Diagnóstico Social de (3ª atualização)

(Vista parcial de Barrancos, a partir do Cerro do Calvário, 2019)

Conselho Local de Ação Social de Barrancos 5 de junho 2019

Rede Social - Diagnóstico Social de Barrancos - (3ª atualização)

Ficha Técnica: Diagnóstico Social de Barrancos (terceira atualização)

Elaborado por: Município de Barrancos (CMB) - Unidade de Ação Sociocultural (CMB/UASC)

APOIO Núcleo Executivo do CLAS: - Câmara Municipal de Barrancos - Junta de de Barrancos - Serviço Local da Segurança Social - Centro de Saúde de Barrancos - Lar Nossa Senhora da Conceição de Barrancos (IPSS)

Visto e aprovado, por unanimidade, em reunião do CLAS de 05/06/2019

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Índice Índice de quadros ...... 5 INTRODUÇÃO ...... 8 1 - METODOLOGIA ...... 11 2. CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BARRANCOS ...... 16 2.1. Localização Geográfica ...... 16 2.2 – Solo ...... 17 2.3.- Relevo ...... 18 2.4. - Rede hidrográfica ...... 18 2.5 – Clima...... 18 2.6 - Fauna e Flora ...... 19 2.7 - Rede viária e acessibilidades ...... 21 2.8 – Transporte público ...... 24 3 – ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DE BARRANCOS ...... 27 3.1 – Património material ...... 29 3.2 - Património Cultural Imaterial ...... 33 3.3 - Festas, feiras, romarias, costumes e tradições locais ...... 35 3.4 - Património gastronómico...... 39 4 – POPULAÇÃO E DEMOGRAFIA ...... 42 5 - ATIVIDADE ECONÓMICA ...... 56 5.1 - Indústria, construção civil e comércio e serviços ...... 62 5.2 - Turismo ...... 65 6 – QUALIFICAÇAO, EMPREGO E EMPREENDEDORISMO ...... 71 6.1 – Formação profissional...... 77 7 - EDUCAÇÃO ...... 80 7.1 – Rede escolar em Barrancos ...... 81 7.2 – A educação Pré-escolar ...... 84 7.3 - Ensino Básico (1º, 2º e 3º ciclos de escolaridade) ...... 85 7.4 - Ensino Secundário ...... 87 7.5 - Ensino Superior ...... 89 7.6 - Educação Especial e Apoio à Deficiência ...... 91 7.7 - Educação e Formação de Adultos ...... 92 7.8 - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências ...... 92 7.9 - Analfabetismo ...... 93 8 - AÇÃO SOCIAL ...... 95 8.1 - População Portadora de Deficiência ou com Dependência ...... 101 8.2 - Famílias Carenciadas ...... 104 8.3 – Minorias étnicas ...... 108 8.4 – Toxicodependência ...... 109 8.5 - Infância e Juventude ...... 111 8.6 - Terceira Idade ...... 114 8.7 - Equipamento Social ...... 121 9 - SEGURANÇA E PROTEÇÃO CIVIL ...... 126 9.1 - Segurança ...... 126 9.2 – Proteção civil - Bombeiros Voluntários de Barrancos ...... 128 10 - HABITAÇÃO ...... 135

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10.1 - Habitação Social ...... 137 11 - SAÚDE ...... 141 12 - ASSOCIATIVISMO ...... 148 13 - SERVIÇOS DE APOIO AO CIDADÃO ...... 151 SINTESE DAS PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO ...... 152 Bibliografia ...... 160 webgrafia ...... 160

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Índice de quadros Quadro 1 - Mapa de Horário da carreira “Barrancos/Moura” ...... 24 Quadro 2 - Mapa de Horário da carreira “Moura/Barrancos” ...... 25 Quadro 3 - Mapa de Horário da carreira “Barrancos//Barrancos” ...... 25 Quadro 4 - Evolução da População por grupos etários (1981-2017) ...... 42 Quadro 5 - Densidade populacional (2004 – 2017) ...... 42 Quadro 6 - Variação da população (1981-2011) ...... 43 Quadro 7 - Evolução da População residente em Barrancos (1900-2011) ...... 45 Quadro 8 - Variação da população residente/grupos (1991 - 2011) ...... 45 Quadro 9 - Evolução da população – e Baixo Alentejo (1991-2011)...... 48 Quadro 10 - População Residente segundo o estado civil - 2011 ...... 48 Quadro 11 - Evolução da natalidade 1991-2018 ...... 49 Quadro 12 - Evolução da Mortalidade -Taxa (permilagem) (1991-2018) ...... 50 Quadro 13 - Síntese de evolução nascimento/óbitos (1991-2018) ...... 51 Quadro 14 - Índice de envelhecimento (1991 – 2011) ...... 51 Quadro 15 - Índices de dependência em 1981, 1991, 2001, 2011 e 2017 ...... 52 Quadro 16 - Evolução dos recenseados (1976-2018) ...... 53 Quadro 17 - Evolução dos casamentos (1981-2017) ...... 54 Quadro 18 - Evolução dos divórcios (2000 - 2018)...... 54 Quadro 19 - Famílias clássicas segundo a dimensão (Pessoas) ...... 55 Quadro 20 - Evolução dos alojamentos familiares clássicas – 2001/2017 ...... 55 Quadro 21 - Importância do Sector Agrícola, em 2001-2011 ...... 57 Quadro 22 - População empregada por sector de atividade económica (1991-2011) .. 58 Quadro 23 - População empregada: total e por sector de atividade económica ...... 58 Quadro 24 - Taxa de atividade segundo os Censos: total e por sexo (%) ...... 58 Quadro 25 - Principais Indicadores de Atividade Económica ...... 59 Quadro 26 - Principais Indicadores de Atividade Económica (comércio Internacional) 59 Quadro 27 - Indicador poder de compra per capita (1993/2015) ...... 60 Quadro 28 - Deslocações pendulares ...... 61 Quadro 29 - Empreendimentos turísticos ...... 68 Quadro 30 - Alojamento local ...... 68 Quadro 31 - Taxa de desemprego segundo os Censos: total (%) ...... 71 Quadro 32 - Desempregados inscritos no IEFP (15 a 64 anos (%)) ...... 71

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Quadro 33 - Pop. Residente Econ. Ativa e Taxa de atividade (2001-2011) ...... 72 Quadro 34 – Nº de Registos no IEFP (2005-2018) ...... 72 Quadro 35 - Evolução de inscritos no IEFP - Grupo Etário (2005-2018) ...... 73 Quadro 36 - Evolução de inscritos no IEFP - Níveis de Escolaridade (2005-2018) ...... 74 Quadro 37 - Nº de beneficiários de prestações de desemprego (dezembro 2018) ...... 74 Quadro 38 - Evolução da população da educação pré-escolar (1999-2018) ...... 85 Quadro 39 - Evolução comparativa do pessoal do AE de Barrancos ...... 86 Quadro 40 - Evolução da população escolar (1999-2018) ...... 86 Quadro 41 - Taxa de retenção por nível de educação (%) ...... 87 Quadro 42 - Taxa de abandono escolar (%) 2011 ...... 87 Quadro 43 - Lista de alunos do ensino secundário com passe escolar (2010-2019) ... 89 Quadro 44 - População residente com ensino superior (1991-2011) ...... 89 Quadro 45 - Evolução do nº de bolsas concedidas pela CMB (1991-2018) ...... 91 Quadro 46 - Número de crianças/alunos com NEE ...... 91 Quadro 47 - Taxa de analfabetismo (1981 - 2011) ...... 93 Quadro 48 - População residente, com pelo menos uma dificuldade (N.º) ...... 101 Quadro 49 - Caracterização dos beneficiários de RSI segundo o sexo (31/12) ...... 104 Quadro 50 - Beneficiários do RSI, por escalão etário (31/12) ...... 105 Quadro 51 – Proc. deferidos, indeferidos, suspensos - aguardar despacho (31/12) .. 105 Quadro 52 - Lar Nossa Senhora da Conceição – Creche ...... 111 Quadro 53 - estado dos processos tratados na CPCJ ...... 112 Quadro 54 - População idosa segundo faixa etária (2001 – 2011) ...... 114 Quadro 55 - População residente segundo a idade (variação entre 1991 e 2011) ..... 114 Quadro 56 - Nº Pensionistas ativos em 31/12/2018 - SS ...... 116 Quadro 57 – Pensionistas em 31/12/2018 – Caixa Geral de Aposentações (CGA) ... 116 Quadro 58 - Valor pago em 2018 (por regime, sexo e tipo de pensão) ...... 117 Quadro 59 - Valor médio anual pago (por regime, sexo e tipo de pensão) ...... 117 Quadro 60 - Valor médio pensão – Caixa Geral Aposentações (CGA) ...... 117 Quadro 61 - Benef.de Complementos Solidário para Idosos em 12/2018 ...... 118 Quadro 62 - Lar Nossa Senhora da Conceição – valências/Nº de utentes ...... 121 Quadro 63 - População idosa segundo faixa etária (2001 – 2011) ...... 122 Quadro 64 - Distribuição do pessoal – Lar, Centro de Dia e SAD (2007-2018) ...... 123 Quadro 65 - Criminalidade geral registada pelas autoridades (2001-2017) ...... 127

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Quadro 66 - registo das atividades do posto da GNR Barrancos (2015-2017) ...... 127 Quadro 67 - Criminalidade de violência doméstica (2001-2017) ...... 127 Quadro 68 - Elementos dos vários quadros do Corpo de Bombeiros (2007 – 2018) .. 130 Quadro 69 - Descrição das viaturas do corpo dos BVB ...... 131 Quadro 70 - Ocorrências dos BVB 2018 ...... 132 Quadro 71 - Evolução do parque habitacional ...... 135 Quadro 72 - Dimensão da família clássica (nº) 2011 ...... 135 Quadro 73 - Alojamentos familiares ocupados por instalações existentes ...... 136 Quadro 74 - Evolução dos clientes eletricidade (1970-2017) ...... 136 Quadro 75 - Consumo de energia elétrica por tipo de consumo (kWh) ...... 136 Quadro 76 - Evolução da quantidade de água consumida/por habitante (m3/h) ...... 137 Quadro 77 - Listagem dos prédios urbanos em regime de arrendamento social ...... 137 Quadro 78 - Edifícios segundo a época de construção ...... 139 Quadro 79 - Quadro de pessoal do Centro de Saúde de Barrancos (2007-2018) ...... 141 Quadro 80 - Evolução das consultas médicas no CS de Barrancos...... 142 Quadro 81 - Evolução da atividade de enfermagem no CS de Barrancos ...... 142 Quadro 82 - Outras atividades assistenciais no CS de Barrancos ...... 143 Quadro 83 - Movimento assistencial aos fins-de-semana ...... 143 Quadro 84 - Consultas externas de saúde mental na ULSBA ...... 144 Quadro 85 - Farmácia e seus recursos humanos em Barrancos ...... 146 Quadro 86 - Listagem das associações inscritas no REMAL ...... 149 Quadro 87 - Síntese dos serviços de apoio à comunidade ...... 151 Quadro 88 - Áreas de Intervenção e parceiros para monitorização do DS ...... 159

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INTRODUÇÃO As assimetrias territoriais que existem no nosso país são uma violação dos direitos da cidadania. Os problemas que atravessa a região do Alentejo (NUT II) e o Baixo Alentejo (NUT III), onde se integra o município de Barrancos, tornam-se mais evidentes pela carência de infraestruturas sociais que constituem um fator multiplicador de exclusão social. Neste sentido, as expetativas e as legítimas aspirações das populações para a melhoria da qualidade de vida viram-se para as entidades locais e para o protagonismo destas no domínio da intervenção económica e social.

Perante este cenário de necessidades, o Município de Barrancos (CMB) resolveu em novembro de 2002 aderir ao programa Rede Social, envolvendo simultaneamente as entidades e organizações locais para a criação do Conselho Local de Ação Social de Barrancos (CLAS), que foi formalmente instalado em 19/03/2003.

Neste âmbito, é pertinente salientar que a Rede Social surge no contexto de Programas específicos de Iniciativa Europeia, integrando a filosofia de um conjunto de princípios de um programa de Ação, Pacto de Cooperação para a Solidariedade Social, que a conferência sobre desenvolvimento social, realizada em 1995 em Copenhaga, veio sedimentar e que subscreveu. Este programa centra a sua esfera de atuação na criação de condições para a resolução mais eficaz dos problemas sociais nos territórios locais.

A Rede Social propõe que, em cada comunidade, se criem novas formas de conjugação de esforços, se avance na definição de prioridades, se planeie de forma integrada e integradora o esforço coletivo, através da constituição de um novo tipo de parceria entre entidades públicas e privadas com intervenção nos mesmos territórios. Esta parceria baseia-se na igualdade entre os parceiros, na consensualização dos objetivos e na concertação das ações desenvolvidas pelos diferentes agentes locais.

O programa da Rede Social tem como finalidade combater a pobreza e a exclusão social numa perspetiva de promoção do desenvolvimento social. Desta finalidade decorrem os seguintes objetivos estratégicos:

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 Desenvolver uma parceria efetiva e dinâmica que articule a intervenção social dos diferentes agentes locais;

 Promover um planeamento integrado e sistemático, potenciando sinergias, competências e recursos a nível local e supramunicipal;

 Garantir uma maior eficácia do conjunto de respostas nos municípios e .

Nesta lógica, a rede social, assenta os seus pilares de funcionamento nos seguintes princípios de ação:

 Subsidiariedade, ou seja, é no território que os problemas terão de ser resolvidos, próximos da população de uma forma concertada, articulada e preventiva;

 Integração, isto é, a capacidade de integrar várias medidas e instrumentos, numa ação concertada e coerente de desenvolvimento social;

 Articulação, forme de articular a ação dos diferentes agentes com atividades no território, através do trabalho consolidado de parcerias;

 Participação, assente no desenvolvimento social, através de um processo amplamente participado;

 Inovação, ou seja, implementando as medidas e programas inovadores que se adequem à realidade existente.

No âmbito da Rede Social, integra-se o Diagnóstico Social que podemos definir como um processo de elaboração e sistematização de informação que implica conhecer e compreender os problemas e necessidades dentro de um determinado contexto, as suas causas e evolução ao longo do tempo, assim como os fatores condicionantes e de risco e as suas tendências possíveis: permitindo uma descrição dos mesmos consoante a sua importância, com vista ao estabelecimento de prioridades e estratégias de intervenção, de forma que se possa determinar o aumento do seu grau de viabilidade e eficácia, considerando tanto os meios disponíveis como as forças e atores envolvidos nas mesmas.

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Após esta nota introdutória, é importante mencionar que o presente documento se estrutura da seguinte forma:

- Uma primeira parte onde são definidos os objetivos, a metodologia e técnicas, de recolha de informação para a construção do Diagnóstico.

- Na segunda parte, onde se faz a caraterização geral do município de Barrancos, o seu enquadramento histórico e geográfico, apresentando um conjunto de informações estatísticas relativamente às dinâmicas demográficas, económicas, sociais, culturais, educacionais, a situação perante o (des)emprego, as estruturas e indicadores de saúde da sua população, entre outros indicadores; por sua vez, no final de cada área ou sector são indicadas as potencialidades, constrangimentos e as respostas existentes ou propostas para a sua resolução.

- Finaliza com as prioridades de Intervenção, isto é, as conclusões do trabalho desenvolvido.

O Diagnóstico Social pretende ser apenas o início de toda a intervenção, permitindo realizar atualizações à medida que surgem dados novos que se considerem pertinentes para o estímulo de uma melhor intervenção por parte de todos os parceiros.

Tal como acima foi afirmado, o Diagnóstico Social de Barrancos constitui um documento dinâmico, que começou a ser monitorizado logo após a sua aprovação em 25 de novembro de 2003. Por esse motivo, a base do presente documento, que podemos designar por DS3, assenta no Diagnóstico Social de 2003 (DS), com as atualizações de 2007 (DS1) e 2010 (DS2). O presente processo de atualização do DS3 não termina agora, deve ser evolutivo e dinâmico. O DS4 começa amanhã.

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1 - METODOLOGIA

1.1 - Na elaboração do documento inicial (DS0, DS1 e DS2) Quando procuramos levar a cabo um processo de investigação não podemos descuidar o método, enquanto conjunto de procedimentos que parte duma teoria e a procura testar, constituindo os meios de abordagem do real.

A metodologia adotada para a elaboração do estudo de Diagnóstico Social foi uma metodologia de planeamento integrado – metodologia de rede – com base na participação e na articulação entre as diversas instituições e organismos envolvidos. Esta metodologia assenta num modelo que é concebido através do cruzamento entre dois universos: o territorial e o conceptual, passando pela análise quantitativa e qualitativa.

A metodologia seguida procurou responder a dois objetivos distintos:

 Classificar o corpo teórico-conceptual, através de uma caraterização da região em causa, de modo a situá-la na problemática da articulação territorial do processo de desenvolvimento;

 Encontrar uma combinação de métodos de investigação empírica que, face ao objeto do estudo, melhor pudesse contribuir para a utilização das capacidades intrínsecas do município de Barrancos na resolução dos seus estrangulamentos, através das suas potencialidades, na perspetiva do desenvolvimento equilibrado.

Para a obtenção do material necessário aos objetivos da pesquisa, houve necessidade de utilizar algumas técnicas de investigação sociológica. Estas técnicas preconizam a observação, a classificação e a interpretação sistemática. Paralelamente a este método foram utilizados outros que complementam o método científico, tais como o histórico (na medida em que vamos ocupar-nos de factos que não podemos observar através de documentação adequada) e o atualista (na medida em que estudamos alguns factos sociais obtidos por observação direta, bem como através dos processos de inquérito por entrevistas).

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Por sua vez, dado existir grande diversidade de critérios classificativos das técnicas de investigação, optamos por seguir a classificação apresentada por Madeleine Grawitz (1976), por se entender como a mais adequada à elaboração de um Diagnóstico Social.

Nesta perspetiva, foram aplicados dois grandes grupos de técnicas:

- Técnicas documentais;

- Técnicas ativas.

As primeiras foram utilizadas no estudo documental, tais como estatísticas, relatórios e material bibliográfico contido nos arquivos. As segundas fundamentam-se essencialmente em interrogatórios e na observação direta participante, conseguida pela vivência no local.

Dois tipos de observação da realidade a estudar foram estabelecidos: "observação extensiva" - através da qual se analisou a comunidade no seu todo - e a "observação intensiva" que implicou a auscultação de indivíduos conhecedores da realidade, no caso os parceiros do CLAS.

Numa fase inicial e no respeitante às técnicas documentais, procurou-se a concretização do levantamento do material bibliográfico existente, no sentido de adquirir um conhecimento básico sobre o problema, em função do objetivo da investigação, pelo que foi necessário recorrer às seguintes fontes oficiais:

- Pesquisas estatísticas, baseadas em análise das publicações do INE, recenseamentos gerais da população, estatísticas de emprego, de saúde e demográficas, etc.;

- Consulta dos cadernos de recenseamento eleitoral;

- Levantamento do volume de nascimentos e óbitos ocorridos no município, através da consulta do registo civil.

Para completar a recolha de informação recorreu-se à observação participante e à entrevista.

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As técnicas qualitativas são um instrumento tão válido como o das técnicas quantitativas e, apesar das grandes divergências entre os autores, nada impede que se opte por uma como estratégia básica que, como fio condutor as una. A investigação como técnica qualitativa, está submetida a um processo de desenvolvimento basicamente idêntico ao de qualquer outra investigação de natureza quantitativa. Processo este que decorre em cinco fases: definição do problema; desenho do estudo; recolha de dados; análise de dados e relatório.

Nos métodos qualitativos os dados são analisados mediante as narrações e transcrições – “descrição densa” –, ou seja, a interpretação das interpretações dos sujeitos que tomam parte na ação social.

Deste modo, foi necessário elaborar questionários que foram aplicados a todas as associações do município. Sentiu-se também a necessidade de aplicar um questionário aos empresários sedeados no município de Barrancos.

Este processo analítico preencheu-se, ainda, do trabalho realizado em parceria, com o cunho pessoal de cada técnico ou parceiro envolvido na pesquisa, sobretudo do Núcleo Executivo, enriquecendo em muito o Diagnóstico, com uma diversidade de prismas provenientes da experiência pessoal aliada a uma certa aporia teórica de base, ajustadas à informação de predominância quantitativa.

Em síntese, o documento ora elaborado foi construído com base na investigação/ação, o que o torna um documento dinâmico, ou seja, em permanente mutação, visto que à medida que se vai intervindo no social este altera-se e coloca novas prioridades de intervenção.

1.2 – Metodologia para a 3ª atualização do Diagnóstico Social (DS3) Nesta terceira atualização do Diagnóstico Social (DS3) foi seguida a mesma metodologia do DS, do DS1 e DS2, sendo que a pesquisa e os inquéritos, foram substituídos pela observação ação – observação - participação.

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A informação dos elementos constantes deste “novo” documento, foram sendo recolhidos pelos serviços municipais, sob responsabilidade da Unidade de Ação Sociocultural, abreviadamente UASC, com o apoio dos parceiros do CLAS, através dos seus técnicos ou representantes.

Numa fase inicial, e no respeitante às técnicas documentais, procurou-se a concretização do levantamento do material bibliográfico existente, no sentido de adquirir o conhecimento básico sobre o problema, em função do objetivo da investigação, pelo que foi necessário recorrer às seguintes fontes de informação estatística sobretudo as entidades com sede na área do município:

- Conversas informais;

- Pesquisas estatísticas, baseadas em análises das publicações do Instituto Nacional de Estatística, Anuário Estatístico da Região do Alentejo, estatísticas de emprego, saúde, demográficas, habitação, Ação Social, bem como do Pordata;

- Recolha de Informação na Junta de Freguesia de Barrancos; Registo Civil de Barrancos; Serviços Municipais (Unidade de Ação Sociocultural (UASC); Unidade de Obras e Serviços Urbanos (UOSU); Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPS); Centro de Saúde; Agrupamento de Escolas de Barrancos; IPSS – Lar Nossa Senhora da Conceição de Barrancos; Empresa de Viação Barranquense; Guarda Nacional Republicana; Bombeiros Voluntários de Barrancos; Segurança Social (Barrancos); entre outras;

- Para completar a recolha de informação recorreu-se à observação participante.

O processo de alteração foi iniciado em 29/11/2018, na primeira reunião do CLAS, de “formalização do procedimento de terceira atualização do Diagnóstico Social de Barrancos”.

Nesta reunião, para além de ter tomado conhecimento do nível de concretização/monitorização das medidas, ações e/ou propostas de intervenção, que constavam no DS1 e DS2, foi aprovada a “proposta de indicadores sociais” a utilizar, observado o nível de cumprimento das prioridades de intervenção identificadas.

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Durante o processo de alteração (DS3), registaram-se quatro reuniões do Núcleo Executivo, nas quais participaram ativamente os parceiros.

Na primeira reunião, a 24/01/2019, com a participação da CMB (vereadora da ação social e coordenador técnico da Rede Social), da Segurança Social (técnica local), da Saúde (técnica local) e do Lar Nossa Senhora da Conceição de Barrancos (LNSCB), foi analisada a proposta dos indicadores sociais e a matriz dos indicadores sociais a utilizar, bem como a estrutura do que poderia ser o relatório do Diagnóstico Social, tendo sempre presente que esta seria uma atualização.

Na segunda reunião, a 28/02/2019, na qual participaram a CMB (vereadora ação social e coordenador técnico da rede) e o LNSCB, foi apreciado uma primeira versão do documento, já com alguns indicadores atualizados sob responsabilidade da CMB/UASC. O CLAS/NE, tomou conhecimento e decidiu reforçar o pedido de envio de dados (indicadores sociais) solicitado aos diferentes parceiros e a outras entidades oficiais, que não tinham respondido.

Na terceira reunião, a 27/03/2018, participaram somente a vereadora da ação social e o coordenador técnico da CMB/UASC, com a representante da saúde, tendo sido trabalhados os indicadores e as prioridades desta área, nalguns casos transversais a outros domínios, que também foram analisados.

Na quarta e última reunião, realizada em 16/05/2019, com a presença dos representantes do Município, do Centro de Saúde e da IPSS/LNSCB, foi apreciada o projeto do DS3, apresentado pela CMB/UASC, integrando as propostas e as prioridades de intervenção temáticas, setoriais e gerais, apresentadas pelos parceiros, considerando-se aprovado o documento.

A versão final do Diagnóstico Social de Barrancos (3ª atualização), aprovada pelo NE/CLAS, foi enviada a todos os membros para apreciação e recolha de contributos. A aprovação em plenário pelo CLAS, ocorreu em reunião de 05/06/2019.

Como já foi referido, o DS3 tem como base o Diagnóstico Social de 2003 (DS0), atualizado em 2007 (DS1) e em 2010 (DS2), depois de alteradas as prioridades identificadas pelos parceiros, de acordo com a monitorização efetuada previamente.

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A revisão geral deste instrumento deverá ocorrer até finais de 2021, horizonte temporal que permitirá a sua monitorização e avaliação.

2. CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BARRANCOS 2.1. Localização Geográfica O município de Barrancos está situado na margem esquerda do rio , integrado na região do Alentejo (NUT II), sub-região do Baixo Alentejo (NUT III), sendo simultaneamente sede de Freguesia e de Município, com uma população de 1834 habitantes1 (Censos 2011), praticamente todos concentrados na Vila de Barrancos, única localidade.

Figura 1: Localização geográfica de Barrancos em Portugal continental

Localizado no distrito de Beja, o território do município de Barrancos tem uma área de 168,4 Km², confinando a poente com os municípios portugueses de Moura (que dista2 53,7 km) e de Mourão (a 49,3 km), e a nascente pelos municípios espanhóis de Valencia del Mombuey (a 30 km), de Oliva de La Frontera (a 30,6 km), e de (10 km). A sede de distrito (Beja) fica a 102 Km, praticamente a mesma distância de Évora (107 km). A capital, Lisboa, dista 250 Km.

1 Segundo o Anuário estatístico da Região Alentejo (INE 2018), estima-se que a população de Barrancos seja de 1669 habitantes em 31/12/2017. 2 Distâncias registadas com base no www.google.pt/maps

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Figura 2: Mapa do Alentejo, NUT II, 2018

(adaptado pela CMB/UASC

2.2 – Solo

Os recursos pedológicos da região são considerados na sua maioria pobres, o uso do solo de classe A e B é pouco significativa, sendo este pouco aproveitado na agricultura, mas intensivamente utilizado para a criação de gado (bovino, ovino, caprino e suíno).

Do ponto de vista litológico, a zona de Barrancos é um dos extremos do vasto Maciço Antigo - Sierra Morena - onde aparecem rochas com xistosidades e com alguns desdobramentos. Geologicamente, esta região assume particular importância por ser aqui que se localiza uma das sucessões estratigráficas – Silúrico - com maior complexidade e, melhor conhecida em Portugal dos pontos de vista litológicos e paleontológicos. As formações que caraterizam a região, são compostas por rochas sedimentares e metamórficas: os Xistos Raiados, Xistos com Nódulos, grauvaques e quartzitos.

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2.3.- Relevo O relevo, em oposição ao resto do Alentejo é acidentado, com declives bastante acentuados. Os pontos mais altos da região são o Cerro do Calvário (377 m de altitude), o Alto de Sº Bento (386 m) e a Serra Colorada (a 390 m).

2.4. - Rede hidrográfica O rio Ardila e seus afluentes, as ribeiras de Múrtega e Murtigão, são as principais linhas de água que marcam a paisagem e delimitam o território em grande extensão a nível municipal, nacional e internacional. Existem ainda diversos ribeiros que secam no verão, parecendo provir desse facto a etimologia do nome Barrancos. Esta dever-se-á também ao acidentado do terreno, cheio de barrancos e elevações. Ao longo do curso das ribeiras do Múrtega e do Ardila predominam vários moinhos e açudes, com elevado potencial turístico, sobretudo os do vale do Múrtega.

2.5 – Clima O município de Barrancos apresenta um clima marcadamente mediterrânico, com duas épocas distintas, sobretudo no respeitante à temperatura e precipitação. O Inverno chuvoso, com temperaturas rondando os 10º C em média, enquanto o verão é praticamente seco, e temperaturas elevadas, o que provoca período de seca cíclica, facto que frequentemente se verifica. Entre estas duas épocas encontra-se o outono e a primavera, consideradas fases de transição. À semelhança da maioria dos municípios da MEG (Margem Esquerda do Guadiana) e mesmo do Alentejo, regista grandes oscilações nas amplitudes térmicas diárias e anuais.

Este clima, pelas suas caraterísticas gerais, encontra-se perfeitamente inserido na região interior do Alentejo e zonas Sudoeste de Espanha. O município tem ao longo do ano uma exposição solar prolongada, sendo a grande maioria dos dias luminosos e ensolarados.

Dada a condições de relevo e várias outras influências, tudo leva a crer que o município possui condições climatéricas especiais.

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2.6 - Fauna e Flora A fauna e flora da região têm essencialmente caraterísticas mediterrânicas. No que respeita à vegetação, é predominantemente de formação esclerofilas, isto é, constituídas fundamentalmente por plantas de folhas rígidas e persistentes, facto associado às condições climatéricas da região.

A azinheira (Quercus rotundifólia) é o coberto vegetal predominante no ecossistema de montado da região. Esta espécie é de grande plasticidade adaptativa, muito resistente a elevadas amplitudes térmicas e ao excesso de calor e secura, daí a sua predominância. Este domínio do montado, e em particular a importante extensão da área ocupada por azinheira, encobrem a forte incidência do fenómeno de mortalidade da azinheira no município.

Segundo o estudo citado no REOT 20183, entre as causas da mortalidade do montado são apontadas diferentes fatores que conjuntamente devem limitar a sobrevivência e/ou desenvolvimento das raízes das azinheiras (caraterizadas por volumes radiculares muito extensos); - os solos compactos, pouco profundos e com má drenagem; - as doenças radiculares como a Phytophthora cinnamomi‖; - e a má condução das práticas culturais, por exemplo podas intensas ou gradagens

A oliveira (Olea europaea), é igualmente importante, predominando em solos de média qualidade e, em zonas viradas a nascente. Apesar do olival tradicional, ser velho e pouco rentável, a sua produção de azeitona contribui para o melhor azeite biológico da região demarcada de Moura, produzido pela Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos.

O zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris) é parte da vegetação natural, que se desenvolve junto com outras espécies arbustivas, tais como: a aroeira (Pistacia lentiscus); o murtinho (Myrtus communis); o estevão (Cistus populifólios); o rosmaninho (Lavandula pedunculata); o sargaço (Cistus monspeliensis); as gilbardeiras (Ruscus aculeatus), e a esteva (Cistus ladanifer).

3 Cf. REOT | Relatório de Estado do Ordenamento do Território do Município de Barrancos (www.cm-barrancos.pt/urbanismo/docs/REOT_Barrancos.pdf)

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A sua implantação maioritariamente em relevos acidentados, reduz a ação humana, permitindo a conservação de uma paisagem primitiva e natural, habitat de uma diversidade de espécies animais, que enriquecem a fauna e consequentemente o património natural da região.

De salientar que as culturas arvenses de sequeiro aparecem com pouco significado, o que é natural, tendo em conta a especificidade da região. Manchas de áreas incultas aparecem em zonas de declives bastantes acentuados. Pouco significativas são as culturas de regadio, praticando-se apenas em hortas à volta da vila.

Outro tipo de vegetação se desenvolve nos vales das ribeiras de Múrtega e Murtigão e rio Ardila - nas três linhas de água mais importantes que atravessam o território, o salgueiro (Salex spp.), o freixo (Fraxinus angustifolium), o aloendro (Nerium oleander), o tamujo (Securinega tinctoria) e as silvas (Rubus spp.) juntamente com espécies herbáceas muito diversificadas. A vegetação é uma das principais componentes do habitat dos animais. A diversidade estrutural da paisagem arbórea, arbustiva, herbácea e florística e a grande extensão do montado de azinho, associadas à fraca presença humana, são fatores determinantes para o habitat de diversas espécies faunísticas.

A fauna da região é muito rica. No que respeita à avifauna, nidificam várias espécies nesta região, principalmente no montado de azinho, como é o caso do Pombo-Torcaz (Columba palumbus); da Pega-Azul (Cyanópica cyanus); do Trigueirão (Emberiza calandra); da Rola-Comum (Streptppelia tur); dos Tordos (Turdus spp.); da Perdiz Comum (Alectoris rufa); da Poupa (Upupa epops); da Cotovia-de-Poupa (Galerida cristata); do Abelharuco-Comum (Merops apiaster e da Cegonha-Branca (Ciconia ciconia),entre outros.

Nas zonas envolventes ao Castelo de Noudar - Herdade da Coitadinha - é frequente observar aves de rapina como: o Grifo (Gyps fulvus); a Águia-real (Aquila chrysaetus); Águia-Calçada (Hieraaetus pennatus); Águia Cobreira (Circaetus gallicus); e, Águia-de-Asa-Redonda (Buteu buteu); o Milhafre-Real (Milvus milvus); Milhafre-Preto (Milvus migrans); a Coruja-do-mato (Citrix aluco) e o Mocho-Real (Bubo bubo).

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Os mamíferos da comunidade faunística, do coberto vegetal de azinho e do sub-bosque de esteva, estão representados pelo Javali (Sus scrofa); a Raposa (Vulpes vulpes); a Lebre (Lepus capensis); o Coelho-Bravo (Oryctolagus cuniculus); a Geneta (Genetta genetta); o Saca-Rabo (Herpestes ichneumon) e o Gato-Bravo (Felis silvertris).

2.7 - Rede viária e acessibilidades As vias de comunicação terrestre são desde há muitos séculos um elemento fundamental no desenvolvimento das sociedades. A circulação de pessoas e bens permite que as trocas comerciais entre as diferentes regiões sejam um facto e com isto a melhoria do nível de vida das populações e um desenvolvimento equilibrado de cada localidade. A rede de estradas e arruamentos, bem como as condições de acessibilidade constituem um elemento estruturante no ordenamento e organização do território, sendo este fundamental para o desenvolvimento socioeconómico, facilitando a mobilidade e a comunicação entre as diversas áreas produtivas e as populações.

No município de Barrancos, ou melhor à vila de Barrancos, confluem apenas duas ligações rodoviárias4, que derivam de quatro eixos rodoviários distintos (dois portugueses e dois espanhóis).

- Pelo lado nacional, a EN 258 Barrancos, com ligação a Santo Aleixo da Restauração, Safara e Moura, e daqui para e Beja; e a EN(d) 386, que liga Barrancos à Amareleja (Moura) e a partir daqui a Mourão, Reguengos de Monsaraz e Évora/Lisboa. (Fig. 3 e 5)

- Pelo lado internacional (Espanha), a estrada HU-9011, que liga Barrancos a Encinasola, e daqui a Oliva de la Frontera, Jerez de los Caballeros e Fregenal de la Sierra; e a estrada HU 8100 com ligação a e daqui para Sevilha, através da N-433. (Fig. 4 e 5)

4 - De acordo com o Plano Rodoviário Nacional 2000 (PRN) em vigor, o troço da EN 258 localizado no município de Barrancos, encontra-se classificado na Rede Complementar (estradas nacionais); - O troço da EN 386 não foi incluído no PRN, pelo que se encontra desclassificado, mas também não está incluído no grupo das Estradas Regionais. Trata-se de uma estrada que, apesar de desclassificada, se mantém sob jurisdição da Infraestruturas de Portugal, S.A, até integração na rede municipal, podendo ser designação de EN 386 ou EN(d) 386.

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Figura 3: Rede viária nacional de acessos a Barrancos

Fonte: Carta de Portugal Continental - Instituto Geográfico Português – 2002

Figura 4: Rede viária internacional de acessos a Barrancos

Foto: CMB/UASC, janeiro 2019

Figura 5: Rede viária nacional e internacional de acessos a Barrancos

Foto: Google Maps, adaptado pela CMB/UASC, janeiro 2019

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Se as estradas internacionais são recentes e não apresentam problemas estruturais, a rede viária nacional há décadas que constituem um estrangulamento ao desenvolvimento local, pelas caraterísticas que apresentam.

As duas estradas nacionais – a EN 258 e a EN(d) 386 - carecem de ser requalificadas/beneficiadas, não só porque mantêm o traçado desde a sua construção - por volta de 1920 a EN 258, e em 1960 a EN(d) 386 – mas, também, porque nenhuma delas sofreu qualquer intervenção significativa5 ao longo dos anos, com degradação evidente desde há mais de duas décadas: pavimento irregular, perfil estreita, sinuoso, etc;.

Apesar das intervenções de conservação corrente, as obras de reparação estrutural das duas estradas nacionais tardam, como tem sido repetidamente referenciado na comunicação social. A denúncia do estado de degradação das estradas e a reivindicação para a sua requalificação e beneficiação, tem ocupado todos os executivos municipais, praticamente desde 1976, sem que tenha havido resultados. O último protesto, que se pode considerar pioneiro, por ter envolvido as populações de Barrancos, Moura, Mourão e , sob lema “juntos por melhores acessibilidades”, decorreu em 18 de março de 2019. Na data de aprovação do presente documento, aguardavam-se as decisões avançadas pelo ministro da tutela aos presidentes das câmaras municipais de Barrancos, Moura, Mourão e Vidigueira, na reunião mantida a 3 de abril de 2018.

Relativamente à rede viária municipal destacam-se: a chamada estrada das Bicas (CM 1022), espécie de variante com ligação Sul à EN 258 e EN(d) 386, de faixa estreita e a necessitar repavimentação em praticamente toda a extensão; e a estrada da Pipa (CM 1023), que liga a vila ao Castelo de Noudar, com passagem pelo Parque Natureza de Noudar, que apresenta um troço pavimentado até à ponte do Múrtega (cerca de 4 km), e o restante em terra batida, sendo que nalguns sítios restam partes com pavimento em alcatrão, que carece de intervenção/reparação em toda a sua extensão.

5 Apesar das intervenções de conservação corrente, onde se têm incluído trabalhos pontuais de conservação de pavimentos e, sempre que necessário, intervenções de emergência, para se garantirem as condições de circulação.

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Dezenas de outros caminhos municipais, vicinais, rurais ou reais encarregam-se de chegar aos demais sítios, lugares e montes espalhados pelo território municipal de Barrancos.

2.8 – Transporte público A vila de Barrancos é servida por um único operador de transporte público, a Empresa de Viação Barranquense (EVB), com sede em Barrancos, mas escritórios em Moura. A EVB é concessionária das duas únicas carreiras a partir de Barrancos: a) Carreira de Barrancos – Moura – Barrancos (dias úteis); e b) Carreira de Barrancos – Amareleja – Barrancos (semanal).

Aos fins-de-semana e feriados não há transporte público de/para Barrancos. Também não existe, sendo objeto de contestação há anos, a ligação de Barrancos a Lisboa, por Évora, que poderia verificar-se aproveitando a interface de Amareleja (via Rodoviária/Expressos).

Esta situação será objeto de intervenção da nova autoridade de transporte da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (AT-CIMBAL), seguindo a proposta já apresentada pelo Município (CMB).

Quadro 1 - Mapa de Horário da carreira “Barrancos/Moura”

GERAL Época Escolar (Fora de Época Escolar) Localidades (percurso) Exceto Exceto À 2ª, 4ª e 6ª À 2ª, 4ª e 6ª sábado, sábado, feira, exceto feira, exceto domingo e domingo e feriado feriado feriado feriado

BARRANCOS 7h30 14h00 6h50 15h00

Santo Aleixo da 8h00 14h30 7h25 15h30 Restauração

Safara 8h15 14h45 7h40 15h45

Santo Amador 8h30 15h00 7h55 16h00

MOURA 8h45 15h15 8h10 16h15

Fonte: Empresa de Viação Barranquense (EVB), 25/02/2019

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Quadro 2 - Mapa de Horário da carreira “Moura/Barrancos”

GERAL Época Escolar (Fora de Época Escolar)

Localidades

(percurso) Exceto sábado, À 2ª, 4ª e 6ª Exceto sábado, À 2ª, 4ª e 6ª domingo e feira, exceto domingo e feira, exceto feriado feriado feriado feriado

MOURA 18h15 12h30 18h15 13h30

Santo Amador 18h30 12h45 18h30 13h45

Safara 18h45 13h00 18h45 14h00

Santo Aleixo da 19h00 13h15 19h00 14h15 Restauração

BARRANCOS 19h30 13h45 19h30 14h45

Fonte: Empresa de Viação Barranquense (EVB), 25/02/2019

Quadro 3 - Mapa de Horário da carreira “Barrancos/Amareleja/Barrancos”

Barrancos – Amareleja Amareleja - Barrancos Dia da Semana Partida Chegada Partida Chegada

Segunda-feira 5h15 5h45 6h00 6h45

Sexta-feira 19h20 19h45 Fonte: Empresa de Viação Barranquense (EVB), 25/02/2019

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Proximidade com Espanha, país de grande dimensão (ponto de passagem entrada e de saída) - Envelhecimento acentuado da população.

- Capacidade de acolher novos residentes por - Ordenamento do trânsito e de sinalização via da recuperação/utilização do parque rodoviária municipal, nalguns casos habitacional existente. inadequados;

- Razoável qualidade de vida. - Mau estado da rede de estradas administradas pelo IP - EN 258 e EN (d) 386; - Existência de equipamentos culturais e desportivos; - Necessidade de reparação/pavimentação da rede viária municipal (estrada das Bicas e - Existência de equipamentos sociais no estrada de Noudar); domínio da infância (creche e jardim-de- infância) e terceira idade (ERPI ou Lar, CD e - Grande distância dos núcleos urbanos de SAD) maior dimensão;

- Existência de olival tradicional, com - Inexistência de carreira rodoviária para/e produção biológica; ligação a Lisboa;

- Elevado potencial para o desenvolvimento - Degradação do montado; de atividades relacionadas com as novas tecnologias (existência de fibra ótica): - Olival extensivo velho e pouco produtivo; teletrabalho, etc.. - Desertificação dos solos; - Disponibilização de internet livre (wi-fi), em vários pontos da Vila de Barrancos; - Degradação dos açudes e dos moinhos;

- Rede hidrográfica de elevado potencial turístico, com existência de pontos de interesse turístico (moinhos e açudes);

Propostas

- Reparação das estradas administradas pelo Infraestruturas de Portugal, SA;

- Reparação da rede viária municipal principal (e. das Bicas e e. de Noudar);

- Reordenamento do trânsito na vila de Barrancos e retificação da sinalização rodoviária;

- Alteração do modelo de funcionamento da carreira da Amareleja, designadamente à sexta- feira, com ligação à rede Expressos proveniente de Lisboa, proposta já apresentada à autoridade de transporte;

- Revitalização do montado com aprovação de plano de recuperação e/ou plantação de novas árvores;

- Recuperação dos moinhos e açudes do Rio Múrtega (Pipa, Tio Cuba ou Volta do Torno, e do Cadaval);

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3 – ENQUADRAMENTO HISTÓRICO DE BARRANCOS A origem da vila de Barrancos remonta aos finais do século XIII, aldeia pertencente à vila de Noudar, então sede de município.

As lutas travadas entre cristãos e muçulmanos, por um lado, e o desentendimento entre os cristãos devido aos territórios de conquista, por outro, vão influenciar o delinear das fronteiras.

A região foi conquistada aos Mouros para o reino de D. Afonso Henriques, por Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, em 1667 Como consequência da derrota em Badajoz, D. Afonso Henriques foi obrigado a devolver a D. Fernando II de Leão (seu genro) em 1169 toda a região a leste do Guadiana, recuperada mais tarde pelos muçulmanos. Esta luta entre cristãos e muçulmanos arrastou-se com avanços e recuos por mais um século.

Sendo novamente Noudar pertença portuguesa, no reinado de D. Sancho II (1223-1248), teria este prometido ao futuro Afonso X o Sábio, a cedência de todas as terras além do Guadiana. Mais tarde e, segundo a carta de doação de 4 de março de 1283, Afonso X, rei de Castela, entrega Noudar a Dona Beatriz, sua filha, já viúva de D. Afonso III rei de Portugal desde 1279, juntamente com as praças de Mourão, Moura e Serpa.

O Foral de Noudar, que segue o modelo do de Évora, foi concedido em 1295 por D. Dinis, filho de Dona Beatriz e D. Afonso III, e confirmado em 1513 por D. Manuel I.

O tratado de Alcanizes, assinado em 1297 por D. Dinis e D. Fernando IV, rei de Castela e Leão, fixou os limites da fronteira entre ambos os reinos, todavia, a região de Noudar continuou uma zona de litígio e de indefinição administrativa, sendo por várias vezes posse do reino de Castela.

Em 1307, D. Dinis faz doação de Noudar ao Frei D. Lourenço Afonso, Mestre da Ordem de S. Bento de Avis, como agradecimento pela colaboração que a mesma dera ao rei durante os conflitos com Castela, com a condição de povoar e construir “um castello de boo muro e... umm Alcaçar forte”.

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Em 1308 foi criado em Noudar o primeiro couto de homiziados do país, com vista à defesa da fronteira e travar o despovoamento. Existiam na época 79 moradores.

Outros foram os períodos em que a região esteve na posse de Castela. D. Afonso IV envolveu-se em guerra com Castela (1336-1339), facto que levou provavelmente à perda de Noudar. No reinado de D. Fernando (1367-1383), Noudar voltaria a Portugal em 1372, regressando novamente a Castela após a sua morte. Na crise de 1383-1385, Noudar “tomou a voz” por D. Beatriz, Infanta de Portugal, filha de D. Fernando, casada com D. João I de Castela desde 1383.

Com a integração de Portugal na coroa de Castela (período filipino 1580- 1640), a aldeia de Barrancos adquire mais importância do que a vila de Noudar, já que a população, maioritariamente castelhana, estava concentrada em Barrancos, verificando-se na época um crescimento demográfico. No entanto, a presença de castelhanos na região é certamente mais antiga. Nos finais do séc. XV, as terras fronteiriças de Castela alcançaram um superpovoamento com a consequente diminuição das terras de pastagem o que pode explicar o movimento migratório para Portugal e a pressão sobre as terras quase despovoadas de Barrancos.

Com o envolvimento de Portugal nas Guerras da Sucessão de Espanha, as tropas do Duque de Osuna, apoderam-se de Noudar em 1707, conservando-se em poder de Espanha até à assinatura do Tratado de Utreque, em 1715.

Aquando da ocupação castelhana, Noudar é votado ao abandono e, entre 1774 e 1835, surge pela primeira vez, a designação de “município de Noudar e Barrancos”. A população estava concentrada na aldeia (Barrancos), situada a mais de 10 Km de distância, e o seu corpo militar e administrativo continuava assente no castelo (Noudar).

Com a reforma administrativa do governo liberal de Mouzinho da Silveira, em 1836, Barrancos é elevado à categoria de vila, passando o município a ser denominado somente pelo nome de Barrancos.

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Finalmente, na sequência de nova reorganização administrativa de João Franco, que extinguiu mais de 500 municípios, é publicado o decreto nº 26 de 27/06/1896 pelo qual é “suprimido o município de Barrancos, sendo anexado ao de Moura”.

A revolta da população local e a constatação da existência de uma realidade cultural específica, levou a que esta situação nunca se chegasse a concretizar de facto, tendo sido revertida dois anos depois, pela Lei de 13/01/1898, que procedeu à restauração do município de Barrancos, com sede na Vila de Barrancos.

3.1 – Património material Relativamente ao património material, destacamos:

O Castelo de Noudar, situado a 12 km da Vila de Barrancos, foi classificado Monumento Nacional por decreto de 16 de junho de 1910. Estrategicamente implantado no cimo de um monte, a 256 m acima do nível do mar, está rodeado pela ribeira do Ardila e seu afluente Múrtega.

A fortificação é composta: pela cerca da antiga vila de Noudar; pelo castelo a SE, vestígios de cortina a SE e redente a Sul, a cerca de planta irregular disposta segundo um eixo longitudinal no sentido NO/SE, integrando o castelo, de planta trapezoidal em cuja muralha NO, ergue-se a torre de menagem; a cerca é percorrida por adarve e reforçada por 12 cubelos retangulares e quadrangulares (três comuns ao castelejo), e rasgada por duas portas, em arco quebrado, uma a E., a principal, junto do muro do castelo, outra a O. protegida por pequena torre retangular, pouco saliente e ainda uma pequena porta a NO, designada: porta falsa ou da traição. A muralha SE do castelo de taipa revestida a alvenaria de xisto. A Torre de Menagem, quadrangular, com 17,5m de altura, onde se abrem duas portas em arco quebrado, uma no piso inferior, na parede SE, e outra no 2º piso, a NE, com acesso por escada exterior; cobertura em terraço e coroamento de merlões de remate piramidal.

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No interior da torre existe uma cisterna e outras duas na praça de armas onde são visíveis vestígios de estruturas murárias das dependências que compunham a antiga alcáçova. De salientar a igreja, com várias denominações, dependendo das épocas, sendo que as mais conhecidas são: Igreja de Nossa Senhora de Entre Ambas-as-Águas (séc. XVI) e do Desterro ou Igreja Matriz da Vila de Noudar (séc. XVIII).

Desconhece-se a data da primeira ocupação humana na região de Noudar, mas vestígios encontrados aquando de trabalhos arqueológicos determinam uma ocupação que remonta ao Calcolítico Pleno-Final.

Património arqueológico inventariado - Ainda, no território do município de Barrancos, reveste-se de relevante interesse os 46 registos de património arqueológico inventariado no Portal do Arqueólogo da Direção Geral de Património Cultural, que convém estudar e melhor caraterizar, dando continuidade a trabalhos já iniciados e à conclusão da Carta Arqueológica de Barrancos.

Castelo de Cid, ruínas situadas aproximadamente a 220 metros de altitude, junto à margem esquerda da ribeira do Ardila, na herdade das Russianas e no qual, é possível encontrar vestígios de explorações mineraliferas de prata, cobre e ferro, bastante abundantes na região.

As ruínas capela de S. Ginês – Monumento do século XVII, localizado frente ao Castelo de Noudar. O velho orago, apagado da memória das gentes da região, ocupa um imponente cerro da região. São cerca de 266 metros acima do nível do mar. Incrustada nos xistos acinzentados, a Ermida de S. Ginés é um dos mais calados edifícios desta região e uma das mais perdidas memórias nestas terras de fronteira.

Do santo, diz-se, estaria na Herdade da Coitadinha. Sepulturas escavadas na rocha, de cronologias pouco claras, que podem estender-se desde há 3500 anos até aos tempos medievos de há 1000 anos, mistificam ainda mais o terreiro pedregoso a partir do qual se pode viajar de uma forma fascinante por um espaço que se estende desde o concelho de Moura às terras de Mourão, até às terras castelhanas da Andaluzia e da vizinha Estremadura, pertencentes a Valência del Mombuey e Oliva de la Frontera.

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Ao longe, avistam-se as terras de Aroche e Aracena onde um gémeo San Ginés protegia as gentes serranas que lidavam no sopé da serra Morena.

Os moinhos medievais da Ribeira do Múrtega 6 - Ao longo de um troço de aproximadamente 27 km, a ribeira de Múrtega serpenteia o território nacional, fazendo fronteira com Espanha nos primeiros 4 km. Neste troço, podemos encontrar nove moinhos que sobrevivem às cheias conservando ainda a forma primitiva e verdadeiro estado de solidez, são sem dúvida os últimos vestígios de uma atividade que se manteve até inícios da segunda metade do séc. XX, são eles: Moinho da Volta do Nogais; Moinho do porto Sorzano ou do Serrano; Moinho do Cadaval ou do porto do Almenero; Moinho da Volta do Torno; Moinho da Pipa; Moinho do porto Sortano ou Calçado; Moinho da Molineta, ou da Vinha e Moinhos da Volta de S. Gines.

Mina de Apariz – A história recente de Barrancos tem paragem obrigatória na Mina de Apariz. A atividade mineira ali desenvolvida serviu de veículo de desenvolvimento, marcando registos hoje lembrados com saudade.

O esquecimento e a deterioração do principal polo mineiro da região (Apariz), deve servir-nos de reflexão para a maneira como tratamos a nossa própria história, e da forma como desaproveitamos as boas oportunidades de dignificar e valorizar o nosso património.

Durante mais de vinte anos (1953 a 1975), a atividade desenvolvida na principal mina de cobre da região Alentejo-Sul (Apariz), foi sem lugar a dúvidas, o contributo mais valioso que o município de Barrancos recebeu na segunda metade do séc. XX. A Mina de Apariz pela dimensão da própria exploração chegou a ser considerada uma “freguesia” de Barrancos. No lugar da Mina de Apariz chegaram a residir no início da década de 70 do século XX cerca de 400 pessoas entre operários e suas famílias.

A mina de Apariz foi a única do município, que figurou no Congresso Internacional de Geologia de Washington em 1933, tendo funcionado até 1975.

6 OS MOINHOS DA RIBEIRA DO MÚRTEGA - Testemunhos de Antigos Agro-sistemas, SUB-REGIÃO DE ARDILA & NOUDAR - Concelho de Barrancos, D. Segão, UÉvora, 2002.

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O interesse mineiro suscitado pelo campo metalífero de Barrancos levou a que fossem realizados mais de trinta registos de minas, sendo destacar pelas quantidades de minério e cobre extraídas: a Mina de Apariz; a Mina da Umbria das Ferrarias; a Mina de Minancos; a Mina da Defesa das Mercês; a Mina da Serra da Butefa; a Mina de Vale de Marcos; a Mina da Pirâmide Geodésica da Butefa e a Mina da Vêga da Vinha, entre outras.

A Igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição – Situada na Praça da Liberdade, coração da Vila de Barrancos, ergue-se a Igreja Paroquial ou Matriz da Vila, cuja construção remonta ao séc. XVIII. Terá sido erguida sobre o local de uma outra, já existente com a mesma designação já mencionada no Tombo da Comenda de Noudar de 1607, sendo desconhecida a data da primeira construção, assim como do primitivo estilo arquitetónico.

A atual construção possui caraterísticas arquitetónicas especiais e muito semelhantes à Ermida de Flores, na vizinha Espanha o que leva a crer que seria semelhante à anterior construção. O interior da igreja é constituído por três naves abobadadas, com quatro capelas laterais. Nestes altares, destaca- se o de Nossa Senhora das Dores, de caraterísticas barrocas, que se diferencia de todos os outros. Pensa-se que, tal como um dos sinos, terá sido originalmente parte integrante da Igreja de Noudar. É também de referenciar, no altar lateral direito, a pintura representando Nossa Senhora do Carmo. Na capela-mor, coberta por abóbada, estão as estátuas: ao centro, num nicho a do Senhor Crucificado e nas laterias, o Sagrado Coração e a Padroeira da vila, Nossa Senhora da Conceição, ricamente vestida.

Recentemente, em 2018, a igreja foi dotada de equipamento de ar condicionado, uma aspiração da comissão fabriqueira, possível com um donativo de uma comissão de festas, e o apoio logístico do Município, que executou as obras.

Torre do Relógio - Está situada na Praça da Liberdade, frente à Igreja Matriz, no cimo do edifício dos Correios, composta por um grande relógio datado de 1921, por uma torre sineira, complemento do relógio, e encimada com ninhos de cegonha.

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O Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos, inaugurado a 24/08/2007, está instalado num conjunto de dependências de uma antiga casa senhorial do século XIX. Todo o conjunto, adaptado e requalificado para o efeito, envolve um pátio central, transformado num pequeno anfiteatro que oferece condições para a realização de eventos ao ar livre. Neste, existem ainda, os dois fornos a lenha utilizados nas atividades de recriação do fabrico do pão e da doçaria tradicional.

No museu encontram-se duas exposições permanentes: a de arqueologia, onde podemos encontrar utensílios e artefactos desde o Paleolítico ao século XVIII/XIX; e a de recreação do antigo gabinete médico Municipal (finais do século XIX/meados do séc. XX), onde se expõe o mobiliário e os instrumentos das mais variadas áreas da medicina utilizados pelos médicos municipais que exerceram em Barrancos. A terceira sala é destinada às exposições temáticas e de caráter temporário, onde é exposto o valioso espólio etnográfico, fruto de doações e que é testemunho das tradições e do património sociocultural do município de Barrancos e das suas gentes.

3.2 - Património Cultural Imaterial No domínio do património imaterial, destaca-se:

O Dialeto/fala/língua de Barrancos - Caraterização

O barranquenho, falado em Barrancos, é uma variedade do português meridional (o alentejano) com fortes traços das variedades meridionais espanholas (andaluzas e estremenhas).

A origem desta fala provavelmente esteja relacionada com os assentamentos na Idade Média em torno ao Castelo de Noudar de súbditos do reino de Castela, em terras hoje portuguesas.

A sua sobrevivência talvez se deva ao contínuo contacto mantido entre as gentes de Barrancos e as populações vizinhas espanholas – Encinasola, Fregenal de la Sierra, Higuera la Real e Oliva de la Frontrera, entre outras -, no que diz respeito as relações de tipo social, cultural e económico, e ao isolamento que o município tem sofrido ao longo dos séculos.

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Em Barrancos é possível ouvir três sistemas linguísticos diferentes: o português – variedade alentejana; o espanhol – variedade andaluza ou extremenha; e o barranquenho propriamente dito. O português é a língua dos ofícios religiosos e dos contactos formais entre pessoais instruídas. A presença ou ausência dos traços que conformam a fala barranquenha, maioritária na Vila, estão relacionados com o grau de conhecimento do português oficial (standard). Porém, a fala espanhola é utilizada principalmente entre pessoas da primeira e da segunda geração e também na literatura oral tradicional (In Maria Vitória Navas, Prof. Universidade Complutense, Madrid).

A arqueologização da língua barranquenha chegou a ser alvitrada no congresso internacional sobre o Barranquenho7, mas a sua preservação, manutenção e continuidade depende da comunidade de falantes, da consciencialização da sua importância enquanto veículo de comunicação e de transmissão de saberes. Só se arqueologiza o que deixou de ser natural. O barranquenho, ao contrário do Mirandês, só se manteve e contínua na oralidade, que tem que ver com a lógica cultural e do isolamento, de resistência e de comunicação endógena.

Do debate, para além da polemização em torno da dualidade escrever vs falar, que pode suscitar, surgiu uma certeza: a classificação do barranquenho como língua depende sobretudo de decisões de política linguística, influenciada por estudos, por investigadores e pela sua comunidade de falantes, incluindo os dirigentes políticos locais.

Entretanto, já em 2008 o Município de Barrancos, “reconhecendo a importância do dialeto barranquenho como fator de identidade e especificidade do povo de Barrancos, e considerando que, cabe ao Município, esforçar-se, por todos os meios apropriados para assegurar o reconhecimento, o respeito e a valorização do património cultural imaterial da comunidade barranquenha,…”, resolveu classificar o dialeto/fala barranquenha como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal8.

7 “Congresso Internacional sobre o Barranquenho – ponte entre línguas e culturas: passado, presente e futuro”, promovido pela CMB, em parceria com a Cátedra em Património Imaterial da Unesco da Universidade de Évora, em 2 de junho de 2017 8 Cf. In Deliberação nº 12/AM/2008, de 24/6 (www.cmbarrancos.pt/cultura/pdf/Classifica%C3%A7%C3%A3o%20Dialecto%20Barranquenho%20PCIM%20(v%20fi nal).pdf)

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3.3 - Festas, feiras, romarias, costumes e tradições locais - Carnaval - Na época do carnaval ou entrudo, o chilhadêro é uma das manifestações populares desta época que, apesar do esforço na sua divulgação e reconstituição por parte do Município, da escola ou da Associação de Reformado, tem vindo a desaparecer. O chilhar, que em Barrancos assumiu-se como ritual masculino, constitui uma espécie de passagem da puberdade para a adolescência, onde o rapaz, normalmente em grupo, "chamava” (chilháva) à rapariga para que espreitasse à porta ou saísse à rua.

Esta algazarra noturna de juventude, que andava de rua em rua, ou porta-em-porta, começava no dia 20 de janeiro e terminava às 24 horas do último sábado, antes da terça-feira de entrudo.

O carnaval ou entrudo, também assim designado localmente, é uma das festas da comunidade, que se realiza num período que antecede a Quaresma. No período anterior ao 25 de abril de 1974, a comunidade barranquenha vivia esta festa com grande entusiasmo, já que era uma ocasião na qual se podiam extrapolar sentimentos e vivências do momento. Esta festa era particularmente organizada pelas gentes do sexo masculino que preparavam os desfiles de máscara e as famosas “estudiantinas”. A seguir ao 25 de Abril perdeu-se um pouco esta tradição por parte da população, que de vez em quando é retomada, envolvendo jovens e idosos da vila.

- Páscoa e Dia de Flores - Na Páscoa a principal manifestação cultural decorre na segunda-feira de Pascoela, seguindo a tradição espanhola da região, Nesse dia, a população vai a/ou de Flores para o Cadaval, zona do rio Múrtega em Russianas, onde é costume comer, beber, dançar, cantar, namorar e conviver de manhã até á tarde.

Nestes últimos 25 anos, a Comissão de Festas de Nossa Senhora da Conceição aproveita a ocasião para angariação de fundos para a festa de agosto, com a montagem no sábado anterior, de uma tenda de comes e bebes que funciona até ao final do Dia de Flores. No domingo e ocasionalmente na noite de sábado, a mesma comissão promove uma garraiada para os mais afoitos.

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- Festa de Santa Maria - A Festa de Santa Maria decorre a quinze de agosto (feriado nacional). O papel principal cabe à Comissão de Festas do ano respetivo, composta por cinco elementos do sexo masculino, que têm por função nesse dia, levar o Guião da padroeira da localidade – Nossa Senhora da Conceição, e com ele percorrer a vila, de porta em porta, com a finalidade de angariar fundos para a realização das festas anuais de agosto.

Como é tradição, os “festeiros” são acompanhados por um cortejo encabeçado pelo “Bibo” (espécie de arauto9 medieval), que toca o bombo e a flauta. O dia é encerrado com o leilão, através do qual os “festeiros” põem à venda as peças e materiais que lhes foram oferecidos.

- Festa de agosto em Honra de Nossa Senhora da Conceição - "Manda" a tradição, cuja memória se perde nos tempos, que as Festas de Barrancos”, também conhecida ou chamada de “Fêra”, seja organizada por uma Comissão composta por cinco elementos do sexo masculino (festêros, em barranquenho), escolhidos ou designados pela comissão cessante. A divulgação pública dos "festêros" ocorre no final da missa solene do dia 28 de agosto, um dos primeiros rituais das Festas.

Entre 1997 e 2001, as tradicionais festas de Barrancos foram o centro mediático nacional e, por vezes, internacional. Horas e horas de diretos televisivos, em especial à hora dos telejornais; manifestações dos anti taurinos; manifestações dos "defensores dos animais"; forças policiais (GNR), a pé, de carro e a cavalo, em todas as entradas da vila; mas também muitos apoiantes da causa barranquenha, desde intelectuais, professores universitários, a escritores, passando por jornalistas, atores, gente anónima.

Muitos perceberam que estava em casa uma luta entre opositores e defensores de uma prática cultural especifica e o direito à identidade cultural própria.

9 Pregoeiro ou mensageiro caraterístico desta época

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O "caso" de Barrancos, como tão bem resume António Firmino da Costa10, tem uma dimensão mediática. "Barrancos", enquanto "caso", começou por ser uma manifestação dos modos como os meios de comunicação contribuem decisivamente para a construção da realidade social. Enquanto "caso", o de Barrancos não tem tanto a ver com um costume local, mas, de início, com a projeção mediática desse costume local. O costume local já lá estava. Passou a ser "caso" quando foi alvo de reportagem televisiva, a qual o selecionou de entre muitos outros, lhe sublinhou certos aspetos, o desinseriu do seu quadro de existência habitual e o transportou para uma escala de visibilidade completamente diferente da do seu contexto de produção próprio."

Prevaleceu o bom senso e hoje, 20 anos depois, a prática cultural que carateriza uma componente da identidade cultural barranquenha, persiste.

Os Quintos - A chamada à inspeção militar de todos os rapazes nascidos no mesmo ano, que tinha lugar anualmente em outubro ou novembro, era motivo de celebração familiar.

No caso de Barrancos, as “Quintas” constituíam motivo de celebração intracomunitária, diferenciada do calendário festivo. A sua organização apresentava-se estruturalmente como um rito clássico de passagem, com uma separação clara dos protagonistas em relação ao resto da comunidade, terminando com uma fase de reintegração onde simbolicamente o jovem “se tornava adulto” (atingia a maioridade).

Na época dos Quintos, os rapazes reuniam-se e percorriam as ruas da Vila cantando versos em castelhano, muitas vezes dedicados às namoradas ou a outras raparigas que admiravam. Estas rondas noturnas, praticamente diárias, tinham como local de reunião os bares e os cafés da Vila e terminavam no dia anterior à partida dos “quintos” para a Inspeção Militar com a oferta, pelos familiares, de uma festa em suas casas.

10 In Público, de 11/09/2000: www.publico.pt/2000/09/11/jornal/o-caso-de-barrancos-ou-o-sentido- contemporaneo-dos-direitos-culturais-148530

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O regresso da inspeção marcava para o grupo a aquisição de um novo estatuto social. Esta transição era marcada com um baile oferecido pelas famílias à população local: O Baile dos Quintos.

Na atualidade, com a extinção do Serviço Militar Obrigatório, a tradição dos Quintos que estava a cair em desuso, foi recuperada e integrando também os elementos do sexo feminino é motivo para a realização de um Baile, oferecido à população.

Dia da Imaculada Conceição (8 de dezembro) - No dia 8 de dezembro, comemora-se o Dia da Imaculada Conceição, Padroeira de Barrancos. Neste dia, a festa religiosa inicia-se com a alvorada, seguida pela missa solene. Ao meio da tarde tem lugar a procissão, após a qual é feita a tomada de posse da nova comissão de festa feminina do ano seguinte.

Quando termina a procissão ao fim da tarde, começa a ser colocada a primeira lenha, no centro da praça da Liberdade, que arderá na noite de Natal.

Natal - O Natal em Barrancos vive-se de forma diferente do que na generalidade do País. Começa a ser preparado no dia 8 de dezembro, logo depois de terminar a procissão da Padroeira. Nesse momento, são depositados no centro da praça grande os primeiros paus, lenhos e madeiros para o grande lume de Natal.

Na praça, diariamente, o volume de lenha vai aumentando. Se dantes eram os jovens os principais “angariadores” de lenha, agora, desde os meados dos anos 1990, são os agricultores, mas sobretudo a Município (CMB) que “vai à lenha” para a praça.

No dia 24 de dezembro, cerca das 17h30, ao anoitecer, a lenha está pronta para arder e “aquecer o menino Jesus”. Na praça, à volta do lume (fogueira) vai passando um pouco da comunidade barranquenha, forasteiros e amigos, para confraternizar. À meia-noite, depois do jantar de família ou simplesmente do convívio dos cafés, bares e restaurantes, os mais religiosos entram na igreja para assistir à missa do galo.

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A noite é grande, pelo que as gentes convivem, cantando ao menino - enquanto o “aquecem”, músicas com letras em castelhano, que se fazem acompanhar pelo som “rouco” da “Zambomba” – instrumento acústico feito manualmente, a partir de uma lata, coberta por uma pele, que, normalmente é de coelho. Ao centro introduz-se uma cana, que fricionada com a mão molhada, emite um som musical.

- ExpoBarrancos - Feira do Presunto e dos Enchidos de Barrancos Este certame, cuja primeira edição teve início em 2007, decorre anualmente no Parque de Feiras e Exposições de Barrancos, no mês de abril em data móvel, sendo uma feira que visa essencialmente a promoção, divulgação e comercialização do presunto e dos enchidos locais.

O certame aposto em três grandes áreas de exposição, presunto e enchidos e artesanato local e regional, área multiuso destinada a colóquios e outros eventos, degustação do Presunto e a Paleta de Barrancos DOP, e dos enchidos tradicionais, áreas de restauração e ainda dois palcos de animação.

3.4 - Património gastronómico A gastronomia tradicional de Barrancos tem como base a carne de porco e de borrego, às quais se juntam espécies cinegéticas como o javali, a lebre, o coelho e a perdiz. Também muito importante na gastronomia local, as ervas alimentares: catacuzes, acelgas, espargos, agriões, arrabaças, beldroegas, poejo, assim como os cogumelos e túberas e outras iguarias que crescem nos campos de forma espontânea.

O pão, o azeite e as ervas aromáticas são ingredientes fundamentais que dão corpo e sabor a variadíssimos pratos, tais como: migas, ensopados, açordas, sopas de batata, espargos fritos com ovos, cogumelos fritos com ovos, entre outros pratos que enriquecem o património gastronómico da região.

De destacar, o presunto e a paleta de Barrancos, ambos com Denominação de Origem Protegida (DOP), os enchidos, os queijos o mel, a azeitona, entre outros produtos de excelente qualidade.

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Também a doçaria tradicional tem um papel importante na gastronomia de Barrancos: principalmente aquela que era confecionada nas épocas festivas: os ganhotes, as rosas, os roscos fritos, os borrachos, os pinhonates e os brinholos na época natalícia; o arroz doce no carnaval; os bolos fintos e perronilhas na Páscoa, sem esquecer os Esses, as lauras e os roscos de vinho, assim como as tortas de torresmo, ou ”xixarrão”, todos na designação local.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Proximidade com Espanha, país de grande dimensão (ponto de passagem entrada e de saída)

- Elevado potencial do património cultural material e imaterial; - Envelhecimento acentuado da população.

- Capacidade de acolher novos residentes por - Degradação da Vila Medieval de Noudar; via da recuperação/utilização do parque habitacional existente. - Degradação e estado de abandono do

Couto Mineiro de Apariz; - Razoável qualidade de vida.

- Inexistência de casa ou espaços para a - Existência de equipamentos culturais e memória; desportivos;

- Necessidade de reparação/pavimentação da - Conhecimento de sítios e lugares com rede viária municipal de acesso à Vila potencialidade arqueológica, na sua maioria Medieval de Noudar; inventariados;

- Dispersão dos sítios arqueológicos, e sua - Elevado potencial para o desenvolvimento localização em terrenos privados; de atividades relacionadas com as novas tecnologias (existência de fibra ótica): - Degradação dos açudes e dos moinhos; teletrabalho, etc..

- Disponibilização de internet livre (wi-fi), em vários pontos da Vila de Barrancos;

- Rede hidrográfica de elevado potencial turístico, com existência de pontos de interesse turístico (moinhos e açudes);

Propostas - Reparação da rede viária municipal principal (e. das Bicas e e. de Noudar);

- Completar o estudo e caraterização da Língua/Fala Barranquenho;

- Estudo/projeto de revitalização da Vila Medieval de Noudar;

- Aprovação dos Tabuados como PCI Municipal e eventual submissão a PCI Nacional;

- Revitalização do montado com aprovação de plano de recuperação e/ou plantação de novas árvores;

- Recuperação dos moinhos e açudes do Rio Múrtega (Pipa, Tio Cuba ou Volta do Torno, e do Cadaval);

- Continuação dos trabalhos para conclusão da Carta Patrimonial do Município de Barrancos;

- Estudo e caracterização dos sítios e locais de mineralização existentes no território;

- Estudo/caracterização das tradições, usos, costumes e gastronomia local, para revitalização turística;

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4 – POPULAÇÃO E DEMOGRAFIA Com base em indicadores de síntese e de informação demográfica procurar-se-á fornecer uma “fotografia” das principais caraterísticas da população do município e freguesia de Barrancos, de acordo com os dados mais recentes. A necessidade desta análise justifica-se pela importância que os fenómenos demográficos aportam para o planeamento pois eles podem constituir, de per si, motores ou entraves ao processo de desenvolvimento do território integrando as potencialidades e as debilidades de um município.

De acordo com o último recenseamento populacional (2011), Barrancos tinha 1834 habitantes, com uma densidade populacional de 10,7 hab/km2 (quadros 4 e 5).

Em Barrancos, pela sua peculiaridade, com uma única localidade, cerca de 99% dos habitantes residem na Vila, os restantes nalguns montes de herdades, que ainda hoje mantêm alguma atividade.

Quadro 4 - Evolução da População por grupos etários (1981-2017)

Grupos 1981 1991 2001 2011 2017* Etários (anos) HM H HM H HM H HM H HM H 0 – 14 466 223 323 156 255 127 246 118 227 135 15 - 24 268 139 324 165 228 115 164 81 128 63 25 - 64 1017 500 993 501 951 481 968 507 945 489 65 + 406 169 412 176 490 219 456 184 365** 128 Total 2157 1031 2 052 998 1 924 942 1 834 890 1 669 815 Fonte: INE, Censos; e Anuário Estatístico da Região Alentejo 2017 (* estimativa populacional)

Quadro 5 - Densidade populacional (2004 – 2017)

Ano 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004

Hab/km2 9,9 10,0 10,2 10,3 10,5 10,6 10,7 10,9 11,0 11,0 11,1 11,2 11,4 11,4

Fonte: INE, Censos; Anuário Estatístico da Região Alentejo 2017

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Quadro 6 - Variação da população (1981-2011)

Variação entre Censos Total Hab. Diferenças HM (nº) (%)

Variação população -105 hab. residente (1981 – 1991) De 2157 para 2052 (- 4,86)

Variação população (- 128 hab) De 2052 para 1924 residente (1991-2001) - 6,2%

Variação população (- 90 hab) De 1924 para 1834 residente (2001-2011) - 4,68%

Fonte: INE, censos 1981, 1991, 2001 e 2011

Num comentário sintético sobre as caraterísticas demográficas deste município, pode dizer-se que este se encontra envelhecido e depauperado em termos populacionais. Barrancos perde população desde a década de 50 do Séc. XX, altura em que atingiu os 3624 habitantes. Entre 1960 e 1981 o município perdeu 37% da sua população; nas décadas seguintes (1981-1991) a diminuição populacional abrandou (-4,8%), e entre 1991-2001 (-6,2%). Entre os dois últimos registos censitários (2001-2011), o despovoamento continua passando de 1924 para 1834 habitantes residentes (- 4,68%) - Quadros 4 a 6

É pertinente salientar que, logo no primeiro Censo do séc. XXI, em 2001, a população de Barrancos descia abaixo dos 2000 habitantes (1924 indivíduos), continuando o despovoamento nas décadas seguintes.

Gráfico: 1 - Evolução da População de Barrancos (1878 e 2011) 4.000 3.624 3.467 3.429 3.500 3.176 2.973 3.000 2.769 3.000 2.647 2.610 2.386 2.500 2.157 2.052 1.924 1834 População 2.000 1669 1.500 1.000 500 0 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2017 Anos Fonte: Censos; Anuário Estatístico da Região Alentejo 2017 (para 2017)

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Em 2017, segundo INE, estima-se que a população de Barrancos seja de 1669 habitantes (- 165 indivíduos que no último censo de 2011), refletindo a continuidade do padrão de decréscimo de (– 8,99% em relação ao último censo), iniciado em 1950. Em consequência desta redução de habitantes, a densidade populacional passa de 10,7 hab/ km2 em 2011, para 9,9 hab/km2 em 2017 (Quadros 4 e 5).

Os dados apresentados no Quadro nº 7 e 8, comprovam que o peso relativo do grupo etário dos efetivos entre os 0 e os 14 anos, na população total, vem sempre a diminuir: entre 1981/1991 (-143 indivíduos) o peso deste grupo passa de 21,6% para 15,74%. No período censitário seguinte, 1991/2001, a diminuição foi menos acentuada (-68 indivíduos, sendo o peso deste grupo de 13,25% do total. No último censo, período 2001/2011, a diminuição foi de apenas - 9 crianças, tende este grupo um peso de 13,41%. Se atendermos à estimativa populacional de 2017, que acentua o despovoamento, regista-se uma redução de -19 crianças (2011-2017), aumentando o peso do grupo de 13,41% para 13,60%, devido à forte diminuição do grupo dos maiores de 65 anos.

Contudo, o peso do grupo etário dos mais velhos (65 e mais anos) aumentou significativamente entre 1981/2001 (+ 94 indivíduos), verificando nos anos seguintes uma redução entre 2011/2011 (-34 habitantes) e entre 2011/2017 (- 91 habitantes).

Entre 1981 e 2011 o grupo etário dos 0-14 perdeu quase metade da sua população (47,21%), passando de 466 para 246 indivíduos; no mesmo período, o grupo dos 15-24 anos perdeu -38,8%, passando de 268 para 164 indivíduos; enquanto o grupo dos 25-64 anos, passou de 1017 (1981) para 968 (2011), que corresponde a - de 4,81%. Já o grupo dos 65 + anos que registava um acréscimo entre 1981/2001 (+ 84 indivíduos), viu a situação estabilizar e até diminuir na década seguinte, passando e 490 para 456, com tendência a descida, segundo a estimativa de 2017, passando de 456 para 365 (- 91 indivíduos) – (Quadros 7-8).

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Este duplo envelhecimento da população residente fica a dever-se a três fenómenos conjugados: por um lado, o aumento da população idosa e, por outro, a diminuição generalizada dos nascimentos, por redução da população em idade fértil, bem como de alguma migração da população ativa.

Quadro 7 - Evolução da População residente em Barrancos (1900-2011) Grupos - 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2017* Anos 0-14 942 885 931 896 965 893 773 530 466 323 255 246 227 Anos 15-24 425 526 550 579 583 626 531 330 268 324 228 164 128 Anos 25-64 1162 1227 1333 1481 1644 1739 1791 1345 1017 993 951 968 949 Anos 65 e mais 108 129 186 214 264 270 334 405 406 412 490 456 365 Anos

Total 2637 2767 3000 3170 3456 3528 3429 2610 2157 2052 1924 1834 1669

Fonte: INE, Censos 1991 -2011; Anuário Estatístico da Região Alentejo, 2017 *estimativa da população

Quadro 8 - Variação da população residente/grupos (1991 - 2011)

(anos) Total 0 - 14 15-24 25-64 + 65 anos

Variação população - 6,2% -21,1% - 29,6% - 4,2%% + 18,9% residente (- 128 (- 68 hab) (-96 hab) (- 42 hab) (+78 hab) (1991-2001) hab)

Variação população - 4,68% - 3,53% - 28,07% 1,79% - 6,94% residente (- 90 hab) (- 9 hab) (- 64 hab) (+ 13 hab) (- 34 hab) (2001-2011)

Fonte: INE, censos 2001 e 2011

Relativamente aos quadros acima referidos, observando-se a distribuição da população por sexos e idades, deteta-se uma alteração do peso relativo de cada sexo entre a década de 80 e a de 90. De facto, em 2001 verifica-se que o peso dos homens com idades entre os 25 e os 49 anos na população é mais elevado, o que pode dever-se à diminuição da emigração masculina (um efeito de geração).

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Por sua vez, o número de homens mais velhos diminui claramente, o que fica a dever-se à sobre mortalidade masculina e ao aumento da esperança média de vida no sexo feminino.

Gráfico 2 – Evolução do número de habitantes no grupo 0-14 anos

Gráfico 3 – Evolução do número de habitantes no grupo 15-24 anos

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Gráfico 4 – Evolução do número de habitantes no grupo 25-64 anos

Gráfico 5 – Evolução do número de habitantes no grupo 65 e mais anos

No que respeita à população residente nos municípios do Baixo Alentejo, entre 2001 e 2011, podemos constatar que, na generalidade dos municípios, a tendência de crescimento é negativa, com destaque para Mértola (-16,51%), (-13,07%) e (-12,4%). Com crescimento positivo, mas anémico, temos unicamente Beja (0,26%). No mesmo período Barrancos perdeu 90 habitantes (-4,68%) – Quadro 9.

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Quadro 9 - Evolução da população – Alentejo e Baixo Alentejo (1991-2011) Variação % Variação% Localidades 1991 2001 2011 (1991-2001) (2001-2011) Alentejo 782 331 776 585 -0,7 757 302 - 2,48 Baixo Alentejo * 143 020 135 105 -5,5 126 692 - 6,23 Aljustrel 11990 10567 -11,9 9257 - 12,40 Almodôvar 8999 8145 -9,5 7449 - 8,55 Alvito 2650 2688 1,4 2504 - 6,85 Barrancos 2052 1924 -6,2 1834 - 4,68 Beja 35827 35762 -0,2 35854 0,26 7762 7603 -2,0 7276 - 4,30 Cuba 5494 4994 -9,1 4878 - 2,32 Ferreira Alentejo 10075 9010 -10,6 8255 - 8,38 Mértola 9805 8712 -11,1 7274 - 16,51 Moura 17549 16590 -5,5 15167 - 8,58 26418 26106 -1,2 26066 - 0,15 Ourique 6597 6199 -6,0 5389 - 13,07 Serpa 17915 16723 -6,7 15623 - 6,58 Vidigueira 6305 6188 -1,9 5932 - 4,14 Fonte: INE, Resultados Censos 1991, 2001 e 2011 ( * Não inclui Odemira)

Já na década anterior, que corresponde ao penúltimo movimento censitário (1991-2001), era Alvito o único município que conseguia aumentar a população (1,4%), sendo que no censo seguinte (2011) a perda populacional foi de -6,85% (184 indivíduos)

Quadro 10 - População Residente segundo o estado civil - 2011 Total Solteiro Casado Divorciado Viúvo

HM H M HM H M HM H M HM H M HM H M

1834 890 944 738 400 339 843 423 420 62 30 32 191 37 154

Fonte: INE, Censos 2011

Conforme o gráfico 6 e quadro 11, os nascimentos em Barrancos têm sido praticamente constante ao longo dos últimos 20 anos, com um “pico” máximo em 2005 (28 registos), e um mínimo em 1991 e 2012 (com nove e oito nacimentos, respetivamente), sendo a média, para o período do gráfico, de 12 nascimentos/ano.

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Gráfico 6 - Evolução da Natalidade em Barrancos (1991-2018)

30 28

25

20

16 16

Nasc 15 13 13 13 13 13 12 12 12 11 11 10 10 9 8

5

0 1991 1993 1995 2000 2002 2004 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: INE e CMB/PAF a partir de 2010;

Quadro 11 - Evolução da natalidade 1991-2018 Ano 1991 1993 1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Nº 18 9 12 12 28 16 14 8 13 16 11 12 10 13 Permilag 8,0 4,4 6,0 6,7 14,6 8,1 8,2 5,0 8,5 9,1 7,5 8,2 7,7 8,3 Fonte: INE e CMB/PAF a partir de 2010;

Em relação à mortalidade, a situação é maior em termos absolutos, tendo em conta o peso da população mais idosa.

Conforme se pode confirmar no gráfico 7 e quadro 12, que regista a evolução da mortalidade entre 1991/2018 (28 anos), verificamos o ano de 2006, com um pico de 47 óbitos, havendo outros anos com um número elevado de mortes, 1991 e 2010 (36 óbitos) e 2011 (35), mantendo uma regularidade a partir de 2014, tendo o ano 2017 o de menor mortalidade, neste quinquénio.

No período dos 27 anos, registaram-se em média 30 mortes/ano.

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Gráfico 7 - Evolução da mortalidade em Barrancos (1991-2018)

50 47

40 36 36 35 31 28 29 28 28 30 27 26 25 27 26 21

Óbitos 20

10

0 1991 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Ano

O número de óbitos ocorridos reflete-se nas taxas de mortalidade apresentadas no seguinte quadro:

Quadro 12 - Evolução da Mortalidade -Taxa (permilagem) (1991-2018) Ano 1991 1992 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Nº 36 23 39 27 22 47 29 36 35 28 25 31 27 28 21 26

Tx 17,54 11,7 18,7 14,0 12,0 24,7 15,5 20,1 21,4 16,7 14,1 19,4 15,6 20,7 13,1 15

Fonte: Diagnóstico Social 2010 e JFB, com base nas inumações de residentes (2018)

Estas taxas são, na sua maioria, um pouco mais elevadas que no resto do Alentejo, que se situam nos 14,2%, sendo o reflexo do duplo envelhecimento da população. Segundo o estudo de projeções da população residente (2000 – 2050) do INE, esta situação não se deve alterar, havendo a tendência para o aumento da população idosa e o consequente agravamento desta tendência.

Em Barrancos, de acordo com o quadro 13, o saldo natural vem sendo sempre negativo, desde pelo menos 1991. No período em análise (1991-2018), Barrancos registou 397 nascimentos (média de 14,17/ano), enquanto, no mesmo período, houve 857 mortes (média de 30,64/ano). Em termos absolutos, o saldo natural foi negativo em -461 habitantes.

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Quadro 13 - Síntese de evolução nascimento/óbitos (1991-2018) Saldo Ano Nascimentos Óbitos natural 2018 13 26 -13 2017 10 21 -11 2016 12 28 -16 2015 11 27 -16 2014 16 31 -15 2013 13 25 -12 2012 8 28 -20 2011 14 35 -21 2010 16 36 -20 2009 15 29 -14 2008 9 29 -20 2007 15 36 -21 2006 16 47 -31 2005 28 37 -9 2004 13 22 -9 2003 18 35 -17 2002 11 27 -16 2001 18 34 -16 2000 12 39 -27 1999 17 36 -19 1998 19 21 -2 1997 12 38 -26 1996 12 25 -13 1995 12 25 -13 1994 12 22 -10 1993 9 40 -31 1992 18 23 -5 1991 18 36 -18 Absolutos 397 858 (- 461) Média 14,17 30,64 -

Fonte: CMB/UASC, 2019

É de salientar que em 1991 o valor do índice de envelhecimento11 atingia os 128 idosos por cada 100 jovens, passando, em 2011 para 185 idosos por cada 100 jovens, um valor consideravelmente superior ao que se regista a nível nacional (109), mas próximo da média da sub-região Baixo - Alentejo (Quadro 14)

Quadro 14 - Índice de envelhecimento (1991 – 2011)

Unidade territorial 1991 2001 2011

Barrancos 128 192 185

Baixo Alentejo 116 176 189 Fonte: INE; Censos

11 Relação entre a população idosa e a população jovem: população com 65+ anos/população entre os 0-14 anos.

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Quadro 15 - Índices de dependência em 1981, 1991, 2001, 2011 e 2017 1981 1991 2001 2011 2017* Índice de dependência de idosos12 31,6 31,3 43,4 36,6 33,8 Índice de dependência de jovens13 36,2 24,5 21,6 21,1 20,8 Índice de dependência total14 67,8 57,2 65,8 57,6 54,6 Fonte: INE, Censos; Anuário Estatístico da Região Alentejo 2017 * estimativa populacional

Os índices de dependência reforçam ainda estas conclusões. O índice de dependência de idosos aumentou consideravelmente, enquanto, por sua vez, o de jovens diminuiu, traduzindo o peso relativo dos grupos de idades na população total. Estes índices mostram, igualmente, o nível de encargos que a população ativa suporta. Pese embora a aparente diminuição do índice de dependência total, no entanto, deve registar-se ainda que a população ativa também diminuiu, assim que este índice tem tendência a aumentar.

De acordo com os indicadores demográficos registados no quadro 13, verifica-se que, pelo menos desde 1991, o saldo natural é sempre negativo (o número de nascimentos foi inferior ao número de mortes), revelando o declínio demográfico.

A presente situação demográfica tem como principal origem a baixa fecundidade, as mulheres têm hoje menos filhos e mais tarde, e um elevado índice de envelhecimento, principalmente para o município de Barrancos.

Ainda, relativamente aos dados do quadro 9, verifica-se que, comparativamente com os restantes municípios, Barrancos se encontra numa situação intermédia. Trata-se, efetivamente, de um município revelador de níveis de depauperação populacional, com diminuição dos efetivos residentes e agravamento dos níveis de duplo envelhecimento populacional, que se encontra algo distante dos municípios menos deprimidos (ex. Cuba, Castro Verde, Beja, ou Odemira, etc.) mas ainda longe dos que se encontram numa situação quase limite, do ponto vista sociodemográfico (ex. Mértola e, recentemente, Aljustrel)

12 Índice de dependência de Idosos significa a relação entre a população idosa (+65 anos) e a população ativa (15-64 anos). 13 Índice de dependência de Jovens significa a relação entre a população jovem (0-14 anos) e a população ativa (15-64 anos). 14 Índice de dependência Total significa a relação entre a população jovem e idosa e a população ativa (15-64 anos).

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No que respeita ao número de recenseados (gráfico 8 – quadro 16), que regista a população maior de 18 anos, verificamos um aumento de eleitores entre 1976/1990 começando a sua diminuição a partir dessa data, com reflexo mais acentuado entre 2010-2015 que, na nossa opinião, coincide com a implementação do Cartão de Cidadão, que “unificou” a residência eleitoral e fiscal.

Gráfico 8 - Evolução do recenseamento eleitoral em Barrancos (1976-2018)

2018 1338

2015 1389

2010 1543

2005 1623

2000 1642

1995 1700 Anos

1990 1733

1985 1651

1980 1648

1976 1608

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 Nº Eleitores

Fonte: Diagnóstico Social 2010 e JFB

Quadro 16 - Evolução dos recenseados (1976-2018)

Ano 1976 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2018

Nº Eleitores 1608 1648 1651 1733 1700 1642 1623 1543 1389 1337

Fonte: JF Barrancos, 2018; CNE 2019

É notório que Barrancos continua a registar um decréscimo de população nos últimos anos. Esta diminuição deve-se aos movimentos migratórios registados para o litoral do País, começado nos anos 1960, que se mantem até hoje, onde a oferta de emprego é mais diversificada, assim como a emigração para outros países da União Europeia, na procura de melhores condições de vida.

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Dos méritos desta análise consta a possibilidade de, ao fornecer informações sobre as proporções de jovens (0-14 anos), adultos (15-64 anos) e idosos (65 e + anos), permitir uma utilização mais racional dos recursos disponíveis. Deste modo, em função da juventude existente se determinarão as necessidades ao nível das estruturas de ensino. Face à situação dos adultos se condicionarão os níveis e as políticas de emprego. Relativamente à terceira idade dever-se-ão programar os esquemas de assistência social e de saúde mais ajustados a esta faixa etária, bem como as necessidades em equipamentos e respostas sociais.

Ainda na análise demográfica, importa relevar que, devido ao surgimento de diferentes tipos de família, Barrancos tem vindo a registar cada vez menos casamentos, com exceção no ano 2004 (quando se celebraram 15).

Quadro 17 - Evolução dos casamentos (1981-2017)

Ano 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Nº 6 8 7 7 10 15 9 5 5 5

Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Nº 3 2 5 4 3 4 5 4 5 s/dados

Fonte: Fonte: INE

Em relação aos divórcios, os números também não são significativos, salvo no ano 2017, que registou quatro.

Quadro 18 - Evolução dos divórcios (2000 - 2018)

ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Nº 1 0 1 0 0 1 3 0 0

ANO 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Nº 1 1 1 3 2 2 1 1 4 Fontes de Dados: INE | DGPJ/MJ - Estatísticas de Divórcios e Separação de Pessoas e Bens Fonte: PORDATA - Última atualização: 2018-09-28, INE

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O conceito de Família como “conjunto de elementos emocionalmente ligados, compreendendo pelo menos três gerações, mas não só”, desapareceu também em Barrancos. De certo modo, consideramos que “fazem parte da família” elementos não ligados por traços biológicos, mas que são significativos no contexto relacional do indivíduo, ou indivíduos, em suma, a Família nuclear tradicional (pais e filhos). A Família extensa (família alargada com várias gerações) já não existe na comunidade barranquenha.

Ainda, segundo o Instituto Nacional de Estatística15, por Família Clássica entende-se “o conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco (de direito ou de facto) entre si, podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento. Considera-se, também, como Família Clássica qualquer pessoa independente que ocupa uma parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento.

De acordo com o quadro 19, verifica-se que das 721 famílias clássicas, a maior parte (29%) é composta por dois elementos; logo seguidas pelas famílias com um elemento (25,6%). Estes dados, como mais à frente será reforçado, evidencia a existência de muitos indivíduos que vivem sozinhos e/ou núcleos familiares constituído por dois idosos.

Quadro 19 - Famílias clássicas segundo a dimensão (Pessoas) 5 ou ANO Total 1 2 3 4 mais

2001 719 160 205 162 139 53

2011 721 185 208 164 124 40

Fonte: INE, Censos 2001-2011

Quadro 20 - Evolução dos alojamentos familiares clássicas – 2001/2017

2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Ano

Alojam. 1320 1301 1289 1287 1287 1288 1295 1295 1295 1295 (nº) Fonte: PORDATA - Última atualização: 2018-09-25

15 Informação retirada: INE, Censos 2011.

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5 - ATIVIDADE ECONÓMICA O município de Barrancos tem vindo a registar mudanças estruturais muito significativas. A atividade económica predominante no município de Barrancos estava ligada ao setor primário, que empregava quase 70% da população ativa em 1970. Desde essa época muitas alterações estruturais têm tido o município de Barrancos, que contribuíram para a contínua redução da mão-de-obra agrícola: os baixos salários e paupérrimas condições de vida, nos anos 1960-74; as migrações, interna e internacional (1960-80), que ainda hoje continuam, mas em menor escala; o novo modelo de desenvolvimento produtivo e de condições de trabalho, logo após o 25 de abril, com a fixação do salário mínimo, que levou a alterações na estrutura fundiária.

O poder local democrático, e a intervenção do Município (CMB) no desenvolvimento local (1976-90), com o início das principais infraestruturas básicas que Barrancos hoje apresenta - água e o saneamento básico, primeiro, e depois, na fase seguinte. os equipamentos coletivos desportivos, culturais, sociais, etc; - que necessitavam de mão-de-obra, contribuiu também para esta alteração de modelo económico e produtivo.

Simultaneamente, a partir dos anos 1990, outras áreas e/ou setores ganharam alguma representatividade: a indústria de transformação de carne de porco preto, a construção civil, e empresas ligadas aos serviços de restauração, alojamento e bebidas.

No município de Barrancos, com solos maioritariamente de classes E ou D, com domínio de pastagens permanentes, a atividade agrícola praticamente não existe ou é nula. As pequenas hortas, para consumo de família ou subsistência, que ainda existem estão situadas à volta da vila.

No entanto, no território, tem grande peso económico a atividade relacionada com a agropecuária – com elevado número de efetivos de gado bovino, ovino, caprino e suíno, sobretudo porco preto alentejano – mas sem representatividade proporcional na ocupação de mão-de-obra.

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É pertinente referir que a área média de superfície agrícola útil por exploração é inferior à média do Alentejo, tendo 72% das explorações menos de 5 hectares. Este município apresenta a percentagem mais baixa de área regada da região (0,1%). Os prados e pastagens permanentes ocupam 89% da respetiva SAU o que parece justificar-se dada a importância das atividades ligadas à agropecuária no município.

Quadro 21 - Importância do Sector Agrícola, em 2001-2011 Ano SAU (ha) População População Agrícola (%) Total

2011 12 726 10,2% 1834

2001 13 893 14,9% 1924

Fonte: INE, Censos 2001.

Neste sentido, a redução do peso do trabalho agrícola (setor primário), tem como consequência o aumento da representatividade nos outros dois setores da atividade, conforme se confirma pelos dados dos quadros 22-23, com destaque para o setor terciário, que ocupa mais de 68% (2011). Para este registo, contribuiu o aparecimento de vários estabelecimentos na área da hotelaria, restauração e similares, mas também a existência dos diferentes serviços da administração pública (central e local), onde trabalha uma maioria de população mais escolarizada.

No que refere ao sector secundário, verifica-se que a empregabilidade também é bastante significativa, devido à existência de duas unidades de transformação de carnes, contribuindo para tal a exclusividade da Denominação de Origem Protegida16 do Presunto e da Paleta de Barrancos.

No sector primário, apesar da sua importância em termos económicos, sobretudo a agropecuária, regista-se uma acentuada diminuição da população empregada, que passou de 69,2% em 1960 para apenas 10,2% em 2011. (Quadros 22-23)

16 Barrancos é o único município Português com DOP para o Presunto e para a Paleta (cf Despacho nº15375/2010- MADRP (in DR, 2ª série, nº 198, de 12/10/2010 - https://dre.pt/application/conteudo/2177091.

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Quadro 22 - População empregada por sector de atividade económica (1991-2011)

Ano Sectores Nº Indiv. %

Total 566 1991 Primário 152 26,9 Secundário 100 17,7 Terciário 314 55,5 Total 645 2001 Primário 69 10,7 Secundário 127 19,7 Terciário 449 69,6 Total 655 2011 Primário 67 10,2 Secundário 141 21,5 Terciário 447 68,2 Fonte: INE, censos

Quadro 23 - População empregada: total e por sector de atividade económica Pop Ativa/setor ANOS atividade (nº) 1960 1981 2001 2011 Pop Ativa Total 1340 632 645 655 Setor Primário 927 266 69 67 Secundário 160 158 127 141 Terciário 253 208 449 447 Fonte: INE, censos

Quadro 24 - Taxa de atividade segundo os Censos: total e por sexo (%) Anos TOTAL HM H M 1981 2001 2011 1981 2001 2011 1981 2001 2011 Portugal 57,1 57,4 55,9 78,2 66,0 61,4 38,2 49,4 51,0 Alentejo 53,2 52,7 52,4 75,7 61,2 57,8 31,8 44,6 47,3 Baixo Alentejo 48,8 49,2 50,3 72,5 58,5 56,5 26,1 40,2 44,4 Barrancos 42,3 49,6 49,6 73,9 57,5 57,9 13,4 42,00 41,3 Fonte: INE, censos

No entanto, apesar da sua dimensão, o município de Barrancos apresenta dinamismo económico que não se pode desvalorizar. Se a empregabilidade é proporcional ao número de habitantes, o volume de negócios nas empresas locais tem vindo a aumentar, passando dos 18,5 ME (2013) para os 22,2 ME (2016), com predominância das “empresas transformadoras, com mais de 12,4 ME, no mesmo ano (quadro 25).

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Quadro 25 - Principais Indicadores de Atividade Económica ANOS Indicador 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Pessoal ao serviço nas empresas (nº) 366 354 404 434 424 413 (%) 2014=100 (84,3) (81,3) (93,1) (100) (97,7) (95,2) Dif (%) - -3.3 14,1 7,4 -2,3 -2,6 Pessoal ao serviço nas empr. indústria transformadoras (nº) 65 76 74 72 76 74 (%) 2014=100 (90,3) (105,6) (102,8) (100) (105,6) (102) Dif (%) - 16,9 -2,6 -2,7 5,6 -2,6

Vol. negócios nas empresas (mil €) 21 001,1 19 944,0 18 541,4 21 040,4 20 853,1 22 137,4 (%) 2014=100 (99,8) (94,8) (88,1) (100) (99,1) (105,2) Dif (%) - -5,0 -7,0 13,5 -0,9 6,2 Vol. Negócios nas emp. ind. Transformadoras (mil €) (%) 2014=100 9 943,8 9 976,4 9 334,6 11 272,8 11 774,6 12 439,0 Dif (%) (88,2) (86,7) (82,8) (100) (104,5) (110,3) - -1,7 -4,5 20,8 4,5 5,6 Empresas (nº) 200 191 253 257 259 252 (%) 2014=100 (77,8) (74,3) (98,4) (100) (100,8) (98,1) Dif (%) - -4,5 32,5 1,6 0,8 -2,7 Fonte: www.gee.gov.pt/pt/lista-publicacoes/estatisticas-regionais/distritos-concelhos/beja/barrancos/2987- barrancos/file (consultado 17-05-2019)

Igualmente importante são os dados relativos ao “comércio internacional” (quadro 26). Apesar do ligeiro decréscimo do volume de negócios de 2012-2016, o saldo da balança de transações é positivo em mais de cerca de 2,2 ME (2016).

Quadro 26 - Principais Indicadores de Atividade Económica (comércio Internacional) ANOS Indicador 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Comércio internacional de bens - Exportações (mil €) 6 422,5 7 007,8 7 408,9 7 764,5 7 164,5 6 322,1 2014=100 (82,7) (90,3) (95,4) (100) (92,3) (81,4) Dif (%) - 9,1 5,7 4,8 - 7,7 - 11,8

Comércio internacional de bens - Importações (mil €) 5 320,3 6 510,5 4 282,9 5 561,2 5 622,7 4 416,1 2014=100 (95,7) (117,1) (77,0) (100,0) (101,1) (79,4) Dif (%) - 22,4 -34,2 29,8 1,1 -21,5

Fonte:www.gee.gov.pt/pt/lista-publicacoes/estatisticas-regionais/distritos- concelhos/beja/barrancos/2987-barrancos/file (consultado 17-05-2019)

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Nesta componente, não podemos deixar de realçar como aspeto negativo, o indicador do poder de compra per capita, que apesar da evolução positiva de crescimento, está ainda muito longe da média do Alentejo (quadro 27).

Quadro 27 - Indicador poder de compra per capita (1993/2015) Anos 1993 2000 2002 2007 2009 2011 2013 2015 Portugal 100

Alentejo 87,3 88,4 88,0 89,4 91,0 87,3 88,4 88,0 Bx Alentejo 79,7 82,1 81,2 84,6 85,9 79,7 82,1 81,2 Barrancos 30,7 51,8 47,8 61,6 62,5 58,7 65,6 65,0 Fontes de Dados: INE - Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio Fonte: PORDATA - Última atualização: 2017-11-13

Em 2011, a população residente de Barrancos que se desloca por motivos de trabalho ou de estudo, totaliza os 952 habitantes, dos quais 279 são estudantes.

Do total da população que se desloca por motivos de trabalho ou estudo, 784 habitantes trabalham ou estudam também no município, outros 128 habitantes deslocam-se para outro município e 40 para o estrangeiro, representando respetivamente 82,4%, 13,4% e 4,2%. O peso da população a trabalhar/residir no estrangeiro relaciona-se com a proximidade a Espanha, determinando que um número significativo atravesse diariamente a fronteira

Como principal destino (no interior do País) das deslocações - por motivos de trabalho e de estudo - da população residente no município de Barrancos, surge o município vizinho de Moura, que recebe 36 indivíduos residentes em Barrancos. Seguem-se Évora (35 indivíduos) e Beja (18 indivíduos), capitais de distrito - podendo assim justificar-se pela concentração de emprego e também de instituições de ensino.

Em contrapartida, são identificados em 2011, 102 indivíduos (residentes em Portugal) que se deslocam para Barrancos por motivos de trabalho ou de estudo, dos quais 23% residem no município de Moura.

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Quadro 28 - Deslocações pendulares Pop. Residente em Barrancos Condições (empregada ou estudante) Total Empregada Estudante

Total (nº) 952 655 297

Total que reside ou trabalha em Barrancos (nº) 784 568 216 (%) (82,4%) (86,7%) (72,7%)

128 58 70 Noutro Município (nº) (13,4%) (8,9%) (23,6%) (%)

40 29 11 No Estrangeiro (4,2%) (4,4%) (3,7%)

Pop residente no continente que Total Empregada Estudante trabalho ou estuda em Barrancos

Total (nº) 83 19 102 (%) (81,4%) (18,6%)

Fonte: INE, censos 2011

De facto, situando-se o município de Barrancos numa região com uma forte tendência para a desertificação e despovoamento, a proteção e promoção do Presunto e da Paleta de Barrancos, através da criação da denominação de origem protegida (DOP), foi um forte trunfo em termos de desenvolvimento socioeconómico da região. Na última década a população de Barrancos diminuiu e tornou-se mais envelhecida, mas a principal fonte de emprego é constituída por atividades pertencentes aos setores secundário e terciário.

Neste contexto, como foi dito, foi determinante a proteção e promoção da denominação de origem, com o aproveitamento de saberes-fazer, nomeadamente femininos, e a diversificação das atividades produtivas locais, numa perspetiva de desenvolvimento local, assente no potencial endógeno da região, de que o presunto, os enchidos tradicionais, os recursos naturais e a exploração do montado indispensável à sua produção são parte integrante.

Por outro lado, a utilização do montado contribuiu também para a preservação do ambiente em geral e da conservação das espécies florísticas e faunísticas que lhe são inerentes, em particular. No fundo, a necessária preservação do ecossistema do montado para manutenção da produção extensiva do porco preto.

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Por estas razões proteger a denominação do Presunto de Barrancos, é salvar uma azinheira e lutar contra a desertificação e despovoamento desta região, contribuindo para a salvaguarda do ambiente e para o desenvolvimento local.

5.1 - Indústria, construção civil e comércio e serviços

Devido à necessidade de captação e instalação de novas empresas no município de Barrancos, a CMB construiu no início dos anos 1990 a Zona Industrial I e II. A sua exiguidade e localização e a criação da DOP do Presunto (e ultimamente da Paleta) de Barrancos levou o Município (CMB) a construir o Parque Empresarial de Barrancos (PEB), inaugurado em 02/05/2010.

O PEB, com uma área bruta de construção total de 32 978,6 m², composto de 34 lotes, dos quais nove se destinam à agroindústria, 23 a outras atividades e dois a equipamentos coletivos, tem como finalidade impulsionar o desenvolvimento económico e social, assente nos seguintes objetivos:

- Incentivar novas iniciativas empresariais;

- Dinamizar as atividades no domínio da agropecuária e da transformação da carne do porco preto;

- Criar emprego;

- Fomentar o desenvolvimento e ordenamento comercial e industrial;

- Promover o desenvolvimento local de forma sustentada e ordenada;

- Relocalizar as empresas inseridas no núcleo urbano.

A vila de Barrancos tem uma excelente localização geográfica e estratégica, que permite facilmente o escoamento de produtos e a integração das empresas no mercado ibérico e consequentemente europeu. Por outro lado, Barrancos conta com diversas potencialidades que passam a ter possibilidades de se transformarem em projetos industriais inovadores e sustentáveis. No entanto, o estado de degradação da rede viária nacional, já referidos, constitui um enorme constrangimento identificado pelas unidades de transformação de carnes localizadas no parque.

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Promovendo a qualificação do exercício da atividade empresarial e a qualidade de vida das populações, bem como estabelecer lotes para a indústria agroalimentar, com destaque para a transformação de carnes de porco preto e a produção de Presunto de Barrancos e da Paleta de Barrancos, ambos DOP, simultaneamente promove-se a separação física entre indústria agroalimentar e outras atividades compatíveis.

Segundo a CMB, no PEB estão já localizadas seis empresas, entre as quais as duas grandes unidades de transformação de carnes, estando pendente o licenciamento de um lagar de azeites, candidatura apresentada por um promotor local, aprovada em 27/12/2018.

Aproveitando as sinergias desencadeadas pelo processo de criação da DOP e a distribuição dos produtos a nível nacional, desenvolveu-se uma terceira empresa familiar, que dinamizou a produção com a venda de produtos como o catalão, o paio, o salsichão, o chouriço, a morcilha, e outros enchidos tradicionais de Barrancos.

Um outro potencial, sem dúvida uma mais-valia para o município de Barrancos que deverá ser explorado, tem a ver com os recursos naturais endógeos, a apicultura e a produção e venda de queijos, sobretudo de cabra.

A extração, exploração e venda do xisto de Barrancos, procurado em todo o país, continua uma potencialidade. Existe uma pedreira de xisto, denominada de Lancheira, propriedade da CMB, mas para a exploração, extração, transformação e venda será necessário a alteração do seu modelo de organização. Em 2010 chegou a ser pensada, mas nunca concretizada, a criação de uma empresa municipal pelo que se considera abandonado o projeto. Nesta data, apesar dos constrangimentos ambientais, será um projeto a ponderar.

No domínio da construção civil, até ao início desta década existiam cinco ou seis empresas nesta área, algumas com dimensão na economia e na empregabilidade. A crise financeira e a “troika” dos anos 2010/2016, que afetou todos os setores da atividade, estagnou a construção civil, reduziu número das empresas e de trabalhadores.

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O desenvolvimento e a inovação, mas sobretudo a pouca valorização social profissional de algumas das artes, ofícios e/ou profissões tradicionais, levaram ao seu desaparecimento e nalguns casos à sua extinção. Em Barrancos, há décadas que não há sapateiro. Também não há barbeiro, ou pelo menos é intermitente. O mesmo sucede com o carpinteiro, o serralheiro e até o eletricista e o canalizador. Para satisfazer estas necessidades, que a população continua a sentir, é necessário procurar empresas ou particulares fora de Barrancos, com destaque para Encinasola (Espanha), que se tornou o principal fornecedor destes serviços.

Por último, tendo em conta a importância de dinamização económica, destacamos a criação por parte da CMB do Gabinete de Apoio ao Empresário (GAE). O GAE procura garantir o apoio, o desenvolvimento e dinamização do comércio e das empresas criadas ou criar no território do município, promovendo o empreendedorismo, a criação de emprego e a captação de investimentos.

Ainda no âmbito das suas funções, o GAE, que atua em parceria com o Gabinete de Inserção Profissional (GIP), assume-se também como plataforma de interface entre os empresários e os agentes locais e setoriais com vista a criar condições para um ambiente de negócios competitivo e para o crescimento sustentado da economia local.

Em relação à atividade comercial, a Vila de Barrancos tem 10 estabelecimentos comerciais de produtos alimentares - três minimercados, e sete lojas tradicionais, incluindo dois talhos. Há, ainda, quatro lojas multiusos; três drogarias; duas lojas de eletrodomésticos; uma loja de mobiliário; uma de materiais de construção civil; uma de ração para animais; uma sapataria e três padarias. A loja local da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos, para além da recolha da azeitona, vende azeite, alfaias agrícolas e outros produtos para os campos.

No setor da restauração e bebidas, Barrancos tem quatro restaurantes, incluindo o do Parque Natureza de Noudar, e 14 outros estabelecimentos de bares/cafés e similares.

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Na área dos serviços, Barrancos possui três oficinas de reparação automóvel, duas delas com venda de veículos usados, e uma com reboque; uma agência funerária; três salões de cabeleireiro/manicure. Não há barbeiro, ou cabeleiro de homem, sendo este serviço procurado em Encinasola.

No que se refere ao setor da madeira, ferro e alumínios, em Barrancos existe uma única serralharia, com trabalho limitado, sendo os serviços de madeira e alumínio, e também de ferro, prestados através de contratação a oficinas de terras vizinhas, em especial Encinasola (Espanha).

O Mercado de Abastecimento, sob a gestão da Freguesia de Barrancos, só funciona às sextas e sábados. A venda ambulante é permitida em Barrancos, à quinta-feira. O mercado ou feira, em Barrancos conhecido como as “barracas” ou “mercadilho”, decorre no segundo, terceiro e último sábado de cada mês, também sob gestão da Freguesia. Este mercado funciona na zona da “estrada cortada”, à entrada da Vila, num terreno aberto e improvisado, que tem sido do agrado de feirantes e clientes.

Esta zona, solarenga, com bons acessos e estacionamentos, que se previa temporária, poderá assim torna-se o novo "campo da fêra semanal de Barrancos", desde que seja objeto de uma pequena intervenção, por parte das entidades locais competentes em matéria de urbanismo (CMB) e feiras (JFB).

O Parque de Feiras e Exposições, já mencionado, tem também um papel estruturante para a estratégia de desenvolvimento local, na promoção do Presunto e da Paleta de Barrancos DOP, dos enchidos tradicionais, e de todos os produtos locais.

5.2 - Turismo

O município de Barrancos tem imensas potencialidades neste aspeto, daí que o turismo tenha vindo a aumentar nos últimos anos, ainda que não tanto como seria expetável e desejável.

Alguns campos anteriormente usados para a agricultura têm vindo a ser convertidos para fins turísticos.

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De acordo com ICNF17, no território do município de Barrancos, estão aprovadas e registadas 51 Zona de Caça, das quais 21 associativa e 30 turísticas. A caça, enquanto produto turístico, daquilo que se designa genericamente por turismo cinegético, deverá ter uma importância estratégica fundamental para Barrancos, contribuído para o desenvolvimento económico e de dinamizador da atividade turística.

No território municipal sobressai, pela sua importância, o Parque de Natureza de Noudar (PNN), localizado na Herdade da Coitadinha, por ‘detrás- dos-montes’ entre o serpenteado do rio Ardila e da ribeira de Múrtega, encaixado entre cumes e colinas na proximidade da vila de Barrancos (Alentejo, Portugal). O caminho desde a entrada do Parque até ao castelo de Noudar, atravessa uma extensa área de montado de azinho que termina com vista majestosa para a confluência das duas linhas de água.

Percorrendo a pé antigos trilhos e caminhos de terra vão-se descobrindo outras histórias, os fundos dos vales onde descansam moinhos-de-água, bosques selvagens em encostas que escorregam para os rios, cristas rochosas que se erguem acima de toda a paisagem.

O montado, as pastagens, o olival, o pastoreio com vacas, ovelhas e o porco preto, são os sinais comuns às herdades vizinhas desta região. Mas aqui, um relevo mais abrupto e rochoso protegeu enclaves de vegetação onde permaneceram azinhais e bosques densos, onde a luz entra com dificuldade, redutos únicos numa paisagem muito alterada pelo homem.

No PNN, propriedade da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), inaugurado em março de 2006, instalado na Herdade da Coitadinha, propriedade adquirida como medida compensatória pela inundação das áreas da albufeira do Alqueva, convoca-se o princípio de que o uso promove a conservação do território e recria a atividade agrícola na Herdade, respeitando as práticas e as tradições da região, ao mesmo tempo que se promove o eco turismo no respeito pela natureza.

17www2.icnf.pt/portal/caca/CacaPortarias.qry?Distrito=2&Concelho=204&Circunscricao=5&Nucleo=&Ti poZona=&lZonaID=&template%3Amethod=Pesquisar

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A recuperação e adaptação da arquitetura original do Monte da Coitadinha permitiram o acolhimento de visitantes, potenciando a vivência do território com todas as acomodações para permanecer e explorar, onde se incluem alojamento, restaurante e atividades de interpretação. Neste espaço telúrico, de refúgio e isolamento, exalta-se uma forma de estar contrária à agitação social dos tempos atuais. Eleva-se a tranquilidade, a comunhão com a natureza e com as pessoas, é celebrado o silêncio e a contemplação, proporcionam-se experiências de gastronomia mediterrânica e de produção endógena, convidamos à deambulação por um território preservado e isolado

Para que possa repousar depois das longas caminhadas, o PNN possui duas unidades de alojamento imbuídas de história e de identidade: a Casa do Monte e a Casa da Malta. Entre as suas atividades e experiências, no PNN pode também fazer passeios de Noucar com piquenique, ou se o calor o convidar a um mergulho na piscina. E, caso deseje serviço de refeições, a utilizar o espaço de restaurante, com esplanada virada para o castelo de Noudar.

O PNN tem um património cultural importante cuja conservação tem a missão de garantir. O Castelo de Noudar, propriedade do Município de Barrancos (CMB), é uma marca de qualidade e interesse deste património. A ligação do PNN a Espanha e ao município de Valência del Mombuey e Oliva de la Frontera é outro dos fatores diferenciadores deste projeto (PNN).

Um outro projeto estruturante do PNN é o chamado Life Iberlince,18 que tem como objetivo iniciar a recuperação da distribuição histórica do Lince- ibérico em Espanha e Portugal, conseguindo populações estáveis e autossustentáveis, que permitam assegurar o futuro da espécie. As ações do projeto Life Iberlince pretendem identificar as áreas de reintrodução em Portugal e Espanha, consolidar as populações atuais, criar corredores ecológicos pelos quais podem transitar e procurar alimento, diminuir o impacto dos atropelamentos e a taxa de mortalidade por furtivismo, entre outros.

Para o sucesso do projeto, é fundamental o envolvimento do setor privado, das associações de caçadores e sobretudo da comunidade local.

18 http://www.iberlince.eu/index.php/port/

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No domínio do alojamento, Barrancos possui seis estabelecimentos: um hotel, duas casas de campo e três alojamentos locais (quadros 29 e. 30).

Quadro 29 - Empreendimentos turísticos Registo Quartos Capacidade Tipologia Nome - Categoria Localização (nº) (nº) (nº

Rua 1º Dezembro s/n.º 4232 Hotel Hotel Agarrocha *** 14 28 7230-042 Barrancos

Mofadinha - Herdade da Mofadinha - Casa de 4495 Sociedade Agrícola e 4 10 Barrancos campo Imobiliária, Unip. Lda 7230-999 Barrancos

Casa de Parque de Natureza Parque de Natureza de 8336 13 38 campo de Noudar Noudar - Apartado 5 7230-000 Barrancos Fonte:https://rnt.turismodeportugal.pt/RNET/Registos.ConsultaRegisto.aspx?Origem=CP&Mostr aFiltro=True (consultado em 16-05-2019)

Quadro 30 - Alojamento local Registo Nome- Quartos Capacidade Tipologia Localização (nº) Categoria (nº) (nº) Rua Sº João de Casa de Estabelecimento Deus, 1 17982/AL Hóspedes 5 12 de hospedagem 7230-047 "Domingues" Barrancos Rua da Boavista, 1 84120/AL Casa do Fred Moradia 4 8 7230-004 Barrancos Rua Sº João de Casas de Sº Deus, 37

83226/AL Apartamento 2 6 João 7230-047 Barrancos Fonte:https://rnt.turismodeportugal.pt/RNAL/ConsultaRegisto.aspx?Origem=CP&FiltroVisivel=Tr ue (consultado em 16-05-2019)

No domínio da restauração (alimentação), na Vila de Barrancos há três restaurantes, que aproveitando os saberes da gastronomia local e regional são muito procurados. Para completar esta área, para além dos estabelecimentos de restauração, existem 12 bares, cafés ou pastelarias.

Ainda neste domínio, uma outra potencialidade que serve, também, para fins culturais e turísticos, e que está a ser equacionada, passa pela reabilitação e reconstrução da Vila Medieval de Noudar, incluindo a recuperação da estrada municipal de ligação (Pipa/Noudar). O castelo de Noudar, mesmo com a estrada na sua maior extensão em terra batida, constitui o sítio turístico mais visitado: cerca de 6 mil visitantes/ano.

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Em relação à potencialidade do turismo, importa referir que são cada vez mais aqueles que fazem turismo em caravanas ou autocaravanismo, sem que Barrancos tenha estrutura (parque) para o seu acolhimento. O mesmo sucede com os veículos de longo curso (camiões), que diariamente passam por Barrancos e muitos deles aqui param e pernoitam.

Na área do turismo e do ambiente sustentável, importa destacar a criação de circuitos e/ou percursos turísticos pedestres, em parceria com entidades regionais - o Alentejo a Pé19 e o TransAlentejo20 - passando por percursos internos pela Vila, mais pequenos, mas culturalmente ricos.

A nível internacional, destacamos também a criação em 10/02/2011, do percurso turístico transnacional GR 48 – Sierra Morena/Serra Morena21, com cerca de 600 Km, que começa em Barrancos (Cansalobos) e termina em Santa Elena (Jaen), Espanha. Para esta experiência única muitos visitantes procuram Barrancos – uns começam e outros acabam o percurso, que também pode ser feito por troços.

As festas, feiras e romarias, com destaque para a Festa de Agosto, com as tradicionais corridas de touros de morte, a expoBarrancos (feira do presunto e dos enchidos), são valores identitários que merecem proteção, divulgação e potenciam o turismo e o através deste o desenvolvimento local. Neste contexto, a elaboração de um plano de promoção turística ou equivalente, parece como prioridade.

19 https://www.ccdr-a.gov.pt/alentejoape/ 20 https://www.visitalentejo.pt/pt/transalentejo/da-serra-colorada-ao-cerro-do-calvario/ 21 https://ridewithgps.com/routes/5810939

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos - A população empregada está maioritariamente representada no setor terciário; - Indústria agroalimentar de qualidade - Dinâmica empreendedora fraca ou (produção de enchidos, azeite, Presunto e inexistente; Paleta de Barrancos - DOP); - Rede viária em estado de degradação; - Indústria do Xisto a desenvolver; - Perspetivas laborais limitadas a algumas - Localização geográfica com o áreas económicas. aproveitamento da zona de fronteira; - Condicionamento à produção e venda de - Incentivo para fixação de empresas; produtos locais (mel, queijos, etc;) - Parque empresarial, com lotes disponíveis; - Desvalorização dos ofícios e profissões - Parque de Feira e Exposições; tradicionais; - Existência de GAE e GIP; - Inexistência de oferta de serviços de - Elevado Potencial Turístico (Produtos locais, carpintaria, serralharia, alumínios, etc; Dinamismo Cultural; Zonas de Caça; - Inexistência oferta de serviço de cabeleiro Reabilitação da Vila de Noudar para fins barbeiro; culturais e turísticos; - Inexistência de parque de caravanismo (e - Parque da Natureza de Noudar; de apoio a veículos de longo curso); - Aproveitamento do Sol (energia - Degradação do espaço-recinto da feira fotovoltaica). semanal (mercadilho): - Recursos naturais (mel, queijos de cabra, - Pouca promoção do potencial turístico; etc;) - Existência de Percursos/circuitos turísticos; - Existência de associação de apoio aos pequenos agricultores e produtores locais; Propostas - Promover o desenvolvimento económico, captando investimento privado; - Fomento do Empreendedorismo;

- Dinamização do Parque Empresarial de Barrancos;

- Rentabilização e valorização de profissões extintas ou em extinção, com descriminação positiva para fixação de pequenas oficinas familiares (por ex: de carpintaria/serralharia, alumínios etc.);

- Criação de estruturas de apoio ao empreendedorismo; - Desenvolver a marca “Barrancos”, projetando-a como Capital do Presunto; - Plano de Promoção Turística; - Rentabilização dos percursos ou circuitos turísticos (local e internacional); - Recuperação do espaço/recinto do mercado semanal (conhecido por fêra ou mercadilho); - Construção de parque de caravanismo (e de apoio a veículos de longo curso);

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6 – QUALIFICAÇAO, EMPREGO E EMPREENDEDORISMO A taxa de emprego e de desemprego é o indicador do nível de desenvolvimento de uma determinada região. Estes valores permitem analisar a capacidade de absorção de mão-de-obra e consequente qualidade de vida da população e os seus níveis de consumo.

Com base nos dados do INE (quadro 28), verificamos que nos períodos censitários, a taxa de desemprego em Barrancos tem sido sempre superior à da região, salvo no ano 1981.

Quadro 31 - Taxa de desemprego segundo os Censos: total (%)

Anos 1960 1981 1991 2001 2011

Barrancos 3,3 11,6 14,6 22,1 16,6

Fontes de Dados: INE - X, XII, XIV e XV Recenseamentos Gerais da População

Quadro 32 - Desempregados inscritos no IEFP (15 a 64 anos (%)) Anos 2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Portugal 4,7 7,0 7,9 7,9 9,6 10,3 9,4 8,3 7,8 6,5 Alentejo 6,4 6,7 7,4 7,3 9,4 10,0 8,7 7,9 7,7 6,3 Baixo Alentejo 9,5 7,0 8,1 8,1 10,2 11,1 9,7 9,3 9,5 7,9 Barrancos 15,8 7,8 10,7 12,2 15,3 15,1 11,9 13,8 18,7 15,8 Fonte: PORDATA (consultada em 16/04/2019)

Esta tendência de desemprego elevado pode também ser confirmada com os dados do IEFP, para o período 2001/2017, com base no número de residentes com idades entre 15-64 anos, inscritos como desempregados (Quadro 28 a 30)

Gráfico 9: Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional no total da população residente com 15 a 64 anos (%)

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No que se refere à taxa de atividade, que permite definir o peso da população ativa sobre o total da população, verifica-se que houve uma redução de 44 indivíduos economicamente ativos de 2001 (828) para 2011 (784), mantendo praticamente inalteradas as taxas de atividade da população (uma redução de 0,25% no geral).

Quadro 33 - Pop. Residente Econ. Ativa e Taxa de atividade (2001-2011)

Pop Empregada Género Nº Indivíduos % Ano (nº)

HM 828 645 43,0 H 469 405 49,8 2001 M 359 240 36,8 HM 784 655 42,75

H 447 396 50,22 2011 M 337 296 35,70 Fonte: INE, censos

Segundo o quadro 34, que analisa a evolução do número de pessoas inscritas no IEFP, no ano 2010 e 2018, verifica-se que o maior registo foi observado em 2015, com 199 indivíduos desempregados, sendo que destes, 123 eram mulheres.

Quadro 34 – Nº de Registos no IEFP (2005-2018) Situação face emprego à Género Tempo de Inscrição Ano procura de Total Nº Eleitores Homens Mulheres < 1 Ano 1 Ano E + 1º Emprego Novo Emprego (31/12) 2018 45 76 67 54 11 110 121 1337

2017 64 116 48 132 11 180 1354 169

2016 63 104 36 131 10 167 1370 157 2015 76 123 55 144 14 185 199 1389 2014 53 80 45 88 9 124 133 1401 2013 61 73 59 75 16 118 134 1419 2012 80 110 80 110 22 168 190 1458

2011 55 192 89 58 14 1485 133 146

2010 48 86 94 40 12 1543 122 134 2005 42 92 75 59 10 124 134 1623 Fonte: IEFP – Estatísticas, dezembro (cada ano)

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Relativamente à população desempregada, os dados disponibilizados pelo IEFP, mostram que, no número de desempregados há alterações anuais, sendo a maioria do género feminino.

No que diz respeito ao tempo de inscrição verificamos que, ao longo do período em análise, a maioria são “desempregados há mais de um ano”, correspondente à categoria de “desempregados de longa duração”, abreviadamente DLD.

Por sua vez, em relação à idade, o grupo etário dos 35-54 anos é sempre o que apresenta o maior número de inscritos,

Quadro 35 - Evolução de inscritos no IEFP - Grupo Etário (2005-2018) Grupo Grupo Grupo Grupo Etário Etário Etário Etário Total ANO 35 - 54 < 25 Anos 25 - 34 Anos 55 Anos e + Anos 2018 15 15 65 26 121

2017 24 31 95 30 180

2016 22 36 76 33 167

2015 30 34 103 32 199

2014 11 27 75 20 133

2013 25 22 73 14 134

2012 33 38 98 21 190

2011 21 26 80 20 147

2010 21 31 63 19 134

2005 23 24 68 19 134

Fonte: IEFP – Estatísticas, dezembro (cada ano)

No que se refere ao nível de escolaridade (quadro 35), em todos os anos em observação (2010/2018), predominam os desempregados com “ensino secundário”, com um “pico máximo” de 91 indivíduos em 2015.

Outro dado que sobressai, que pode indiciar a falta de capacidade do mercado empresarial local, tem a ver com o número de desempregados com habilitação “superior”, que varia entre os quatro de 2010, 2015 e 2017 e 10 em 2013.

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Rede Social - Diagnóstico Social de Barrancos - (3ª atualização)

Quadro 36 - Evolução de inscritos no IEFP - Níveis de Escolaridade (2005-2018) Total < 1º Ciclo 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Secundário Superior Ano nº 2018 9 11 30 23 42 6 121

2017 9 25 33 29 80 4 180

2016 10 29 36 20 66 6 167

2015 8 28 33 35 91 4 199

2014 6 23 20 24 52 8 133

2013 7 23 27 24 43 10 134

2012 9 25 43 37 67 9 190

2011 3 21 27 35 54 7 147

2010 7 19 25 25 54 4 134

2005 5 45 43 20 20 1 134

Fonte: IEFP – Estatísticas, dezembro (cada ano)

Tendo em conta o cruzamento dos dados do IEFP (quadros 34-36) e da Segurança Social (quadro 37), relativo a 31/12/2018, há um pormenor que constitui um indicador negativo: dos 121 desempregados registados em 31/12/2018, só 35 são beneficiários de prestações por desemprego. Os 86 restantes, ou aguardam o deferimento de processo ou não têm qualquer resposta social.

Quadro 37 - Nº de beneficiários de prestações de desemprego (dezembro 2018) Subsídio social de Subsídio de Subsídio social de desemprego, desemprego desemprego Ano subsequente HM H M HM H M HM H M

24 11 13 3 0 2 8 * * 2018

35 Total HH Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

Na área do município de Barrancos, os maiores empregadores continuam a ser, desde pelo menos o primeiro Diagnóstico Social (2006), o Município, com 90 trabalhadores (85 dos quais efetivos), a IPSS – Lar Nossa Senhora da Conceição, com 33, o Agrupamento de Escolas de Barrancos, com 48, e uma das duas unidades industriais de carnes, com 46 trabalhadores. O Parque Natureza de Noudar, também ocupa mão-de-obra qualificada e semiqualificada (10-12 trabalhadores). A Freguesia de Barrancos (JFB), para além de alguma ocupação temporária tem, nesta data, cinco trabalhadores com vínculo permanente e três com contrato a termo certo.

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As microempresas absorvem uma pequena percentagem da população ativa. São empresas de pequena dimensão ou familiares com mão-de-obra semi ou pouco qualificada, com destaque para as padarias, estabelecimentos de restauração e bebidas, bem como as empresas na área da construção civil, etc. As empresas do setor primário, com destaque para a pecuária, também empregam entre 40-50 trabalhadores efetivos, e outros tantos sazonais.

Na falta de resposta por parte do tecido empresarial, as duas autarquias (município e freguesia), por vezes com apoio do movimento associativo, com destaque para a IPSS, desempenham um papel social relevante, assegurando a ocupação temporária de algumas dezenas de trabalhadores desempregados integrados em programas sociais - os Contratos de Emprego Inserção CEI e CEI+.

No caso do Município (CMB), com responsabilidade sociais acrescidas, para dar resposta ao elevado número de desempregados inscritos no IEFP teve de implementar em 2016 dois programas sociais de âmbito municipal:

- O EMERGE - Programa Municipal de Combate às Situações de Emergência Social no Emprego, que tem como finalidade a ocupação temporária de pessoas desempregadas, em situação de carência económica, maiores de 30 anos; e

- O OTJ - Programa Municipal de Ocupação Temporária de Jovens, que tem como finalidade a ocupação temporária de jovens desempregados entre os 18-30 anos, em atividades do domínio das atribuições municipais.

Através do EMERGE, que já vai na sua 7ª edição, e do OTJ (6 edições) o Município conseguiu garantir as condições mínimas de subsistência a cerca de uma centena de agregados familiares carenciados, na sua maioria sem qualquer resposta social.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Precariedade e sazonalidade do emprego; - Não há fixação de pessoas com habilitações - Interesse da população na fixação em superiores à escolaridade obrigatória, assim Barrancos; como especialização; - Adaptabilidade da mão-de-obra a novos - Falta de mão-de-obra qualificada nalgumas métodos de trabalho; áreas; - Mão-de-obra jovem e com potencial de - Desvalorização das profissões artesanais e aprendizagem; tradicionais (alguns ofícios); - Parque Empresarial de Barrancos; - Condicionamento à produção e venda de - Existência do GAE e GIP; produtos locais (mel, queijos, etc;) - Emprego na área social, com formação; - Elevado desemprego feminino e com - Programas Sociais Municipais; formação superior; - Associação de apoio aos pequenos e micro - Elevado peso do desemprego na faixa etária produtores locais; dos 35 aos 54 anos; - Baixas qualificações/habilitações da população, nalgumas áreas;

Propostas - Atuar no mercado social de emprego, de forma a garantir a reintegração social e profissional dos grupos envolvidos através de projetos integrados e de um apoio constante ao longo de todo o processo; - Incentivar a fixação de empresas que pretendam criar postos de trabalho; - Disponibilização de lotes de terreno no Parque Empresarial, destinado a industria/serviços. - Promover o desenvolvimento económico, captando investimento privado; - Fomento do Empreendedorismo; - Rentabilização e valorização de profissões extintas ou em extinção, com descriminação positiva para fixação de pequenas oficinas familiares (p.ex: de carpintaria/serralharia, etc);

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6.1 – Formação profissional O município de Barrancos tem tido sempre a preocupação de investir na formação profissional, visto que é necessário possuir mão-de-obra qualificada com vista à criação de postos de trabalho com melhor qualidade, permitindo um aumento das condições de vida da população, assim como a sua valorização pessoal e consequente aumento da autoestima.

No que se refere à formação profissional, esta tem sido promovida por diversas entidades formadoras, privadas ou associativas, bem como o IEFP, através dos serviços de formação. Estas entidades têm desenvolvido formação nas mais diversas áreas, sendo que algumas destas contribuíram para o aparecimento de unidades de restauração existentes na vila de Barrancos.

De salientar ainda que, para além das competências adquiridas pelos formandos ao longo do curso, os mesmos recebem uma bolsa subsidiada pelo Indexante dos Apoios Sociais (IAS),22 mais subsídio de alimentação, e subsídio de transporte que, podendo, nalguns casos, ser a única fonte de rendimento das famílias.

Em Barrancos, cerca de 200 indivíduos adultos concluíram a certificação de competências entre 2005-2015, no âmbito do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, conhecido como RVCC. Primeiro, no nível do ensino básico (6º e 9º anos) e, por último, no ensino secundário (12º). Para este sucesso, contribuiu o Município (CMB), que dinamizou ações de sensibilização e facilitou o transporte dos candidatos, bem como as empresas privadas que autorizaram os seus trabalhadores a frequentar o processo.

O processo RVCC, substituído em 2016 pelo programa Qualifica, que continua vocacionado para a qualificação de adultos que tem por objetivo melhorar os níveis de educação e formação dos adultos, contribuindo para a melhoria dos níveis de qualificação da população e a melhoria da empregabilidade dos indivíduos

22 O Indexante dos Apoios Sociais (IAS), instituído pela Lei n.º 53-B/2006, de 29 de dezembro, veio substituir a Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG) enquanto referencial determinante da fixação, cálculo e atualização das contribuições, das pensões e outras prestações sociais. Retirado do site: http://www.portaldocidadao.pt/

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No âmbito dos sucessivos Quadros Comunitários, quer o Município quer a Freguesia de Barrancos, estimularam e apoiaram a qualificação escolar e profissional, procurando:

 A dinamização de cursos de educação e formação de adultos, direcionados para as necessidades identificadas ou a identificar, tais como agroalimentares, turismo de natureza, património, serviços de apoio à comunidade, entre outras;

 Estimular a criação e a qualidade do emprego, destacando a promoção do empreendedorismo e os mecanismos de apoio à transição para a vida ativa;

 Promover a igualdade de oportunidades, através do desenvolvimento de estratégias integradas e de base territorial para a inserção social de pessoas vulneráveis a trajetórias de exclusão social.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos - Dificuldade de inserção dos formandos no mercado de trabalho; - Formação direcionada para um segmento - Entidades formadoras com interesse em etário com poucas possibilidades de trabalhar no município; integração no mundo laboral; -Existência de jovens com disponibilidade - Distancia geográfica significativa dos para a formação (dupla certificação); centros de formação; - Interesse das entidades públicas locais em - Apenas garantem um mínimo de estilo de colaborar nas ações de formação; vida, pois permitem durante uns meses às - Aumento das Expectativas pessoais, sociais pessoas andarem ocupadas; e profissionais com a formação; - Inexistência ou não aproveitamento de - Melhoria da qualidade de vida durante o incentivo para o emprego, e/ou criação do período de formação; próprio emprego; - Aumento da Autoestima; - Os Formandos acabam por fazer os - Diminuição do desemprego local; estágios dos cursos sem ser na área - Gabinete de Inserção Profissional (GIP), correspondida; enquanto estrutura de ligação - Os referenciais da Formação, nem sempre IEFP/Empresas; estão adequados às características do - Gabinete de Apoio ao Empresário (GAE), público-alvo, e muito menos adaptados às necessidades locais ou como aplicação para saídas profissionais Propostas

- Atuar no mercado social de emprego, de forma a garantir a reintegração social e profissional dos grupos envolvidos através de projetos integrados e de um apoio constante ao longo de todo o processo; - Incentivar a fixação de empresas e consequente criação de postos de trabalho; - Majoração de incentivos para a criação/fixação de empresas; - Disponibilização de lotes de terreno no Parque Empresarial, destinado a indústria/serviços; - Rentabilização e dinamização do Gabinete de Inserção Profissional (GIP), enquanto estrutura de ligação IEFP/Empresas; - idem com o Gabinete de Apoio ao Empresário (GAE),

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7 - EDUCAÇÃO A Lei de Bases do Sistema Educativo Português foi aprovada a 14 de outubro de 1986 (Lei nº 46/86, de 14/10), tendo sido alterada posteriormente em 1997, 2005 e 2009 (pelas Leis nºs 115/97, de 19/9, 49/2005, de 30/8, e 85/2009, de 27/8 e 65/2015, de 3/7). As duas primeiras alterações referiram-se a questões relacionadas com o acesso e financiamento do ensino superior (1997 e 2005), e a última, em 2009, com o estabelecimento do regime da escolaridade obrigatória para as crianças e jovens que se encontram em idade escolar e a consagração da universalidade da educação pré-escolar para as crianças a partir dos 5 anos de idade.

A Lei de Bases estabelece o quadro geral do sistema educativo e pode definir-se como o referencial normativo das políticas educativas que visam o desenvolvimento da educação e do sistema educativo. O sistema educativo compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extraescolar.

Segundo a Carta Educativa do Município de Barrancos (2006): em atualização, a “Educação é a designação dada aos processos que conduzem e produzem aprendizagens. Este é o fim último da educação. Esta é, também, a impossibilidade de limitar a educação. A aprendizagem é e não é intencional, significativa, útil. É precoce e tardia e acontece sob moldes formais, não formais e informais.”

Posto isto, é de salientar de acordo com o regulamento em vigor23, que o Conselho Municipal de Educação de Barrancos (CME) é uma instância de coordenação e consulta, tendo como principais objetivos: a coordenação da politica educativa, articulando a intervenção, no âmbito dos sistemas educativos e dos parceiros sociais interessados, analisando e acompanhando o funcionamento do referido sistema, e propondo as ações consideradas adequadas à promoção de maiores padrões de eficiência e eficácia do mesmo.

23 Regulamento aprovado pela deliberação nº 25/AM/2002, de 27/9, publicada no Apêndice nº 144/2002,

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A intervenção do CME tem sido efetuada maioritariamente na Educação Pré-escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico, sendo de destacar, também, a atenção dedicada à educação de adultos. Assinala-se a intervenção nos seguintes domínios: Transporte Escolar; Ação Social Escolar; Conservação e intervenção no edificado; Apetrechamento escolar; Promoção de projetos e iniciativas de caráter pedagógico, entre outros.

7.1 – Rede escolar em Barrancos A rede de escolar do município de Barrancos encontra-se bastante estabilizada e concisa, correspondendo em termos administrativos, funcionais e de acesso aos recursos.

Figura 6: Sistema educativo no município de Barrancos em 2019

Escolaridade Obrigatória

Educação pré-escolar 1-2-3-4 5-6 7-8-9

1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo

A partir dos 3 anos A partir dos 6 anos de idade

Fonte: CMB/UASC e AEB, 2019

Com exclusão da Creche (0-3 anos), a rede escolar do município de Barrancos está integrada num único agrupamento, de natureza vertical constituído pelo Jardim-de-infância e pela Escola Básica Integrada (EBI 1,2,3). Inaugurado em 6 de fevereiro de 1988, este estabelecimento escolar assegura todos os níveis de ensino disponíveis em Barrancos: da educação pré-escolar (JI) ao ensino básico (1º, 2º e 3º ciclos). Barrancos não possui o ensino secundário desde inícios de 2000, sendo a escola Secundária de Moura o estabelecimento escolar mais próximo para os alunos locais.

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O estabelecimento escolar foi construído sob a designação de Escola C+S (11 turmas), isto é, escola de ensino preparatório (C) e secundário (S), com 11 turmas: abreviadamente Escola C+S (11T). A criação da Escola Preparatória e Secundária de Barrancos (Escola C+S), para entrar em funcionamento em 1987, permitiu a dinamização da articulação vertical dos três níveis do ensino básico com o pré-escolar, e a integração física no mesmo edifício do 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico. O pressuposto da articulação de todos os ciclos do ensino básico numa mesma escola-edifício foi garantido com a criação da EBI, aproveitando os recursos físicos da estrutura existente para o ensino complementar unificado, que previa inicialmente o ensino secundário. A entrada em funcionamento da ex-escola C+S, atual EBI de Barrancos levou ao encerramento das antigas escolas primárias: primeiro a EB2 (conhecida como escola de baixo) e depois, em 1995 da EB1 (escola de cima). O jardim- de-infância continuaria a funcionar na cave da EB1 até outubro de 2007, data de conclusão das obras de adaptação do antigo Centro Cultural, espaço, confinante com a EBI, que acolheu a educação pré-escolar a partir do ano letivo 2007/2008.

O 2º e 3º ciclos, correspondente aos 5º a 9º anos de escolaridade, começou a funcionar em Barrancos, progressivamente, a partir do ano letivo 1987/88, por ocasião da inauguração da Escola C+S (11T). Devido ao um ligeiro atraso na conclusão das obras da escola, as turmas do 5º e 7º anos foram deslocadas provisoriamente na Junta de Freguesia, ali permanecendo até aos inícios do 2º período, quando foram transferidas definitivamente para a nova escola, que seria inaugurada em 6 de fevereiro.

Na Escola C+S de Barrancos funcionou também o ensino noturno, com oferta do 2º e 3º ciclos, 7º a 9º anos, de 1988/1989 a 2000/2001 e um curso de secundário, 10º a 12º anos, de 1992/1993 a 1999/2000. A desmotivação dos alunos pelo ensino recorrente, que substituiu o ensino regular de adultos a partir dos anos 1995/95, o aparecimento dos RVCC (certificação de competências) e a "falta" de alunos (procura), levaram o agrupamento escolar a encerrar o ensino pós-laboral, a partir de 2002.

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Até ao ano letivo 1986/87, o segundo ciclo, 5º e 6ºs anos, à data chamado de 1º e 2º anos do Ciclo Preparatório TV, era ministrado pela Telescola. Esta modalidade de ensino mediatizado, criado em 1964, generalizado a todo o País pelas Portarias nº 21113 e 23529, só chegaria a Barrancos por volta dos anos 1972/73. Em 1979 o CPTV funcionava na Escola nº 1 (escola de cima), com duas turmas de 1º ano e uma turma de 2º ano (equivalente aos atuais 5º e 6º anos). As aulas decorriam das 13h15-17h30, com um ou dois docentes por sala, os chamados monitores.

Quanto ao 3º ciclo (7º, 8º e 9º anos de escolaridade), a sua frequência implicava a deslocação dos alunos a Moura. O mesmo sucedendo com o ensino secundário (10º/12º anos). O aumento do número de alunos de Barrancos, que procuravam a escola preparatória e secundária de Moura, sobretudo a partir dos anos 1977-1978, levou a Empresa de Viação Barranquense a criar uma carreira para estudantes, que partia diariamente de Barrancos às 6h45 e regressava à tarde, perto das 20 horas. Para apoiar estas famílias, a CMB aprova, nos anos 1979/80, o chamado “passe escolar” - programa municipal, no domínio da ação social escolar (ASE), que ainda hoje existe, destinado a comparticipar as despesas das famílias com o transporte escolar dos alunos que utilizam a carreira Barrancos, Moura e regresso a Barrancos.

Em síntese, o Agrupamento de Escolas de Barrancos disponibiliza os seguintes meios físicos e materiais à comunidade educativa:

- No Edifício Sede, que corresponde a um projeto arquitetónico bem integrado na zona, dotado de iluminação e ventilação naturais, amplos espaços exteriores equipados satisfatoriamente com material didático e audiovisual e onde estão as turmas do 1º ao 3º ciclo de escolaridade (9º ano).

No ano letivo 2018/2019, o agrupamento de Escolas de Barrancos tem em funcionamento 14 salas de aulas, entre as quais, uma sala de ciências, uma sala de educação visual e/ou tecnológica, e uma sala de música.

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Nas instalações-sede do agrupamento, para além das salas de aulas, funciona a sala de professores, uma sala de diretores de turma, uma papelaria, uma reprografia, uma sala de auxiliares da ação educativa, a secretaria para assuntos administrativos, e duas salas da direção (diretor, subdiretor e adjunta do diretor); um bar e um refeitório/cantina; um polidesportivo descoberto e um pavilhão gimnodesportivo. A escola tem ainda uma sala de informática, equipada com 14 computadores com ligação à Internet.

No mesmo edifício funciona também a biblioteca que, desde 2008, em resultado da fusão com a biblioteca municipal, passou a ter dupla valência escolar e pública.

- Jardim-de-infância – espaço remodelado, inaugurado em 2008, pertencente ao Município, contíguo ao edifício sede, composto por quatro salas de atividade, dois gabinetes e instalações sanitárias para funcionários e alunos, onde funcionam as duas salas da educação pré-escolar e uma sala da componente de apoio à família.

7.2 – A educação Pré-escolar A Educação Pré-Escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família. Destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de ingresso no ensino básico, sendo ministrada em estabelecimentos de Educação Pré-Escolar, vulgarmente conhecidos como “jardim-de-infância”. Esta etapa na educação das crianças é facultativa, competindo ao Estado contribuir para a universalização da sua oferta.

Compete ao Estado criar uma rede pública de Educação Pré-Escolar, apoiar a criação de estabelecimentos de Educação Pré-Escolar por outras entidades da sociedade civil, na medida em que a oferta disponível seja insuficiente. No caso de Barrancos, conforme quadro 29, constata-se que desde 1999/2001, acompanhando a regressão populacional, tem havido uma diminuição das crianças no jardim-de-infância, sobretudo a partir de 2010/2011.

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Quadro 38 - Evolução da população da educação pré-escolar (1999-2018) Ano letivo Pré-esc. 1999/2000 35 2000/2001 35 2001/2002 40 2002/2003 45 2003/2004 45 2004/2005 42 2005/2006 38 2006/2007 45 2007/2008 42 2008/2009 57 2009/2010 54 2010/2011 57 2011/2012 39 2012/2013 39 2013/2014 38 2014/2015 43 2015/2016 34 2016/2017 32 2017/2018 30 2018/2019 36

Fonte: AEB, 2019

7.3 - Ensino Básico (1º, 2º e 3º ciclos de escolaridade) O Ensino Básico regular é de frequência obrigatória para todos, desde a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 46 de 1986). Como tal, a principal meta a considerar é, necessariamente, a de que 100% das crianças e adolescentes entre os 6 e os 15 anos estejam a frequentar a escola.

Na Escola Básica Integrada de Barrancos (EBI), é ministrado o ensino básico existe na modalidade de ensino regular (do 1º aos 9º anos de escolaridade).

De acordo com o Agrupamento de Escolas de Barrancos (quadro 30), em relação ao pessoal docente, continua a verificar-se uma elevada instabilidade com recurso à contratação anual ou bianual. No AEB, menos de 45% dos docentes são do quadro (14 em 31).

No que se refere ao pessoal não docente, onde predominam os “assistentes operacionais” – que inclui os auxiliares de ação educativa, os guardas-noturnos, os ajudantes de cozinha ou cozinheiro(a) - e os assistentes técnicos, verificamos uma redução de cerca de 62%, passando de 27 em 2001/2002 para 17 no ano letivo 2018/2019.

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Quadro 39 - Evolução comparativa do pessoal do AE de Barrancos Pessoal Docente Ano letivo Pessoal Não Docente Quadro Contratado

2001/2002 10 18 27

2009/2010 11 17 24

2018/2019 14 17 17

Fonte: AEB, maio 2019

Em relação à Comunidade Escolar, que inclui as crianças da educação pré-escolar e os alunos do ensino básico, do 1º a 3º ciclo (9º ano de escolaridade), verificamos uma progressiva redução praticamente desde o ano letivo 2000/2001 (início do séc. XXI). Esta diminuição no número de alunos, obrigou o agrupamento à redução das turmas do primeiro ciclo, de quatro (o ideal) para três, pelam primeira vez em 2014/2015, com continuidade nos anos seguintes. Esta solução imposta pelo ministério da educação, através das suas estruturas regionais, com critérios economicistas, nunca mereceu o consenso da comunidade educativa, sendo muito contestada pelos encarregados de educação e pelo Conselho Municipal de Educação.

Quadro 40 - Evolução da população escolar (1999-2018) 2º Ciclo do 1º Ciclo do EB 3º Ciclo do EB Educ EB Total ANO Pré- 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º esc. 1999/2000 35 10 18 18 23 25 23 24 17 32 225 2000/2001 35 12 10 12 14 20 25 26 25 12 191 2001/2002 40 11 15 10 17 22 21 24 20 22 202 2002/2003 45 15 12 13 10 16 22 24 20 21 198 2003/2004 45 11 16 11 13 14 20 24 17 19 192 2004/2005 42 20 12 15 13 13 15 22 23 15 190 2005/2006 38 18 20 12 16 12 15 21 16 23 191 2006/2007 45 12 19 18 13 13 13 16 10 16 187 2007/2008 42 16 12 19 20 12 14 18 12 9 186 a) 2008/2009 57 11 20 8 24 14 13 18 14 13 192 2009/2010 54 19 13 21 10 20 15 12 14 14 192 2010/2011 57 14 20 13 22 10 21 15 11 16 199 2011/2012 39 24 17 20 12 23 11 23 10 12 191 2012/2013 39 16 30 12 20 12 21 10 22 11 193 2013/2014 38 16 19 27 14 21 8 21 9 22 196 2014/2015 43 12 16 19 22 16 18 10 18 12 186 2015/2016 34 15 9 14 19 28 15 18 13 16 181 2016/2017 32 15 11 11 17 18 28 16 18 10 176 2017/2018 30 14 15 15 5 15 16 29 13 18 170 2018/2019 36 6 13 13 15 7 14 19 26 10 159 Fonte: AEB, 2019 – a) Inclui 12 alunos do CEF

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Rede Social - Diagnóstico Social de Barrancos - (3ª atualização)

Ainda nesta linha é relevante apresentar a Evolução da Taxa de Retenção da Escola Básica Integrada de Barrancos, desde o ano letivo 2015/2016 até ao ano letivo 2017/2018:

Quadro 41 - Taxa de retenção por nível de educação (%) Ano letivo 1º ciclo 2º ciclo 3º ciclo 2015/2016 3,51 0 14,9 2016/2017 0 0 7,0 2017/2018 0 0 3,51 Fonte: AEB, maio 2019

Em relação à taxa de retenção, esta só tem alguma expressão, no 3º ciclo, com destaque para o ano letivo 2015/2016 com 14,9%). Em 2017/2018, não houve retenção nos dois primeiros ciclos de estudos, registando o 3º ciclo uma taxa de 3,51%.

Por último, e não menos importante, salientar que, segundo os censos 2011, a taxa de abandono escolar em Barrancos era residual (1,06%). Contudo, segundo o agrupamento de Escolas de Barrancos, nestes últimos três anos letivos, só há registos de dois abandonos.

Quadro 42 - Taxa de abandono escolar (%) 2011 Alentejo 1,78%

Baixo Alentejo 2,41%

Barrancos 1,06%

Fonte: INE; Censos 2011

7.4 - Ensino Secundário Na área do município de Barrancos não existe oferta educacional ao nível do ensino secundário (geral, tecnológico ou profissional), desde 1999/2000. Para frequentar o este nível de ensino, os alunos de Barrancos têm de se deslocar para os municípios de Moura (53,7 Km), de Serpa (74 Km), de Beja (102 Km) ou Évora (107 Km), que constituem as alternativas mais próximas.

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Rede Social - Diagnóstico Social de Barrancos - (3ª atualização)

Enquanto até aos finais da década 1980, princípios de 1990, a escolha dos alunos era quase que automática, pois todos escolhiam a escola secundária de Moura para prosseguir os seus estudos, desde há cerca de 20- 25 anos, as opções são variadas. Os alunos começaram a escolher cursos técnico-profissionais, em vez de cursos gerais do secundário, daí escolhendo a a Escola de Artes e Ofícios Tradicionais de Serpa, atual Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Serpa. Nos anos seguintes, e possivelmente até ao ano escolar de 1997/1998, as preferências para a grande maioria dos alunos de Barrancos parecia recair sobre Serpa, seguida de Moura. Nesta mesma altura, começa também a aparecer um estabelecimento escolar de Évora como destino.

Nos anos de 2001/2002, a escolha de curso profissional deixar de ser preferencial em Serpa, optando a maioria dos estudantes pelo ensino secundário geral, em Moura, e cada vez mais também em Évora, em especial na Escola Profissional da Região Alentejo.

Por sua vez, as escolas secundárias de Beja e Évora são também escolhas de alunos de Barrancos, mas em números muito inferior ao de Moura, que constitui o estabelecimento escolar mais próximo da residência, com possibilidade de ida e volta no mesmo dia, em carreira de transporte público.

O alargamento da escolaridade obrigatória até ao 12.º ano deveria ter sido acompanhada de mecanismos que garantisse, ainda que parcialmente, a gratuitidade da sua frequência, sob a responsabilidade governamental. Não sendo assim, a CMB mantem desde finais dos anos 1970 (1976/77), um programa social que comparticipa os encargos com o transporte escolar no ensino secundário. Nesta data, depois de várias alterações, a comparticipação municipal varia entre os 100% e 50% do passe escolar, de acordo com o escalão da ação social escolar do aluno.

No caso de Barrancos, a frequência do ensino secundário tem custos elevados, porque está dependente de deslocação ao estabelecimento de ensino situados fora de Barrancos, maioritariamente em Moura, que implica um percurso diário em carreira de mais de 100 km (ida e volta).

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Rede Social - Diagnóstico Social de Barrancos - (3ª atualização)

Na falta de elementos oficiais sobre o número de alunos de Barrancos que frequentam o ensino secundário, recorremos aos registos de “passe escolar” financiado anualmente pelo Município (CMB). Não será o indicador mais adequado, porque há alunos de Barrancos a frequentar o ensino secundário estabelecimentos escolares de Beja, de Serpa e de Évora, sendo que estes não beneficiam da comparticipação municipal. Casos há também de alunos que, frequentando cursos profissionais, com passe escolar pago por essa escola, não podem beneficiar do passe municipal, para evitar sobreposição de subvenção.

Nesse sentido, com base nos elementos fornecidos pela CMB/UASC, o número de alunos que frequentam o ensino secundário em Moura, com passe escolar, com exclusão das escolas profissionais ou escolas secundárias acima citadas são os seguintes:

Quadro 43 - Lista de alunos do ensino secundário com passe escolar (2010-2019)

Ano 2018/19 2017/18 2016/17 2015/16 2014/15 2013/14 2012/13 2011/12 2010/11 letivo

Alunos 24 15 13 11 11 14 14 12 8 (nº) Fonte: CMB/UASC, maio 2019

7.5 - Ensino Superior Os estabelecimentos de ensino superior mais próximos situam-se em Beja (politécnico) e Évora (politécnico e universitário). Segundo os censos (quadro 34), a população residente com formação superior tem vindo sempre a aumentar, mas não tanto quanto seria desejável e expetável. Entre 1991 e 2011 a população com formação superior, que inclui os detentores dos antigos cursos médios (bacharelatos), os licenciados, mestre e doutores, passou de 34 (1,7% do total) para 99 (6,19% da população total), quatro ponto abaixo do Alentejo. Quadro 44 - População residente com ensino superior (1991-2011) Ano 1991 2001 2011 Ind. 34 95 99 % pop 1,7 4,9 6,19 Fonte: INE. Censos 2011

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Gráfico 9 – População residente com formação superior em Barranco e no Baixo Alentejo

Fonte: INE. Censos 2011

Na falta de dados sobre o número de alunos de Barrancos matriculados e/ou a frequentar o ensino superior, recorremos ao número de bolsas de estudo anualmente concedidas pelo Município, desde 1991/1992.

Se bem que este indicador não pode servir de retrato “oficial” sobre o número de estudantes residentes que frequentam ou frequentaram o ensino superior, porquanto a bolsa de estudo municipal é concedida a alunos mais carenciados, segundo o regulamento, é a única base que permite avaliar a evolução dos estudantes neste nível de ensino.

Neste sentido, de acordo com o quadro 40, percebemos que o número de bolseiros tem um aumento quase constante desde o ano letivo 1991/1992 (oito bolsas), até ao ano 2007/2008 (28 bolsas), para depois ter um comportamento decrescente, atá ao ano letivo 2014/2015.

Entretanto, no ano letivo 2017/2018 são abrangidos pela primeira vez os estudantes dos cursos de técnico superior profissional, ministrado no ensino politécnico, sem atribuição de qualquer grau.

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Quadro 45 - Evolução do nº de bolsas concedidas pela CMB (1991-2018)

Ano 2018/ 2017/ 2016/ 2015/ 2014/ 2013/ 2012/ 2011/ 2010/ 2009/ 2008/ 2007/ 2006/ letivo 2019 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007

Alunos Bolseiros 14 19 9 13 11 3 6 8 12 16 22 28 24 (nº)

Ano 2005/ 2004/ 2003/ 2002/ 2001/ 2000/ 1999/ 1998/ 1997/ 1996/ 1995/ 1994/ 1993/ letivo 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994

Alunos Bolseiros 26 25 22 23 15 15 16 18 23 17 11 12 9 (nº) Fonte: CMB/UASC, março 2019

7.6 - Educação Especial e Apoio à Deficiência Os alunos com dificuldades de aprendizagem apresentam um conjunto de inabilidades em áreas tão diversas como o são, por exemplo, as da perceção visual, auditiva, da linguagem e da comunicação.

Ainda nesta linha, os alunos com Necessidades Educacionais Especiais são aqueles que, por exibirem determinadas condições especiais, podem necessitar de serviços de educação especial. Desta forma, entende-se que este tipo de Educação é criado para prevenir (instrução no domínio da Intervenção precoce), eliminar (instrução de recuperação) ou ultrapassar (instrução de compensação) os obstáculos que podem impedir que um indivíduo com necessidades especiais aprenda e participe de forma plena e ativa na escola e na sociedade.

Na Comunidade Educativa de Barrancos é pertinente salientar que em 2017/2018, 22 crianças estavam enquadradas nas Necessidades Educativas Especiais, entre as quais, quatro no jardim-de-infância e uma na creche.

Quadro 46 - Número de crianças/alunos com NEE Ano letivo Pré-escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo e creche 2015/2016 2 3 8 7 2016/2017 4 5 5 7 2017/2018 5 4 2 11 Fonte: AEB, maio 2019 e ELIP de Moura e Barrancos, maio 2019

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O Agrupamento de Escolas de Barrancos, depois de algumas intermitências sem recursos ou com recurso financiado pelo Município, tem um Psicólogo(a) ao serviço, em regime de meio tempo, desde o ano letivo 2014/2015

7.7 - Educação e Formação de Adultos Os cursos de Educação e Formação para Adultos visam elevar os níveis de habilitação escolar e profissional da população portuguesa adulta, através de uma oferta integrada de educação e formação que potencie as suas condições de empregabilidade e certifique as competências adquiridas ao longo da vida.

Em Barrancos, depois de um período de mais de 10 anos de elevada densidade de formação profissional, registamos agora uma fase de estagnação, salvo quatro ou cinco formações modulares que se encontram a decorrer desde o início de 2019.

Entretanto, segundo informação do IEFP, deverão ter início ainda em maio de 2019, duas ações de formação de dupla certificação, uma para o 9º ano (operador de jardinagem) e outra de 12º ano (técnicos de organização de eventos), que deverão abranger cerca de 30 formandos.

7.8 - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências O reconhecimento de competências consiste na identificação de competências adquiridas ao longo da vida, em contextos formais, não formais e informais (no trabalho, em ambiente associativo, em formações realizadas, em família, etc.;), reconhecendo-as de acordo com conteúdos escolares/técnicos e certificando esses conhecimentos e competências com uma habilitação escolar (4.º, 6.º, 9.º e 12.º ano de escolaridade) ou com uma Certificação Profissional, ou ambas simultaneamente.

Como já foi dito, desde 2005/2006, concluíram em Barrancos o processo de certificação de competências, tendo obtido equivalência escolar ao nível do 6º, 9º ano e 12º ano de escolaridade, mais de 200 jovens/adultos tendo este número contribuído em muito para a elevação do nível de escolaridade geral da população.

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7.9 - Analfabetismo De acordo com os Censos, o município de Barrancos detém a terceira menor taxa de analfabetismo do Baixo Alentejo. Entre 1981 e 2011, a taxa de analfabetismo baixou significativamente, passando de 31,1% para 9,04%, valor abaixo do registado para o Alentejo (9,6%), no último censo.

Quadro 47 - Taxa de analfabetismo (1981 - 2011)

Anos 1981 1991 2001 2011

Portugal 18,6 11,01 9,03 5,23

Alentejo 30,2 20,25 15,86 9,6

Baixo Alentejo 33,2 23,32 18,22 11,1

Barrancos 31,1 23,50 16,25 9,04 Fonte: PORDATA, consultada em 17/04/2019 IN:, Censos (consultado em 17/04/2019)

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos - Cobertura total das faixas etárias da educação pré-escolar até ao final do 3º ciclo do ensino básico; - Creche e Jardim de Infância (novos); - Falta de Espaço para: Gabinete de - Realização de atividades de tempos livre Psicologia e Orientação Vocacional; para crianças dos 3 aos 12 anos durante os Associação de Pais; Conselho Geral; Apoios meses de Verão, férias do Natal e da Páscoa; Pedagógicos Individualizados; - Baixa Taxa de Insucesso e de Abandono

Escolar; -Dificuldades no Acompanhamento das -Existência do Conselho Municipal de Crianças, devido a alguns pais não Educação de Barrancos; permitirem que os seus filhos sejam - Apoios Escolares por parte da CMB; acompanhados por Psicólogos; - Atribuição de Bolsas de Mérito para os melhores alunos; - Distância à escola secundária mais próxima -Benefícios de Comparticipação dos (50 km); transportes escolares para os alunos do ensino secundário; - Mobilidade permanente do corpo docente; - Atribuição de Bolsas de Estudo para a frequência de ensino superior; - Inexistência de Cursos de educação - Componente de Apoio à Família Refeições extraescolar. escolares e Prolongamentos de Horários:

- Disponibilização de Psicólogo/a Educacional - Carta Educativa do Município de Barrancos no AEB; (a atualizar) -Curso de Alfabetização de adultos, que visa combater o analfabetismo e o isolamento - Insuficiências da Equipa Local de social; Intervenção Precoce; - Equipamentos culturais, desportivos e culturais; - Equipa Local de Intervenção Precoce; - CPCJ Barrancos; Propostas -Promover, organizar e apoiar atividades profissionais e formativas no âmbito da educação; - Redução do valor do Passe Escolar e/ou a comparticipação 100% a todos os alunos, nos termos a regulamentar; - Manutenção do Serviço de Apoio Psicossocial; -Dinamizar a Comissão de Estudo do Barranquenho; - Intervenção Precoce, - Terapia da Fala, entre outros. - Trabalho em rede/parceria da Equipa Local de Intervenção Precoce;

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8 - AÇÃO SOCIAL Segundo a definição dada pela Segurança Social, a Ação Social é um sistema que tem como principais objetivos a prevenção e reparação de carências e desigualdades socioeconómica, de dependência, de disfunção, eclosão ou vulnerabilidade sociais, bem como a integração e promoções comunitária das pessoas e do desenvolvimento das respetivas capacidades; por sua vez destina-se, também, a assegurar a especial proteção aos grupos mais vulneráveis, especialmente, as crianças, jovens, as pessoas com deficiência e idosos, assim como a outras pessoas em situação de carência económica ou social, disfunção ou marginalização social.

Neste sentido, na dimensão local parece fazer mais sentido falar em Ação Social, uma vez que se revela ao nível do poder autárquico uma proximidade em relação à população, e que, por sua vez, existe uma necessidade de coordenação, para uma maior otimização dos recursos existentes, mediante a criação de comissões sociais de freguesia e conselhos locais de ação social, enquanto espaço de discussão aberta, onde estão representados todos os parceiros, e no seio dos quais, de forma transversal, se podem traçar problemas e caminhos possíveis para a sua resolução, definir metas e prioridades e alinhar recursos, sem desperdícios ou duplicação dos mesmos, sejam materiais e humanos.

Face às caraterísticas próprias de Barrancos, principalmente a sua área e população, a ação social adquire significado não tanto pela dimensão quantitativa das problemáticas, mas antes pela sua diversidade e pela forma como se inter-relacionam entre si.

Ainda nesta linha importa refletir sobre a forma como ao nível local os parceiros se organizam de forma a criarem as respostas sociais. Desta forma, é pertinente salientar que o Município (CMB), através da sua Unidade de Ação Sociocultural (CMB/UASC), vem desenvolvendo vários programas e ações no domínio da ação social.

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Estes programas, multifuncionais, têm como missão prestar apoio social e responder às necessidades funcionais, físicas, biológicas, sociais e psicológicas da população residente em Barrancos, que, por distintas razões, se encontra impossibilitada de ter acesso a estes cuidados e serviços ou que demonstre necessidade de uma intervenção, evitando, sempre a duplicação da mesma.

Constituem áreas de atuação no âmbito municipal, a prestação de serviços e de outros apoios e/ou benefícios nos seguintes domínios de intervenção:

No domínio da Educação - A Ação Social Escolar (ASE) tem um regulamento municipal que define as condições de aplicação das medidas de ação social escolar (ASE) da responsabilidade do Município de Barrancos (CMB) na educação pré -escolar e no 1.º ciclo do ensino básico. Igualmente ficou regulada a forma e as regras de comparticipação municipal no domínio da educação pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico, a transferir para o Agrupamento Escolas de Barrancos (AEB).

- O Programa material escolar para os alunos do 1º ciclo do ensino básico, integrado no âmbito da ASE, sendo os montantes aprovados anualmente indexados ao valor fixado pelo ministério da educação.

- O Programa Municipal de Oferta de Manuais Escolares para os alunos do 1º ciclo do Ensino Básico. Em 2017/2018, devido à alteração da medida governamental, que ofereceu manuais escolares a todos os alunos do 1º ciclo (1º ao 4º ano de escolaridade), a CMB adquiriu e ofereceu unicamente as fichas de trabalho, que não estavam integradas no pacote do ministério da educação.

- O Programa Municipal de Oferta dos Manuais Escolares, para os alunos do 2º e 3º ciclo do ensino básico. Esta medida teve a sua 1ª edição no ano letivo 2017/2018, no âmbito da ASE, tendo sido adquiridos os manuais escolares adotados pelo agrupamento escolar de Barrancos.

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- As Medidas de incentivo ao voluntariado no corpo dos Bombeiros Voluntários de Barrancos, no domínio da ação social escolar, da redução de taxas e preços, bem como na majoração de subsídios de programas sociais, iniciada em 2017.

- O Programa Prémios de Mérito para os Melhores Alunos do Agrupamento de Escolas de Barrancos, que pretende reconhecer incentivar o mérito escolar do melhor aluno de cada ano de escolaridade (1º ao 9º ano).

- As Atividades de Animação e de Apoio à Família na educação pré- escolar, abreviadamente AAAF, integram a modalidade de prolongamento de horários e de alimentação. São promovidas pela CMB, em parceria com o Agrupamento de Escolas de Barrancos, tendo financiamento do ministério da educação.

- O Apoio financeiro ao Agrupamento de Escolas de Barrancos para aquisição de material didático e pedagógico ao primeiro ciclo do ensino básico, no âmbito do regulamento da ASE.

- O Transporte escolar das crianças da educação pré-escolar e do ensino básico – serviço assegurado pela CMB com recurso a viatura municipal, seguindo o plano de transporte escolar anualmente aprovado, com base nos elementos fornecidos pelo agrupamento.

Para este serviço, deverá ser equacionado a aquisição de uma nova viatura, necessidade que já identificada anteriormente.

- O Transporte Escolar para o Ensino Secundário. O transporte escolar dos alunos do ensino secundário que frequentam estabelecimentos escolares e Moura, é efetuado em carreira da Empresa de Viação Barranquense. A CMB, nos termos do regulamento municipal, comparticipa o “passe escolar” dos alunos do ensino secundário regular e do profissional, mas neste caso desde que não sejam beneficiários do mesmo apoio por parte da escola. A comparticipação, de 50% a 100% do custo do passe, está indexada aos escalões do abono de família.

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- O Programa Bolsas de Estudo para o Ensino Superior – uma das medidas mais “antigas” da CMB, beneficiando anualmente os estudantes do ensino superior que reúnam as condições regulamentares. Este programa foi alargado no ano letivo 2017/2018 aos estudantes do curso técnico superior profissional, não conferente de grau superior, mas ministrados em estabelecimentos do ensino politécnico.

- As ATL Férias Escolares – programa desenvolvido em especial nas férias de verão, destinado às crianças do pré-escolar e do 1º ciclo, envolvendo, pro vezes, parcerias com agrupamento ou associações locais.

- O Curso de Alfabetização de Adultos – tendo como objetivo duplo de combater o analfabetismo e de contribuir para o convívio intergeracional. Vocacionado, preferencialmente, para grupos com idade igual ou superior a 60 anos, que saibam ou não ler e escrever, é frequentado também, por imposição da Segurança Social, por beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), no âmbito das suas medidas. Este programa criado pelo Município, foi nos últimos cinco anos assegurado pelo projeto CLDS-3G. No ano letivo 2018/2019, com o termo do projeto CLDS -3G, a sua responsabilidade passou para a Universidade Popular Túlio Espanca (Polo de Barrancos).

- O Prolongamento da carreira de transportes públicos de Santo Aleixo – Barrancos - Santo Aleixo - A CMB comparticipa esta carreira com 400 euros/mensais, nos termos do protocolo de cooperação celebrado em 28/01/2008. Com este programa, são destinatários preferenciais os alunos de Barrancos que frequentam os estabelecimentos de ensino secundário em Moura, podendo regressar nalguns dias a meio da tarde, e a população em geral.

No domínio dos Assuntos Sociais e Saúde

- A Assistência médica de fim-de-semana. Na falta de resposta do ministério da saúde a CMB, como medida excecional, resolveu assegurar os cuidados e a assistência médica à população aos fins-de-semana, mediante a contratação de médico de clínica geral. Sendo financeiramente da responsabilidade do Município, o projeto é assegurado pela Associação Humanitária dos BVB, no âmbito do protocolo celebrado em 30/09/2011.

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As consultas médicas, aos sábados, das 15h00 às 19h00/20h00, e aos domingos, das 8h30/13h00, decorrem nas instalações do centro de saúde de Barrancos, no âmbito de um “acordo de colaboração” celebrado em 15/07/2013 entre a CMB e a ULSBA.

No âmbito das novas competências municipais, em fase de transferência, este programa poderá ser assegurado diretamente pela CMB, sem necessidade de parceiro.

- O Banco do Medicamento – destinado a comparticipar o receituário médico das pessoas carenciadas. É um programa social gerido pela Associação de Reformados de Barrancos, nos termos do Protocolo de cooperação celebrado em 18/01/2010, sendo financeiramente suportado pelo Município.

No âmbito das novas competências municipais, em fase de transferência, este programa poderá ser assegurado diretamente pela CMB, sem necessidade de parceiro.

- O Banco de Ajudas Técnicas - programa desenvolvido em parceria com o centro de saúde de Barrancos, no âmbito do qual são cedidas camas articuladas, colchões, cadeiras de rodas, etc. a pessoas acamadas ou dependentes, sem qualquer custo. A UASC já identificou a necessidade de renovação de algum equipamento, obsoleto e/ou dom desgaste, bem como a aquisição de outros

- O Programa de Apoio à Natalidade – programa Municipal de Apoio às Famílias (conhecido por PAF), aprovado em 2008, com as alterações introduzidas em 2016, que tem como finalidade fomentar a natalidade.

- O Programa Municipal de Apoio ao Arrendamento Jovem e de Incentivo ao Mercado de Arrendamento Local, abreviadamente (PM – Casa Jovem), destinado a comparticipar o arrendamento a jovens casais e famílias monoparentais. Já decorreram 8 edições desde 2013, data de aprovação.

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- O Programa Municipal OTJ, tem como finalidade a ocupação temporária de jovens desempregados em atividades sociais no domínio das atribuições municipais, tendo sido realizadas seis edições desde a sua criação em 2016.

- O Programa municipal EMERGE, tem como finalidade a ocupação temporária de pessoas desempregadas, em situação de carência económica, tendo sido realizadas sete edições desde a sua criação em 2016

- As Medidas de incentivo ao voluntariado no corpo dos BVB – No âmbito deste programa social, já citado, aos elementos do corpo dos BVB e seus descendentes, passam a ser concedidos benefícios e regalias sociais nos domínios: da ação social escolar; das tarifas e preços; e na majoração de subsídios/apoios sociais existentes.

- O Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica (NAV) – na sequência do solicitado pela Associação de Mulheres do Concelho de Moura, a CMB autorizou que o NAV partilhe o espaço/instalações da CPCJ de Barrancos, bastando para o efeito combinar com aquela entidade o modelo de atendimento (mensal). A CPCJ concordou com esta partilha de espaços, que até à data ainda não se concretizou.

No domínio da Habitação (Social) Conforme já referido, o Município de Barrancos (CMB) não dispõe de habitação social, salvo oito imóveis municipais, em regime de renda social com contratos celebrados entre 1984 e 2010, contudo vem desenvolvendo diversos programas nesta área, a saber:

- O PROMUFIN – O Programa Municipal de Financiamento à Melhoria do Conforto Habitacional de agregados familiares carenciados, possui duas medidas: – Promoção de benfeitorias em edifícios de habitação; Prestação de pequenos serviços domésticos nos domínios da eletricidade, serralharia, carpintaria, canalização, pintura e pedreiro, em edifícios de habitação. A execução de pequenas obras, ficam sempre dependente de dotação orçamental anual.

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Desta forma, torna -se prioritária e obrigatória a intervenção progressiva no âmbito da inserção social e na consequente melhoria das condições de vida das pessoas e das famílias carenciadas ou dependentes. Daí que, a CMB pretende implementar medidas de apoio social e incentivo à fixação de pessoas e famílias na área do município de Barrancos.

- A Oficina Domiciliária – em parte complementar ao Promufim, este programa tem como objeto específico, a execução de pequenas reparações domésticas, no domicílio de pessoas com mais de 60 anos de idade ou que, não atingindo essa idade, tenham dificuldades de locomoção ou sejam portadores de deficiência.

8.1 - População Portadora de Deficiência ou com Dependência Deficiência é “a perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica, temporária ou permanente. Incluem-se nessas a ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a exteriorização de um estado patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no órgão. “24

Dada a dimensão populacional seria necessário caraterizar a população portadora de deficiência no Município em Barrancos. No caso de Barrancos, em 2011 foram registadas 217 pessoas com pelo menos uma dificuldade (das quais, a esmagadora maioria, 144 (ou 67%) são mulheres. Do universo das pessoas com dificuldades (217), 143 têm muita dificuldade”, sendo ainda de interesse considerar que 128 (59%) apresenta “duas ou mais dificuldades”, havendo ainda 54 pessoas, com quatro ou mais.

Quadro 48 - População residente, com pelo menos uma dificuldade (N.º) Local HM H M

Alentejo 151 312 59 500 91 812

Baixo Alentejo 25 630 10 196 15 434

Barrancos 217 73 144

Fonte: INE, Recenseamento da população e habitação - Censos 2011

24Retirado do Site: www.Scielosp.org- Revista de Saúde Pública.vol.34, nº1, São Paulo, Feb. 2000.

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Gráfico 10 – População/nº de dificuldades – Censos 2011

Fonte: INE, Recenseamento da população e habitação - Censos 2011

No que se refere a este estrato populacional, a maioria das pessoas portadoras de deficiência ou com dependências são maiores de 65 anos, recebendo apoio por parte do Lar Nossa Senhora da Conceição.

Neste âmbito é importante referir que quando se fala de Deficiência tem de se falar, inevitavelmente, de realidades a ela inerentes: as acessibilidades / barreiras arquitetónicas; os serviços de apoio à população deficiente; a Ação Social, com os respetivos programas de apoio a esta população. Daí que em Barrancos, as acessibilidades sejam um problema para as pessoas portadoras de deficiência, bem como a existência de barreiras arquitetónicas em muitos pontos da Vila. As ruas são estreitas e com um piso bastante irregular, o que impossibilita que cadeiras de rodas assim como invisuais circulem com alguma segurança. No que concerne aos edifícios públicos, a CMB promoveu um plano de eliminação, mas a localização de alguns serviços torna impossível a eliminação total. A (re)localização de alguns serviços públicos em instalações adequadas – o espaço cidadão, seria o ideal.

Neste caso, para combater algumas destas necessidades a Segurança Social possui uma verba designada por ajudas técnicas, que permite colmatar algumas das necessidades sentidas por estas pessoas.

No entanto, como já foi referido, dadas as limitações da Segurança Social, a CMB possui desde 2006, o Banco de Ajudas Técnicas, que disponibiliza ajudas a pessoas que delas necessitam.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

-Inexistência de uma rede de transportes para o aluno deficiente, no sentido da sua reabilitação/ formação profissional em contexto real do trabalho;

-Insuficiente informação a família, técnicas e comunidade relativamente à temática;

- Necessidade de Formação em educação especial para técnicos, funcionários e -Banco de Ajudas Técnicas auxiliares;

- Verbas de Ajudas Técnicas da Segurança -Família por vezes o principal obstáculo à Social. integração do deficiente;

- Múltiplos programas sociais municipais -Insensibilidades por parte da comunidade em geral, no que concerne à plena cidadania;

-Insuficiência de estudos que aprofundem as causa de deficiência congénita;

-Dificuldade da mobilidade na via pública;

- Existência de barreiras arquitetónicas em alguns serviços públicos da administração central;

Propostas - Criação de uma rede de transportes;

-Implementação de campanhas de sensibilização/ Informação, no sentido da real integração do deficiente;

- Formação de técnicos especializados;

- Campanhas de sensibilização e informação com a família (cuidadores informais);

-Realização de estudos em articulação com a saúde no sentido do conhecimento da génese do problema;

-Medidas consideradas adequadas no que diz respeito ao piso que é bastante irregular, o que impossibilita a mobilidade das carreiras de rodas assim como para os invisuais;

- Campanha e sensibilização para entidades públicas e privadas com vista à eliminação das barreiras arquitetónicas;

- (Re)localização de serviços públicos – criação do Espaço Cidadão/Loja do Cidadão;

- Aquisição de equipamentos para o Banco de Ajudas Técnicas.

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8.2 - Famílias Carenciadas É relevante mencionar o facto de que o número de agregados familiares que recorrem aos serviços de ação social para solicitar apoio económico não é elevado. Contudo, seria ainda importante caraterizar as situações diagnosticadas e referir as diferentes formas de apoio que podem beneficiar.

8.2.1 - Rendimento Social de Inserção O Rendimento Social de Inserção (RSI) consiste então numa prestação incluída no subsistema de Solidariedade no âmbito do Sistema público da Segurança Social, e num programa de Inserção, de modo a conceder às pessoas e aos seus agregados familiares apoios adotados à sua situação pessoal, que contribuam para a laboral, social e comunitária.

Podem requerer o rendimento social de Inserção os indivíduos e famílias em situação de grande carência económica e que satisfaçam as restantes condições de atribuição.

No entanto, são ainda atribuídos outros apoios especiais: quando existam no agregado familiar pessoas portadoras de deficiência física ou mental profunda; quando existam, no agregado familiar, pessoas portadoras de doenças crónicas; quando existam, no agregado familiar, pessoas idosas em situação de grande dependência; e ainda para compensar despesas de habitação.

Quadro 49 - Caracterização dos beneficiários de RSI segundo o sexo (31/12) Beneficiários Ano (com processamento) Ano Homens Mulheres Total 2007 47 38 85 2009 33 28 61 2010 24 23 47 2012 25 24 49 2014 9 8 17 2016 23 21 44 2018 28 27 55 Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

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Como se pode observar através do quadro 48, em 31/12/2018, Barrancos tinha 55 beneficiários no RSI, sendo a sua distribuição por escalão etário apresentada no quadro 50.

Quadro 50 - Beneficiários do RSI, por escalão etário (31/12) Beneficiários ANO (com processamento) Escalão etário < 25 anos 25 – 39 anos 40 – 54 anos >= 55 anos Total 2007 48 20 11 6 85 2010 24 15 5 3 47 2012 21 13 12 3 49 2014 8 * * * 17 2016 22 13 9 0 44 2018 27 * 16 * 55 Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019 (* violam segredo estatístico e não pode ser divulgado)

Quadro 51 – Proc. Deferidos, indeferidos, suspensos - aguardar despacho (31/12) Requerimentos Data A aguardar Deferidos Indeferidos Suspensos despacho 2007 5 * 3 0 2018 0 * 9 0 Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

Analisando os dados facilmente se conclui que o maior número de beneficiários está entre no grupo etário com < de 25 anos e dos 25-39 anos.

Ao nível dos Programas de Inserção, os agregados familiares têm acordos de inserção assinados nas áreas do emprego, da saúde e educação. Em termos da definição do programa de inserção a maior dificuldade consiste em encontrar respostas adequadas ao perfil dos beneficiários, possibilitando autonomizar as famílias da medida.

No âmbito das competências municipais, a CMB possui, desde janeiro de 2006, o Gabinete de Ação Social, com a finalidade de prestar apoio social à população de Barrancos, promovendo a participação em programas e projetos, apoiar as associações de solidariedade social existentes assim assegurando, entre outras, o cumprimento de medidas sociais de apoio aos estratos populacionais mais desfavorecidos, entre os quais os reformados, pensionistas, idosos e desempregados.

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Entretanto, em outubro de 2012, no âmbito duma parceria entre a CMB e o IEFP, foi instalado com uma nova estrutura - o Gabinete de Inserção Profissional (GIP), que tem como finalidade apoiar as empresas, favorecendo os processos de contratação e os desempregados na procura de um emprego ou de formação profissional, ajudando assim na definição do seu percurso profissional.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Dificuldades de sinalização de casos; - Gabinete de Ação Social (CMB/UASC) - Aumento dos Beneficiários do RSI, para a - Verba dos subsídios eventuais da população mais jovem; Segurança Social para colmatar situações - Inexistência de técnico municipal na área do pontuais de carência; serviço social (assistente social);

Propostas

- Criação do Serviço de Atendimento Integrado, com pessoal técnico qualificado, incluindo serviço social; - Divulgação de Informação aos beneficiários do RSI, sobre os seus direitos e deveres sociais.

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8.3 – Minorias étnicas

Segundo um estudo da Associação de Mediadores Ciganos de Portugal (AMEC), em parceria com o Núcleo Distrital de Beja da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti Pobreza, que contou com o apoio das redes sociais da região, entre as quais Barrancos, durante o mês de julho de 2018, a população de etnia cigana no distrito de Beja aumentou 79,4%, comparativamente levantamento realizado pelo Centro Distrital de Segurança Social de Beja, em 2010. Nessa data, foram contabilizadas 2048 pessoas residentes no distrito de Beja. No estudo de 2018 foram identificados no distritomais de 3600 habitantes de etnia cigana.

No município de Barrancos residem cinco núcleos familiares de etnia cigana, num total de 26 indivíduos (10 adultos e 16 menores em idade escolar), que moram em casas de habitação própria (três agregados) ou arrendadas (dois agregados), algumas das quais com deficientes condições de habitabilidade.

As famílias enunciadas caraterizam-se pelo sedentarismo, estando fixadas no município há décadas anos, sendo todas constituídas por indivíduos descendentes do único casal dessa etnia cigana que se fixou neste território nos anos 1950.

Estas famílias são, na totalidade, beneficiárias de Rendimento Social de Inserção (RSI), embora sejam constituídas, em grande parte por cidadãos em idade jovem e ativa. Em relação à sua escolaridade, praticamente todos os adultos sabem ler e escrever, havendo ainda quatro que têm a escolaridade obrigatória. Quanto às crianças e jovens, todas estão inscritas na creche, no jardim-de-infância ou frequentam o ensino básico, ainda que sejam muito absentistas.

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8.4 – Toxicodependência Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), toxicodependência é “um estado psíquico, e por vezes, também físico, resultante da interação entre um organismo vivo e um produto tóxico, caracterizando-se por modificações do comportamento, e por outras reações que incluem sempre a compulsão para tomar drogas, de um modo contínuo ou periódico, a fim de experimentar efeitos específicos ou de evitar o mal-estar da privação”.

É importante mencionar que o conceito de toxicodependência está interligado com o conceito de droga.

Neste sentido, a OMS define droga como “substância natural ou sintética que modifica o funcionamento do organismo no qual é introduzida”, e toxicodependência como “um comportamento que cria uma relação de dependência com uma droga”.

Para este estudo seria pertinente salientar, no que diz respeito à existência de indivíduos toxicodependentes no município de Barrancos. Contudo, não tendo sido possível recolher esta informação junto do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), trabalhamos com os dados da última alteração do diagnóstico. Neste caso, havia seis indivíduos em tratamento, dois dos quais apoiados no serviço espanhol (Fregenal de la Sierra). Nesta data, segundo o conhecimento da CMB/UASC, continuam em tratamento (observação) no serviço espanhol os mesmos dois indivíduos desde 2013.

Desta forma, tal como noutras áreas da ação social, a CMB, através da UASC/Gabinete de Ação Social mantém um acompanhamento permanente de algumas situações mais complicadas, que solicitaram apoio.

Ainda segundo a perspetiva da OMS, e de forma a prevenir o uso e abuso de substâncias psicoativas é necessário fomentar no indivíduo as suas capacidades, pois todas as pessoas possuem capacidades que podem ser desenvolvidas, através de estímulos apropriados. Contudo, cada pessoa deve ter consciência dos seus limites pessoais e enquanto grupo.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Dificuldade na elaboração de diagnóstico fidedigno, por ausência de dados oficiais. - Inexistência de técnico municipal na área do - Gabinete de Ação Social – Apoio e serviço social (assistente social); acompanhamento de casos. - Deficientes condições de habitabilidade de - Minorias integradas na comunidade; núcleos familiares da étnica cigana; - Falta de técnico na área de SS (assistente social) na CMB;

Propostas

- Campanha de prevenção primária; - Intervenção no meio escolar para a sensibilização das camadas mais jovens sobre a problemática da toxicodependência; - Estabelecimento de protocolo transfronteiriço com unidades de prevenção e tratamento em Fregenal; - Criação de um Plano Municipal de Prevenção de Toxicodependência e Alcoolismo; - Plano de melhoria habitacional em geral e nas habitações de etnia cigana; - Criação do Serviço de Atendimento Integrado, com pessoal técnico qualificado, incluindo serviço social; - Divulgação de Informação aos beneficiários do RSI, sobre os seus direitos e deveres sociais.

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8.5 - Infância e Juventude Na área do município estão reunidas as condições para se preencherem praticamente todas as necessidades de socialização das crianças nas diversas faixas etárias.

Neste âmbito, é importante mencionar a existência desde 1 de outubro de 2011, de creche pertencente à IPSS Lar Nossa Senhora da Conceição de Barrancos, prioridade identificada no DS (1ª e 2ª alteração). A creche, inicialmente com uma capacidade para 20 crianças/bebés, tem neste momento uma taxa de ocupação de 100%.

Quadro 52 - Lar Nossa Senhora da Conceição – Creche Creche Acordos Anos Capacidade Crianças Lista de Coop. SS (nº) (nº) Espera (nº) (nº) Dez/2011 20 20 18 - Dez/2015 20 20 18 4 Dez/2018 20 16 20 2 Fonte: IPSS, Lar NS da Conceição de Barrancos, 2019

Na educação pré-escolar, da responsabilidade do Agrupamento de Escolas de Barrancos (AEB), estão a funcionar no ano letivo 2018/2019 duas salas de atividade, com um total de 35 crianças, a totalidade do universo residente. Para apoio às famílias, a CMB, em parceria com o AEB, dinamiza a chamada “componente de apoio ou prolongamento de horário”, com fornecimento de almoço, frequentada por 22 das 35 crianças da educação pré- escolar.

Para manter o apoio às famílias, nos períodos de férias escolares, a CMB vem assegurando programas de atividades de tempos livres desde 2001. Os ATL´s municipais, dirigidos às crianças desde a educação pré-escolar ao 1º ciclo do ensino básico, são promovidos anualmente nas férias escolares da Páscoa e do Verão.

Para diversificação das atividades, a CMB promove anualmente outros programas, tais como a Escola de Natação, na qual participal também as crianças a partir dos três anos de idade.

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No âmbito deste grupo, foi criada em 09/12/2002, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco de Barrancos (CPCJ), cuja atividade tem sido relevante no acompanhamento e na prevenção das situações de risco.

De acordo com dados da “caracterização processual”, dos últimos relatórios de atividades, o número de processos tem vindo a diminuir, desde 2015, se bem que a sua complexidade e problemáticas têm aumentado a agravado. Quadro 53 - estado dos processos tratados na CPCJ Ano 2015 2016 2017 2018

Transitados 10 11 1 2

Novos/reabertos 9 1 6 2

Total 19 12 7 4

Fonte: CPCJ, 2019

Neste âmbito é de salientar que uma das problemáticas que tem ganho mais importância em todas os territórios, não sendo Barrancos exceção, para além da negligência e violência em contexto escolar, tem de ver com os riscos associados ao uso das redes sociais e da internet em geral, por parte das crianças e jovens.

Em Barrancos, a entidade que mais frequentemente sinaliza os casos tem sido a autoridade policial.

Quanto à forma de sinalização das situações, raramente é feita presencialmente, sendo a maioria realizada por escrito ou por telefone, essencialmente através dos recursos humanos afetos a instituições.

De uma maneira geral, a CPCJ está bem apetrechada, em instalações de uso partilhado, carecendo de apoio administrativo.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Cobertura de todas as crianças dos 0 aos 6 - Diminuição do número de crianças e de anos (creche e pré-escolar) jovens;

- Existência da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens; - Redução das vagas protocoladas na Creche; - Existência de equipamentos culturais e desportivos (estádio de futebol, piscinas, - Comportamentos de violência nas escolas; biblioteca, etc); - Problemáticas derivadas do excesso de - Programa de Apoio à Natalidade; utilização das redes sociais;

Propostas

- Programa de fixação de população (aumento da natalidade);

- Ações de Sensibilização para a redução de Comportamentos Agressivos entre Estudantes;

- Alargamento do número de vagas na creche protocoladas com a SS

- Intervenção, na escola, na família e na comunidade em geral, sobre uso regrado das TICs, designadamente da exposição nas redes sociais;

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8.6 - Terceira Idade Segundo Bernard, 1994 “a velhice é considerada a última idade de vida, cujo início fixamos no sexagésimo ano, mas que pode ser mais ou menos avançada ou retardada, segundo a constituição individual, o género de vida e uma série de outras circunstâncias “ (Bernard, 1994, in Fernandes 2000:24).

O fenómeno do envelhecimento é o mais relevante do século XXI nas sociedades desenvolvidas devido às suas implicações na esfera socioeconómica, para além das modificações que se refletem a nível individual e em novos estilos de vida. O envelhecimento, engloba fatores biológicos, psicológicos, sociais e económicos, repercutindo-se no crescimento das necessidades dos indivíduos e famílias, o que os torna bastante vulneráveis à pobreza e exclusão social.

Barrancos não constitui exceção à regra, verificando também um duplo envelhecimento acelerado da população, agravado com a diminuição da representatividade dos grupos mais jovens e um aumento dos grupos mais idosos.

Quadro 54 - População idosa segundo faixa etária (2001 – 2011) Escalão Ano 65 – 69 70 – 74 75 – 79 80 – 84 85 + Total etário 2001 150 130 101 66 43 490 População 2011 75 111 110 61 57 414 Nº 2017 74 61 90 87 53 365 Fonte: INE, Censos * estimativa populacional; ** dos quais 230 são maiores de 75 anos.

Quadro 55 - População residente segundo a idade (variação entre 1991 e 2011) Taxa – Variação Taxa – Variação Faixa etária (1991/2001 (2001/2011) 0 – 14 - 21,1% - 3,53 15 – 24 - 29,6% - 28,07 25 – 64 - 4,2% 1,79 65 e + 18,9% - 6,94 Fonte: INE. Censos 2001-2011

Tendo-se em consideração o quadro 50, verificou-se no último no período censitário, um decréscimo percentual significativo da população de Barrancos em todos os grupos, salvo na faixa da população ativa, onde aumentou ligeiramente (1,79%).

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Contudo, em resultado do aumento da esperança média de vida no País, em 31/12/2017, na Vila de Barrancos residem 365 cidadãos maiores de 65 anos, dos quais, o maior número se concentra na faixa etária entre 75-79 anos de idade, seguido do escalão seguinte (80-84 anos), com 87 idosos.

Uma problemática derivada do envelhecimento, tem a ver com a elevada percentagem de idosos que vivem sozinhos. Em Barrancos, segundo os dados do recenseamento da GNR, 55 cidadãos com idade igual ou superior a 65 anos (dos 365), residiam sozinhos em finais de 2018. Para a CMB e o LNSC, este número poderá ser maior, escondendo outros problemas de solidão, de saúde, de socialização, etc.

Para a CMB/UASC e o LNSCB, na falta de resposta e de capacidade da EIRP (lar de idosos), terão de ser criadas alternativas para apoio a esta população. A opção, para a qual houve quem manifestasse interesse, seria a criação de uma estrutura social tipo “centro de noite”. Neste serviço, a pessoa e/ou idoso, vivendo sozinho ou em casal da mesma idade ou aproximada, passaria a noite em companhia e apoio, regressando ao seu domicilio todas as manhãs.

Gráfico 11 – proporção de famílias clássicas unipessoais

Fonte: INE, Censos 2001

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Respetivamente às famílias, os números mais significativos, perante a descrição dos dados da tabela acima mencionada referem-se às famílias constituídas por idosos. Em termos descritivos, 112 famílias são unipessoais tendo indivíduos com mais de 65 anos de idade (34 com indivíduos do sexo masculino e 78 do sexo feminino). As famílias unipessoais, com idosos, representam cerca de 15,2% do total das famílias clássicas neste município.

No que concerne à terceira idade é ainda de salientar que um dos números mais elevados de famílias clássicas é composto por duas pessoas, ambas com 65 e mais anos de idade. Este número ascende às 139 famílias (20% em relação ao total), traduzindo-se num número elevado de idosos que residem isolados, e/ou com o outro membro do casal, também este idoso.

Em Barrancos, segundo os dados da CGA/ISS, havia 618 reformados ou pensionistas, em 31/12/2018 (482 da Segurança Social mais 136 pela CGA).

Quadro 56 - Nº Pensionistas ativos em 31/12/2018 - SS

Sexo Pensionistas ativos em 31/12/2018 Regime Velhice Sobrevivência Invalidez Regime Contributivo H 13 114 31 M 7 209 108 HM 20 323 139 Regime não contributivo H n.a. 0 0 M n.a. 4 0 HM n.a 4 0 Totais 482 Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

Quadro 57 – Pensionistas em 31/12/2018 – Caixa Geral de Aposentações (CGA)

Pensionistas ativos em 31/12/2018 Sexo Sobrevivência Invalidez Velhice (e acidentes em serviço – outras) H 9 68 6 M 1 13 39 HM 10 81 45 Totais 136 Fonte: CGA, 15/02/2019

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Conforme se pode observar através do quadros 55-56, podemos verificar que, em 31/12/2018, das 618 pensões atribuídas 65,3% do total das pensões representam as pensões por velhice, seguidas pelas pensões de sobrevivência que representam 29,7%. As pensões por Invalidez representam 6%.

Quadro 58 - Valor pago em 2018 (por regime, sexo e tipo de pensão)

Valor pago em 2018 (€)

Sexo Regime

Velhice Sobrevivência Invalidez H 62 703,85 542 506,85 74 922,89 Regime Contributivo M 28 414,12 899 306.56 293 798,90 HM 91 117,97 1 441 813,41 368 721,79 H n.a. 0,00 0,00 Regime não contributivo M n.a. 18 322,08 0,00 HM n.a 18 322,08 0,00 Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

Quadro 59 - Valor médio anual pago (por regime, sexo e tipo de pensão)

Valor médio anual da pensão pago em 2018 (€)

Sexo Regime

Velhice Sobrevivência Invalidez H 4 823,37 4 758,83 2 416,87 Regime Contributivo M 4 059,16 4 302,90 2 720,36 HM 4 555,90 4 463,82 2 652,67 H n.a. 0,00 0,00 Regime não contributivo M n.a. 4 580,52 0,00 HM n.a 4 580,52 0,00 Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

Quadro 60 - Valor médio pensão – Caixa Geral Aposentações (CGA)

Valores pagos 31/12/2018 (€)

Sobrevivência

Sexo Velhice (e acidentes em serviço – Invalidez outras) Montante Valor Montante Valor Montante Valor médio Total médio Total médio Total (mensal) (anual (mensal) (anual) (mensal) (anual) H 6 633,45 737,05 67 792,46 996,95 2 674,57 445,76 M 581,28 581,28 18 265,57 1 405,04 12 648,76 324,33 HM 7 215,25 721,53 86 058,03 1 062,44 15 323,33 340,52 Fonte: CGA, 15/02/2019

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Segundo as instituições pagadoras, a pensão média auferida era, em 31/12/2018, de 328,77 euros/mês para as pensões da Segurança Social e de € 798,52 euros/mês, para as pensões da CGA.

No âmbito do Complemento Solidário para Idosos (CSI) - apoio em dinheiro pago mensalmente aos idosos de baixos recursos, com idade igual ou superior à idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de Segurança Social, ou seja, 66 anos e 5 meses – Barrancos registava em 31/12/2018, 19 beneficiários (quadro 60)

Quadro 61 – Beneficiários de Complementos Solidário para Idosos em 12/2018 Escalão etário à data de lançamento (em anos)

65 a 69 70 a 74 75 a 79 80 a 84 85 ou Ano Total anos anos anos anos mais

2018 * * * 5 6 19

Fonte: ISS/GPE, 15/02/2019

Ainda nesta linha é pertinente salientar que, o CSI passou também a ter associado benefícios adicionais no domínio da de saúde.

Como podemos verificar, os idosos de Barrancos enfrentam algumas dificuldades económicas, em parte causadas pelos baixos rendimentos que obtêm das suas pensões ou reformas, assim como aos elevados encargos com a saúde, mas não são os únicos problemas com que se deparam. Por norma, os idosos possuem doenças crónicas que os impossibilitam de realizar algumas tarefas básicas, sendo que alguns apresentam mesmo doenças de natureza psíquica.

Relativamente ao que diz respeito a habitação denota-se que de uma maneira geral os idosos possuem más condições de habitabilidade assim como um fraco nível da adaptação do espaço físico às necessidades do quotidiano. Para atenuar esta problemática, o Município criou quatro importantes instrumentos, já citados anteriormente: O Banco de Medicamentos; O Promufin; a Oficina Domiciliária; e O Banco de Ajudas Técnicas, entre outros.

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Outro grave problema com que os idosos se deparam é a insuficiência de proteção social no que se refere às situações de doença, velhice, viuvez, invalidez e deficiência. Por último, os maiores problemas com que os idosos se confrontam têm a ver com o caráter pessoal e familiar, nomeadamente o isolamento, a rutura familiar, a dependência e a indisponibilidade da família para cuidar do idoso. Estes problemas são os que mais facilmente afetam os idosos no seu dia-a-dia.

De acordo com as necessidades e problemas sentidos pelos idosos, torna-se necessário que existam equipamentos que consigam colmatar estas necessidades, de modo a que possam viver a terceira idade com alguma dignidade e alguma alegria.

Desta forma e perante o que já foi mencionado anteriormente, apesar do alargamento da capacidade da “estrutura residencial para pessoas idosas” (ERPI), no âmbito do PARES, concluída em 2011, que passou de 25 para 41 camas, esta resposta social continua a ser a mais procurada, tendo uma “lista de espera” de 60 pessoas em 31/12/2018 (cf. mais adiante quadro 57)

Outro aspeto importante a destacar tem a ver com o programa municipal Banco de Medicamentos, financiado pela CMB, tendo como objetivo principal comparticipar os medicamentos prescritos por médico, dos reformados e pensionistas carenciados. A comparticipação no receituário destes idosos carenciados contribui para aliviar as despesas de saúde, por forma à melhoria da qualidade de vida deste grupo populacional.

Em 31/12/2018, são beneficiários do Banco de Medicamentos 141 pessoas, cujo investimento anual por parte da CMB, ronda os 16 mil euros. Este programa foi de facto uma mais-valia para estas pessoas, pois mediante a ajuda prestada pela CMB, as mesmas viram de alguma forma as suas vidas um pouco mais facilitadas, uma vez que nem todas têm condições económicas para assegurar despesas com os medicamentos, evitando também que algumas pudessem abandonar os tratamentos.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Sobreocupação da ERPI (lar); - Existência de respostas sociais tradicionais - Existência de grande número de população (ERPI, CD, SAD) idosa a viver sozinha, ou em casal de idosos, - Banco de Medicamentos – Programa da muitos sem suporte familiar CMB para comparticipação nos - Inexistência de resposta social de Centro de medicamentos; Noite ou SAD Integrado - Conhecimento (memória) dos idosos e que - Aumento constante da taxa de podem ser partilhados; envelhecimento; - Centro de Fisioterapia; - Desvalorização do papel do idoso na - Atividades múltiplas que potenciam o sociedade; convívio intergeracional e o envelhecimento - Subvalorização do serviços de consultas ativo; médica ao domicilio; - Dinâmica da Associação de Reformados de - Dificuldades económicas derivadas de Barrancos; baixos rendimentos provenientes de pensões - Criação da Universidade Popular Túlio e grandes encargos com a saúde; Espanca (Polo de Barrancos); - Baixa autoestima do idoso.

Propostas

- Implementação de projeto piloto de criação de respostas sociais inovadoras: Centro de Noite ou SAD Integrado (24 h/dia); - Estabelecimento de parcerias com as outras associações com vista à ocupação e entretenimento dos idosos institucionalizados e não institucionalizados; - Divulgação junto da população mais idosa de informação sobre novas tecnologias. - Rentabilização e racionalização das atividades intergeracionais, tendo em conta o envelhecimento ativo; - Reforço do serviço de consultas médicas/enfermagem ao domicilio.

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8.7 - Equipamento Social Em Barrancos existe um único equipamento social coletivo de apoio à terceira idade, gerido pela IPSS o “Lar Nossa Senhora da Conceição” – uma estrutura residencial para pessoas idosas”, abreviadamente ERPI, dantes conhecidos como “lar da terceira idade” ou “lar de idosos”.

Considera-se estrutura residencial para pessoas idosas (ERPI), “o estabelecimento para alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, em que sejam desenvolvidas atividades de apoio social e prestados cuidados de enfermagem”.25

Nesta linha, a ERPI tem como grande objetivo receber pessoas idosas cujos problemas (devido à sua complexidade) não encontrem respostas adequadas noutros géneros de instituições; dar uma resposta satisfatória as necessidades manifestadas pelos utentes; disponibilizar serviço, que permitem ao processo de envelhecimento articular da melhor forma possível as relações entre utentes e a sua família, o utente e a sociedade, assim como as suas relações entre os utentes na instituição.

Nas instalações do equipamento social de Barrancos, recentemente construído no âmbito do programa PARES, encontram-se a funcionar as valências de ERPI, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), para além da Creche, com a capacidade, lotação seguinte:

Quadro 62 - Lar Nossa Senhora da Conceição – valências/Nº de utentes Lar/ERPI Centro de Dia SAD Lista Lista Lista Capaci- Capaci- Capaci- Anos Utentes de Utentes de Utentes de dade dade dade (nº) Espera (nº) Espera (nº) Espera (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) 2007 25 26 15 16 6 - 42 24 - 2015 41 41 35 10 4 - 56 28 - 2018 41 41 60 10 1 - 56 19 - Fonte: IPSS, Lar N.ª Sr.ª da Conceição de Barrancos, 2019

25 Cf Portaria nº 67/2012, de 21/3 e Manual dos Processos Chave de ERPI (www.seg- social.pt/documents/10152/13652/gqrs_lar_estrutura_residencial_idosos_Processos-Chave/1378f584- 8070-42cc-ab8d-9fc9ec9095e4)

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Na ERPI de Barrancos, apesar do alargamento da sua capacidade, de 25 para 41 vagas protocoladas com a segurança Social, o número de inscrições, que constitui a lista de espera, ultrapassa em 146% as vagas da instituição.

De acordo com a IPSS, que apontou este constrangimento, a lista de espera na ERPI é considerável, o que se traduz numa insuficiência de cobertura ao nível de equipamento social bastante significativa, uma vez que em termos percentuais só dá resposta a menos de 40% das necessidades. A ERPI possui oito vagas reservadas à Segurança Social, para acolhimento de utentes provenientes de toda a Margem esquerda do Guadiana, que não tenham resposta nas suas localidades.

De acordo com o INE, em 2017, dos 1669 habitantes de Barrancos, 365 (21,9%), tem 65 ou mais anos de idade, dos quais 230 (63%), tem mais de 75 anos, e ainda, destas, 53 são maiores de 85 anos. Como inicialmente foi dito, a população de Barrancos é envelhecida, e uma parte desta, pela idade, dependente e vulnerável.

Para além das respostas sociais tradicionais, citadas, a CMB/UASC e a IPSS, identificaram uma necessidade: a criação de Centro de Noite (CN), já citado anteriormente, que possa acolher os idosos que vivem sozinhos e/ou em casal, retardando desta forma a sua institucionalização, mantendo-se a residir no seu domicílio de sempre. O Serviço de Apoio Domiciliário Integrado (SAD I), como resposta social tradicional, alargada à noite (vigilância e cuidados, 24 horas/dia), poderia constituir-se como alternativa ao CN.

Quadro 63 - População idosa segundo faixa etária (2001 – 2011) Escalão Ano 65 – 69 70 – 74 75 – 79 80 – 84 85 + Total etário 2001 150 130 101 66 43 490 População 2011 75 111 110 61 57 414 Nº 2017 74 61 90 87 53 365 Fonte: INE, Censos e Anuário estatístico da Região Alentejo 2017

Para além da importância social deste equipamento para os seus utentes, há que destacar a sua mais-valia para a empregabilidade.

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Com exclusão dos técnicos afetos à Creche (quatro técnicos), nas três valências sociais (ERPI, CD e SAD) prestam serviço 33 trabalhadores, desde técnicos superiores na área social (três), a enfermeira/o, passando por administrativos (dois) e o grupo dos trabalhadores sociais, onde se integram as auxiliares de ação direta, de serviços gerais, e o pessoal da cozinha, distribuídos da seguinte forma:

Quadro 64 - Distribuição do pessoal – Lar, Centro de Dia e SAD (2007-2018) 2007 2018 Categoria (nº) (nº) Diretora Técnica 1 1 Assistente Social 1 1 Administrativo 1 0 Contabilista 1 1 Animador Sociocultural 0 1 Enfermeira 1 1 Encarregada de Serviços Gerais 1 1 Auxiliar de Ação Direta 11 15 Auxiliar de Serviços Gerais 2 8 Lavadeiras 2 0 Cozinheira/ Ajudante Cozinha 4 4 TOTAL 28 33 Fonte: IPSS – Lar Nossa Senhora da Conceição, 2019 (a carreira de Serviços Gerais integrou a categoria de Lavadeiras a partir de 2016)

Se bem que, todas as trabalhadoras sociais (auxiliares de ação direta), possuam formação na área, promovida inicialmente pela Rota do Guadiana, no âmbito do Projeto de Luta Contra a Pobreza (1999-2003), e depois por outras entidades formadoras. De acordo com a instituição, não só há interesse como há a necessidade de continua a assegurar a formação contínua dos trabalhadores, preferencialmente mediante as chamadas ações de formação modular (30 a 75 horas).

No que se refere à ocupação dos utentes (a instituição desenvolve anualmente um plano de atividades de animação sociocultural direcionado para os utentes da ERPI e do CD. Nas atividades, promovidas por uma animadora sociocultural, participam os utentes, designadamente aqueles mais autónomos e ativos. Há resistência à participação nas atividades por parte de alguns utentes, que a instituição respeita.

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Para além destas atividades na instituição os utentes são incentivados a conhecer outras realidades, por eles sugeridas ou por proposta da associação. Neste sentido estabeleceu-se uma parceria informal com a CMB, que disponibiliza transporte para as visitas e passeios com os utentes de todas as respostas sociais (ERPI, CD e SAD)

No domínio da terceira idade, importa também referir que, para além do apoio com as respostas sociais da IPSS, existem cuidados de saúde que devem ser mantidos ou reforçados, preferencialmente no domicílio.

As consultas médicas no domicílio deve ser reforçada, sobretudo para quem não tem a possibilidade de sair de casa, por doença, demência ou acamados. O centro de saúde de Barrancos pode implementar um plano de assistência domiciliária integrado, incluindo médica e enfermagem, esta última a funcionar com sucesso há longos anos.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Sobreocupação da ERPI (lar); - Existência de equipamento social de apoio á - Existência de grande número de população terceira idade (ERPI, CD, SAD); idosa a viver sozinha, ou em casal de idosos, - Boa organização do espaço existente/bom muitos sem suporte familiar funcionamento da instituição; - Inexistência de resposta social de Centro de - Boa qualidade do serviço prestado aos Noite ou SAD Integrado utentes; - Aumento constante da taxa de - Existência de vagas nas valências de Centro envelhecimento; de Dia e Apoio Domiciliário; - Desvalorização do papel do idoso na - Existência de mão-de-obra especializada sociedade; em geriatria na IPSS; - Subvalorização do serviço de consultas - Existência de um regulamento de apoio aos médica ao domicílio; melhoramentos das condições habitacionais; - Dificuldades económicas derivadas de - Realização de atividades por parte da CMB, baixos rendimentos provenientes de pensões com vista à ocupação dos tempos livre dos e grandes encargos com a saúde; idosos não institucionalizados; - Baixa autoestima do idoso. - Serviço de Fisioterapia. - Aumento do número de idosos com - Atividades múltiplas que potenciam o dependência e sem suporta familiar; convívio intergeracional e o envelhecimento - Insuficiência de apoio para acamados; ativo; - Inadequação ou sobreposição de atividades - Dinâmica da Associação de Reformados de culturais, recreativas e sociais para o Barrancos; envelhecimento ativo; - Criação da Universidade Popular Túlio

Espanca (Polo de Barrancos

Propostas

- Projeto piloto de criação de respostas sociais inovadoras: Centro de Noite ou SAD Integrado (24 h/dia); - Reforço do serviço de consultas médicas/enfermagem ao domicílio. - Reforço ou melhorias na resposta SAD para pessoas acamadas; - Alargamento do número de vagas protocoladas na ERPI (acordos de cooperação); - Melhoria no acesso aos cuidados de saúde, com a resposta especializada no domicílio; - Manutenção dos programas municipais no domínio da ação social; - Plano de formação contínua na área do apoio à comunidade, com destaque para a geriatria; - Plano municipal de atividades para o envelhecimento (em coordenação com as entidades públicas e associativa locais); - Divulgação junto dos interessados do Complemento de Dependência;

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9 - SEGURANÇA E PROTEÇÃO CIVIL

9.1 - Segurança

A questão da segurança urbana pode ser encarada enquanto fator de qualidade de vida dos cidadãos, na medida em que, atualmente e cada vez mais, se tem em conta a segurança quando se selecionam espaços a percorrer e/ou a habitar.

Em termos coletivos, o sentimento de insegurança não pode deixar de ser visto como “construção social”, no sentido em que não resulta de uma efetiva situação de perigo, em que os cidadãos se encontrem, mas de um estado anímico para o qual contribuem diversos fenómenos, entre os quais a degradação económica e social de muitos agregados familiares, fruto do crescimento de situações de marginalidade e do aumento da pequena criminalidade aliados ao individualismo e à instabilidade e precariedade laborais.

Neste âmbito, a perceção subjetiva dos indivíduos aumenta, alimentando a procura de políticas de segurança, consubstanciadas na conjugação entre o acréscimo das condições objetivas de segurança e a diminuição da perceção da insegurança por parte das populações.

No que respeita a Barrancos, mantem-se a perceção da população, dos parceiros do CLAS e confirmadas pela Guarda Nacional Republicana – Posto Territorial de Barrancos, a “população residente é de uma maneira geral calma e de vivência fácil”.

Em Barrancos existem apenas uma força policial, a Guarda Nacional Republicana, cujo posto territorial fica na Rua da Igreja. Nesta data, na sequência de uma parceria formal entre a CMB e a GNR, através da Secretária-geral do ministério da administração Interna, está a decorrer o procedimento de concurso para remodelação do antigo quartel dos BVB, na rua das Fontainhas, onde ficará instalado o novo posto territorial da GNR de Barrancos.

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No que se refere ao trabalho que a Guarda Nacional Republicana desenvolve, é pertinente mencionar que este passa pela prevenção e repressão da criminalidade, controlo de trânsito, ações de fiscalização, ações de sensibilização, e ainda colabora com todas entidades que o solicitem no âmbito das suas competências.

Segundo os dados da “criminalidade regista pelas autoridades”, é consensual o facto de, na sua generalidade, Barrancos ser um território seguro e onde não existe um sentimento de insegurança por parte da população, salvo raras e pontuais exceções. No fundo, Barrancos é o município que, proporcionalmente regista menor número registo processual ou de criminalidade registada pelas autoridades policiais. Neste âmbito, é relevante a análise dos dados estatísticos, confirmando que, salvo o ano 2013, não há um padrão que evidencie aumento do registo da criminalidade, em nenhum dos tipos abaixo indicados:

Quadro 65 - Criminalidade geral registada pelas autoridades (2001-2017) Ano 2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Alentejo 20787 22064 23435 24408 25752 23871 22379 22132 19964 20885 Bx.Alentejo 3636 3663 3405 3048 3229 3636 3663 3405 3048 3229 Barrancos 17 28 15 23 21 60 32 34 30 37 Fontes de Dados: DGPJ/MJ - Fonte: PORDATA - Última atualização: 2018-12-26

Quadro 66 - registo das atividades do posto da GNR Barrancos (2015-2017) Tipologia 2015 2016 2017 2018 Contraordenacional 68 73 78 28

Criminal 31 30 37 32 Fonte: GNR Barrancos, maio 2019

No domínio da criminalidade, optamos por destacar uma problemática que já a CPCJ tinha alertado. A violência de género ou violência doméstica, que mantem um padrão constante de registos/participações (quadro 66).

Quadro 67 - Criminalidade de violência doméstica (2001-2017) Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Alentejo ------1.347 Bx. Alentejo - - 211 212 - - - 208 Barrancos 3 6 3 3 - - 3 5 Fontes de Dados: DGPJ/MJ - PORDATA - Última atualização: 2018-12-26

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O posto territorial da GNR Barrancos, com uma área de intervenção que ultrapassa o território do município de Barrancos, abrangendo algumas freguesias do município de Moura, tem atualmente 14 efetivos - um sargento e 13 agentes. Para a sua mobilidade e rápida intervenção, tem apenas duas viaturas. Ambos os recursos (humanos e viaturas) são insuficientes para atender à dimensão do território sob jurisdição.

No âmbito da sua intervenção local, a GNR identificou insuficiências no domínio do ordenamento do trânsito e da sinalética vertical e horizontal, que por razões de segurança deverão ser melhoradas. O consumo de álcool em grupos de adolescentes e jovens, e a condução sob efeito de álcool, também têm são preocupações da parte desta força policial.

É pertinente salientar que a GNR de Barrancos, através do seu comandante ou substituto, integra vários órgãos locais - Conselho Local de Ação Social (CLAS); Comissão Municipal de Proteção Civil (CMPC); Conselho Municipal de Educação (CME); Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ); Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios (CMDFCI).

9.2 – Proteção civil - Bombeiros Voluntários de Barrancos O Corpo dos Bombeiros Voluntários de Barrancos, criado em 1981, tem o quartel-sede na EN 258 Km 103,44 (à entrada da Vila), desde 04/01/2016, em instalações novas construídas no âmbito do cofinanciamento comunitário do Fundo de Coesão - Programa Operacional Valorização do Território (POVT), eixo prioritário III – Prevenção, Gestão e Monitorização de Riscos Naturais e Tecnológicos.

A construção do quartel só foi possível com o apoio do Município (CMB), que cedeu o terreno26 e assumiu o compromisso de comparticipação27, na parte não financiada pelo POVT.

26 Cf. Deliberação nº 193/CM/2008, de 26/11 e Protocolo CMB/AH-BVB, de 18/12/2008. 27 Cf. Deliberação nº 60/CM/2010, de 12/5 e Protocolo CMB/AH-BVB de 12/02/2009 e Adendas Financeiras que a complementam.

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Se bem que as instalações sejam novas, a AH-BVB e o comando identificaram algumas deficiências que, a curto prazo, implicam uma nova intervenção: falta de espaços para acomodação do pessoal e de equipamentos, que não foram acautelados no projeto inicial, a inexistência de iluminação exterior do recinto envolvente ao quartel, tal como a necessidade de pintura exterior. A aquisição de Equipamento de Proteção (EPI), é sempre necessário.

O corpo de BVB pertence à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Barrancos (AH-BVB), importante instituição local que tem como principais fontes de financiamento: o Estado, através da Autoridade Nacional de Proteção Civil, e as duas autarquias locais de Barrancos, o Município, com quem tem um protocolo28 de apoio/colaboração no domínio da proteção civil específico desde 1993, revisto e atualizado periodicamente, e a Freguesia, com subsídios pontuais.

No âmbito da sua atividade, a prestação e serviços na área da saúde (transporte de doente urgente e não urgente), constitui também uma fonte de receita. A quotização dos associados, tem um valor simbólico.

A organização e o funcionamento do corpo dos BVB só é possível com a existência de um quadro de pessoal que, assalariados pela associação ou, na sua maioria em regime de voluntariado, desempenham funções na instituição 24 horas/dia, sete dias por semana.

Em relação aos recursos humanos (quadro 63), a diminuição dos elementos do quadro ativo, que se tem agravado nos últimos anos, com a passagem ao quadro auxiliar, e nalguns casos, a exoneração “a pedido”, tem vindo a preocupar o comando e a direção.

28 Cf. Protocolo de Cooperação de 29/04/2016 www.cm-barrancos.pt/autarquia/cmb/Protocolos_Acordos/PROTOCOLO%20Coopera%C3%A7%C3%A3o%20CMB- AH%20BVB%20-%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20Civil%20%20(29-04-2016)%20v%20assinada.pdf

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Quadro 68 - Elementos dos vários quadros do Corpo de Bombeiros (2007 – 2018) Quadro Quadro Quadro Quadro de Quadro Quadros Comando de Total Ativo Auxiliar Especialista Reserva Honra 2007 3 42 12 1 11 4 69

Efetivos 2012 2 34 6 0 10 3 55 (nº)

2018 3 31 15 0 9 9 67 Fonte: AH-BVB, 2019

A crise de voluntariado é uma evidência que o Município de Barrancos (CMB) tenta combater desde 2017, com a criação do programa de incentivos29, que atribui regalias sociais aos bombeiros voluntários de Barrancos. No âmbito deste programa, destinado aos elementos do quadro ativo e comando, incluindo os seus descendentes, a CMB concede regalias sociais e pecuniárias nos domínios da educação/ação social escolar, na redução de taxas ou preços, e na majoração de subsídios de programas sociais, tais como no PAF (apoio à natalidade) e o Casa Jovem (arrendamento).

No domínio do socorro/emergência o corpo BVB tem desde meados de 2018, o Posto de Emergência Médica de Barrancos (PEM), dotado com umaambulância INEM 112, cujo protocolo de criação foi assinado em 28/07/2017, tendo entrado em funcionamento no final de 2018.

O PEM de Barrancos faz parte do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), na vertente não medicalizada, com pessoal especializado dos BVB, sendo o seu custo comparticipado pelo INEM, nos termos protocolados.

Em relação ao seu parque de viatura automóvel, o corpo dos BVB está dotado da seguinte forma: três Ambulâncias de Emergência; quatro ambulâncias de transportes de doentes; uma ambulância de transporte múltiplo; dois veículos de transporte de doentes não urgentes; um veículo com equipamento técnico operacional; três Veículos de Combate a Incêndios; um veículo rural de combate a incêndios; um veículo florestal de combate a incêndios; um veículo de socorro e assistência especial; um Veículo de Comando; e um veículo de comando tático.

29 Cf Regul. nº 13/2017 (DR, 2ª, nº 472017, de 05/01) https://dre.pt/application/conteudo/105703070

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Quadro 69 - Descrição das viaturas do corpo dos BVB Matrícula

Sigla (ano Tipologia Estado de conservação matrícula) 83-57-UJ ABSC 01 Ambulância Socorro Razoável (2002) 70-11-XS ABTD 02 Ambulância Transporte Doentes Razoável/mau (2004) 47-FE-40 ABTD 03 Ambulância Transporte Doentes Razoável/mau (2001) 91-OL-14 ABTD 04 Ambulância Transporte Doentes Avariada (2005) 54-AZ-30 ABTM 05 Ambulância Transporte Múltiplos Razoável/mau (2005) 00-42-UV ABTD 06 Ambulância Transporte Doentes Razoável/mau (2003) 74-PD-87 Veículo Destinado Transporte VDTD 07 Bom (2014) Doentes Não Urgentes 22-QB-10 ABSC 08 Ambulância Socorro Bom (2007) 49-TP-59 Veículo Destinado Transporte VDTD 09 Muito bom (2017) Doentes Não Urgentes 45-UI-45 ABSC 10 Ambulância Socorro Muito bom (2018) 93-69-ZR VCOT 01 Veículo Comando Tático Razoável (2005) OJ-56-49 VOPE 02 Veículo Operações Especificas Mau (1987) 83-GL-31 Veículo Socorro Assistência VSAE 01 Razoável (1999) Especial HI-03-03 VRCI 01 Veículo Rural Combate Incêndios Razoável/mau (1982) 79-31-EG Veículo Florestal Combate VFCI 01 Razoável (1994) Incêndios Fonte: AH-BVB, janeiro 2019

Para a população residente no município, o corpo dos BVB poderá estar apetrechado com viaturas suficientes. No entanto, o estado de conservação da esmagadora maioria torna necessário a aprovação de um plano de substituição. Esta substituição é tão ou mais necessária, tendo em conta as distâncias da Vila de Barrancos às unidades de saúde de referência – Moura, com unidade básica de urgência (53,7 km); Beja e Évora, hospitais regionais (cerca de 110 km); Lisboa, designadamente os hospitais centrais de Sº José e Santa Maria, a mais de 250 km.

O estado de conservação da rede viária, já mencionada, também contribui para a degradação do parque automóvel dos BVB.

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De acordo com o quadro 69, no ano de 2018, os BVB prestaram 1222 serviços/ocorrências, que ocuparam 7271 horas de trabalho; as viaturas percorreram um total de 221 432 km, tendo sido transportados 1723 doentes, em 1054 serviços de saúde. Enquanto integrantes do Dispositivo Operacional Nacional de Combate a Incêndios (DONCI), intervieram em 55 operações, na sua maioria fora do território municipal. O corpo dos BVB, pela sua proximidade geográfica, participa nas operações de combate a incêndios na zoa da Serra de Huelva, com especial destaque para o município de Encinasola.

Quadro 70 - Ocorrências dos BVB 2018 Doentes Km Serviços Saúde Incêndio Outros Transportados Percorridos 1 054 Registos ou (139 ativações do 1 723 55 113 221 432 ocorrências (nº) CODU)

Total de 1 222 Serviços prestados; 7 271 horas. serviços

Fonte: BVB, maio 2019

O Município (CMB) possui desde 1999, atualizado em 2011, com segunda atualização a decorrer (maio 2019), o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil (PME). O Plano Municipal de Emergência é um instrumento que o Serviço Municipal de Proteção Civil dispõe para o desencadeamento de operações de proteção civil, com vista a possibilitar uma unidade de direção e controlo, para a coordenação das ações a desenvolver e gestão de meios e recursos mobilizáveis, face a um acidente grave ou catástrofe, tendo em vista minimizar os prejuízos e perdas de vida e restabelecimento da normalidade. Os Planos Municipais de Emergência de Proteção Civil constituem-se como instrumentos preventivos e de gestão operacional, uma vez que, ao identificar os riscos, se estabelecem os meios para fazer face aos acidentes e quando definida a composição das equipas de intervenção, é-lhes atribuída missões.

Este Plano é um plano geral, com a finalidade de enfrentar a generalidade das situações de emergência no âmbito territorial do município (168 km2)

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Para além do PME, o Município de Barrancos possui, ainda, os seguintes instrumentos neste domínio: Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Barrancos (PMDFCI), 2015/2019 e o Plano Operacional Municipal (POM), que operacionaliza anualmente o PMDFCI, identificando o dispositivo operacional para as ações de vigilância, deteção, fiscalização, primeira intervenção, combate, rescaldo e vigilância pós-incêndio para o município de Barrancos.

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos

- Parque automóvel da GNR insuficiente, face à área de intervenção.

-Baixa criminalidade e delinquência; - Reduzido número de efetivos da GNR, para a área de intervenção; - Projeto Escola Segura; - Ordenamento do trânsito e sinalética - Corpo dos BVB; vertical, inadequada.

- Novas instalações do corpo dos BVB; - Parque automóvel dos BVB muito degradado; - Novas instalações para o quartel da GNR (em processo de adjudicação) - Pequenas remodelações no quartel BVB;

- Redução do número de elementos do quadro ativo (crise no voluntariado)

- Tela alarme (a ponderar) Propostas

- Reforço da Equipa do NIC e NIAVE (Violência Doméstica), no âmbito do Destacamento; - Transferência do posto da GNR para as novas instalações (em fase de empreitada); - Reforço dos efetivos da GNR, em pelo menos seis elementos; - Aquisição de, pelo menos, mais duas viaturas para a GNR; - Promoção de programa de educação rodoviária no ensino básico, com o apoio da GNR; - Promoção de ações de sensibilização sobre a condução sob efeito de álcool; - Promoção de programa de ações de sensibilização para a problemática de consumo precoce de álcool em grupos de jovens/adolescentes; - Revisão do regulamento do ordenamento do trânsito na vila de Barrancos; - Atualização do Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil de Barrancos; - Remodelação do quartel dos BVB; - Aquisição de Equipamento Pessoal de Proteção para os BVB; - Aquisição de novas viaturas/substituição do parque automóvel degradado dos BVB; - Divulgação do Programa Tela alarme (a estudar para a sua implementação);

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10 - HABITAÇÃO Conforme o disposto no nº 1 do artigo 65º da Constituição da República Portuguesa de 1997, “todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e privacidade familiar.” Neste âmbito a habitação assume-se como um dos mais importantes temas a analisar pelo reflexo que tem na qualidade de vida das populações, principalmente pelos problemas sociais que lhes estão subjacentes. Esta é então, entendida como uma necessidade básica a satisfazer.

De acordo com os Censos 2011, verificamos que Barrancos tinha 1287 alojamentos familiares, para uma população de 1834 habitantes.

Quadro 71 - Evolução do parque habitacional Tipologia ANOS 2001 2011 2017 Edifícios de habitação (nº) 1272 1235 1235 Aloj. Familiares clássicos (nº) 1320 1287 1295 Fonte: INE, última atualização: 22/10/2018

No caso da dimensão das famílias, destacamos que, das 721 famílias residentes, 185 são monoparentais (15,83% do total), 208 são formadas por duas pessoas, havendo ainda 40 com cinco ou mais elementos.

Quadro 72 - Dimensão da família clássica (nº) 2011 5 ou mais Total 1 Pessoa 2 Pessoas 3 Pessoas 4 Pessoas pessoas 721 185 208 164 124 40 Fonte: INE (Última atualização 22/10/2018)

Outro aspeto a salientar prende-se com o número de alojamentos existentes, uma vez que a diferença entre o número de famílias e de alojamentos ocupados é muito significativa, apresentando um número expressivo de alojamentos familiares desocupados, que confirmam a existência de um despovoamento acentuado. Esta situação está diretamente ligada à não fixação dos jovens e a uma percentagem muito elevada de população envelhecida.

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Em Barrancos, 99,9% dos alojamentos clássicos ocupados em 31/12/2018, possui ligação à rede de eletricidade e ao sistema de distribuição domiciliária de água e de saneamento básico.

Quadro 73 - Alojamentos familiares ocupados por instalações existentes ANOS Instalações 1981 2001 2011 Total 717 707 702 Água canalizada 22 704 700 Duche/Banho 20 609 689 Instalações Sanitárias 280 549 697 Esgotos 262 704 700 Fontes de Dados: INE - II, IV e V Recenseamentos Gerais da Habitação Fonte: PORDATA - Última atualização: 2017-07-26

Em relação às instalações sanitárias, podemos afirmar que, na mesma data, 99% dos alojamentos ocupados possui instalação sanitárias, ainda que nem todos possua dispositivo de descarga e/ou banho/duche.

Em 2017, segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), citada pelo Pordata, no município de Barrancos havia 1105 clientes domésticos de eletricidade, que tiveram um consumo médio de 1219,6 kW/h (quadros 73 - 74) Quadro 74 - Evolução dos clientes eletricidade (1970-2017) ANOS Cat. Clientes (Nº) 1970 1981 2001 2011 2017* (Aloj Familiares clássicos – nº) s.d. s.d. 1320 1287 1 295 Domésticos 373 850 1 057 1 097 1 105 Não-domésticos 0 65 102 116 97 Indústria 11 26 24 18 18 Agricultura 1 6 10 20 6 Total 398 947 1 193 1 251 1 226 Fontes de Dados: DGEG/MEc Fonte: PORDATA - Última atualização: 2018-12-19 - *valor provisório, para o consumo;

Quadro 75 - Consumo de energia elétrica por tipo de consumo (kWh) ANOS Cat. Clientes (Nº) 2001 2011 2017 Domésticos 1 025,3 1 302,8 1 219,6 Não domésticos 872,4 1 132,8 1 177,6 Indústria 1 617,8 1 657,7 1 738,5 Agricultura 75,3 92,9 164,6 Total 3 912,2 4 655,7 4 632,5 Fontes de Dados: INE - Estimativas Anuais da População Residente DGEG/MEc Fonte: PORDATA - Última atualização: 2019-02-27

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Segundo a CMB/UAF, em 31/12/2017 havia em Barrancos 1161 cientes domésticos de água, tendo registado no mesmo período um consumo médio de 47,1 m3/h (1669 habitantes*), muito abaixo da média registada em 2001 (70,2 m3/hab - para 1834 habitantes)

Quadro 76 - Evolução da quantidade de água consumida/por habitante (m3/h)

ANOS

Quantidade 2001 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

m3/hab 53,8 44,0 55,1 52,4 49,7 47,6 47,1 70,2

Fontes de Dados: INE (até 2005) | INAG/MA (a partir de 2006) - IACSB (até 2005) INSAAR (a partir de 2006) Fonte: PORDATA - Última atualização: 2019-03-25

Em síntese, podemos afirmar que em Barrancos, praticamente todas os alojamentos habitados estão apetrechados de instalação elétrica e de instalações sanitárias, sendo que, nesta última, nem todas poderão ter banho/duche (água quente). Este fator de precariedade das instalações sanitárias ir-se-á interligar com as questões da saúde, visto que serão famílias que necessitarão de mais cuidados básicos a este nível.

10.1 - Habitação Social O Município de Barrancos não dispõe de Parque de Habitação Social, salvo o caso de oito habitações (casas) arrendadas a famílias que, à data, apresentavam grande carência económica e social.

Quadro 77 - Listagem dos prédios urbanos em regime de arrendamento social N.º Data início Identificação do prédio Proc. contrato 1 04/07/1984 Rua do Passeio 2 07/09/1984 Bairro da Adua 3 08/01/1986 Rua Dr. Mendes Ribeiro 4 01/09/1987 Rua Dr. Mendes Ribeiro 5 01/07/1997 Bairro da Rua de Angola, 6 01/07/2001 Rua do Pinhão 7 13/06/2007 Travessa da Preguiçosa, 8 01/10/2010 Rua Dr. Leite de Vasconcelos Fonte: CMB/UASC, 2019

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Apesar da existência de um grande número de edifícios devolutos e/ou desocupados, muitos proprietários preferem a venda. O mercado de arrendamento é diminuto, e as rendas consideradas elevadas para o rendimento disponível das famílias. Por esse motivo, são muitas as solicitações de apoio no domínio da habitação social que chegam anualmente ao Município (CMB), maioritariamente de famílias que, por razão pessoal ou profissional, tem dificuldade em pagar a prestação da hipoteca (e pretende vender a casa) ou não “consegue pagar a renda”.

Entretanto, a CMB, no âmbito das suas competências no domínio da habitação resolveu criar em 2013, o programa “Casa Jovem – Programa Municipal de Apoio ao Arrendamento Jovem e de Incentivo ao Mercado de Arrendamento Local”30. Este programa, que já vai na sua 8ª edição, para além de constituir uma forma de apoio aos jovens casais, pretende também dinamizar o mercado de arrendamento, praticamente inexistente em Barrancos. Igualmente, este programa municipal constitui, também, uma alternativa à habitação social, que o município não possui.

São destinatários deste programa os jovens casais, ou famílias monoparentais, com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos, residentes em Barrancos, que não sejam proprietários ou usufrutuários de prédios urbanos

De acordo com os dados dos Censos 2011, em Barrancos existe um elevado número de edifícios antigos, com necessidade de reparação/obras. Dos 1227 edifícios existentes em Barrancos, 739 foram construídos antes de 1970, havendo ainda um grande número anterior a 1945.

A degradação do parque habitacional é evidente, tendo-se agravado nos últimos 10/15 anos, com os prédios mais antigos, mas também entre o grande número de prédios abandonados. Aos serviços municipais (CMB) chegam anualmente reclamações de residentes alertando para os “perigos de ruína e/ou de insalubridade pública” dos edifícios, normalmente confinantes com as suas habitações

30 Cf. www.cm-barrancos.pt/ac_social/CASA%20JOVEM.htm

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Esta situação, que constitui uma preocupação para o Município, não é de fácil resolução. Na maioria dos casos, os edifícios degradados, cujo levantamento já foi realizado pelo Município (CMB/UOSU), estão abandonados há décadas, não se conhecendo os donos ou, conhecendo, não há consenso entre estes, dado a multiplicidade de potenciais herdeiros.

Quadro 78 - Edifícios segundo a época de construção antes Estado de 1919- 1946- 1961- 1971- 1981- 1991- 1996- 2001- 2006- Total de conservação 1945 1960 1970 1980 1990 1995 2000 2005 2011 1919 Barrancos 1227 82 266 188 193 139 137 37 60 66 59 Sem nec. reparaç. 1107 68 237 163 174 125 128 36 57 63 56 Com nec. reparaç 116 13 26 25 19 14 9 1 3 3 3 Peq. reparaç. 88 7 18 16 18 14 7 1 3 3 1 Repa. médias 25 4 8 9 1 0 1 0 0 0 2 Grandes rep. 3 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 Muito degradado 4 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 Fonte: INE, Censos 2011,

Desta forma, conforme os dados apresentados quadro acima mencionado, verificam-se a existência de problemas na área do parque habitacional, sobretudo naquele construídas há mais tempo.

Atendendo às dificuldades de aquisição de nova habitação por parte dos munícipes, assim como melhoramentos nas habitações já existentes, a CMB sempre tentou colmatar esta falha no que se refere à habitação. No seguimento do PDM de Barrancos, a CMB a promoveu a elaboração do Plano de Urbanização da vila que, entre outros, teve como objeto regulamentar o uso dos espaços urbanos e o estabelecimento de prioridades de intervenção na área urbanística.

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Diagnóstico Estratégico:

Potencialidades Constrangimentos

- Falta de terrenos para construção das habitações;

- Dificuldade de aceder ao crédito de

- Existência de programas de apoio à habitação; habitação, a nível nacional e municipal; - Elevado preço das casas para venda;

- Existência de programa municipal “Casa - Inexistência de mercado de arrendamento; Jovem”; - Grande número de edifícios abandonados - Zona privilegiada do ponto de vista e/ou degradados, que carecem de climatérico; intervenção, conforme levantamento da CMB;

- idem, sem que se conheça o dono ou interessados na reparação;

- Dificuldades de intervenção nos imóveis degradados e em estado de abandono;

Propostas

- Divulgação de programas de recuperação de habitação;

- Construção de habitações sociais;

- Fomentar a realização de acordos com o estado para a promoção de habitação social;

- Criação de incentivos para a fixação da população jovem, com manutenção do programa social municipal;

- Aprovação de plano de intervenção para recuperação de, e a sua colocação no mercado da habitação social, nos termos a regulamentar;

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11 - SAÚDE Segundo Constituição da República Portuguesa, “Todos têm direito à proteção de Saúde e o dever a defender e promover”. Pode entender-se que a saúde é um recurso para a vida diária, e não um objetivo de vida, enfatizando recursos sociais e pessoais, assim como as aptidões físicas.

O nível de desenvolvimento socioeconómico relaciona-se intimamente com as condições de saúde de uma população que, por seu lado, dependem da quantidade, qualidade e eficiência dos serviços de saúde prestados, bem como da sua acessibilidade e humanização. Esta área social é a mais complexa e, também, a mais delicada de referir e analisar.

No que concerne aos Centros de Saúde, estes têm por objetivos prestar cuidados primários de saúde e promover a saúde através de ações de educação, a educação para a saúde, abrangendo cerca de 80 % dos cuidados de saúde de que os indivíduos, as famílias e a comunidade necessitam. Têm, ainda, atribuições de vigilância epidemiológica, de formação profissional, de investigação em cuidados de saúde, de melhoria contínua da qualidade e monitorização dos resultados decorrentes da sua atividade.

No caso de Barrancos, o edifício do centro de saúde encontra-se situado, desde 28/11/2011, num antigo edifício escolar, remodelado para o efeito, em parceria entre a Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARS) e o Município. Estas instalações reúnem as condições de conforto e de comodidade para doentes e pessoal médico, de enfermagem e demais funcionários.

Relativamente à distribuição dos recursos humanos do Centro de Saúde de Barrancos, é o seguinte:

Quadro 79 - Quadro de pessoal do Centro de Saúde de Barrancos (2007-2018)

Número de Lugares Categoria Profissional Observações 2007 2018 Médico 1 1 Médico de família (Medicina geral e Familiar Um acumula funções no CS de Enfermagem 3 3 Moura Fisioterapeuta 0 1 Centro de Fisioterapia Assistente Técnico 2 2 Administrativo Assistente Operacional 1 1 Serviços gerais Fonte: CS de Barrancos, 2019

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O centro de saúde de Barrancos, que tem 1557 utentes inscritos31, numa população de 1669 habitantes32, funciona nos dias úteis, entre as 8h30 e as 17h30, com os recursos humanos indicados do quadro 79, que parecem adequados à população. Contudo, o problema coloca-se nas férias e/ou faltas do único médico residente, que obriga a deslocação de pessoal médico do centro de saúde de Moura, na maioria dos casos, uma ou duas vezes/semana.

No centro de saúde de Barrancos são prestadas as consultas médicas, de enfermagem e outras atividades assistenciais abaixo descritas:

Quadro 80 - Evolução das consultas médicas no CS de Barrancos

Tipo 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012

Saúde Adultos 5 807 5 900 5 898 5 706 5 728 5 595 6 147 Saúde Infantil 494 510 527 491 513 393 626 Saúde materna 116 96 95 69 117 76 39 Planeamento Familiar 150 155 162 130 196 173 159 Consultas Domicílio 57 53 64 8 7 17 5 Fonte: ULSBA, 2019 - “Movimento Assistencial”

Quadro 81 - Evolução da atividade de enfermagem no CS de Barrancos

Tipo 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012

Saúde Reprodutiva e 224 292 409 545 569 530 559 Planeamento Familiar Saúde Materna 54 105 116 135 177 77 57 Puerpério 22 21 22 29 36 25 19 Saúde Infantil - Juvenil 415 530 551 664 612 462 491 Saúde escolar n.d n.d 5 6 34 46 14 Saúde Adulto/Idoso 795 1 951 2 417 4 033 4 025 3 882 2 967 Tratamento 1 037 928 1 155 1 149 1 222 1 696 1 464 Feridas/Úlceras Grupos Risco – Diabetes 643 796 736 1 253 1 573 1 501 1 013 Grupo Risco – Hipertensão 694 1 068 1 198 2 435 2 356 2 371 1 950 Grupo Risco – cardiovasc. 714 1 120 1 207 2 709 2 907 2 624 1 490 Dependentes 58 33 44 77 167 142 210 Ostomizados n.d Hipocoagulados 317 383 543 678 760 568 460 Saúde mental e psiquiatria 41 55 68 91 99 50 1 Prog. Cuidados Paliativos 5 0 57 27 21 37 15 Prog. Cuid. Continuados 0 0 38 27 21 42 0 Outros programas 2 3 13 31 54 71 229 Domicílios 554 413 571 593 706 730 761 Fonte: ULSBA, 2019 - (n.d. = dados não fornecidos)

31 Nº de utentes em 31/12/2018, segundo a ULSBA/Serviço de Estatística, maio 2019. 32 Estimativa populacional em 31/12/2017, segundo o INE

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Para além do pessoal permanente referido no quadro 79, prestam serviço ocasional no centro de saúde de Barrancos, outros técnicos e especialidades provenientes da ULSBA. Estão nesta situação, para além das especialidades descritas no quadro 82, a saúde pública (médico) e a saúde ambiental (técnicos superior de diagnóstico e terapêutica).

Quadro 82 - Outras atividades assistenciais no CS de Barrancos

Tipologia 2018 2017 2016 2015 2014 2013

Nutrição 25 41 59 88 85 23 Psicologia 23 73 90 104 162 27 Serviço Social 57 24 39 49 n.d. n.d. Higiene Oral n.d. n.d. n.d. n.d. 31 n.d. Fisioterapia (tratamentos) 3 464 2 801 5 247 5 625 6 542 n.d. Fonte: ULSBA 2019

Para garantir a assistência médica à população aos fins-de semana, quando não funciona o centro de saúde, o Município (CMB) contratou um médico de família que, desde meados de 2003, vem prestando a assistência médica em Barrancos. Este médico de medicina geral e familiar, tem consultório nas instalações do centro de saúde de Barrancos, desde 24/08/2013, no âmbito de um protocolo de colaboração celebrado entre o Município e a ULSBA, reconhecendo-se desta forma a importância deste serviço à população, conforme se pode observar pelo movimento assistencial indicado no quadro seguinte:

Quadro 83 - Movimento assistencial aos fins-de-semana

Jovem Adulto Seniores Ano Domicílios Total Obs. (0-16 anos) (17-65 anos) (>65 anos)

2013 83 342 263 17 705 a) 2014 251 1047 649 130 2077 2015 293 1168 796 173 2430 2016 194 1013 811 108 2126 2017 224 999 846 92 2161

2018 235 1000 830 141 2206 Total 1280 5569 4195 661 11705 Fonte: CMB/UASC – a) registos a partir de 24/08/2013

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Na área da saúde mental, todas as sinalizações do centro de saúde de Barrancos são encaminhadas para a ULSBA (Departamento Saúde Mental) em Beja. É neste local, que implica a deslocação em transporte próprio, de familiar, de ambulância ou de táxi, onde são realizadas as consultas externas (médicas e não médicas) e os atendimentos, indicados no quadro seguinte:

Quadro 84 - Consultas externas de saúde mental na ULSBA Especialidade 2018 2017 2016 2015 2014 2013 Psiquiatria – adultos 58 51 57 70 61 49 Psiquiatria – infância e adolescência 3 2 6 1 1 2 Psicologia 6 14 2 23 16 30 Consultas Enfermagem Psiquiátrica – 28 25 73 89 24 adultos Consultas Enfermagem Psiquiátrica – 0 2 2 1 1 infância e adolescência Total geral 95 94 140 184 103 81 Nº de Doentes Atendidos (seguidos) 18 23 30 39 27 23 Fonte: ULSBAL/SPSM, 15-05-2019

Segundo a informação transmitida à CMB/UASC, pelo DPSM/ULSBA, seria conveniente que alguns dos doentes em tratamento/atendimento naquele serviço, tivessem uma resposta social local, num modelo de parceria interinstitucional, incluindo várias especialidades. Desta forma, segundo a ULSBA, seria garantido o acompanhamento do utente/doente, integrado ou ocupado em atividades sociais ou produtivas motivadoras, combatendo o seu isolamento social e contribuindo para a aceitação e integração na comunidade.

Para colmatar uma outra lacuna que tinha sido identificada no Diagnóstico Social (inicial), o Município de Barrancos em parceria com a ARS Alentejo primeiro e ULSBA depois, criaram o Gabinete do Movimento - centro de fisioterapia de Barrancos. Este equipamento foi inaugurado em Dezembro de 2007, sendo que a gestão inicial foi da CMB, passando para a ULSBA a partir de 2014.

De acordo com o seu regulamento, o Centro de Fisioterapia de Barrancos tem como objetivo prestar assistência à população no domínio da Fisioterapia e da Reabilitação, com visão e atenuação multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar. Servir como referência neste “Campo do Saber” onde a população poderá buscar tratamento para as mais variadas afeções; complementar as áreas de fisioterapia e reabilitação, nos seus diferentes níveis de atuação.

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Desta forma, é importante salientar que a equipa técnica do Centro de Fisioterapia de Barrancos é composta por três técnicos: uma Fisioterapeuta, contratada pela ULSBA, e duas técnicas auxiliares de Fisioterapia, contratadas pelo Município. Em 2017, o Centro de Fisioterapia tratou mais de 185 doentes, tendo sido realizados 5560 tratamentos.

Não há dúvidas que o Centro de Fisioterapia, que praticamente não tem lista de espera, e atende doentes de Barrancos e de várias freguesias de Moura, constituiu uma mais-valia para a população local, evitando transporte e as deslocações. Dantes, os doentes de Barrancos que necessitavam fisioterapia, eram encaminhados para Moura, Serpa ou Beja, com custos elevadíssimos para estes e para o Estado.

Devido à situação geográfica do município de Barrancos, considerou-se pertinente analisar os principais destinos de deslocação do corpo de Bombeiros assim como os Km´s percorridos. Deste modo, os principais destinos de saída são: Moura, Serpa, Beja, Évora e Lisboa.

Por outro lado, é importante mencionar que o corpo de bombeiros tem gastos elevados na área do serviço de saúde, com transportes de doentes para consultas médicas externas, bem como para a prestação de cuidados básicos. A tendência será para o aumento do número de saídas, pois a população é muito envelhecida e cada vez mais necessita de cuidados de saúde, muitos deles urgentes.

Nesta área da saúde, importa referir que no último DS2, estava identificada como prioridade a criação de uma Unidade de Cuidados Continuados, depois transformada em Unidade de Apoio à Deficiência, com terrenos já cedidos pelo Município (CMB). Este projeto não se chegou a concretizar devidos a alterações no modelo de financiamento comunitário e nacional. Tendo em conta a proximidade do novo quadro comunitário, que está a ser discutido no âmbito dos ministérios setoriais, entendemos que esta prioridade deverá manter-se, pelos motivos apontados, e por razões de ordem social.

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No fundo o grande objetivo destas instituições passa essencialmente por promover, restaurar e manter a qualidade de vida, o bem-estar e o conforto dos cidadãos necessitados dos mesmos em consequência de doença crónica ou degenerativa ou por qualquer outra razão física ou psicológica, suscetível de causar a sua limitação funcional ou dependência de outrem, incluindo o recurso a todos os meios técnicos e humanos adequados ao alívio da dor e do sofrimento, a minorar a angústia e a dignificar o período terminal da vida.33 Como objetivo primordial têm dar dignidade à pessoa até o seu último minuto de vida.

As Unidades de Cuidados Continuados seriam igualmente uma resposta para os casos de patologia ao nível da Saúde Mental que causam limitações funcional ou até mesmo situações de dependência, como é o caso dos doentes acamados.

Ainda no domínio da saúde, verifica-se a existência em Barrancos de um posto de recolha de análises clínicas, evitando-se as deslocações a outras localidades (p.e. Moura). Já qualquer outra consulta de especialidade ou exame complementar de diagnóstico, implica sempre a deslocação a Beja ou a Évora, quando não a Lisboa.

A farmácia, que existe em Barrancos desde inícios do séc. XX, tem o mesmo quadro de profissionais desde 1994, incluindo neste a sua diretora técnica. Quadro 85 - Farmácia e seus recursos humanos em Barrancos

Profissionais Serviços Farmácia de Farmácia

1991 1 2

2001 1 3

2011 1 3

2018 1 3 Fonte: CMB/UASC, 2019

33 Informação retirada do site: www.portaldasaude.pt

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Diagnóstico Estratégico: Potencialidades Constrangimentos - Insuficiências no sistema de marcação de com consultas médicas diárias (programas ou urgências)

- Subvalorização do serviços de consultas médica ao domicílio; - Funcionamento do Centro de Fisioterapia (Gabinete do Movimento) - Insuficiência da valência no apoio - Edifício novo e funcional do centro de domiciliário a doentes acamados; saúde, com os recursos humanos adequados, salvo nas férias; - Inexistência de especialidades diferenciadas ou especialistas (pediatria; psiquiatria; - Assistência médica ao fim-de-semana, sob fisiatria; saúde/higiene oral); responsabilidade municipal; - Insuficiência/inexistência ao nível da UCC e - Existência de Posto de Emergência Médica da URAP (Unidade de Recursos Assistenciais (viatura) dos BVB; Partilhados)

- Casa de função atribuída ao médico do CS; - Ausência de formação para cuidadores - Proximidade e acessibilidade dos Serviços informais de saúde do país vizinho - Custos elevados das deslocações e consultas médicas especializadas.

- Insuficiência de Respostas na área da Saúde Mental

- Insuficiente ocupação e integração socioprofissional de pessoas com deficiência ou incapacidade

Propostas

-Estabelecimento de um Protocolo de cooperação transfronteiriço, na área da saúde;

- Alargamento do horário de funcionamento do centro de saúde, pelo menos até às 20h00. - Criação/implementação da URAP e UCC;

- Alargamento/melhoria no serviço domiciliário médico e de enfermagem, com especial destaque para os doentes acamados;

- Criação de uma Unidade de Cuidados Continuados e ou Unidade de Apoio à Deficiência a nível Local.

- Disponibilização de consultas de especialidade no centro de saúde, com periodicidade a estabelecer (p.ex. fisiatria, pediatria, saúde oral);

- Garantir que os auxiliares de ação direta da IPSS possuam formação específica na área da saúde mental e demências

- Criação de estruturas ou equipas para resposta na área da saúde mental, e acompanhamento de pessoas com deficiências e demências;

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12 - ASSOCIATIVISMO O Associativismo, nas suas múltiplas expressões, e em especial as coletividades de cultura e recreio, constituem uma poderosa realidade social e cultural.

Para muitos cidadãos, o associativismo constitui a única forma de acesso a atividades desportivas, culturais, recreativas ou de ação social. É através dos exercícios de direito de associação para muitos cidadãos que são asseguradas formas de participação cívica de maior relevância.

É inquestionável que as associações promovem a integração social e assumam um papel determinante na promoção da cultura, do desporto, na ação social, substituindo a própria intervenção do Estado. Porém há cada vez maior dificuldade em levar as pessoas a participar na vida associativa.

A verdade é que a prática associativa, assenta na vontade dos indivíduos, sendo uma emergência social que não pode ser lida fora do seu contexto – a sociedade em que vivemos - porque não se trata de um fenómeno de geração espontânea, revelando antes a vontade de uns tantos que tenazmente se opõem à corrente.

É nesta tentativa de unificar a cultura e o associativismo que surgem as 20 associações, com sede no município de Barrancos, número considerável para dimensão da população. Na sua maioria, as associações são compostas por indivíduos em regime de voluntariado, o que impossibilita um trabalho constante assim como a criação de quadros técnicos.

A maioria apresenta uma dinâmica interventiva de âmbito cultural, recreativo e desportivo. A dinamização cultural, singular ou coletiva, é uma das grandes motivações para uma vida saudável, cultivando o espírito de grupo, a inserção na sociedade e a formação cultural a que todos têm acesso, daí os agentes promotores de atividades culturais recorrerem frequentemente aos apoios municipais.

O número e a diversidade de associações existentes podem constituir uma mais-valia importante para a dinamização cultural, com possibilidade e envolvimento direto de toda a população em benefício da interação comunitária, preservação da cultura e consolidação da prática desportiva.

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Quando questionadas relativamente às necessidades sentidas e prioridades de intervenção, todas elas são unânimes em dizer que as dificuldades estão ligadas às dificuldades financeiras e a não existência de uma sede própria para dinamização e rentabilização das suas atividades.

Para colmatar um pouco as necessidades das associações locais, a CMB criou o Programa/Registo Municipal de Apoio ao Movimento Associativo Local (REMAL) que, para além de criar o registo municipal das associações institucionalizou um mecanismo de apoio financeiro para as associações.

Em maio de 2019, das 20 associações que se presume tenham sede em Barrancos, 14 estão inscritas no REMAL: Quadro 86 - Listagem das associações inscritas no REMAL Nº DESIGNAÇÃO SEDE / CONTACTOS AGROBARRANCOS – Associação de Agricultores e Rua Nova,15 – Espaço 1 Criadores de Gado de Barrancos Multiusos (Fundada em 19/05/2017) 7230 - 032 Barrancos Alburóti Associação Cultural Rua das Forças Armadas nº 11 2 (Fundada em 03/04/2019) 7230-019 Barrancos A Estêva - Associação para o Desenvolvimento do Rua 1º de dezembro,36-A 3 Concelho de Barrancos 7230-042 Barrancos (Fundada em 14/09/2000) Associação de Baile Zapatito Flamenco Rua das força Armadas nº 27 4 (Fundada em 12/09/2018) 7230 Barrancos Casa das Associações Associação BTT Veredas de Noudar 5 Rua N S Conceição, 2 (Fundada em 28/01/2014) 7230-034 Barrancos Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de EN 258-Km103,44 6 Barrancos 7230 - 000Barrancos (Utilidade Pública - Fundada em 10/01/1980) Associação de Reformados de Barrancos Rua 1º de Dezembro 7 (Fundada em 09/02/2007) 7230-042 Barrancos Barrancos Futebol Clube Rua de S. Sebastião, nº 4-6 8 (Fundado em 27/04/1982) 7230-049 Barrancos Casa das Associações Clube Amadores de Pesca Desportiva de Barrancos 9 Rua NS Conceição, 2 (Fundado em 10/11/1987) 7230-034 Barrancos Largo Ten. António Augusto Lar N.ª Sr.ª da Conceição de Barrancos 10 Seixas (IPSS - Fundado em 20/01/1934) 7230-001 Barrancos Sede Provisória Núcleo dos Amigos do Concelho de Barrancos 11 Rua de Macau, 19-r/c D (Fundada em 30/05/1985) 2700-538 Amadora Sociedade Filarmónica Barranquense Rua Dr. Filipe de Figueiredo, 10 12 (Fundada em 1898) 7230 - 012 Barrancos O Estribo – Associação Equestre de Barrancos Travessa do Arco, nº 6 13 (Fundada em 08/08/2003) 7230 Barrancos

Sociedade Recreativa Artística Barranquense Praça da Liberdade,nº 9 14 (Fundada em 31/05/1919) 7230-025 Barrancos

Fonte: CMB/UASC, 2019

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Diagnóstico Estratégico:

Potencialidades Constrangimentos

Existência de um grande número de associações sem sede própria;

- Apetência da população de Barrancos para -Dificuldades na obtenção de receitas; o associativismo; -Desarticulação dos objetivos com as - Cobertura de todas as camadas necessidades prementes; populacionais; - Pouca vontade dos sócios em participar nos - Existência de PAMAL. órgãos sociais;

- Insuficiência de dotação municipal para apoio ao movimento associativo;

Propostas

- Incentivar o trabalho em rede de forma a rentabilizar os recursos disponíveis;

- Criar atividades que vão de encontro com os interesses das populações abrangidas;

- Estabelecimento de atividades regulares que incentivam a participação e cooperação dos jovens;

- Criação de nova “Casa das Associações” para instalação de associações sem sede;

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Rede Social - Diagnóstico Social de Barrancos - (3ª atualização)

13 - SERVIÇOS DE APOIO AO CIDADÃO

Na Vila de Barrancos, única localidade do município, estão-situados os serviços públicos da administração central e local, bem como outros serviços de apoio à população, que seguidamente se identificam: Quadro 87 - Síntese dos serviços de apoio à comunidade Tipologia – designação Nº Ambiente, Energia Serviços Abastecimento Regular de água 1 Recolha de Lixo (indiferenciados e seletivos) 1 Tratamento de Águas Residuais (ETAR) 2 Saúde Centro de Saúde – Consultório Médico 1 Farmácia 1 Posto de recolha de análises clínicas 1 Serviços Públicos Loja da Segurança Social 1 Registo Civil, Predial, Comercial e Cartório Notarial 1 Serviço de Finanças 1 Município (CMB) 1 Freguesia (JFB) 1 Serviços Financeiros Agências Bancárias 2 Caixas Multibanco (ATM) 2 Agências de Seguro (mediadores) 2 Estabelecimentos Comerciais, de alojamento, de restauração e prestadores de serviços diversos Escritórios de Contabilidade 1 Lojas Tradicionais 7 Minimercados ou Supermercados 3 Talhos 2 Lojas Multiusos 4 Restaurantes (incluindo o PNN) 4 Bares, Cafés e Similares 10 Salão de Cabeleireiro/Manicure 3 Agencia Funerária 1 Posto de Abastecimento de Combustível 1 Transporte e Comunicações Posto/Loja de Correios CTT 1 Praça de Táxis 1 Empresa-Operador de Transporte Passageiros 1 Zonas/Área de wi-fi livre 4 Segurança e Proteção Civil GNR (posto territorial) 1 Bombeiros (BVB) 1 Fonte: CMB/UASC 2019

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SINTESE DAS PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO

Após a conclusão da atualização do Diagnóstico Social (DS3), que pretende ser, conforme referido na sua introdução, “a sistematização da informação sobre os problemas do território, tendo em conta sua resolução”, com os recursos disponíveis a nível municipal, subsiste agora a necessidade de avançar no sentido de definir quais as áreas prioritárias para a intervenção.

No que respeita à definição das áreas prioritárias, estas estão diretamente relacionadas com os problemas e necessidades mais preocupantes no município, mas cuja resolução assenta na existência dos mais variados recursos (infraestruturas, técnico financeiros, aprovação de projetos e trabalhos em parceria) e no seu desenvolvimento, para que a sustentabilidade das propostas seja possível e posteriormente proporcione outras linhas de intervenção.

Com a junção das prioridades sectoriais, é possível combater de alguma forma os problemas que se apresentam noutras áreas sociais, que estabelecem entre si uma dependência. Desta forma, com base nos pressupostos apresentados, e nas sínteses delineadas em cada área do DS3, concebeu-se a presente síntese de prioridades de intervenção, através a qual se pretende atuar ao nível de diversos domínios

No que se refere ao município de Barrancos, é importante salientar que o mesmo é uma região sui generis, onde tudo é vivenciado de uma maneira muito própria, tendo como problema principal o despovoamento, o envelhecimento e a debilidade do tecido económico e/ou empresarial.

A cultura e a tradição do Povo Barranquenho são, sem sombra de dúvida, uma forte herança para as suas gentes. Se, por um lado, esta “herança” cultural pode de certa forma contribuir para o sentimento de passividade (ou resignação), uma espécie de conforto social, limitando a procura de novos horizontes para a resolução das suas dificuldades, por outro lado dá-lhes a alegria ou “salêro” caraterístico das populações do Sul. Esta idiossincrasia faz esquecer as vicissitudes do isolamento a que estão votados desde tempos imemoriais, por força do contexto geográfico que os manteve afastados doutras gentes.

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Este município, um pouco à semelhança dos restantes municípios do Alentejo em geral, e do Baixo Alentejo, em especial, evidencia um comportamento demográfico que remete para o registo de sucessivos refluxos que persistem e apontam para um cenário de despovoamento. Aliado a este fenómeno surgem outros, como a redução da população ativa e o duplo envelhecimento populacional, o que numa região depauperada, nomeadamente no que respeita à densidade populacional pode constituir um fator bastante penalizador para o desenvolvimento.

O município de Barrancos tem vindo a registar mudanças estruturais significativas. Até aos anos 1960, a agricultura permitiu o sustento da população, mas o reflexo de várias condicionantes, quer económicas, de expetativas, e até climatéricas, operaram as mudanças. Estes fatores contribuíram para a primeira vaga de êxodo populacional. A partir da década de 60 (séc. XX), o município registou fluxos migratórios significativos para outras regiões com maior capacidade empregadora e que necessitavam de mão-de- obra, sendo por isso muito apelativa a uma população que enfrentava condições de vida pouco satisfatórias ou miseráveis.

A estrutura sócia produtiva do município é marcada pela debilidade do tecido empresarial, dispondo de poucas indústrias, ainda que com potencialidades, ligada aos produtos endógenos - a transformação de carne de porco preto alentejano (Presuntos e Paletas de Barrancos com Denominação de Origem Protegido) e os enchidos tradicionais, tudo com método de cura natural.

Noutras áreas, mas também com fragilidades, destacam-se as micro e/ou pequenas empresas na área das restauração, do alojamentos, de bebidas e similares, bem como da construção civil; a produção de mel; a olivicultura cuja azeitona, apesar de em pouca quantidade, contribui em larga escala para o reconhecimento e qualidade do azeite biológico comercializado sob a marca “Azeite de Moura”; e, ainda, a extração de xistos duros, estes últimos com potencial de desenvolvimento.

No campo, releva a potencialidade e vitalidade do sector da agropecuária em sistema extensivo.

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Face aos problemas existentes é necessário promover o desenvolvimento económico, atraindo investimentos para o município; Desenvolver a marca “Barrancos”, projetando-a como Capital do Presunto; potenciando e dinamizando o Parque Empresarial de Barrancos, como âncora para o desenvolvimento local, sem esquecer o Parque de Feiras e Exposições que permite a realização de eventos de promoção dos produtos locais e de atração turística.

Relativamente ao (des)emprego é importante salientar que, para atenuar as consequências da pouca oferta de trabalho e a elevada taxa de desemprego, os agentes institucionais e as entidades locais têm recorrido a medidas alternativas de “sustento” da população, através dos programas de atividade ocupacional (nacional), de programas sociais (municipal) e de ações de formação profissional, que têm permitido à população algum rendimento, evitando o abandono definitivamente da sua Terra.

Esta região assume, contudo, uma postura muito própria face a este problema pois, apesar da sua existência não se registam muitos esforços no sentido de promover mudanças definitivas: não se criam novos postos de trabalho, mas isso também não era motivo para a sua procura fora da região. Este apego a Barrancos, era forte e estava mais enraizado. Hoje, na falta de expetativas de empregabilidade em Barrancos, os jovens, sobretudo aqueles que estudam fora, na sua maioria não regressam, contribuindo desta forma para a diminuição populacional e a depauperação dos recursos qualificados.

Importa, pois, refletir sobre esta realidade. O desemprego, o isolamento social, a fraca dinâmica económica e os parcos recursos existentes no município poderão estar na origem de uma postura pouco ativa da população, para a resolução dos seus problemas socioprofissionais. Resulta daqui a inexistência de projetos de vida para os jovens, onde a oferta escolar não ultrapassa o 9º ano de escolaridade. Este é, talvez, um dos mais graves problemas do município, pois quando a população, principalmente os jovens, não têm expetativas e aspirações em relação ao futuro, não se podem esperar grandes mudanças na comunidade, quer a nível económico quer a nível social.

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Barrancos é um município onde existem alguns problemas relacionados com a falta de projetos de desenvolvimento por parte da população, e para os quais as estruturas existentes não têm capacidade de resposta a curto e médio prazo. Contudo, não se detetam entre a população, problemas sociais significativos, além dos já focados. Continuam a existe na comunidade, pelas caraterísticas rurais que conserva ainda hoje, redes de solidariedade que a defendem dos graves problemas sociais que assolam as sociedades urbanas. Mas, com a evolução de mentalidades e a influência de redes sociais, esta não é eterna e tende a regredir.

Para a fixação da população, a principal prioridade assenta numa melhoria substancial no tecido económico e social. É nesta perspetiva que faz sentido a intervenção do Município (CMB), na captação de investimento e empresas, na promoção das potencialidades locais, no envolvimento da população, nomeadamente os jovens para a criação dos seus projetos de vida e, consequentemente, na criação de uma nova dinâmica psicossocial e económica. A manutenção ou a criação de novos incentivos às empresas, e o ajustamento de medidas sociais já aplicadas, para aumentar a natalidade, fixar casais jovens e retardar o despovoamento, continuará a ser prioridade municipal.

Na área da educação, uma das prioridades passa pela manutenção da escolaridade em Barrancos até ao 9º ano de escolaridade e a fixação progressiva dos docentes no quadro. O alargamento até ao 12º ano, previsto nos diagnósticos anteriores, estará, neste momento, inviabilizado pela redução populacional.

A continuação do acompanhamento psicossocial dos alunos por psicólogo/a educacional, que tem vindo a ser realizado desde há mais de 10 anos, e o trabalho em articulação com profissionais da Equipa Local de Intervenção Precoce, são outras das prioridades que se deve ter em conta, dando continuidade ao processo de abertura da escola à comunidade local, que se vem desenvolve nos últimos anos.

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No domínio do património cultural, o aprofundamento do estudo do “Barranquenho”, enquanto “língua da comunidade barranquenha”, e elaboração de uma convenção ortográfica para normalização linguística), constitui uma outra prioridade, pois levará à continuidade do falar barranquenho e a sua transmissão às gerações futuras. A sua preservação enquanto língua minoritária, será de interesse geral.

A classificação dos Tabuados, como Património Cultural de interesse municipal também será prioridade.

Relativamente à ação social, diversas áreas são de certa forma prioritárias, de entre elas podemos mencionar a população portadora de deficiência ou com dependências, sendo crucial a implementação de campanhas de sensibilização e informação, no sentido da real integração do deficiente. O estatuto do cuidador informal, em fase de aprovação no Parlamento, bem como o reforço da consulta médica e de enfermagem ao domicílio, em especial para acamados, também vai contribuir para atenuar as desigualdades e reforçar os laços sociais. A aquisição de novos equipamentos para o banco de ajuda técnicas, parceria entre a CMB, a saúde e a IPSS Lar Nossa Senhora da Conceição, será outra das intervenções prioritárias.

No que diz respeito ao Rendimento Social de Inserção (RSI), é importante a criação do Serviço de Atendimento Integrado, onde se divulgue aos beneficiários os seus direitos e deveres sociais; de igual modo, será importante atuar no ramo da toxicodependência, sensibilizando os mais jovens sobre esta problemática; a elaboração de um Plano Municipal de Prevenção de Toxicodependência e de Alcoolismo, também deverá ser ponderado.

A nível da Infância e juventude, será pertinente sensibilizar e alertar os mais novos sobre as consequências do comportamento do Bullying e dos problemas da exposição excessiva às redes sociais. Já quanto á terceira idade, deverá ser aproveitada as oportunidades das tecnologias da informação e comunicação (TIC e redes sociais) como novas formas de aprendizagem e de comunicação com os familiares, muitas vezes ausentes.

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Na falta de capacidade da ERPI, como forma de retardar a institucionalização, mantendo os idosos nas suas casas, deverá ser desenvolvido um projeto piloto de Centro de Noite, com comparticipação nacional (através da Segurança Socia) e/ou do Município. O SAD Integrado (SAD I), que já foi uma resposta social tradicional, também poderá ser uma opção.

O reforço do banco de medicamentos, como forma de atenuar as elevadas despesas dos reformados e pensionistas com a saúde e a implementação do Telealarme, serão outras das propostas no domínio social, que deverá ser dinamizado pelo Município (CMB), isoladamente ou em parceria.

Na Segurança, as prioridades de intervenção recaem, sobretudo, no aumento de equipas do NIAVE, para uma maior intervenção, junto das vítimas, principalmente de violência doméstica, aquisição de novas viaturas para a GNR, o reforço dos efetivos tendo em conta a área de intervenção, e a mudança para as novas instalações (em fase de empreitada em maio 2019).

No que se refere aos Bombeiros e à Proteção Civil, para além da remodelação das instalações, que apresentam algumas deficiências, deverá proceder-se à aprovação de um plano de renovação parcial e/ou total do parque de viaturas, muito envelhecido e degradado. O reforço do pessoal do quadro ativo, com os incentivos ao voluntariado de âmbito municipal e nacional, também constitui uma prioridade.

No domínio da habitação, não existindo terrenos para novos bairros habitacionais, deverá ser dada prioridade à recuperação dos prédios urbanos degradados, devolutos e/ou abandonados, existentes por toda a vila. Um plano de intervenção, com aquisição ou imposição de melhoramento, aproveitando o quadro legislativo poderá ser a solução.

Na área da saúde, ultrapassada a questão das instalações, deverá ser melhorado o sistema de atendimento, sem condicionamento das senhas dentro do período de funcionamento do serviço, evitando as deslocações a Moura (urgências) ou ao centro de salud de Encinasola, muito procurado pela população.

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O atendimento médico ao domicílio, não só para os acamados, como acima referido, deve ser reforçado, a exemplo do que já sucede com a enfermagem, evitando a deslocação ao centro de saúde de doentes com fragilidades físicas e psíquicas.

Ao nível da Saúde Mental, que causam limitações funcional ou até mesmo situações de dependência, deverás ser ponderado um programa de ocupacional ou de atividades no âmbito Rede Social, sob a coordenação do centro de saúde e apoio da CMB e LNSCB. Ainda no âmbito das dependências, será importante o estabelecimento de um plano de formação para cuidadores formais (para profissionais da saúde, enfermagem e auxiliares do LNSCB) e informais para a população em geral.

Relativamente ao associativismo, parece ser importante para o município, bem como para os empreendedores, a dinamização de ações que vão de encontro com o interesse da população abrangida, assim como o estabelecimento de atividades regulares que incentivam a participação e cooperação de jovens.

Com a resolução progressiva e em tempo oportuno, das prioridades enumeradas no DS3, e a concretização de uma verdadeira política nacional de apoio aos territórios de baixa densidade, que reduza as assimetrias nacionais, fixando população nas regiões despovoadas, o município de Barrancos tem futuro enquanto território com qualidade de vida.

Em suma, podemos esquematizar algumas das prioridades de intervenção de onde salientamos: a implementação de uma cultura de parceria entre os parceiros sociais, assim como com instituições públicas e privadas com vista à promoção do desenvolvimento social e económico do município; a intervenção junto da própria comunidade através de recursos existentes nos parceiros; envolvimento das instâncias superiores nos processos de decisão.

Contudo, estas problemáticas detetadas irão ser trabalhadas dentro das diversas áreas de intervenção de acordo com a esquematização seguinte:

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Quadro 88 - Áreas de Intervenção e parceiros para monitorização do DS

ÁREAS PARCEIROS

- Câmara Municipal de Barrancos -Escola Básica Integrada de Barrancos Emprego e formação -Junta de Freguesia de Barrancos profissional; -Instituto do Emprego e Formação Profissional Estrutura económica e - Barrancos Futebol Clube educação - Associação de Pais e Encarregados de Educação da EBI de Barrancos

-Câmara Municipal de Barrancos Segurança; -Guarda Nacional Republicana de Barrancos Habitação e Associativismo - BVB

-Câmara Municipal de Barrancos - Centro de Saúde

- Segurança Social Ação Social -Lar Nossa Senhora da Conceição Saúde - Instituto Português da Juventude

- Centro Social e Cultural dos Trabalhadores da CMB - Associação de Reformados de Barrancos

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Bibliografia

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webgrafia

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