A Raia Alentejana Medieval E Os Pólos De Defesa Militar O Castelo De Noudar E a Defesa Do Património Nacional
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA A RAIA ALENTEJANA MEDIEVAL E OS PÓLOS DE DEFESA MILITAR O CASTELO DE NOUDAR E A DEFESA DO PATRIMÓNIO NACIONAL HUGO MIGUEL PINTO CALADO MESTRADO EM HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL 2007 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA A RAIA ALENTEJANA MEDIEVAL E OS PÓLOS DE DEFESA MILITAR O CASTELO DE NOUDAR E A DEFESA DO PATRIMÓNIO NACIONAL HUGO MIGUEL PINTO CALADO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL Orientada por: Professor Doutor Pedro Gomes Barbosa Professor Doutor José Varandas 2007 2 RESUMO A dissertação de Mestrado A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de Defesa Militar. O Castelo de Noudar e a Defesa do Património Nacional , tem o objectivo geral de estudo da área regional da raia alentejana no Baixo Alentejo, mais concretamente o distrito de Beja e o concelho de Barrancos. É aqui que o castelo de Noudar se insere, instalado numa elevação sobranceira ao rio Ardila, a cerca de 12 quilómetros de Barrancos, a sede de concelho, e numa área territorial situada entre dois cursos de água, o rio já referido e a ribeira da Murtega, que funcionavam, na Idade Média, como obstáculos naturais, dois “fossos”da natureza, que dificultavam o acesso à estrutura defensiva. A fortaleza de Noudar teve uma ocupação prolongada no tempo, com uma ocupação humana que vem desde a pré-história até ao século XIX, e que em época medieval se viu envolvida nas lutas da Cristandade contra o Islão, e posteriormente nas vicissitudes político-militares entre os reinos de Portugal e Castela. Este castelo foi mesmo mudando de proprietários várias vezes, durante o século XIII. Ao longo do século XX, as publicações e estudos sobre Noudar não abundam, pelo que esta circunstância afectou, sem condicionar, este trabalho. A bibliografia e artigos existentes sobe o castelo é já bastante antiga, mas que mostra que houve uma sensibilidade específica para o assunto, sendo a vir publicadas pequenas referências e mesmo monografias sobre a estrutura defensiva alentejana. A ausência de publicações sobre Noudar não é estranha, pois a situação periférica e quase marginal do castelo (também da vila de Barrancos), colocaram a estrutura numa situação de pouca visibilidade por parte dos investigadores que se debruçaram sobre as temáticas das estruturas fortificadas. Este castelo insere-se, na Idade Média, numa fronteira, primeiro com o Islão, depois com o reino de Castela. Mas que não se enquadra numa linha político-administrativa de separação total e completa de populações que, 3 vivendo junto à fronteira, continuam a comunicar e a interagir entre si, havendo mesmo castelhanos a virem trazer os seus gados a pastar em terras de Noudar, no final do século XV. Existe uma dinâmica populacional interactiva dentro da raia, no Baixo Alentejo, populações que estão distantes do poder central, seja por parte de Portugal ou Castela, e sentem-se distantes de um poder que, durante a primeira dinastia, prefere percorrer o litoral. Se o poder está distante, as populações são mais próximas umas das outras, devido à partilha de vivências e problemas comuns. O poder central português moderno utilizava as populações e suas recordações para lhe dar legitimidade, é isto que acontece no final do século XV, no reinado de D. João II. A questão da demarcação dos limites do reino é uma imposição do poder central, que recorre às populações para legitimar o domínio desta zona raiana. A estrutura militar em si é um bom ponto de estudo para perceber a utilização do castelo e a sua função defensiva, principalmente depois das inovações construtivas que recebeu após o tratado de Alcanizes. Finda a ocupação muçulmana no reino de Portugal, a ameaça mais próxima vinha do reino de Castela, logo os castelos de fronteira foram inseridos numa política reconstrutiva levada a cabo pelo rei D. Dinis. No âmbito patrimonial, o castelo de Noudar insere-se na categoria de Monumento Nacional, como tal, inserido em disposição legal de protecção. Como estrutura e património cultural, merece um desenvolvimento na sua área de instalação, para que, o que é considerado como um bem cultural que a todos pertence, não só a posse mas também a responsabilidade de protecção, para que os vindouros possam usufruir de algo que os antigos deixaram como herança. Noudar chegou-nos como uma escolha, os anteriores portugueses, a quem coube a responsabilidade de conservação do castelo, escolheram que esta estrutura deveria permanecer, e não ser destruída porque já não tinha utilidade prática. 4 ABSTRACT The thesis of mastership A Raia Alentejana Medieval e os Pólos de Defesa Militar. O Castelo de Noudar e a Defesa do Património Nacional , as the general objective of study of the regional area called Raia Alentejana, situated in Baixo Alentejo, concretely in Beja district and close to the Barrancos village. It’s here that the castle of Noudar is placed, in an elevation close to Ardila river, in a distance of twelve Kilometres from Barrancos, in a territorial area situated between two water courses, Ardila River and Murtega creeK, that worKed, in the Middle Age, as natural obstacles, liKe two nature’s pits, that turned difficult the access to the fortress. The fortress of Noudar had an human occupation prolonged in time, since pre-historic periods, until the XIX century, and in medieval period, she was involved in the struggles between Christianity against Islam, and after, that, she got involved in political-military problems between the Kingdoms of Portugal and Castile. This castle changed of owner several times, during XIII century. During the XX century, the publications and studies about Noudar were very little, and this circumstance affected, without conditioning, the present worK. The bibliography and existent articles about the castle is already a little old, but shows some specific sensibility to the matter, and were published several small references and studies about this defensive structure of Alentejo. The absence of publications about Noudar it is not strange, because of is peripheral situation and almost marginal of the castle (also of Barrancos villge), that placed the structure in a situation of short visibility by the side of the investigators that cared about the thematic of fortified structures. This castle is inserted, in the Middle Age, in a frontier, first with Islam, than with Castile Kingdom. But he is not framed in a political-administrative line of total and complete separation of populations that, living near the frontier, continue to communicate and interact between themselves, and there were people from Castile that bring their cattle in the lands of Noudar to graze, in the end of XV century. 5 There was a social and interactive dynamic inside the raia, in Baixo Alentejo, populations that are far from the central power, no matter if they are from Portugal or Castile, and they feel distant from a power that, during the first Portuguese royal dynasty, prefer to travel through the littoral of Portugal. If the power is distant, the populations are close to each other, due to the share of experiences and common problems. The Portuguese central government of modern period used the populations and their memories to legitimize their power; this is what happens in the end of the XV century, in the reign of King D. João II. The question of the delimitation of the territory of the two Kingdoms, it’s an imposition of the central power, that uses the populations to legitimize their power over this area of the raia. The military structure itself is a good point of study to understand the use of the castle and is defensive function, even more after the constructive innovations that this castle received, after the Alcanizes treaty. With the end of the muslin occupation in the territory of Portugal, the nearest threat came from the Kingdom of Castile, and sooner the frontier castles were inserted in a reconstructive politic that was taKen by the King D. Dinis. In the patrimonial ambit, the castle of Noudar is inserted in the category of Portuguese’s national monument, as it so, he has legal disposition of protection. As a structure and cultural patrimony, he deserves a development in his area of installation, so that, what is considerate a cultural wealth that belongs to all the Portuguese citizens, not only the possession, but also the responsibility of protection, so that the ones that will come can use and enjoy something that the ones that passed left as an heritage. Noudar came to us as a choice. The contemporary Portuguese, that had the responsibility of conservation of the castle, choose that this structure should stay and not be destroyed, just because it had no utility. 6 PALAVRAS -CHAVE / KEYWORDS Idade Média / Middle Ages Fronteira / Frontier Castelo / Castle Periferia / Periphery Património Cultural/ Cultural Heritage 7 ÍNDICE AGRADECIMENTOS 9 INTRODUÇÃO 11 1. O ESPAÇO DE NOUDAR : ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO E GEOLÓGICO 15 1.1. Os solos e a sua capacidade de utilização 18 1.2. As culturas 20 1.3. A fixação de uma comunidade humana: outros factores 23 2. UM BREVE CONSPECTO HISTÓRICO 29 2.1. As Histórias Gerais de Portugal 31 2.2. O castelo de Noudar na historiografia regional portuguesa 37 2.3. A historiografia espanhola 44 3. A FRONTEIRA NA IDADE MÉDIA : ESPAÇO DE SEPARAÇÃO OU APROXIMAÇÃO POPULACIONAL ? 51 3.1. A fronteira e a guerra: a acção do castelo de Noudar 60 3.2. Podemos considerar a raia alentejana como uma região? 68 3.3. A raia alentejana como região histórica: vivências e actividades regionais 73 3.4. A raia na dinâmica cultural e relacional das populações de fronteira 78 3.5. Centro e periferia: a dinâmica da fronteira alentejana 80 4.