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Universidade do Vale do Faculdade de Comunicação e Artes

MARCELO CAPUCCI FERREIRA RAFAEL KISO

O DESAFIO DE UMA NOVA PLATAFORMA DE MÍDIA INTERATIVA PARA TELEVISÃO DIGITAL NO BRASIL

São José dos Campos, SP 2006

MARCELO CAPUCCI FERREIRA RAFAEL KISO

O DESAFIO DE UMA NOVA PLATAFORMA DE MÍDIA INTERATIVA PARA TELEVISÃO DIGITAL NO BRASIL The challenge for a new media interactive platform to the digital in

Relatório Final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Graduação à Banca Avaliadora do Curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Comunicação e Artes da UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA.

Orientador: Profº Fernando José Garcia Moreira.

São José dos Campos, SP 2006

MARCELO CAPUCCI FERREIRA RAFAEL KISO

O DESAFIO DE UMA NOVA PLATAFORMA DE MÍDIA INTERATIVA PARA TELEVISÃO DIGITAL NO BRASIL

Banca examinadora:

Profº: Celeste Marinho Manzanete Ribeiro Profº: Fernando José Garcia Moreira Profº: Mario Jose Moreira

Profº. Fernando José Garcia Moreira

São José dos Campos, 12 de dezembro de 2006.

RESUMO

A história da TV digital vem sendo construída desde a década de 70 com as primeiras iniciativas japonesas para criação de uma TV de alta definição analógica, que teve sucesso até o final da década de 80 quando surgiu a iniciativa norte- americana para criação de um padrão de TV 100% digital, iniciativa esta que seria seguida posteriormente por europeus e japoneses.

Neste cenário internacional, com os padrões dominantes já estabelecidos numa série de países, o Brasil inicia um trabalho interno pela escolha de um padrão a ser adotado no país, que seria um padrão de referência com adaptações para realidade e necessidades nacionais como a inclusão digital.

A TV digital é uma plataforma de mídia formada por uma série de elementos integrados, que trabalham em conjunto para entregar ao telespectador toda sua variedade de conteúdo com características como alta qualidade de som e imagem, interatividade e aplicativos capazes de prestar os mais diversos serviços que vão desde a marcar uma consulta médica até a aposta em loterias.

ABSTRACT

The history of digital TV has being constructed since the 70's with the

Japaneses initiatives for the creation of a TV with high analogical definition that had success until the end of the 80's when the North America had the initiative for the creation of one TV one hundred per cent digital, this initiative was followed by the

Europeans and Japaneses.

In this international scene, with the dominant patterns already established in several countries, Brazil initiates an internal work to choose a pattern to be adopted in the country, that would be a pattern of reference with adaptations for the reality and national needs like digital inclusion.

The digital TV it is a media platform formed by a series of integrated elements that work together to deliver to the viewer all the content variety with some characteristic just like high quality of sound and image, interactive and capable applications to offer several services that goes since marking an appointment to the doctor until gamble in the lotteries.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Tecnologias envolvidas na TV Digital Interativa...... 27 Figura 2- Comparação entre os formatos de tela do modelo analógico e digital...... 30 Figura 3- Exemplo de rotas para plataformas digitais ...... 31 Figura 4- Tipos de Set-Top Box para o mercado brasileiro. Modelo que visa atender o perfil da população brasileira...... 38 Figura 5- Camadas que compões a arquitetura de um set-top box ...... 38 Figura 6- Exemplo de controle remoto e teclado para set-top box...... 39 Figura 7- Share-of-mind de diferentes mídias...... 54 Figura 8 - Esse serviço pode ser usado enquanto o telespectador continua vendo o canal dentro do picture-in-picture (PIP)...... 58 Figura 9 - Aplicativo da Sky do Reino Unido...... 72 Figura 10 - Aplicativo do canal Televisió de Catalunya...... 73 Figura 11 -Aplicativo do canal Bloomberg do Reino Unido...... 74 Figura 12 - Aplicativo do canal BSkyB para o programa “Who Wants to Be a Millionaire?”...... 75 Figura 13 -Aplicativo de coleta e registro de pedidos para a Rede Domino’s...... 77 Figura 14 - Programa de apostas Sky Vegas Live...... 78 Figura 15 - Jogo “Scooby-Doo Mysteries:The Case of the Frosty Snowman” desenvolvido pela Denki para a Sky Active...... 80 Figura 16 - Jogo “Scooby-Doo Mysteries:The Case of the Frosty Snowman” desenvolvido pela Denki para a Sky Active...... 80 Figura 17 - UK SKY - Celebrity Big Brother 2002 & Four Active...... 98 Figura 18 - UK BBCI SKY - Test the Nation - National Relationship Test ...... 98 Figura 19 - Comparação da distância das telas...... 101 Figura 20 - Comparação de aspect ratio e resolução de tela. Observe: a resolução de tela do PAL é um pouco maior do que a NTSC...... 103 Figura 21 - Ilustra o tamanho dos textos como uma medida de pixels versus altura da tela ...... 104 Figura 22- Diagrama de Áreas Seguras praticado pela SpinTV...... 105 Figura 23 - UK SKY - Studio Disney on Sky Digital...... 110 Figura 24 - UK freeview - Teletext TV Navigator on Freeview...... 111 Figura 25- Destaque em navegação...... 112

Gráfico 1 - Perfil dos Consumidores de Mídia, por classe econômica...... 43 Gráfico 2 - Interatividade na TV sob as perspectivas de personalização e instantaneidade de serviços...... 47 Gráfico 3 - Utilização de serviços interativos na televisão digital durante todo o dia...... 60

LISTA DE TABELAS

Tabela I-Comparação de resolução e tamanho entre os formatos de tela...... 29 Tabela II-População residente e número de domicílios por região ...... 42 Tabela III- Domicílios urbanos por classes econômicas e índice de potencial de consumo ...... 42 Tabela IV- Importância dos atributos da TV Digital para o Consumidor...... 45

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Estágios de Produção em Televisão...... 86 Quadro 2 - Estágios de Desenvolvimento de Software ...... 87 Quadro 3 - Estágios de Desenvolvimento de Aplicações Interativas para TV Digital ...... 90 Quadro 4 - Principais diferenças entre Produção Convencional e Interativa...... 91 Quadro 5 - Algumas Ferramentas e Técnicas para Pesquisa de Usabilidade ...... 94 Quadro 6 - Comparação das telas...... 100 Quadro 7 - Entendendo o Usuário...... 115

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERT Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão ABINEE Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABTA Associação Brasileira de TV por assinatura ABTU Associação Brasileira de Televisão Universitária ADSL Asymmetric Digital Subscriber Line ATSC Advanced Television System Committee Dibeg Digital Broadcasting Experts Group DSL Digital Subscriber Lines DVB Digital Video Broadcasting DVD Digital Versatile Disc Eletros Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos: EPGs Eletronic Programme Guides HDTV High Definition Television IDTVS Televisões Digitais Integradas IR Infra red ISDB Integrated Service Digital Broadcasting ISDB Integrated Services Digital Broadcasting MHP Multimedia Home Platform MUSE Multiple Sub-Nyquist Sampling Encoding NHK Nippon Hoso Kyokai PVRs Personal Vídeo Recorder SBTVD Sistema Brasileiro de TV Digital SDTV Standard definition television SET Sociedade de Engenharia de Televisão TV Televisão UK United Kington

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 12 1.1 Objetivos...... 12 1.2 Objetivos Específicos...... 12 1.3 Definição do Problema ...... 13 1.4 Justificativas...... 13

2 INTRODUÇÃO A TV DIGITAL ...... 15 2.1 História da TV Digital...... 15 2.2 Televisão Analógica de Alta Definição ...... 15 2.3 Padrões Existentes ...... 16 2.3.1 ATSC – Padrão norte-americano ...... 17 2.3.2 DVB – Padrão europeu ...... 17 2.3.3 ISDB – Padrão japonês...... 18

3 SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL - SBTVD...... 19 3.1 O Processo de Definição do SBTVD...... 20

4 PERSONAGENS E TECNOLOGIA ...... 25 4.1 Os Personagens no Cenário da TV Digital...... 25 4.2 Tecnologias Utilizadas no Cenário da TV Digital Interativa...... 26 4.2.1 O aparelho de TV...... 28 4.2.2 Plataformas digitais...... 31 4.2.3 Redes ou plataformas de transmissão...... 32 4.2.4 Set-Top box ...... 36 4.2.5 Controle remoto...... 39 4.2.6 Middleware ...... 39 4.2.7 Aplicações...... 40

5 PERFIL DE MERCADO DO CONSUMIDOR BRASILEIRO...... 41 5.1 População e Domicílios...... 41 5.2 Perfil dos Consumidores de Mídia ...... 43 5.3 A Adoção da TV Digital pela Massa...... 43 5.4 Resposta do Consumidor a Interatividade ...... 45

6 COMO PLANEJAR MÍDIA PARA A TV DIGITAL...... 49 6.1 Considerações Sobre a Televisão Digital Interativa ...... 49 6.2 A Televisão Interativa...... 49 6.2.1 Diferentes tipos de iTV...... 51 6.3 O Que Muda para a Mídia TV em Sua Versão Digital ...... 53 6.3.1 Expectativas dos telespectadores ...... 53 6.3.2 Dados demográficos...... 56 6.4 Hora do Dia...... 58 6.5 Tipos de Canais de Comunicação Dentro da TV Digital...... 60 6.5.1 Eletronic programme guides ...... 62 6.5.2 Serviços de teletexto...... 62 6.5.3 Walled gardens ...... 63 6.5.4 Internet na televisão...... 65 6.6 Televisão Avançada ( Enhanced Television )...... 67 6.6.2 Vídeo-on-Demand ...... 70 6.6.3 Personal vídeo recorders (PVR)...... 70

7 MODELOS DE INTERATIVIDADE NA TV DIGITAL...... 71 7.1 Programas Interativos ...... 71 7.1.1 Votação ...... 71 7.1.2 Esportes e notícias...... 72 7.1.3 Entretenimento ...... 74

7.2 Publicidade Interativa...... 75 7.2.1 Endereçamento...... 75 7.2.2 Personalização ...... 76 7.3 Serviços Interativos...... 76 7.3.1 T-Commerce ...... 76 7.3.2 Apostas ...... 78 7.3.3 Jogos...... 79

8 PLANEJANDO E PRODUZINDO CONTEÚDO ...... 81 Um novo conjunto de padrões para a criação de conteúdo para a tv digital...... 81 8.1 Padrões da Televisão...... 81 8.2 Padrões da Televisão Interativa...... 82 8.2.1 ATVEF...... 83 8.2.2 DVB-MHP...... 83 8.3 Planejando Aplicações Interativas para TVD ...... 84 8.3.1 Considerações de planejamento ...... 84 8.3.2 Diferenças entre a produção convencional e a interativa ...... 85 8.3.3 Recomendações de equipamentos ...... 91 8.4 Produzindo...... 92 8.4.1 Fundamentos da usabilidade e design ...... 93 8.4.2 Considerações do aparelho de TV ...... 99 8.4.3 Dimensões da tela da televisão...... 102 8.4.4 Áreas seguras para título na iTV ...... 104 8.4.5 Fontes e textos...... 105 8.4.6 Peso das linhas na TVs de tubo...... 107 8.4.7 Gráficos na TV...... 107 8.4.8 Navegando na TV digital ...... 108 8.4.9 Triggers ...... 114 8.4.10 Regras de desenvolvimento cross-platform ...... 115

9 CONCLUSÃO ...... 116

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...... 117

APÊNDICE A - Artigo “T-commerce: compras na TV com o controle remoto”...... 120

APÊNDICE B - Artigo “Interatividade na TV Digital. Será que ela mudará a forma de assistirmos TV?”…………………………………………………………………………………………………………….122

APÊNDICE C - Artigo “Desvendando a TV Digital no Brasil – Parte 1”...... 124

APÊNDICE D - Artigo “Desvendando a TV Digital no Brasil – Parte 2”...... 126

ANEXO A - Matéria “TV digital brasileira terá diferenciação técnica” publicada no portal JumpExec...... 130

ANEXO A - Matéria “TV digital brasileira terá diferenciação técnica” publicada no portal JumpExec...... 130

ANEXO B - Chat sobre TV Digital e T-commerce realizado pela IDG Now e UOL com Rafael Kiso...... 133 12

1 INTRODUÇÃO

A TV digital altera substancialmente a comunicação de massa como nós a conhecemos hoje, as fronteiras que são conquistadas com o advento da interatividade abrem horizontes totalmente novos para os que estão acostumados com os formatos atuais de mídia como comerciais de 15 ou 30 segundos, patrocínio, vinheta e alguns mais que são vendidos e veiculados como produtos pré-formatados que pegamos numa prateleira.

As possibilidades de mídia na TV digital se assemelham, numa comparação mais simples, as possibilidades que existem hoje na Internet, mas com a capacidade de ir muito além desta devido a sua incrível penetração nos lares brasileiros e as sua capacidade de prestação de serviços à população e principalmente a consolidação da inclusão digital em todas as camadas da população.

1.1 Objetivos

Analisar se o desenvolvimento e utilização de aplicações interativas em um canal de televisão digital são capazes de promover a publicidade em forma de conteúdo e, conseqüentemente maximizar o leque de oportunidades de mídia para as agências e seus clientes.

1.2 Objetivos Específicos

- Identificar os principais impactos para a publicidade na utilização do

canal de mídia TV quando a Televisão Digital estiver instaurada no

Brasil. 13

- Verificar os benefícios gerados pelas aplicações interativas para o

mercado e seus consumidores.

- Identificar e criar formas de mídia para os serviços interativos na

Televisão Digital Brasileira.

- Demonstrar quais os mecanismos necessários para implantação de

uma plataforma de mídia para a TV Digital em uma emissora de

televisão.

1.3 Definição do Problema

A inserção da publicidade como conteúdo da programação dos canais e a eliminação de barreiras para a inclusão digital, permitindo que a população tenha acesso a interatividade e serviços através televisão digital no Brasil.

1.4 Justificativas

O advento da tecnologia digital está tendo um profundo efeito na publicidade em televisão nos países onde a televisão digital já é uma realidade. Enquanto os custos na publicidade televisiva estão crescendo, sua eficiência está caindo. Os modelos tradicionais para publicidade na televisão são desafiados pela proliferação de canais trazidos pela televisão digital que fragmenta a audiência e seus telespectadores. A publicidade está, também, sendo ameaçada pelos modelos chamados PVRs ( Personal Vídeo Recorder ) como o TiVo, no qual o telespectador pode facilmente pular e não ver os comerciais. Esses fatores podem se combinar e prejudicar o mercado publicitário na indústria da televisão.

Na outra mão, a tecnologia digital trás novas oportunidades para prover efetividade de publicidade através de melhores pesquisas, interatividade e 14

personalização. Nós acreditamos que o conjunto de serviços interativos possui essas características, e que através desse sistema podemos contribuir amplamente para a criação de novos formatos de mídia, atingindo o telespectador certo, incluindo a publicidade como conteúdo para ele. Assim como na internet, acreditamos que por essa plataforma conseguiremos atingir o nível mais granular na publicidade, segmentando os comerciais e produtos para a audiência certa.

O que mais nos motivou a definir e desenvolver esse trabalho, é a contribuição que podemos dar a fase inicial da Televisão Digital no Brasil, permitindo-nos até em acreditar que contribuiremos para a inclusão digital, pois para usar a internet e acessar informações pela televisão será muito mais simples do que usar um computador. 15

2 INTRODUÇÃO A TV DIGITAL

2.1 História da TV Digital

A história da TV Digital vem sendo construída até os dias atuais e desde o seu início passou por três momentos emblemáticos.

No primeiro deles, na década de 70, surgiu a iniciativa japonesa para desenvolver uma TV de alta definição, que obteve seus primeiros resultados satisfatórios no início da década de 80, posteriormente nesta mesma década os europeus, também utilizando a modulação analógica, deram início às pesquisas e testes das primeiras tecnologias. Finalmente em 1987 os americanos partiram para criação de um padrão exclusivamente digital, tendência esta que posteriormente seria seguida por japoneses e europeus.

2.2 Televisão Analógica de Alta Definição

A história da Televisão de Alta Definição tem início em 1970 quando a rede pública de TV do Japão, Nippon Hoso Kyokai (NHK), juntamente com um consórcio de estações comerciais dão carta branca aos cientistas do NHK Science & Technical

Research Laboratories para desenvolver uma TV de alta definição, que seria chamada de HDTV.

Naquela época os esforços eram empregados a fim de se descobrir uma tecnologia capaz de dar ao telespectador as sensações mais próximas possíveis, tanto de imagem quanto de som, daquelas experimentadas por um espectador no cinema. Esta experiência exigia não só maior nitidez da imagem e estabilidade na transmissão, mas também uma tela com dimensões proporcionais a das salas de projeção. 16

Ao constatarem que não era tão fácil dobrar o número de linhas do receptor de 525 ou 625 para 1050 ou 1120 linhas, os técnicos japoneses entenderam ser ainda maior a dificuldade de melhorar a qualidade da transmissão a partir da plataforma analógica. Um canal tradicional de 6 MHz não era capaz de transmitir o volume de dados exigido pela alta definição e na época ainda não existia tecnologia capaz de realizar a compressão necessária, porém com a digitalização crescia a possibilidade de se atingir esta meta.

Este sistema desenvolvido pela NHK na década de 70 foi oferecido aos produtores de filmes no início dos anos 80 sob o nome de Hi-vision da NHK, que era a HDTV em sua fase inicial, com capacidade de produzir imagens com riqueza de detalhes que eram obtidos até então somente em filmes de 35 mm.

Com a introdução do HDTV na indústria cinematográfica houve a necessidade do desenvolvimento de um sistema de HDTV para radiodifusão comercial, que teria aproximadamente o dobro de linhas verticais e horizontais quando comparado aos sistemas convencionais.

2.3 Padrões Existentes

Segundo Régis e Fechine (2005),

“Um sistema de televisão digital interativa deve adotar e integrar um conjunto de diferentes tecnologias de hardware e software para implementar suas funcionalidades. Conjuntamente, estas tecnologias permitem que um sinal eletromagnético, que transporta fluxos elementares de áudio, vídeo, dados e aplicações, possa ser transmitido para o set-top box e, então, que estes fluxos sejam recebidos, processados e apresentados aos usuários. Considerando a diversidade de soluções tecnológicas que podem ser adotadas para a implementação de um sistema de televisão digital interativa. Diversos órgãos de padronização concentraram esforços na especificação de padrões. Como resultados destes esforços, atualmente, existem três padrões mundiais de sistema de televisão digital interativa reconhecidos, sendo estes: ATSC, padrão norte-americano; DVB, padrão europeu e ISDB, padrão japonês.”

17

2.3.1 ATSC – Padrão norte-americano Segundo Régis e Fechine (2005),

“Os Estados Unidos foram os pioneiros na pesquisa sobre TV digital. No final dos anos 80, foi iniciada a discussão sobre “televisão avançada”, mais precisamente HDTV (High Definition ). Em 1987, a Comissão Federal de Comunicações dos EUA criou um comitê para elaborar um plano político e técnico sobre televisão avançada. Em 1993, o comitê já havia descartado 23 propostas de sistemas de televisão avançada, quando foi formada a Grande Aliança, que veio a divulgar o ATSC em 1996. Hoje, o ATSC é uma organização composta por aproximadamente 140 membros (entre empresas, universidades e centros tecnológicos) e é encarregada de normalizar a utilização do padrão, inclusive por outros países. Em 1997, a FCC iniciou a transição do sistema analógico para o digital, estabelecendo canais digitais gratuitos para todas as emissoras em operação, as quais continuarão a transmitir também analogicamente até 2006 ou até quando o número de receptores domésticos digitais atingirem 85% do total de existentes. As maiores cidades do país foram às primeiras contempladas com o novo sistema e, em 1998, as transmissões digitais terrestres já estavam disponíveis para mais da metade da população norte-americana. Nesse primeiro momento, aproveitando algumas especificações disponibilizadas pelo padrão ATSC quanto ao formato de tela, a FCC estabeleceu "uma grande flexibilidade em termos da resolução da imagem". Todavia, a referida agência passou a admitir apenas o formato HDTV, a principal novidade oferecida até agora pelo sistema nas transmissões terrestres, enquanto a programação em SDTV (Standard DigitalTelevision) é apenas utilizada para completar a grade horária, devido à insuficiência de programas feitos em resolução mais elevada. Essa reconsideração deveu-se a fatores de ordem econômica e política. A motivação econômica é que a FCC acredita que, se não houver um firme apoio das emissoras a HDTV (ou seja, a uma maciça transmissão de programas desse tipo), os consumidores não se sentirão atraídos a adquirir um receptor de HDTV, que por enquanto apresenta preços bastante elevados. Por outro lado, a inexistência de uma grande massa de consumidores com terminais de alta definição poderia inibir a produção desses programas, devido ao seu alto custo. "O fato político é que houve protestos de outros segmentos econômicos, com a argumentação de que as emissoras estariam pretendendo utilizar a faixa obtida gratuitamente (concedida para a transmissão simulcast) para a prestação de outros serviços de telecomunicações - circunstância para a qual, normalmente, haveria um leilão de uso de freqüência". De fato, nos Estados Unidos, a tendência é que as vendas de equipamentos receptores de sinais de televisão digital aumentem muito quando grandes emissoras do país passem a disponibilizar partes significativas de sua programação em HDTV, em especial de programas esportivos. Foi o que aconteceu quando duas das maiores redes de televisão do país, a CBS e a ABC, começaram a transmitir, respectivamente, a programação do horário nobre e jogos de futebol americano em HDTV. Paralelamente a esses dois movimentos, o preço de um televisor digital caiu em 20% num período de dois anos, entre 2000 e 2002, enquanto suas vendas cresceram 125,1% [CPqD, 2004].”

2.3.2 DVB – Padrão europeu Segundo Régis e Fechine (2005),

“Apesar de todos os países da Europa que iniciaram as transmissões digitais terrestres terem optado, pelo menos num primeiro momento, em disponibilizar a programação apenas em SDTV (antes somente no formato 4:3 e mais recentemente em 16:9), modalidade de transmissão sem grandes diferenciais para a qualidade 18

obtida em aparelhos analógicos, mas que requer unidades decodificadoras para a recepção do sinal digital mais baratas do que aquelas exigidas para captar o sinal em HDTV. Fato que repercutiu, portanto, em menores custos para o consumidor, estes últimos tenham tido acesso às set-top boxes a um custo menor e, muitas vezes, gratuitamente, a transmissão digital não encontrou tantos adeptos no continente. Independentemente da realidade local desses países, esse novo suporte tecnológico vem apresentando uma série de dificuldades semelhantes, sobretudo no que se refere à viabilidade dos canais pagos terrestres, bem como dos serviços interativos. A adesão a eles ficou aquém do esperado, perante a concorrência empreendida pela TV por assinatura via satélite ou cabo, em particular esta última. Diante desse quadro, as políticas de apoio à televisão digital, geralmente escassas no continente, tendem a se tornar mais relevantes. Uma demonstração disso foi a aprovação por parte do parlamento Europeu, em setembro de 2002, de uma resolução para o desenvolvimento de um plano de ação para a introdução com êxito da transmissão de televisão digital e do MHP ( Multimedia Home Platform ) (ETSI, 2003c), na Europa, objetivando, assim, orientar o desenvolvimento da televisão digital com vistas à redução da separação digital entre as diferentes camadas da população.”

O padrão europeu se destaca por suas características voltadas com maior

ênfase à mobilidade.

2.3.3 ISDB – Padrão japonês Segundo Régis e Fechine (2005),

“O ISDB ( Integrated Services Digital Broadcasting ), sistema japônes de TV Digital foi criado em 1999 pelo consórcio Dibeg ( Digital Broadcasting Experts Group ), que tem a emissora NHK como principal sustentáculo. Inicialmente, o ISDB substituiu o antigo MUSE ( Multiple Sub-Nyquist Sampling Encoding ), um sistema analógico de televisão de alta definição, com modo de transmissão era via satélite. Já em 2003, os primeiros receptores para televisão digital terrestre começaram a ser comercializados, expandindo assim a TV digital no território japonês. Desta forma, o Japão, que havia começado as primeiras pesquisas sobre televisão de alta definição em meados dos anos setenta, tinha agora um padrão completamente digital que também englobava o conceito de televisão de alta definição. O padrão ISDB é formado por um conjunto de documentos que definem as medidas adotadas em relação ao meio de transmissão, transporte, codificação e middleware, camada de comunicação entre o software e hardware. Do ponto de vista de tecnologia e desempenho, o padrão japonês pode ser considerado o mais avançado, pois teve a mobilidade e flexibilidade como principal pré-requisito durante o seu desenvolvimento, sendo assim adequado para recepção portátil de dados e imagens. Além deste fato, este padrão tem uma intensa convergência, suporta modulação digital de alta qualidade e ainda engloba os conceitos de televisão de alta definição [ISDB,1998]. Outro grande diferencial do ISDB é a segmentação de canais. Isto significa que o canal digital é subdividido em vários sub-canais que permite assim a transmissão paralela de vários serviços. Enfim, o ISDB utilizou as qualidades do já existente DVB (europeu) e incrementou novos e poderosos conceitos que tornaram este padrão o mais robusto da atualidade.”

19

3 SISTEMA BRASILEIRO DE TV DIGITAL - SBTVD

Um dos principais objetivos da adoção do sistema de Televisão Digital no

Brasil é conseguir evoluir significativamente na questão da inclusão digital, para que a população de uma forma geral tenha acesso a uma televisão com tecnologia superior a atual, de maior qualidade de som, imagem e com capacidade de agregar outros serviços, inclusive navegação na Internet 1.

Frente aos três padrões já existentes e em utilização atualmente, no Brasil o governo decidiu realizar uma pesquisa para ter sua própria tecnologia para a TV digital, com o objetivo de escolher o padrão mais adequado à realidade brasileira.

Neste cenário, o Governo, universidades e centros de pesquisa estão analisando a melhor forma de desenvolver o Sistema Brasileiro de TV digital num processo que envolve vários outros setores da sociedade, como indústrias, produtores de televisores e componentes e sociedade civil.

Segundo Martins (2005),

“A TV Digital não é apenas uma evolução tecnológica da TV Analógica, mas uma nova plataforma de comunicação, cujos impactos na sociedade ainda não estão completamente claros. Modelos e padrões para a TV Digital Terrestre devem ser buscados a partir das efetivas necessidades da sociedade brasileira, com um foco no baixo custo e nas possibilidades abertas pela interatividade (inclusão digital).”

A TV no Brasil é um meio de comunicação que possui um alcance gigantesco entre a população. São 55 milhões de aparelhos que estão presentes em

90% dos lares brasileiros, porém algumas características criam uma grande diferença entre o cenário nacional e o cenário existente nos países onde os padrões atuais de TV têm origem, pois aqui:

De acordo com Martins (2005),

1 Fonte: http://www.mc.gov.br/tv_digital1.htm 20

“- 79% dos lares só recebem o sinal via radiodifusão terrestre - 47% exclusivamente com antena interna - 37 % dos monitores são de 20 polegadas - 27 % dos monitores são de 17 polegadas”

Para o Brasil, um padrão de televisão digital deve contemplar as reais necessidades da nossa sociedade tendo em vista o perfil de renda da população e o atual cenário tecnológico. Estes requisitos podem ser dispostos como: o baixo custo e robustez na recepção; flexibilidade para que as emissoras possam escolher esquemas de programação e modelos de negócio de acordo com sua conveniência e dos consumidores; a possibilidade de adicionar interatividade à programação e a promoção de novas aplicações à população, proporcionando educação e cultura, para contribuir com a formação de uma sociedade apta a enfrentar os desafios de um mundo onde a informação e o conhecimento são cada vez mais importantes para alcançar o progresso econômico e o bem-estar social.

O desenvolvimento de um Sistema Brasileiro de Televisão Digital traz também a oportunidade de alavancar a capacidade do país para desenvolver soluções tecnológicas próprias e que sejam adequadas ao contexto e necessidades nacionais. Esta iniciativa gera evolução em diversos aspectos da sociedade como: cultura digital, política tecnológica, industrial e comercial, independência tecnológica.

3.1 O Processo de Definição do SBTVD

As primeiras iniciativas para a definição do padrão de TV Digital no Brasil, tiveram início em 1999 quando a Anatel estabeleceu um termo de cooperação técnica com o CPqD 2 e simultaneamente autorizou as concessionárias do serviço de

Radiodifusão a executarem teste de laboratório e de campo com sistemas de transmissão digital.

2 Site: http://www.cpqd.com.br 21

Os testes realizados tinham o objetivo de avaliar os aspectos técnicos a respeito da melhoria da qualidade do serviço de Radiodifusão e os sistemas testados foram o norte-americano, europeu e japonês. O CPqD prestou assessoria técnica na especificação dos testes realizados pelas concessionárias, acompanhou os testes em campo e apresentou a Anatel o Relatório de Análise dos Testes de

Laboratório e de Campo de Sistemas de TV Digital Realizados no Brasil (CPqD,

2006).

Para que se evitasse uma decisão estritamente técnica, paralelamente aos testes, o governo solicitou ao CPqD uma pesquisa que foi realizada junto ao público consumidor, radiodifusores e fabricantes de aparelhos eletrônicos para que fossem colhidas as expectativas desses diferentes segmentos em relação à nova tecnologia

(CPqD, 2006).

Estes estudos forneceram subsídios para elaboração do “Relatório Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital” que foi apresentado a

Anatel e devidos às extensas implicações econômicas e sociais que a escolha da plataforma acarretaria para o Brasil, a agência ampliou o debate publicando a

Consulta Pública n° 291, de 12 de abril de 2001.

Com esta consulta pública surgiram diversas questões relacionadas à escolha do padrão de TV Digital, que iam além da simples escolha de um padrão já existente a ser adotado no país. O cenário nacional e as características sócio-econômicas da nossa população exigiam uma discussão maior acerca de como o Brasil iria definir o processo de escolha e implantação do padrão de TV Digital.

Nesse contexto, a Anatel solicitou um novo estudo ao CPqD, visando a formulação de propostas de Modelos de Implantação da tecnologia digital na plataforma de transmissão de sinais do Serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens 22

e análise dos riscos e oportunidades decorrentes. Tal análise tinha o objetivo de caracterizar, qualitativa e quantitativamente, as possíveis implicações que poderiam advir das escolhas realizadas para a televisão digital no Brasil.

Segundo a empresa CPqD (2006),

“Em 2003, com a mudança do Governo Federal, foi feita a opção pelo desenvolvimento de um sistema brasileiro, com estratégia baseada no cidadão, para fazer da inclusão digital o meio mais eficaz e rápido de alcançar a inclusão social, com importantes repercussões na capacidade de inovação e na formação de novas gerações de pesquisadores. Em 26 de novembro de 2003, foi publicado o decreto nº 4.901, instituindo o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), composto por um Comitê de Desenvolvimento, um Comitê Consultivo e um Grupo Gestor.”

Uma série de entidades públicas e privadas estão envolvidas em cada um dos grupos que compõe o SBTVD e são responsáveis pelos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de todos as aspectos que compõe o mesmo, como infra-estrutura de hardware e software, análise de riscos e oportunidades, comunicação, novos serviços e políticas públicas.

Em março de 2004 ocorreu o primeiro encontro do comitê de desenvolvimento da TV Digital, a mais alta instância decisória em relação ao SBTVD composta por 10 representantes de ministérios. Neste encontro ficou definido oficialmente o papel do

CPqD como integrador das diferentes etapas do trabalho de definição do padrão e definidos os nomes dos componentes do comitê consultivo como Abert

(radiodifusores), a ABTA (TV por assinatura), ABNT, Abinee, Eletros, SET

(Sociedade de Engenharia de Televisão), ABTU (TVs universitárias) entre outras. O principal papel deste comitê é opinar sobre os diferentes modelos de negócio

(POSSEBON, 2004).

Este comitê teve por finalidade propor ações e diretrizes para implementação do SBTVD. Para tanto, o comitê teria um prazo de 12 meses para apresentar um relatório sugerindo a definição do modelo de referência do sistema brasileiro de 23

televisão digital, bem como desenhando um padrão, a forma de exploração do mesmo e o período de transição do sistema analógico.

Neste período as intenções do governo brasileiro ainda não estavam muito claras com relação à escolha pela criação do SBTVD ao invés da adoção de um sistema já existente, o que causou muitas críticas de diversos setores da sociedade, devido ao receio de que com um padrão nacional o país ficaria isolado com sua tecnologia e por falta de capacidade financeira seria ultrapassado pelos países mais desenvolvidos e então fosse forçado a voltar atrás na decisão num futuro próximo.

Entre 2003 e 2004 as decisões sobre o SBTVD ficaram muito restritas a cúpula governamental e acadêmica, o que só fez aumentar o receio sobre qual seria o caminho traçado pela TV Digital no Brasil, mas no segundo semestre de 2005 os horizontes começaram a ser alterados e então ficaram mais claras as intenções do governo com o SBTVD.

A posição que seria seguida, posteriormente consolidada pelo governo, é que o Brasil não iria reinventar a roda, criando um novo padrão, mas sim escolher entre os padrões já existentes um padrão de referência, mantendo a compatibilidade entre os formatos já estabelecidos mundialmente, mas adaptando este as necessidades do Brasil e possibilitando uma evolução em conjunto com o padrão escolhido, sem ficar refém do domínio da tecnologia pelos estrangeiros.

Finalmente agora em 2006, após sucessivos atrasos na definição do padrão a ser escolhido como referência, o governo fez sua escolha pelo padrão japonês, decisão oficializada no dia 29 de junho de 2006 em decreto assinado pelo

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

É importante lembrar que a definição do padrão não termina com o trabalho, apenas inicia uma nova fase de definições necessárias para que a penetração desta 24

nova plataforma de mídia seja aproveitada de maneira satisfatória e atenda aos objetivos traçados na escolha do padrão.

O SBTVD deve beneficiar as mais diversas camadas da sociedade brasileira, e permitir que a população continue a receber informação e entretenimento nas suas casas, mas principalmente ir além do que existe hoje, deve ser capaz de promover interatividade e fundamentalmente a inclusão digital a todas camadas da sociedade. 25

4 PERSONAGENS E TECNOLOGIA

4.1 Os Personagens no Cenário da TV Digital

Os personagens envolvidos no cenário de TV Digital interativa são cinco:

Emissoras: As emissoras são donas de canais de televisão e produz seu próprio conteúdo / programas ou compram programas de produtoras terceiras. Eles também compram conteúdo de outras emissoras, geralmente internacionais como, por exemplo, e BBC.

Produtoras: As produtoras fazem programas e/ou serviços interativos para as emissoras e outros clientes. Eles gastam a maior parte do tempo colhendo idéias para novos programas e serviços para as emissoras. Eles também desenvolvem marcas de programas como Big Brother , os quais vendem para todo o mundo. Para o exemplo do Big Brother , a produtora é a Endemol UK .

Operadoras de Transmissão: As operadoras de transmissão detêm a rede que carrega o vídeo e o serviço de interatividade para as casas das pessoas. Sua forma de entrega de dados pode variar, mas as principais formas são: satélite, cabo, terrestre (antenas) ou telefone (usando a tecnologia DSL). Às vezes as operadoras de transmissão pagam as emissoras para ter seu canal; às vezes as emissoras pagam as operadoras de transmissão para transmitirem seu canal. As operadoras de transmissão, ocasionalmente, entregam os dados diretamente das produtoras.

Exemplos disso acontecem no Reino Unido que inclui a BSkyB, Freeview, NTL e

Telewest.

Empresas de Tecnologia: Essas empresas fornecem o hardware e o software necessário para fazer os programas de televisão, canais e serviços 26

interativos. Exemplos são a OpenTV (Europa), Focusnetworks (Brasil) e NHK

(Japão).

Anunciantes e Agências de Publicidade: Agências de publicidade e outros anunciantes são os personagens que desejam entregar sua mensagem e vender produtos para os telespectadores dos canais de televisão, usando o que de melhor funcionar – geralmente publicidade.

Pode haver diversos outros personagens entre um e outro dos cinco aqui destacados, porém são esses os que diretamente participam do ciclo do cenário da

TV Digital Interativa.

4.2 Tecnologias Utilizadas no Cenário da TV Digital Interativa

Há diversas tecnologias envolvidas na TV Digital Interativa, conforme ilustrada na figura 1, no qual todas podem ter um efeito dramático em como elas são utilizadas e trabalhadas:

- O aparelho de TV;

- A rede ou plataforma de transmissão;

- O set-top box;

- As ferramentas de produção.

27

Figura 1- Tecnologias envolvidas na TV Digital Interativa

Este capítulo resume cada uma delas, em exceção as Ferramentas de

Produção, no qual descreveremos adiante. Também descreveremos sobre a plataforma digital de transmissão para conseguirmos oferecer o serviço de interatividade.

As seções sobre o aparelho de TV e a plataforma de transmissão, podem inicialmente parecer conhecimentos desnecessários para o tema proposto neste trabalho, porém nós as incluímos porque ambas as tecnologias são instrumentos para tornar a TV Digital Interativa possível e porque ambas possuem implicações de como os serviços interativos são produzidos. Por exemplo, os gráficos para a TV

Digital precisam ser desenhados de maneira correta para funcionar na tela da televisão, enquanto a plataforma de transmissão define os parâmetros no qual um serviço interativo pode alcançar.

28

4.2.1 O aparelho de TV

Os princípios da televisão não mudaram desde sua concepção. Porém para uma mudança fundamental como a que estamos vivenciando, a TV Digital, algumas mudanças na tecnologia da TV (como alterar o tamanho a imagem ou adicionar serviços interativos), são obrigatórias. Temos três opções:

- Substituir cada televisão, transmissor e câmera no mundo por um que

incorpore a nova tecnologia;

- Tentar encontrar um jeito de encaixar a nova tecnologia nos sistemas

existentes;

- Um pouco dos dois de cima.

A introdução da televisão colorida foi alcançada através da adaptação da nova tecnologia no sistema existente (apertando a informação colorida para que pudesse ser transmitida no sinal preto e branco), combinado com a lenta atualização e troca dos aparelhos pelos consumidores durante os anos 60. Similarmente, o teletexto foi criado usando um espaço no sinal da tv que foi originalmente projetado para outra coisa, combinado com a atualização dos aparelhos de TV. O mesmo tipo de combinação está acontecendo aqui no Brasil, para a implantação da TV Digital.

Para o inicio da implantação teremos de um lado, os telespectadores e os set- top boxes produzidos para serem usados como conversores para as televisões existentes. Eles permitem que os telespectadores utilizem os novos serviços sem ter que gastar uma fortuna comprando uma nova TV. A televisão em si não precisa ser mudada a princípio, porém, haverá novas TV no mercado com as funções do set-top box embutido. Do outro lado, temos as operadoras de transmissão que substituirão 29

sua velha tecnologia por um novo sistema que traz a interatividade entre outras características para a televisão (como mais canais).

Sem entrar em méritos do material utilizado pelas televisões (plasma ou cristal líquido), ambas aumentam a definição de imagem. Porém a revolução aqui apresentada é a TV Digital, que dá um salto na qualidade de som e da imagem, o que significa que além da TV, poderemos assistir a programas em telefones celulares. E o que muda para a TV é seu controle remoto, que nos dará a possibilidade de interagir com as emissoras, como por exemplo, votar em um participante do Big Brother ou comprar produtos dos comerciais e merchandise .

É importante saber as diferentes resoluções e dimensões de tela para cada tipo de tela apresentada no mercado, conforme demonstrada na tabela I.

Tabela I-Comparação de resolução e tamanho entre os formatos de tela TUBO CRISTAL PLASMA TV DE PROJEÇÃO PROJEÇÃO

LÍQUIDO (DLP E 3LCD)

TAMANHO 28 a 36 15 a 45 42 a71 42 a 71 polegadas 40 a 300

DA TELA polegadas polegadas polegadas polegadas

(tela)

RESOLUÇÃO 720 a 1024/768 a 852/480 a 1024/720 a 800/600 a

DA TELA 1080 1920/1080 1920/1080 1280/1080 pixels 1920/1080

linhas pixels pixels pixels

Há quatro gradações possíveis na resolução das transmissões, de acordo com o número de pixels em cada linha horizontal e vertical da tela.

O nível máximo é de1920 x 1080 pixels , obtido nos televisores mais avançados. 30

O nível mínimo é de 852 x 480 pixels , adequando para reprodução de imagens em celulares e PDAs.

No sistema analógico, o máximo de resolução obtida é de 640 x 480 pixels .

Mas isso em tese, pois na prática, por causa de barreiras e problemas de transmissão, a qualidade real da imagem não chega à metade desse valor.

4.2.1.1 Analógico X Digital

A comparação entre a qualidade do sistema analógico e a do sistema digital consideram as transmissões abertas, captadas pelas antenas externar ou internas nas residências. A digital proporciona nitidez equivalente à obtida hoje com aparelhos de DVD.

A transmissão da TV Digital tem o mesmo formato panorâmico da tela do cinema, em proporção de 16:9, chamada widescreen . A vantagem dessa disposição

é a abrangência maior da cena. No modelo analógico, mais para o quadrado, a relação é 4:3. A figura 2 demonstra a comparação entre os formatos, sendo que a figura a esquerda é do modelo analógico e a figura a direita é do modelo digital.

Figura 2- Comparação entre os formatos de tela do modelo analógico e digital

31

O sistema digital tem som do tipo surround , com 5.1 canais de áudio. É o mesmo sistema dos home theaters . Dependendo da disposição das caixas, o espectador tem a sensação de estar cercado pelos barulhos que ocorrem nas cenas.

O modelo analógico, no máximo, é estéreo, com duas saídas. Isso amplia as possibilidades de impacto em um comercial publicitário.

4.2.2 Plataformas digitais

Geralmente em todos os padrões de TV Digital há duas rotas para os sinais: a rota de uma via e a rota de duas vias.

Rota de uma via : É usado para enviar informações da emissora para o telespectador. É também conhecido como canal de uma via, canal de transmissão, foward path ou canal in-band .

Rota de duas vias : Pode ser usado para enviar ou trazes informações entre a emissora e o telespectador. Esse canal de comunicação interativa é conhecido como canal de duas vias, canal de interatividade, canal de retorno, back channel ou canal out-of-band .

A figura 3 demonstra as rotas para a plataforma digital.

Figura 3- Exemplo de rotas para plataformas digitais 32

4.2.3 Redes ou plataformas de transmissão

As principais plataformas de transmissão para a TV Digital no mundo são:

- Cabo;

- Terrestre;

- Satélite;

- A rede telefônica.

4.2.3.1 Cabo As empresas de cabo usam uma conexão física entre eles e seus clientes; isso justifica o tempo gasto cavando as ruas. Os cabos podem carregar muitos dados (eles geralmente conseguem trafegar em banda larga), porque são sistemas fechados e protegidos de interferência (chuva, por exemplo).

O cabo de fibra ótica, no qual utiliza a luz para transferir dados, é geralmente a opção mais utilizada para mover informações. Quando a fibra chega até a casa do telespectador, a partir daí a transmissão é passada para um cabo co-axial, pois é caro ter fibra ótica em casa, embora haja casas com esse tipo de conexão.

A vantagem da plataforma de cabo para a TV Digital é que geralmente há capacidade suficiente para um canal de retorno de super banda-larga, assim como um canal de transmissão também de alta banda-larga. Usando o canal de retorno, os clientes de cabo e a companhia podem comunica-se um com o outro em alta velocidade. Para fazer isso, a plataforma de cabo usa cable modems . Isso facilita a comunicação de duas vias de 10 a 100 vezes mais rápido do que o modem convencional via telefone, que vemos nos computadores.

A desvantagem da plataforma de cabo para a TV Digital, é que o cabo aqui no

Brasil não tem tanta penetração, portanto é uma desvantagem para os produtores. 33

4.2.3.2 Satélite

As operadoras de transmissão via Satélite transmitem seus sinais através de transmissores que ficam a 38.000 km acima do céu. Pela sua posição geoestacionária, um satélite pode transmitir seu sinal para amplas partes da superfície da Terra. Os telespectadores pegam o sinal usando uma antena direcional. Essas antenas aumentam o poder da recepção do sinal. Eles trabalham refletindo as ondas de rádio no centro da antena. Essas ondas de rádio são convertidas em sinais que são enviadas ao set-top box .

Assim como no cabo, os canais de televisão e os serviços interativos são primeiro combinados na ponta. As operadoras de satélite mandam os dados de volta para o satélite usando poderosas antenas transmissoras que estão localizadas na terra, conhecidas como uplinks . No satélite o sinal é amplificado e transmitido de volta para a Terra através de um transponder . As maiorias dos satélites possuem centenas de transponders , carregando diferentes configurações de canais de televisão e outros tipos de sinais de comunicação.

A maior vantagem do satélite é que o único grande investimento é para a banda do rádio no satélite (no qual é geralmente contratada pela companhia que possui o satélite) e para os uplinks . Não há a necessidade de se preocupar em cavar as ruas ou construir transmissores pelo país.

A desvantagem do satélite é que os sinais digital e analógico podem sofrer interferência ou ser enfraquecido pelo mau tempo (particularmente raios) e da atividade solar. Outra desvantagem, particularmente para a TV Digital, é a dificuldade para que os telespectadores enviem um sinal para a emissora ou operadora de transmissão via satélite - a não ser que o telespectador tenha um 34

uplink de 100 toneladas no seu quintal. Para contornar isso, os set-top boxes são geralmente conectados em uma linha telefônica para permitir a comunicação de duas vias, porém com uma banda relativamente baixa.

4.2.3.3 Terrestre

A televisão digital terrestre usa transmissores em solo para levar os sinais de rádio até as casas. A grande vantagem aqui para o Brasil, é que o sinal digital pode ser transmitido através de atuais transmissores analógicos de TV convencional.

Além disso, os telespectadores são geralmente capazes de pegar o sinal com suas antenas existentes. Isso significa que, em teoria, os custos para uma televisão digital terrestre são baixos e deverá ser fácil mover as pessoas do analógico para o digital usando o sistema terrestre.

Como no satélite, a desvantagem da plataforma digital terrestre é que não há um canal de comunicação de duas vias. Para contornar isso, o set-top box pode ser conectado com uma linha telefônica ou em uma conexão WiMax . Outro problema é que há uma tendência de ter menos banda disponível para o espectro de dados – o que significa que a plataforma digital terrestre tendência a ter menos canais de televisão e serviços interativos em comparação as plataformas de satélite e cabo.

4.2.3.4 O telefone e outras redes

Embora o cabo, satélite e terrestre serem os principais meios de ter a TV digital e seus serviços interativos, há outras maneiras. Algumas plataformas como

DSL ( Digital Subscriber Lines ), no qual permite que os dados sejam trafegados com a mesma alta velocidade que outros cabos. Uma outra forma comum hoje em dia é o chamado ADSL ( Asymmetric Digital Subscriber Line ), que fornece velocidades 35

entre 144 kbps a 8 Mbps, transmitindo e recebendo dados entre o telespectador e a plataforma de transmissão.

A ADSL trabalha usando freqüências para transmitir dados até os fios que não são usados para as chamadas telefônicas, que neste caso nos permite usar o telefone simultaneamente a conexão de dados na mesma linha.

Aqui no Brasil, assim como em outros países, as operadoras de satélite e terrestre irão trabalhar em parceria com as operadoras de telefones, para oferecer a conexão ADSL para seus clientes. A ADSL permite que essas plataformas tenham a oportunidade de competir com o cabo, no qual já possui o canal de retorno nele. A

ADSL também permite que as operadoras de telefone e outras operadoras de transmissão de se tornarem emissoras. A banda é larga o suficiente para fornecer canais de televisão sob demanda e transmitir ao vivo diretamente para cada cliente através do canal de retorno – negando a necessidade de um canal emissor. E a maior vantagem da ADSL, do ponto de visto do consumidor, é que sua linha de telefone existente pode ser convertida para isso – Não há a preocupação em colocar uma antena ou passar um cabo. Porém o governo brasileiro não irá permitir isso.

A desvantagem da ADSL é que a distância da central para a casa do cliente possui um limite. Podendo chegar por volta de 5 km de distância da central.

Há outros métodos menos populares de transmissão para se ter televisão digital e serviços interativos. Por exemplo, é possível receber dados via sinais de rádio microondas através de pequenas antenas no telhado, que são geralmente usados para conexões com a Internet.

36

4.2.4 Set-Top box

Os set-top boxes digitais são uma das chaves para o cenário de TV digital no mundo. Aqui no Brasil, o governo decidiu criar o seu próprio set-top box , porém um típico set-top box converte os dados digitais em sinais analógicos, no qual a televisão pode usar, rodar serviços interativos e ter um som estéreo.

Simultaneamente, o box gerencia compras, controla o acesso de crianças a conteúdos não autorizados e mantém múltiplas linhas de comunicação com o mundo.

A maioria dos set-top boxes trabalham com um sinal analógico ou um sinal digital, nunca ambas; elas geralmente trabalham somente com um tipo de plataforma de transmissão – cabo, terrestre, satélite ou telefone. Isso ocorre porque cada plataforma usa diferentes faixas de freqüência para transmitir seu sinal de televisão, e ainda usam diferentes técnicas de modulação para adicionar canais e interatividade em um pedaço de banda. O hardware no set-top box precisa ser construído para suportar a modulação de sinal de uma plataforma de transmissão particular. É possível para um set-top box trabalhe com mais de uma plataforma de transmissão, mas é necessário muito mais hardware nele, o que o encarece muito.

Os set-top boxes são geralmente integrados dentro da televisão ou comprados a parte e colocados em cima delas. Essas televisões digitais integradas

(idTVs) possuem todas ou quase todas as funcionalidades de um set-top box comum.

O set-top box é central para os produtores de aplicações interativas. A especificação do hardware define as capacidades dos serviços interativos, enquanto o software fornece as ferramentas para os produtores tornarem suas idéias em realidade. 37

Segundo Leite (2005),

“É notório que as características sociais, econômicas e culturais da população brasileira são extremamente diversificadas. Por isso, um modelo exageradamente rígido de Sistema de Televisão Digital cujos elementos constituintes (Terminais de Acesso, Middleware, Aplicações, etc.) sejam muito engessados, não é adequado para o país. Considerando, por exemplo, um terminal de acesso que é extremamente adequado para um dado segmento da população, com menor poder aquisitivo. Esse terminal pode ser utilizado para se alcançar uma série de objetivos de governo, como a inclusão social, a alfabetização digital, etc. No entanto, esse mesmo terminal pode não ser adequado para um outro segmento da sociedade, com maior poder aquisitivo e com interesses divergentes daqueles apresentados pelo segmento mais carente. Esse segundo segmento pode não estar interessado em aplicações de acesso a internet, pelo simples fato de já possuírem computadores em suas casas que desempenham esse tipo de atividade. Esse segmento de maior poder aquisitivo pode ter outros interesses como: alta definição, som multidimensional, tipos específicos de aplicações, etc. Considerando o exposto no parágrafo anterior, recomendamos que seja definida uma família de tipos de terminais de acesso e que cada tipo de terminal possa ser utilizado com propósitos específicos.”

De acordo com a proposta de família de terminais de acesso recomendada pela Universidade Federal da Paraíba na figura 4, foram apresentadas os seguintes terminais:

 Tipo1: terminal zapper. Esse tipo de terminal não apresenta nenhum tipo de interatividade (nem mesmo aplicações residentes), possibilitando apenas a seleção e exibição de opções de áudio, vídeo e legendas para os telespectadores;

 Tipo 2: terminal com aplicações residentes. Esse tipo de terminal apresenta um nível simplificado de interação que é disponibilizado por algumas aplicações residentes, tais como: EPG, Gerenciador de Preferências de Usuários, etc;

 Tipo 3: com suporte a carga de aplicações transmitidas por broadcast. Esse tipo de terminal já consegue dar suporte a carga e execução de aplicações transmitidas pelo canal de broadcast juntamente com fluxos de áudio, vídeo e dados. Nesse caso, se faz necessário o acesso por parte das aplicações às APIs do middleware no terminal de acesso com o intuito de abstrair para as aplicações as características do hardware e do sistema operacional do Terminal de Acesso;

 Tipo 4: com canal de interatividade. Além das funcionalidades apresentadas pelos terminais do Tipo 3, esse tipo de Terminal de Acesso possibilita que aplicações se comuniquem com outras aplicações remotas mediante um canal de interação. É através do middleware que as aplicações poderão fazer uso do canal de interação, usufruindo de todas as suas funcionalidades. Para este terminal é preciso instalar todos os componentes do terminal Tipo3 e acrescentar o componente Canal de Interação;

 Tipo 5: com suporte a funcionalidades avançadas. Além das funcionalidades apresentadas pelos terminais do Tipo 4, este traz algumas funcionalidades avançadas, tais como função de Personal Video Recorder (PVR), comunicação com dispositivos móveis, possibilitando a comunicação do Terminal de Acesso com outros dispositivos, integração com dispositivos para auxilio a deficientes físicos, 38

captura de áudio, viabilizando a implementação de aplicações com interação por voz, voltadas, por exemplo, para a educação, entretenimento, etc.

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Terminal Zapper Terminal com Aplicações Terminal com suporte a Residentes carga de aplicações transmitidas por broadcast

Tipo 4 Tipo 5 Terminal com canal Terminal com suporte de Interatividade a funcionalidades avançadas

Figura 4- Tipos de Set-Top Box para o mercado brasileiro. Modelo que visa atender o perfil da população brasileira

Os set-top boxes são computadores e utilizam a mesma arquitetura básica de camadas, conforme ilustrado na figura 5.

Figura 5- Camadas que compões a arquitetura de um set-top box

Este tópico resume apenas duas camadas: o Middleware e as Aplicações.

Também descreveremos sobre a peça fundamental para a interatividade, o controle remoto.

39

4.2.5 Controle remoto

Os telespectadores podem enviar instruções para os set-top boxes usando controles remotos transmitindo sinais em infravermelho (IR) ou teclados IR.

Teclados sem fio foram projetados para ser usados no colo das pessoas e geralmente são menores que um teclado convencional de computador. Há uma variedade de outros dispositivos que podem trabalhar usando IR, desde joysticks até falantes de som, removendo os fios da sala.

Uma peça de tecnologia interessante permite que os set-top boxes trabalhem com mais de um controle remoto. Cada controle possui uma unida identificação no qual é enviada pelo sinal IR. Isso facilita jogar pela TV com diversos participantes da família ao mesmo tempo, entre outros exemplos.

A figura 6 é um modelo de controle remoto e teclado para set-top box :

Figura 6- Exemplo de controle remoto e teclado para set-top box. Fonte: (Google Images, 2006)

4.2.6 Middleware

O Middleware é a camada que se preocupa totalmente com o desenvolvimento dos serviços interativos fazendo duas coisas. A primeira, ela se 40

comunica com o sistema operacional de uma forma controlada, no qual reduz a possibilidade do serviço interativo travar o set-top box ou danificar o hardware.

Segundo, ele fornece um sistema padronizado de comandos e linguagem de programação. Os produtores de aplicativos interativos não precisam se preocupar com a maneira que o sistema operacional trabalha ou saber detalhes do hardware que há dentro do set-top box – o middleware centraliza tudo isso. A linguagem de programação do middleware irá também ser consistente independente da plataforma de transmissão ou hardware que o set-top box usa.

Há diversos tipos de middleware no mercado, como OpenTV, Canal+,

MicrosoftTV, AOL TV, entre outras. Aqui no Brasil, o governo decidiu criar o seu próprio middleware , aparentemente chamado de GINGA e desenvolvido pela

Universidade Federal da Paraíba. Cada middleware é significantemente diferente, ou seja, suportam tecnologias diferentes como Javascript, HTML, Flash, etc. É como se fosse um browser de internet, onde temos Internet Explorer que suporta determinados padrões e tecnologias e o Firefox que suportam outros. Provavelmente no Brasil não teremos essa guerra de middlewares , o que facilitará a produção de aplicações interativas.

4.2.7 Aplicações

Aplicações são os programas que rodas os serviços interativos. Geralmente são desenvolvidos por empresas de tecnologia, e seus aplicativos mais comuns são: eletronic programme guides (EPGs), serviços de vídeo-on-demand , serviços de teletexto, serviços de compra ( T-Commerce ), sites, publicidade interativa, e assim em diante. Veremos mais como produzir aplicações e conteúdo adiante. 41

5 PERFIL DE MERCADO DO CONSUMIDOR BRASILEIRO

Este capítulo apresenta informações coletadas a partir de diversas fontes secundárias, como órgãos do governo e empresas privadas envolvidas no processo de implantação da TV Digital no Brasil.

Através destas informações podemos analisar o atual cenário para introdução da TV Digital e levantar questões importantes para definição de estratégias para o governo e para empresas neste novo mercado que surge com novas oportunidades, porém com muitos obstáculos a serem vencidos.

5.1 População e Domicílios

A população brasileira esta distribuída de maneira heterogênea pelo país, com concentração de aproximadamente 45% somente na região Sudeste, o que determina a mesma característica na distribuição de domicílios com concentração populacional principalmente no estado de .

A taxa de urbanização brasileira é superior a 80% e na região sudeste estes números superam a taxa de 90% o que caracteriza esta região como o principal mercado para introdução da TV Digital e onde serão testados e identificados seus primeiros resultados.

A TV Digital não traz benefícios apenas para as áreas urbanas, provavelmente os benefícios trazidos com esta tecnologia terão um impacto ainda maior para as populações de áreas com menor grau de urbanização e que tem acesso limitado a serviços, que poderão ser trazidos pela TV Digital, como por exemplo, a região nordeste que conta com aproximadamente 50% da população rural do Brasil. 42

Tabela II-População residente e número de domicílios por região

Fonte: IBGE. Censo Demográfico (2000)

Como a TV Digital irá exigir a compra de uma caixa conversora de sinal, ou a aquisição de um novo aparelho já com a caixa embutida é muito importante observarmos o potencial de consumo do mercado brasileiro para aquisição de produtos eletrônicos (IPC Eletro), de acordo com a classe econômica, conforme tabela a seguir:

Tabela III- Domicílios urbanos por classes econômicas e índice de potencial de consumo

Fonte: Target Marketing. Brasil em Foco (2001)

43

5.2 Perfil dos Consumidores de Mídia

Pesquisas do CPqD apontam que o consumo de mídias no Brasil é fortemente determinado pela classe econômica em que o indivíduo está inserido o que determina um maior ou menor impacto de diferentes tipos de mídia.

Consumidores que são expectadores de TV por Assinatura, freqüentam cinemas e acessam a Internet são, em sua maioria, das Classes A e B e conforme vamos descendo na classe econômica, cresce significativamente a porcentagem de pessoas que possuem a TV aberta como única ou principal fonte de lazer. Conforme ilustra o gráfico 1.

Gráfico 1 - Perfil dos Consumidores de Mídia, por classe econômica. Fonte: CPqD (2002)

5.3 A Adoção da TV Digital pela Massa

A grande maioria da população ainda tem muitas dúvidas com relação ao que

é e o que será a TV Digital, como ela irá influenciar o seu dia a dia e quais benefícios ela trará, porém entre os que já possuem alguma informação a respeito ou acompanham, mesmo que superficialmente, o processo de implantação da TV 44

Digital no Brasil a questão de melhor qualidade de imagem e som, que são obtidos com este sistema, são as características principais e as primeiras a serem lembradas.

Um estudo do CPqD detectou que a maioria das TVs no Brasil recebe do sinal aberto em média 7 canais, porém em apenas 4 deles a imagem é considerada de boa qualidade pelos usuários, o que explica a grande preferência por este atributo da TV Digital, que já podemos prever como o principal motivador para migração inicial dos aparelhos ou compra das caixas de conversão pela população, porém outros atributos também tiveram grande relevância para população como a multiplicidade de programas e a possibilidade de gravá-los através de aparelhos específicos.

Uma questão importante que deve ser observada é com relação à interatividade, que será abordada com maior profundidade a seguir, que é um dos atributos mais exaltados da TV Digital, mas que neste estudo do CPqD ficou em sexto lugar num grupo de doze atributos.

Talvez esta aparente irrelevância para o consumidor do atributo Interatividade na TV Digital, conforme tabela IV, aponte uma oportunidade para empresas que souberem trabalhar esta característica além do convencional e de maneira criativa, despertando o interesse do consumidor que aparentemente está descrente da interatividade devido às experiências atuais que ele é submetido e lhe agregam muito pouco em termos de experiência de entretenimento.

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Tabela IV- Importância dos atributos da TV Digital para o Consumidor

Atributo Pontuação 1 Imagem em alta definição (HDTV) 9,26 2 Múltiplos programas 7,53 3 Gravação de programas 7,47 4 Hipermídia 6,62 5 Programas defasados 6,57 6 Interatividade 6,21 7 Ajuda para deficientes físicos 6,17 8 Vídeo adicional 6,06 9 Áudio adicional 5,76 10 Legenda adicional 5,62 11 Áudio digital 5,39 12 Informativos 5,38 Fonte: CPqd – 2002

5.4 Resposta do Consumidor a Interatividade

O conceito de interatividade na TV ainda causa certa confusão, pois

Interatividade é um termo relativo e interpretado pelos indivíduos de acordo com suas experiências. Por exemplo, quem é usuário de Internet ou jogos, tem um conceito de interatividade mais ativo que permite interferência no rumo dos acontecimentos do contrário àquela pessoa mais acostumada com a interação existente nos programas de TV atuais, como Big Brother e outros que fazem uso da votação e realizam uma interatividade limitada.

Uma dos principais atributos da TV Digital é possibilitar a convergência, de forma que a TV seja equipada com periféricos como o teclado, ou controle remoto especial, tornando-a capaz de oferecer ao usuário uma experiência interativa semelhante a obtida hoje com a Internet, porém para que esta conversão realmente ocorra, devemos analisar com bastante atenção as questões comportamentais 46

relacionadas a utilização que já é feita hoje da TV, quando comparada ao computador pessoal.

Atualmente a televisão é assistida pela maioria de maneira passiva e por tantos outros como companhia para amenizar a solidão (CPqD, 2001).

Mesmo com a mudança de cenário que deve ocorrer com a chegada da geração nascida nos tempos da internet e provavelmente mais aberta à utilização da

TV de uma forma mais interativa, nós devemos observar que o computador é um objeto pessoal.

Mesmo quando compartilhado por toda família, o momento de utilização do computador, seja para trabalho, estudo ou lazer é uma ação particular e esse fato torna a experiência do usuário com o computador muito diferente daquela obtida com a televisão que normalmente é vista para distração, bem relaxado no sofá quando se está sozinho ou como entretenimento, com várias pessoas como telespectadores no mesmo ambiente.

Imaginamos que a experiência interativa na TV Digital deverá seguir um caminho próprio e diferenciado de todas as experiências existentes nas mídias atuais, pois sua utilização possui peculiaridades que devem ser respeitadas para que se mantenha o público interessado. Dependendo dos recursos disponíveis no set-top box e do canal de retorno utilizado para receber de volta a ação do usuário, podemos ter situações diferentes no que diz respeito a oferta de interatividade, como observamos no gráfico 2. 47

´ Gráfico 2 - Interatividade na TV sob as perspectivas de personalização e instantaneidade de serviços. Fonte: CPqD

É importante evitar o discurso dos profetas digitais que poderão dizer que a

TV Digital irá substituir alguma outra mídia, pois o surgimento de novas mídias sempre vem cheio de profecias, como por exemplo, “A TV vai acabar com o Rádio”,

“A Internet vai substituir o Jornal impresso”, porém felizmente, nenhuma delas se concretizou e todas mantêm até hoje seu espaço.

A sociedade atual vem passando por mudanças cada vez mais rápidas e freqüentes, mas as experiências já vividas deixam a lição de que há espaço para todas as mídias. Algumas como o jornal impresso, por exemplo, já passa por grandes mudanças e precisará se reinventar para manter o mesmo nível de influência que possui hoje e encontrar novas formas de atingir seu público, mas isso 48

não ocorre somente pela chegada de uma nova mídia e sim por uma mudança comportamental natural que ocorre na sociedade ao longo dos tempos.

Devemos estar atentos para não expor a TV Digital aos mesmos erros cometidos pelo mercado com a Internet em seu início, quando por falta de conhecimento do que fazer com aquela nova mídia que surgia, foram copiadas iniciativas inapropriadas para o veículo, que acabaram criando barreiras mercadológicas ou visões distorcidas do seu potencial.

A TV Digital aponta para um novo tempo, com formatos e possibilidades impensáveis até hoje, o que abre as portas para aqueles que souberem aproveitar as oportunidades e possuírem visão e ousadia suficientes para aproveitá-las. 49

6 COMO PLANEJAR MÍDIA PARA A TV DIGITAL

6.1 Considerações Sobre a Televisão Digital Interativa

Diversas vezes nos questionamos se os telespectadores realmente querem que suas televisões sejam interativas. Mesmo considerando a utilização do telefone e e-mail [correio eletrônico] junto aos programas de TV, a mesma sempre teve um apelo passivo. E é assim que as pessoas parecem gostar da TV. Portanto, a TV precisa mesmo ser mudada?

Chegamos à conclusão de que há duas boas razões porque a televisão digital interativa se tornará mais popular e mais comum: ela pode fazer a televisão ter mais apelo e fazer as emissoras mais ricas. Infelizmente, quando consideramos como construir um serviço lucrativo e popular, não é somente uma questão de construir que o mesmo se tornará um sucesso. Os produtores de televisão interativa precisam trazer junto um número de diferentes heurísticas: a tecnologia tem que funcionar, o modelo comercial tem que trazer resultados, a produção tem que estar dentro do cronograma e dentro do orçamento, e o conteúdo e a experiência do usuário tem que ser certa.

6.2 A Televisão Interativa

TV interativa (iTV) cobre uma variedade de tecnologias – set-top boxes

[terminal de acesso] para transmissões a cabo e satélite, consoles de jogos,

Eletronic Program Guides (EPGs), Personal Vídeo Recorders (PVRs) como

ReplayTV ou TiVo, Walled Gardens (formatos onde programas são criados com informações adicionais, como por exemplo, oportunidades e compras), Vídeo-on- demand (VOD) e Programas de TV avançados que oferecem em profundidade 50

experiências para o telespectador – assim como a capacidade de navegar na

Internet pela televisão.

Televisão Interativa dá aos produtores de televisão e aos profissionais Web , novas oportunidade para evoluir a tradicional televisão oferecendo aos telespectadores mais razões do que antes para interagir com seus programas favoritos ou acessar um conteúdo em específico, tudo de forma conveniente sem sair do conforto de seu sofá.

A iTV incorpora alguma forma de conexão com a maneira tradicional de receber o sinal da televisão, geralmente através de um set-top box que é um conversor digital/analógico. Aqui no Brasil, a forma de transmissão tradicional é a terrestre, e a mesma continuará, a população terá que adquirir somente o set-top box adequado a sua necessidade para converter o sinal. Um set-top box geralmente fica em cima do aparelho de televisão ou como um vídeo cassete. O usuário pode acessar essa funcionalidade extra da televisão através de um teclado sem fio ou controle remoto.

O desenvolvedor de conteúdo encara uma difícil tarefa quando confrontado com as limitações gráficas do aparelho de televisão. No capítulo VI você verá essas limitações e apresentamos os formatos atualmente suportados. Apresentamos recomendações a serem seguidas antes do desenvolvimento de qualquer conteúdo interativo para a TV digital. Caso o Brasil determine escolher um único formato de transmissão, como por exemplo, em HDTV 16:9 (dezesseis por nove) utilizando um

único middleware [sistema operacional do set-top box ] em todos os set-top boxes , teremos assim somente um padrão de desenvolvimento de conteúdo.

51

6.2.1 Diferentes tipos de iTV

Há diferentes tipos de televisão interativa, os 3 (três) três mais comuns atualmente são TV-on-PC , Synch-to-Broadcast , e o Set-top box conectado a TV.

Cada tipo possui seus prós e contras para o usuário final assim como para o operador de rede. Conforme a iTV evolui, nós começaremos a ver, não somente um foco grande em desenvolvimento em multi-plataformas, mas também no desenvolvimento em multi-tipos, conforme vão surgindo novas tecnologias é importante focar em reusabilidade e transformação dinâmica de conteúdo (por exemplo, redimensionamento).

Conforme essas novas tecnologias se tornam maduras, os desenvolvedores precisam ser educados no que funciona, e desenvolver para plataformas que já estão disponíveis e implantados de forma estável. A televisão está evoluindo e os desenvolvedores são a chave para o novo look and fell [estilo] da TV.

6.2.1.1 TV-on-PC

A solução TV-on-PC permite que o usuário final veja um conteúdo rico de TV diretamente de um computador pessoal. Essa solução requer uma placa de TV no computador que tipicamente é PCI ou AGP. Ele é usado para receber o sinal da TV no computador.

6.2.1.2 Synchronized-to-Broadcast (SyncTV)

Não é uma forma de interação direta no conteúdo do programa, mas funciona como se fosse. São necessárias duas telas nesse formato, uma é a própria televisão e a outra é a de um computador conectado a Internet. Assim, o usuário pode simultaneamente assistir televisão e interagir de alguma forma com o programa 52

de TV através de seu Web site . A TV Globo utiliza muito esse formato para que os telespectadores enviem perguntas em jogos ao vivo.

6.2.1.3 Set-top box

Geralmente, o set-top box é um dispositivo eletrônico que fica em cima da

TV, para permitir você a interagir com o conteúdo dos programas e também para que o vídeo funcione de forma correta através do middleware . Os set-top boxes estão se tornando, nos países da Europa, uma solução multimídia robusta, com vídeo-on-demand (VOD), tocador MP3, funções inteligentes de rede, jogos locais ou na Internet e até acesso em banda larga a Internet.

Quando você estiver desenvolvendo para um set-top box , você precisará decidir entre desenvolver uma aplicação interativa para um vídeo ou conteúdo web para ser navegado pela TV. O conteúdo de televisão consistem em diversos tipos de gêneros no qual uma aplicação interativa pode tirar vantagem:

 Gravado: com script o Novelas o Seriados  Gravado: sem script o Documentários o Noticiários  Ao Vivo: com script o Premiações o Shows  Ao Vivo: sem script o Esportes o Noticiários ao vivo

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O conteúdo para a web também possui foco em certos tipos de gêneros de navegação valiosos para a iTV:

 Publicidade e Comércio: um comercial de TV oferecendo a possibilidade de você comprar instantaneamente;  Web site pessoal: todo mundo tem um atualmente. Possibilidades como acessar o site familiar para ver fotos;  Web site comercial: todo canal de TV tem um, assim como quase todas as empresas do mundo. Não seria conveniente permitir o usuário acessar o site da sua empresa, é adaptado para o formato da TV, quando o seu comercial aparecer na TV e dizer assim “para saber mais informações entre em nosso site”;  Informacional: tenha certeza de que qualquer informação colocada em um site para TV tem um propósito. Os telespectadores não perdem tempo e irão sair do site se a informação não for conveniente e valiosa.

6.3 O Que Muda para a Mídia TV em Sua Versão Digital

A experiência de ver televisão é muito diferente de ler um livro, enviar uma mensagem por celular, ou usar um computador. A televisão em si, necessariamente, afeta a maneira como os serviços interativos para televisão são projetados.

Infelizmente, (ou talvez, felizmente), não houve ainda uma pesquisa profunda para determinar a melhor maneira de planejar para a televisão interativa. As atuais práticas nos países onde a televisão digital já é uma realidade são uma mistura de opiniões somada a tentativas e erros. A seguir descrevemos fatores que são relevantes para o planejamento, mas não são regras.

6.3.1 Expectativas dos telespectadores

Os telespectadores possuem certas expectativas sobre como a televisão deve ser usada e como as coisas devem funcionar nela. Em um estudo chamado 54

Planning for Consumer Change (2000), realizado pelo Henley Centre, pesquisou como os consumidores enxergam os diferentes dispositivos. Conforme ilustra a figura 7, a pesquisa mostrou que a televisão é vista, primariamente, como uma fonte de entretenimento e informação, enquanto a internet é vista mais como uma ferramenta para comunicação. Esse resultado talvez se deva pelo histórico da televisão, em ser usado na sala de estar, para relaxamento e atividades em família, e a história da internet de ser usada no escritório, principalmente como sinônimo de e-mail e chat [bate papo pela Internet].

Figura 7- Share-of-mind de diferentes mídias. Fonte: Planning for Consumer Change, The Henley Centre (2000), tradução Rafael Kiso.

Portanto, é bem provável que seja mais fácil planejar serviços para a televisão interativa considerando essas expectativas, do que lutar contra eles. E há 55

evidências de que esse caminho é o melhor, pois o sucesso dos jogos interativos pela televisão no Reino Unido é prova disso, enquanto a aplicação de e-mail pela televisão não teve tanto sucesso. Similarmente, alguns serviços de compras se esforçam para dar certo, talvez porque a tarefa de compra não está associada com a televisão. Porém, como sabemos que a realidade brasileira é muito diferente dos países de primeiro mundo onde a televisão digital já está implantada, as nossas necessidades são diferentes. Porém, as expectativas não, portanto, é bem provável que sejam necessárias muitas campanhas de inclusão digital da população de baixa renda e instrução, para que o principal objetivo do governo se realize. Sempre focando em serviços interativos que permitam a busca de informações. Nas classes mais altas, a maioria das pesquisas realizadas lá fora, prevalece aqui, será muito difícil as pessoas deixarem de usar a internet para realizarem tarefas de comunicação, informação e compra. Isso também significa um desafio para os publicitários estimularem a compra por impulso, pois esse será um dos únicos casos de sucesso de compras para a televisão interativa.

Além disso, novos serviços interativos podem ser mais fáceis para os telespectadores entenderem e usarem, e ainda ser mais popular, se houver uma referência das experiências passadas com a televisão. Por exemplo, o Video-on- demand (VOD) e o Personal Vídeo Recorder (PVR) possuem a vantagem de sucesso, por serem construídos em cima da expectativa do vídeo cassete. Serviços interativos de compras referenciados por canais como Polishop ou (ao contrário de aplicações standalone que não possuem referência com nenhum canal de televisão), possui a vantagem de serem relacionados com atividades existentes – de assistir um canal para informação e aí comprar algo que se interessar. 56

Isso não significa que está fora de cogitação uma possível revolução no jeito da televisão, mas quando pensamos sobre usabilidade e o design gráfico de uma aplicação, é bom considerar se o caminho pela evolução é o caminho mais fácil de se tomar. Pense sobre o que os telespectadores já conhecem, daí planeje em cima disso.

6.3.2 Dados demográficos

A televisão é usada por grande porcentagem da população – muito mais pessoas do que usam computadores ou celulares. Isso significa o mercado potencial para a televisão interativa, incluindo a variedade de diferentes pessoas. A fim de evitar a exclusão de telespectadores potenciais, o planejamento da maioria das aplicações interativas deve levar em consideração a variedade de necessidades e habilidades de uma audiência que possam incluir idosos, crianças, deficientes visual, entre outros.

Uma maneira de fazer isso é oferecendo aos telespectadores uma escolha no começo – por exemplo, “Se você quer o serviço de acesso fácil, pressione 1

(hum), se você quer funções avançadas, pressione 2 (dois)”. Isso também ajuda a escolha de estilos de interface, no qual a maioria das pessoas possa se identificar e usar. Não há nada de interessante em colocar na tela uma mensagem que diz “Erro número 1023”, se você quiser atingir toda a população.

Mesmo assim, vale a pena colocar em mente que, por mais que a televisão interativa se torne útil, alguns grupos de telespectadores podem não ser persuadidos a usá-lo. Assim como, aplicações que miram um nicho particular de audiência, não precisam se preocupar muito com a linguagem, design ou navegação que excluem os que não estão dentro do público alvo. Essas aplicações podem ser planejadas 57

com o público alvo em mente. Um serviço de música pop, por exemplo, tende a ser mais bem planejado usando estilos que apelam para os jovens e não se preocupa muito com aqueles que estão fora desse público.

6.3.2.1 O contexto social

De acordo com o Statical Research Inc (2000), 60% (sessenta por cento) dos momentos das pessoas assistirem a televisão na sala de televisão acontecem em grupos. E é na sala de estar onde a maioria das televisões com serviços digitais interativos estão localizados (os aparelhos analógicos mais antigos, sem interatividade, tendem a ficar nos quartos). Consequentemente, aplicações para televisão interativa, planejadas para serem vistas em grupo, devem levar isso em consideração.

Uma maneira de construir aplicações interativas que funcionem em um contexto social é ter certeza que os telespectadores podem ter o que quiserem de forma fácil e rápida – durante os breaks [intervalos] comerciais e entre programas. O

Henley Centre (em 2001) achou que 25 (vinte e cinco) por cento dos usuários dos serviços interativos da SKY, usam esses serviços durante um comercial. Permitindo um rápido aceso e interação significa que menos essa ação chateia o resto das pessoas que estão assistindo junto. Portanto, pense em um planejamento de mídia que introduza a mensagem dentro dessas aplicações, pois os comerciais convencionais, mesmo que interativos, tendem a ser desconsiderados durante a experiência de ver televisão em grupo.

Outra rota é fazer a interatividade funcionar de tal forma que ela não interfira na programação do vídeo. Quanto menos a interatividade interferir no entretenimento dos outros melhor. Isso pode ser feito com algumas dicas: 58

 Sobrepondo informação no vídeo, usando gráficos semitransparentes e não gráficos com cores sólidas;  Usando pedaços da tela, que é melhor do que ocupar a tela toda. Por exemplo, se uma aplicação permite o telespectador escolher um ângulo de câmera que, em particular, segue um jogador, é melhor que essa câmera apareça em uma tela menor, dentro da tela principal, como um Picture-in- Picture (PIP), assim as outras pessoas não correm o risco de perder uma jogada;  Sempre mantendo o canal de televisão na tela, mesmo quando o telespectador está usando um conteúdo interativo não relacionado (isso é geralmente alcançado rodando o canal em um PIP);  Fornecendo múltiplos controles remotos e planejando a aplicação para que diversas pessoas podem usá-la de uma só vez. O Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) prevê a utilização desse modelo de aplicação. E prevê ainda a possibilidade do controle remoto ter um display [tela] LCD para individualização de vídeo interativo.

A figura 8 ilustra o picture-in-picture.

Figura 8 - Esse serviço pode ser usado enquanto o telespectador continua vendo o canal dentro do picture-in-picture (PIP). Fonte: BBC News.

6.4 Hora do Dia

A televisão tende a ser assistida por mais pessoas a noite.

Consequentemente, as aplicações interativas tenderão a ter maior utilização a noite 59

também. Isso significa que vale a pena pensar em como prover o melhor padrão de serviços interativo (por exemplo, mais atualizações e manter uma maior equipe de suporte) durante as noites, nos horários de pico de audiência – não durante o horário de expediente.

Além disso, de manhã e a tarde, a televisão é assistida enquanto os telespectadores estão fazendo outras coisas. Para contornar isso, os planejadores da programação da televisão terão que tentar estruturar a programação de maneira que ao entrar e sair de aplicações interativas seja fácil e divertido. Os canais de televisão de nicho usam os mesmos truques – eles são felizes se conseguirem alguns minutos do tempo das pessoas por semana. Depois vemos um canal especializado em notícias, observe a quantidade de vezes que um gráfico aparece mostrando quem está falando – mesmo que a pessoa já o tenha identificado há dois minutos antes. Isso é feito por causa da dificuldade de saber quando os telespectadores mudaram de canal ou começando a prestar atenção.

Aplicações interativas para televisão digital podem se beneficiar dessa mesma característica. Para ter usuários que usem o serviço de manhã e durante o dia, vale a pena pensar no tipo de conteúdo interativo que irá prover satisfação de forma rápida. Por exemplo, um serviço de jogo interativo pode ser considerado para rodar jogos curtos ou permitir que a pessoa entre e saia do mesmo diversas vezes ao dia, sem perder o que estava fazendo.

O gráfico 3 demonstra a utilização dos serviços interativos na TV Digital durante o dia.

60 Uso

Gráfico 3 - Utilização de serviços interativos na televisão digital durante todo o dia. Fonte: ITN News Channel, tradução Rafael Kiso.

6.5 Tipos de Canais de Comunicação Dentro da TV Digital

Uma das dificuldades da televisão interativa é que não há um grupo que descreva os diferentes tipos de canais de comunicação para a interatividade. A maioria dos envolvidos nessa indústria usa diferentes jargões.

Por exemplo, a Microsoft (produtor do software Microsoft TV) possui uma taxonomia que inclui:

 Televisão Avançada ( Enhanced Television ) – serviços que permitem os telespectadores interagirem com um programa de televisão;  Internet na Televisão – serviços que permitem os telespectadores navegarem e usarem informações disponíveis na Internet;  Televisão Pessoal – serviços que permitem os telespectadores gravarem e pausarem os programas de televisão;  Televisão Conectada – serviços que permite a televisão compartilhar informações com diferentes dispositivos na casa, como um PDA ou computador.

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Na outra mão, uma organização que pesquisa os consumidores, The Henley

Centre , quebra a televisão interativa em três modos principais:

 Interatividade Distribuída – onde o telespectador interage para controlar a entrega de um pedaço de conteúdo, mas não o conteúdo em si. Isso cobre uma funcionalidade similar fornecida por um gravador de vídeo, onde o usuário pode decidir quando assistir um programa particular;  Interatividade Informativa – onde o telespectador pode ter diferentes tipos de informação. Isso inclui qualquer coisa desde jogos até pedir pizza;  Interatividade Participativa – onde os telespectadores podem escolher entre opções durante um programa ou comercial. Isso inclui a habilidade de brincar durante um game show (ex.: Show do milhão) ou escolher um ângulo diferente de câmera durante uma partida de futebol.

Na tentativa de padronizar, nós iremos apresentar uma lista de diferentes tipos de canais interativos de comunicação para televisão digital. Este é um trabalho de pesquisa, concebido através da realidade da indústria televisiva.

Consequentemente, essa lista é baseada nas terminologias que muitos produtores que trabalham nessa indústria usam. A lista não é definitiva, mas simplifica para o papel do mídia nas agências e todos os outros envolvidos.

Cada um desses tipos de interatividade na televisão é escrito em termos da experiência do telespectador. Portanto, os diferentes tipos de canais de comunicação interativa cobertos por este trabalho são:

 Eletronic Programme Guides (EPGs);  Serviços de Teletexto;  Walled Gardens;  Internet na Televisão;  Televisão Avançada ( Enhanced Television );  Video-on-demand (VOD);  Personal Vídeo Recorders (PVR). 62

6.5.1 Eletronic programme guides

Um dos mais úteis e importantes tipos de canais interativos é o Eletronic

Programme Guide (EPG). É seu papel fundamental dizer aos telespectadores o que rola na programação, substituindo aquela programação por jornal ou revista. O EPG mostra informações sobre o calendário e cronograma dos programas na tela e os telespectadores podem selecionar algum programa da lista para assistir. Para acessar o EPG, geralmente os telespectadores apertam o botão chamado ‘ TV Guide

[guia de TV]’ do controle remoto. Ainda não está definido como será o EPG para o

SBTVD, porém se houver, será um ótimo canal de patrocínio. Possivelmente, cada canal de televisão terá seu próprio EPG.

6.5.2 Serviços de teletexto

6.5.2.1 Teletexto analógico

O serviço de teletexto na televisão interativa ganhou esse e estilo de apresentação a partir de uma tecnologia desenvolvida a mais de 30 (trinta) anos.

Milhões de telespectadores – particularmente na Europa, onde a tecnologia se tornou muito mais disseminada do que no resto do mundo – estão familiarizados com serviços de teletexto. Ele funciona transmitindo textos e gráficos simples.

A tecnologia de teletexto analógico possui um estilo particular de apresentação de conteúdo na tela. Os telespectadores geralmente pressionam o botão ‘Texto’ do controle remoto, enquanto estão assistindo um canal em particular.

Ao apertar o botão, o telespectador é direcionado para a informação que é carregada com aquele canal. A informação tende a ser relevante para o canal.

Portanto, para a maioria dos canais de entretenimento, os telespectadores podem 63

encontrar informações como notícias e previsões de tempo. Para um canal mais específico, como a MTV, geralmente há informações mais específicas (no caso da

MTV, notícia sobre artistas, etc). O áudio do canal geralmente continua como fundo, dando a impressão ao telespectador de estar sempre em contato com o canal.

6.5.2.2 Teletexto digital

A tecnologia da televisão interativa evoluiu além dos gráficos do teletexto analógico. Hoje, é possível ter fotos e gráficos, e até mesmo ter funcionalidades como e-mail e mensagens de texto. Entretanto, a tecnologia de teletexto analógico implantou expectativas na mente dos telespectadores na Europa. Por causa disso, algumas emissoras, como BBC e SKY no Reino Unido, decidiram manter o estilo do teletexto analógico até certo ponto, mesmo nos serviços de mais alta tecnologia digital. O modelo de pressionar o botão ‘Texto’ no controle remoto continuou. Eles mantiveram também a idéia de manter algum tipo de conexão com o canal que o telespectador estava vendo, que é o áudio de fundo ou um PIP.

6.5.3 Walled gardens

Algumas operadoras de plataformas de televisão digital interativa oferecem uma ampla coleção de diferentes conteúdos e serviços interativos de diversas companhias embaixo de um guarda-chuva. Aqui no Brasil ainda está para ser definido como e quem será essa operadora na televisão aberta, especula-se de que cada emissora terá sua própria plataforma ou que o governo montará uma plataforma. 64

Essas operadoras possuem o objetivo de fornecer segurança, e um ambiente controlado e fácil de se entender para diferentes tipos de televisão interativa, que são chamados de walled gardens .

Cada serviço dentro de um walled garden , geralmente, é especialmente preparado para usar na televisão e possui um arranjo comercial com operadores de plataforma. Esses serviços são acessíveis através de um dispositivo nos menus da tela. Para acessar os menus, os telespectadores pressionam um botão no controle remoto que normalmente possuí o título de ‘Serviços Interativos’. O termo walled garden é usado porque faz referência aos nossos conhecidos portais na Internet, no qual os usuários possuem diversos conteúdos independente de canais.

A Telewest no Reino Unido possui um típico walled garden em seu serviço digital a cabo. Ele é constituído por uma série de menus que oferecem diferentes tipos de conteúdos e serviços – jogos, notícias, e-mail , serviço de banco, shopping

[compras] e assim em diante. Geralmente, o operador da plataforma é o dono ou controla o walled garden . Entretanto, algumas emissoras colocam seus conteúdos nos walled gardens dos operadores como uma forma alternativa de adicionar seus serviços.

Não há nada que impeça os operadores de plataforma de oferecerem diversos serviços de walled gardens de diferentes fontes. Na verdade, no Reino

Unido, o regulador decretou que a Sky Digital, uma plataforma via satélite, precisa permitir outras companhias a construírem seus próprios walled gardens em sua plataforma. Consequentemente, se um telespectador pressionar o botão

‘interatividade’ no seu controle remoto enquanto ele está assistindo qualquer canal de televisão, ele é levado para um menu que inclui diversas companhias fornecendo 65

diferentes walled gardens . Cada walled gardem possui seu próprio conjunto de fornecedores e/ou serviços.

Geralmente, a maior parte dos walled gardens mais populares estão na seção de jogos. De fato, alguns serviços de walled gardens contêm somente jogos.

Os jogos na televisão interativa vão desde jogos de fliperama até jogos de estratégia. Houve muitos walled gardens lançados no Reino unido em 2002 e 2003, destacando o GoPlayTV e Sky Gamestar. Portanto, tudo tende que aqui no Brasil, esses canais de jogos serão a principal opção de mídia para os anunciantes, lembrando que poderemos ter formatos de banners [anúncios em faixa], assim como temos na Internet, para os walled gardens .

6.5.4 Internet na televisão

A internet na Televisão permite os telespectadores acessarem milhões de páginas e serviços de comunicação já disponíveis na Internet. O serviço de Internet na Televisão vai de encontro com o principal objetivo do governo, o de inclusão digital e social, dando aos telespectadores de baixa renda e baixa informação, a oportunidade de irem além a seu conhecimento e ter acesso a serviços fundamentais de saúde e governo. A teoria é que os telespectadores podem ter quase todas as vantagens de um PC conectado na Internet, porém com um custo muito menor, e o que é mais interessante, estar no conforto de sua casa.

Na prática, infelizmente, é que muitos web sites , no qual foram desenvolvidos para serem visualizados em um computador pessoal, ficam ruins quando visualizados na televisão, e a maioria nem funciona. Complementando o problema, os controles remotos não foram construídos para serem usados para navegar em web sites que foram desenhados para um mouse , além das imagens 66

que ficam extremamente pequenas quando vistas a dois ou três metros de distância, sentado no sofá.

Talvez por causa desses problemas, muitos serviços de internet na televisão atraem somente um pequeno número de consumidores. Houve muitos casos de fracasso na Europa por apostarem alto nesse modelo.

A solução será o desenvolvimento de uma nova versão para quase todos os web sites , que possuam um layout condizente e funcionem na televisão.

Infelizmente, até hoje nos países onde a TV Digital já está implantada, há muito pouco site com uma versão alternativa que realmente funcionem bem na televisão.

As empresas não estão preparadas para gastar tempo e dinheiro para redesenhar seus sites e serviços para a televisão, até que um número considerável de usuários faça isso valer a pena. Os usuários não irão consumir um serviço de internet pela televisão até que haja muitos serviços de qualidade.

A maioria das operadoras sobreviventes de internet na televisão, focou em tentar pegar uma parcela de sites redesenhados e pequenos conteúdos que funcionam bem. Como conseqüência, eles se tornaram serviços de walled gardens com acesso à internet na televisão como uma atração adicional.

Uma variante inovadora no modelo de internet na televisão envolve os produtores oferecendo conteúdo em vídeo via televisão e um conteúdo web complementar desenhado para ser acessado em um computador pessoal posicionado na mesma sala. Nos Estados Unidos, isso é chamado two-screen interactive television e é razoavelmente popular. Uma pesquisa realizada pela

Scarborough Research em 2002 reportou que mais de um quarto dos adultos americanos na faixa de idade de 18 (dezoito) a 34 (trinta e quatro) anos, no qual 67

responderam à pesquisa, disseram que navegaram pela internet e ‘sempre’ ou

‘constantemente’ assistem televisão ao mesmo tempo.

6.6 Televisão Avançada ( Enhanced Television )

A Televisão Avançada pode ser definida como qualquer serviço interativo pela televisão que faça um programa de televisão existente ser melhor, enquanto esse programa está sendo transmitido. Os provedores de serviço de televisão avançada, tipicamente, adicionam sobreposições de texto e gráficos em programadas, assim os telespectadores podem interagir enquanto assistem.

Um ótimo exemplo de televisão avançada vem da companhia de jogos Two

Way TV. Assim como prover um walled garden de jogos (no qual não envolve programas de televisão), eles colocam textos e gráficos sobrepostos no topo dos programas de esporte. Os serviços de televisão avançada como esses dão aos telespectadores a oportunidade de tentar responder as perguntas antes das previsões dos comentaristas ou prever o que irá acontecer durante a partida de futebol. Assim que o comentarista termina de fazer a pergunta ou momentos antes do jogador bater um pênalti, por exemplo, diversas repostas ou opções aparecem na tela. A sobreposição do gráfico é sincronizado para que apareçam e desapareçam exatamente no momento certo. Esses tipos de quiz podem ser patrocinados e a marca do anunciante pode aparecer sempre que uma pergunta for feita.

Nesses casos de quiz shows , o serviço grava a pontuação do telespectador para que o mesmo possa comparar com a pontuação dos comentaristas ou até mesmo dos outros membros da família, onde cada um possui seu controle remoto.

Ao final no programa, todos podem ver as melhores pontuações ao redor do país 68

inteiro. Esse tipo de televisão avançada transforma completamente a experiência de assistir um quiz show ou evento de esporte.

Outro exemplo de televisão avançada, dessa vez com menos sincronização, foi o programa Election 2001 da ITV, uma das maiores estações de televisão do

Reino Unido. No começo do programa, os telespectadores foram abordados (por um gráfico sobreposto) a pressionarem o botão vermelho do controle remoto. Feito isso eles eram levados a uma página com detalhes dos resultados da eleição para diferentes partes no Reino Unido. Os apresentadores do programa nunca teriam tempo para ler os resultados de mais de 650 (seiscentos e cinqüenta) municípios no

Reino Unido, mas com o serviço de televisão avançada, os resultados detalhados para cada região estavam disponíveis sob demanda. Essa informação estava acessível durante o programa, assim os telespectadores podiam continuar assistindo a televisão enquanto checavam os resultados. No final do programa o conteúdo foi removido.

A maior vantagem da televisão avançada é que a interatividade toma um lugar em conjunto com algo que é provado a ser imensamente popular e competitivo

– um programa de televisão. Porque os telespectadores podem continuar assistindo o programa, eles tenderão mais a interagir. Além disso, a interatividade pode adicionar valor para o programa em si, talvez até mesmo mudar a experiência do telespectador.

6.6.1.1 Vídeo switching

Em adição para os programas avançados com textos de gráficos, é também possível para esses programas e canais permitirem os telespectadores mudarem entre uma seleção de diferentes transmissões de vídeo e áudio, baseado em um 69

único evento ou programa. Com esse tipo de serviço, os telespectadores geralmente possuem algum tipo de menu, onde eles podem selecionar o vídeo ou áudio que desejam usar.

A Sky Digital foi pioneira em video switching para o mercado de massa no

Reino Unido. Eles produziram o Sky News Active, no qual dá aos telespectadores a oportunidade de escolherem entretenimento, previsão de tempo e outros vídeos ao invés do canal principal de notícias.

Similarmente, a Sky Sports Active permite os telespectadores escolherem diferentes fontes de vídeos e áudios durante um grande evento de esporte. Os telespectadores podem acompanhar um jogador em particular pelo campo ou escolher escutar comentários de fãs ao invés dos comentaristas profissionais.

Há inúmeras possibilidades criativas com serviços de video switching . Outro exemplo pode ser o Big Brother.

6.6.1.2 Programação individualizada

Uma variante do video switching , no qual a ACTV foi pioneira nos Estados

Unidos (embora não tenha sido totalmente adotado na TV Digital do Reino Unido), dá aos telespectadores a chance de controlarem a programa escolhendo o curso de certos pontos. É como se fosse um ‘Você decide’ da TV Globo, no qual há vídeos gravados para serem passados de acordo com a sua escolha. A característica chave

é que, após fazer a escolha, o vídeo muda sem que o telespectador perceba, assim eles têm a impressão que o programa principal está continuando.

É possível produzir uma gama de programas interativos assim: novelas, no qual o telespectador decide o que deve acontecer com os atores programas de apostas, no qual o telespectador decide onde e quanto apostar; e comerciais, no 70

qual o telespectador decide qual produto ele quer conhecer melhor. Isso pode ser custoso para se produzir, mas isso também significa uma nova experiência.

6.6.2 Vídeo-on-Demand

Do ponto de vista do telespectador, o video-on-demand (VOD) faz a mesma coisa que um paper view [pague para ver] ou aluguel de vídeo. O VOD permite o telespectador assistir programas de televisão, eventos esportivos e filmes a qualquer hora do dia. Diferente de locadoras de vídeo, entretanto, o telespectador escolhe a partir de uma lista de shows mostrado na tela, melhor do que se deslocar até a locadora. Alguns serviços também permitem os telespectadores darem pausa, retroceder e avançar o vídeo durante o programa.

6.6.3 Personal vídeo recorders (PVR)

Assim como o VOD, o PVR foi desenvolvido por causa da popularidade dos vídeos cassetes. Mas, melhor do que gravar programas em um vídeo cassete, o personal video recorder grava programas dentro do set-top box ou terminal de acesso. Isso é possível usando um dispositivo de armazenamento dentro do set-top box , tipo um hard disk (HD) de computador. Uma vez gravado, o programa pode ser visto quantas vezes o telespectador quiser e ainda poder retroceder e avançar o vídeo.

Diferente dos vídeos cassetes, o PVR pode gravar e transmitir ao mesmo tempo do programa ao vivo, assim ele pode dar um pause no programa ao vivo para atender ao telefone e depois continuar sem perder nenhuma cena, por exemplo.

71

7 MODELOS DE INTERATIVIDADE NA TV DIGITAL

Com a possibilidade da interatividade trazida pelo padrão de TV digital, surgem oportunidades muito mais diversificadas em comparação ao modelo de negócios existente. Novas aplicações possibilitam o surgimento de um formato diferenciado para programas interativos, entrega de publicidade com maior segmentação, além de oferta de produtos diversos com fins de informação, entretenimento e prestação de serviços.

7.1 Programas Interativos

7.1.1 Votação

É o formato com maior facilidade de aplicação e aceitação pelo público por possuir grande similaridade com o formato já existente, onde são oferecidas opções para o público votar numa delas, como por exemplo, as enquetes realizadas durante programas de variedades, votação em concursos de dança, etc.

Segundo Gawlinski (2003), uma dos casos de maior sucesso utilizando o formato de votação através da TV Digital ocorreu na Europa em 2001, quando MTV permitiu que o público votasse nas performances das bandas que se apresentavam ao vivo no Europe Music Awards e os resultados eram exibidos on-line e em tempo real para todos os telespectadores.

Uma barreira que precisa ser vencida para aplicação efetiva deste formato é a definição de um modelo comercial que gere renda para a emissora de TV, como acontece hoje com as votações via mensagem de texto, por exemplo. Neste formato a emissora recebe um valor pré-estabelecido por cada mensagem de texto que é enviada para os números da votação. 72

A figura 9 ilustra o aplicativo desenvolvido para o programa “I’m a Celebrity! ”, o qual permite escolher qual dos participantes irá ao desafio semanal, entre outras votações do programa.

Figura 9 - Aplicativo da Sky do Reino Unido. Fonte: Broadband Bananas (2006)

7.1.2 Esportes e notícias

Esportes e notícias são um dos principais geradores de audiência da televisão e tem grande potencial para aplicações interativas, principalmente aquelas que disponibilizam mosaicos de conteúdos segmentados para exibição em vídeo com conteúdo adicional em texto.

Canais de notícias, por exemplo, podem permitir que o usuário escolha o conteúdo adicional para exibição, como aquelas notícias que ficam passando no rodapé da tela, com temas escolhidos pelo telespectador. Este tipo de assinatura de canais de temas específicos já ocorre hoje na internet e com grande penetração, são os chamados canais RSS disponibilizados por grande parte dos sites de conteúdo noticioso.

Para aplicações interativas voltadas ao esporte, além da oferta de ângulos diferentes da mesma partida, é possível haver a transmissão simultânea de várias 73

competições para eventos em que diversas modalidades são disputadas ao mesmo tempo como nas olimpíadas. Adicionalmente a imagem, as aplicações interativas são capazes de apresentar resultados de acordo com a escolha do telespectador.

A figura 10 demonstra o aplicativo do canal Televisió de Catalunya que permite ao usuário, durante o jogo poder acessar estatísticas da partida como posse de bola, escalação dos times, o perfil de todos os jogadores entre outras informações.

Figura 10 - Aplicativo do canal Televisió de Catalunya. Fonte: Broadband Bananas (2006)

A figura 11 ilustra o aplicativo da Bloomberg do Reino Unido, que permite ao usuário navegar entre as informações através do controle Remoto.

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Figura 11 -Aplicativo do canal Bloomberg do Reino Unido. Fonte: Broadband Bananas (2006)

7.1.3 Entretenimento

Assim como programas de votação, este modelo de aplicação interativa também possui grande similaridade no modelo atual de TV, porém traz um componente totalmente novo aos programas que utilizam o formato de perguntas com múltipla escolha como o antigo Show do Milhão, por exemplo.

Este tipo de programa já tem como grande componente atrativo o pressuposto que os telespectadores em casa respondem as perguntas. Com a interatividade proporcionada pela TV Digital, essa ação de resposta pode ser efetiva e gerar desdobramentos como a premiação dos telespectadores com maior número de pontos, ou até a competição entre residências.

A figura 12 demonstra o aplicativo do canal BSkyB para o programa “ Who

Wants to Be a Millionaire ?”, o qual permite que os telespectadores respondam as mesmas perguntas, seguindo as mesmas regras dos que os participantes do estúdio, inclusive com de pontos. 75

Figura 12 - Aplicativo do canal BSkyB para o programa “Who Wants to Be a Millionaire?”. Fonte: Broadband Bananas (2006)

7.2 Publicidade Interativa

7.2.1 Endereçamento

Com as informações demográficas armazenadas num servidor de publicidade de posse da emissora ou de uma empresa especializada, será possível entregar publicidade endereçada, ou seja, determinadas regiões geográficas recebem publicidade segmentada de acordo com características sócio-econômicas alvo do anunciante, gerando maior efetividade e resultado.

Este tipo de publicidade proporcionada pela TV Digital se assemelha muito a venda de publicidade que é feita atualmente quando se trata de banco de dados para mala-direta seja ela postal ou eletrônica, onde o fornecedor possui o público- alvo armazenado com características chave que permitem a realização de um filtro para que se encontre o público mais adequado ao objetivo do anunciante.

76

7.2.2 Personalização

Este formato já existe atualmente em muitas aplicações na Internet e com a

TV Digital será possível entregar publicidade personalizada para o telespectador que estiver registrado e que permitir acesso as suas informações públicas armazenadas no set-top Box.

Como através do set-top Box será possível criar um usuário para cada morador da mesma residência, é possível escrever o nome deste usuário numa peça publicitária, por exemplo, ou ainda entregar, dependendo do usuário que está registrado naquela sessão, um comercial de brinquedo caso seja uma criança ou um comercial de automóvel se for um adulto.

7.3 Serviços Interativos

7.3.1 T-Commerce

O comércio eletrônico utilizando como interface a televisão é uma das maiores mudanças proporcionadas pela TV Digital, pois cria um modelo comercial totalmente novo para as emissoras, de forma que a publicidade possa despertar o desejo de consumo do telespectador e convertê-lo quase que instantaneamente em consumidor, fazendo-o percorrer o caminho do consumo de ponta a ponta, desde o recebimento da mensagem publicitária até a conclusão da compra, que poderá ser toda ela realizada numa mesma interface interativa, sem levar o usuário para fora do ambiente da TV e sem perder a audiência pois o poder das aplicações permite a transmissão simultânea do programa juntamente a interface de compra ou até mesmo a gravação do programa para assistir posteriormente a partir do ponto desejado. 77

Além desse formato de venda, onde o usuário realiza toda a transação através da aplicação e só precisa esperar o produto adquirido chegar em sua residência, que já é tradicional na Internet, há aplicações com funcionalidades mais simples e que alcançam grandes resultados, essas aplicações em sua maioria são desenvolvidas para restaurantes com serviço de entrega em domicílio, por exemplo, onde através de uma interface interativa é possível realizar todo processo para realização do pedido, sem necessidade da interação com telefonista e com 100% de segurança, pois não há transação de dados de cartão de crédito ou algum outro dado sensível através da aplicação on-line, pois como já fazemos hoje em dia o pagamento é feito para o próprio entregador.

A figura 13 demonstra o aplicativo de coleta e registro de pedidos para a

Rede Domino’s, que permite ao usuário navegação pelo cardápio e a realização do pedido que é enviado diretamente para loja mais próxima.

Figura 13 -Aplicativo de coleta e registro de pedidos para a Rede Domino’s. Fonte: Broadband Bananas (2006). 78

7.3.2 Apostas 3

As aplicações interativas para TV Digital trazem novas oportunidades para o mercado de apostas, principalmente ao ofertar o serviço de aposta a um público totalmente novo e que normalmente não freqüentaria uma casa de apostas.

Grandes eventos esportivos tem a capacidade de gerar um volume alto de apostas e trazer um público diferenciado, que se utiliza do serviço mais por entretenimento do que pela chance de ganhar dinheiro.

Aqui no Brasil, como o tipo de aposta mais comum são as loterias federais, essas poderiam criar serviços como "Lotéricas on-line" que receberiam as apostas diretamente através de uma aplicação interativa.

A figura 14 ilustra o programa de apostas Sky Vegas Live, que conta com um aplicativo que permite os telespectadores obterem um cartão numerado que funciona como uma cartela de números para apostas.

Figura 14 - Programa de apostas Sky Vegas Live. Fonte: Broadband Bananas

3 Neste trabalho não abordamos as questões legais a respeito dos jogos no Brasil, apenas apresentamos a possibilidades mercadológicas trazidas pelas aplicações para TV Digital com finalidade em apostas, eventos esportivos e loterias. 79

7.3.3 Jogos

Os jogos utilizando como plataforma a TV Digital compõem um mercado com um potencial enorme, como tudo que diz respeito a jogos atualmente.

Independentemente da plataforma, sejam os consoles, PCs, celulares ou a TV

Digital, os jogos despertam muito interesse de grandes corporações como Microsoft e Sony, por exemplo, e fazem parte de seus principais investimentos.

Em países onde a plataforma digital de televisão já esta mais evoluída, como no Reino Unido, há empresas especializadas na produção ou adaptação de jogos para TV, como por exemplo, a Denki 4, que trabalha com o desenvolvimento de jogos para plataformas não convencionais como celulares e TV e já possui inúmeros casos de sucesso com uma grande variedade de títulos que vão desde jogos com blocos de encaixe até cenários mais complexos como Tomb Raider.

A TV Digital, assim como os telefones móveis são considerados plataformas emergentes, pois não são plataformas criadas especificamente para os jogos, porém tem a capacidade de proporcionar ao usuário uma excelente experiência de jogo.

Uma das principais vantagens dos jogos na TV Digital em relação as outras plataformas é a conveniência, pois os jogos estão disponíveis através do controle remoto, sem necessidade de discos, cabos e plugues, diferentemente dos consoles e essa característica pode atrair uma fatia significativa de público que atualmente não está envolvido no mundo dos jogos por possuir características diferentes dos usuários regulares. O público que procura pelos jogos através da TV deseja algo para se divertir de maneira fácil e divertida, diferentemente do público regular de jogos, que busca por desafios mais complexos, cenários elaborados e histórias para serem vividas na pele dos personagens.

4 Site: http://www.denki.co.uk/ 80

Canais de jogos na TV Digital possuem grande potencial de geração de renda para as emissoras, pois os jogos podem ser patrocinados por anunciantes e oferecidos gratuitamente aos telespectadores ou através de serviço pago no formato pague para jogar ou assinaturas mensais, por exemplo.

As figuras 15 e 16 ilustram um exemplo de jogo para TV Digital.

Figura 15 - Jogo “Scooby-Doo Mysteries:The Case of the Frosty Snowman” desenvolvido pela Denki para a Sky Active Fonte: Denki

Figura 16 - Jogo “Scooby-Doo Mysteries:The Case of the Frosty Snowman” desenvolvido pela Denki para a Sky Active Fonte: Denki 81

8 PLANEJANDO E PRODUZINDO CONTEÚDO

Um novo conjunto de padrões para a criação de conteúdo para a tv digital.

O planejamento e o desenvolvimento de aplicações interativas para TV digital é muito similar ao planejamento e desenvolvimento de aplicações web , no qual você desenvolve para uma plataforma específica usando protocolos e padrões definidos por um órgão ou fabricante. Alguns middlewares possuem extensões proprietárias para esses padrões, o que causa complicações ao mostrar o conteúdo entre plataformas, assim ainda acontece hoje em dia com as aplicações web entre browsers [navegadores] de PC e Macintosh ou Internet Explorer e Firefox .

Usando um conjunto comum de padrões para criar aplicações e conteúdo interativo, garante que eles possam ser transmitidos e entregues para os telespectadores que utilizam dos equipamentos que comportam esses padrões.

O consórcio brasileiro do SBTVD terá um conjunto de padrões próprios para seu middleware chamado Ginga, mas que suportará qualquer aplicação desenvolvida utilizando os padrões do Globally Executed Multimedia Home Platform

(GEM).

8.1 Padrões da Televisão

Houveram por volta de 14 (quatorze) diferentes padrões de transmissão em uso em diferentes fases do mundo. Hoje, excluindo a TV Digital, há três sistemas básicos servindo a maioria dos países:

 Nationl Television System Committee (NTSC);  Sequential Color And Memory (SECAM);  Phase Alternating Line (PAL).

82

Nos Estados Unidos, o padrão NTSC esteve estável por mais de 50 anos, e qualquer conteúdo produzido para esse padrão será compatível com todos os aparelhos de televisão da América do Norte. Na Europa, África e Ásia, o PAL é similarmente empregado.

Outros padrões da indústria incluem: The Advanced Television System

Committee (ATSC), e para televisão digital, o European Telecommunications

Standards Institute (ETSI).

8.2 Padrões da Televisão Interativa

Um das maiores forças por trás da TV Digital Interativa é a convergência das tecnologias da internet com a Televisão. Como resultado, muitos dos padrões que foram propostas nessa área são derivadas de protocolos da Internet, como o

Extensible Markup Language (XML). O consórcio americano OpenCable disponibiliza o Open Cable Application Platform (OCAP), no qual possui um sistema de apresentação baseado em um browser HTML com extensões para TV interativa.

O The Advanced Television Enhanced Forum (ATVEF) produziu um conjunto padrão de extensões HTML que foi adotada pela OpenCable, assim como alguns grandes fornecedores de software [programa de computador] como Microsoft® e

Liberate®.O OCAP e seu similar europeu do consórcio Digital Vídeo Broadcating

(DVB) chamado Multimedia Home Platform (DVB-MHP), fornecem um framework

[plataforma de conjuntos de classes e padrões de programação] comum para desenvolvimento de aplicações interativas para TV Digital.

83

8.2.1 ATVEF

O ATVEF, similar ao consórcio World Wide Web Consortium (W3C), foi formado para definir um único padrão público para produção e entrega de conteúdo interativo para televisão digital. Seu objetivo é guiar o desenvolvimento entre o conteúdo e a tecnologia, fornecendo especificações para entregar programas interativos de televisão digital para múltiplas plataformas. A produção de conteúdo interativo para TV Digital requer certa disciplina e entendimento de desenvolvimento de sistemas para a web e desktop .

8.2.2 DVB-MHP

O Digital Vídeo Broadcating , ou DVB, é um sistema de televisão digital que abrange o Multimedia Home Platform , ou MHP. O DVB-MHP, considerado como padrão Europeu, foi também adotado pela CableLabs® nos EUA.

O MHP define uma interface genérica entre aplicações interativas digitais e os terminais de acesso ( set-top box ) no qual essas aplicações são executadas. Essa interface interpreta diferentes aplicações de diferentes fornecedores e entrega nos devidos e diferentes tipos de set-top boxes com a implementação do MHP. Aqui no

Brasil teremos uma família de terminais de acesso que vão do nível mais básico de recursos até os mais avançados.

O MHP estende os padrões abertos existentes do DVB para transmissão e serviços interativos em todas as redes de transmissão, incluindo satélite, cabo, terrestre e rádio.

84

8.3 Planejando Aplicações Interativas para TVD

A chave em criar uma experiência interativa de confiança, conveniente e emocionante para a televisão digital, com certeza, está no planejamento de sua produção.

8.3.1 Considerações de planejamento

Certifique-se sempre que você sabe de antemão o que irá acontecer com o conteúdo interativo depois que ele foi criado e como esse conteúdo será usado e gerenciado. Isso irá te ajudar no processo criativo inteiro.

 Finalidade – saber a finalidade e o porquê a interatividade será melhor para o seu conteúdo. Se for um comercial interativo para TV, o mesmo está oferecendo algo em recompensa para o telespectador, e isso aumenta a satisfação e a experiência dele? A interação é conveniente?;  Tipos de Conteúdos Interativos – Considere qual tipo de interatividade é necessária. Os tipos são: documentários, programas educacionais, jogos, esportes, noticiários, previsão do tempo, t-commerce [comércio eletrônico pela televisão], novelas, sites pessoais e profissionais e é claro, publicidade e comerciais;  Tipos de recursos – Considere quais tipos de elementos você irá usar, incluindo links [elos] de Internet, legendas, formulários, elementos de sincronismo de vídeo, etc;  Formatos de Conteúdos Interativos – Pense no formato do seu conteúdo, será gravado ou ao vivo, com script [roteiro] ou sem script , no formato de TV ou no formato web ;  Reusabilidade – Considere como o seu programa pode ser utilizado e reutilizado em outros programas. Por exemplo, formulários;  Plataforma de Entrega – Escolha para qual plataforma desenvolver, caso no Brasil não haja um padrão comum, considerando sua audiência, verba, tempo e recursos; 85

 Gerenciamento e Análises – Digamos que o seu conteúdo interativo rodou com sucesso. E agora? Uma das chaves que misteriosamente nunca é mencionada no processo de planejamento é, o que acontece depois que o produto está completo? O que é necessário se o programa precisar ficar mais tempo que o planejado no ar? O que e quem são os recursos para manter o conteúdo atualizado, analisando as estatísticas ou tomando conta das transações comerciais?.

8.3.2 Diferenças entre a produção convencional e a interativa

Para garantir que o processo de planejamento salve o seu tempo, você precisará ter um conhecimento básico de algumas diferenças entre a maneira convencional de se fazer conteúdo para TV padrão e a maneira para se fazer na

Televisão Digital Interativa.

Geralmente as pessoas que se envolvem com televisão interativa trazem atitudes e práticas de trabalho de seus trabalhos anteriores, no qual quase sempre vem de televisão, produção de software e web sites . Porém, todas essas indústrias possuem práticas muito diferentes, e algumas são mais relevantes para a televisão interativa do que outras.

8.3.2.1 Produção em televisão

Há tipicamente cinco estágios para a produção de conteúdo para a televisão convencional:

 em desenvolvimento, as idéias são desenvolvidas, definidas, pesquisadas e lançado para a comissão de executivos;  em pré-produção, a estrutura do programa é definida, a equipe de produção recrutada, os orçamentos finalizados, os planos traçados, os participantes contratados, e o script e storyboard [desenho das cenas] completados; 86

 em produção, todo o material necessário para o programa é a filmagem do ;  em pós-produção, o programa finalizado é levado a ilha de edição e gráficos ou efeitos especiais são adicionados.

Há também o estágio da transmissão, mas a maioria das pessoas envolvidas na produção de programas de televisão não precisa se preocupar com isso. Do ponto de vista da equipe de produção, depois da filmagem quase sempre há pessoas e tecnologias para automatizar todo o processo.

O quadro 1 demonstra os estágios de produção em televisão.

Quadro 1- Estágios de Produção em Televisão Desenvolvimento Pré-produção Produção Pós- Transmissão Produção Atividades  Oportunidades  Cronograma de  Filmagem  Edição  Play-out apontadas Produção  Gráficos  Marketing e  Desenvolviment  Recrutamento Promoção o da Idéia  Orçamento  Apresentação para os  Storyboard executivos  Script  Pesquisa sobre a idéia  Pesquisa para o programa Fonte: GAWLINSKI (2003). Traduzido por Rafael Kiso.

O processo de produção em televisão tem sido refinado por mais de 50

(cinqüenta) anos. Refinado para fazer as tecnologias de produção mais fáceis de usar e refinado para fazer o possível para mostrar os programas no mundo todo.

Mas, acima de tudo, refinado para facilitar a criatividade.

Em produção para televisão, as maiores mudanças podem ser feitas durante o desenvolvimento, pré-produção, produção e pós-produção. Os programas, geralmente, são reconstruídos e reinventados na ilha de edição – seções podem ser 87

movidas, ações podem ser substituídas por gráficos, as vozes dubladas e os efeitos de vídeos podem ser usados para corrigir erros ou mudar significados.

8.3.2.2 Desenvolvimento de software

Todo mundo usa diferentes terminologias para os estágios envolvidos no desenvolvimento de software , mas na maioria das vezes eles são: pesquisa e desenvolvimento; especificação e design ; produção e testes; e lançamento.

O quadro 2 demonstra os estágios de desenvolvimento de software.

Quadro 2 - Estágios de Desenvolvimento de Software Pesquisa e Especificação e Produção e Teste Implantação Desenvolvimento Design Atividades  Oportunidades  Planejamento  Design Gráfico  Piloto apontadas  Especificação  Codificação  Lançamento  Desenvolvimento da Idéia  Plano do Projeto  Gerenciamento do  Suporte Técnico Projeto  Teste do conceito  Orçamento  Encerramento do  Business case  Recrutamento Projeto/Deadline

 Testes Fonte: GAWLINSKI (2003). Traduzido e complementado por Rafael Kiso.

A diferença entre o desenvolvimento de software e a produção para TV é que, uma vez que a especificação é determinada, qualquer mudança que ocorra na fase de produção e testes representa um grande impacto no cronograma, custo ou escopo do projeto. Além disso, os gerentes de projetos de software tendem a focar seu maior tempo em esclarecer e comunicar os impactos da mudança.

Isso é necessário, pois mudanças não esperadas podem significar grandes mudanças no código e a partes do projeto refeitos, ou seja, um grande desperdício de tempo de programação. Os desenvolvedores geralmente trabalham seguindo a especificação técnica e montam o código passo-a-passo. Como se fosse construir 88

uma casa. As fundações são colocadas primeiro, depois as paredes, telhado e janelas. Não há problemas se alguém quer mudar a programação das cores da parede ou janelas.

8.3.2.3 Desenvolvimento de web site

Uma versão adaptada do modelo de desenvolvimento de software é utilizada para desenvolvimento de projetos web. Geralmente os web sites são produzidos utilizando linguagens de marcação para as interfaces e linguagens orientada a objetos e scripts [linguagem de programação rodada no computador do usuário] para as regras de negócio. Isso torna o processo de mudanças mais prático. Porém, de qualquer maneira, quanto mais complexo o projeto for, mais impactos as mudanças causarão.

Qual é a atitude certa para produzir conteúdo para televisão interativa: O potencial criativo da televisão ou o rigoroso controle sob mudanças do desenvolvimento de software ?

8.3.2.4 Produção de conteúdo para televisão interativa

Aplicações para televisão interativa são desenvolvidas usando códigos de programação – e geralmente são maiores e mais complexos do que softwares convencionais. Essas aplicações podem levar meses de trabalho de múltiplos programadores.

Qualquer pessoa encarregada pela produção de aplicações interativas para

TV Digital, terá problemas se pensar que pode fazer mudanças de última hora – no estilo de produção para televisão. As atitudes de produção para televisão irão rapidamente resultar em problemas com a equipe de programação de software – e 89

os deadlines [prazos finais] não serão cumpridos. O modelo tradicional de produção de televisão não funciona. Infelizmente, o processo é mais parecido com o de desenvolvimento de software , com todas as suas etapas e ordens que isso envolve.

A maioria dos projetos para televisão interativa terá maior sucessão se usarem as técnicas de gerenciamento de projetos de software . Este capítulo destaca algumas dessas técnicas.

8.3.2.5 O mundo real

A metodologia de produção de software mostrada antes neste capítulo não corresponde a maneira com que se é produzido conteúdo e aplicações interativas para a TV Digital. No mundo real, as coisas são feitas de maneira diferente, por diversas razões. Isso inclui:

 a necessidade de economizar dinheiro reusando elementos de aplicações interativas existentes. Quase todas as empresas regularmente envolvidas na produção de aplicações interativas para a TV Digital reutilizarão códigos, gráficos, templates [formas pré-prontas] e ter a certeza de que todos os novos serviços interativos se encaixem em uma infra-estrutura existente. Esse estilo de produção em fábrica pode diminuir o tempo e o custo de todas as produções depois da primeira em quase 75% ou mais. Alguns dos estágios destacados neste capítulo podem ser omitidos, a partir do momento em que muito das atividades já tiverem sido realizadas em outra ocasião.;  a necessidade de economizar dinheiro usando ferramentas de autoria que tornam possível a possibilidade de não-programadores criarem aplicações interativas para a TV Digital. Essas ferramentas oferecem interfaces gráficas fáceis de usar para a produção de aplicações. Embora sejam muito menos flexíveis do que fazer todo o código na mão, usuário sem conhecimento técnico podem, em teoria ao menos, construir aplicações arrastando e soltando elementos na tela. Alguns dos estágios de produção destacado neste capítulo podem ser passados completamente; 90

 as pessoas têm diferentes visões sobre o que funciona melhor e acabam fazendo as coisas de maneiras diferentes. Este capítulo contém somente uma visão, para poder ajudá-lo a começar.

Igualmente a produção para televisão e o desenvolvimento de software , a produção para a televisão interativa pode ser dividida em estágios distintos, embora todos os envolvidos em televisão interativa possuam diferentes nomes para esses estágios e possivelmente os dividam de diversas maneiras ou mudam suas ordens.

Os estágios são: desenvolvimento; especificação; produção e testes; e lançamento e operação.

Cada um desses estágios pode ser subdividido novamente em um número específico de tarefas. Dependendo do tamanho da equipe, o processo todo, tipicamente, leva dentre dois a nove meses, a menos que a aplicação seja muito simples ou a equipe de produção seja hábil para criar a aplicação com ferramentas que não necessitem de programação.

O quadro 3 demonstra os estágios de desenvolvimento de aplicações interativas para TV Digital.

Quadro 3 - Estágios de Desenvolvimento de Aplicações Interativas para TV Digital Desenvolvimento Especificação Produção e Teste Lançamento e Operação Atividades  Oportunidades  Decisão das idéias  Design Gráfico  Piloto apontadas  Identificação dos  Arquitetura  Lançamento  Desenvolvimento stakeholders técnica da Idéia  Operação  Premissas  Codificação  Teste do conceito  Especificação  Gerenciamento  Briefing Técnica de Mudanças

 Plano do projeto  Gerenciamento de Prazos  Orçamento  Testes  Recrutamento

Fonte: GAWLINSKI (2003). Traduzido e complementado por Rafael Kiso. 91

O quadro 4 demonstra as principais diferenças entre produção convencional e interativa.

Quadro 4 - Principais diferenças entre Produção Convencional e Interativa Produção convencional Produção para TVD Interativa Pré-produção  Desenvolvimento do Conceito  Desenvolvimento do Conceito  Conceito da Estória  Storyboarding  Planejamento da Filmagem  Design Visual  Storyboard  Script básico dos elementos  Cronograma e Verba  Cronograma e Verba Produção  Call Sheets  Produção de Arte  Filmagem  Desenvolvimento do NCL (Brasil)  Desenvolvimento do Java (Avançado)  Testes Pós-produção  Off-line  Compilação do programa  On-line  Testes  Sweetening  Desenvolvimento dos Triggers de  Layback sincronismo  Testes  Implantação  Operação Fonte: Grochoske (2002). Traduzido e complementado por Rafael Kiso.

8.3.3 Recomendações de equipamentos

Para começar a criar aplicações interativas para TV digital, o mínimo que você precisará é um computador pessoal, um editor HTML/XML, editor gráfico, as bibliotecas e ferramentas específicas do middleware desejado.

Recomendações de hardware:  Aparelho de Televisão com um set-top box apropriado;  Computador Pessoal;  128 MB ou mais;  2GB de espaço em disco;  Conexão com a Internet.

Hardware Opcional:  Trigger Data Encoder ;  Hardware específico da plataforma: OpenTV, Liberate, Cardinal, Alticast;  Gravador de Vídeo; 92

 Modulador;  Ilha de edição.

Recomendações de Software:  Sistema de Operacional: Windows XP, Windows 2000 ou Macintosh;  Editor HTML;  Editor de gráficos.

Softwares Opcionais  Trigger Creator Software ;  Software de Desenvolvimento do Middleware .

8.4 Produzindo

É um desafio fazer as pessoas se tornarem parte de um mundo de novos comportamentos – como usar o controle remoto para comprar pizza, ou participar de um programa sentado no seu sofá. Para haver sucesso, assim como nos programas convencionais de televisão, as aplicações interativas para televisão digital precisam oferecer aos telespectadores algo que queiram ou precisem de maneira que retenha sua atenção. Esta parte foca em dois fatores chave: a usabilidade e o design gráfico.

Usabilidade é definida pela facilidade de se usar um dispositivo ou interface para uma determinada função ou motivo. Uma aplicação com boa usabilidade funciona bem, é intuitiva e transparece um senso de satisfação. Para isso são necessários diferentes tipos de estudos como, pesquisar qual é o público da aplicação e como eles usarão o serviço proposto, o que eles querem, como eles vivem a vida e o que será fácil para eles entenderem na tela de uma televisão.

A interface gráfica é definida pelos traços além da funcionalidade básica, manipulando o estilo dos gráficos, botões, etc. Um bom design gráfico ajuda um serviço se tornar emocionalmente engajado, ajuda a apontar como uma aplicação 93

deve ser usada, e ajuda a dar uma melhor experiência para o telespectador. Pense nas diferentes reações dos telespectadores para uma mesma aplicação desenhada em um estilo japonês, comparada a um estilo clássico de faroeste. Cada estilo resultará em uma experiência completamente diferente para os telespectadores.

A Usabilidade e o Design Gráfico são simbióticos. Uma aplicação interativa desenhada puramente para usabilidade podem até permitir que os usuários executem as tarefas, mas ao mesmo tempo a aplicação corre risco de os deixarem sentirem desconectados, sem envolvimento e sem um senso de simpatia. Ao mesmo exemplo que uma aplicação construída somente com uma interface gráfica em mente pode até parecer fantástico, mas ela será difícil e frustrante de se usar.

Portanto, os dois elementos precisam trabalhar juntos, nunca um contra o outro.

Como chegar a uma mistura correta dos elementos? A resposta é complexa, mas tente entrar na cabeça dos telespectadores. Isso envolve o senso comum, experiência, observação, conhecimento técnico e pesquisa. Mostraremos a seguir um pouco dessas técnicas, primeiramente olhando as considerações fundamentais da usabilidade e design para todos os dispositivos, daí examinar a experiência de assistir e usar a televisão, e finalmente sugerir um checklist [lista de checagem] prático para produção que irá funcionar basicamente bem na televisão.

8.4.1 Fundamentos da usabilidade e design

Há alguns princípios fundamentais de usabilidade e design gráfico que se aplicam a todos os dispositivos, seja televisão, celular ou computador pessoal – qualquer meio onde o ser humano interaja com uma máquina.

94

8.4.1.1 Usuários

As interfaces de maior sucesso possuem uma mesma linha: eles são construídos, sempre que possível, com referências nas necessidades e anseios do usuário.

Há ferramentas e técnicas que podem ser usadas para ajudar a observar e aprender através dos usuários ou se colocando em seus lugares. Algumas são informais e subjetivas; algumas são mais formais e científicas – alguns são caros para executar, outros são simples como conversar com alguém que usou a aplicação. Algumas ferramentas e técnicas comuns para testes de usabilidade são descritos no quadro 5.

Quadro 5 - Algumas Ferramentas e Técnicas para Pesquisa de Usabilidade

Ferramenta Explicação Card sorting Pode ser usado para ajudar a entender como os telespectadores estruturam um tópico ou problema em suas mentes. Os usuários categorizam as palavras ou conceitos escritos em cartões. Os resultados podem levar a criar a estrutura de navegação de uma aplicação. Paper prototyping Rascunhos rápidos e práticos dos aspectos de uma aplicação, focado em ajudar a clarificar os requerimentos de interface e destacar os possíveis problemas de diagramação da informação. Avaliação Heurística Avaliação de uma aplicação baseada em um conjunto específico de princípios (uma técnica conhecida como avaliação esperta é similar, porém mais aberta) Walkthroughs Predições e testes de usabilidade de uma aplicação usando-a e andando em todas as suas áreas (se perguntando quais ações os usuário deveriam fazer em diversos pontos, por exemplo). É muito utilizado filmando o usuário navegando pela aplicação. Pensar em alto Os usuários falam o que vier em sua mente durante o teste. Estudo de diário Pedir aos usuários que mantenham um diário descrevendo suas experiências de uso de uma aplicação. Freqüência de botões Gravar o número de pressionamento de botões que os usuários precisam para concluir determinada tarefa. 95

Questionários e checklists Questões ou itens sobre um problema em particular ou feedbacks [retorno] sobre o design. Pesquisa contextual e pesquisa etnográfica Observação do comportamento do usuário em um contexto real. Eye tracking Seguir o caminho percorrido pelos olhos dos usuários, no qual indicam se a ordem de percepção do usuário pelas informações na tela. Análise de Cenário Examinar como os usuários executam diferentes tarefas em um contexto e circunstância específica. Fonte: GAWLINSKI (2003). Traduzido e complementado por Rafael Kiso.

Uma metodologia chamada user-centered design coloca o usuário como centro de todas as iniciativas de design da aplicação. Isto envolve fazer perguntas, observação, testes e desenvolvimento de interatividade, construindo um produto baseado no feedback das pessoas, assim como nos insights [idéias pensamentos criativos] dos produtores. A metodologia user-centered design reconhece que mesmo a mais visionária e brilhante produção de uma aplicação interativa se beneficiará do entendimento sobre o público que está se querendo atingir.

8.4.1.2 Velocidade de resposta

De acordo com uma pesquisa clássica dos anos 60 (sessenta), no qual ainda é relevante hoje, Robert Miller procurou os efeitos causados nos usuários através de diversos tempos de resposta em uma aplicação de computador (tempo de resposta que leva para chegar ao resultado esperado depois de apertar um botão ou tecla). Ele descobriu que, na média, a resposta precisa ser:

 menos que 0.1 (zero ponto hum) segundos, para que os usuários sintam que o sistema está reagindo instantaneamente e sintam que estão manipulando os eventos diretamente;  menos de um segundo, para que os usuários passem pelos processos sem interrupção. Isto é, o atraso será percebido, mas não irá interferir no sentimento de trabalhar direto na aplicação; 96

 menos que dez segundos, para que os usuários mantenham sua atenção no que está se carregando. Quaisquer segundo a mais e os usuários irão fazer outra coisa enquanto esperam.

Os tempos de resposta são particularmente relevantes para a televisão interativa, porque as telas geralmente precisam ser baixadas ou processadas pelo set-top box , e os telespectadores tem que esperar para que eles apareçam na tv. O ideal é manter o tempo de resposta menor que hum segundo. Os produtores de aplicações interativas para TV Digital estão na posição para reduzir o tempo de resposta das aplicações que estão construindo, achando maneiras de reduzir, além de outras coisas, a complexidade das imagens e a quantidade de informações necessárias para serem processadas. Alternativamente, algum conteúdo pode ser colocado na tela para divertir ou distrair o telespectador, enquanto ele espera, ou, serviços podem ser mostrados no Picture-in-Picture (PIP), para que eles possam ficar assistindo enquanto o conteúdo central é carregado.

Tempos de resposta acima de dez segundos são particularmente perigosos no ambiente televisivo, porque há tantas outras atrações que podem levar o telespectador a outro canal.

8.4.1.2.1 O processador dos terminais de acesso e a velocidade de conexão

A maioria dos dispositivos possui um processador similar ao Pentium

133Mhz. Os set-top boxes mais avançadas possuem melhores processadores e mais memórias. Uma conexão com a Internet, tipicamente usados como canal de retorno para entregar conteúdo ou enviar respostas, normalmente consiste de uma conexão ADSL ou, no caso do Brasil e em definição, a utilização do WiMax 700. 97

Dependendo da largura da banda, os dados podem demorar a serem carregados e, portanto, merece a nossa atenção para a criação de aplicações que rode em maior parte das circunstâncias. Os telespectadores com certeza sairão da programação se o tempo de carregamento for grande. Aqui estão algumas das regras importantes para otimização do conteúdo:

 uma única página de conteúdo não pode ser maior que 30K;  utilize imagens compactas como GIF, JPG e PNG;  evite usar animações. Alguns middlewares estrangeiros possuem suporte ao Adobe Flash, mas o middleware brasileiro ainda não. Portanto evite criar ambientes animados e efeitos visuais intensos com máscaras ou alpha .

Considere a utilização de frames [quadros] quando construir páginas para evitar que o conteúdo se recarregue com os mesmos elementos.

8.4.1.3 Simplicidade

Seja qual for o dispositivo, quanto mais simples forem, mais as pessoas serão adeptas e gostarão de usar – enquanto atender suas principais necessidades.

O recente sucesso da Apple comprova isso, no qual todas as suas recentes criações são simples e fáceis de entender. O Google é outro exemplo disso, com sua interface simples e de rápido carregamento para as requisições dos usuários. Com todos esses exemplos de simplicidade, os usuários poderão ter o que querem, de forma rápida, fácil e sem ter que uma capacidade cognitiva para decifrar uma interface. As figuras 17 e 18 ilustram a simplicidade aplicada nas aplicações interativas. 98

Figura 17 - UK SKY - Celebrity Big Brother 2002 & Four Active Fonte: Broadband Bananas (2006).

Figura 18 - UK BBCI SKY - Test the Nation - National Relationship Test Fonte: Broadband Bananas (2006).

A necessidade pela simplicidade é dobrada quando é o caso da televisão interativa. A maioria das pessoas usa apenas alguns botões no controle remoto – canal pra cima e pra baixo, volume pra cima e pra baixo, o os botões de números.

Estes sempre funcionaram como esperado e não são difíceis de se familiarizar.

Similarmente, os programas de televisão tendem a usar imagens grandes na tela e que vão direto ao ponto. E quando é usada a narração do apresentador no momento daquela imagem, eles tendem a falar claramente e manter a mensagem de forma simples.

O desafia para a televisão interativa é trabalhar com esse ambiente, onde a simplicidade é a norma e onde novas maneiras de fazer as coisas podem até ser temidas. Um estudo do United Kingdom Independent Television Commission em

2001 descobriu que as pessoas enxergam a televisão interativa como algo mais 99

complexo do que computadores e vídeo cassetes – mesmo que seja totalmente contrário.

Uma boa maneira de manter uma aplicação interativa para TV Digital de forma simples, é evitar recursos extras no qual a maioria das pessoas não quer ou necessitam. Considere quais são as principais funcionalidades e garanta sua disponibilidade na aplicação. Gaste tempo pensando em como tornar essas funcionalidades mais fáceis de se usar. Se uma funcionalidade avançada para uma minoria de usuários precisa ser incluída, vale a pena procurar maneiras de apresentar essa funcionalidade de alguma maneira que não interfira na proposta principal da aplicação.

8.4.2 Considerações do aparelho de TV

A resolução da tela de um computador é ajustável, desde 640px x 480px até resoluções como 1280px x 1024px. As dimensões e a visibilidade da tela, assim como a resolução da tela de um computador é flexível, limitada somente pelo seu hardware.

Em contraste, a resolução padrão de uma televisão é limitada pelo sinal que ela recebe. A resolução de TVs analógicas NTSC são sempre 640px x 480px, isso assegura que um programa esteja dimensionado corretamente dentro do sinal alocado. A resolução horizontal de 640 (seiscentos e quarenta) pixels necessita de

525 (quinhentos e vinte e cinco) linhas para transmitir o sinal da TV (483 linhas para uma imagem visível, e 42 linhas para o Vertical Blanking Interval (VBI) – onde closed-captioning e triggers interativos são escritos). Esse padrão de resolução também se encaixa na dimensão 4:3 (quaro por três) usada para vídeos a 30 (trinta) 100

fps. A resolução PAL possui mais informações por frame (625 linhas) e roda a 25

(vinte e cinco) quadros por segundo (fps).

Comparado a padrões de televisão (NTSC e PAL), o High Definition

Television (HDTV) possui o dobro de definição – verticalmente e horizontalmente – e

é 25 (vinte e cinco) por cento maior. A dimensão do HDTV é de 16:9 (dezesseis por nove). A relação de 16:9 (dezesseis por nove) é muito mais próxima da média das imagens widescreen mostradas em cinemas. A maior diferença, e o grande apelo do

HDTV, é a sua definição de imagem. O quadro 6 demonstra a comparação das telas.

Quadro 6 - Comparação das telas

SISTEMA NTSC PAL HDTV Aspect Ratio 4:3 4:3 16:9 Resolução ( pixels ) 640 x 480 720 x 576 1920 x 1080 Linhas Totais (por frame / Field rate Hz) 525/60 625/50 1125/60 Frame rate (por segundo) 30 25 24 Fonte: Grochoske (2002). Traduzido por Rafael Kiso.

Enquanto é possível ver as linhas que geram a imagem padrão da televisão, as linhas do HDTV não são notadas (veja a figura 19). A definição do HDTV contem

5 (cinco) vezes mais informações do que o Standard Definition Television (SDTV) e

é acompanhada de múltiplos canais e qualidade de som.

Essas diferenças de resolução também são relevantes para a distância da tela no qual o conteúdo é visualizado. Em computadores chegamos à média de 0,3 –

1 metro de distância, enquanto que na televisão chegamos à média de 3,5 metros.

101

1m – 3 0.

Figura 19 - Comparação da distância das telas.

A distância entre o rosto dos telespectadores e a tela da TV é tipicamente de

2 a 3,5 metros, como vimos acima, porém para crianças essa média diminui, pois elas tendem a sentarem perto da TV. Isso significa que as telas de TV geralmente possuem menos área em nossa retina do que um monitor de computador. Atividades em paralelo no ambiente da sala de TV irá facilmente distrair os telespectadores e o conteúdo na TV terá que ser mais bem trabalhado para manter a atenção deles. Há diversos truques que podem ser usados para sustentar a atenção do telespectador:

 Usando cores, sons, imagens de alto impacto e movimentos para atrair e manter a atenção – sem sair da principal proposta ou funcionalidade. Os sons, em particular, podem adicionar um impacto tremendo para a experiência do usuário;  Tenha certeza de que a interface não esteja poluída. Deverá haver somente uma área de foco e/ou uma clara ordenação dos elementos, que façam os olhos dos telespectadores acompanharem. O número de elementos na tela deve ser reduzido ao extremo;  Fontes e gráfico precisam ser limpas e grandes;  Material escrito deve ser quebrado em pequenas partes, com bastante espaço entre as linhas.

102

8.4.3 Dimensões da tela da televisão

O desafio em desenhar aplicações interativas para TV Digital está em encaixar toda a informação que você quer dentro das dimensões da tela. Visto que alguns serviços não suportam scroll [rolagem], é essencial que o conteúdo caiba dentro da área de design . Adicionalmente, os fornecedores de middleware possuem suas próprias dimensões específicas para seguirmos.

Seguindo as regras a seguir, o seu conteúdo poderá encaixar em todas as plataformas:

 evite usar gráficos e layouts que requer wide screen para mostrar de forma correta;  se o seu conteúdo for um site , faça-o para utilizar 544 (quinhentos e quarenta e quatro) pixels horizontais. Os sistemas norte americano (usando o padrão NTSC) tipicamente mostram páginas web em um espaço fixo de 590px x 380px. As páginas podem ter scroll vertical (mas não horizontal). Os elementos das páginas devem ser colocados levando em consideração essas premissas;  tente fazer conteúdos dentro das dimensões mínimas da tela. Os telespectadores podem achar frustrante ter que rolar o conteúdo para achar o resto das informações;  escolha um layout que não tenha a largura fixada, mas que ela seja em porcentagem e se adapte automaticamente se necessário. Isso garante que não haja espaços sobrando na tela;  tenha cuidado com efeitos como “ Blur ”, pois na TV (comparado com o monitor de um computador) fica bem mais embaçado;  evite encaixar informações críticas, como links ou elementos de navegação, em imagens pequenas.

103

8.4.3.1 Aspect ratio

O NTSC e o PAL, ou o padrão de vídeo que você vê na sua TV, é construído usando 4:3 pixel ratio . Isso significa que para cada quatro pixels horizontais, há três pixels verticais. Se você quer construir seu conteúdo em uma dimensão maior, 16:9, para fazer parecer mais como no cinema, você precisará cortar as bordas quando for passar em um formato de vídeo menor, ou coloque barras pretas no topo e no rodapé do vídeo.

Para evitar distorção do sinal de TV, o NTSC/PAL 4:3 deve ser honrado. Se você está criando conteúdo para HDTV, então o 16:9 deve ser usado. A figura 20 ilustra a comparação entre os formatos 4:3 e 16:9 e a figura 21 ilustra o tamanho dos textos como uma medida de pixels versus altura da tela.

Figura 20 - Comparação de aspect ratio e resolução de tela. Observe: a resolução de tela do PAL é um pouco maior do que a NTSC. Fonte: Eletronic Pictures Corp.

104

Figura 21 - Ilustra o tamanho dos textos como uma medida de pixels versus altura da tela Fonte: Nokia Corporation

8.4.4 Áreas seguras para título na iTV

A imagem visível em um monitor de computador preenche toda a tela, portanto mesmo quando um filme é passado em full screen [tela cheia], a imagem inteira é visível. Na televisão, aproximadamente 10 (dez) a 20 (vinte) por cento da imagem da televisão é perdida por causa de seu overscan . Enquanto essa porcentagem varia de TV para TV, há um conjunto padrão de duas guias no qual podemos usar para garantir que as partes importantes do vídeo permaneçam visíveis em qualquer televisão. A linha de fora é chamada de Action Safe . Ações importantes deverão ficar dentro dessa área. A linha de dentro é chamada de Title

Safe . Qualquer texto na tela deverá ficar dentro dessa área. 105

Em produção de televisão, as áreas Action Safe e o Title Safe precisam ser consideradas quando o vídeo tiver elementos interativos. É recomendado que uma margem de 16 (dezesseis) pixels seja considerada em torno do conteúdo, isso garante que as TVs mais antigas que possuem os cantos arredondados não cortem partes importantes do conteúdo.

Observe que, na figura 22, os elementos importantes da interface ficam dentro da área segura para garantir aos telespectadores que sua televisão não esconderá nenhuma informação.

Figura 22- Diagrama de Áreas Seguras praticado pela SpinTV. Fonte: SpinTV

8.4.5 Fontes e textos

Sabendo que as dimensões da tela de TV e do tamanho das salas variam, não há padrões de tamanho de fonte para usar na TV. Como regra geral, entretanto, devemos usar fontes que podem ser lidas a uma distância média de 2,4 (dois vírgula quatro) metros enquanto estiver vendo uma TV de 21 (vinte e hum) a 29 (vinte e nove) polegadas. Geralmente jogos usam fontes menores pelo fato das pessoas sentarem perto da TV enquanto jogam. 106

Para considerações de cores em textos, lembre-se que textos claros em fundos escuros são muito mais visíveis na TV. O contraste entre o fundo escuro e o texto claro facilita aos nossos olhos lerem e o texto ficará mais nítido na tela.

A escolha da fonte é também uma consideração muito importante para garantir que sua aplicação seja legível. Há diversas fontes amigáveis para escolher.

O Verdana, por exemplo, foi criado pela Microsoft para renderizar melhor em bitmaps em qualquer resolução, o que o torna legível em telas menores também.

Uma das fontes mais populares para interfaces é a Geneva. Devemos evitar também fontes que possuam traços muito finos, elas tendem a ficarem quebradas no vídeo.

As fontes Sans Serif são melhores mostradas em telas de TV do que as fontes Serif.

As fontes serif tendem a perder seus detalhes nas telas que não possuem tanta definição como os monitores de computador.

Para os conteúdos web na TV, a maneira como eles aparecem na TV são controlados por elementos de formatação nos próprios elementos ou usando um

Cascading Style Sheets (CSS) externo (Caso a versão do HTML do seu set-top box suporte CSS). Alguns sistemas de iTV fazem a conversão do conteúdo HTML em um servidor especializado, no set-top box , ou através da combinação dos dois. Essa conversão envolve a substituição das fontes para uma fonte maior e mais legível, tentando manter o look and feel mais próximo do original quando possível.

A sucessão desse processo varia amplamente em termos de ‘escala’ e

‘organização’ do texto pelo sistema da iTV. Quando o ajuste de escala do texto é feito pelo sistema da iTV, o texto é renderizado em uma fonte equivalente a 18

(dezoito) pontos Helvetica. Bons tamanhos para transmissão de TV estão entre 16

(dezesseis) a 20 (vinte) pontos. Utilize a fonte Sans Serif com opções como crisp e 107

anti-alias para evitar pontas quebradas. Evite linhas finas ou sublinhamento nos textos, eles poderão passar despercebidos.

Tenha cuidado também com a reorganização que os sistema da iTV fazem.

Quando a reorganização acontecer, o sistema da iTV quebra os textos para que eles caibam dentro da área de segurança, e literalmente apertam o texto também. Por essa razão, quebras de linha fixadas podem ser mais difíceis de ler. Mais do que isso, a partir do momento que o texto for mostrado em uma fonte maior, os textos em colunas mais finas aparecerão ruins, somente com uma ou duas palavras por linha.

8.4.6 Peso das linhas na TVs de tubo

Uma única linha do vídeo é na verdade constituída de duas linhas de escaneamento. Por causo disso, uma linha horizontal de um ponto ou menos irá tremer no vídeo. É visível naqueles aparelhos que escaneam as linhas e desaparecem na próxima. Portanto, todas as linhas horizontais precisam estar com no mínimo 2 (dois) pontos ou mais para aparecerem corretamente. Linhas verticais perto do extremo da tele tendem a vibrar.

8.4.7 Gráficos na TV

O uso de gráficos deve seguir as mesmas regras de cores, fonte e linhas. As imagens devem ser dimensionadas para encaixar dentro das limitações da tela da

TV.

 Desenvolva imagens a 72 dots per inch (dpi);  Evite criar imagens com detalhes muito pequenos, elas tendem a ficar embaçadas na tela da TV;  Texturas e linhas muito finas tendem a tremer, especialmente se o contraste estiver alto; 108

 Evite arquivos muito compressados;  Imagens cortadas e divididas precisam ter a formatação apropriada em HTML para serem mostradas de forma correta.

8.4.8 Navegando na TV digital

Quando desenvolvemos conteúdo interativo, é importante criar os controles de navegação que sejam intuitivos e fáceis de usar. Não presuma que o telespectador irá entender as suas opções de navegação, até mesmo porque muitos deles não terão experiência com a utilização de interatividade pelo computador e muito menos pela TV.

A navegação em aplicações interativas para TV Digital é similar a de uma página web . Os usuários navegam entre links , formulários e funções usando o controle remoto ou um teclado sem fio, veja na figura 6.

 navegação é limitada; não há mouse , o que significa que não há a funcionalidade do botão direito;  os links devem seguir a seguinte ordenação: da esquerda para direito, de cima para baixo;  itens selecionados devem ficar destacados visualmente (lembre-se da regra da distância);  muitas informações ou conteúdos acabam escondendo a navegação (siga o princípio de sempre manter tudo de forma simples).

Para funcionar bem, a navegação interativa deve passar pelo teste ‘trauma intra-ocular’ – isso significa que é necessário ser tão obvio que a navegação atinja os olhos do telespectador. Há diversas maneiras que garantir que isso ocorra:

 Os links devem ser convertidos para uma forma proeminente quando selecionados. A prática comum é destacar cada link com uma borda amarela 109

a cada movimento na navegação, sempre usando a seqüência lógica de navegação entre eles;  Quando o usuário mover para a esquerda, direita, cima ou baixo, deve haver uma hierarquia de seleção automática baseada em como os seus elementos são colocados na tela. Por exemplo, se você tiver uma barra de menu com 4 (quatro) botões começando da esquerda para a direita;  Instruções em forma de textos curtos podem ser colocadas na tela, explicando o que os telespectadores precisam fazer. Não espere que eles irão até a seção de ajuda para descobrir como navegar. Eles podem nem saber como selecionar o link de ajuda, ao menos que haja um texto explicativo na tela. E ainda assim, a maioria das pessoas não fazer o menos esforço para ler textos de ajuda – mesmo que precisem;  Partes importantes da navegação precisam estar logicamente posicionadas. Por exemplo, muitas aplicações usam setas na tela para ajudar os telespectadores entenderem que eles precisam apertar o botão de seta no controle para obter mais informações. Se as setas não forem posicionadas perto da parte da tela que o telespectador está olhando, eles terão menos chance de criar um link cognitivo entre a tela e as setas que darão mais informação a eles. A figura 23 demonstra a utilização das setas para orientar a navegação;  Ícones abstratos devem ser evitados. Por exemplo, os telespectadores podem não conseguir interpretar que uma mão com um dedo indicador significa que eles precisam apertar uma seta no controle remoto para mais informações. Ícones só os ajudam quando tiverem uma similaridade visual com o botão do controle remoto;  Criar uma navegação usando os botões de números pode funcionar bem. Os telespectadores pressionam um número para ir a uma opção em particular. Esse modelo é familiar para eles, pois já estão acostumados com os números para ir a um canal específico;  Minimize o número de botões a serem pressionados. Usando o controle remoto para a seleção pode ser uma atividade estressante, comparado a utilização de um mouse no qual você aponta e clica. Ao invés de uma única ação, na televisão o apontamento se torna uma seqüência de ações que tem que ser planejada e monitorada com muito mais aprofundamento; 110

 Antecipe a próxima escolha do usuário quando eles estão navegando entre páginas e pré-selecione uma opção ou destaque uma posição pra eles;  O número de movimentos entre diferentes botões do controle remoto deve ser limitado. Quanto mais botões são necessários, mais os usuários têm que tirar os olhos da TV para olhar para o controle, e, portanto, mais esforço por parte dele será necessário;  O controle remoto pode trazer dificuldade aos telespectadores na operação de scroll . Eles podem achar esse modelo vindo do computador confuso. Páginas que aparecem em seqüência, são mais familiares para os telespectadores, já que esse é o estilo de apresentação convencional dos programas de televisão, conforme demonstrada na figura 24;  Evite modelos de navegação usados em computador ou Internet, como menu drop-down , no qual os telespectadores pode nunca ter visto antes. Ainda mais contando que o principal objetivo da TV Digital no Brasil é a inclusão digital daquelas pessoas que nunca tiveram um contato com um computador e muito menos com a Internet;  Evite ter redundância ou muitos planos de navegação, por exemplo, somente um botão pra cima e outro para baixo será muito mais fácil de se usar e entender, do que ter diversas maneiras de chegar a um mesmo lugar, usando diversos botões.

Figura 23 - UK SKY - Studio Disney on Sky Digital Fonte: Broadband Bananas (2006).

111

Figura 24 - UK freeview - Teletext TV Navigator on Freeview Fonte: Broadband Bananas (2006).

Há diversas maneiras que você controlar o foco navegacional dos elementos, usando JavaScript ou LUA, no caso do middleware brasileiro (formatador declarativo MAESTRO). Primeiro, configure o foco automático em um botão para quando o conteúdo se carregar pela primeira vez. Segundo, use um Trigger ATVEF que ative o script em um determinado momento durante o programa de televisão.

Por exemplo, conforme o narrador está anunciando os resultados de um jogo, um operador de iTV pode enviar um Trigger ATVEF e ao mesmo tempo instanciar o disparo de uma função JavaScript ou LUA, resultando em um foco no botão de resultados do jogo para que o usuário aperte o botão e acesse os últimas informações de resultados. Conforme figura 25. 112

Figura 25- Destaque em navegação. Fonte: SpinTV

8.4.8.1 Scroll na TV

Alguns serviços interativos não suportam páginas com scroll . Como conseqüência, se o conteúdo ultrapassar os limites visíveis da tela da TV, aquele conteúdo se tornará inacessível para o telespectador/usuário. É importante pensar na linearidade quando for desenvolver web site e aplicações interativas para a TV

Digital. Você deve colocar elementos de navegação como setas para frente e para trás que naveguem como um slide show para resolver esse problema.

De acordo com o International Informatics Institute (2005), note que, comparado a web , 90 (noventa) por cento das pessoas não utilizam o scroll .

Somente 10 (dez) por cento dos usuários lêem inteiramente a informação.

113

8.4.8.2 Entrada de texto

A entrada de texto pelo controle remoto é uma tarefa tediosa. Embora algumas plataformas forneçam teclados, estamos falando de uma parcela ínfima dos clientes – e, mesmo que todos os usuários tivessem um teclado, não podemos assumir que todos eles queiram usá-lo. Você gostaria de ter um teclado em cima da sua mesa ou joelhos enquanto está jantando?

É possível entrar com textos pelo controle remoto da mesma maneira que enviamos um Short Message Service (SMS) por celular. Através dos botões de números, podemos ter letras em seqüência. Outra forma de criar uma entrada de texto é mostrando um mini-teclado na tela para que o usuário navegue pelas letras, como em jogos de consoles. De qualquer maneira, ambas as opções consomem tempo e são chatas. Uma aplicação para televisão interativa que requer muita entrada de texto (nome completo e endereço, por exemplo) pode descobrir que somente os jovens o usem. Se você realmente tiver que obter o endereço do usuário, é melhor pedir somente o CEP, daí procurar pelo endereço completo nos correios. Ou uma opção pode ser pedir as informações completas somente quando o usuário estiver disponível para informar, que por sua vez é uma prática recém usada na Internet.

8.4.8.3 Feedback

Os controles remotos são usados de alguma distância da televisão.

Portanto, é muito importante haver alguma confirmação que instrui o usuário que sua ação foi recebida e entendida. O ideal é haver algum tipo de sinal na tela ou som, como um click [clique] de 0,1 (zero vírgula hum) segundo a cada vez que um botão é pressionado no controle remoto. 114

Se houver um atraso considerável na resposta da aplicação após a ação do usuário, é importante enviar um sinal para ele avisando que o mesmo deve aguardar mais alguns instantes. Se de alguma forma a aplicação não responder em menos de dez segundos, considere a possibilidade de colocar algo na tela que ambos distraia e informe o tempo restante de carregamento para o usuário enquanto ele aguarda.

Quando estiver criando o design da navegação, considere a possibilidade de colocar uma rota de fuga ou uma navegação permanente que leve o usuário a qualquer lugar da aplicação de onde ele estiver, assim como nos sites para a web .

8.4.9 Triggers

Um trecho do livro “ Producing Interactive Television ” da autora Annesa

Hartman, descreve melhor que são triggers .

“Triggers são componentes de sincronização do seu programa de TV. Eles são

eventos em tempo-real que ocorrem antes ou durante um programa interativo e podem ser

disparados automaticamente ou sem a confirmação do telespectador/usuário.“ (HARTMAN

apud GAWLINSKI, 2003. Traduzido por Rafael Kiso)

Os triggers geralmente:

 Convidam o telespectador com chamadas ou ícones ‘interatividade’ (requerem a ação do usuário);  Iniciam novos vídeos sobre o vídeo original e após acabar o novo vídeo, o vídeo original volta a passar de onde parou (geralmente é um trigger disparado automaticamente);  Introduzem novos elementos interativos durante o programa, como um quiz (pode ser automático ou confirmado pelo usuário)

Triggers que convidam o usuário a interagir contém uma Universal Resource

Locator (URL), entre outros dados, que especificam o local dos elementos a serem 115

chamados. Triggers são disponíveis durante a execução de um programa através de funções JavaScript ou LUA. Esses scripts podem, por exemplo, dinamicamente mudar o valor de um índice de mercado.

O processo do Trigger envolve três partes: criação das triggers , sequenciamento das triggers e encapsulação das triggers na programação. As triggers são fáceis de criar e entregar usando ferramentas como um Mixed Signals

TV Link Creator e alguns hardwares relacionados, como o TwoWayTV Ark System.

8.4.10 Regras de desenvolvimento cross-platform

Os browsers estão indo cada vez mais além do PC, estão indo para a TV,

PDAs, celulares, e isso requer um desenvolvimento que funciona entre essas plataformas. Convergência (Acesso ao conteúdo web de diferentes aplicações de

Internet) se torna o principal fator em desenvolvimento, ela só pode ser estabilizada quando as divergências fundamentais entre o PC e outras aplicações de Internet forem levados em conta. O quadro 7 compara as questões de desenvolvimento de aplicações entre o PC e a TV.

Quadro 7 - Entendendo o Usuário Audiência Uso ou Atitude Lugar e Conhecimentos Navegação Apresenta- Objetivos Postura requeridos ção PC Uma pessoa Trabalho, busca Ativo e Em casa ou Conhecimentos Teclado Informação de 10 a 60 de informações. orientado trabalho, básicos de Mouse ou arquivada ou anos a um sentado em computador outros em tempo real objetivo uma dispositivos cadeira de perto do apontamento. monitor. TV Múltiplos Notícias, Relaxado, Em casa, Nenhum Controle Informação telespectador entretenimento. passivo e sentado em Remoto (sem arquivada ou es, classes convenien um sofá na dispositivo de em tempo misturadas, te. sala. apontamento), real. todas as teclado idades. opcional. Fonte: Grochoske (2002). Traduzido por Rafael Kiso. 116

9 CONCLUSÃO

É notório que a TV Digital chega para ficar, pois surge através de uma iniciativa governamental, oficializada em decreto presidencial para atender uma renovação tecnológica que vem ocorrendo no mundo todo e com benefícios para todas as camadas da população.

A chegada da TV Digital para substituir a TV Analógica, neste mercado já consolidado, tão importante e de tanta influência na vida das pessoas, causará um grande impacto em toda a cadeia envolvida na indústria televisiva irá causar mudanças e quebra de paradigmas em todas as camadas, desde a produção de conteúdo de programas ou de mídia publicitária, passando pela transmissão, até atingir o público telespectador, que será o juiz e determinará quais as iniciativas que terão sucesso ou não.

Através de suas características, que integram uma série de tecnologias, a implantação da TV Digital oferece para o Brasil uma grande oportunidade de ganhar espaço mundial na área de ciência e tecnologia, pois o Sistema Brasileiro de

Televisão Digital (SBTVD), com suas características específicas propostas, surge como o mais avançado do mundo em termos de capacitação tecnológica, permitindo a oferta de serviços governamentais, entretenimento, publicidade e uma série de novos modelos de negócios possíveis não somente para emissoras, mas também para agências, anunciantes, produtoras e empresas de tecnologia. 117

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120

APÊNDICE A - Artigo “T-commerce: compras na TV com o controle remoto”

Disponível em: < http://webinsider.uol.com.br/index.php/2006/06/25/t-commerce- comprando-na-tv-com-o-controle-remoto/>

25 de junho de 2006, 14:35 – Webinsider

A idéia de usar o controle remoto na TV digital interativa para compras é uma possibilidade próxima, se superados alguns impedimentos que não têm a ver exatamente com tecnologia.

Por Rafael Kiso

O controle remoto será o próximo grande alvo para o varejo. Muitos canais de compras já estão testando a tecnologia que permite que os telespectadores comprem sem sair do sofá. É o t-commerce (de television commerce), que já poderá estar disponível em algumas televisões a cabo e satélite ainda neste ano.

O t-commerce é mais um passo do e-commerce. Com o advento da TV digital poderemos comprar também usando o controle remoto, assim como compramos com o mouse? São dois meios de compra que se complementam e não se “canibalizam”. O nosso comportamento está mudando; quem já compra em casa através da internet e catálogos, também usará o t- commerce, espera-se.

Mesmo com a internet, as pessoas em casa não deixam de fazer pedidos pelo telefone. Por outro lado, o t-commerce tem chances de substituir pedidos via telefone.

Segurança

Muitos consumidores irão preferir a segurança percebida no uso da TV do que usar o telefone para comprar. Há quem não confie na internet, diante de tantas notícias de invasões e fraudes. A TV dá uma impressão de maior segurança (o que pode ser uma falsa impressão). Até chegarmos ao ponto do t-commerce fazer parte de nosso cotidiano, as leis, a tecnologia e outros quesitos já estarão mais avançados, a ponto de garantir maior segurança sobre a transação (espera-se novamente). As lojas também estão se profissionalizando cada vez mais e procuram oferecer novos meios de pagamento e logística.

Não é fantasia; o t-commerce já está chegando. Já temos algumas aplicações funcionando hoje, como o Internet Banking do Bradesco na DirecTV, por exemplo. Ainda não é uma aplicação transmitida e trafegada por um padrão de TV digital, mas tem a essência do t- commerce.

Assim como o e-commerce já emplacou definitivamente, o t-commerce também terá a sua vez quando for realmente homologado o padrão de TV digital a ser adotado no Brasil. É importante salientar que a demora não é somente um fator ruim; analisando pelo lado positivo, significa que o governo pesquisa e tenta escolher a solução mais promissora para o país. Estamos perto da escolha apoiada pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, o padrão japonês. Além de o Japão nos conceder um financiamento maior do que seus concorrentes, eles nos passarão a tecnologia dos conversores e teremos isenção de royalties. O 121

padrão americano não possui suporte a transmissão de imagens para carros e celulares e a negociação é menos favorável.

Definido o padrão, o importante é que a TV digital seja simples, para que os telespectadores não encontrem dificuldades em comprar. Se for fácil apertar botões para comprar, será uma solução mais rápida do que o telefone. Além de manter uma vantagem presente na internet, que dispensa o contato verbal com o outro lado.

Transformando produtos em conteúdo

Mas o grande desafio do varejo e dos programas de entretenimento é inserir o produto a ser vendido na televisão como conteúdo e não mais como comercial publicitário. A grande revolução para a publicidade na TV digital é que o usuário poderá escolher se deseja ver ou não propagandas em sua programação. Isto muda o panorama.

A participação das operadoras de cabo e satélite é extremamente necessária para entregar a tecnologia interativa para o t-commerce. As mensalidades para permitir esta facilidade ainda não foram negociadas. Algumas expressam interesse em t-commerce, mas estão deixando as redes tomarem a liderança enquanto concentram sua prioridade em recursos interativos.

Certamente para conseguir chegar a essa nova realidade, precisamos primeiro introduzir outros tipos de recursos interativos de interesse da maioria da população, como ver e-mails e criar programação personalizada, entre outros atrativos.

Alguns experts americanos duvidam da propagação do t-commerce. O mercado potencial está limitado ao número de casas que possuem TV por satélite ou cabo digital e no Brasil ainda está engatinhando a TV por satélite.

Outro ponto importante é que a tecnologia ainda não possui um padrão comum. Inicialmente variará entre satélite, rede ou cabo. Todo mundo pode ir a um site de comércio, como o Submarino, independente do computador que usa, do sistema operacional ou do navegador escolhido. Mas a tecnologia t-commerce depende do suporte das operadoras de cabo ou satélite, que não será a mesma na DirecTV e na Vivax, por exemplo. Os lojistas de t- commerce ainda terão que garantir a privacidade e a segurança das transações.

Outro problema será a quantidade de controles remotos em casa, considerando que quase ninguém possui um controle universal. Já chegaremos ao ponto de termos quatro ou cinco controles. Qual será utilizado para a TV digital? Na maioria das vezes nem sabemos para que servem tantos botões. [Webinsider] 122

APÊNDICE B - Artigo “Interatividade na TV Digital. Será que ela mudará a forma de assistirmos TV?”

Disponível em: < http://blog.focusnetworks.com.br/2006/11/14/interatividade-na-tv- digital-sera-que-ela-mudara-a-forma-de-assistirmos-tv%e2%80%9d/>

Outubro de 2006 – Blog Focusnetworks

O conceito de interatividade na TV ainda causa certa confusão, pois Interatividade é um termo relativo e interpretado pelos indivíduos de acordo com suas experiências. Por exemplo, quem é usuário de Internet ou Games, tem um conceito de interatividade mais ativo que permite interferência no rumo dos acontecimentos do que aquela pessoa mais acostumada com a interação existente nos programas de TV atuais, como Big Brother e outros que fazem uso da votação e realizam uma interatividade limitada.

Uma dos principais atributos da TV Digital é possibilitar a convergência, de forma que a TV seja equipada com periférico como teclado, ou controles remoto especiais e seja capaz de oferecer ao usuário uma experiência interativa semelhante a obtida hoje com a Internet, porém para que esta conversão realmente ocorra, devemos analisar com bastante atenção as questões comportamentais relacionadas a utilização que já é feita hoje da TV, quando comparada ao computador pessoal.

Atualmente a televisão é assistida pela maioria de maneira passiva e por tantos outros como companhia para amenizar a solidão (CPqD, 2001).

Mesmo com a mudança de cenário que deve ocorrer com a chegada da geração nascida nos tempos da internet e provavelmente mais aberta a utilização da TV de uma forma mais interativa, nós devemos observar que o computador é um objeto pessoal.

Mesmo quando utilizado por toda família, o momento de utilização do computador, seja para trabalho, estudo ou lazer é um momento particular e isso torna a experiência do usuário com o computador muito diferente daquela obtida com a televisão, que normalmente é vista para distração, bem relaxado no sofá quando se está sozinho, como entretenimento com várias pessoas como telespectadores no mesmo ambiente.

Imagino que a experiência interativa na TV Digital deverá seguir um caminho próprio e diferenciado de todas as experiências existentes hoje em outras mídias, pois sua utilização possui peculiaridades que devem ser respeitadas para que se mantenha o público interessado.

É importante evitar o discurso dos profetas digitais que poderão dizer que a TV Digital irá substituir alguma outra mídia, pois o surgimento de novas mídias sempre vem cheio de profecias, como por exemplo, “A TV vai acabar com o Rádio”, “A Internet vai substituir o Jornal impresso”, porém felizmente nenhuma delas se concretizou e todas mantêm seu espaço.

A sociedade atual vem passando por mudanças cada vez mais rápidas e freqüentes, mas as experiências já vividas deixam a lição de que há espaço para todas as mídias. Algumas, como o jornal impresso, por exemplo, já passa por grandes mudanças e precisará se reinventar para manter o mesmo nível de influência que possui hoje e encontrar novas formas de atingir seu 123

público, mas isso não ocorre somente pela chegada de uma nova mídia e sim por uma mudança comportamental natural que ocorre na sociedade ao longo dos tempos.

Devemos estar atentos para não expor a TV Digital aos mesmos erros cometidos com a Internet em seu início, quando por falta de conhecimento do que fazer com aquela nova mídia que surgia, foram copiadas iniciativas inapropriadas para o veículo, que acabaram criando barreiras mercadológicas ou visões distorcidas do seu potencial. 124

APÊNDICE C - Artigo “Desvendando a TV Digital no Brasil – Parte 1”

Disponível em:

Por Rafael Kiso 14.07.2006

Este artigo tem o objetivo de esclarecer o panorama atual da TV Digital no Brasil e principalmente esclarecer como funciona o cenário de uma TV Digital Interativa. E confira no próximo artigo, as tecnologias utilizadas e custo que o consumidor terá.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou no dia 29 de junho, o decreto que escolhe o padrão japonês (ISDB-T) como referência na implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

Frente aos 3 padrões já existentes (ATSC, DVB e ISDB), o governo brasileiro decidiu realizar o desenvolvimento de sua própria tecnologia para a TV digital, o SBTVD, com o objetivo de se basear no padrão mais adequado à realidade do país, e que nos desse maior subsídio para o auto desenvolvimento.

Um dos principais objetivos da adoção do sistema de Televisão Digital no Brasil é conseguir evoluir significativamente na questão da inclusão digital para que a população de uma forma geral tenha acesso a uma televisão com tecnologia superior a atual, de maior qualidade em som e imagem e com capacidade de agregar outros serviços, inclusive navegação na Internet.

A TV no Brasil é um meio de comunicação que possui um alcance gigantesco na população. São 55 milhões de aparelhos que estão presentes em 90% dos lares brasileiros, porém algumas características criam uma grande diferença entre o cenário nacional daqueles países onde os padrões atuais de TV têm origem, pois aqui:

Segundo Roberto Martins, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações (MiniCom) em 2005: - 79% dos lares só recebem o sinal via radiodifusão terrestre - 47% exclusivamente com antena interna - 37 % dos monitores são de 20 polegadas - 27 % dos monitores são de 17 polegadas

Para o Brasil, seu padrão de televisão digital deve contemplar as reais necessidades da nossa sociedade tendo em vista o perfil de renda da população e o atual cenário tecnológico. Estes requisitos podem ser dispostos como: o baixo custo e robustez na recepção, flexibilidade para que as emissoras possam escolher esquemas de programação e modelos de negócio de acordo com sua conveniência e dos consumidores, a possibilidade de adicionar interatividade a programação e promoção de novas aplicações à população, proporcionando educação e cultura, para contribuir com a formação de uma sociedade apta a enfrentar os desafios de um mundo onde a informação e o conhecimento são cada vez mais importantes para alcançar o progresso econômico e o bem-estar social.

Modelo de negócio 125

A escolha do padrão japonês pelo governo, beneficiou principalmente as redes de televisão que defendem desde 1999 o padrão ISDB, quando realizaram os primeiros testes. Isso porque o ISDB é o padrão que trará menos impacto no modelo de negócios delas. E por enquanto, sabe-se que não haverá a entrada de novos players nesse mercado, nem mesmo as operadoras de telefones.

Ainda está por vir outra etapa dessa guerra, que será a regulamentação do chamado ”modelo de negócios”, o que definirá quais serão os participantes dessa nova plataforma digital.

Entretanto, anteciparei um pouco quais serão esses personagens e as tecnologias do cenário da TV Digital, com base no que acontece em outros países.

Quem são os personagens no cenário da TV Digital?

Os personagens envolvidos no cenário de TV Digital interativa são cinco:

Emissoras: As emissoras são donas de canais de televisão e produz seu próprio conteúdo / programas ou compram programas de produtoras terceiras. Eles também compram conteúdo de outras emissoras, geralmente internacionais como, por exemplo, Discovery Channel e BBC.

Produtoras: As produtoras fazem programas e/ou serviços interativos para as emissoras e outros clientes. Eles gastam a maior parte do tempo colhendo idéias para novos programas e serviços para as emissoras. Eles também desenvolvem marcas de programas como Big Brother, no qual vendem para todo o mundo. Para o exemplo do Big Brother, a produtora é a Endemol UK.

Operadoras de Transmissão: As operadoras de transmissão detêm a rede que carrega o vídeo e o serviço de interatividade para as casas das pessoas. Sua forma de entrega de dados pode variar, mas as principais formas são: satélite, cabo, terrestre (antenas) ou telefone (usando a tecnologia DSL). Às vezes as operadoras de transmissão pagam as emissoras para ter seu canal, outras vezes as emissoras pagam as operadoras de transmissão para transmitirem seu canal. As operadoras de transmissão, ocasionalmente, entregam os dados diretamente das produtoras. Exemplos disso acontecem no Reino Unido que inclui a BSkyB, Freeview, NTL e Telewest.

Empresas de Tecnologia: Essas empresas fornecem o hardware e o software necessário para fazer os programas de televisão, canais e serviços interativos. Exemplos são a OpenTV (Europa), Focusnetworks (Brasil) e NHK (Japão).

Anunciantes e Agências de Publicidade: Agências de publicidade e outros anunciantes são os personagens que desejam entregar sua mensagem e vender produtos para os telespectadores dos canais de televisão, usando o que melhor funcionar – geralmente publicidade.

É possível que haja outros personagens entre um e outro dos cinco aqui destacados, porém são esses os que diretamente participam do ciclo do cenário da TV Digital Interativa.

Confira no próximo artigo, as tecnologias utilizadas na Tv Digital e o custo que o consumidor terá com adaptadores (set-top box). 126

APÊNDICE D - Artigo “Desvendando a TV Digital no Brasil – Parte 2”

Disponível em:

Por Rafael Kiso 03.08.2006

Tecnologias utilizadas no cenário da TV Digital Interativa

Há diversas tecnologias envolvidas na TV Digital Interativa, no qual todas podem ter um efeito dramático em como elas são utilizadas e trabalhadas:

O aparelho de TV A rede ou plataforma de transmissão O Set-top-box As ferramentas de produção

Tecnologias envolvidas na TV Digital Interativa

Irei resumir cada uma delas, exceto as Ferramentas de Produção. Também descreverei sobre a plataforma digital de transmissão para conseguirmos oferecer o serviço de interatividade.

A. O Aparelho de TV

Para o inicio da implantação teremos de um lado, os telespectadores e os set-top-boxes produzidos para serem usados como conversores nas televisões existentes. Eles permitem que os telespectadores utilizem os novos serviços sem ter que gastar uma fortuna comprando uma nova TV. A televisão em si não precisa ser mudada a princípio, porém, haverá novas TVs no mercado com as funções do set-top-box embutido. De outro lado, temos as operadoras de transmissão que substituirão sua velha tecnologia por um novo sistema que traz a interatividade entre outras características para a televisão (como mais canais).

Sem entrar nos méritos do material utilizado pela televisão (plasma ou cristal líquido), ambas aumentam a definição de imagem. Porém a revolução aqui apresentada é a TV Digital, que dá um salto na qualidade de som e da imagem, o que significa que além da TV, poderemos assistir a programas em telefones celulares. E o que muda para a TV é seu controle remoto, que nos dará a possibilidade de interagir com as emissoras, como por exemplo, votar em um participante do Big Brother ou comprar produtos dos comerciais.

Há quatro gradações possíveis na resolução das transmissões, de acordo com o número de pixels em cada linha horizontal e vertical da tela.

O nível máximo é de1920 x 1080 pixels, obtido nos televisores mais avançados.

O nível mínimo é de 854 x 480 pixels, adequando para reprodução de imagens em celulares e PDAs. 127

No sistema analógico, o máximo de resolução obtida é de 640 x 480 pixels. Mas isso em tese, pois na prática, por causa de barreiras e problemas de transmissão, a qualidade real da imagem não chega à metade desse valor.

Analógico X Digital

As comparações entre a qualidade do sistema analógico e digital consideram as transmissões abertas, captadas pelas antenas externas ou internas nas residências. A digital proporciona nitidez equivalente à obtida hoje com aparelhos de DVD.

A transmissão da TV Digital tem o mesmo formato panorâmico da tela do cinema, em proporção de 16:9, chamada widescreen. A vantagem dessa disposição é a abrangência maior da cena. No modelo analógico, mais para o quadrado, a relação é 4:3.

O sistema digital tem som do tipo surround, com 5.1 canais de áudio. É o mesmo sistema dos home theaters. Dependendo da disposição das caixas, o espectador tem a sensação de estar cercado pelos barulhos que ocorrem nas cenas. O modelo analógico, no máximo, é estéreo, com duas saídas. Isso amplia as possibilidades de impacto em um comercial publicitário, por exemplo.

B. Plataformas Digitais

Geralmente em todos os padrões de TV Digital há duas rotas para os sinais: a rota de uma via e a rota de duas vias.

Rota de uma via: É usada para enviar informações da emissora para o telespectador. É também conhecido como canal de uma via, canal de transmissão, foward path ou canal in- band.

Rota de duas vias: Pode ser usada para enviar ou trazer informações entre a emissora e o telespectador. Esse canal de comunicação interativa é variavelmente conhecido como canal de duas vias, canal de interatividade, canal de retorno, back channel ou canal out-of-band.

C. Redes ou Plataformas de Transmissão

As principais plataformas de transmissão para a TV Digital no mundo são:

Cabo Terrestre Satélite Rede telefônica

TERRESTRE

Como a plataforma Terrestre é a maioria no Brasil, explicarei somente ela.

A televisão digital terrestre usa transmissores em solo para levar os sinais de rádio até as casas. A grande vantagem para o Brasil, é que o sinal digital pode ser transmitido através dos 128

atuais transmissores analógicos de TV convencional. Além disso, os telespectadores são geralmente capazes de pegar o sinal com suas antenas existentes. Isso significa que, em teoria, os custos para uma televisão digital terrestre são baixos e deverá ser fácil mover as pessoas do analógico para o digital usando o sistema terrestre.

Como no satélite, a desvantagem da plataforma digital terrestre é que não há um canal de comunicação de duas vias. Para contornar isso, o set-top-box pode ser conectado com uma linha telefônica. Outro problema é que há uma tendência de ter menos banda disponível para o espectro de dados – o que significa que a plataforma digital terrestre tende a ter menos canais de televisão e serviços interativos em comparação às plataformas de satélite e cabo.

D. SET-TOP-BOXES

Os Set-top-boxes digitais são uma das chaves para o cenário de Tv digital no mundo. Aqui no Brasil, o governo decidiu criar o seu próprio Middleware, porém um típico set-top-box converte os dados digitais em sinais analógicos, no qual a televisão pode usar, rodar serviços interativos e ter um som estéreo. Simultaneamente, o Middleware gerencia a interatividade, compras, controla o acesso de crianças a conteúdos não autorizados e mantém múltiplas linhas de comunicação com o mundo.

Os set-top-boxes são computadores e utilizam da mesma arquitetura básica de camadas. Veja abaixo:

Camadas que compõem a arquitetura de um set-top-box

O preço do set-top box para o consumidor hoje, segundo estimativa do LSI (Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), seria de cerca de 500 reais, com recursos de interatividade, compatibilidade com alta definição e suporte a forma MPEG-4. Já segundo dados do CPqD, o custo médio de um conversor no Brasil hoje seria de 400 a 800 reais – de acordo com os recursos disponíveis em cada modelo, mas poderia chegar a uma faixa de 300 a 700 até a data de início do funcionamento da TV digital no País.

Agora vem aquela pergunta, mas quando teremos as primeiras transmissões?

A resposta dessa pergunta é passível de referência na lei estabelecida no decreto assinado pelo nosso presidente. As emissoras de TV terão legalmente até 18 meses, após a aprovação pelo Ministério das Comunicações, para iniciarem as transmissões comerciais. Porém, acredita-se que as primeiras transmissões, das emissoras que tiverem mais dinheiro para isso, deverão acontecer no prazo de seis a oito meses, segundo estimou o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Referências

O assunto abordado neste artigo é muito extenso e daria para escrever um livro sobre ele, porém, para aqueles que se interessam em saber mais, segue abaixo uma série de links de referência:

Especial sobre TV Digital da Folha http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2006/tvdigital/ 129

Site oficial do SBTVD http://sbtvd.cpqd.com.br/

Ministério das Comunicações – Telecomunicações: TV Digital http://www.mc.gov.br/tv_digital1.htm

130

ANEXO A - Matéria “TV digital brasileira terá diferenciação técnica” publicada no portal JumpExec.

Disponível em:

04.10.2006

O sistema brasileiro de TV digital será um dos mais avançados do mundo, segundo especialista.

A JumpExec vem abordando há algumas semanas os diversos aspectos envolvidos na implantação da TV digital no Brasil. Dando continuidade à série de artigos, nesta semana ouvimos o especialista Rafael Kiso, diretor da Focusnetworks, empresa especialista em e- business que estará atuando com bastante intensidade no novo segmento. Rafael fala sobre as inovações tecnológicas do novo sistema, os aspectos que irão diferenciar a TV digital brasileira e também revela como a tecnologia irá influenciar na produção de conteúdo exclusivo para televisão com o advento do sistema digital.

Rafael Kiso vem pesquisando há algum tempo o processo de implantação de sistemas de televisão digital pelo mundo, e para ele, o maior desafio tecnológico para o modelo de negócios, independente do sistema escolhido, é o desenvolvimento das aplicações interativas que trazem a grande diferenciação na programação. "O desenvolvimento destas aplicações gera uma maior diversidade de produtos interativos que vão de encontro com os objetivos do governo, e é preciso achar uma forma menos onerosa para produzi-los", ele diz.

Produtividade O especialista lembra que a produção de conteúdo interativo para o novo sistema implica em conhecimentos técnicos em linguagens de programação, que muitas vezes estão fora do core business das empresas e profissionais de televisão. No entanto, existem alternativas para que estes desafios sejam superados de forma interessante para emissoras, anunciantes e produtores de conteúdo. "Existem ferramentas que estão sendo desenvolvidos pela Focusnetworks, que trazem componentes que tornam menos complexas estas tarefas para estes players", ele diz.

Estas ferramentas permitirão o desenvolvimento de uma base de conhecimento para interatividade, o que será bastante útil para esses players depois da implantação da TV digital. Além disso, o aumento de produtividade isso irá gerar, contribuirá conosco para o atingirmos os principais objetivos da implantação da TV digital no Brasil, definidos pelo governo e seu consórcio, que é o aumento da produção de conteúdo digital e a conseqüente inclusão de cidadãos brasileiros em ambientes interativos para acesso à informação.

Outro ponto que o especialista destaca é a construção da nova plataforma de mídia na TV digital. "Os principais aspectos que devem ser levantados no desenvolvimento dessa nova plataforma são: o perfil do consumidor brasileiro e a reação do consumidor à interatividade". Isto, segundo o especialista, deve acontecer de forma paulatina, à medida que cada etapa do processo de implantação for sendo concluída.

131

O especialista ressalta que este estudo do impacto efetivo das mudanças é feito também em mercados mais avançados: "Mesmo nos Estados Unidos, Europa e Japão, ainda existem ajustes a serem feitos no desenvolvimento destas aplicações. Poucas empresas no mundo desenvolvem aplicações interativas, porque ainda é um mundo novo a ser explorado e existem ainda barreiras culturais a serem transpostas", lembra.

A mudança do core business das produtoras de conteúdo - já que estas passarão a ser produtoras de conteúdo digital - é um processo que requer ainda uma adaptação mais ou menos gradual, o que, na visão de Rafael Kiso, pode significar novas possibilidades para desenvolvedores de software. "Fundir televisão com elementos interativos requer uma sinergia que ainda não existe totalmente nas empresas e profissionais de conteúdo. Portanto, as possibilidades de construção de softwares que conjuguem, de forma satisfatória, o tempo e a complexidade destas aplicações, parecem ser grandes", observa.

Modelos globais e as particularidades do sistema brasileiro O especialista aproveita também para esclarecer alguns aspectos que, segundo ele, ainda não estão bem claros a respeito dos sistemas de TV digital. "Existe uma especificação global de middleware para TV digital aberta, o MHP (GEM), desenvolvido pelo consórcio europeu (DVB), que estabelece padrões básicos para um sistema operacional de set-top-boxes. A partir destas especificações, os outros padrões, como o americano e o japonês, foram sendo desenvolvidos para suportar aplicações específicas para cada mercado", diz. Ele acredita que haja uma confusão que levam muitos a acreditarem que o padrão brasileiro seja mera cópia do padrão japonês. "O Brasil adotou o modelo de modulação japonês, mas é preciso lembrar que o consórcio brasileiro já vem contribuindo e desenvolvendo um padrão próprio diferenciado de TV digital", diz.

O padrão brasileiro já prevê especificações particulares, que, segundo o especialista, farão com que seja um dos mais avançados do mundo. Rafael Kiso dá um exemplo: "Uma especificação proposta pelo consórcio brasileiro é um conceito de interação coletiva. Imagine que uma família inteira esteja assistindo a um programa específico, que lança um quiz para ser respondido de forma interativa. Ao invés da família ter que entrar num consenso para responder uma única vez em nome de todos os elementos, haverá a possibilidade de cada membro da família responder de forma pessoal, bastando que cada um tenha seu controle remoto", ele observa.

Segundo Rafael Kiso, existe uma disposição entre Brasil e Japão para que o padrão brasileiro seja o mais avançado do mundo. "Existe inclusive a expectativa de que, em cinco anos, o padrão brasileiro possa ser exportado para outros países da América Latina, que estão certamente esperando pela implantação em nosso território para lançarem seus próprios programas".

Isto também se deve porque, segundo o especialista, a adoção do sistema digital de TV estimula a produção interna e pode se tornar um fator de desenvolvimento econômico: "As diretrizes da TV digital no Brasil prevêem o desenvolvimento de um sistema auto- sustentável, que inclui o surgimento de fábricas de semicondutores, de set-top-boxes e outros equipamentos, com resultados benéficos para a economia", ressalta.

Um outro aspecto enfatizado pelo especialista para ilustrar a importância da TV digital na estruturação tecnológica do país é a licitação do WiMax. "A licitação tem a ver com a futura adoção do WiMax-700 como padrão de transmissão sem fio para o canal de retorno da TV 132

Digital, que permitirá a interatividade intermitente. Esta decisão afeta diretamente a questão da interação com a TV digital, porque a maioria dos lares brasileiros não tem telefone fixo, mas possuem televisão e celular, e privilegiando tecnologias que permitam a adoção de canais de retorno como o WiMax, certamente garantirá uma maior adoção da população", diz.

O especialista encerra comentando sobre o impacto de toda essa revolução tecnológica no trabalho dos profissionais de mídia: "O padrão escolhido permite que as transmissões sejam feitas pelo padrão MPEG4, o que significa a possibilidade de abrir mais o espectro de modulação, ampliando o número de canais possíveis na tevê aberta. Nunca a tecnologia se tornou tão decisiva para o trabalho de profissionais de mídia, que precisarão repensar suas estratégias de segmentação. É melhor que os profissionais de mídia estejam cada vez mais atentos a isso", alerta. 133

ANEXO B - Chat sobre TV Digital e T-commerce realizado pela IDG Now e UOL com Rafael Kiso.

O chat que aconteceu no endereço do Bate-Papo UOL no dia 18 de maio (quinta- feira), às 18h, teve audiência de 446 internautas. Disponível em:

O texto abaixo reproduz exatamente a forma como os participantes digitaram suas perguntas e respostas

Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com Rafael Kiso sobre TV Digital e T-Comerce. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(06:06:48) Rafael Kiso: Boa noite pessoal, é com grande satisfação que estou aqui para responder suas perguntas.

(06:06:48) torcedorbrasileiro fala para Rafael Kiso: Vc não acha que o governo brasileiro está demorando demais para definir o padrão da TV digital?

(06:08:55) Rafael Kiso: tocedorbrasileiro, com certeza está está havendo uma demora. Porém ela é justificável. Com os políticos que temos em nosso país, realmente precisamos de mais tempo para que eles entendam o que é Tv Digital e como aplicá-lo.

(06:09:54) leloguara fala para Rafael Kiso: com a tv digital o q muda em relação aos padrões atuais em termos de aparelhos?

(06:10:10) Rafael Kiso: A ministra da casa civil e o ministro das telecomunicações Helio Costa anunciaram que até o final do mês sai a definição de qual padrão o Brasil vai escolher.

(06:12:06) Rafael Kiso: leloguara, na fase inicial da Tv Digital em nosso país, não será necessário mudar de aparelho de Tv. Porém, para conseguir obter a qualidade que o padrão oferece, será necessário possuir uma televisão prparada para HDTV (High Digital Television), que pode ser uma Tv de Plasma ou LCD.

(06:13:07) Osni -PR fala para Rafael Kiso: Qual ou quais as principais diferencas entre a TV atual e a Digital ?

(06:15:19) Rafael Kiso: Osni, a principal diferença entre eles é a interatividade. Com a TV Digital os telespectadores poderão interagir com a programação, fazer compras pela televisão, acessar seus e-mails, entre outros. Um exemplo legal seria para o Big Brother, cada pessoa da sua casa poderia ter um controle remoto e votar para um integrante da casa sair.

(06:16:38) Rafael Kiso: Osni, para maiores informações sobre as diferenças acesse: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105791.shtml 134

(06:17:11) Osni Curitiba-PR fala para Rafael Kiso: Quais os padroes de TV digital existentes e as principais diferencas entre eles ? (OS Digitais) ?

(06:18:13) Rafael Kiso: Osni, os principais padrões mundiais são DVB(Europeu), ATSC(Americano) e ISDB(Japonês).

(06:19:22) sergio fala para Rafael Kiso: A TV digital vai ser aberta como é a atual ou vai ser paga?

(06:19:24) Rafael Kiso: Osni, o Brasil está querendo desenvolver o padrão Nipo-brasileiro. Uma mistura do padrão que o Brasil e o pessoas das universidades já construiram com o melhor do padrão Japônês.

(06:22:18) Rafael Kiso: sergio, a transmissão digital será liberada para todos os broadcasters. Porém, para as televisões abertas, os serviços interativos vão demorar mais para serem disponibilizados, por questões de escala e disponibilização do set-top-box (aparelho codificador do sinal digital para analógico, que possui um software dentro que permitirá a interatividade). Esse set-top-box poderá ser comprado ou concedido gratuitamente pelo governo. Isso ainda está em discussão.

(06:22:33) DODI fala para Rafael Kiso: Como ficaram os aparelhos fabricados para essa tecnologia, caros ou ao alcance da população?

(06:24:26) Rafael Kiso: dodi, se o governo, por questões políticas e sociais, não conceder gratuitamente o set-top-box, o mesmo será um pouco salgado no início. Mas isso acontece com todas as novas tecnologias eletrônicas no mercado, depois o preço vai caindo.

(06:25:05) torcedorbrasileiro fala para Rafael Kiso: Quais são os recursos disponibilizados pela TV digital ?

(06:27:39) Rafael Kiso: torcedorbrasileiro, exitem diversos novos recursos com a TV Digital: votação, poder gravar sua programação preferida, poder dar pause em um jogo ao vivo (os dois últimos exemplo é real caso o set-top-box possui um HD interno), compras, navegar pela internet, fazer apostas, jogar pela Tv, maior qualidade de som e imagem, e assim vai.

(06:27:54) Julio fala para Rafael Kiso: Como e essa questão de poder exibir a copa apenas com permição?

(06:29:58) Rafael Kiso: julio, acho que você está confundindo com o comunicado que a Globo fez, onde ela determina algumas regras para transmitir publicamente os jogos, não é? Veja o link: http://megaminas.globo.com/mod_news.asp?varcPassos=ExibirNoticia&inteNewsID=82095

(06:30:15) sergio fala para Rafael Kiso: Qual dos aparelhos de TV digital tem melhor definição de imagem Plasma ou LCD?

(06:30:49) Rafael Kiso: julio, existia uma previsão do Brasil fazer seus primeiros testes de TV Digital com a transmissão da Copa, mas isso já foi cancelado. 135

(06:33:02) Rafael Kiso: sergio, saiu na revista Veja uma reportagem sobre isso (edição 1944 ano 39 n7 Abril de 2006). Mas para esclarecer um pouco, a televisão de Plasma, por sua tecnologia, consegue ter maior dimensão do que o LCD, mas ambos são de alta definição.

(06:33:11) Estagiario fala para Rafael Kiso: Como funciona o transmisão do sinal digital do ponto de vista tecnico ?

(06:36:37) Rafael Kiso: estagiario, para começar esta pergunta, temos que esclarecer os personagens dessa transmissão. Temos: os Broadcasters, as Produtoras, os Operadores de Plataforma, as empresas de Tecnologia de Software e o telespectador. A transmissão digital pode ser realizada em diversas platraformas: Cabo, Terrestre, Satélite, DSL (telefone), Microondas, Ethernet e Eletricidade. Cada tipo de plataforma possui uma maneira técnica de transmissão do sinal digital.

(06:38:18) Publicitário_20RJ fala para Rafael Kiso: Rafael, haverá algum tipo de intervenção do governo para tornar tal técnologia mais acessível para o público em geral ?

(06:39:29) IDG Now! fala para Rafael Kiso: Rafael. Temos muitas perguntas bacanas na espera aqui ;-).

(06:39:51) Rafael Kiso: publicitário_20rj, é de proposta do governo de que todos os cidadões brasileiro tenha acesso a essa tecnologia. Agora, temos que esperar para ver se realmente eles irão facilitar!

(06:40:19) Manuel fala para Rafael Kiso: Afinal será dado o veridicto final até o dia 30/05?

(06:41:11) Rafael Kiso: manuel, isso só o nosso presidente pode te responder! Mas a previsão, do ministro das telecomunicações, é que sim.

(06:41:24) sandy fala para Rafael Kiso: vamos precisar comprar aparelhos adequados ou apenas o conversor será suficiente!?

(06:43:13) Rafael Kiso: sandy, a princípio, somente o set-top-box (aparelho conversor) será o suficiente para iniciarmos as transmissões digital e tornar a TV Digital uma realidade em nosso país. Porém, para se obter de qualidade de imagem, som e acessar serviços de interatividade, será necessário ter uma televisão de alta definição (Plasma ou LCD).

(06:43:57) Jackass fala para Rafael Kiso: por favor senhor, com essa tv digital qur vai vim para o Brasil, vai ter mais variedades de canais, proque com a antena parabolica, s[o da para ver a globo, sbt, band, record cultura e red tv, com essa digital, vai ter mais canais..

(06:45:27) Rafael Kiso: jackass, a tv aberta (Globo, SBT, etc) continuaram com os mesmo canais a princípio.

(06:45:31) Ricardo fala para Rafael Kiso: Olá, boa tarde. Tenho um televisor LCD HDTV comprado nos EUA. Se a tecnologia adotada for a japonesa, minha TV servirá?

(06:46:46) Rafael Kiso: Ricardo, a sua TV continuará funcionando normalmente. O que não funcionará é um set-top-box com o padrão americano, funcionar aqui no Brasil com um padrão Japonês (caso seja esse o padrão adotado em nosso país). 136

(06:47:19) Curioso fala para Rafael Kiso: julio, em uma linguagem simples podemos afirmar que a tv digital se´ra a unificação do computador caseiro com a tv em um unico aparelho?

(06:49:28) Rafael Kiso: curioso, não podemos afirmar isso. De fato a TV Digital dará acesso à Internet, mas você não terá aplicativos como Office e Photoshop na sua TV. O computador possui muito mais aplicações do que a TV. Lembrando que podemos assistir a TV no computador.

(06:49:37) Empreendedor fala para Rafael Kiso: De onde originou o o termo T-Commerce? Qual o objetivo do mesmo???

(06:51:14) Rafael Kiso: empreendedor, o termo T-Commerce é uma analogia ao E-Commerce que conhecemos na Internet (compras pela Internet). O T é de Television. Portanto, o T- Commerce possui o objetivo de permitir os telespectadore comprarem pela televisão através do controle remoto.

(06:51:23) Andre17sp fala para Rafael Kiso: Com a implantação da tv digital no país, os preços da tv paga tendem a cair?

(06:52:47) Rafael Kiso: andre17sp, infelizmente não. Na verdade irão surgir novos planos de assinatura, no qual você vai escoher para poder ter interatividade, poder fazer compras pela TV, etc.. O mercado capitalista é assim!

(06:54:04) santista fala para Rafael Kiso: nessa Copa existe alguma chance de termos transmissao digital por algum meio?

(06:54:39) Rafael Kiso: santista, no Brasil não.

(06:55:15) ValdirBH fala para Rafael Kiso: Oi Rafael. Sou da area da educação mediada por tecnologias (EAD), quais sao as possibilidades para essa modalidade de midia aplicada a educação a distancia

(06:57:29) Rafael Kiso: valdirBH, a TV Digital irá disponibilizar muito mais recursos para a eduçào à distância, como Telecurso 2000 com interatividade, permitindo o telespectador acessar mais informações sobre determinado assunto, sem interferir na programação ou no que está passando no vídeo.

(06:57:48) Livs fala para Rafael Kiso: Quais as melhores maneiras de obter maiores informações sobre TV Digital/Interatividade/Implantação!?! Gostaria muito de avançar minhas pesquisas!

(06:59:23) Rafael Kiso: Livs, entre em http://directory.google.com/Top/Arts/Television/Interactive/. Lá você terá um repositório de links e informações para se aprofundar nisso.

(06:59:30) Luciano fala para Rafael Kiso: qual o limite de resolução para a tv digital?? e qual a melhor conexão com a tv??HDMI?

(07:03:13) Rafael Kiso: Luciano, na verdade a TV Digital trabalhará com Linhas de resolução, podendo chegar 1080 (se eu não me engano)linhas que é o HDTV. Com certeza a 137

melhor conexão será o HDMI que permitirá em um único cabo transmitir a qualidade real do DVD, Set-Top-Box para a TV de plasma ou LCD. Em breve até os home theather terão virão com HDMI.

(07:03:22) gui fala para Rafael Kiso: Você acha que a demora sobre a definição do padrao de TV Digital esta um pouco relacionado ao fato das operadoras de telefonia movel estaram querendo entrar nesse mercado atravez da escolha do padrão DVB, para poderem cobrar pelo fornecimento de imagens a dispositivos moveis? No padrão japones a disponibilização seria gratuita, não é?

(07:06:00) Rafael Kiso: gui, o que você escreveu é certo. No padrão japonês somente os Broadcasters como Globo teriam permissão para esse tipo de conteúdo para os dispositivos móveis. Mas esse fato não é o único fato a atrasar a definição. Como disse anteriormente, existem diversas características comerciais e de financiamenta da operação aqui no Brasil que são levadas em consideração.

(07:07:09) gustavo fala para Rafael Kiso: Rafael, Vale a pena hoje compara uma TV de plasma nos EUA e levar para o Brasil? Ou seria melhor aguardar a definicao do sistema digital nacional e comprar ai?

(07:08:11) Rafael Kiso: gustavo, vale sim. Ela funcionará perfeitamente aqui, independente do padrão escolhido.

(07:08:24) PublicisBH fala para Rafael Kiso: De certa forma como a TV digital pode contribuir pra o melhor acesso a informação pela população carente e de áreas rurais? Será que a TV digital poderá democratizar o conhecimento?

(07:11:04) Rafael Kiso: PublicisBH, com certeza a TV Digital contribuirá para a inclusão digital desse público. Televisão todo têm, computador já é mais difícil.

(07:11:12) Marcio fala para Rafael Kiso: quanto tempo vc ainda acha que vai demorar para o Brasil começar a transmitir o sinal Digital

(07:13:30) Rafael Kiso: Marcio, acredito que no início de 2007 teremos a distribuição dos set- top-boxes no mercado e as transmissões começaram a ser realidade. O governos já realizou algumas reuniões com os fabricantes para poder prever a demanda desses aparelhos.

(07:13:43) TULIO fala para Rafael Kiso: COM A TV DIGITAL A TV GLOBO POR EXEPLO PODE TRANSMITIR SEU SINAL PARA TODO O BRASIL SEM AS AFILIADAS?

(07:15:14) Rafael Kiso: Tulio, na verdade a Globo já transmite para todo o Brasil através da antena parabólica. Mas por outros meios de transmissão é de acordo comercial com as afiliadas, das afiliadas retransmitirem o sinal.

(07:16:03) canedo fala para Rafael Kiso: O Brasil não tem tecnologia própria para desenvolver seu próprio padrão de transmissão?

(07:18:16) Rafael Kiso: canedo, o Brasil possui sim capacidade e tecnolgia, e já até desenvolveu seu próprio padrão. Mas esse padrão deverá ser mesclado com o padrão japonês, 138

formando o padrão nipo-brasileiro. A USP é a universidade que mais está contrubuindo com o nosso padrão. Mas diversas outras universidades também estão participando.

(07:18:36) IDG Now!: O IDG Now! agradece a participação de todos neste bate-papo sobre TV Digital com Rafael Kiso, diretor de tecnologia da Focusnetworks. A íntegra deste chat estará disponível no site http://www.idgnow.com.br .

Rafael Kiso: Obrigado pessoal! Para esclarecerem mais dúvidas entrem em contato comigo através do [email protected]. Agradeço pela a atenção de vocês e da IDG por este convite.