Osrealityshows Nãonosespelham. Nãoandamosde Camaemcama
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entrevista TEXTO ANA MARIA RIBEIRO FOTOS VÍTOR MOTA RTP 1 I ‘A PRAÇA’ Jorge Gabriel Os reality shows não nos espelham. Nãoandamosde cama em cama... OAPRESENTADOR DIZ-SE SATISFEITO COM‘APRAÇA’,MAS ACHAQUE É SEMPRE POSSÍVELFAZER MELHOR.MUITO CRÍTICO RELATIVAMENTEAOS REALITYSHOWS, DIZQUE FALTACORAGEM PARAARRISCAR EM CONTEÚDOS DIFERENTES EM 2018, JORGE GABRIEL repentina. De início eu fazia re- APRENDE-SE tou a atirar uma pedra que COMPLETARÁ 50 ANOS DE portagens e na SIC havia um pode causar muitas circunfe- VIDAE25DETELEVISÃO. critério muito rigoroso para COM TODA A rências no lago, como outra Em entrevista, fala aberta- que um jornalista pudesse apa- GENTE. AQUILO que provoca circunferências mentesobreoquemudouno recer.Nãodavaacaraquem QUESEDEVE pequenas. panorama televisivo nestes queria. O que sucede é que o Tem ambições hierárquicas? anos e sobre as suas expec- Nuno Santos, que apresentava FAZER E AQUILO Presto-me à vida. O que a vida tativas para um melhor ser- ‘Os Donos da Bola’, passou QUE NÃO SE me proporcionar, logo direi se viço público. para a redação geral e alguém DEVE FAZER. me sinto preparado, se estou Sempre quis ser jornalista? teve de o substituir. para aí virado, se terei compe- Sempre quis comunicar.Ainda Foi substituí-lo? SOU ATENTO tência. Isso será estudado caso miúdo, na escola primária, a O Jorge Schnitzer, meu editor, AOS OUTROS acaso. minha vontade era contar his- disse-me, com uma hora de Nestes 25 anos de televisão, tórias aos colegas. E isso foi-se antecedência, que eu ia fazer o o que mudou? estabelecendo de plataforma programa. Aíé que tive um ba- A velocidade. Os profissionais em plataforma: primeiro nas que. Mas já tinha seis meses de tornaram-se mais reativos e rádios locais; depois nas nacio- SIC e convivia com a exposição menos pró-ativos. Em televi- nais; finalmente na televisão. dos outros... são,otempoétãoescassoque Não o assustou, a exposição Quais são os seus horizontes muitas vezes acabo de fazer repentina, na televisão? profissionais? uma pergunta e acho que não Não assustou porque não foi Nãoseidizer.Tãodepressaes- a fiz corretamente. Que fal- 1 entrevista 1A7 DE DEZEMBRO 10 |11 PERFIL JORGE GABRIEL nasceu emLisboaa29demaio de 1968 (49 anos). Entrou paraatelevisãoem1993,paraa SIC, onde apresentou programas como‘Big Show SIC’,‘Agora ou Nunca’e‘A Roda dos Milhões’. Em 2002 entrou na RTP,onde deu cara por programas como‘O Preço Certo em Euros’ e‘Verão Total’.Fez incursões pela ficção, como ator, e foi comentador de futebol em alguns progra- mas.Joga golfe. É casado e tem quatro filhos. I ‘A PRAÇA’ PASSA 1 NA RTP 1 DE SEG. A SÁB. PÁG. 59 entrevista 1A7DEDEZEMBRO 12 |13 blico – e isso fez com que nós o acolhêssemos. Ele entrou do Desporto,naSIC,mashámui- ta gente com responsabilidade na carreira do Daniel. Eu só sou mais um. Especulou-se sobre o moti- vo pelo qual não foi ao casa- mentodoDaniel... Nãovouaocasamentodetoda a gente que conheço. Eu vivo no Porto, ele em Lisboa. O afas- tamento geográfico levou ao afastamentodeleedeoutras pessoas. Não houve zanga ne- nhuma. O Daniel seguiu a vida dele e eu segui a minha. Quetipodeprogramagosta- riadeapresentarequeainda não tenha tido oportunidade de fazer? Gostava muito de trabalhar para o público infantil, que é o público mais cruel e exigente que existe. Fiz um concurso ju- venil, na SIC, o ‘Dá-lhe Gás’, para miúdos do 5.º ao 9.º ano, mas gostaria de trabalhar mais AS TELEVISÕES NÃO PODEM IGNORAR OSEUPAPEL PEDAGÓGICO. NÃO CHEGA DIZER QUE TÊM COMERCIAIS… HÁ REGRAS com crianças. Está satisfeito com as au- diências de ‘A Praça’? Quem disser que não se impor- ta com audiências não está to- talmentefocadonoseutraba- lho. Os pintores gostam que os seus quadros sejam aprecia- dos; os escritores que os seus livros sejam lidos; os cantores que os seus discos sejam ouvi- dos. O mesmo se passa com quemtrabalhaemtelevisão.Fi- camos sempre satisfeitos quando obtemos um resultado melhor,tristes quando o resul- tado é pior. Estou satisfeito com ‘A Praça’, mas acho que podemos fazer melhor. I entrevistaJorgeGabriel “Fazer 50 anos não é um marco, mas se a famíliaquiser comemorar...” Para o ano, Jorge Gabriel fará 50 anos. Uma realida- de que, garante, “não as- susta nada”. “Falaram-me na crise dos 40, mas não senti nada. Agora vêm aíos 50... Ok. Para mim não é um marco, mas se a família quiser comemorar...” Adepto de uma alimentação sau- dável, vai ao ginásio duas vezes por semana e pratica golfe com paixão. Diz que se sente melhor agora do que quando tinha 30 anos.“Fisicamente, estou muito mais em forma”,afirma. “Só te- nho pena de não ter descoberto o golfe mais cedo.Ainda me sinto um empurrador de bolas...” I NÃO ME VEJO culpaparasermosmenosau- ESTEÉUM ca faceta a ter direito a apare- daciosos. Se algo que nos é cer na televisão. NO PAPEL DE apresentado é estruturalmen- TEMPO QUE Chegou a apresentar um rea- MESTRE DE te diferente daquilo a que esta- TEME O RISCO lity show. ‘O Bar da TV’, na NINGUÉM. mos habituados, a primeira ENÃOCONHEÇO SIC, em 2001. resposta é: “Não há dinheiro”. Apresentei, com voto de pro- SERVIR COMO Está subjacente, nessas pala- NINGUÉM testo público. Disse na altura EXEMPLO? vras, uma crítica à televisão GRANDE QUE ao Emídio Rangel que só o fa- AINDA TENHO DE quesefazhojeemdia? NÃO TENHA zia porque era ele quem estava A todas as televisões, e não só a pedir.Tenho por hábito ser re- VIRAR MUITOS à minha. Sim, acho que se cor- OCONDÃO conhecido àqueles que me fa- FRANGOS rem poucos riscos. Vamos lá DO RISCO zem bem e que me deram ver: o Salvador Sobral foi um oportunidades. E face às negas 1 tou algum detalhe para que risco. Que ganhámos. Arriscá- que ele recebeu, de toda a gen- aperguntafossesuscitarares- mos com um género musical te, para apresentar ‘O Bar da posta que eu acho que o públi- que não tinha nada a ver com o TV’,eu aceitei. co gostaria de ouvir. formato, e ganhámos. E quan- O que aconteceu com o Da- Também mudou a situação to custou, esse risco? Nada. E niel Oliveira? Disse-se que económica. Houve uma redu- o exemplo Salvador Sobral de- havia mal-estar entre os dois. ção nos salários que também via servir para todos nós, que Não aconteceu nada entre o atingiu? trabalhamos em comunicação. mim e o Daniel Oliveira. Atingiutodaagente.Nãosou Acha que há demasiados rea- O Jorge Gabriel foi o grande exceção. Todos nós gostaría- lity shows na televisão? mentor do Daniel na TV... mos de ganhar mais dinheiro Os reality shows não são for- O Daniel tinha um jornal na es- do que ganhamos... Mas o que matos que eu veja e de que colaeestavaàportadaSICa mais me aflige não é o que vou goste. Porque a verdade é que pedir entrevistas para essa pu- ganhar.É se o orçamento que não nos espelham. Expõem blicação. Eu dei-lhe uma entre- existe para a execução de um uma fação da sociedade. Não vista, como outras pessoas lhe projeto é suficiente para que andamos todos de cama em deram entrevistas. Houve um possamos oferecer ao público cama... Isso não acontece na envolvimento de amizade... Ele um trabalho original. A falta de vida. Existe, mas é pontual e vivia momentos difíceis na sua dinheiro tem servido de des- certamente que não será a úni- vida – que são do domínio pú-.