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REQUERIMENTO Nº , DE 2007

Na forma do disposto no Regimento Interno e de acordo com as tradições da Casa, requeremos as seguintes homenagens pelo falecimento do músico Antonio Alves, conhecido pelo nome artístico de Toinho Alves, ocorrido a 29 de maio, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco:

a) inserção em ata de voto de profundo pesar; b) apresentação de condolências: - a seus familiares; - aos integrantes do Quinteto Violado; - à Prefeitura Municipal de Olinda.

JUSTIFICAÇÃO

Pernambuco cultural, desde a madrugada de 29 de maio deste ano, se encheu do vazio com a morte Toinho Alves, músico, arranjador, compositor, voz, contrabaixo e fundador do Quinteto Violado. Chamado por Deus, deixou, ao ganhar, além da eternidade, também a imortalidade. Sua obra musical, inovadora, interpretativa da saga nordestina, contagiante, pelos acordes do frevo, foi – e sempre será – marca indelével de nossa pernambucanidade.

Toinho, em sua residência, em Jaboatão dos Guararapes, vitimado por um infarto fulminante, silenciou não somente sua voz e seu canto, mas igualmente seu contrabaixo. Os pernambucanos emudeceram sem a musicalidade emanada desse artista que vivenciou, por mais de quarenta anos, a vida sócio-cultural do Estado e do País.

Nascido em Garanhuns, agreste pernambucano, integrava uma família de músicos. Tal era seu pendor, aprendeu música antes de ser alfabetizado. No seu torrão natal, à semelhança de , sentiu o arrocho do berço, participou da Banda Municipal, havendo assimilado, com maestria, dos monges beneditinos, o gosto pelo canto.

No exerceu, paradoxalmente, a profissão de Engenheiro Químico antes de fazer, de forma definitiva, a opção pela música, onde se consagrou como um dos maiores do Brasil.

Corriam os anos 1960 quando criou o grupo vocal Os Bossas Norte, do qual fizeram parte e Marcelo Melo, este seu companheiro inseparável em todas as empreitadas

2 no campo da música e na consecução de outros projetos artístico- culturais.

Quando integrava o TVU-3, grupo musical vinculado à TV Universitária, na companhia de Luciano Pimentel, na bateria, Sérgio Kyrillos e Marcelo Melo, Toinho enxergou mais longe: olhou e viu, além do horizonte, a possibilidade de criar o Quinteto Violado, idéia que ganhou força, à medida que chamou a si a coordenação musical, o repertório, os arranjos musicais, a produção artística dos discos e a direção musical dos shows e das aulas-shows ministradas, principalmente nos educandários para alunos das escolas públicas, numa ação pedagógica muito do seu gosto pessoal.

Toinho Alves e seu Quinteto Violado, tantas vezes premiado nacional e internacionalmente, apresentaram, desde o início, proposta de resgate da cultura nordestina, no auge do Movimento Tropicalista.

A biografia do Quinteto Violado, no período de 1971 a 1996, foi contada no livro Bodas de Frevo: A História do Quinteto Violado, de autoria do jornalista pernambucano Gilvandro Filho, um trabalho de pesquisa e de grande relevância à compreensão da trajetória desse admirável grupo musical.

3 Os contemporâneos e os que seguiram a trilha dos violados falam sobre o trabalho do grupo. , Chico Science, Alceu Valença, Chico César, , Lenine, , Xangai e são alguns dos que emprestam sua visão ao livro.

Desde 1976, o Quinteto Violado assumiu, ao lado de , a direção e execução da Missa do Vaqueiro, anualmente realizada em Serrita, no sertão pernambucano. Esse ato religioso nasceu de idéia do Pe. João Câncio, de 1971 como culto ao vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Rei do Baião – Luiz Gonzaga.

Seu filho Eduardo Carvalho Alves, conhecido por Dudu, dá ao Quinteto Violado, continuidade à obra com o talento de seu pai.

Por fim, esta homenagem a Toinho Alves representa o reconhecimento que se faz em Pernambuco, no Nordeste e no Brasil, daquele que, ao ingressar na eternidade, conforme Camões, quanto mais se afastar no tempo, mais irá da morte se libertar.

Sala das Sessões, em 12 de maio de 2008.

Senador Marco Maciel

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