O Exorcista O Silêncio

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O Exorcista O Silêncio O misterioso escritor Juan Uranga • conto de Rubem Mauro Machado • 28 11 9 rascunho MARÇO/10 O jornal de literatura do Brasil curitiba, março de 2010 • ano 10 • www.rascunho.com.br • próxima edição: 5 de abril • ESTA EDIÇÃO NÃO SEGUE O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO Arte: Ramon Muniz/ Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo e Divulgação O SILÊNCIO O EXORCISTA Wilson Martins (1921-2010) • 3/5 Lourenço Mutarelli: “O demônio, para mim, é o verdadeiro Senhor dos homens” • 12/13 2 rascunho 119 • MARÇO de 2010 CARTAS [email protected] o jornal de literatura do Brasil fundado em 8 de abril de 2000 CONTEÚDO REFINADO PANORAMA DA CULTURA nos prende à leitura. João Maria e José Maria Venho acessando o site e O Rascunho é, de fato, essencial à compreensão têm uma história que vale a pena. Eu já conhecia ROGÉRIO PEREIRA tenho gostado muito do da literatura executada no Brasil (e seus desdo- sobre o movimento do Contestado. Com cer- editor Rascunho. A coluna do bramentos). Confesso que passo batido nas críti- teza, Walmor dos Santos foi muito feliz na es- ÍTALO GUSSO Affonso Romano é ótima, cas em relação aos livros, principalmente os que colha do tema deste livro. Espero que nos pre- diretor executivo além dos outros variados não li (que são muitos), acabando só por ler os mie com outras sagas. Como gaúcha, sinto-me artigos. Sou do interior de trechos de amostra. Agora, as entrevistas e as co- privilegiada com este livro. ARTICULISTAS Affonso Romano de Sant’Anna Minas, na Serra do Ca- lunas me interessam muito, já que é possível en- Virgínia Kleemann • Curitiba – PR Claudia Lage paraó, e por aqui o que xergar através do panorama da cultura brasileira Eduardo Ferreira Fernando Monteiro permite ter um contato e seus possíveis caminhos. José Castello maior com estes manifes- Daniel Zanella • Araucária – PR Luís Henrique Pellanda FALE CONOSCO Luiz Bras tos literários é a internet. Luiz Ruffato Principalmente quando se SAGA Envie carta ou e-mail para esta seção com nome completo, Raimundo Carrero Rinaldo de Fernandes encontram sites com con- Fiquei muito feliz com a resenha de Adriano endereço e telefone. Sem alterar o conteúdo, o Rascunho se reserva o direito de adaptar os textos. As correspondências I teúdo refinado como é o Rascunho. Koehler sobre o livro Contestado, de Walmor devem ser enviadas para Al. Carlos de Carvalho, 655 - conj. LUSTRAÇÃO 1205 • CEP: 80430-180 • Curitiba - PR. Os e-mails para Carolina Vigna-Marú Marco Jacobsen Farley Rocha • via e-mail Santos (Rascunho de janeiro). O trecho apre- [email protected]. Maureen Miranda sentado mostra uma linguagem cativante que Nilo FIM DA POESIA? Osvalter Urbinati Ramon Muniz Tal como ocorre ignorante e violenta destruição Ricardo Humberto das primitivas, rítmicas e suaves bases melódi- Tereza Yamashita cas da Arte Musical — constroem-se “versos FOTOGRAFIA Cris Guancino hermético-poéticos” que deixam de fascinar (e Matheus Dias vender...) simplesmente por não se apresenta- SITE rem embalados nas tradicionais e sempre neces- Vinícius Roger Pereira sárias “medidas”, imitadoras da vida, que é rít- EDITORAÇÃO mica e cadenciada, “melodicamente” repetida e, Alexandre De Mari por isso e só assim, interessante e encantadora. PROJETO GRÁFICO (Conforme texto Fim do papel, fim da poesia, de Rogério Pereira / Alexandre De Mari Luiz Bras, Rascunho 118). Que se procurem DIAGRAMAÇÃO alegrias e encantamentos não só com recuperar Rogério Pereira a “lógica da casa terrestre” (ecologia), mas tam- ASSINATURAS bém com a preservação de já multimilenares e Cristiane Guancino Pereira consagradas tradições técnico-artísticas das ma- IMPRENSA Nume Comunicação nifestações humanas! 41 3023.6600 www.nume.com.br Elmar Joenck • Curitiba – PR ER COM PAIXÃO L Colaboradores desta edição Que coisa mais linda este Rascunho de 2010. Alcir Pécora é crítico literário. Autor Clarice. Grande Clarice Lispector! E os poemas de Máquina de gêneros, entre outros. de Ferreira Gullar! Tem muita coisa para ler. Mui- ta gente boa pensando. Muito texto bom para ler André Seffrin é crítico literário. MARCO JACOBSEN com vagar, com atenção e paixão. Andrea Ribeiro é jornalista. Mara Paulina • Chapecó – SC Cida Sepulveda é escritora. Autora de Coração marginal. Fabio Silvestre Cardoso é jornalista. Gregório Dantas é professor de li- teratura no ensino superior e dou- TRANSLATO tor em teoria e história literária pela Unicamp. Eduardo Ferreira Jorge Figueroa é poeta. Autor de Silencio abierto, entre outros. José Renato Salatiel é jornalista e Como obter um critério professor universitário. Lúcia Bettencourt é escritora. Ganhou o I concurso Osman Lins de Contos, com A cicatriz de Olímpia. Venceu o prê- mio Sesc de Literatura 2005, com o infalível de tradução livro de contos A secretária de Borges. Luiz Antonio de Assis Brasil é es- Um dos vários problemas do processo tradu- mas em potência. Os elementos da estrutura profunda original. Viria a tradução praticamente perfeita — que critor e ensaísta. Autor de O pintor tório é a falta de base de comparação. Não ha- precisam passar por uma transformação adequada para imperfeições sempre haverá, talvez por ruídos nos de retratos, entre outros. vendo essa base, é forte a tendência aos desvarios. que se tornem texto inteligível. processos transformacionais de codificação e deco- Luiz Horácio é escritor, jornalista, pro- fessor de língua portuguesa e literatu- A criatividade, motor de desvio, é ao mesmo tem- A tradução seria, então, resultado de uma dupla dificação, provocados pela imperícia do tradutor. ra e mestrando em Letras. Autor dos po, para o tradutor, dádiva e rota de perdição. transformação: primeiro haveria que codificar o Haveria uma diferença importante entre as romances Perciliana e o pássaro com Fácil seria se houvesse um terceiro texto — eqüi- original no nível da estrutura profunda. Ali, o texto duas alternativas. No caso do terceiro texto, terí- alma de cão e Nenhum pássaro no céu. distante do original e da tradução — que pudesse ficaria como que armazenado de forma não ambí- amos uma base de comparação direta, com a Marcos Pasche é professor e mestre em literatura brasileira. É autor do livro funcionar como base de comparação. gua e livre da entropia interpretativa. Isento da cor- qual se poderiam comparar, sem processos trans- de poemas Acostamento. Seria esse o melhor instrumento não apenas para rupção humana e dos efeitos deletérios do tempo e formacionais nem códigos, tanto o original quan- Maria Carolina Maia é jornalista e o tradutor, mas também para o crítico de tradução. da distância, o código na estrutura profunda seria o to a tradução. Simplificando: o terceiro texto escritor. Autora de Ciranda de nós. Ter ali, a sua disposição, um critério absoluto e irre- paradigma para qualquer tradução que se fizesse do poderia ser lido diretamente, tanto quanto o ori- Maria Célia Martirani é escritora. futável de cotejo. Toda tradução de um dado origi- original, para qualquer língua, em qualquer época. ginal ou sua tradução. No caso do paradigma Autora de Para que as árvores não nal teria de equivaler — não apenas dinâmica, mas Basta acertar na transcrição, para obter um código situado na estrutura profunda, teríamos um có- tombem de pé. estaticamente também — ao terceiro texto. Por de- que reproduza fielmente o texto original. digo estabelecido num sistema diferente daquele Mariana Ianelli é escritora e finição, o terceiro texto seria idêntico ao original, A decodificação também exigiria domínio de de uma língua. Não poderia ser lido diretamente, jornalista. Autora de Passagens, Fazer numa língua tida como neutra, não suscetível às uma técnica específica. Seria preciso conhecer bem como texto, mas dependeria de um processo silêncio e Almádena, entre outros. mudanças caóticas e à miríade de possibilidades de o código e as operações lógicas que conduzem a transformacional para ser produzido e acessado. Maurício Melo Júnior apresenta o interpretação que assolam nossas línguas naturais. seu desenvolvimento em texto “natural”. Mas se Fico pensando qual dos dois meios seria o ide- programa Leituras, na TV Senado. Um terceiro texto numa língua neutra, ideal: aí esta- poderiam dispensar os efeitos perniciosos da per- al como caminho certeiro para a consecução do Miguel Sanches Neto é escritor e pro- ria a solução para o milenar problema da tradução. fessor. Autor de, entre outros, Chove missividade do tradutor (sua tendência à inter- sonho menardiano: não fazer uma mera tradução, sobre minha infância e A primeira mulher. Outra forma de pensar o problema seria inventar, pretação, mais por falta de conhecimento e pes- mas escrever de novo o próprio original. O ter- para o processo tradutório, uma teoria equivalente à quisa que por necessidade), que pervertem o ver- ceiro texto pareceria, talvez, mais adequado. Des- Paulo Bentancur é escritor. Autor de A solidão do diabo, entre outros. gramática gerativo-transformacional. Em vez de ter- dadeiro sentido do texto original. confio um pouco dessa coisa de códigos e pro- ceiro texto, concebamos uma estrutura profunda, em Decodificado, o paradigma da estrutura profunda cessos transformacionais: parecem conter em si a Roberta Ávila é jornalista e atua como freelancer. Seu blog é http:// que se situa a base do texto original. Seria uma espécie reproduziria — palavra por palavra, sentido por senti- semente da entropia que nos lançaria de volta aos ficcoesdaminhavida.blogspot.com/ de terceiro texto também, só que não desenvolvido, do, efeito por efeito, surpresa por surpresa — o texto labirintos inextricáveis da tradução. r • Roberto Lota é mestrando em lite- ratura brasileira pela UFRJ. Rodrigo Gurgel é crítico literário, es- critor e editor da Página 3 Pedagogia & Comunicação. Também escreve no blog: http://rodrigogurgel.blogspot.com/ RODAPÉ Ronaldo Cagiano é escritor. Autor de, entre outros, Dicionário de pe- Rinaldo de Fernandes quenas solidões. Rubem Mauro Machado é escritor e tradutor. Autor de, entre outros, A O escritor idade da paixão. que ensina Sérgio Rodrigues é jornalista e es- critor.
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