O Espelho Partido: Idstória E Memória Na Ficção De Marques Rebelo

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O Espelho Partido: Idstória E Memória Na Ficção De Marques Rebelo . ' • O ESPELHO PARTIDO: IDSTÓRIA E MEMÓRIA NA FICÇÃO DE MARQUES REBELO Mário Luiz Frungillo UNICAMP r:J.lBUOTECA CENTRA ~EÇÃO CIRCULANT' CAMPINAS 2001 Mário Luiz Frungillo O ESPELHO PARTIDO: IDSTÓRIA E MEMÓRIA NA FICÇÃO DE MARQUES REBELO Tese apresentada ao Curso de Teoria e História Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Teoria e História Literária. Área de concentração: Literatura brasileira Orientador: Prof. Dr. Francisco Foot Hardman CAMPINAS 2001 ··---···-··-­ -------~---~-- ~~~---~~- CM-00155005-3 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA IEL - UNICAMP Frungillo, Mario Luiz F943e O espelho partido: história e memória na ficção de Marques Rebelo I Mario Luiz Frungillo.-- Campinas, SP: [s.n.], 2001. Orientador: Francisco Foot Hardman Tese (doutorado)- Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Rebelo, Marques, 1907-1973. 2. Literatura brasileira. 3. Romances - história e crítica. L Hardman, Francisco Foot. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. ill. Título. iii ) Prof' Dr" Beatriz Rezende Prof. Dr. Luiz Dagobert de Aguirra Roncari Pro f. Dr. Edgar Salvadori De Decca Prof. Dr. Antônio Arnoni Prado ' ;;:uu;; i v APRESENTAÇÃO Este ensaio nasceu de uma dissertação de Mestrado inconclusa. Ao ingressar, em 1988, no programa de pós-graduação do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP, procurei o Professor Francisco Foot Hardman, que se interessou em orientar uma dissertação sobre O espelho partido de Marques Rebelo. A pesquisa foi interrompida em 1989, quando recebi uma bolsa da Fundação Komad Adenauer para realizar estudos na Alemanha. De 1990 a 1994 freqüentei o curso de Filologia do Alemão como Lingua Estrangeira na Universidade de Heidelberg, concluindo-o com uma dissertação sobre o romance Os inocentes (Die Schuldlosen), do escritor austríaco Hermann Broch. Ao retornar ao Brasil, o Professor Foot Hardman propôs-me retomar a pesquisa e ampliar o antigo projeto, a fim de apresentá-lo ao exame de seleção para o Doutorado. A demonstração de interesse por parte de meu antigo orientador a possibilidade de concluir o trabalho animaram-me a refazer o projeto. Tendo sido aprovado na seleção para o Doutorado, reiniciei o estudo da obra de Marques Rebelo em 1995. Em 1997 fui aprovado em concurso para uma vaga de docente na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. A divisão do tempo entre as obrigações do cargo e a pesquisa fez com que a conclusão do trabalho levasse um tempo maior do que era iniciahnente previsto. Ao entregar agora a tese para defesa, espero que os estudos realizados no intervalo entre o abandono e a retornada do trabalho sobre a obra de Marques Rebelo, assim como a experiência como docente, tenham se refletido positivamente no resultado, e compensem de alguma forma a longa espera. v AGRADECIMENTOS Devo agradecer a todos os que, de uma maneira ou de outra, me ajudaram a levar este trabalho a bom termo. A constatação de que são tantas as pessoas a quem devo me dirigir aqui é uma grata surpresa, como também o é verificar que algumas amizades têm resistido intactas ao tempo e à distância. A meus pais, Milton e Antonia, por tudo, desde o inicio. Aos amigos que enriqueceram o trabalho com sugestões bibliográficas e que me ajudaram a encontrar textos e livros nem sempre facilmente localizáveis: Patrícia Silva Cardoso, Luís Arthur Pagani, Suzana Yolanda Lenhard Machado Cánovas, A Luís Gonçales Bueno de Camargo, pelas longas conversas teleronicas e pela leitura atenta, ajudando a evitar erros e enriquecendo-o com valiosas sugestões e indicações bibliográficas. A Cássia dos Santos, por outras tantas longas conversas ao telefone, pela caça aos tesouros enterrados e esquecidos em tantos periódicos antigos, pelas inúmeras sugestões e correções e por resolver por mim inúmeros problemas burocráticos. A meus colegas da Faculdade de Letras da UFG Tânia Ferreira Rezende e Cláudio Luiz Abreu Fonseca, pelas trocas de horário que permitiram minha ausência da sala de aula, quando necessária. A Mônica V eloso Borges, pela revisão final do texto, pela paciência em ouvir desabafos e por tantas palavras de apoio e encorajamento. Aos membros da banca de qualificação, Professoras Vilma Arêas e Enid Yatsuda pelas sugestões, questionamentos e correções. vi Aos funcionários do Arquivo Edgard Leuemoth, pelo atendimento cordial. Ao pessoal do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa, especiahnente à sua diretora, Professora Eliane Vasconcelos, e aos funcionários Laura Regina Xavier e Jorge Ricardo Pereira, pela solicitude e generosidade com que me receberam e facilitaram a pesquisa em seu acervo. Ao pessoal do Centro de Memória da Academia Brasileira de Letras, por franquear os documentos referentes ao Acadêmico Marques Rebelo, especialmente à funcionária Maria Oliveira, pelo paciente ir e vir com as pastas do arquivo. Ao meu orientador, Professor Francisco Foot Hardman, por haver incentivado a retornada de um trabalho interrompido, pela espera paciente dos resultados de um projeto que chegou a ter, como ele mesmo diz, urna longa história e pela liberdade com que me deixou trabalhar. Espero que o resultado o satisfaça. Finalmente, ao CNPq pelo apoio financeiro durante os dois primeiros anos da pesquisa. vi i SUMÁRIO I - Introdução.................................................................................................................. 1 II- A fortuna crítica: uma breve apreciação ................................................................... 13 III -Romance, diário ou autobiografia? ........................................................................ 49 IV- As três dimensões do tempo .................................................................................. 84 1 - Passado ........................................................................................................... 104 2 - Presente .......................................................................................................... 123 2.1 -O ambiente literário ............................................................................... ;. 127 2.2- O Estado Novo ........................................................................................ 161 2.3 - A guerra .................................................................................................. 191 3- Futuro ............................................................................................................. 219 V - Conclusão ............................................................................................................. 239 Abstract ..................................................................................................................... 250 Bibliografia.................................................................................................................. 251 vi i i RESUMO O trabalho procura realizar uma análise do romance cíclico O espelho partido (1959-1968) de Marques Rebelo, enfocando as relações entre ficção, memória e história dentro da obra. Após proceder a uma breve apreciação da fortuna crítica do autor e de procurar esclarecer a utilização de material autobiográfico na elaboração do romance, a análise se volta para as três dimensões do tempo abrangidas pela narrativa - passado, presente e futuro. Procura-se demonstrar então que o romance retrata um momento de transição na história politica e cultural do Brasil e do mundo. No plano interno, o momento é marcado pelo Modernismo na literatura, pela Revolução de 30 e pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. No plano externo, pela ascensão e queda do nazi-fascismo e pela 2•. Guerra Mundial. A ação do romance situa-se, assim, em algum ponto "entre o passado e o futuro". Palavras-chave: 1. Rebelo, Marques, 1907-1973. 2. Literatura brasileira. 3. Romances­ história e crítica. 1- INTRODUÇÃO I O trabalho que se vai ler é uma análise das relações entre história, memória e ficção no romance cíclico O espelho partido, de Marques Rebelo. A interpretação do romance parte do princípio de que se trata de uma ficção que se utiliza largamente de material autobiográfico e pretende ser um vasto painel de sua época- os anos que vão de 1936 a 1944-, mas apresentado de uma forma bastante subjetiva. Esta opção se mostra já na forma de diário intimo escolhida pelo autor. A época abrangida pelo romance, além de literariamente rica e diversificada, é marcada por grandes crises e transformações no cenário brasileiro e internacional. Procuro demonstrar que a obra retrata estas grandes crises e transformações não de um ponto de vista posterior, como processo acabado, e sim procurando apresentá-las a partir da observação imediata do narrador-protagonista. A visão daquele momento histórico dada pelo romance é, assim, a de que se tratava de uma fase intermediária entre duas épocas, quando ainda é possível enxergar os vestígios do passado ao mesmo tempo que se procura vislumbrar o futuro, que ora se apresenta ameaçador, ora esperançoso. Para tanto, foi necessário inovar a forma do diário ficcional, de maneira a permitir que, ao contrário da expectativa que esse tipo de romance desperta no leitor, ele não tratasse apenas do presente imediato, mas também abrisse espaço para a evocação do passado através da memória, e lançasse um olhar para o futuro através das expectativas e temores do narrador. Na etapa inícial de realização do trabalho pude constatar que a bibliografia referente ao autor é pequena
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