A Insurgência, O Visionarismo E a 'Nordestinidade'
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e INSURGÊNCIA,A INSURGÊNCIA, VISIONARISMO O VISIONARISMO E NORDESTINIDADE: E A ‘NORDESTINIDADE’ COMO MARCAS IDENTITÁRIAS DO MARCASSUJEITO-POETA-CANTOR IDENTITÁRIAS DO SUJEITO-POETA-CANTOR ZÉ RAMALH ZÉ RAMALHO JOÃO PESSOJOÃOA-PB PESSOA-PB FEVEREIROABRIL DE 2012 DE 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS PETRÔNIO FERNANDES BELTRÃO INSURGÊNCIA, VISIONARISMO E NORDESTINIDADE: MARCAS IDENTITÁRIAS DO SUJEITO-POETA-CANTOR ZÉ RAMALHO JOÃO PESSOA-PB ABRIL DE 2012 PETRÔNIO FERNANDES BELTRÃO INSURGÊNCIA, VISIONARISMO E NORDESTINIDADE: MARCAS IDENTITÁRIAS DO SUJEITO-POETA-CANTOR ZÉ RAMALHO Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba por Petrônio Fernandes Beltrão, submetida à orientação da Professora Doutora Ivone Tavares de Lucena, para obtenção do grau de Mestre em Letras na área de Linguagens e Cultura. JOÃO PESSOA-PB ABRIL DE 2012 PETRÔNIO FERNANDES BELTRÃO INSURGÊNCIA, VISIONARISMO E NORDESTINIDADE: MARCAS IDENTITÁRIAS DO SUJEITO-POETA-CANTOR ZÉ RAMALHO BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Prof.ª Drª. Ivone Tavares de Lucena (UFPB) (Orientadora) _____________________________________________ Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB) (Examinador 1) _____________________________________________ Prof. Dr. Juarez Nogueira Lins (UEPB) (Examinador 2) _____________________________________________ Prof.ª Drª. Maria Angélica de Oliveira (UFPB / UFCG) (Suplente) À minha esposa, filhos e filhas, irmãos e irmãs. Estes, que fazem sentir-me amado e ‘importante’ de uma importância que só o nosso amor explica por sermos eternos uns nos outros. Em especial à Ivone Lucena, Maria Angélica e Socorro Beltrão. AGRADECIMENTOS É com a percepção de uma missão ‘quase’ cumprida que agradecemos a todos os professores e professoras que trilharam juntos conosco este prazeroso caminho, aos colegas, e principalmente à nossa orientadora, Prof.ª Dr.ª Ivone Tavares de Lucena, pela sapiência e amabilidade no convívio destes últimos anos. Em especial ao meu “Mestre” Jesus de Nazaré. RESUMO Esta pesquisa analisou três faces constitutivas da identidade do sujeito-autor Zé Ramalho: as marcas de insurgência, visionarismo e de nordestinidade no discurso artístico e imagético constituintes de parte de sua obra, em um determinado momento sócio-histórico. Apoiamo- nos em pressupostos teóricos da Análise de Discurso, (AD) dentro dos postulados de Foucault, Pêcheux, Bakhtin, Courtine. Utilizamos também os estudos de Gregolin, Bauman, Hall e outros. Com base nestes referenciais, identificamos, na primeira face, as marcas de insurgência na canção “Admirável Gado Novo” com relação ao regime da ditadura militar no Brasil e em “Garoto de Aluguel”, uma quebra de paradigma social. Na segunda face, analisamos as marcas de visionarismo, como um ‘devir’ histórico-social, na canção “A Terceira Lâmina”, e um visionarismo intersubjetivo no discurso de “Canção Agalopada”. Por fim, na terceira face, a que chamamos nordestinidade , analisamos o diálogo existente entre as imagens de algumas capas de seus discos e também o diálogo entre o discurso imagético de capas destes discos e a sua poética. Identificamos, através das categorias da AD, marcas possíveis de insurgência, visionarismo e nordestinidade no fazer discursivo do sujeito-autor Zé Ramalho, e buscamos no seu ‘dizer’, as significações e ressignificações, que emergem dos discursos constituintes da sua obra para revelarmos um perfil identitário. Palavras-chave: Sujeito discursivo, identidade, insurgência, visionarismo, nordestinidade. RESUMEN Esta investigación objetiva el análisis de tres aspectos constitutivos de la identidad del sujeto- autor Zé Ramalho: las marcas de insurgência, visionarismo y de nordestinidade en el discurso artístico e de imagenes constituintes de parte de su obra, en un determinado momento socio- histórico. Nos apoyamos en el marco conceptual de análisis del discurso (AD) dentro de los postulados de Foucault, Pêcheux, Bakhtín, Courtine. También usamos los estudios de Gregolin, Bauman, Hall y otros. En base a estos puntos de referencia, que se identifican en el primer aspecto, las marcas de la insurgencia en la canción "Admiravel Gado Novo" con respecto al régimen de la dictadura militar en Brasil y "Garoto de Aluguel", un cambio de paradigma social. En el segundo aspecto, vamos a analizar la marca de visionarismo como "devenir" histórico-social, en la canción "A terceira Lâmina " y un visionarismo intersubjetivo en el discuso de la canción "Canção Agalopada". Por último, em el tercer aspecto, que nosotros llamamos nordestinidade, se analiza el diálogo del discurso entre las imágenes de algunas portadas de sus discos y el diálogo entre las imágenes de estos discos y su poesia. Identificamos a través de las categorías de la AD, marcas posibles de insurgência, visionarismo y nordestinidade en el hacer discursivo del sujeto-autor Zé Ramalho, y buscamos en su ‘decir’, las significaciones y resignificaciones, que emergen de los discursos constituintes de su obra para revelar un perfil de identidad. Palabras clave: Sujeto discursivo, identidad, insurgencia, visionário,‘nordestinidade’ SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................11 2. O CAMINHO TEÓRICO: ALGUMAS CATEGORIAS ANALÍTICAS DA ANÁLISE DE DISCURSO .....................................................................................................................16 2.1. O discurso e a movência de sentidos.................................................................................16 2.2. Nas relações de poder: Subjetividade, identidade e autoria...............................................21 2.3. Entre o discurso e suas construções: as formações discursiva e ideológica, o a priori histórico e o arquivo..................................................................................................................36 2.4. Nos caminhos do enunciado: memória e intericonicidade.................................................40 3. ZÉ RAMALHO: O SUJEITO E SEU DISCURSO ........................................................53 3.1. Nos encalços históricos de Zé Ramalho ...........................................................................53 3.2. Entre a poética e a música: o compositor e o intérprete....................................................54 3.3. No contexto sócio-histórico: o lugar de Zé Ramalho........................................................57 3.4. A discursividade Artística: espelho do sujeito Zé Ramalho..............................................60 4. NOS POEMAS-CANÇÕES E NA IMAGÉTICA DE ZÉ RAMALHO: MARCAS IDENTITÁRIAS .................................................................................................................... 82 4.1. A primeira face: O discurso insurgente em Admirável Gado Novo e Garoto de Aluguel .....................................................................................................................................83 4.2. A segunda face: O discurso visionário de A Terceira Lâmina e Canção Agalopada ... 99 4.3. A terceira face: A nordestinidade e o diálogo imagético.................................................112 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 129 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................132 ANEXOS ............................................................................................................................... 135 Os discursos não podem ser dissociados da prática de um ritual que determina para os sujeitos que falam, ao mesmo tempo, propriedades singulares e papéis pré- estabelecidos . Foucault 11 1. INTRODUÇÃO A partir do golpe de 64, que institucionalizou a ditadura no país, aconteceu o engajamento de movimentos folclóricos nos centros culturais com a Bossa Nova, através da União Nacional dos Estudantes (UNE) 1. A UNE, em contraponto à Bossa Nova, defendia a música de raiz como o samba de origem africana, a modinha, o chorinho, as influências regionais e folclóricas brasileiras, propiciando, assim, uma simbiose dos estilos musicais que passam à nominação de MPB (Música Popular Brasileira) utilizando-a como estratégia, bandeira de luta contra o regime militar. A MPB, surgida com o enfraquecimento da Bossa Nova e o advento dos grandes festivais de Música Popular Brasileira a partir da década de 60, passa a misturar-se com outros estilos como o pop, o roque romântico, o sertanejo, etc. formatando uma diversidade de ritmos, de culturas folclóricas, de usos e costumes espalhados no grande território nacional, fator que tornou difícil marcar fronteiras, estabelecer limites precisos entre o que seria Música do Brasil e MPB. A música de raiz 2 é regionalizada, mas, ao mesmo tempo, muito difundida em todos os palcos do grande território brasileiro, tornando a cultura musical brasileira diversificada visto que o artista brasileiro é muito criativo e receptivo a novas ideias. Foram exatamente estes novos ideais que trouxeram um novo sentimento de nacionalismo realçado pela desaprovação ao regime militar. Buscando um lugar no cenário musical brasileiro surge a figura de Zé Ramalho, um nordestino da Paraíba que traz uma expressão peculiar de resistência, visionarismo e nordestinidade no seu fazer discursivo musical, no seu versejar, no seu cantar, uma simbiose da música de raiz nordestina mesclada com outros