Universidade Federal Do Rio De Janeiro

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Universidade Federal Do Rio De Janeiro 0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO OS CONTOS DE JOÃO ALPHONSUS E MARQUES REBELO NO CENÁRIO MODERNISTA BRASILEIRO POLYANA PIRES GOMES Rio de Janeiro 2019 1 OS CONTOS DE JOÃO ALPHONSUS E MARQUES REBELO NO CENÁRIO MODERNISTA BRASILEIRO Polyana Pires Gomes Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Doutor em Letras Vernáculas (Literatura Brasileira). Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Maria de Carvalho Gens Rio de Janeiro Fevereiro de 2019 2 Gomes, Polyana Pires. Os contos de João Alphonsus e Marques Rebelo no cenário modernista brasileiro / Polyana Pires Gomes. – Rio de Janeiro: UFRJ/FL, 2019. xi, 274f.: 29,7 cm. Orientadora: Rosa Maria de Carvalho Gens Tese (doutorado) – UFRJ/ Faculdade de Letras/ Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, 2019. Referências Bibliográficas: f. 261-274. 1. conto brasileiro. 2. João Alphonsus. 3. Marques Rebelo. I. Gens, Rosa Maria de Carvalho. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação. 3 OS CONTOS DE JOÃO ALPHONSUS E MARQUES REBELO NO CENÁRIO MODERNISTA BRASILEIRO Polyana Pires Gomes Orientadora: Professora Doutora Rosa Maria de Carvalho Gens Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos à obtenção do título de Doutor em Letras Vernáculas. Examinada por: __________________________________________________ Presidente, Prof.ª Dr.ª Rosa Maria de Carvalho Gens – UFRJ ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Fátima Cristina Dias Rocha – UERJ ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Martha Alkimin de Araújo Vieira – UFRJ ________________________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Fuzeira Martagão Gesteira – UFRJ ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Vera Lucia de Oliveira Lins – UFRJ ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Guimarães de Faria – UFRJ (Suplente) ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo – UERJ (Suplente) 4 A Gilberto A Anchieta (in memoriam) A Madalena 5 AGRADECIMENTOS Minha gratidão àqueles que incentivaram esta pesquisa, em especial a Gilberto Araújo, pelo amor, pela paciência e pelos livros. Madalena, minha mãe, Dona Graça, minha sogra, e Aldo Misael, meu irmão, foram núcleo familiar caloroso e decisivo. Os amigos que dispensaram ouvidos e bons desejos também merecem registro: Andreia Angel, Andressa Barroso, Anita Lucchesi, Celeste Maria, Dayhane, Marcelo e Sofia Paes, Renata Soares e Maxuel Rodrigues (in memoriam). E Rose, que cuida carinhosamente da casa e da gente que nela habita. Agradeço à professora Rosa Gens, que me acompanha, com firmeza e doçura, há dez anos. Também aos professores Antonio Carlos Secchin, sempre pronto às indagações bibliográficas, e José Maurício, pela partilha de O espelho partido, de Marques Rebelo. Graças aos professores de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do CEFET/RJ (Campus Maracanã), pude realizar com mais tranquilidade e eficiência esta pesquisa; graças aos alunos, sinto ânimo dia após dia de prosseguir estudando. Enfim, a Deus, cada vez mais misterioso pra mim, agradeço a paixão pela literatura. 6 RESUMO Resumo da Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Literatura Brasileira. GOMES, Polyana Pires. Os contos de João Alphonsus e Marques Rebelo no cenário modernista brasileiro. Rio de Janeiro, 2019. Tese (Doutorado em Letras Vernáculas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019. Nas décadas de 1930 e 1940, o mineiro João Alphonsus (1901-1944) e o carioca Marques Rebelo (1907-1973) foram considerados por importantes críticos literários consolidadores do conto moderno brasileiro. Em contexto de guerra mundial, de revoluções políticas internas e de movimentação artística, os autores ansiaram por mudanças substantivas tanto na esfera sociopolítica quanto na artística: acreditando que um novo país só poderia ser construído a partir de pensamento e expressão novos, dedicaram-se a um lirismo citadino e participaram, cada qual à sua moda, do movimento modernista desenvolvido em suas cidades. Para compreender o fenômeno literário por eles executado, analisamos os contos publicados em Galinha cega (1931), A pesca da baleia (1941) e Eis a noite! (1943), de João Alphonsus, e em Oscarina (1931), Três caminhos (1935) e Stela me abriu a porta (1942), de Marques Rebelo, e comparamos suas escolhas temáticas e formais, apontando semelhanças, como o emprego metonímico da cidade, extensão de seus habitantes, a maioria afetada pela morte (factual ou metafórica), e particularidades, como a preferência do mineiro pela noite e a recorrência a personagens animais, e a inclinação do carioca pela tarde e pela liberdade, motivo central de seus contos. PALAVRAS-CHAVE: Conto brasileiro; João Alphonsus; Marques Rebelo. 7 ABSTRACT Resumo da Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Literatura Brasileira. GOMES, Polyana Pires. Os contos de João Alphonsus e Marques Rebelo no cenário modernista brasileiro. Rio de Janeiro, 2019. Tese (Doutorado em Letras Vernáculas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2019. In the 1930s and 1940s, João Alphonsus (1901-1944) and Marques Rebelo (1907- 1973) were both considered by literary criticism important authors of the Brazilian modern tale. In the context of world war, internal political revolutions and artistic movement, the writers aspired to substantive changes in both the sociopolitical and artistic spheres: believing that a new country could only be constructed by new thinking and expression, they devoted themselves to a city lyricism, and participated, each in their own way, in the modernist movement developed in their cities. In order to understand the literary phenomenon they performed, we analyze their tales published in Galinha cega (1931), A pesca da baleia (1941) and Eis a noite! (1943), by João Alphonsus, and Oscarina (1931), Três caminhos (1935) and Stela me abriu a porta (1942), by Marques Rebelo, and we compare their thematic and formal choices, pointing out similarities, such as the metonymic use of city, the strength of the death (factual or metaphorical), and particularities, such as Alphonsus‘ preference for night and the recurrence of animal characters, and Rebelo‘s inclination for the afternoon and the freedom. KEYWORDS: Brazilian tale; João Alphonsus; Marques Rebelo. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 2 BREVE PANORAMA DO CONTO BRASILEIRO 16 2.1 DAS ORIGENS ATÉ A DÉCADA DE 1930 16 2.2 O CONTO MODERNO E O CONTO MODERNISTA BRASILEIRO 26 3 OS CONTOS NOTURNOS DE JOÃO ALPHONSUS 37 3.1 O ESCRITOR E O MODERNISMO MINEIRO 37 3.2 RECORRÊNCIAS TEMÁTICAS 51 3.2.1 O mal irremediável 52 3.2.2 O centro e as margens 72 3.2.3 Eis a noite! 92 3.2.4 Animais de estimação 110 3.3 TENDÊNCIAS FORMAIS DA CONTÍSTICA DE JOÃO ALPHONSUS 123 4 OS CONTOS VESPERTINOS DE MARQUES REBELO 131 4.1 O ESCRITOR E O MODERNISMO CARIOCA 131 4.2 RECORRÊNCIAS TEMÁTICAS 144 4.2.1 Portas abertas 145 4.2.2 Rio de Janeiro 192 4.2.3 O mal antecipado 218 4.2.4 Eis a tarde! 228 4.3 TENDÊNCIAS FORMAIS DA CONTÍSTICA DE MARQUES REBELO 236 5 UM ENCONTRO DE CONTISTAS ENTRE PASTÉIS DE NATA 241 E ESCORPIÕES REFERÊNCIAS 261 9 1 INTRODUÇÃO As décadas de 1920 a 1940 marcam importante período da literatura brasileira, e felizmente sua expressão poética e romance continuam recebendo pesquisas consistentes. Não se pode dizer o mesmo em relação a outros gêneros literários, também prolíferos à época, que carecem de maior atenção da crítica especializada: apenas no decênio de 1930, contabilizam- se mais de 200 livros de contos em todo o Brasil, segundo dados coletados na Bibliografia do conto brasileiro (1841-1967), de Celuta Moreira Gomes e Thereza da Silva Aguiar (1968), e na listagem das últimas páginas do Conto brasileiro contemporâneo, de Antonio Hohlfeldt (1988). No início do século passado, os escritores que se dedicavam à prosa curta, em geral, seguiam temas e estruturas tradicionais, herdadas do romantismo, fundador do gênero no país, ou das correntes realista e naturalista do século XIX. Todavia, em contexto de guerra mundial, de revoluções políticas internas e de intensa movimentação artística – principalmente a promovida desde o primeiro quartel do século XX e consolidada pela Semana de Arte Moderna –, o mineiro João Alphonsus e o carioca Marques Rebelo, arraigados a seu tempo e espaço, ansiaram por mudanças substantivas tanto na esfera sociopolítica quanto na artística. Acreditando que um novo Brasil só poderia ser construído a partir de um pensamento novo e de uma expressão estética nova, os escritores centrais desta tese se dedicaram a uma prosa citadina, também por isso às vezes chamada de moderna, e participaram, cada qual à sua moda, do movimento modernista desenvolvido em suas cidades. Em geral menos extenso que o romance, o conto seduz por abarcar diversos assuntos e por unir efeito expressivo e concisão formal; tal composição fez com que, ao longo da história
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