Sidney Lazaro Martins
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Sistemas para a Transposição de Peixes Neotropicais Potamódromos ANEXO 3: PEIXES NEOTROPICAIS. 319 Sistemas para a Transposição de Peixes Neotropicais Potamódromos Não se intenciona e apresentar o universo com cerca de 3.000 espécies de peixes continentais neotropicais nacionais, ou seja, cerca de 1/4 das existentes, mas ilustrar as diversidades e as potencialidades econômicas, esportivas, turísticas e ambientais desses animais para ampliar a sua importância e fortificar as ações mitigadoras de impactos ambientais nos meios aquáticos, principalmente sobre os advindos do barramento de rios. Apresenta-se, também, quando disponível, os comprimentos (TL) das espécies, que podem ser úteis nos dimensionamentos dos sistemas para a transposição. Os nomes vulgares dos peixes não fornecem indicações técnicas das relações entre diversos grupos de peixes. Os zoólogos utilizam uma nomenclatura internacional que é constituída por nomes derivados do latim e do grego. Esses nomes podem parecer complicados e eruditos, mas são indispensáveis, para os especialistas, o domínio dessas designações científicas. De acordo com a convenção internacional, os nomes científicos devem ser impressos em itálico, sendo o gênero iniciado com maiúscula e a espécies em itálico minúsculo (quando a espécies é desconhecida atribui-se, sem itálico: spp quando há várias espécies e sp a uma espécie). A classificação internacional plena de uma Tainha será: Classe: Osteichthys; Subclasse: Actinopterygii; Ordem: Perciformes; Subordem: Mugiloidea; Família: Mugilidae; Gênero: Mugil; Espécie: brasiliensis ou de um Dourado fluvial será: Dourado fluvial: Super-ordem: Ostariophysi; Ordem: Chariformes; Família: Characidae; Sub-família: Salminus hilarii. Na convivência técnica local, a designação científica dos peixes consiste, geralmente, em duas partes: nome genérico escrito em itálico, com a inicial em maiúscula e o nome trivial escrito também em itálico com minúsculas, que designa apenas uma espécie dentro do gênero. A proporção dos peixes na composição da fauna varia, principalmente, em função da diversidade dos nichos. Em geral o Potamon abriga formas adaptadas aos ambientes lênticos e o Rhithron abriga as espécies adaptadas aos ambientes lóticos. 320 Sistemas para a Transposição de Peixes Neotropicais Potamódromos A fauna de peixes nacionais pode ser dividida em sete grupos principais, segundo BRITSKI, 1994: 9 Characiformes; 9 Siluroidei; 9 Gymnotoidei 9 Cichlidae; 9 Cyprinodontiformes; 9 Invasores Marinhos e 9 Relitos. As espécies fluviais nacionais podem ser classificadas como: exóticas, provenientes de outros continentes ou outra região biogeográfica (Carpa, Tilápia, “Black Bass”, truta, Salmão, “Catfish”); alóctones, provenientes de outras bacias e autóctones, provenientes da mesma bacia. Há uma nova tendência mundial, principalmente para os locais com megabiodiversidade de peixes, a identificação da espécie através do DNA. Este processo classificatório e de identificação pode desencadear uma mudança nas quantidades e classificação das espécies de peixes e a possibilidade do melhoramento genético com espécies de peixes puras. No momento os pesquisadores procuram a resposta para uma dúvida muito comum: quais as diferenças entre a jatuarana (Brycon ssp) e a matrinxã (Brycon brevicauda), ver Figura 213, e entre os exemplares dessas espécies nas diferentes bacias onde elas ocorrem. Os pesquisadores querem, com os exames de DNA, saber muito mais do que as diferenças aparentes como o tamanho, por exemplo. Há relatos de jatuaranas com até 7kg enquanto a matrinxã não passa dos 3,5kg (TERRA DA GENTE, 2005). Figura 213: Padrão visual semelhante: Jatuarana e Matrinxã. 321 Sistemas para a Transposição de Peixes Neotropicais Potamódromos Fonte: TERRA DA GENTE (2005), CEPTA (2005). Na Tabela a seguir apresenta-se, ilustrativamente, a diversidade dos peixes nacionais, onde é adequado e biologicamente correto, apresentar as suas famílias e espécie, além do nome vulgar mais próximo ao tratamento não específico acolhido pela maioria de interessados técnicos e leigos. A população, de maneira geral, desconhece o universo e a importância dos nossos peixes. Poucos sabem e muito menos presenciaram uma piracema, rodada ou rufada, mesmo os biólogos, ecólogos e ambientalistas os mais interessados e fundamentados. No curso atual de desenvolvimento econômico e não cultural, os cardumes devem ser mais raros, tendendo a extinção dos peixes migradores. Não há quantificações de cardumes nacionais, mas seguramente, durante a piracema, chegam à unidade ou dezenas e centenas de milhar, por espécie, em migração ascendente quando adultos e descendentes quando alevinos. Muitas espécies aglutinam-se em mesmos períodos para migrarem e outros cardumes os seguem para predação. Fica evidente a supremacia dos peixes de couro no reinado neotropical dos peixes nacionais que pela quantidade ou devido ao peso ou porte. Apesar do grande porte de nossos peixes de couro no universo ictíico, a maior parte é de pequenos peixes não menos importantes no meio ambiente aquático (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2004). Durante certo tempo no cenário nacional, adjetivavam-se os sistemas para transposição de peixes, principalmente para favorecer o movimento migratório ascendente, como inviáveis aos peixes de couro, classificando essas estruturas como seletivas e inadequadas. Com o conhecimento atual, as novas estruturas nacionais desmistificaram essa proposição, revelando-os como assíduos usuários de STP’s. A eficiência dos STP’s nacionais não é mais uma possibilidade, mas uma alternativa mitigadora importante aos ambientes aquáticos modificados devido às barragens, tanto que se desenvolve uma preocupação com o esvaziamento ictíico à jusante, acentuando a necessidade de estruturas específicas para o retorno dos peixes ou as amigáveis: turbinas, tomadas de água, vertedores, “bypasses”. 322 Sistemas para a Transposição de Peixes Neotropicais Potamódromos Há um anexo fotográfico sobre peixes para ilustração e verificação da diversidade de nossos peixes. Tabela 62: Características de Peixes Neotropicais. M Família Espécie Nome Vulgar Pele LT (cm) (kg) Anostomídeos Abramites hypselonotus Zebrinha E 11 Acanthicus Adonis 80 Locariídeos Acanthis histrix Cari pirarara 70 Acanthodoras 15 spinosissimus Characídeos Acestrocephalus sardinha Cachorrinha, gata Characídeos Acestrorhynchus hepsetus Saicanga, Cachorro E 20 Characídeos Acestrorhynchus lacustris Saicanga, Peixe-cachorro E 0,3 30 Acestrorhynchus Dourado-cachorro, Peixe- Characídeos E 25 pantaneiro cachorro Acestrorynchus lacustris Saicanga, Peixe-cachorro E 0,3 35 Characídeos Acnodon normani Pacu, Branquinha 15 Adontosternarchus 20 balasenops Palmito, Manduba, Fidalgo, Auchenipterídeos Ageneiosus brevefilis P 2,5 60 Cascudo-abacaxi Ageneiosus dentatus Mandubê, Mandi- leiteiro C 0,3 30 Pimelodídeos Ageneiosus valenciannesis Palmito, Fidalgo C 2,0 50 Aguarunichthys 45 tocantinsessis Engraulidaeos Anchoviella carrikeri Sardinha Characídeos Anisitsia notata Jatuarana E 3,0 40 Anodus elongatus Voador, Ubarana E 0,5 40 Parodontídeos Apareidon affnis Canivete 10 Apteronotídeos Apteronotus albifrons Lampréia, Tuvira Aphanotorulus frankei 40 Aphyocharax anisitsi Pequira E 5 Apistogramma trifasciata Cará 3 Arapaima gigas Arapaima 200 Hemiodontídeos Argonectes robertsi Piau voador de coleira Hemiodontídeos Argonectes scapularis Voador, Jatuarana E 0,3 33 Arius jordani 40 Characídeos Astinax faciatus Lambari do rabo vermelho E 10 Ciclídeos Astronotus ocellatus Acara-apaiari, Acará-açu E 1,0 30 Lambari do rabo amarelo, Characídeos Astyanax bimaculatus E 17 Canivete, Piaba, Tambiu Auchenipterus nuchalis Filho de égua Ariideos Bagre bagre Bagre-fidalgo C 60 Baryancistrus niveatus 25 Bivibranchia velox Piau bicudo Ctenoluciídeos Bouleengerella cuvieri Bicuda E 10,0 150 Bouleengerella lucia Palmito 20 Ctenoluciideos Bouleengerella maculata Bicuda E 30 Ctenoluciideos Bouleengerella ocellata Bicuda E 6,0 70 Pimelodídeos Brachyplatysoma vaillanti Piramutaba, Piraíba, Piratinga C 70,0 120 Brachyplatystoma Pimelodídeos Piraíba, Filhote, Cadete C 300 250 filamentosum Brachyplatystoma Pimelodídeos Dourada, Piramutuba C 20,0 150 flavicans Brochis multiradiatus 20 Leporinus Brycon brevicauda Matrinxã E 4,0 45 Leporinus Brycon brevicauda Piracanjuba, Ladina E 0,6 30 Leporinus Brycon devilley Piabanha, Piabinha E 1,5 30 Brycon falcatus Ladina 323 Sistemas para a Transposição de Peixes Neotropicais Potamódromos M Família Espécie Nome Vulgar Pele LT (cm) (kg) Characídeos Brycon hilarii Piraputanga E Leporinus Brycon insignis Piabanha, Piabinha E 1,5 30 Leporinus Brycon keynhardtii Sardinha-colim E 0,2 35 Characídeos Brycon lundi Piracanjuba E 5,0 50 Leporinus Brycon matrinxá. Matrinxã E 5,0 60 Characídeos Brycon microlepis Piraputanga E 2,5 45 Characídeos Brycon nattereri Pirapitinga, Tubarana E 2,0 Characídeos Brycon orbignyanus Pirapitinga, Piracanjuba E 5,0 100 Characídeos Brycon reynhardtii Pirapitinga E 1,5 35 Characídeos Brycon reynhardtii Pirapitinga E 1,5 35 Characideos Brycon ssp Jatuarana 8,0 100 Characídeos Brycon striatus Piabinha E 20 Chilodontídeos Caenotropus labyrinthicus João duro Soleídeos Catathyridium jenynsii Linguado E Ciclídeos Cichla monoculus Tucunaré azul E 7,0 60 Ciclídeos Cichla ocellaris Tucunaré amarelo E 3,5 50 Ciclídeos Cichla temensis Tucunaré-paca; Tucunaré-açu E 10,0 80 Characídeos Colossoma brachypomum Pirapitinga, Caranha E 2,5 40 Characídeos Colossoma macroporum Tambaqui E 25,0 90 Characídeos Colossoma mitrei Tambaqui, Pacu-caranha E 15,0 60 Characídeos Colossoma schomburgkii