Augusto Castilho E a Revolta Da Marinha Brasileira Em 1893-94: O Conflito Entre Princípios Humanitários, Rigor Militar, Acção Política E Diplomacia

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

Augusto Castilho E a Revolta Da Marinha Brasileira Em 1893-94: O Conflito Entre Princípios Humanitários, Rigor Militar, Acção Política E Diplomacia João Freire AUGUSTO CASTILHO E A REVOLTA DA MARINHA BRASILEIRA EM 1893-94: o conflito entre princípios humanitários, rigor militar, acção política e diplomacia Academia de Marinha João Freire AUGUSTO CASTILHO E A REVOLTA DA MARINHA BRASILEIRA EM 1893-94: o conflito entre princípios humanitários, rigor militar, acção política e diplomacia Investigação realizada no âmbito da Academia de Marinha Lisboa 2018 Ficha Técnica Título: Augusto Castilho e a revolta da Marinha Brasileira em 1893-94 Edição: Academia de Marinha, Lisboa Data: Junho 2018 Tiragem: 250 exemplares Impressão e Acabamento: ACD PRINT, S.A. Depósito Legal: 444105/18 ISBN: 978-972-781-140-3 Índice Apresentação 7 1. Quem era Augusto Vidal de Castilho Barreto e Noronha: uma carreira marítimo-colonial com desempenhos relevantes 9 2. A implantação da República Brasileira e as suas atribulações iniciais: causas e implicações da revolta da Marinha 21 3. Rio de Janeiro: a gestão de uma crise prolongada, em registo naval-diplomático 33 4. O asilo aos revoltosos nos navios portugueses 67 5. A ida das corvetas para o Rio da Prata e a fuga dos refugiados 87 Uma semana de mar sem novidade 88 Em Buenos Aires, até aos incidentes do dia 8 de Abril 89 As diligências e confusões para o transporte dos asilados para Portugal 93 Estadia em Montevideu e a clamorosa fuga de 27 de Abril 96 A cadeia rompe sempre pelo elo mais fraco 101 O regresso dos navios e o fim da missão 104 6. Relações diplomáticas Portugal-Brasil em dificuldade 107 Relações consulares afectadas (isto é: interesses económicos e sociais) 108 A interrupção das relações diplomáticas 112 Mediação e superação do conflito diplomático 121 7. Crítica e reabilitação de um marinheiro 125 Notas conclusivas 149 Fontes e Bibliografia 157 5 APRESENTAÇÃO O nome de Augusto de Castilho não figura em qualquer rua de Lisboa ou do Porto mas apenas em um arruamento de Ourém (ou talvez em alguma outra modesta vila de província), quiçá por influência maçónica de uma sua pretérita vereação. Entre os curiosos da história pátria, é mais conhecido pelo nominativo atribuído a um improvi- sado navio-patrulha que já no final da Grande Guerra, em 14 de Outubro de 1918, foi afundado por um submarino alemão perto dos Açores, para onde seguia sob o comando do primeiro-tenente Carvalho Araújo, que pereceu no combate. Porém, para os conhecedores da história da Armada e da moderna colonização portuguesa em África, Augusto de Castilho é um nome de referência que merece ampla- mente ser recordado para os novos públicos de leitores, ainda que de maneira sumária, como aqui é feito. Por exemplo, já em Do Controlo do Mar ao Controlo da Terra (Ed. Cult. Marinha, 2013) o autor havia sido confrontado com o seu papel como governador-geral de Moçambique entre 1885 e 1889, durante o qual comandou a acção naval de ocupação da baía de Tunguè (depois chamada Palma), afrontando os negreiros e os interesses do Sultanato de Zanzibar, e ordenou nova campanha de guerra na Zambézia, que acabou por ditar a sua exoneração do cargo, por desacordo com a política de Lisboa quanto à questão dos “prazos”. Por outro lado, poucos conhecerão hoje o facto, os contornos e as incidências de, em 1894, o Brasil ter cortado as relações diplomáticas com Portugal devido à ocorrência de um episódio político-militar em que Augusto de Castilho foi uma das personagens fulcrais, no “olho do furacão” daquela que ficou conhecida como a Revolta da Armada, na recém-criada República dos Estados Unidos do Brasil. Contudo, vale a pena dizer que, segundo recorda o comandante Cyrne de Castro, por volta de 1950 o professor da cadeira de Direito Internacional Marítimo da Escola Naval do Alfeite, comandante Joaquim Quelhas Lima, referia este como um case study dos conflitos morais, jurídicos e diplomáticos para os quais qualquer oficial de marinha devia estar preparado no exercício das suas missões de comando. Estes foram os elementos de motivação que incitaram o autor a meter ombros a nova investigação de arquivo quando, por casualidade, descobriu que um livrinho havia sido editado em Paris logo em 1894 sob o título Le Portugal et le Brésil: Conflit diploma- tique tendo como figura central o comandante Castilho e o seu julgamento em conselho de guerra em Lisboa, na sequência do referido caso da revolta da esquadra brasileira. O que se segue é o resultado da investigação realizada. As fontes historiográficas utilizadas foram principalmente a correspondência diplomática guardada no Arquivo Histórico- -Diplomático e os documentos conservados na Biblioteca Central de Marinha-Arquivo Histórico, além da imprensa e da bibliografia que vai referida no final. 7 AUGUSTO CASTILHO E A REVOLTA DA MARINHA BRASILEIRA EM 1893-94 1 – QUEM ERA AUGUSTO VIDAL DE CASTILHO BARRETO E NORONHA: UMA CARREIRA MARÍTIMO-COLONIAL COM DESEMPENHOS RELEVANTES Augusto de Castilho figura entre os nomes grandes da Marinha portuguesa da segunda metade do século XIX. Mas hoje a maioria desconhecerá provavelmente os motivos que deram origem a essa reputação. Porque Castilho é a figura central dos dra- mas acontecidos no Brasil com a “revolta da armada”, justifica-se que façamos aqui uma referenciação sumária aos principais passos da sua carreira naval quando chega a águas brasileiras em 1893, contava então 52 anos de idade. Augusto Castilho nasceu em Lisboa a 10 de Outubro de 1841, segundo filho de D. Ana Carlota Xavier Vidal, senhora madeirense que foi a segunda mulher do escritor, poeta, pedagogo e polemista António Feliciano de Castilho (1800-1875), que em 1870 recebeu do rei D. Luís o título de visconde e em 1865-66 ficara no auge – e em cheque – com a “questão Coimbrã” (ou do “bom senso e bom gosto”), polémica literária, social e veladamente política desencadeada por um grupo de jovens universitários liderados por Antero do Quental contra os compadrios e o academismo romântico oficial, insta- lados no país sob a égide do invisual Feliciano. Entre os seus seis irmãos distinguiram-se também o poeta Eugénio de Castilho e sobretudo o funcionário da Biblioteca Nacional, olissipógrafo e memorialista Júlio de Castilho (1840-1919), que herdou o título do pai. Augusto de Castilho teve como padrinho Alexandre Herculano, amigo de seus pais. Quiçá influenciado pelo tio Alexandre Magno de Castilho (1835-1871), oficial de mari- nha e geógrafo, autor de Descrição e Roteiro da Costa Ocidental de África desde o cabo de Espartel até o cabo das Agulhas (1866-67), o estudante Augusto frequentou em Lisboa as cadeiras preparatórias na Escola Politécnica e assentou praça na Escola Naval a 22 de Setembro de 18591, como aspirante de 3ª classe do curso de marinha2. Com regulari- dade, foi passando, de ano em ano, a aspirante de 2ª e de 1ª classes, e a guarda-marinha em 2 de Março de 1862. Segundo autor não identificado3, Castilho fez o seu percurso académico com louvores dos seus mestres e na Politécnica frequentou mesmo cadeiras não exigidas para a Escola Naval. Também é a mesma testemunha secreta4 que nos revela 1 O seu requerimento foi deferido nessa data, conforme consta em documento singular conservado em arquivo (BCM-AH, Doc. Avulsa, Cx. 760). 2 Para leitura de enquadramento da evolução da Armada portuguesa ao longo do século XIX e seguinte, pode sugerir-se o livro de Freire, Jornal da Marinha, 2016. 3 Mas seu próximo colega de estudos, que fornece interessantes detalhes do seu temperamento em Le Portugal et le Brésil - Conflit diplomatique, 1894: 7-20. 4 O livro tem data de 1894 (embora só decerto publicado em 95, pois inclui já a sua absolvição judi- cial), quando estava vivíssima a polémica pública suscitada pelos acontecimentos no Brasil e o seu julga- mento em Conselho de Guerra. Daí a compreensível reserva na identificação deste autor, seu camarada. 9 JOÃO FREIRE alguns traços menos conhecidos da sua personalidade como, além do desembaraço e desprendimento, a facilidade com que falava várias línguas estrangeiras5. Ainda aspirante, embarcou em 1860 na corveta Bartolomeu Dias, então comandada pelo infante D. Luís, que foi a Angola chefiar a expedição ao Ambriz (da qual guardou a respectiva medalha comemorativa), contra os negreiros e as ambições britânicas de pegarem pé naquela zona. De acordo com o autor acima referido, Castilho evidenciou-se também aos olhos do seu comandante pela maneira como era capaz de recitar poemas líricos: «on dirait que la poésie changeait de forme; elle semblait toute nouvelle, telle était la vérité, la grâce d’expression, l’art puissant dont le jeune élève savait rendre les traits de l’auteur, et d’en augmenter l’éclat». Porém, segundo a mesma sigilosa testemunha, um conhecido articulista desvendou em 1864 na Gazeta de Portugal que o jovem aspirante tivera a ousadia de oferecer à prima-donna Tédesco, que encantara São Carlos, alguma da sua produção poética, mas confessando: «Je crains que ces premiers vers ne soient ses derniers. Auguste de Castilho n’a plus touché de sa lyre»6. Em Maio de 1861 seguiu para a Índia na fragata D. Fernando, onde ficou até 1864 embarcando mas pouco navegando no brigue Conde de Vila Flor (do capitão-tenente Pery de Linde)7 e depois na corveta à vela Damão8. Com pouco serviço náutico, cola- borou então com o Padroado Português do Oriente, ao tempo do governador conde de Torres Novas, em tarefas arqueológicas e de delimitação do seu círculo de jurisdição, realizando também missões para o estudo das instalações da Marinha e reforma do arse- nal de Goa, bem como a aquisição de madeiras para a conclusão da corveta Damão. Na “informação”9 prestada pelo comandante deste navio a 1 de Janeiro de 1864, tinha Castilho 22 anos de idade, diz-se que: «É robusto e tem boa saúde.
Recommended publications
  • Redalyc.Rio Branco, Grand Strategy and Naval Power
    Revista Brasileira de Política Internacional ISSN: 0034-7329 [email protected] Instituto Brasileiro de Relações Internacionais Brasil ALSINA JR., JOÃO PAULO Rio Branco, grand strategy and naval power Revista Brasileira de Política Internacional, vol. 57, núm. 2, julio-diciembre, 2014, pp. 9-28 Instituto Brasileiro de Relações Internacionais Brasília, Brasil Available in: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=35835782002 How to cite Complete issue Scientific Information System More information about this article Network of Scientific Journals from Latin America, the Caribbean, Spain and Portugal Journal's homepage in redalyc.org Non-profit academic project, developed under the open access initiative ARTIGO Rio Branco, grand strategy and naval power Rio Branco, grande estratégia e poder naval http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400302 JOÃO PAULO ALSINA JR.* Rev. Bras. Polít. Int. 57 (2): 9-28 [2014] Introduction José Maria da Silva Paranhos Jr., Baron of Rio Branco, epitomizes Brazilian nationalism.1 Despite the impenetrable personality that motivated Nabuco to call him a “Sphinx,” his political and diplomatic legacy, especially with regard to the demarcation of national borders, is revered as of great importance for the construction of the international identity of Brazil. Although much has been written about the character and his legacy, it seems clear the laudatory character of the vast majority of those narratives. Given the author’s dissatisfaction with this state of affairs and out of respect for the memory of Itamaraty’s patron, I intend to address an issue that lies at the heart of a series of distortions about the meaning of Paranhos Jr.’s diplomacy: the role of naval power in the broader context of the grand strategy implemented during Rio Branco’s administration as chancellor.
    [Show full text]
  • 384 a REVOLTA DOS Marinhemos • 1910 Helio Leoncio Martins a Revolta Dos Marinheiros Foi Um Dos Maiores Abalos ,Que Sofreu a Sociedade Brasileira
    A REVOLTA DO MARIN . .' IROS HÉLIO LEÔNCIO MARTINS ·brasiliana volun1e 384 A REVOLTA DOS MARINHEmos • 1910 Helio Leoncio Martins A Revolta dos Marinheiros foi um dos maiores abalos ,que sofreu a sociedade brasileira. O povo que chegou a chorar de emoção patrió• tica ao ver entrar à barra o Minas Gerais - o maior encouraçado do mundo - acordou subitamente sa­ bendo que aquele objeto do orgulho nacional estava com os canhões vol­ tados para a ciuade, ameaçando bombardear o Rio de Janeiro. A surpresa, o pânico generali­ zaram-se e a crise se resolveu, afi­ nal, por uma anistia votada a toque de caixa com o apoio da oposição. O episódio tem sido objeto de vários estudos, nem sempre isentos de paixão. Este que hoje aparece é resultado de uma investigação honesta e profunda nos documentos originais, nos relatórios oficiais e no noticiário da época. O Vice-almirante da Reserva da Marinha Helio Leoncio Martins nasceu no Rio de Janeiro em 1915 e, apenas formado na Escola Naval, especializou-se em Hidrografia e Navegação. Após cursos de aper­ f eiç~amento no Brasil e nos Esta­ dos- Unidos, foi o autor do levanta­ mento hidrográfico da costa de vários estados brasileiros. Pertence a diversas instituições científicas e é autor de diversos estudos de his­ tória naval. Dirige ou assessora atualmente várias empresas técnicas privadas. A.J.L. H~LIO LEONCIO MARTINS O autor, Vice-almirante Refor­ mado Helio Leoncio Martins, nas­ ceu no Rio de Janeiro, em 1915, formou-se na Escola Naval e espe­ cializou-se em Hidrografia e Nave­ gação.
    [Show full text]
  • The Brazilian Armed Forces: Remodeling for a New Era Frank D
    Diálogos v. 21 n. 1 (2017), 57-95 ISSN 2177-2940 (Online) Diálogos ISSN 1415- http://doi.org/10.4025/dialogos.v21i1 9945 (Impresso) Brasil: Acima de Tudo!! The Brazilian Armed Forces: Remodeling for a New Era http://doi.org/10.4025/dialogos.v21i1.34710 Frank D. McCann Professor of History Emeritus in the University of New Hampshire where he has been on the faculty since 1971, [email protected] ____________________________________________________________________________________________________________________________ Abstract The history of the Brazilian military has been marked by repeated “reforms” and up-dating efforts to keep abreast of developments abroad. Since World War II such efforts were often weakened, delayed, and reduced by involvement in politics, lack of congressional support, and financial instability. The deep-sea oil discoveries were touted as the beginning of a new era of prosperity that would finally allow growth and modernization of the armed forces. The fall in oil prices likely have made that more of a dream than reality, but even so the armed Keywords: forces have been moving ahead. Their schools, academies, and institutes are establishing more open relationships with the republic’s Brazil, Military History, universities. The older army institutions, the Escola Preparatória de Cadetes do Exército and the Academia Militar das Agulhas Negras, have reshaped their programs of study and training. In the process their recruitment pattern has changed in ways that may make the officer Brazilian Army, corps less diverse. The Navy and the Air Force academies seem committed to keeping their programs as they have been. Those services, Modernization, Military by their nature, are more technologically oriented than the army, but the army too is more computerized than a decade ago.
    [Show full text]
  • A Revolta Da Armada E a Revolução Federalista Entre 1893-1895 E Verificar Os Impactos Dessas Ações Nas Relações Entre Brasil E Portugal
    Revista de Estudos Internacionais (REI), ISSN 2236-4811, Vol. 8 (1), 2017 A REVOLTA DA ARMADA, A REVOLUÇÃO FEDERALISTA E AS RELAÇÕES BRASIL-PORTUGAL THE NAVAL REVOLT, THE FEDERALIST REVOLUTION AND THE BRAZIL-PORTUGAL RELATIONS Mateus Fernandez Xavier1 Universidade de Brasília Instituto de Relações Internacionais Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais Brasília - Distrito Federal - Brasil Resumo: O presente artigo tem como objetivo apontar as influências da intervenção estrangeira sobre a Revolta da Armada e a Revolução Federalista entre 1893-1895 e verificar os impactos dessas ações nas relações entre Brasil e Portugal. Procurou-se testar a tese, comum na historiografia, de que o rompimento das relações diplomáticas entre Lisboa e Rio de Janeiro teria sido decorrente da intransigência de Floriano Peixoto. Para realizar o process tracing, a pesquisa baseou-se em fontes primárias e em fundamentação bibliográfica, com vistas a avaliar quais eram os constrangimentos materiais e diplomáticos impostos ao Brasil durante a guerra civil. A apresentação das ações e dos interesses de Portugal possibilitou apontar as principais diferenças de perspectivas e objetivos entre Lisboa e o Rio de Janeiro no contexto em análise, auxiliando a melhor compreender como o desenvolvimento dos fatos levou ao desgaste diplomático que resultou no rompimento de relações. Como resultado, foi possível demonstrar que as principais causas do rompimento em questão decorreram das ações conjuntas dos diferentes atores envolvidos nos conflitos, não sendo simplesmente resultado de idiossincrasias do chefe do Executivo à época. Palavras-chave: Brasil. Portugal. Revolta da Armada. Revolução Federalista. Política externa brasileira. Abstract: This article attempts to describe some influences that foreign intervention had on the Brazilian Naval Revolt and on the Federalist Revolution, from 1893 to 1895, as well as on the relationship between Brazil and Portugal.
    [Show full text]
  • A Marinha E O Fim Da Monarquia: Notas De Pesquisa – 29
    A Marinha e o fim da monarquia: notas de pesquisa José Miguel Arias Neto 1 Resumo: Pretende-se, neste texto, problematizar a emergência da República no Brasil e, mais especificamente para o envolvimento da oficialidade naval neste processo, uma vez que a historiografia brasileira se conformou tranquilamente com a imagem de uma Marinha monarquista projetada retrospectivamente pela memória florianista sobre a Revolta da Armada de 1893. A partir de um conjunto de correspondências trocadas entre oficiais liberais durante a guerra com o Paraguai, procurar-se-á verificar a formação de uma identidade militar que orientou determinada leitura do real e engendrou a participação de parte do oficialato naval na implantação da República. Estes indícios permitem apontar a necessidade de novos estudos sobre a problemática da participação dos oficiais de Marinha na construção da República Brasileira Palavras-chave: Marinha brasileira; Marinha e crise da monarquia; Marinha e proclamação da república Abstract: It is intended, in this paper, to question the emergence of the Republic in Brazil and, more specifically, for the involvement of naval officers in this case, since the Brazilian historiography quietly conformed itself to the image of a monarchist Navy retrospectively designed by the florianist memory about Revolt of the Armada at 1893. From a set of letters exchanged between liberal officers during the war with Paraguay, will seek to verify the formation of a military identity that guided determined reading of the real and engendered the participation of the part of officers in the naval establishment of the Republic. These clues may point out the need for further research into the issue of participation of naval officers in the construction of the Brazilian Republic.
    [Show full text]
  • United States-Brazilian Naval Relations, 1893-1930
    Graduate Theses, Dissertations, and Problem Reports 2017 Naval Diplomacy and the Making of an Unwritten Alliance: United States-Brazilian Naval Relations, 1893-1930 Karina Faria Garcia Esposito Follow this and additional works at: https://researchrepository.wvu.edu/etd Recommended Citation Esposito, Karina Faria Garcia, "Naval Diplomacy and the Making of an Unwritten Alliance: United States- Brazilian Naval Relations, 1893-1930" (2017). Graduate Theses, Dissertations, and Problem Reports. 5552. https://researchrepository.wvu.edu/etd/5552 This Dissertation is protected by copyright and/or related rights. It has been brought to you by the The Research Repository @ WVU with permission from the rights-holder(s). You are free to use this Dissertation in any way that is permitted by the copyright and related rights legislation that applies to your use. For other uses you must obtain permission from the rights-holder(s) directly, unless additional rights are indicated by a Creative Commons license in the record and/ or on the work itself. This Dissertation has been accepted for inclusion in WVU Graduate Theses, Dissertations, and Problem Reports collection by an authorized administrator of The Research Repository @ WVU. For more information, please contact [email protected]. Naval Diplomacy and the Making of an Unwritten Alliance: United States-Brazilian Naval Relations, 1893-1930 Karina Faria Garcia Esposito Dissertation submitted to the College of Arts and Sciences at West Virginia University in partial fulfillment of requirements for the degree of Doctor of Philosophy in History James Siekmeier, Ph.D., Chair Melissa Bingmann, Ph.D. Joel Christenson, Ph.D. Elizabeth Fones-Wolf, Ph.D. Jason Phillips, Ph.D.
    [Show full text]
  • JOÃO CÂNDIDO, MESTRE SALA1 DOS MARES: the LABOR and EVERYDAY LIFE of BELLE ÉPOQUE SAILORS Álvaro Pereira Nascimento2;3
    http://dx.doi.org/10.1590/2236-463320192109 JOÃO CÂNDIDO, MESTRE SALA1 DOS MARES: THE LABOR AND EVERYDAY LIFE OF BELLE ÉPOQUE SAILORS Álvaro Pereira Nascimento2;3 Abstract In the light of historiographical analyses, this paper discusses the spectacular life of João Cândido Felisberto, a black man born in the post-emancipation period, son of former slaves, and leader of one of the greatest sailor revolts in world his- tory, possibly akin only to the 1905 struggle aboard the Russian battleship Potemkin. We went through multiple sources in or- der to analyze Cândido’s origins, experiences and learnings in barracks and battleships, his national and international trips, and his adventures across different Brazilian borders and ci- ties. Guided by a recent young Republican constitution, the early governors and congresses saw the explosion of social and political movements, feared all over the nation. João Cândido was familiar with most of them, and his name appeared in the front page of the most prominent Brazilian and international newspapers when he led hundreds of black sailors in a protest against the physical punishments and terrible work conditions in the Brazilian Navy. Keywords João Cândido – navy – maritime life – post-emancipation period – biography. 1 Mestre sala: an aristocratic rank, especially in Portugal. The mestre sala was a head of ceremonies, comparable to a master of ceremonies. Nowadays, the term concerns a position in Brazilian samba parades, in which, along with the porta bandeira, the mestre sala is responsible for leading the parade and displaying the samba school’s flag to the audience. 2 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
    [Show full text]
  • Revolta Da Armada
    REVOLTA DA ARMADA Rebelião em unidades da Marinha ocorrida entre setembro de 1893 e março de 1894. Começou no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e chegou ao sul do Brasil, onde a Revolução Federalista acontecia simultaneamente. Sem apoio popular ou do Exército, o movimento foi sufocado pelo presidente Floriano Peixoto, a quem pretendia depor. HISTÓRICO Iniciada em 1893, a Revolta da Armada teve seus antecedentes dois anos antes, em 3 de novembro de 1891, quando o primeiro presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, sem conseguir negociar com as bancadas dos estados, especialmente os produtores de café (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), fechou o Congresso Nacional. Unidades da Marinha se sublevaram e, sob a liderança do almirante Custódio José de Melo, ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro. Para evitar uma guerra civil, em 23 de novembro Deodoro renunciou. O vice-presidente, marechal Floriano Peixoto, assumiu seu lugar e não convocou eleições presidenciais, conforme previa o artigo n° 42 da Constituição para o caso de vacância do cargo em menos de dois anos após a posse do presidente. Sua alegação era que tal norma valia para presidentes eleitos por voto direto, e tanto Deodoro como ele próprio haviam sido eleitos indiretamente, pelo Congresso Constituinte. Mesmo assim, foi acusado de ocupar a presidência ilegalmente, e o primeiro movimento de oposição veio em março de 1892, quando 13 oficiais-generais divulgaram um manifesto em que exigiam a convocação de novas eleições. O manifesto acusava Floriano Peixoto de armar “brasileiros contra brasileiros” e denunciava desvio das “arcas do erário público a uma política de suborno e corrupção”.
    [Show full text]
  • Veja O Artigo Na Íntegra Na Versão
    Gláucia Soares de Moura Sentimentos republicanos em pensamentos navais: a participação de oficiais da Marinha na implantação da República brasileira1 Gláucia Soares de Moura Primeiro-Tenente do Quadro Técnico da Marinha do Brasil. Bacharelado em Museologia pela UNIRIO. Bacharelado em Historia pela UERJ. Especialização em Supervisão Escolar pela UFRJ. Especialização em História Militar pela UNIRIO RESUMO ABSTRACT Este estudo visa a constatar a participação da This essay aims to evidence the participation Marinha brasileira nos episódios que levaram à of the Brazilian Navy in the episodes that Proclamação da República e à sua consolidação preceded the Proclamation of the Republic and durante o período chamado de “República da its consolidation during the period known as the Espada” (1889 a 1894). A partir dos contextos “Republic of the Swords” (1889-1894). From social, político, econômico, social e cultural que cultural, economical and political context, the envolveram esse período, são abordados os fatos historical facts are approached through the históricos que o constituíram por meio dos thinking, the sentiments and the actions of some pensamentos, sentimentos e das ações de alguns of the officers that directly influenced the dos oficiais que influíram diretamente nos destination of the Republican Navy. destinos da Marinha republicana. PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA; MARINHA; REPÚBLICA KEYWORDS: HISTORY; NAVY; REPUBLIC INTRODUÇÃO Construir uma abordagem da história militar, diferente da “história batalha”, é possível ao estudarmos a história militar dentro da história da nação, o que permite a análise dos sentimentos, pensamentos e ações dos cidadãos militares que compõem a sociedade. Na Escola dos Annales encontramos o homem no centro do discurso histórico, como nos diz Lucien Fevre: “Não há história a não ser a do homem (...) a história, ciência humana, e então, os fatos, sim: mas são fatos humanos; tarefa do historiador”2 e Marc Bloch: “São os homens que a história pretende apreender.
    [Show full text]
  • Fernando Manoel Athayde Reis
    1 FERNANDO MANOEL ATHAYDE REIS ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA NO APARELHAMENTO DO PODER NAVAL BRASILEIRO. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciência Política. Área de Concentração: Estudos Estratégicos Orientador: Prof. Dr. JOSÉ CARLOS ALBANO DO AMARANTE Co-orientador: Prof. Dr. THIAGO MOREIRA DE SOUZA RODRIGUES Niterói, RJ 2015 2 FERNANDO MANOEL ATHAYDE REIS ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA NO APARELHAMENTO DO PODER NAVAL BRASILEIRO. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciência Política. Área de Concentração: Estudos Estratégicos Aprovada em: Prof. Dr. José Carlos Albano do Amarante (UFF), Orientador Prof. Dr. Thiago Moreira de Souza Rodrigues (UFF), Co-orientador Prof. (Emérito) Dr. Eurico de Lima Figueiredo (UFF) Prof. Dr. Luiz Pedone (UFF) Prof. Dr. Sérgio Gilberto Taboada (CEFET) Prof. Dr. William Moreira (EGN) Niteroi, RJ 2015 3 DEDICATÓRIA A meus filhos e netas Fernanda, Ana Lúcia e Ricardo Luís, Luiza e Mariana, Com amor e carinho. 4 AGRADECIMENTOS Raros são os trabalhos escritos pelo homem que tenham sido executados apenas pelo seu autor. À sua volta, no passado e no presente, povoaram pessoas e instituições que o influenciaram, encorajaram, entusiasmaram, com ele discutiram, deram suas opiniões, facilitaram sua pesquisa, enfim, marcaram sua presença no todo do trabalho ou mesmo em um pequeno trecho, às vezes aquele crucial de um argumento. Agradeço profundamente a todos que, de alguma maneira, me auxiliaram a compor o que aqui é exposto, os quais seria impossível nominar.
    [Show full text]
  • Institutional Change, Political Instability and Economic Growth in Brazil Since 1870 Abstract
    Institutional Change, Political Instability and Economic Growth in Brazil since 1870 Abstract (100 words maximum) Are institutions a deep cause of economic growth? This paper tries to answer this question in a novel manner by focusing on within-country variation, over long periods of time, using a new hand-collected data set on institutions and the power-ARCH econometric framework. Focusing on the case of Brazil since 1870, our results suggest (a) that both changes in formal political institutions and indirectly political instability affect economic growth negatively, (b) there are important differences in terms of their short- versus long-run behaviour, and (c) not all but just a few selected institutions affect economic growth in the long-run. Keywords: economic growth, institutions, political instability, power-ARCH, volatility JEL classification: C14, O40, E23, D72. 0 1. Introduction How does institutional change affect economic growth? This paper explores a new hand- collected dataset and within country variation over extremely long time horizons using a uncommon econometric framework to order to assess the causal effects of various types of institutions in terms of the growth rate of GDP. We focus on both direct changes in formal political institutions and on potential indirect changes through political instability. Institutional change can occur through changes in formal or through changes in informal political institutions. The latter includes for example events of political unrest like assassinations, revolutions and riots, and the former includes events such as government terminations and electoral surprises. In other words, formal political instability indicators are the result of the competition between different political institutions or factions while the informal political instability measures have no appropriate representation within such channels.
    [Show full text]
  • A DIPLOMACIA DO MARECHAL Ministério Das Relações Exteriores
    história diplomática A DIPLOMACIA DO MARECHAL MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Aloysio Nunes Ferreira Secretário ‑Geral Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais Diretor Ministro Paulo Roberto de Almeida Centro de História e Documentação Diplomática Diretor Embaixador Gelson Fonseca Junior Conselho Editorial da Fundação Alexandre de Gusmão Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Membros Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg Embaixador Jorio Dauster Magalhães e Silva Embaixador Gelson Fonseca Junior Embaixador José Estanislau do Amaral Souza Embaixador Eduardo Paes Saboia Ministro Paulo Roberto de Almeida Ministro Paulo Elias Martins de Moraes Professor Francisco Fernando Monteoliva Doratioto Professor José Flávio Sombra Saraiva Professor Eiiti Sato A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Sergio Corrêa da Costa A DIPLOMACIA DO MARECHAL Intervenção estrangeira na Revolta da Armada 3ª edição Brasília – 2017 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170 ‑900 Brasília–DF Telefones: (61) 2030‑6033/6034 Fax: (61) 2030 ‑9125 Site: www.funag.gov.br E ‑mail: [email protected] Equipe Técnica: Eliane Miranda Paiva Fernanda Antunes Siqueira Gabriela Del Rio de Rezende André Luiz Ventura Ferreira Luiz Antônio Gusmão Projeto Gráfico: Daniela Barbosa Programação Visual e Diagramação: Gráfica e Editora Ideal Capa: Angelo Agostini.
    [Show full text]