Percussão Orquestral Brasileira Problemas Editoriais E Interpretativos PERCUSSÃO ORQUESTRAL BRASILEIRA FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP
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Eduardo Flores Gianesella Percussão orquestral brasileira Problemas editoriais e interpretativos PERCUSSÃO ORQUESTRAL BRASILEIRA FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP Presidente do Conselho Curador Herman Jacobus Cornelis Voorwald Diretor-Presidente José Castilho Marques Neto Editor Executivo Jézio Hernani Bomfim Gutierre Conselho Editorial Acadêmico Alberto Tsuyoshi Ikeda Áureo Busetto Célia Aparecida Ferreira Tolentino Eda Maria Góes Elisabete Maniglia Elisabeth Criscuolo Urbinati Ildeberto Muniz de Almeida Maria de Lourdes Ortiz Gandini Baldan Nilson Ghirardello Vicente Pleitez Editores Assistentes Anderson Nobara Fabiana Mioto Jorge Pereira Filho EDUARDO FLORES GIANESELLA PERCUSSÃO ORQUESTRAL BRASILEIRA PROBLEMAS EDITORIAIS E INTERPRETATIVOS © 2012 Editora UNESP Direitos de publicação reservados à: Fundação Editora da UNESP (FEU) Praça da Sé, 108 01001-900 – São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3242-7171 Fax: (0xx11) 3242-7172 www.editoraunesp.com.br [email protected] CIP – Brasil. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ G365p Gianesella, Eduardo Flores Percussão orquestral brasileira: problemas editoriais e interpretativos / Eduardo Flores Gianesella. São Paulo : Editora Unesp, 2012. il. Contém glossário Inclui bibliografia ISBN 978-85-393-0358-8 1. Música orquestral. 2. Instrumentos de percussão. 3. Etno- musicologia. 4. Música – História e crítica. I. Título. 12-6763 CDD: 784.2 CDU: 785.11 Este livro é publicado pelo projeto Edição de Textos de Docentes e Pós-Graduados da UNESP – Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UNESP (PROPG) / Fundação Editora da UNESP (FEU) Editora afiliada: Ao meu filho Luca, fonte inesgotável de alegria, energia e amor, além de inspiração constante. AGRADECIMENTOS À minha esposa Claudia, pelo apoio e exemplo, concluindo seu dou- torado e gerando nosso filho, simultaneamente a esta minha pesquisa. Ao meu orientador professor Marcos Branda Lacerda, que acre- ditou e me incentivou no meu doutorado na ECA-USP, o que acabou resultando neste livro. Ao amigo, professor e colega John Boudler, pelo estímulo, ajuda e confiança depositados, e também por ser um dos responsáveis pela evolução do cenário da percussão no Brasil. Ao pessoal do Centro de Documentação Musical Eleazar de Car- valho da Osesp, principalmente a Maria Elisa, Marina e Tamiko, pela ajuda dispensada. Ao Luiz D’Anunciação, por toda sua contribuição à percussão brasileira, seu incansável trabalho de pesquisa e preciosas informações. Ao maestro Roberto Duarte, grande regente e pesquisador da música brasileira, pelas instigantes conversas e por prontamente enviar sua revisão da obra “Il Guarany”, de Carlos Gomes. Ao professor Javier Calvino, que me iniciou na arte da percussão e que soube incutir o amor pela música. Ao professor John Beck, que me orientou no mestrado na East- man School of Music, período de importante aprendizado e ricas lembranças. 8 EDUARDO FLORES GIANESELLA Ao Luciano Ramos Rossa, pela digitalização de todos os exemplos musicais deste livro. À multitalentosa amiga Elisa do Rêgo Monteiro, pela concepção e produção da imagem da capa. Aos amigos e colegas da percussão de todos os tempos, pela cons- tante troca de informações que nos enriquece e transforma a cada dia. SUMÁRIO Introdução 11 1 Problemas de nomenclatura nas obras de Mozart Camargo Guarnieri 17 2 Diferenças nas edições da obra Il Guarany – sinfonia (1871), de Antônio Carlos Gomes 41 3 Obras que inovam no uso dos ritmos e/ou instrumentos de percussão típicos brasileiros 87 4 O inusitado uso da percussão na obra de Heitor Villa-Lobos 107 5 O uso idiomático dos instrumentos de percussão típicos brasileiros 147 Fontes e referências bibliográficas 169 Glossário 181 INTRODUÇÃO Ao longo de mais de trinta anos de experiência na música sinfôni- ca, desde as orquestras jovens até as profissionais, percebemos uma grande lacuna de informações, tanto por parte de maestros quanto por parte de compositores e até mesmo dos percussionistas, a respeito de vários aspectos da interpretação da percussão no repertório sinfônico brasileiro. Problemas de diferenças de edições, erros na nomenclatura de instrumentos, adaptação dos ritmos e instrumentos de percussão típicos brasileiros a uma execução numa orquestra sinfônica, particula- ridades idiomáticas e de notação desses instrumentos e conhecimento superficial desse repertório e de suas dificuldades técnicas são alguns dos desafios encontrados pelos percussionistas na execução de obras sinfônicas brasileiras. No mundo da percussão, o histórico de confusões com nomen- claturas é muito antigo, e uma prova da importância desse assunto é a série de artigos publicados pelo percussionista Michael Rosen, professor de percussão do Oberlin Conservatory, nos Estados Unidos, que vem há décadas escrevendo a série Terms used in percussion para a revista Percussive Notes, da Percussive Arts Society (PAS), com sede nos Estados Unidos. Essa série de artigos, iniciada em 1974 e que continua sendo publicada até nossos dias pelo mesmo autor, aborda principalmente problemas de nomenclatura de instrumentos, baquetas 12 EDUARDO FLORES GIANESELLA e termos usados por compositores em diferentes idiomas e que geram dúvidas em percussionistas de todo o mundo. Enquanto o uso da percussão no repertório internacional tradicional tem sido estudado e essas pesquisas encontram meios de divulgação, as obras brasileiras ainda carecem de estudos mais aprofundados sobre o tema. A grande quantidade de instrumentos de percussão e ritmos brasi- leiros, associada a um extenso território, provoca uma enorme diversi- dade de nomenclaturas e variações interpretativas de ritmos, o que tem gerado muitas dúvidas em inúmeras obras sinfônicas brasileiras. Este livro tem o intuito de esclarecer algumas dessas dúvidas, procurando levar a uma interpretação mais correta das obras selecionadas, assim como prevenir novos compositores dos erros mais comuns cometidos até mesmo por aqueles já consagrados, principalmente em relação à nomenclatura dos instrumentos de percussão. Este livro passará também, quando necessário, pelo estudo etno- musicológico de nossas raízes musicais, para dessa forma podermos compreender melhor os ritmos e os instrumentos nelas utilizados e, com isso, as reais intenções do compositor e assim estabelecer parâ- metros mais claros de interpretação. Dentre as pouquíssimas publicações brasileiras sobre o tema, devemos mencionar o Dicionário de percussão, de Mario Frungillo, excelente livro de referência publicado pela Editora da Unesp em 2003, que foi de grande ajuda na confecção deste trabalho. Mais recentemente, em 2006, foi lançado o primeiro livro voltado à per- cussão orquestral brasileira: Os instrumentos típicos brasileiros na obra de Villa-Lobos, de Luiz D’Anunciação. Essa excelente publicação, apesar de ter uma abordagem distinta da nossa, vem ao encontro desta pesquisa. Porém, ainda é escasso o material do gênero. Existem sim, no mercado internacional, inúmeros estudos e métodos voltados para o repertório sinfônico internacional, alguns dedicados inteiramente a compositores específicos, ou então métodos mais abrangentes dedica- dos à percussão no repertório contemporâneo internacional, mas em nenhum desses estudos e métodos existe qualquer menção a alguma obra orquestral de compositor brasileiro. PERCUSSÃO ORQUESTRAL BRASILEIRA 13 Encontramos também muitos métodos e livros de percussão que abordam a rica percussão brasileira e seus inúmeros ritmos, mas pou- quíssimos tratam do seu uso na música orquestral, mesmo que um significativo número de compositores nacionais tenha se utilizado desse legado em suas obras sinfônicas, algumas vezes de forma mais literal, outras modificando o material original. Dessa forma, o percussionista brasileiro em geral está muito mais familiarizado com e apto a tocar as obras do repertório internacional do que a tocar importantes obras do repertório nacional. O Brasil produziu música de qualidade desde meados do século XVIII. Compositores importantes como José Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805), além de Francisco Gomes da Rocha (1746- 1808), Ignácio Parreira Neves (1736-1790), entre outros, atuaram nas Minas Gerais. Luiz Álvares Pinto (1719-1789) e Inácio Ribeiro Nóia (1688-1773) foram expoentes em Pernambuco. No Rio de Janeiro, não podemos deixar de mencionar o Padre José Maurício (1767-1830), seguido por Francisco Manuel da Silva (1795-1865). Em São Paulo temos o compositor André da Silva Gomes (1752-1844). Mais à frente, surge Antônio Carlos Gomes (1836-1896), que foi o primeiro compositor brasileiro a ter êxito no exterior, assim como Alexandre Levy (1864-1892) e Alberto Nepomuceno (1864-1920), que introduzem o nacionalismo em nossa música. Segundo Andrade (1965, p.30): “E realmente foram estes dois homens, Alexandre Levy e Alberto Nepomuceno, as primeiras conformações eruditas do novo estado-de-consciência coletivo que se formava na evolução social da nossa música, o nacionalista”. No século XX presenciamos uma quantidade ainda maior de com- positores significativos que serão mencionados mais à frente, dentre os quais se destaca Heitor Villa-Lobos (1887-1959), reconhecido in- ternacionalmente como um dos principais compositores desse século. Assim, constatamos no Brasil a produção de um fluxo ininterrupto de obras musicais de grande valor artístico desde o século XVIII. A ideia deste projeto surgiu devido ao grande número de dúvi- das referentes à nomenclatura e à forma de interpretação de ritmos e instrumentos de percussão surgido durante a execução de obras 14 EDUARDO FLORES GIANESELLA de compositores importantes como Carlos