus investimentos, incluindo as mais- valias; c) Produtos de indemnizações; d) Royalties ou outros rendimentos de remuneração de investimentos indirectos, associados à cedência de tecnologia.

• o artigo 30 n.3 da Lei 14 / 2015, indica incentivos fiscais para a produção destinada à exportação (até 15%) e participação de accionista Angolano (até 15%). A lei principal que regula a pesca é a Lei da Pesca n. 6-A / 2004, que também trata dos direitos de concessão de pesca e certificação de embarcação de pesca e de ordenamento de pescas, gestão da pesca e medidas de conservação que devem ser respeitados pelos investidores estrangeiros na pesca: • o Artigo da Lei da Pesca n. 6-A / 2004, Artigo 33 que se ocupa da Zona Reservada a Pesca de Pequena Escala diz que ”.. toda a extensão do mar territorial até às 4 milhas náuticas, contadas a partir das linhas de base, bem como as águas continentais, são reservadas exclusivamente à pesca artesanal, de subsistência, de investigação científica e recreativa, …” o artigo 31º Par. 3 aborda a titularidade de direitos da pesca artesanal, os quais, apenas são concedidos aos cidadãos angolanos.

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• o Decreto n. 14/2005 de 03 de Maio aprova o regulamento de concessão de direitos de pesca e licenciamento. 8.2.1 Regulação O artigo 50 º da Lei de pesca n. 6-A / 2004 trata das concessões de pesca através de acordos bilaterais ou multilaterais e declara que estes só são celebrados depois de todos os pedidos de concessão nacionais terem sido atendidos de acordo com a Captura Total Admissível (Total Allowed Catch) dos recursos para a pesca na área da ZEE (Zona Económica Exclusiva). Os Estados interiores e/ou geograficamente desfavorecidos e pertencentes à SADC têm preferência na celebração dos acordos internacionais. Os acordos previstos neste artigo devem incluir, em especial: espécie pescada, tipos de pesca, zona, artes, regime de transbordo, uma associação com pessoas Angolanas, respeito pela legislação pesqueira Angolana, taxa aplicável e publicação. O artigo 21º ocupa-se da atribuição de Quotas de Pesca, as quais são distribuídas segundo as capturas totais admissíveis que são desagregadas em quotas atribuídas a titulares de direitos de pesca industrial e semi-industrial. 8.2.2 Concessão de direitos de pesca

“Concessão de direitos de pesca” é o acto administrativo do órgão competente da Administração do Estado mediante o qual uma pessoa passa a ser titular de direitos de acesso ao uso e exploração de recursos biológicos aquáticos.

«Direitos de pesca» é o direito de capturar e comercializar recursos biológicos aquáticos, incluindo o direito de exercer actividades de pesca.

A Lei de Pesca n. 6-A/2004 ocupa-se dos seguintes artigos para concessão de direitos de pesca: • o artigo 31 declara que podem ser titulares de direitos de pesca as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras que reúnam os requisitos. • o artigo 32 sobre Prioridade na Concessão de Direitos de Pesca declara que: o os cidadãos angolanos têm preferência na concessão de direitos de pesca (Par. 1); o o Direito de pesca no Mar territorial (4 milhas) são concedidos aos angolanos, e às pessoas singulares ou colectivas nacionais dos Estados membros da SADC em relação aos quais haja reciprocidade (Par. 2);

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o os direitos de pesca nos rios internacionais e nas águas continentais sob jurisdição angolana são concedidos exclusivamente às pessoas angolanas (Par. 3); o os direitos de pesca no mar para além das 12 milhas náuticas apenas são concedidos às pessoas singulares ou colectivas estrangeiras desde que estejam em associação com cidadãos angolanos (Par. 4). • o artigo 35 explica o Conteúdo dos Direitos de Pesca, e que compreendem o seguinte: o o direito de exercício das actividades de pesca, incluindo a captura das espécies, subespécies ou grupos de espécies, nas quantidades, épocas e zonas previstas no título da concessão; o o direito de atribuição de uma quota de pesca no caso de estarem ou virem a ser definidas capturas totais admissíveis; o o direito de propriedade e o direito de comercialização dos recursos capturados no âmbito da concessão, incluindo das capturas acessórias permitidas. • o artigo 36 sobre Direitos Acessórios dos Direito de Pesca declara a liberdade de importação de equipamentos e materiais necessários ao exercício dos direitos de pesca; e a possibilidade de exportação dos recursos capturados. • o artigo 39º declara que os direitos de pesca são concedidos por um período de vinte anos, e o artigo 38 (Sec b) impõe o pagamento de direitos anuais das pescas. • o artigo 40º declara que os direitos de pesca se constituem mediante acto de concessão do Ministro competente, através de concursos públicos para a concessão de direitos de pesca comercial. • o artigo 51º Concessão de Direitos no âmbito de Acordos, declara que as embarcações de pesca a utilizar no âmbito dos acordos internacionais devem ter a nacionalidade e estar matriculadas no Estado com o qual foi celebrado o acordo. • o Decreto n. 14/05 de 03 de Maio, aprova o regulamento de concessão de direitos de pesca e licenciamento, diz, nomeadamente, o seguinte: o o pedido de licença é entregue na Direcção Nacional de Pescas e Protecção dos Recursos Pesqueiros (Art 32); • o art 30 declara que é interdita a concessão de licença de pesca a embarcações de pesca de pavilhão estrangeiro para a pesca no alto mar.

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8.2.3 Certificado de embarcação de pesca

“Certificado de pesca” é o documento, emitido ou reconhecido pelo Ministério competente que autoriza, nos termos da legislação em vigor e dos instrumentos internacionais pertinentes, o seu portador a utilizar a embarcação a que se refere para os fins nele previstos. É obrigatório para pescar em Angola.

A Lei de Pesca n. 6-A/2004 ocupa-se dos seguintes artigos para o certificado de embarcação de pesca. O Artigo 162º descreve o Conteúdo do Certificado de pesca que deve conter obrigatoriamente o seguinte: • o nome ou número de matrícula da embarcação, em Angola ou no Estado de bandeira, conforme os casos; • a bandeira da embarcação; • a identidade, nacionalidade e domicílio do proprietário ou proprietários e do armador, se for caso; • o porto de registo e o porto de base, bem como o número de registo; • a tonelagem de registo bruto; • o tipo de material de construção; • a categoria de embarcação e o método de pesca; • a potência do motor ou dos motores; • a capacidade do porão, em metros cúbicos; • a data de construção; • o sinal de rádio de chamada internacional da União Internacional de Telecomunicações, bem como o número de registo da Organização Internacional de Telecomunicações Marítimas por Satélite, se for caso disso; • o número da apólice de seguro da embarcação; • o número de tripulantes e suas qualificações profissionais; • a identidade e certificação profissional do capitão da embarcação.

O artigo 163º obriga à vistoria da embarcação para atribuição do certificado de pesca, atribuído pelo Ministério competente para o respeito das especificações técnicas da embarcação: a segurança e higiene do ambiente de trabalho, as condições higio-sanitárias do tratamento do pescado e as artes de pesca a bordo. O artigo 166º debruça-se sobre o Capitão da Embarcação, declara que o capitão comanda a embarcação cuja identidade e cédula profissional devem ser comunicadas ao Ministério competente.

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8.3 Ministério das Pescas O Ministério das Pescas é o órgão do Governo responsável pela elaboração, execução, supervisão e controlo da política das pescas em Angola O MINISTÉRIO DAS PESCAS, de acordo com o seu estatuto orgânico tem a seguinte estrutura e compreende os seguintes órgãos e serviços: • órgãos de apoio consultivo; • serviços de apoio instrumental; • serviços de apoio técnico; • serviços executivos centrais; • órgãos tutelados191;

MINPESCAS192 fornece informações sobre suas principais actividades para o público que podem ser divididas nos seguintes serviços: • Direcção Nacional de Pescas e Protecção de Recursos Pesqueiros (DNPPRP), é o serviço com funções de concepção, direcção, controlo e execução da política pesqueira, e de protecção e desenvolvimento dos recursos pesqueiros; • a DNPPRP está estruturada em três Departamentos, o Departamento Nacional de Pescas, o Departamento de Protecção de Recursos Pesqueiros e o Departamento de Ecossistemas de Áreas Marinhas Protegidas; • Direcção Nacional de Infra-Estruturas e da Indústria Pesqueira (DNIIP) é o serviço executivo com funções de concepção, direcção, controlo, e execução da política de infra-estruturas especializadas de apoio às pescas, nos domínios portuário, industrial, reparação naval, conservação, transformação, distribuição e apoio á organização e funcionamento das redes de comercialização e pesquisa de mercados externos dos produtos da pesca e da aquicultura; • a DNIIP está estruturada em três Departamentos: Departamento de Infra-Estruturas de Apoio à Pesca, Departamento de Pesquisa de Mercados e Redes de Distribuição de Produtos Pesqueiros e Departamento da Indústria Pesqueira; • a Direcção Nacional de Produção e Iodização do Sal (DNPIS) é o serviço encarregue de assegurar a produção, controlo da

191 Órgãos tutelados: a) Instituto de Investigação Marinha; b) Instituto de Desenvolvimento da Pescas Artesanal; c) Instituto Nacional de Apoio às Indústrias de Pesca; d) Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Pesqueira (FADEPA); e) Escolas de Pesca. 192 https://www.pescas.gov.ao/

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qualidade, Iodização e o estabelecimento de quotas de importação do Sal; • a DNPIS está estruturada em dois Departamentos, o Departamento de Apoio á Produção do Sal e o Departamento de Monitorização e Controlo de Qualidade. O Departamento de Estudos e Projectos ainda está em formalização; • a Direcção Nacional de Aquicultura (DNA) é o serviço responsável pelas funções de concepção, direcção, controlo e execução da política da aquicultura; • a DNA está estruturada em dois Departamentos, o Departamento de Maricultura e o Departamento de Aquicultura Continental. O Departamento de Cadastro e Monitorização de Infra-estruturas ainda está em formalização. Cada departamento é composto pelos chefes de departamento e mais um técnico; • o Serviço Nacional de Fiscalização Pesqueira e da Aquicultura (SNFPA) é o órgão sob tutela do MINPESCAS criado para assegurar a execução da política de inspecção e fiscalização das actividades desenvolvidas no sector das pescas em Angola, por forma a fazer cumprir as leis e regulamentos estabelecidos; • o Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (INIP) é o órgão sob tutela do MINPESCAS criado para realização das acções de investigação técnico-científica e tecnológica de interesse para o apoio e desenvolvimento da pesca em Angola. É a Autoridade Competente para a segurança sanitária dos produtos das pescas; • o Instituto de Desenvolvimento de Pesca Artesanal e da Aquicultura (IPA) é o órgão sob tutela do MINPESCAS criado para realização das acções de promoção e apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal e da aquicultura comunal em Angola.

O IPA está estruturado em três departamentos e um secretariado: • Departamento de Estudos e Projectos, Departamento de Apoio às Comunidades Piscatórias e Departamento de Aquicultura; • Gabinete de Estudo, Planeamento e Estatística (GEPE); • Unidade Técnica de Apoio ao Investimento Privado (UTAIP) Os projectos de investimento são alvo de um processo de aprovação e acompanhamento/ fiscalização por parte da UTIP e UTAIPs; • na perspectiva do investidor existem 3 fases a considerar193;

193 MINCO, Guia do investidor 2016

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• cada departamento ministerial é dotado de uma UTAIP, responsável pela análise, aprovação e acompanhamento dos projectos; os projectos cuja aprovação é da responsabilidade do Titular do Poder Executivo devem ser submetidos e analisados pela UTIP.

IDENTIFICA IMPLEMENTA Oportunidades de SUBMETE o o Projecto Investimento e Projecto RECOLHE informação

Entidade Entidade Entidade APIEX Angola UTAIP/UTIP UTAIP/UTIP

Apoio e Acompanhamento e Análise e Aprovação disponibilização de fiscalização dos dos informação aos Projecto investidores Projectos

8.4 UTAIP A Lei n. 185/2015 exige a criação de unidades específicas para apoiar os investidores, tanto nos ministérios quanto nos governos provinciais, denominadas Unidades Técnicas para Apoio a Investidores Privados (UTAIP), que são “responsáveis pelos procedimentos de investimento descritos neste regulamento”. A nível nacional, a Unidade Tecnológica do Investimento (UTAIP) do Ministério das Pescas Angolano identifica os sectores de interesse para investir ao longo de toda a cadeia de produção dos produtos das pescas até ao consumidor final: pesca, aquicultura, transformação e produção de sal. A UTAIP estipula a criação de uma “via rápida” para acelerar os procedimentos e as unidades de suporte técnico em cada ministério, incluindo a pesca de acordo com uma ordem presidencial. A participação obrigatória é de 35% no capital social e participação efectiva dos angolanos na gestão da empresa. A UTAIP, de acordo com o parágrafo 5 do artigo 12 do Decreto Presidencial n. 182/2015, de 30 de Setembro, facilita, não só, o processamento acelerado e automatizado, como também, o suporte

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personalizado e integração informática de serviços públicos numa única “mesa de serviço” no MINPESCAS. Destina-se a incentivar o investimento do sector da pesca em Angola, que sofreu uma queda significativa nas receitas fiscais devido à queda dos preços do petróleo e que agora está tentando acelerar a diversificação económica, reduzindo a dependência do petróleo. Nas províncias, estas UTAIP devem trabalhar ao lado do escritório do governador provincial e estão responsáveis por facilitar os contactos preliminares e pela orientação do investidor privado. Investimentos de valor inferior a US $ 10 milhões serão analisados pelo “departamento ministerial responsável pela principal actividade do investimento privado”, e acima desse montante a responsabilidade passa para o Presidente, que ainda pode delegar a análise do investimento ao Ministério apropriado. Fora deste esquema, e, portanto, da exclusiva responsabilidade do Presidente, são propostos investimentos em sectores com regimes jurídicos especiais, incluindo o investimento financeiro pesqueiro. A UTAIP actualmente há uma dotação de US $ 10 milhões e oferece assistência qualificada para preparar, organizar, financiar e acompanhar os investidores. A seguinte documentação é fornecida para ajudar os empreendedores: • oportunidade de Investimento; • documentação legal; • benefícios fiscais; • ficha técnica; • modelo de contrato para assistência UTAIP.

Em 2017, a UTAIP do MINPES iniciou as suas actividades com uma análise detalhada de seis grandes áreas do sector pesqueiro, incluindo a produção de sal. Já aprovou dois projectos e tem mais de oitenta no portfólio de reestruturação e novos projectos de acordo com os dados fornecidos no final de Junho de 2017.

8.5 UTIP

UTIP– Unidade Técnica para o Investimento Privado, que tem como função receber, analisar e negociar os projectos de investimento privado de montante superior a USD 10.000.000,00. Sempre dependendo da Lei 185/2015 A Unidade Técnica Para o Investimento Privado (UTIP) é um serviço técnico especializado, de apoio permanente ao Titular do Poder Executivo, encarregue pela preparação, condução, avaliação e negociação de projectos de Investimentos Privado cuja aprovação nos

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termos da Lei do Investimento Privado e respectivo regulamento seja da competência do Titular do Poder Executivo194. UTIP é parceiro dos investidores na articulação com todos os organismos públicos que intervêm nos procedimentos de apreciação, execução e implementação dos projectos de investimento. O consultor teve conhecimento de dois projectos aprovados pela UTIP, a nova unidade de processamento da Gunda no valor de 42 milhões de dólares, através de uma parceria com uma empresa chinesa de Benguela e a reestruturação e expansão da Edipesca em Luanda por 49 milhões de USD numa parceria com um Banco da Coreia do Sul (EXIM Bank)195. Em todos os sectores, foram mais de vinte os principais projectos aprovados pela UTIP desde sua fundação, envolvendo projectos no valor de US $ 10 milhões até US $ 5 bilhões. UTIP tem desenvolvido um Sistema Integrado de Gestão do Investimento Privado (SIGIP). É uma plataforma multicanal, online, desenhada para ser o principal ponto de contacto com os investidores.196 8.6 Oportunidades de parcerias e negócios Tal como acontece com outros sectores, o desenvolvimento do sector de produtos aquáticos apresenta uma série de constrangimentos e riscos que, em muitos casos, se reforçam mutuamente. Em Angola, os principais constrangimentos são, em primeiro lugar, devido à gestão insuficientemente cuidadosa, a sustentabilidade dos “stocks” de pesca. Estes são principalmente devidos à ineficácia dos controlos e, portanto, há perigos de sobrepesca tanto das espécies pelágicas como demersais. Aparentemente, o desenvolvimento de novas fábricas e a actualização de frotas industriais e semi-industriais através de acordos internacionais que permitem uma maior captura criam os pré-requisitos para uma pressão de pesca que ultrapassa o RMS197. Os empresários angolanos em geral não parecem ser capazes de governar as operações de pesca mas sim de “vender” suas licenças sem o controle real das capturas. O próprio facto de que os produtos não são desembarcados e que não existe um programa de observação a bordo torna difícil controlar isso. Deve também salientar-se que renunciar ao

194 http://utip.gov.ao/utip/quem-somos/ 195 The Ministry of Fisheries and the Export and Import Bank of South Korea (EXIM BANK) has a financing agreement amounting to USD 49 million for the rehabilitation of the facilities of the fish processing company EDIPESCA in Luanda. The agreement, signed by the director of the Planning and Statistics Studies Office of the Ministry of Fisheries, Isabel Cristóvão, and the representative of EXIM BANK of South Korea, Choi Hong- Suk, 196 http://utip.gov.ao/portfolio/informacao-investidor-2-2/ 197 Rendimento Máximo Sustentável

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processamento do produto implica perda tanto no valor agregado como na força de trabalho. É óbvio que qualquer empresa deve contar com dados confiáveis e mensuráveis que, em Angola, nem sempre são possíveis devido à falta de dados estatísticos confiáveis. No entanto, existem oportunidades interessantes no país para investimentos seguros, como a criação ou renovação de velhas estruturas anteriores à independência, como acontece no Namibe com o grupo AST da Namíbia, desde que seja criado um regime virtuoso que permita o desembarque e processamento do produto no país. No sector artesanal, investimentos similares podem ser feitos, mesmo que de outra ordem de grandeza. No entanto, deve-se notar que, dada a menor capacidade económica do sector, a intervenção do governo ou empreendedores que podem entrar em “joint-ventures” com cooperativas é essencial. Também deve ser apontado que o acesso aos serviços é de grande importância e isso é uma restrição que só pode ser superada com a ajuda do governo. No entanto, a possibilidade de atrair investimentos é uma vontade política de criar planos de desenvolvimento regionais ou estaduais que dê directrizes sobre acções a serem tomadas. Um dos sistemas mais adequados para mitigar os riscos acima mencionados é o desenvolvimento do ramo de pesca em “Cluster”. Em economia, falamos sobre um “cluster” industrial como um conjunto de empresas, fornecedores e instituições que estão intimamente interligadas (Wikipédia) Os “clusters” precisam de ser desenvolvidos ou encorajados onde eles já existem para minimizar riscos e desenvolver sinergias grandes e pequenas. Além disso, os “Clusters” permitem o uso de “serviços integrados”. O estudo “Cadeias produtivas do Sector da Pesca” realizado pela UTAIP do Ministério das Pescas lista os projetos para os quais é necessário financiamento divididos por tipologia e província. O consultor sugere fazer planos específicos com as Associações de Indústria, Empreendedores e Administração Provincial para optimizar os requisitos sobre os possíveis “clusters” dos seis sectores apresentados. É óbvio que para cada Cluster será necessário um estudo de viabilidade que envolva todas as partes interessadas, mas com base na vontade política de realizar esse investimento social e económico. Uma primeira fase poderia ser um Projecto piloto a ser realizado em um lugar preciso que possa ser replicado para outras partes do território e com as partes interessadas que possam reconhecer as actividades e o desenvolvimento do Projecto piloto. Seguindo o sistema de cluster identificado pela UTAIP, vários projectos- piloto poderiam ser realizados nos vários subsectores identificados

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envolvendo empreendedores locais, pescadores locais e assim por diante. O modelo a seguir, com as modificações apropriadas sou os Grupos de Acção Local das Pescas (FLAGs)198 da Comunidade Europeia e desta forma aproveitar a experiência já amadurecida na Europa em quase 8 anos de trabalho. Poderia ademais ser proposto para UTAIP ou grupo de pesca artesanal, actualmente não presente. Seguindo estudos e análises adequados com os parceiros de pesca artesanais. Abaixo é um exemplo de possibilidade de Cluster da Pescas em Benguela Na Província de Benguela, as principais capturas incidem na sardinha com cerca de 52 000 toneladas e no carapau com cerca de 13 500 toneladas, quantidades mais que suficientes para garantir a viabilidade de um “cluster” que na sua maior abrangência seria constituído por: • pequenas empresas armadoras; • cooperativas de pescadores; • pescadores artesanais; • empresas de congelação de peixe; • indústria de conservas; • indústria de farinha de peixe (existente); • indústria de salga de peixe; • empresas para comércio de peixe fresco; • empresas para comércio de peixe congelado; • empresas de embalagens; • transportadores locais de peixe; • transportadores de médio-longo curso; • oficinas de manutenção eléctrica de motores; • oficinas de manutenção aparelhos electrónicos; • oficinas de manutenção de redes e apetrechos; • estaleiros para grandes limpezas de casco; • oficinas de carpintaria marítima; • oficinas de metalomecânica marítima; • armazéns de venda de redes e apetrechos; • armazéns/fábricas de tintas marítimas; • armazéns de óleos e lubrificantes; • estações de serviço para gasóleo marítimo; • escolas de formação; • institutos reguladores; • fiscalização própria.

198 Grupos de ação locais de pesca (FLAGs), parcerias entre atores da pesca e outras partes interessadas locais e privadas locais. Juntos, eles projetam e implementam uma estratégia de baixo para cima que se adapta às necessidades de sua área para aumentar o bem-estar econômico, social e ambiental. https://webgate.ec.europa.eu/fpfis/cms/farnet/it/tools/flags-2014-2020

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A aquicultura continental e marítima deve ser estudada. Embora algumas destas empresas se encontrem de momento inactivas e inoperantes, facilmente poderão ser reabertas, caso exista um Projecto Estruturante que alavanque o sector.

Origem: CESO Estúdios Provincialés Angola, 2015 e elaboração do consultor

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9 CULTURA EMPRESARIAL

9.1 Introdução Antes da independência em 1975, Angola tinha uma economia diversificada com uma exportação próspera de mineração e agricultura e um notável sector de manufatura (Ecobank, 2015)199. A longa guerra civil levou à destruição de tais indústrias, incluindo o ferro, o café, o cacau e as indústrias de manufactura. Desde o fim da guerra, o país baseou a sua economia no sector petrolífero e, em menor medida, em diamantes. Em vez de aproveitar essa riqueza para acelerar as actividades de produção alternativas, primárias e secundárias, o país escolheu basear todo o consumo nas importações, destruindo a já baixa produtividade desses sectores. Esta escolha tornou a economia angolana uma das mais concentradas do mundo. Até ao recente declínio, o petróleo e o gás representaram cerca de 45% do PIB, 96-98% das exportações e 75% da receita tributária pública (OMC 2015ª). Os diamantes fornecem mais 5% do PIB e 2% das exportações. O país está fortemente sujeito à volatilidade das receitas da indústria do petróleo e ao “Dutch desease”, ou seja, a apreciação da moeda devido às receitas do petróleo que geram altos preços para todos os outros sectores de produtos. Além disso, a produção de petróleo é uma actividade com alta intensidade de capital e baixa intensidade de mão-de-obra e não cria emprego. Não é por acaso que a taxa de pobreza ainda é muito alta, estando Angola classificada, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU 2015 (IDH200), na 150 posição para um total de 188 países e territórios. A esperança de vida à nascença é de apenas 52,7 anos e só 42% da população tem acesso a água potável. A educação média é de 5,0 anos (PNUD, 2016) 201. Angola tem um dos maiores níveis de desigualdade do mundo com um Coeficiente de Gini202 de 42,7 em 2014 (Muzima e Gallardo, 2015)203. No entanto, o recente declínio nos preços do petróleo levou o governo a promover a competitividade em áreas como agricultura, indústria , turismo e pescas.

199 2015 Ecobank Group Annual Report 200 HDI = Human Development Index 201UNDP (2013). Angola HDI Values and Rank Changes in the 2013 Report. New York City: UNDP. 202 Il Coeficente Gini misura della diseguaglianza di una distribuzione. È spesso usato come indice di concentrazione per misurare la diseguaglianza nella distribuzione del reddito o anche della ricchezza. 203 Joel MUZIMA Glenda GALLARDO – ANGOLA 2017

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A pesca. Existem dois circuitos produtivos diferentes no sector da pesca, não só para as capturas, mas também do ponto de vista do empreendedorismo e do comércio: • a pesca industrial e semi-industrial está nas mãos de empreendedores que fazem parte da classe dirigente (dominante) do país; • a pesca artesanal que é, pelo contrário, a prerrogativa das classes sociais pobres de baixo rendimento , das comunidades de pescadores artesanais e dos habitantes dos “musseques204”. A pesca industral e semi-industrial No caso da pesca industrial, os empresários angolanos são, na sua grande maioria, nada mais do que os titulares das licenças de pesca que, ao estabelecerem parcerias com armadores de outros países, disponibilizam a sua licença e recebem uma compensação por esse uso. Em contrapartida, os barcos semi-industriais são armados, na sua grande maioria, pelos proprietários angolanos. Considerando o conjunto das embarcações industriais e semi-industriais, verifica-se que cerca de 40% tem a bandeira angolana. (ver Plano Nacional de Desenvolvimento das Pescas em ANGOLA [2016 | 2020] Página 26 - Imagem 12) A transformação dos produtos da indústria pesqueira, segue as mesmas características que o produto capturado. O processamento para exportação, no caso de empresas industriais, ocorre a bordo de navios congeladores ou fábricas (Namibe) que são operados por grupos estrangeiros. Temos como exemplo, o grupo AST no Namibe que possui ou opera seis fábricas, e a situação de Benguela onde existem grupos chineses e namibianos. Ao não ter acesso aos dados da empresa, não conhecemos a sua exacta situação, no entanto, pode haver interesses angolanos nessas instalações. As fábricas industriais associadas à pesca semi-industrial são geralmente detidas e operadas por proprietários angolanos e em alguns casos empresas estatais (Peskwanza em Benguela). O tipo de transformação que está sendo realizada nessas fábricas é, basicamente, o congelamento “all round”. O produto é vendido “ex fábrica” e freqüentemente entra em canais de exportação informais para destinos regionais. No entanto, a missão, perante os dados recebidos não tiveram a possibilidade de ver com clareza todos esses pontos os quais seriam de extrema importância para sugerir e implementar acções

204 Bairros suburbanos de Luanda ocupados por população com menos recursos (estendido a outras cidades)

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destinadas a melhorar a organização empresarial do produto da pesca. Deve também notar-se que, ao longo dos anos, vários fundos foram fornecidos pelo Estado, mas não resultaram em uma melhoria substancial na estrutura da pesca ou transformação e, portanto, na cadeia comercial. Serão desejáveis mais “insights” sobre este aspecto. Como novidade, o consultor chegou a conhecer o financiamento de US$ 42 milhões para a nova empresa Guanda Pesca205, que agora está sendo construída em Benguela por uma empresa chinesa. Não tivemos mais notícias sobre o investimento. Em última análise, existe uma falta de política de transparência que é reivindicada por muitas partes (empresários angolanos entrevistados) que ajudaria a definir melhor os caminhos da melhoria industrial e comercial no sector. A pesca artesanal Em relação à pesca artesanal, à transformação e comercialização associada a este tipo de actividade, existe uma rede de transformação/comércio bem ramificada, bem estabelecida e bem estruturada. A pesca artesanal é realizada por homens na fase da captura. Uma vez em terra, a transformação e o marketing é da responsabilidade das mulheres empresárias. O peixe que não entra no circuito “estruturado”, é vendido em fresco para supermercados (Candando ou os supermercados entrevistados por consultores) através centros de recolha artesanal inicialmente financiados pelo Estado e/ou com os fundos da FAO, o que é vendido para as fábricas de congelação, é comprado nos lugares de desembarque. Os lugares de desembarque não estão estruturados como mercados e possuem níveis higio-sanitarias e de qualidade muito baixos. As empreendedoras (zungueiras, peixeiras) podem comprar peixe fresco e comercializá-lo imediatamente através de uma rede vasta que se desloca nas principais cidades (especialmente Luanda) e nas províncias costeiras com uma grande quantidade de vendedores ambulantes que podem ser encontrados nos vários mercados, nas ruas ou diretamente nos bairros pobres (vendas porta a porta). Outra parte do peixe é transformada em condições higiénicas muito precárias. A evisceração e a salga em salmoura, e a seca são realizadas em estruturas de madeira e malhas com condições de higiene também muito precárias. Uma vez seco, o peixe é embalado

205 Angop 18 Julho de 2017

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e distribuído no mercado informal para a comercialização. As mesmas emprendedoras informais compram (ex-fabrica) grande parte do peixe congelado nas fábricas que recebem peixe da pesca semi- industrial, sendo depois transportado para as províncias do interior em camiões isolados. De acordo com as informações recebidas, cerca de 70%/80% do produto é vendido a operadores do mercado regional (em particular o Congo Democrático). A comercialização de pescarias continentais e de aquicultura não foi investigada, já que não foram realizadas visitas e não há dados confiáveis nessas áreas. Todos os dados que têm vindo a ser mencionados resultam das visitas de campo dos consultores.

9.2 Necessidades de capacitação e formação. As Escolas de Pesca Ao abordar este tópico, devemos ter em consideração os dados do PNUD, que indicam que a média de anos de educação no país é de 4,7 (PNUD, 2013)206. Além disso, o sector das pescas é um sector extremamente marginal onde os operadores são, em geral, de uma camada social muito baixa e, muitas vezes, dedicam-se à pesca porque não têm outro tipo de trabalho. Para os pescadores, não existem, actualmente, carreiras formais. Nos navios de pesca industriais, todos os funcionários são não angolanos. Estes últimos são empregados como força de trabalho de baixo nível. No sector semi-industrial, as equipas são muitas vezes angolanas, mas não têm educação formal no que se refere à gestão dos barcos, ao uso de equipamentos modernos, processamento e conservação de pescado. Acresce a tudo isto, a falta de uma educação bem estabelecida no campo da segurança no mar, primeira intervenção e conceitos básicos de primeiros socorros. De acordo com os dados reportados no PNDA 207 “As escolas de pesca, com maior implantação em Luanda e Benguela (Figura 9.1) são estabelecimentos de ensino público com dupla subordinação, onde se formam técnicos especializados na indústria pesqueira, tanto industrial como artesanal” AS escolas incluem os diferentes níveis de estudo da primeira escola à academia de pesca. Em Benguela (B), a educação alcança até 9 anos de escola. Em Luanda (A) e Namibe (C) existem escolas secundárias, E novamente no Namibe (D) existe a recentemente inaugurada Academia de Pesca para Educação Superior “A oferta formativa inclui diferentes tipologias, como formação inicial para jovens, formação profissional inicial para adultos e formação profissional permanente ou contínua,

206 Human Development Report 2013 - ISBN 978-92-1-126340- 207 Plano Nacional de Desenvolvimento das Pescas em ANGOLA[2016|2020] (PNDA)

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fornecendo ao mercado técnicos médios e (futuramente) superiores.” (PNDA)

A. Centro de Formação das Pescas (CEFOPESCAS)

B. Escola Profissional de Pescas de Benguela

C. Complexo Escolar Mar.timo Helder Neto

D. Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe

Fig 9.1 Redesenhado pela PNA 2016- 2020 No entanto, deve notar-se que, pelo menos no caso do Instituto de Luanda (CEFOPESCAS)208, que o mesmo, ainda está em construção e, infelizmente, não foi possível visitar a escola de pesca do Namibe209 pela indisponibilidade do Diretor e dos funcionários. Esta indisponibilidade, mesmo ao nível central, não permitiu que os consultores conhecessem os currículos que serão desenvolvidos. A documentação, portanto, apresenta poucas páginas dedicadas ao sector de formação no PNDA e existe uma lista de “ÁREAS DE FORMAÇÃO/PERFIS PROFISSIONAIS” totalmente inadequadas para formular qualquer análise e hipótese de trabalho concretas. (Plano Nacional de Desenvolvimento das Pescas em ANGOLA [2016 | 2020] (PNDA) A formação é certamente uma das pedras angulares para melhoria dos sectores: higio-sanitário, económico, comercial e das condições socio-económicas do sector da pesca e aquicultura. Para este fim, os consultores consideram essencial ter uma acção cognitiva no sector que permita, junto com as partes interessadas, desenvolver um plano nacional que, de acordo com as directrizes estabelecidas na Estratégia Nacional de Formação de Quadros (ENFQ 2012) e retomado no Plano Nacional de Formação de Quadros (PNFQ 2013- 2020) e no programa PDNA podem sinergicamente, combinar o conhecimento do sector formal nacional (escolas) e do conhecimento internacional do Projeto ACOM. Tal acção só pode ser alcançada através do conhecimento aprofundado dos currículos e do plano de formação dos vários institutos de formação no sector de pesca / aquicultura.

208 Ver figuras de 144 a 146 do Anexo fotografico. 209 Figura 147 do Anexo fotografico.

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9.3 Promoção de vendas. As vendas de produtos podem ser estratificadas da seguinte forma Tabla 9.1 Estratificação da venda dos produtos Caracterização do Canal comercial Comprador produto a Produto congelado Exportação Empresa de a bordo, do ponto directa para importação de vista higio— países com o para o sanitario mercado mercado de compatível com evoluído: por referência regulamentos exemplo, internacionais, Espanha e outros nível países da UE qualitativamente elevado, valor agregado de médio a alto( camarão) b Produtos pescados Exportados para Empresa de e tratados com países em importação gelo. quantidade e para o Desembarque nas mercados de mercado de fábricas de menor qualidade: referência transformação e Rússia, China. Comprador congelação. Nível Vendido es para higio-sanitario localmente supermerca adequado, (cartões) dos locais. qualitativamente Exportados a aceitável, médio / partir da rede baixo valor comercial agregado (por ex. informal no sardinha e mercado regional carapau) (Congo Dem, Zâmbia, etc.) c Produtos frescos Vendido Comprador capturados e localmente nos es de tratados com gelo supermercados supermerca (artesanal ou no circuito de dos e evoluído), restauração cadeias de sanitariamente restauração aceitável / . adequado. Restaurante Qualidade média / s alta (por exemplo, individualm demersal, ente lagostas)

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d Produtos frescos Vendido População da pesca não localmente na de classes tratados com gelo, rede informal nos sociais possivelmente mercados médias / salgados. Nível baixas. higio-sanitario Cadeias de pouco adequado catering de (níveis elevados de baixa histamina). Baixa qualidade qualidade. (ex: carapau) e Produto seco Status salgado, não Vendido através social baixo tratado com gelo. de comercio (capacidade Nível higio-sanitario informal e de de muito pobre a localmente (em aquisição perigoso, várias pobre), Qualidade baixa a províncias), exportadore muito baixa (Ex: exportados de s informais sardinha, carapau) maneira informal para países vizinhos f Produto não apto fabricas de compradore para consumo farinha e óleo s humano internacion ais

Excluindo o primeiro produto que é manipulado e comercializado de acordo com os altos padrões internacionais, todos os outros tipos de produtos e comercialização podem ser melhorados. Alguns deles precisam de ser melhorados, pois o seu nível higio-sanitario (além da qualidade) é, em muitos casos, perigoso para a saúde da população. Os pesquisadores do INIPE confirmaram ao consultor, durante uma visita ao Instituto, que os estudos microbiológicos realizados em alguns dos principais mercados (Mercado da Ilha e Mobunda) mostraram que o nível de contaminação microbiológica era preocupante. Esta situação, poderá também resultar do mau hábito de lançar todos os resíduos do processamento directamente na água, da inadequação total da estrutura, da falta de água corrente, da manipulação inadequada do produto e da contínua contaminação cruzada. As medidas específicas de adequação do produto (ver também o Capítulo 6.2) para a promoção das vendas podem ser indicadas de acordo com as diferentes camadas da estratificação acima referidas e da seguinte forma:

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a) o produto é fabricado de acordo com padrões internacionais de alta qualidade e sanitários. Nenhuma acção é proposta; b) o produto, essencialmente pequeno pelágico, tem uma qualidade higio-sanitarias e organoleptica largamente variável. Seria necessário estandardizar o tratamento do produto através de protocolos precisos que determinam a qualidade, (especialmente higio-sanitarias) do próprio produto. Os navios devem estar equipados com gelo, bem como um sistema completo para manter a vida útil do produto, desde o momento da captura, até ao seu armazenamento e desembarque. A cadeia logística deve ser adequada. Não há camiões frigoríficos e, portanto, o produto, embora bem congelado, pode apresentar problemas higio-sanitarios muito importantes no local de destino (o produto deve estar intacto e congelado, um produto que está descongelando ou derretendo água é inadequado); c) como no parágrafo anterior, é necessário criar um protocolo padrão a ser aplicado ao produto, bem como analisar o produto nas instalações de processamento e vendas; d) É necessária uma reestruturação completa da frota e métodos de captura e manipulação do produto. É igualmente importante estruturar um sistema de postos de desembarque e venda (mercados de peixe para operadores) que seja apropriado, com um sistema higiênico-sanitario mínimo que permita, se não a qualidade, pelo menos, que não seja vendido um produto perigoso para a saúde pública. Para este fim, também é necessário adaptar a legislação relativa a este assunto, que também envolve cuidados veterinários e/ou pessoais e que podem exercer controle sobre os produtos vendidos. A FAO recomenda a produção de farinha de peixe a partir dos resíduos de processamento de peixe e não de peixes capturados. Certamente, a farinha produzida tem as qualidades exigidas para a venda, portanto, a este propósito, não há acção específica quanto ao ajuste do produto. Enquanto aos procedimentos de fabrico, verificámos que em Angola obedecem aos requisitos exigidos pelos padrões internacionais210 Pesca INN O parágrafo seguinte é inteiramente retirado da página da UE211: A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (pesca INN) empobrece as unidades populacionais, destrói os habitats marinhos, distorce a concorrência, coloca os pescadores honestos numa situação

210 ISO 19011:2002 e HACCP (Hazard Analysis Critical Control Points), www.iffo.net 211 https://ec.europa.eu/fisheries/cfp/illegal_fishing_pt

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de desvantagem e enfraquece as comunidades costeiras, em especial nos países em desenvolvimento. A UE está a desenvolver esforços para colmatar as lacunas que permitem aos operadores ilegais lucrarem com as suas actividades: • O regulamento da UE para prevenir, desencorajar e acabar com a pesca INN entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2010. A Comissão colabora activamente com todos as partes interessadas para garantir uma aplicação coerente do Regulamento INN. • Apenas os produtos da pesca marinha certificados como sendo legais pelo Estado de bandeira ou Estado de exportação relevante podem ser exportados pela UE ou importados para o seu território. • É regularmente divulgada uma lista dos navios que fazem pesca INN, identificados como tal pelas organizações regionais de gestão das pescas. • Ao abrigo do Regulamento INN, podem ser adotadas medidas contra os Estados que ignoram as atividades ilegais de pesca: primeiro recebem um aviso, depois podem ser identificados e inscritos numa lista negra por não lutarem contra a pesca INN. • Os operadores da UE que façam pesca INN em qualquer região do mundo, independentemente da bandeira arvorada, enfrentam sanções pesadas proporcionais ao valor económico da sua captura, que os privam de qualquer lucro.

A base jurídica no que refere-se à pesca INN: Regulamento (CE) n.º 1005/2008 do Conselho, de 29 de setembro de 2008, que estabelece um regime comunitário para prevenir, impedir e eliminar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada («Regulamento INN») Regulamento (CE) n.º 1010/2009 da Comissão, de 22 de outubro de 2009, que estabelece normas de execução do Regulamento (CEE) n.º 1005/2008 do Conselho Durante a missão, o consultor não pôde entrar em contacto, e nem mesmo saber, qual autoridade em Angola é responsável pela certificação da regularidade da pesca. Não foi possível visualizar as licenças de pesca angolanas para a INN. 9.4 Considerações e regulação ambiental A pesca é uma actividade que interage com o meio ambiente em que é realizada, por isso pode ser extremamente impactante por vários motivos.

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O primeiro, é certamente a própria pesca. Nos anos de guerra civil, os “stocks” de pesca de Angola sofreram uma pressão muito forte que provavelmente causou o colapso (felizmente temporário). O controlo das operações de pesca legal assim como da pesca INN (IUU) ainda está a decorrer em águas angolanas e é, portanto, uma prioridade se quiser continuar a ter um sector de pesca activo. No “Relatorio Nacional para a Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica” há também a referência a uma pesca com explosivos que, além de ser muito prejudicial ao meio ambiente, produz um produto de qualidade muito baixa devido ao efeito sobre os órgãos internos dos peixes capturados. No caso de alguns recursos, seria desejável dar uma maior atenção aos TAC (Totais Admissíveis de Capturas), tendo em consideração, não só, o alto valor comercial das espécies, como também, as violações feitas por navios de pesca semi-industriais que prejudicam o meio ambiente e os pescadores artesanais. Apresenta-se a seguir a lista dos peixes ósseos demersais presente na faixa costeira incluídos em categorias de conservação e que ocorrem em águas angolanas segundo o Relatório Nacional para a Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica. 212 • Mycteroperca rubra Mottled grouper (I213) DD • Epinephelus marginatus Dusky grouper (I) ER

Por conseguinte, é desejável uma pesca mais selectiva. A este respeito, o uso de instrumentos/equipamentos que podem ser um perigo para a fauna, como as redes de plástico impresso (origem chinesa), particularmente frágil, não reparável e que muitas vezes são abandonados no mar, deve ser regulado (e até mesmo proibido). O problema das redes fantasmas está a se tornar um problema bastante consistente em alguns locais e deve ser abordado com um programa específico, pois pode criar problemas extremamente graves de declínio de algumas espécies. Seria desejável estudar a possibilidade de inserir aterros fixos (barreiras artificiais) em algumas áreas contra o arrastão ilegal, definir algumas áreas de proteção (exclusão total ou parcial das pescarias) para permitir a recuperação do litoral, nomeadamente as áreas de reprodução. A protecção de algumas espécies deve ser mais atenta, em particular, as operações de “finning” (aletas de tubarão) devem ser proibidas de acordo com o direito internacional e formação específica para pescadores sobre espécies protegidas ou em risco, deverá ser incentivada. A seguir identifica-se uma lista de tubarões que evoluem em águas de Angola e cujo estatuto de conservação é reconhecido internacionalmente como estando em risco.

212 MINISTÉRIO DO URBANISMO E AMBIENTE - Primeiro Relatório Nacional para a Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica - Projecto 00011125 – Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade (NBSAP) 213 I = Nome em inglês

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• Galeocerdo cuvier Tubarão tigre • Galeorhinus galeus School shark (I) • Manta birostris Raia Manta (I) • Prionace glauca Tubarão azul • Pristis pectinata Smalltooth sawfish (I) • Pristis pristis Common sawfish (I) • Pseudocarcharias kamoharai Tubarão crocodile • Squalus megalops Cosmopolitan spurdog (I) • Squalus mitsukurii Green eyed Spurdoh (I) • Sphyrna lewini Scalloped hammerhead (I) • Raja clavata Thornback ray (I)

É necessário levar em consideração, na definição de TAC, que muitas unidades populacionais de peixes são também os recursos alimentares de outras espécies (como os pinnípedos), de importância natural. Locais de desembarque Os locais de desembarque têm um padrão ambiental inaceitável. Em mercados maiores, os esgotos a céu aberto vão diretamente para a água através dos próprios mercados. Todos os resíduos são lançados na água criando condições muito perigosas do ponto de vista da saúde e do meio ambiente, pela elevada poluição biológica que está sendo criada. Possíveis surtos de contaminação podem ser deletérios e disseminar doenças a animais selvagens (peixes), sejam eles de interesse comercial ou não. Problema ambiental devido ao plástico Uma referência especial deve ser feita para o plástico, um material que se está tornando um grande problema ambiental. Em Angola, como em outros países da região, umas grandes quantidades de objectos de plástico são consumptas, entre os quais um grande número de envelopes e garrafas feitas de material não biodegradável. Não existe uma verdadeira recolha de resíduos no país, por isso acabam nos aterros improvisados e terminam regularmente no mar, trazidas por chuvas ou simplesmente pelo vento. A poluição plástica é, portanto, muito alta e causa problemas visíveis, como a captura de animais ou a ingestão por algumas espécies (por exemplo, tartarugas), mas também não visível como a ingestão pelos pequenos peixes pelágicos de micro e nano-plástico. Não há dúvida de que a gestão de resíduos sólidos é um dos problemas que o país tem de resolver e que tem um forte impacto no sector pesqueiro. Certamente, é necessário evitar a produção de

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embalagens adicionais ou outros materiais de plástico que o país não pode controlar.

Pesca continental e aquicultura As mesmas considerações também devem ser feitas para a pesca continental e com uma atenção ainda maior, dado que elas são mais vulneráveis que as águas marinhas. No que diz respeito à aquicultura, deve ser dada especial atenção à introdução de espécies exóticas que podem criar grandes problemas para as espécies indígenas e, em particular, é importante prestar atenção à compra de “alevins” já que podem introduzir doenças que são terrivelmente destrutivas para a espécies locais como já aconteceu nas águas da bacia do rio Zambeze214. A aquicultura é, porém, uma actividade estratégica para o crescimento. Para este fim, o governo, que se orienta nessa linha, está incentivando uma programação profissional do sector profissional. Ressaltou o término da primeira fase do projecto de Planeamento Espacial das Zonas com potencial para o desenvolvimento da aquicultura em Angola, que irá apoiar as iniciativas do sector privado na selecção de áreas mais adequadas para produção de aquicultura215. 9.4 Emprego e qualificação dos trabalhadores Conforme indicado anteriormente e relatado em várias publicações e estudos (FAO 2011, Golub e Prasad 2016216), o número de pescadores diretamente envolvidos em capturas artesanais varia de 130.000 a 150.000, incluindo aqueles que usam a “banda-banda” e que se dedicam à pesca de subsistência. A isso devemos adicionar os pescadores que trabalham no sector industrial e semi-industrial, que podemos situar, com alguma cautela, entre os 8.000 a 10.000. Estes números, no entanto, não incluem aqueles que trabalham na compra, processamento, distribuição e comercialização de peixes. Um relatório da UE de 2006 (UE - veja União Europeia 2006) 217 estima que existem 700.000 pessoas que vivem da pesca e actividades relacionadas. Considerando que o sector pesqueiro continua a recrutar mão-de-obra, especialmente neste momento com a actual crise económica, o consultor estima que esses números são bastante válidos e

214 John K. Walakira - Mapping Aquatic Animal Diseases in Southern Africa - Inter African Bureau for Animal Resources - 2016. 215 Angop, Angola: Sector das Pescas apresenta resultados animadores, www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/economia/2016/3/17/Angola-Sector-das-Pescas-apresenta- resultados-animadores,11496c48-7735-47de-99a4-753, 2016 216 Golub, S; Prasad, V - Promoting Economic Diversification and International Competitiveness in Angola – UNCTAD 2016. 217 EU - Avaliação do nível do país Angola Setembro de 2009.

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provavelmente conservadores, uma vez, que a grande maioria está incluída no sector informal, e que alguns deles trabalham a tempo parcial no sector pesqueiro. Não há dados estatísticos oficiais confirmando essa afirmação. É fácil entender que toda a costa angolana é constituída por populações “altamente dependente da pesca” e que essa actividade é crucial do ponto de vista social. Também deve ser dito que a maioria desses operadores não é contabilizado para os cálculos do mercado de trabalho formal e, portanto, representa uma importante fonte de evasão fiscal. Também é evidente que escolas de formação que existem estão absolutamente subdimensionadas em relação ao número de operadores. O número de operadores também pode ser aumentado se tivermos em conta a frota continental que actualmente emprega, de acordo com estimativas não confirmadas, cerca de 5.000 pessoas. Outra possibilidade de uso generalizado também é dada pela aquicultura, seja de subsistência ou intensiva para o comércio intra-estadual ou regional. A FAO está realizando uma série de estudos, alguns executados recentemente (ou em realização)218, outros concluídos, e comunicadas aos consultores durante as entrevistas, sobre a pesca continental que permitirá dados mais precisos. 9.5 Acesso a tecnologia, embarcações, maquinaria e insumos Quase tudo o que é necessário no sector de recursos aquáticos é importado do exterior. No Capítulo 2, o problema da frota foi amplamente discutido. Parece mais do que óbvio que uma das principais restrições do sector é a falta de um Estaleiro que tenha a capacidade de fazer as reparações necessárias, pelo menos, as relativas à frota semi-artesanal, que neste momento tem que se deslocar à Namíbia, desperdiçando tempo e dinheiro. Os barcos artesanais e semi-industriais na sua maioria são feitos de madeira. O tipo de design está bastante ultrapassado e, dada a falta de combustível, o próprio peso do barco é um problema para o alto consumo de combustível, especialmente com motores fora de bordo. O equipamento é bastante caro e seria desejável criar um centro comercial (talvez de propriedade do Estado ou operado por associações industriais) que ajude a reduzir o custo desse material. Também para a transformação/processamento, as máquinas são importadas de fora e as construções são feitas principalmente com máquinas sul-africanas, europeias, chinesas ou russas. O problema aqui é a escassez de técnicos angolanos em manutenção e reparação. Por exemplo, o centro de artesanato de Cabo Ledo,

218 DRAFT Socioeconomic Situation Analysis of Fish Value Chain in Angola: Evidence from Moxico and Uíge Provinces, Mr. KOANE MINDJIMBA FAO International Socio-economist Consultant 12/06/2017

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aquando da visita do consultor, tinha os geradores parados há 8/9 meses, pois não conseguiram consertá-los (ou troca-los), levando a uma perda importante de qualidade no produto tratado e, portanto, uma perda comercial. Também são importados alguns materiais de embalagem. A este propósito, é necessário fazer um esclarecimento. Angola não está equipada para o uso de produtos da quarta ou quinta faixa (filme plástico). Na verdade, o país está submerso pelo plástico, que atinge o mar, causando problemas ambientais que não são indiferentes. A incapacidade do país para lidar com a questão dos resíduos e, em particular, com o plástico, deve ser levada em consideração para evitar uma maior ponderação no problema da embalagem que exige uma organização muito mais avançada para sua eliminação. Estudos apropriados devem propor novas soluções tecnológicas para esse problema. Problema de divisas Após as visitas feitas pelo consultor, o problema das divisas surgiu em todas as entrevistas com a indústria da pesca. Tudo o que é importado é pago em moeda estrangeira (geralmente USD $) e isso causa um grande aumento nos preços, pois não estão disponíveis para venda no mercado. Todos aqueles que importam equipamentos de produção e processamento de peixe são obrigados a utilizar o mercado paralelo para encontrar moeda estrangeira. Os custos desta operação recaem no preço do peixe em Angola. 9.6 Metodos de comunicação. Sitios web. A gestão da pesca beneficia de uma boa comunicação entre cientistas, gerentes, MINPESCAS, pescadores e o público em geral. No entanto, o nível de compreensão das questões conflituantes depende em grande parte dos níveis de interacção efectiva entre as diferentes partes interessadas. As barreiras predominantes para uma boa comunicação e, portanto, a colaboração, incluíram a falta de ferramentas efectivas de transferência de informações científicas de cientistas para pescadores e gerentes, o medo dos pescadores de que as acções de gestão limitarão ainda mais as oportunidades de pesca, o antagonismo pré-existente entre as pescarias comerciais e outras, e a suspeita pelos pescadores do papel da ciência e da autoridade. Como é fundamental para melhorar a colaboração e os processos participativos que ajudam a gerar acções de gerenciamento robustas e bem aceites. É importante planejar importantes actividades de comunicação para difundir e discutir entre todas as partes interessadas. Durante as visitas de campo, as partes interessadas no sector das pescas, em particular as artesanais e os sectores informais, não demonstraram um grande uso da comunicação e, em particular, das novas tecnologias da informação. O consultor observou que todos

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possuem meios de comunicação como celulares portáteis. Em geral, de baixo custo e capacidades tecnológicas limitadas em comparação com os modelos mais recentes de telefones celulares que usam a plataforma Android. Esta capacidade tecnológica, embora limitada, permitiria a criação de uma plataforma electrónica de baixo custo que seria a base para a comunicação da indústria da pesca, incluindo o sector artesanal e o sector informal. Após as visitas, no que diz respeito à indústria, a grande maioria dos entrevistados usa diariamente a última geração de celulares com acesso à internet e computadores que acessam a web. Todos os entrevistados esperam uma maior comunicação

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10. CONCLUSÇÕES E RECOMENDAÇÕES

A elaboração deste relatório baseia-se numa missão de trabalho de 20 dias úteis em Angola em Agosto de 2017 durante o período eleitoral. Foi, portanto, elaborado com base em observações directas e dados colectados por especialistas durante a missão; no entanto, a esses dados devem ser adicionados os dados resultantes de uma extensa pesquisa e análise de documentos relativos aos últimos 10 a 15 anos de evolução da indústria, consistindo em relatórios de estudos, artigos científicos e uma ampla gama de outros documentos de informação. Esta necessidade é basicamente nascida de duas ordens de problemas: primeiro, a missão foi por demais curta e ainda mais reduzida devido ao período eleitoral durante o qual foi realizada. Essa circunstância, por um lado, dilatou o tempo necessário para reuniões com funcionários institucionais envolvidos em operações eleitorais, e também foi impossível trabalhar na recolha de dados durante os três dias (antes, durante e depois) das eleições feitas no meio de semana. O veículo que foi disponibilizado para a missão também não permitiu visitar locais importantes, uma vez que não podia enfrentar o mau estado da estrada costeira. O segundo problema foi a dificuldade dos vários funcionários e especialistas de diferentes ministérios e entidades dedicadas à pesca e à aquicultura para encontrar tempo para conhecer os especialistas e fornecer-lhes os documentos necessários para uma análise aprofundada do sector, e, portanto, identificar as acções necessárias para melhorar seus resultados comerciais. Também deve ser referido que a calibração da missão não foi perfeitamente medida em relação aos resultados esperados; acima de tudo, a missão foi centrada no sector industrial visitando e analisando as realidades dedicadas a este tipo de negócios em três províncias: Luanda, Benguela e Namibe, onde a pesca industrial é mais presente. Contudo os resultados obtidos indicam que a pesca industrial de acordo com o REMS (Rendimento Máximo Sustentável) está, presumivelmente, em perigo de sobrepesca. As margens de melhoria comercial nesta área são, portanto, limitadas, embora não impossíveis. Pelo contrário, grandes margens de melhoria, tanto no processamento como no comércio interno, regional e internacional, são encontradas no sector artesanal e em parte nos sectores semi-industriais, continentais e aquicultura. Por conseguinte algumas realidades importantes, como, a pesca artesanal na província do Zaire cujas capturas são importantes do ponto de vista da pesca de produtos comerciais de alto valor não foi verificada e analisada com uma visita directa. Igualmente, o Kwanza Sul, só foi tocado e nenhuma província do interior, onde as actividades continentais de pesca e aquicultura estão se desenvolvendo, foi visitada. A mesma coisa para uma análise mais aprofundada da cadeia comercial “informal”, que, não aparecendo nas estatísticas de fiscalização, é um

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“buraco negro” que provavelmente representa uma perda muito forte para a receita fiscal, a qual poderá ser quantificável em vários bilhões de Kwanza. Além disso, deve-se acrescentar que há muitos pontos que devem ser aprofundados mesmo nas secções mais completas. Para ter uma plataforma de trabalho e intervenção válida a curto, médio e longo prazos, é necessário esclarecer em detalhe alguns assuntos, como por exemplo: o funcionamento da Alfândega (com seus códigos), a aplicação do regulamento INN, controle sanitário da pesca artesanal, o funcionamento real do VMS, a estrutura do comércio “informal”, etc. Finalmente, deve-se enfatizar que a pesquisa e o “relatório” referem-se à situação pré-eleitoral e que, após as eleições, embora não tenha havido mudança no órgão de governo, o governo mudou, começando pelo presidente. Seria então melhor verificar resultados com as novas instituições e à luz das novas instâncias político-sociais. Há também inovações na “pauta aduaneira” ainda não conhecidas pelo consultor. Este relatório e os resultados delineados deveriam, portanto, ser considerados como o primeiro esboço, embora feito em profundidade, a ser completado com uma missão adicional que, a partir das descobertas delineadas, complete o documento, aprofundando as fraquezas ou o que não é inteiramente claro e investigando e analisando os sectores que não foram considerados neste relatório. Recomenda-se, portanto, realizar uma segunda série de pesquisas envolvendo um breve estudo bibliográfico preliminar e subsequentemente uma ou mais missões de trabalho no campo para consolidar os resultados, em particular através da reunião planeada de funcionários institucionais que não puderam conhecer durante esta missão, além de ampliar o campo de pesquisa através de uma missão nas províncias não visitadas, particularmente o Zaire e as províncias onde há actividades continentais e aquáticas. Também uma segunda visita de verificação a Benguela e Namibe seria desejável. O fim desta segunda missão permitiria que fosse formulado de forma completa as necessidades em termos de projectos e formação dos vários componentes do sector de pesca e aquicultura de Angola. 10.1 CONCLUSÕES Os dados recolhidos evidenciam a situação da indústria pesqueira em Angola, dividida no que podemos chamar de dois “subsectores” principais: a “pesca industrial”, envolvida na captura e processamento de produtos destinados a processamento de qualidade para exportação e “pesca e aquicultura local” para a produção de produtos para consumo doméstico e para comercialização regional, nomeadamente para países vizinhos.

210

A pesca industrial (composta por sectores industriais e semi-industriais) tem uma estrutura bem organizada que inclui a participação de empresários angolanos, titulares de licenças de pesca e empresários estrangeiros de diferentes partes do globo. Em geral, a pesca industrial (pelo menos na medida em que foi verificada) está em conformidade com as normas internacionais relativas à área higio- sanitária, embora não haja evidência do tratamento da pescaria nas frotas chinesas e coreanas. Houve algumas violações graves relatadas pelos organismos envolvidos na pesca industrial, a maioria relacionada com equipamentos, pesqueiros e espécies alvo. Muitos barcos pescam e congelam a bordo para enviar o produto directamente para o exterior sem que seja desembarcado. Outros barcos desembarcam nas fábricas de processamento, que produzem, peixe congelado, latas, farinha e óleo de peixe. A estrutura das “joint-ventures” não parece ser inteiramente clara, especialmente no que se refere às fábricas de processamento. Os produtos fabricados em Angola são comercializados no mercado interno no que diz respeito às latas. O peixe congelado é adquirido “ex fábrica”, geralmente por comerciantes informais. A farinha e o óleo de peixe são exportados através de canais oficiais, embora existam duvidas sobre as quantidades. A produção de sal pode ser incluída no sector industrial, já que o capital necessário para esta indústria é elevado. O sector é controlado e produz uma quantidade de sal que não é suficiente para o consumo interno. O alcance do alargamento deste sector é muito amplo. A “pesca local” consiste na pesca artesanal e (parcialmente) semi- industrial, que abastece o mercado interno nos seus diversos componentes. E ainda existe uma pesca extensa com Banda-Banda, embora seja proibida por lei. A pesca artesanal abastece por meio de canais oficiais, supermercados e restauração com um produto de qualidade higio-sanitário suficiente. A pesca semi-industrial e até artesanal abastece as fábricas de congelação. Os peixes não vendidos nas fábricas são vendidos através do mercado informal, fresco ou salgado-seco. O último é transformado em condições higio -sanitárias totalmente inadequadas. No que diz respeito ao comércio desses produtos, eles são comercializados por uma rede de zungueiras nas cidades costeiras e no interior. Grande parte do produto seco e salgado é exportado através da

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cadeia informal para os países vizinhos, particularmente no Congo Democrático. A pesca continental está em estágio inicial e não há estatísticas confiáveis disponíveis. Certamente, as possibilidades de expansão são importantes. Igualmente importante é a aquicultura que ainda está em um estado inicial, mas tem grandes possibilidades de expansão tanto no sector artesanal / autoconsumo quanto no sector industrial. A gestão do sector é liderada por vários Ministérios. O Ministério das Pescas lida com a pesca até o momento do desembarque, mas também no que se refere às fábricas de transformação. O comércio está sujeito aos regulamentos do Ministério do Comércio. Vários outros Ministérios estão envolvidos na indústria da pesca e produtos aquícolas, Saúde, Meio Ambiente e Educação, Industria, etc. No entanto, não são claras todas as atribuições e sua hierarquia. Não parece existir uma colaboração e consulta frutuosa entre os vários Ministérios sobre os problemas do sector e suas possíveis soluções.

10.2 RECOMENDAÇÕES

10.2.1 Recomendações para completar o estudo É recomendado, no que se refere à validação dos dados já adquiridos e à sua conclusão, reuniões com as seguintes instituições: • Ministério das Pescas, a fim de esclarecer os pontos relacionados a: estatísticas, controlos, frotas de pesca e novos navios, dados sobre empresas de captura e processamento, formação, etc.; • UTAIP (MinPescas) para esclarecer os investimentos feitos e o que eles pretendem fazer e seus resultados actuais e previstos; • Ministério do Comércio, a fim de esclarecer as regras e procedimentos de importação / exportação de produtos da pesca, quantificação do comércio “informal”, organização dos mercados internos, etc.; • UTAIPs para descobrir as formas e o financiamento concedido e os resultados dos projectos financiados; • Ministério das Finanças - Administração Geral Tributaria e Alfandega para examinar os achados e interpretar as inconsistências identificadas, analisar a Pauta Aduaneira, etc.; • Autoridade responsável pela academia de pesca e encontro com academias e escolas de pescas para visualizar currículos e programas de estudo; • FIDA, FAO, BAD para identificar projectos existentes e planejados • Associações Cooperativas e Associações de Empreendedorismo para entender a sua organização interna e quais as melhorias que

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podem ser sugeridas para melhorar o seu funcionamento e a incidência de comércio. E recomendado fazer visitas específicas a: • aos principais locais de inspecção higio-sanitaria e fiscalização das várias províncias para verificar o estado da arte e as capacidades reais de inspecção dessas entidades; • às Escolas de pesca e Academia para verificar os currículos e sugerir possíveis melhorias, se necessário; • a alguns postos de inspecção de fronteira autorizados para a passagem de produtos da pesca, para entender como o comércio informal pode exportar as quantidades encontradas durante a pesquisa para os países vizinhos sem aparecer formalmente; • aos projectos MINPESCAS para a pesca artesanal, processamento de peixe e mercados de peixe para ter uma visão de como estamos procedendo e sugerindo acções estruturais e de formação que podem ajudar a desenvolvê-las; • aos projectos de aquicultura como acima referido; • projectos industriais financiados com dinheiro público para entender sua evolução.

O sector das pescas e aquicultura angolanas representam uma grande oportunidade de desenvolvimento para o país, mas também é um sector em risco. Além dos muitos pontos inexplorados ou pouco claros no sector, em particular a heterogeneidade socioeconómica e a diferença entre os vários subsectores (industrial, semi-industrial e artesanal), o conflito entre os mesmos, questões de género, segurança marítima, estrutura socioeconómica dos trabalhadores, influência real das instituições e sua interoperabilidade, e questões relacionadas aos aspectos económicos e de mercado, existem factores externos a serem considerados. A pesca está completamente imersa nas realidades angolanas e sofreu todas as pressões e estrangulamentos que a economia, as leis e a sociedade angolana lhe impõem. Também é necessário determinar os factores que estão fora do controlo do sector como tal e, com base nessa selecção, pode ser desenvolvido um plano de acção coerente e realista com a participação das partes interessadas. E recomendável, portanto, que, com base nos resultados de uma relação mais abrangente considerando factores endógenos e exógenos, desenvolver um plano de acção que identifique e desenvolva mais componentes, tais como: • Componente legislativo e / ou regulamentar. • Componente de infra-estrutura. • Componente de pesquisa e desenvolvimento. • Componente de formação.

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• Componente de informação / comunicação. • Componente de interoperabilidade entre os vários ministérios competentes.

10.2.2 Recomendações para ações a serem realizadas Sem prejuízo da necessidade de completar os resultados para poder elaborar um plano mais pormenorizado para as acções necessárias no sector da pesca e da aquicultura, existem algumas acções que já são vinculativas e que podem e devem ser tomadas em consideração. Conforme mencionado acima, o sector pesqueiro está sujeito às condições gerais do país, especialmente no que diz respeito à logística e serviços. Estradas acessíveis, água potável, fornecimento de electricidade são elementos-chave para o desenvolvimento da indústria, mas dependem das políticas gerais do estado e não são atribuíveis apenas a este sector. No entanto, existem várias medidas que podem ser tomadas independentemente desses elementos gerais. Respeito à pesca industrial, o ponto mais crítico e a conservação da biomassa, que deve corresponder ao tamanho dos peixes que são comerciais. Para entender: é importante o número de organismos (peixes, crustáceos, etc.) por quilograma de peso. A fim de preservar os estoques as políticas a serem aplicadas são: • a obrigação de desembarcar as capturas para processamento e exportação • um sistema eficiente e efectivo de controle das pescas É recomendado, por conseguinte, no tempo requerido (programa de médio prazo) a implementação de um sistema de desembarque e de controlo em terra das capturas É recomendado também organizar um sistema de observação a bordo dos navios, em particular para os navios que arvoram pavilhão dos países cujos navios cometeram repetidamente infracções graves. O sistema, como é o caso de muitas RFOs e para várias espécies (como o atum), deve ser financiado por autorizações de pesca. Os observadores devem ser treinados e protegidos em seus trabalhos. Respeito à pesca artesanal, os problemas a resolver são muitos, mas existem algumas acções-piloto que podem ser implementadas rapidamente: É recomendado eliminar gradualmente, mas firmemente, o problema da Banda-Banda. É recomendado renovar, como Projecto piloto, o mercado de peixe de Namibe, com a obrigação de uso por comerciantes (zungueiras).

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O problema dos mercados é muito importante na pesca artesanal e um Projecto mais ambicioso pode ser feito aproveitando a oportunidade do desmantelamento planejado do mercado de Mabunda. É recomendado o lançamento de um concurso de ideias internacionais para a criação de um novo mercado que substitua o de Mabunda que deve ser desmantelado após a extensão do “perimetral”. A médio / longo prazo, os problemas da pesca artesanal terão de ser tratados de forma mais orgânica, pelo que será necessário desenvolver projetos coletivos copiando e adaptando o modelo do que já está feito em outras partes do mundo. É recomendado elaborar um programa de “acção local” no modelo FLAG da União Europeia, que fornece financiamento direccionado. Para o efeito, é desejável uma missão de estudo e formação em Bruxelas por parte dos funcionários que terão de elaborar o plano.

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ANEXOS

País de Bandeira e Tipologia Embarcações e Artes a Operar em Angola- Dados 2014

Navios espanhóis que operam na ZEE angolana (2017) ANEXOS

ComunidadePaìs de Bandeira de pesca e Tipologia ao longo Embarcações da costa angolana e Artes a. Operar em Angola- Dados 2014

NaviosEstatísticas espanhóis do comércio que operam (importação na ZEE angolana e exportação) (2017)

de Angola de 2011 a 2015

Comunidade de pesca ao longo da costa angolana

Estatísticas do comércio (importação e exportação)

de Angola de 2011 a 2015

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País de Bandeira e Tipologia Embarcações e Artes a Operar em Angola- Dados 2014

As 250 embarcações de pesca semi-industrial e industrial estão associadas a 127 empresas. O país de bandeira das embarcações inclui um grande leque de nações com as mais importantes referidas no Quadro. A frota de atuneiros é exclusivamente estrangeira.

País de Bandeira e Tipologia Embarcações e Artes a Operar em Angola

Paìs ao

Camaroeiro

%

Arrasto demersal Arrastodemersal Arrasto Costeiro Arrasto p/Gamba Atuneiros Cerco Emalhar Giola Linha Transportadoras de Navios Investigaçà Total Angola 14 6 15 63 3 2 1 2 1 107 42.3 Espanha 8 12 13 2 35 13.8 China 14 6 5 25 9.9 Japào 1 22 23 9.1 França 10 10 4.0 Namibia 1 5 1 7 2.8 Congo 4 2 6 2.4 Belize 1 2 3 1.2 Curaçau 3 3 1.2 Panama 2 1 3 1.2 Cabo 2 2 0.8 Verde Guatemala 2 2 0.8 Italia 2 2 0.8 Portugal 1 1 2 0.8 Sao Tome 2 2 0.8 Africa do 1 1 0.4 Sul Antilhas 1 1 0.4 Camboja 1 1 0.4 Noruega 1 1 0.4 S.V.E: e 1 1 0.4 Granadinas Senegal 1 1 0.4 Outros 13 2 15 5.9 Total 44 21 15 57 90 10 2 1 10 3 253 Origem: DNPPRP en Plano Nacional de Desenvlvimiento das Pescas em Angola (2016-2020)

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Navios espanhóis que operam na ZEE angolana (2017)

NAVIOS ESPANHOIS COM LICENÇA SOB O ACORDO DE ANGOLA 2017 ASSOCIAÇÃO COD MODALIDADE PAÍS PERÍODO OPAGAC 12216 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 27.01.2017 a 31.12.2017 ANABAC 15591 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 16.01.2017 A 31.12.2017 ANABAC 8227 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 16.01.2017 A 31.12.2017 ANAMAR 23497 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 25662 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/30/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 24183 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 ARVI - ANAMER 26070 ARRASTRE DEMERSAL ANGOLA 01/01/2017 A 31/03/2017 ARVI - ANAMER 26356 ARRASTRE DEMERSAL ANGOLA 01/01/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 24463 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/30/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 23784 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 OPAGAC 10037 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 09.01.2017 A 31.12.2017 ANAMAR 24466 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/30/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 24467 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 OPAGAC 13829 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 19.01.2017 A 31.12.2017 ANACEF 26070 ARRASTRE DEMERSAL ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 OPAGAC 13654 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 09.01.2017 A 31.12.2017 ANABAC 22165 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 16.01.2017 A 31.12.2017 ARVI - ANAMER 15442 ARRASTRE DEMERSAL ANGOLA 28/08/2017 A 31/12/2017 ANABAC 207 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 16.01.2017 A 31.12.2017 ANABAC 201 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 19.01.2017 a 31.12.2017 ARVI - ANAMER 21837 ARRASTRE DEMERSAL ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 24462 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/30/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 24465 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/03/2017 A 31/12/2017 ANAMAR 25313 ARRASTRE MARISCO ANGOLA 01/30/2017 A 31/12/2017 ANABAC 26875 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 10.11.2016 A 31.10.2017 ANABAC 22132 ATUNERO CERQUERO ANGOLA 19.01.2017 a 31.12.2017 Origem: Ministerio de Agricultura y Pesca, Alimentación y Medio Ambiente Espahna 2017

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Comunidades de pesca ao longo da costa angolana

Cabinda Zaire Bengo Luanda K. Sul Benguela Namibe (18) (20) (12) (15) (9) (16) (12) Labi Mussera São Tiago Praia Sousa Cuio Cabo Negro Luvassa Impanga Kinkankala Boa Vista Kikombo Gengo Praia Amélia Funga Tombe Binge Hotanganga Salina Chiome Saco Mar Caio Kifuma Pambala Foz R. Longa Chamume Mucuio Lombo- Kungo Catumbu Samba Praia Dengue Vitula Bentiaba Lombo Kinzau Barra Dande Ramiro Torre Tombo Baía Farta Baía das Chinga Mucula Sobe desce Benfica Sumbe sede Kasseque pipas Xangi N´Zeto Sangano Barra Kuanza Karimba Macaca Chapéu Futila Ponta Padrão Cabo Ledo Mirador P. Amboim Senga Armado Buço Mazi Maradeira São Braz Casa Lisboa Cabaia Tômbua Sul Malembo Kipai Kitoba Chicala Saco Tômbua sed Kivanda Barra Bengo Coata Porto Bembica Kakongo Buraco Damba Maria Pesqueiro Tchafi tungo Capossoca Praia Bebé Lucira Landana Kinfinda Lobito Velho Chicaca Muango Compao Sangu Simuli Kingombo Techississa Kimpanga Massabi Kintaku Lucumba Missanga Origem: Duarte A. et al. Overview and analysis of socio-economic and fisheries information to promote the management of artisanal fisheries in the BCLME Region – Angola (2005)

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Estatísticas do comércio (importação e exportação) de Angola de 2011 a 2015 Fonte FAO. 2017. Fishery and Aquaculture Statistics. - FishStatJ revisado

Notas sobre a leitura dos dados:

Somente foram reportadas as séries que tiveram pelo menos uma unidade em pelo menos um dos anos. Isso é uma tonelada ou 1000 USD. Durante a leitura, você encontrará séries em que uma das duas unidades (Tonelagem ou Valor) não está presente, isso significa que, nessa unidade, o valor não atingiu o mínimo considerado.

Símbolos utilizados :

“…”: Dados não disponíveis ou não aceitáveis

“-” : nada ou 0

“0”: mais de 0, mas menor do que a unidade usada

Dados destacados em amarelo : Estimativas da FAO a partir da fonte de informação disponível

NEI : "Não incluído em outro lugar" ("Not elsewhere included")

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Commodity (Commodity) Trade flow (Trade flow) Unit 2011 2012 2013 2014 2015 Crabs nei, frozen Exports t 10 70 102 81 91 Crabs nei, frozen Exports USD 1000 50 381 748 697 709 Fish body oils, nei Exports t 203 100 16 1632 2031 Fish body oils, nei Exports USD 1000 241 115 20 2030 2732 Fish dried, whether or not salted, nei Exports t 2 3 4 3 3 Fish dried, whether or not salted, nei Exports USD 1000 30 47 93 72 126 Fish liver oils, nei Exports t 2 25 - 945 - Fish liver oils, nei Exports USD 1000 15 286 - 87 - Fishmeals, nei Exports t 1491 1680 1585 2665 4350 Fishmeals, nei Exports USD 1000 2250 2211 2072 5838 6780 Salmonoids, fresh or chilled, nei Exports t 2748 8700 8200 7000 5326 Salmonoids, fresh or chilled, nei Exports USD 1000 24749 43681 49147 48757 46323 Shark fins, dried, whether or not salted, etc. Exports t 19 15 6 7 5 Shark fins, dried, whether or not salted, etc. Exports USD 1000 873 797 439 320 244 Shrimps and prawns, frozen, nei Exports t 609 1318 1507 1284 1592 Shrimps and prawns, frozen, nei Exports USD 1000 6134 11744 13944 14077 15712 TOTAL EXPORTS TONNES 76255 138612 152215 157231 156314 TOTAL EXPORTS (X 1000) USD 38873 70146 76900 79948 80332 Commodity (Commodity) Trade flow (Trade flow) Unit 2011 2012 2013 2014 2015 Abalones, shucked or not, other than live,fresh or chilled Imports t ...... 0 0 2 Abalones, shucked or not, other than live,fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 2 2 Agar agar nei Imports t 0 0 17 1 0 0 2 Agar agar nei Imports USD 1000 1 236 12 1 0 0 Alaska pollock fillets, frozen Imports t ...... 27 8 Alaska pollock fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 133 42 Alaska pollock, frozen Imports t - - - 2 5 Alaska pollock, frozen Imports USD 1000 - - - 15 34 Alaska pollock, meat, whether or not minced, frozen Imports t ...... 6 4 Alaska pollock, meat, whether or not minced, frozen Imports USD 1000 ...... 28 18 Albacore (=Longfin tuna), fresh or chilled Imports t 0 0 9 10 9 50

Albacore (=Longfin tuna), fresh or chilled Imports USD 1000 1 30 37 35 193 Albacore (=Longfin tuna), frozen, nei Imports t 0 0 0 0 0 0 14 2 Albacore (=Longfin tuna), frozen, nei Imports USD 1000 1 2 1 70 19 American/European lobsters (Homarus spp.), nei, frozen Imports t 4 3 7 3 3 American/European lobsters (Homarus spp.), nei, frozen Imports USD 1000 17 31 43 18 14 American/European lobsters (Homarus spp.), not frozen Imports t 0 0 6 5 0 0 0 0 American/European lobsters (Homarus spp.), not frozen Imports USD 1000 2 58 29 1 1 Anchovies, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 0 0 1 Anchovies, prepared or preserved, not minced Imports t 9 15 8 8 1 Anchovies, prepared or preserved, not minced Imports USD 1000 37 59 32 17 6 Anchovies, salted or in brine Imports t 0 0 1 0 0 0 0 0 0 Anchovies, salted or in brine Imports USD 1000 1 7 2 2 1 Aquatic invertebrates, other than prepared or preserved Imports t - - - 10 1 Aquatic invertebrates, other than prepared or preserved Imports USD 1000 - - - 48 3 Atlantic (Thunnus thynnus) and Pacific (Thunnus orientalis) bluefin tuna, frozen Imports USD 1000 ...... 1 - - Atlantic (Thunnus thynnus), Pacific (T.orientalis) bluefin tuna, live Imports t - 3 - - - Atlantic (Thunnus thynnus), Pacific (T.orientalis) bluefin tuna, live Imports USD 1000 - 40 - - - Atlantic and Danube salmons, fresh or chilled Imports t - - - 21 20 Atlantic and Danube salmons, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 41 71 Atlantic salmon and Danube salmon, frozen Imports t 7 15 31 32 52 Atlantic salmon and Danube salmon, frozen Imports USD 1000 46 148 217 249 413 Carps, eels and snakeheads, fillets, fresh or chilled Imports t ...... 252 44 Carps, eels and snakeheads, fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 861 290 Carps, eels and snakeheads, fillets, frozen Imports t ...... 51 8 Carps, eels and snakeheads, fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 93 44 Carps, frozen Imports t ...... 135 2 Carps, frozen Imports USD 1000 ...... 117 2 Catfish fillets, fresh or chilled Imports t ...... 145 86

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Catfish fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 131 94 Catfish fillets, frozen Imports t ...... 356 330 Catfish fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 714 526 Catfish, fresh or chilled Imports t - - - 26 96 Catfish, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 26 113 Catfish, frozen Imports t ...... 541 1041 Catfish, frozen Imports USD 1000 ...... 693 1439 Caviar Imports t - - - 3 2 Caviar Imports USD 1000 - - - 10 9 Caviar and caviar substitutes Imports t 1 8 11 0 0 - Caviar and caviar substitutes Imports USD 1000 15 37 95 10 - Caviar substitutes Imports t - - - 3 1 Caviar substitutes Imports USD 1000 - - - 29 8 Clams, cockles, arkshells, etc., prep. or pres., nei Imports t ...... 2 8 Clams, cockles, arkshells, etc., prep. or pres., nei Imports USD 1000 ...... 0 0 5 Clams, cockles, arkshells, live, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 2 0 0 Clams, cockles, arkshells, other than live, fresh or chilled Imports t - - - 68 40 Clams, cockles, arkshells, other than live, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 273 156 Cobia, frozen Imports t - - - 1 - Cobia, frozen Imports USD 1000 - - - 4 - Cod nei, fillets, frozen Imports t ...... 340 31 Cod nei, fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 2404 213 Cods nei, dried, whether or not salted Imports t 10200 16780 7000 9963 7534 Cods nei, dried, whether or not salted Imports USD 1000 20377 24350 14025 20519 12482 Cods nei, frozen Imports t 50 122 482 356 145 Cods nei, frozen Imports USD 1000 463 1295 3419 1924 1024 Cods nei, salted or in brine Imports t 20 21 175 194 409 Cods nei, salted or in brine Imports USD 1000 210 152 1316 919 2229 Cods, fresh or chilled, nei Imports t 25 3 10 102 98 Cods, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 189 27 78 526 379 Cold-water shrimps and prawns (Pandalus spp., Crangon spp.), not frozen Imports USD 1000 - - - 4 1

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Cold-water shrimps and prawns (Pandalus spp., Crangon spp.), whether in shell or not, frozen Imports t - - - 157 60 Cold-water shrimps and prawns (Pandalus spp., Crangon spp.), whether in shell or not, frozen Imports USD 1000 - - - 1187 371 Crab meat nei, prepared or preserved Imports t 17 1 3 2 2 Crab meat nei, prepared or preserved Imports USD 1000 47 11 9 14 11 Crabs nei, frozen Imports t 10 20 19 45 15 Crabs nei, frozen Imports USD 1000 52 122 129 219 73 Crabs, not frozen Imports t 0 0 14 10 2 0 0 Crabs, not frozen Imports USD 1000 1 122 70 10 4 Crustaceans nei, frozen Imports t 80 43 66 40 40 Crustaceans nei, frozen Imports USD 1000 395 296 383 198 183 Crustaceans nei, prepared or preserved Imports t 5 4 7 22 17 Crustaceans nei, prepared or preserved Imports USD 1000 32 34 44 108 56 Cuttlefish and squid, other than live, fresh or chilled Imports t 329 208 227 468 189 Cuttlefish and squid, other than live, fresh or chilled Imports USD 1000 1273 1474 1108 1630 1002 Cuttlefish and squid, prepared or preserved Imports t ...... 27 4 Cuttlefish and squid, prepared or preserved Imports USD 1000 ...... 122 32 Cuttlefishes and squids, live, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 6 11 15 27 Cuttlefishes and squids, live, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 2 32 35 72 177 Eels and elvers live Imports USD 1000 - - - - 2 Eels, fresh or chilled Imports t - - - 1 - Eels, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 0 0 - Eels, frozen Imports USD 1000 ...... 4 - - European plaice (Pleuronectes platessa), fresh or chilled Imports t 0 0 - 5 12 1 European plaice (Pleuronectes platessa), fresh or chilled Imports USD 1000 3 - 29 54 7 European plaice, frozen Imports t 16 20 9 11 7 European plaice, frozen Imports USD 1000 96 139 55 50 33 Fish body oils, nei Imports t 0 0 5 1 - 0 0 Fish body oils, nei Imports USD 1000 0 0 45 5 - 0 0 Fish dried, whether or not salted, nei Imports t 4099 5180 18334 19823 2032

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Fish dried, whether or not salted, nei Imports USD 1000 9925 24343 19436 26729 8463 Fish fillets, dried, salted or in brine, nei Imports t 4 24 20 321 306 Fish fillets, dried, salted or in brine, nei Imports USD 1000 17 352 177 1289 1235 Fish fillets, fresh or chilled, nei Imports t 2 5 108 39 27 Fish fillets, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 20 54 255 177 129 Fish fillets, frozen, nei Imports t 1798 1153 835 261 50 Fish fillets, frozen, nei Imports USD 1000 3176 6982 3376 1021 223 Fish heads, tail, maws etc., dried, salted, or in brine Imports t ...... 3 1 Fish heads, tail, maws etc., dried, salted, or in brine Imports USD 1000 ...... 9 5 Fish live, nei Imports t ...... 1 2 - Fish live, nei Imports USD 1000 ...... 29 7 - Fish liver oils, nei Imports t 0 0 0 0 1 0 0 - Fish liver oils, nei Imports USD 1000 3 4 22 0 0 - Fish meat, whether or not minced nei, fresh or chilled Imports t ...... 7 4 Fish meat, whether or not minced nei, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 35 23 Fish meat, whether or not minced, frozen, nei Imports t 16 36 111 90 110 Fish meat, whether or not minced, frozen, nei Imports USD 1000 116 324 725 736 876 Fish minced nei, prepared or preserved Imports t 240 951 930 797 549 Fish minced nei, prepared or preserved Imports USD 1000 601 1971 1863 2022 910 Fish nei, prepared or preserved, not minced Imports t 102 72 65 140 34 Fish nei, prepared or preserved, not minced Imports USD 1000 279 338 328 370 115 Fish nei, salted or in brine Imports t 9 8 25 517 713 Fish nei, salted or in brine Imports USD 1000 13 43 134 2556 2766 Fish nei, smoked Imports t 4 14 14 20 8 Fish nei, smoked Imports USD 1000 28 157 91 69 31 Fish waste, nei Imports t 0 0 2 0 0 - - Fish waste, nei Imports USD 1000 1 6 0 0 - - Fish, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 16 94 9 140 Fish, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 1 177 493 60 413 Fish, frozen, nei Imports t 16500 20264 24681 43762 9600 Fish, frozen, nei Imports USD 1000 29780 42357 35148 53156 12547

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Fishmeal fit for human consumption, nei Imports t ...... 10 1 1 Fishmeal fit for human consumption, nei Imports USD 1000 ...... 104 11 10 Fishmeals, nei Imports t 0 0 0 0 19 87 26 Fishmeals, nei Imports USD 1000 0 0 0 0 17 66 22 Flatfish nei, fillets, fresh or chilled Imports t ...... 0 0 3 Flatfish nei, fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 1 17 Flatfish nei, fillets, frozen Imports t - - - 2 2 Flatfish nei, fillets, frozen Imports USD 1000 - - - 2 20 Flatfish nei, frozen Imports t 1 32 8 130 207 Flatfish nei, frozen Imports USD 1000 4 114 43 657 457 Flatfish, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 0 0 48 3 2 Flatfish, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 0 0 1 180 17 5 Gadiformes excl. Alaska pollock, meat, whether or not minced, frozen Imports t ...... 9 4 Gadiformes excl. Alaska pollock, meat, whether or not minced, frozen Imports USD 1000 ...... 38 25 Gadiformes fillets, fresh or chilled, nei Imports t ...... 1 1 Gadiformes fillets, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 ...... 9 5 Gadiformes fillets, frozen, nei Imports t ...... 50 30 Gadiformes fillets, frozen, nei Imports USD 1000 ...... 296 190 Gadiformes nei, frozen Imports t ...... 671 2604 Gadiformes nei, frozen Imports USD 1000 ...... 943 143 Gadiformes, fillets, dried, salted or in brine, not smoked Imports t - - - 4 - Gadiformes, fresh or chilled, nei Imports t - - - 12 10 Gadiformes, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 - - - 62 56 Haddock, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 2 - - Haddock, frozen Imports t ... 1 1 ... 1 Haddock, frozen Imports USD 1000 ... 4 4 ... 4 Hake nei fillets, frozen Imports t ...... 477 228 Hake nei fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 1729 1095 Hake nei, fresh or chilled Imports t - - - 25 5

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Hake nei, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 174 28 Hakes nei, frozen Imports t 495 522 568 533 202 Hakes nei, frozen Imports USD 1000 1527 2222 1467 1361 652 Halibuts nei, frozen Imports t 1 - - 0 0 18 Halibuts nei, frozen Imports USD 1000 7 - - 7 100 Halibuts, fresh or chilled, nei Imports t - 0 0 0 0 0 0 2 Halibuts, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 - 3 3 1 10 Herring, salted or in brine Imports t 1 1 0 0 0 0 0 0 Herring, salted or in brine Imports USD 1000 4 11 0 0 3 1 Herrings nei, frozen Imports t 10 10 6 7 0 0 Herrings nei, frozen Imports USD 1000 42 121 35 32 0 0 Herrings nei, smoked Imports t 0 0 0 0 0 0 4 0 0 Herrings nei, smoked Imports USD 1000 3 0 0 1 17 2 Herrings prepared or preserved, not minced, nei Imports t 45 0 0 0 0 0 0 180 Herrings prepared or preserved, not minced, nei Imports USD 1000 73 1 1 1 362 Herrings, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 0 0 - ... 3 Herrings, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 0 0 0 0 - ... 24 Jack and horse mackerel, frozen Imports t ...... 35744 79089 Jack and horse mackerel, frozen Imports USD 1000 ...... 72721 110210 Jack and horse mackerels, fresh or chilled Imports t ...... 9172 2322 Jack and horse mackerels, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 19171 10132 Livers, roes, milt, dried, salted or in brine, nei Imports t 0 0 1 0 0 2 3 Livers, roes, milt, dried, salted or in brine, nei Imports USD 1000 2 9 6 11 13 Livers, roes, milt, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 0 0 1 2 0 0 Livers, roes, milt, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 2 5 26 17 4 Livers, roes, milt, frozen Imports t 8 6 3 6 3 Livers, roes, milt, frozen Imports USD 1000 76 53 28 29 40 Lobster tails or meat, prep. or pres. Imports t 0 0 1 1 0 0 0 0 Lobster tails or meat, prep. or pres. Imports USD 1000 1 7 5 4 1 Mackerel prepared or preserved, not minced, nei Imports t 1364 344 320 130 578 Mackerel prepared or preserved, not minced, nei Imports USD 1000 1716 533 572 233 1060

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Mackerels nei, frozen Imports t 32473 69327 38539 8024 4 Mackerels nei, frozen Imports USD 1000 63724 134121 99486 13872 13 Mackerels, nei, fresh or chilled Imports t 5 0 0 0 0 0 0 10 Mackerels, nei, fresh or chilled Imports USD 1000 6 0 0 1 0 0 25 Meat of tilapias, catfish, carp, eels, nile perch and snakeheads, fresh or chilled Imports t ...... 24 30 Meat of tilapias, catfish, carp, eels, nile perch and snakeheads, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 29 71 Miscellaneous corals and shells Imports USD 1000 1 1 1 - - Miscellaneous crustaceans, not frozen, nei Imports t 1 2 9 19 3 Miscellaneous crustaceans, not frozen, nei Imports USD 1000 7 12 47 62 11 Miscellaneous molluscs, other than live, fresh or chilled, nei Imports t 61 81 88 57 11 Miscellaneous molluscs, other than live, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 337 624 439 252 105 Molluscs and other aq. invertebrates, prep. or pres., nei Imports t 65 71 76 4 - Molluscs and other aq. invertebrates, prep. or pres., nei Imports USD 1000 362 465 428 30 - Molluscs nei, live, fresh or chilled Imports t 0 0 4 3 0 0 - Molluscs nei, live, fresh or chilled Imports USD 1000 0 0 40 22 4 - Molluscs nei, prepared or preserved Imports t ...... 8 4 Molluscs nei, prepared or preserved Imports USD 1000 ...... 13 9 Mussel meat, prepared or preserved, nei Imports t ...... 8 3 Mussel meat, prepared or preserved, nei Imports USD 1000 ...... 48 22 Mussels nei, other than live, fresh or chilled Imports t 28 26 31 77 26 Mussels nei, other than live, fresh or chilled Imports USD 1000 146 247 240 404 137 Mussels, live, fresh or chilled, nei Imports t 3 1 12 0 0 0 0 Mussels, live, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 5 13 13 2 5 Nile perch (Lates niloticus) and snakeheads (Channa spp.), frozen Imports t 7 49 3 100 56 Nile perch (Lates niloticus) and snakeheads (Channa spp.), frozen Imports USD 1000 47 333 24 486 240 Nile perch and snakeheads (Channa spp.), fresh or chilled Imports t - - - 4 1 Nile perch and snakeheads (Channa spp.), fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 2 10

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Nile perch fillets, fresh or chilled Imports t ...... 62 4 Nile perch fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 142 20 Nile perch fillets, frozen Imports t ...... 1 6 Nile perch fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 0 0 29 Norway lobsters (Nephrops spp.), nei, frozen Imports t - - - 5 2 Norway lobsters (Nephrops spp.), nei, frozen Imports USD 1000 - - - 30 10 Norway lobsters (Nephrops spp.), nei, not frozen Imports USD 1000 - - - ... 1 Octopus, live, fresh or chilled Imports t 0 0 - 6 3 5 Octopus, live, fresh or chilled Imports USD 1000 0 0 - 36 19 31 Octopus, other than live, fresh or chilled Imports t 170 101 60 167 72 Octopus, other than live, fresh or chilled Imports USD 1000 833 784 348 829 348 Octopus, prepared or preserved Imports t ...... 21 15 Octopus, prepared or preserved Imports USD 1000 ...... 32 23 Ornamental fish nei Imports t 0 0 0 0 1 - - Ornamental fish nei Imports USD 1000 5 3 11 - - Ornamental freshwater fish Imports t - - - 1 0 0 Ornamental freshwater fish Imports USD 1000 - - - 4 6 Ornamental saltwater fish Imports USD 1000 - - - 1 1 Other edible fish offal, dried, salted or in brine Imports t ...... 23 15 Other edible fish offal, dried, salted or in brine Imports USD 1000 ...... 189 104 Other aquatic invertebrates, prepared or preserved, nei Imports t ...... 31 12 Other aquatic invertebrates, prepared or preserved, nei Imports USD 1000 ...... 142 55 Other seaweeds and aquatic plants and products thereof Imports t 18 4 4 0 0 - Other seaweeds and aquatic plants and products thereof Imports USD 1000 29 27 10 0 0 - Oyster meat, prepared or preserved, nei Imports t ...... 1 1 Oyster meat, prepared or preserved, nei Imports USD 1000 ...... 4 2 Oysters, live fresh or chilled, nei Imports t 3 3 3 0 0 0 0 Oysters, live fresh or chilled, nei Imports USD 1000 18 26 16 4 2 Oysters, other than live, fresh or chilled, nei Imports t ...... 2 6 Oysters, other than live, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 ...... 14 50 Pacific salmons, fresh or chilled Imports t - - - 168 44

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Pacific salmons, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 1186 533 Pacific salmons, frozen, nei Imports t 107 85 102 23 40 Pacific salmons, frozen, nei Imports USD 1000 446 617 470 119 231 Rays and skates (Rajidae), fresh or chilled Imports t - - - ... 1 Rays and skates (Rajidae), fresh or chilled Imports USD 1000 - - - ... 5 Rays and skates (Rajidae), frozen Imports t - - - 3 0 0 Rays and skates (Rajidae), frozen Imports USD 1000 - - - 25 1 River eels, prepared or preserved, not minced, nei Imports t - - - 1 - River eels, prepared or preserved, not minced, nei Imports USD 1000 - - - 7 - Rock lobster and other sea crawfish (Palinurus, Panulirus, Jasus), frozen, nei Imports t 5 11 13 17 6 Rock lobster and other sea crawfish (Palinurus, Panulirus, Jasus), frozen, nei Imports USD 1000 43 169 109 109 37 Rock lobster and other sea crawfish, not frozen Imports t 1 1 8 0 0 1 Rock lobster and other sea crawfish, not frozen Imports USD 1000 11 4 43 1 5 Saithe (=Pollock) fillets, frozen Imports t - - - ... 1 Saithe (=Pollock) fillets, frozen Imports USD 1000 - - - ... 5 Saithe (=Pollock), fresh or chilled Imports t - - - ... 1 Saithe (=Pollock), fresh or chilled Imports USD 1000 - - - ... 5 Saithe (=Pollock), frozen Imports t 19 - 9 0 0 0 0 Saithe (=Pollock), frozen Imports USD 1000 115 - 49 2 1 Salmon fillets, fresh or chilled Imports t ...... 33 22 Salmon fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 102 140 Salmon fillets, frozen Imports t ...... 35 11 Salmon fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 191 79 Salmon nei, not minced, prepared or preserved Imports t 4 7 6 12 5 Salmon nei, not minced, prepared or preserved Imports USD 1000 27 64 58 88 37 Salmonoids meat, fresh or chilled, nei Imports t ...... 3 1 Salmonoids meat, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 ...... 29 6 Salmonoids, fresh or chilled, nei Imports t 2 27 41 70 10 Salmonoids, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 15 131 173 185 54

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Salmonoids, frozen Imports t ...... 156 120 Salmonoids, frozen Imports USD 1000 ...... 297 422 Salmons, fresh or chilled, nei Imports t 9 12 20 3 ... Salmons, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 117 166 267 47 ... Salmons, smoked Imports t 46 41 38 58 46 Salmons, smoked Imports USD 1000 442 432 323 406 408 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, fresh or chilled Imports t 50 1 14 450 100 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, fresh or chilled Imports USD 1000 178 3 47 2351 516 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, frozen Imports t 788 639 435 309 89 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, frozen Imports USD 1000 679 1512 770 838 279 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, prep. or pres., not minced, nei Imports t 15809 31000 30486 36415 27200 Sardines, sardinellas, brisling or sprats, prep. or pres., not minced, nei Imports USD 1000 28773 46727 30627 29764 21731 Scallop meat, prepared or preserved Imports t ...... 1 1 Scallop meat, prepared or preserved Imports USD 1000 ...... 9 14 Scallops, live, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 0 0 1 1 1 Scallops, live, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 0 0 4 4 7 5 Scallops, other than live, fresh or chilled Imports t 5 12 14 15 4 Scallops, other than live, fresh or chilled Imports USD 1000 36 115 99 125 14 Seabass, fresh or chilled Imports t - - - 13 20 Seabass, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 81 109 Seabass, frozen Imports t 10 26 26 F 25 10 Seabass, frozen Imports USD 1000 103 255 259 221 81 Seabreams nei, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 1 - Sea-cucumber, other than live, fresh or chilled Imports t - - - 0 0 2 Sea-cucumber, other than live, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 1 2 Sea-urchin, other than live, fresh or chilled Imports t - - - 0 0 1 Seaweeds and other algae, fit for human consumption, nei Imports t - - - 6 7 Seaweeds and other algae, fit for human consumption, nei Imports USD 1000 - - - 8 22 Seaweeds and other algae, unfit for human consumption, nei Imports t - - - 1 2

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Seaweeds and other algae, unfit for human consumption, nei Imports USD 1000 - - - 3 5 Shark fins, dried, whether or not salted, etc. Imports t ...... 1 Shark fins, dried, whether or not salted, etc. Imports USD 1000 ...... 6 Sharks nei, fresh or chilled Imports t - - - 1 - Sharks nei, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 3 - Sharks nei, frozen Imports t 2 6 2 3 0 0 Sharks nei, frozen Imports USD 1000 13 47 16 25 2 Shrimps and prawns, frozen, nei Imports t 784 1077 694 117 ... Shrimps and prawns, frozen, nei Imports USD 1000 4045 9073 4678 716 ... Shrimps and prawns, not frozen, nei Imports t 6 14 12 24 ... Shrimps and prawns, not frozen, nei Imports USD 1000 24 102 86 249 ... Shrimps and prawns, other than coldwater, frozen Imports t - - - 1050 501 Shrimps and prawns, other than coldwater, frozen Imports USD 1000 - - - 7326 3552 Shrimps and prawns, other than coldwater, not frozen Imports t - - - 103 44 Shrimps and prawns, other than coldwater, not frozen Imports USD 1000 - - - 416 336 Shrimps and prawns, prep. or pres., in airtight containers Imports t ...... 47 61 Shrimps and prawns, prep. or pres., in airtight containers Imports USD 1000 ...... 151 345 Shrimps and prawns, prep. or pres., not in airtight containers Imports t ...... 1 3 Shrimps and prawns, prep. or pres., not in airtight containers Imports USD 1000 ...... 6 20 Shrimps, prawns, prepared or preserved, nei Imports t 24 30 17 2 - Shrimps, prawns, prepared or preserved, nei Imports USD 1000 125 156 93 9 - Skipjack tuna, fresh or chilled Imports t ... 4 - - - Skipjack tuna, fresh or chilled Imports USD 1000 ... 11 - - - Skipjack tuna, frozen Imports t 112 9 - 5 - Skipjack tuna, frozen Imports USD 1000 113 10 - 6 - Sockeye salmon (red salmon)(Oncorhynchus nerka), frozen Imports t 178 14 16 48 10 Sockeye salmon (red salmon)(Oncorhynchus nerka), frozen Imports USD 1000 1424 127 119 234 85 Soles, frozen, nei Imports t 3 3 1 2 3

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Soles, frozen, nei Imports USD 1000 29 40 9 16 25 Southern bluefin tuna (Thunnus maccoyii), fresh or chilled Imports USD 1000 0 0 1 0 0 - 0 0 Southern bluefin tuna (Thunnus maccoyii), frozen Imports USD 1000 - - - 1 0 0 Southern bluefin tuna (Thunnus maccoyii), live Imports t 0 0 0 0 - 3 1 Southern bluefin tuna (Thunnus maccoyii), live Imports USD 1000 1 0 0 - 3 5 Swordfish fillets, fresh or chilled Imports t ... 0 0 2 1 10 Swordfish fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ... 1 10 7 56 Swordfish fillets, frozen Imports t 1 23 11 0 0 1 Swordfish fillets, frozen Imports USD 1000 10 155 65 6 11 Swordfish meat, frozen Imports t 2 4 ... 7 0 0 Swordfish meat, frozen Imports USD 1000 9 35 ... 40 3 Swordfish, fresh or chilled Imports t ... 0 0 - ... 2 Swordfish, fresh or chilled Imports USD 1000 ... 1 - ... 10 Swordfish, frozen Imports t 3 8 5 4 3 Swordfish, frozen Imports USD 1000 21 98 38 33 18 Swordfish, meat, fresh or chilled Imports t ...... 3 0 0 Swordfish, meat, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 15 0 0 Tilapia fillets, fresh or chilled Imports t ...... 325 145 Tilapia fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 ...... 552 291 Tilapia fillets, frozen Imports t ...... 60 3 Tilapia fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 117 6 Tilapia, catfish, carp, eel, Nile perch and snakeheads, fillets, dried/salted/brine, not smoked Imports t - - - 369 0 0 Tilapia, catfish, carp, eel, Nile perch and snakeheads, fillets, dried/salted/brine, not smoked Imports USD 1000 - - - 83 0 0 Tilapias, catfish, carp, eels, Nile perch and snakeheads meat, frozen Imports t ...... 1 16 Tilapias, catfish, carp, eels, Nile perch and snakeheads meat, frozen Imports USD 1000 ...... 2 29 Tilapias, catfish, carp, eels, Nile perch and snakeheads, including fillets, smoked Imports t ...... 2 21 Tilapias, catfish, carp, eels, Nile perch and snakeheads, including fillets, smoked Imports USD 1000 ...... 5 14 Tilapias, catfish, carp, eels, Nile perch and snakeheads, salted or in brine Imports USD 1000 - - - 0 0 0 0

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Tilapias, fresh or chilled Imports t - - - 168 - Tilapias, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 184 - Tilapias, frozen Imports t ...... 3700 2840 Tilapias, frozen Imports USD 1000 ...... 9197 7099 Toothfish (Dissostichus spp.), fillets, fresh or chilled Imports t - 1 - - - Toothfish (Dissostichus spp.), fillets, fresh or chilled Imports USD 1000 - 48 - - - Toothfish (Dissostichus spp.), fillets, frozen Imports t 28 22 10 ...... Toothfish (Dissostichus spp.), fillets, frozen Imports USD 1000 59 64 30 ...... Toothfish (Dissostichus spp.), frozen Imports t ... 1 ...... Toothfish (Dissostichus spp.), frozen Imports USD 1000 ... 3 ...... Toothfish (Dissostichus spp.), meat, frozen Imports t ...... 1 0 0 2 Toothfish (Dissostichus spp.), meat, frozen Imports USD 1000 ...... 4 0 0 8 Trout fillets, fresh and chilled Imports t ...... 14 1 Trout fillets, fresh and chilled Imports USD 1000 ...... 103 10 Trout fillets, frozen Imports t ...... 0 0 - Trout fillets, frozen Imports USD 1000 ...... 0 0 - Trouts and chars live Imports t 0 0 0 0 4 0 0 0 0 Trouts and chars live Imports USD 1000 1 0 0 54 1 1 Trouts and chars, fresh or chilled Imports t 0 0 0 0 11 4 2 Trouts and chars, fresh or chilled Imports USD 1000 0 0 2 139 59 14 Trouts and chars, frozen Imports t 1 2 - 17 6 Trouts and chars, frozen Imports USD 1000 2 16 - 65 7 Trouts and chars, smoked Imports t - - - 3 1 Trouts and chars, smoked Imports USD 1000 - - - 17 9 Tuna loins and fillets, frozen Imports t - - - 7 8 Tuna loins and fillets, frozen Imports USD 1000 - - - 13 18 Tunas nei, frozen Imports t 100 17 8 119 7 Tunas nei, frozen Imports USD 1000 109 116 45 298 39 Tunas prepared or preserved, not minced, in oil Imports USD 1000 - - - - - Tunas prepared or preserved, not minced, nei Imports t 11230 13400 F 7925 7500 3400

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Tunas prepared or preserved, not minced, nei Imports USD 1000 32841 40094 31409 29540 13634 Tunas, fresh or chilled, nei Imports t 0 0 2 22 25 6 Tunas, fresh or chilled, nei Imports USD 1000 11 12 148 144 41 Turbot, fresh or chilled Imports t - - - 0 0 1 Turbot, fresh or chilled Imports USD 1000 - - - 4 9 Turbots, frozen Imports t - - - 2 0 0 Turbots, frozen Imports USD 1000 - - - 9 1 Yellowfin tuna, fresh or chilled Imports t - - 0 0 2 2 Yellowfin tuna, fresh or chilled Imports USD 1000 - - 1 15 21 Yellowfin tuna, frozen, nei Imports t 1 2 7 6 1 Yellowfin tuna, frozen, nei Imports USD 1000 7 26 84 30 10

TOTAL Imports TONS 357.239,00 641.579,00 462.546,00 425.187,00 362.372,00 TOTAL IMPORTS (USD X 1000) $ 156.557,00 $ 300.717,00 $ 211.366,00 $ 262.031,00 $ 273.724,00

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