Da Clandestinidade Ao Parlamento Conselho Editorial
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DA CLANDESTINIDADE AO PARLAMENTO CONSELHO EDITORIAL • João Bosco Araújo da Costa (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) – Presidente • Alexsandro Galeno Araújo Dantas (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • Daniel Menezes (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • Francisco Alencar Mota (Prof. Dr. da Universidade Estadual Vale do Acaraú) • Jacimara Villar Forbeloni (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal Rural do Semiárido) • Jessé de Souza (Prof. Dr. da Universidade Federal Fluminense) • Joana Aparecida Coutinho (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Maranhão) • Joana Tereza Vaz de Moura (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • João Emanuel Evangelista (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • José Antonio Spineli Lindozo (Prof. Dr. da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • Maria Conceição Almeida (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • Maria Ivonete Soares Coelho (Prof.ª Dr.ª da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) • Norma Missae Takeuti (Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) • Vanderlan Francisco da Silva (Prof. Dr. da Universidade Federal de Campina Grande) DA CLANDESTINIDADE AO PARLAMENTO 1ª edição Natal/RN 2018 Copyright © Maria da Conceição Fraga, 2018 Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610 de 19/02/1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização, por escrito, do autor. 1ª edição Catalogação da Publicação na Fonte: Bibliotecária Verônica Pinheiro da Silva. CRB-15/692. Direitos reservados a Maria da Conceição Fraga Fraga, Maria da Conceição. Da clandestinidade ao parlamento / Maria da Conceição Fraga; José Correia de Torres Neto (Editor); Fernanda Oliveira (Diagramação); Graziela Grilo (Revisão, diagramação e projeto gráfico); Andreia Braz (Revisor); Heverton R. (Ilustrador). – Natal: Caravela Selo Cultural, 2018. 350 p. : il.; 1 PDF. ISBN 978-85-69247-55-5 1. Literatura norte-rio-grandense. 2. Clandestinidade. 3. Parlamento. I. Torres Neto, José Correia. II. Oliveira, Fernanda. III. Grilo, Graziela. IV. Braz, Andreia. V. R., Heverton. VI. Título. CDU 82 (813.2) F811c Natal – Rio Grande do Norte – Brasil 2018 Título Da clandestinidade ao parlamento Autor Maria da Conceição Fraga ISBN 978-85-69247-76-0 Editora Caravela Selo Cultural Coordenação editorial José Correia Torres Neto Revisão de texto Andreia Braz e Graziela Grilo Revisão tipográfica José Correia Torres Neto Normalização bibliográfica Verônica Pinheiro da Silva Capa Heverton R. Projeto gráfico e Fernanda Oliveira Editoração eletrônica Formato E-book - PDF Número de páginas 359 Tipologia Calibri e Alégre Sans Local e data Natal, agosto de 2018 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 9 PREFÁCIO 20 INTRODUÇÃO 30 A MEMÓRIA POLÍTICA 50 1 COMO FONTE DE INFORMAÇÃO Nas trilhas das informações 50 Memória como expressão 64 do passado e do presente DA CLANDESTINIDADE 78 2 AO PARLAMENTO Percursos de experiências radicais 78 O cenário paradoxal: ex-clandestinos 99 pleiteiam vagas na Câmara Federal RECORDAÇÕES DA 109 3 INTEGRAÇÃO NA PRODUÇÃO As trajetórias de vida de 109 Aldo Arantes e Haroldo Lima Na sombra da Igreja 113 Um grupo de jovens audazes sai da vida legal 126 e entram na clandestinidade LEMBRANÇAS DO SEQUESTRO 147 4 DO EMBAIXADOR AMERICANO Trajetória de vida de Fernando Gabeira 147 e Vladimir Palmeira O sequestro e a liberação dos presos políticos 152 Uma pequena tarefa e o ingresso 171 em um evento que ganhou importância Entre os presos políticos, Vladimir 176 O livro autobiográfico e o filme: 181 uma apropriação do passado REMINISCÊNCIAS DA 192 5 GUERRILHA DO ARAGUAIA Trajetória de vida 192 de José Genoíno Neto A militância armada: 199 as marcas de uma geração A ida para a guerrilha 202 O cotidiano da guerrilha 205 O JOGO DA SOBREVIVÊNCIA 234 6 Prisão 235 Tortura 241 Exílio 250 O RETORNO À CENA PÚBLICA 256 7 A imprensa e a 262 construção de imagens Compreender não é perdoar 280 Lembranças das campanhas eleitorais 287 Militante e parlamentar 298 CONSIDERAÇÕES FINAIS 326 REFERÊNCIAS 341 APRESENTAÇÃO Um olho no para-brisa e outro no retrovisor Maria da Conceição Fraga1 ste livro tem o objetivo de oferecer ao leitor reflexões sobre Eformas de resistência ao autoritarismo, protagonizadas por mili- tantes que participaram da Guerrilha do Araguaia, do sequestro do embaixador americano e da Ação Popular; demonstra a Memória Política como fonte de informação; os percursos trilhados pelos parlamentares – da clandestinidade ao Parlamento – com suas experiências radicais e a ocupação de espaços institucionais, es- pecialmente o Legislativo; o jogo da sobrevivência e suas marcas reveladas pela Memória: a prisão, a tortura e o exílio; e, por fim, o retorno à cena pública, seu registro pela imprensa, e os desafios da dupla representação: militante e parlamentar. Como disse José Genoíno, em uma entrevista sobre esses acontecimentos: um olho no para-brisa e outro no retrovisor. A Memória Política é um tema que tem me interessado desde as pesquisas realizadas durante o Mestrado (Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN – 1992-1995), quando publiquei o livro Estudantes, Cultura e Política: a experiência dos manauaras (Edua, 1996), 1 Professora Associada do Departamento de História UFRN, Doutora em Sociologia (UFC), Mestre em Ciências Sociais (UFRN), Graduada em Ciências Sociais (UFRN), cursando atualmente Gra- duação em Direito (Uninassau), Especialização em Direito Penal e Processual Penal (UNI-RN) e Pós-Doutorado em Direito Constitucional (UFRN). DA CLANDESTINIDADE AO PARLAMENTO Maria da Conceição Fraga que tratou da experiência de estudantes manauaras e suas lutas por democracia nos anos de autoritarismo dos governos militares; o capí- tulo de livro intituladoRitual e símbolo na cultura estudantil (EDUFC, 1998, p. 217-238); e o artigo “Moradia estudantil e lutas políticas no Amazonas” (Revista de Humanidades, 1999, p. 69-92). Na Tese, intituladaMemória Articulada e Memória Publicizada: experiência com parlamentares brasileiros (UFC, 2001), dei conti- nuidade aos estudos sobre militantes políticos, porém, priorizei a memória daqueles que fizeram a trajetória da clandestinidade ao Parlamento; ou seja, parlamentares que participaram de eventos clandestinos ao fazerem oposição aos governos autoritários, espe- cialmente, os eventos já citados e agora apresentados neste livro. A pesquisa apontou para um habitus adquirido pelos protago- nistas, capaz de demonstrar um modo particular de fazer política, revelado nas memórias dos depoentes: elos “perdidos” e “achados” na memória, “encontros” e “desencontros” no modo clandestino e no modo democrático de agir. A escolha dos personagens recaiu sobre parlamentares que vivenciaram a clandestinidade, ou seja, representantes do Poder Legislativo, por permitir destacar que, embora suas experiências tenham ocorrido em lugares e tempora- lidades distintas, havia semelhanças e especificidades, tais como a condição de representante; a condição de legislador, de produtor de normas; a capacidade de oratória e de articulação; e o tempo da representação. Tudo isso nos permitiu observar o habitus do militante, expresso em sua atuação política que, ao conquistar espaços institucionais, ganhou destaque na imprensa, nos anos 1980 e 1990, e se transformou em ícone da política nacional. 10 DA CLANDESTINIDADE AO PARLAMENTO Maria da Conceição Fraga As eleições para presidente, ocorridas em 2002, polarizaram e mobilizaram a sociedade de forma que a campanha contou com a publicação de um documento histórico, produzido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) – Partido que aglutinou expressivas lideranças que protagonizaram resistência ao autoritarismo –, a Carta aos Brasileiros. Esse documento modificou a linha programática do Partido no curso da campanha eleitoral, surpreendendo a própria militância que, encantada com o crescimento dos apoiadores da campanha e a perspectiva de vitória eleitoral, secundarizou a de- cisão da direção do Partido e adiou o debate que, com o tempo, se perdeu no caminho. O Partido mudou seu perfil e expressou essa mudança, personi- ficando a luta política cada vez mais na figura do candidato – que concorreu quatro vezes à presidência da República, sendo eleito no último pleito – e apresentou Lula, não mais como liderança sindical, militante combativo, mas como “Lulinha Paz e Amor”, imagem criada pelo reconhecido profissional de marketing, Duda Mendonça. Essa passagem da história somente pode ser compre- endida se estudarmos todo esse processo vivenciado pelo Partido dos Trabalhadores, pelo Congresso Nacional e pela política brasileira nas últimas três décadas. O modo de operar de outros partidos existentes revela serem antigas as práticas antirrepublicanas, mas há algo novo: o Partido que elegeu o presidente da República; a maior bancada de depu- tados na Câmara Federal; que presidiu a Câmara dos Deputados; que cresceu e conquistou os brasileiros combatendo essas práticas nocivas à sociedade, aparece envolvido em denúncias de corrupção. 11 DA CLANDESTINIDADE AO PARLAMENTO Maria da Conceição Fraga Vieira (2017, p. 16) afirma que essas investigações ocorreram devido ao novo cenário existente no país dos anos 1980 e 1990 e ao “[...] do papel que a jurisprudência do STF veio a ocupar no Brasil [...] complexidade e realismo [...] dando voz a essa fonte primária de conhecimento sobre os direitos [...] daquilo que de- termina seus aplicadores”. A expressão “Lulinha Paz e Amor” ganha nova dimensão em 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência