TACÍLIO CARDOSO DE LOUREIRO

von LAURUS

TACÍLIO CARDOSO DE LOUREIRO

(von LAURUS)

TROVADOR D’ANTANHO

Sonetos

Cativelos – 2003

von LAURUS

A meus saudosos Pais, pelo

exemplo de trabalho, perseverança e honestidade que

me legaram. de Loureiro, Tacílio Cardoso Trovador d’Antanho

Edição do Autor Viseu, Junho 2003

Impressão: Texto: Serviços de Reprografia do ISPV Capa: Tipografia Viseense

Encadernação: Serviços de Reprografia do ISPV Tiragem: 200 ex. (Edição única)

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 4

Diana e pessoas entidades a seguir mencionadas: indirectamente permitiram a publicação desta obra. Junta de Freguesia Cativelos Câmara Municipal de Gouveia Biblioteca do Centro Recreativo Cativelense Paulo Medeiros José Manuel de Azevedo e Silva Isabel Coelho Luís Irene Fernando Silva Fernanda Figueiredo sua esposa, filhos, à neta à especial, agradecimento Um O autor agradece a todas as pessoas que directa ou AG AGRADECIMENTOS AG AG

RADECIMENTOS RADECIMENTOS RADECIMENTOS

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 6

1.

N N Q D N ______41 S.O.S. S S Q S A B M P A 2. N V A P M P P PREFÁCIO 13 EM TI EM IGNOS EGREDO ENÉLOPE DE AÍS OETAS OETA UCÓLICA ÃO VÁS AINDA ÃO A ÚVIDA AQUELE RREBATAMENTO PARIÇÃO ME ÃO ALEU A POSTOLADO

UATRO UATRO SER UISERA USA ODERNISMO H RSEATEA______31 EROS E ASTREIA ______19 POÉTICO – PEDAGOGIA ORA DO DO ORA -F ...______40 ______39 ______20 P LOR F C ______44 P P OETAS INGIDORES ______37 D HAMES ALAVRAS ENA ______35 ______33 ______32 IA A ______34 P ...______43 P ?______27 ______25 INTOR DEUS ______47 ! ______23 ? OÉTICO P ______36 OETA ______46 ______45 ______21 ...______38 ______22 ______28

SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von - 7

O S P A S P M S I S N E A A C D E T Í 4. E P L M M 3. S J E À B D R S D R R D NTERROGANDO CARO ALOUSIE OLIDÃO E DE UPLÍCIO UCEDÂNEO EPARAÇÃO ERDULÁRIA ROMESSAS EDRO NIGMA TERNA D ROVADOR PITÁFIO ÁGRIMAS MBRIAGUEZ BRE O OSTALGIA A MAR ESPRENDIMENTO ULCINEIA DE AIO ESPEDIDA EMORSO OUBO E

EDIEVO ICROBIOGRAFIA ICROBIOGRAFIA . ______86 ... J ONHO É OH IA______71 O SONHO E A VIDA ______61 AUTÓS – BÍOS GRAPHICÓS EIRA IDADE E AS IDADE OELHOS S ______73 ______50 C V ______80 -M B EM S ORAÇÃO ______89 ______87 ______69 ______58 OL IDA USCA ______51 A AR V . ______88 ... ______81 ______67 ______59 ______55 ______53 ______52 MARGAS T ’ A ______91 ______57 ______54 ______49 IDA ÂNTALO ______79 ______56 S ______76 NTANHO ERRAS ______85 ______74 ______90 ! II I ______77 ______62 ______65 ______63 ______83 ______78

______75

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 8

Q 6. F V E H F D M N E B L T H O C M D N J D D D 5. C E P V O N A L A M C Á ÉNIX ÉNIX RÍVOLA RESENÇA PICURISTA SPÚRIO USCA UDÍBRIO ORMENTO DE NCONTRO UNA AI O O AI ESDÉM ATAL DO ANSAÇO ESCONCERTO UNCA ESENCANTO E ESALENTO RISÁLIDA ISÃO A TÉ RIANE D ÂNTICO

EDONISMO IPOCRISIA UTRORA SMOSE UANDO AR O ORREU USA N M P TOPONÍMIA______139 ______109 DESILUSÕES Q ADA RAIA M ÃOS ÃOS -J M T UANDO R E O M ORTO EMPO EMPO ARDIM ENASCIDA EA DÉNICA ______131 ______101 ______97 . ______92 ... UTRO UTRO S ______132 ______128 ______121 ______100 AIS V OU D C ______126 ______122 ______107 ______98 ’E C AZIAS ______134 ______123 ______110 ______106 ESENCANTO ONSTANTE ISNE ______133 ______130 ______114 ______113 ______112 ?______99 SPERANÇA C ______95 A P ORRENDO ______115 ______103 ENSAR MOR ...______119 ______137 ______111 ______127 ! ______125 ______105 ______129 ______93

______135

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O E M I A B Q C L Ó N 8. C N H O F F P M T P M A C I 7. A F T P M P M P G C NÚTIL NSTANTÂNEO IM DE IM DE RIMAVERA RIMAVERA ÓVOA DA ARABÉNS DA RINCESA ÍBLICA ÍBLICA ÍNGUA D EMPORAL IBALDINHO VAREZA INO TEUS OS PINTES ÃO A AI ATAL NTECIPAÇÃO INZENTO ATIVELOS

UASE DE CULOS IBERNOFOBIA UTONAL OUVEIA ALDITA ALDITA AIO DO IMOSAS OINHO ELLO ONTE DO UOIM ______177 HUMORISMO ______157 CICLO DA MÃE – NATURA TERNO TERNO -A N F F ______186 ______173 V F LORIDO NTROPÓIDE EVE -M M S ÁBULA ÉRIAS ERÃO C ______185 ______143 G ERPENTE EDIEVAL , V R ÃE ASCATA ______171 ______160 S RIPE S ______175 ______165 ______141 A AINHA EDUTOR R ’A OL ILA ______153 A S USENTE EGÓTIO ______181 ______161 ______159 ERRA LJÃO BRIL ______183 ______172 ______170 ______169 ______167 ______187 ______179 N OVA ______184 ______182 ______151 ______149 ______145 O ______188 ______166 ______163 ______143 ______168 LHOS

______147 ! ______155

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho ______178 - 10

S U P B H O L A L 49.º A A T L L P S A A M C 9. C P A L URSUM URSUM EPULCRO ERSEVERANÇA ALADINOS RISIONEIRO ENEDICTUS ONGEVIDADE EMBRANDO RISTE ARES D DA ONGE M NSEIO O LEGRE ÇUCENA AVADOR RUZADOFILIA

Á S ÃE D P 25 A SINFONIA______195 ÂMPADA DE ÂMPADA L ______199 EUSES TE ÔR IVRO NIVERSÁRIO M - -M NOS ’E ______213 C DO ______201 ELOPEIA -H ORDA P MIGRADOS C ______221 AR -S ÁTRIA ______205 ERÓI AIADO ______218 ______217 ______212 ______192 OL F ______214 ______202 A ______219 ______193 ADARAM ______203 ! ______210 LADINO ______211 ______207 ______197 ______209 ______189 ______208

______215 ______191

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 12

mais ricos atributos da poesia. E quando certas produções partida, o verso branco é mais pobre, porque abdica de um dos emqualquer dos tipos poéticos, há boa e má poesia. Mas, à não sou particularmente apreciador de verso branco. É certo que, poesia. Camões, a forma Bocage e Antero, o soneto foi suprema da ,desde Sá de Miranda a Florbela Espanca, passando por humana,criação de a voga do soneto é cíclica. E, emtipos irradiante de Petrarca. da paternidade de Dante e luz através Trecento, do Itália restamnão comoque for,do dúvidas é que o berço do soneto foi a sua gestação terá ocorrido na Sicília. Seja a outros, para Provença, uns,para teráSe, tido a sua fase embrionáriasoneto. do pátria na Comomero consumidor/ leitor de poesia, devo confessar que imagemÀ do que se passa à escala universal com todos os ser umaa Continua questão controversa a de saber qual a

PREFÁCIO PREFÁCIO PREFÁCIO PREFÁCIO

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von - 13 Manuel Alegre dicionário de rimas vento. o vento lexical paracleto a Provença a Toscana o Trecento Contra a grande desordem o soneto

apurado (quase todos saídos já no jornal Os seus versos, em particular os sonetos, ora publicados em livro ainda, são uma burla. tais escritos não são poesia, não são prosa, não são nada. Pior nemsubstância sentido, limitando-se a pôr palavras em castelo, têm ritmo, não têm musicalidade, não têm lirismo, não têm apresentadas como poéticas não têm rima, não têm métrica, não fantasia estados de alma, o Amor é, para si, produção poética. Traduzindo diferentes e até contraditórios é o significado do uso da inicial maiúscula. subjectivo, são amiúde elevados à esfera indizível do Sublime, tal Certamente.cheios de umMas, simbolismo marcadamente o Sonho, o Tempo, a Ventura, a Vida. a Natureza, Paz, Perseverança, o Saber, Santidade, Solidão, Felicidade, a Justiça, Luz, Magia, o Mal, Morte, a Exaltação, Cosmos,Destino, a Dor,o o Esforço, a Esperança, a Eternidade, a se destacamsentimentos,que de a Amizade, o Amor, a Beleza, o de rigorosamente os cânones clássicos. sonetos são formalmenteseus os escorreitos. Respeitam dor comalheios. Do sofrimentoos alheio falam-nos, por exemplo, os intimista de uma alma dolorida com os sofrimentos próprios e desilusão , Trovador d’Antanho Não é seguramenteé Não o caso do autor de Ao tema do Amor dedica o autor grande parte da sua sentimentose comunsIdeias a outros poetas – dir-se-á. umCarregadosde grande significado simbólico, os sonetos nalguns casos, discutir-se o estilo ou a temática,Poderá, mas Pelos sonetos de tormento , sentido poético . prazer , , deslumbramento sofrimento

.

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho abordam um amplo leque de ideias e Trovador d’Antanho , - 14 solidão Notícias de Gouveia , paixão , sonho desencanto

, êxtase Trovador d’Antanho , perpassa o tom ternura , mas é também também é mas , ), revelam um , amargura , ventura . , , de um milhar de crucigramas publicados): problemascruzadas,palavras masde ainda como autor de perto cruzadófilo militante, não só como inveterado resolutor de “ palavras. É o que nos sugere a primeira quadra do soneto poema. E pressente-se até uma certa relação lúdica com as conhecimentoprofundo da mitologia clássica afloram em cada “ Fingidores

sonetos “ Poesia e os Poetas exprime-a nos sonetos “ Vila Nova! Amargas de alguns poemas, de que se destacam “ subconsciente e até ao inconsciente. sentimentos, emoções, reacções, numa viagem psicanalítica ao autor deixa escapar estados de espírito, muitoso outros, são os casos de “ Cruzadofilia Poético-Pedagogia Uma sólida cultura geral, o culto da “ A atitude crítica do autor de A sua função docente, durante largos anos exercida, emergefunção sua A Alguns poemas são deliberadamente autobiográficos, como ”, em cujo primeiro terceto deste último se diz: Longe da Pátria ” e “ ”, “

gritos d’alma transida a soluçar” são lágrimas amargas e sentidas, “Meus poemas são chagas doloridas, ” (neste soneto, o autor revela a sua faceta de ” (neste soneto, o autor revela a sua faceta Valeu a pena? Modernismos Poético Microbiografia I ” e “

Não me chames Poeta

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von ”, “ ”. - 15

Cavador-Herói ” e “ Trovador d’Antanho

Microbiografia II ”, “ Apostolado País de Poetas de País Língua-Mãe ”. Poeta ” e “ ”, “ ”, “ perante a Parabéns, Lágrimas ”. E, em ”, e o Poetas Poetas ”,

autor, as suas angústias, os seus assomossuas autor,as humorísticos, os seus a leitura desta obraque concluir, revela a dura luta interior do seu os versos de são autor diz que, ser Poeta, Bastará atentar na segunda quadra do soneto “ da Criação deixam transparecer um certo panteísmo franciscano. Sol “ Lâmpada de Aladino sonetos como “ sentido de humor, salpicado de subtil ironia. E isso emerge de entranhadamente romântico e melancólico convive com um fino Neve da “ dos seus quadros poéticos inspirado na paisagemalguns granítica Mello Medieval ”. Muito mais se poderia dizer, tão ricos de conteúdo poético emoçõesAs que sente perante a Natureza e os seres Quem conhece o autor sabe que seu carácter Sensível ao meio que o rodeia, o autor não deixa de pintar Estrela Altiva e Fria ”, “ Mimosas do Aljão E a perfeição, no cálix duma flor!” É ver, no pirilampo, um ser perfeito, e, em tudo o que criou, render-Lhe preito. “É sentir a grandeza do Senhor Se, um dia, os que não gostam, gostarão”. Também gosto dos outros… e mais gosto, e dá gosto manter tal relação. “Eu gosto de quem gosta do que eu Não Pintes os teus Olhos ”, “

Trovador D’Antanho ”.

Cativelos

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho ” do soneto “ ”, “ ”, “ - 16 Maio Florido Póvoa da Rainha ”, “ Nostalgia

. Diremos, apenas, a Óculos de Sol ”, “ Poeta ” e em “ Instantâneo ” e “ ”, onde o Pôr-do- ” ou “ Cai a ”, A

se gosta. dos trechos musicais clássicos: quanto mais se lêem / ouvem, mais Trovador d’Antanho voluptuosidade libidinosa com a divinal sublimação do Amor. desses dilemas é a dificuldade em conciliar a humana sentimentoscontraditórios, os seus dilemas existenciais. E um leitor o meuao Deixo testemunho. Os sonetos do autor de

produzem em nós um semelhante efeito ao

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José Manuel Azevedo e Silva

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 18

...... São as únicas pessoas sós. Os que nunca inspiraram um poema É preciso que alguém a invente em nós. Para que se justifique a nossa vida, Somos lava, e a lava é quem produz aurora! Queimemo-nos a nós, iluminando a Terra! É quem espalha a luz, nessa amplidão sonora... O poeta é como o Sol: o fogo que ele encerra 1. 1. 1. 1. POÉTICO

POÉTICOPOÉTICO – POÉTICO

von LAURUS von – PEDAGOGIA– – LAURUS von von LAURUS – von LAURUS PEDAGOGIA PEDAGOGIA PEDAGOGIA - 19

Guerra Junqueiro Junqueiro Guerra Natália Correia

um rio de Candura e Paz sincera. fazer brotar das rochas, do granito, É pretender galgar o Infinito, e, em pleno Inverno, ver a Primavera... mesmo até, no cinzento, achar beleza É vestir de oiro e verde a Natureza, e a perfeição, no cálix duma flor! É ver, no pirilampo, um ser perfeito e, em tudo o que criou, render-Lhe preito. É sentir a grandeza do Senhor e não qu’rer à matéria estar sujeito. É pairar, nas alturas, ser condor, a chama sacrossanta do Amor. Ser poeta é manter, dentro do peito,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Poeta Poeta Poeta Poeta - 20

interpretar, em verso, a Dor humana!... – Como se alguém, fingindo, inda pudesse Poetas fingidores? – que ideia insana! dos puros sentimentos defensores... almas sensíveis, corações em prece, Poetas o quanto custa ouvir caluniadores. que quem finge jamais pode sentir há muito, me fizeram concluir Da Vida, a experiência, os amargores, pois nunca rimo amores com impostores. Contra a tese, porém, vou-me insurgir, talvez, porque gostasse de fingir. Alguém chamou aos vates fingidores, Poetas Fingidores Poetas Fingidores Poetas Fingidores Poetas Fingidores

– os eternos trovadores,

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 21 finge tão completamente..." "O poeta é um fingidor:

– Nem prosa chega a ser, compreensível! só por ser modernismo a anomalia... Mas chamar coisa assim de Poesia, e um pouco de sintaxe, se possível... haja, ao menos, dez réis de pontuação, Já que, em moldes de rima, nada são, que algum significado ele nos dê. ideias claras, lógica e, portanto, mensagem que traduza algo e o quê; Tem de haver, num poema, certo encanto, não sei para que servem. Para quê? Jogos só de palavras – eu sou franco recado a transmitir quem o lê. Tem de haver, num poema, mesmo branco,

Modernismo Poético Modernismo Poético Modernismo Poético Modernismo Poético Modernismo Poético

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e versejar um acto de coragem. onde ser vate é quase aberração Somos, sim, um País avesso a letras, quão dif'rente seria a lusa imagem!... gozassem de qualquer aceitação, Se fôssemos a grei em que os Poetas lê versos, com prazer, e se recreia. apenas dois por cento – se é correcta de dados, num inquérito a quem leia, Se não, vejamos: feita uma colecta de que as nossas cabeças andam cheias. Parece-me, porém, tudo ser treta, que a Poesia corre em suas veias. Dizem que o Português nasceu poeta,

País de Poetas? País de Poetas? País de Poetas? País de Poetas?

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho -RÔRGH'HXV - 24 



de quem se consagrou tanto ao Ensino. o profundo fervor de Apostolado, De tudo o que se fez, ficou gravado faróis, guiando o frágil peregrino!... fomos raios de Sol, rompendo a aurora, Quanta luz derramada, vida fora: Arámos campos que, hoje, dão semente. Abrimos sendas, levantámos pontes. Sem vacilar, seguimos sempre em frente. Calcorreámos páramos e montes. O Sonho acena, além dos horizontes. Sulcam os rostos rugas inclementes. A messe branca alveja, em nossas frontes. O Tempo corre, inexoravelmente. Apostolado Apostolado Apostolado Apostolado Apostolado

reunidos em Almoço-Convívio) (Aos colegas, Professores Aposentados,

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Outubro de 1993

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eu ouso perguntar: – a quem dei, do Saber, o meu melhor, E a quantos desbravei, d´alma serena, a quem corria nós, haurindo Espr’ança? em rasgar brumas, facultar Amor, Valeu a pena ter Perseverança, e que o Valor tem sempre aceitação? que o Bem não é jamais desvirtuado que todo o Esforço traz compensação, Valeu a pena haver acreditado e os fracassos, que mágoas também são? chorando, em verso, as mágoas do Passado – Valeu a pena abrir o Coração, Quantas vezes me tenho perguntado:

Valeu a Pena? Valeu a Pena? Valeu a Pena? Valeu a Pena? Valeu a Pena?

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 27

Valeu a Pena?

... E de versos farei teu casto leito... podes, então, poeta me chamar. E, se um dia, algum deles for perfeito, como se deles foras terna Mãe... Fá-los, no teu regaço, acalentar, Não os mostres, querida, a mais ninguém. os poemas, Amor, que p´ra ti faço. Não têm – sei-o bem qualquer valor o talento, a cadência, rima, traço... Para que o sejam, falta-lhes ardor, porque versos não são os que te faço. Não me chames poeta, não, Amor, porque ofendes as musas do Parnaso. Não me chames poeta, por favor,

Não me Chames Poeta Não me Chames Poeta Não me Chames Poeta Não me Chames Poeta

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se, na sílaba Todo o “poeta” a sepultura cava, que haja ainda quem rime, assim, tão mal. sonetos que me custa acreditar pois leio, por aí, como normal, Mas vejo que o latim se foi ao ar, um soneto, até mesmo o mais banal. do modo como se há-de elaborar tentei dar uma ideia mui formal Há tempos, nuns versitos, a brincar, na – Fazer assim sonetos, quem tal ousa? versos de oito e treze – custa lê-los!… E a métrica? – Coitada! Que atropelos: décima Poético Poético- Poético Poético e na

quarta

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS sexta - -Pedagogia - - 29 Pedagogia Pedagogia Pedagogia e na

, não repousa… oitava

,

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2. 2. 2. 2. EROS E A

Tereis o entendimento dos meus versos. Entendei que, segundo o amor tiverdes, (Verdades puras são, e não defeitos) Num breve livro casos tão diversos, A diversas vontades! Quando lerdes Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos ......

EROS E A EROS E ASTREIA EROS E A

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 31 STREIA STREIA STREIA

Camões

e guarde, para sempre, o nosso Amor. que não nos falte o Seu olhar divino E, juntos, pediremos ao Senhor que espero há-de guiar o meu Destino. veio contigo o alento promissor, E, nas asas dum Sonho peregrino, e, nos olhos, brilhava ardente fogo. Tinhas, no peito, um grito sufocado trazendo, no teu rosto, um mudo rogo. Vieste, Amor, – momento inesperado meu coração pulou, sobressaltado. Vieste, Amor – e isso eu o comprovo Vieste, Amor, e o céu ficou lavado. Vieste, Amor, e o Sol brilhou de novo.

Aparição Aparição Aparição Aparição Aparição

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meus lábios, este Amor nunca igualado. Por isso, tu rejeitas os meus braços, A Grécia antiga norteou teus passos. – Penélope, esperando o ser amado... Tu fias e desfias essa teia Tal como nos relata a Odisseia, no mar dos preconceitos sociais. a todas mulheres – e se perdeu, que a luta feminista concedeu Prescindes dos direitos pessoais, da lida rotineira... e tudo o mais. és a escrava do lar, himeneu, guardando, avaramente, o gineceu, Fiel aos teus princípios ancestrais,

Penélope Penélope Penélope Penélope

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 33

vejo uma orquídea de invulgar beleza... E, no teu níveo colo, alabastrino, Tens, nas orelhas, brincos-de-princesa. – nem sabes quanto eu dava, para vê-los!... e, nos teus lábios, cravos purpurinos, Tens rosas cor-de-rosa, nos cabelos, é espelho do teu puro coração. E o branco da açucena, em teu olhar, teu nome de baptismo e comunhão. Já trazes margaridas, a enfeitar nem aquelas que mais te agradarão. Inda não sei por quais hei-de optar, simbolizando a mais terna afeição. Tenho um ramo de flores, para te dar,

Musa Musa- Musa Musa

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 34 - -Flor - Flor Flor Flor

E as nossas almas pôr em sintonia. d’afogar nossas bocas, só com beijos, Eu sei que os dois ardemos em desejos a nossa Vida, neste belo dia!... o nosso Sonho, neste entardecer, Anda daí, Amor, vamos viver teus lindos sonhos de Mulher mimada... indo pedir aos ecos, que me contes ouvir-se-ão, nos longes horizontes, E as nossas vozes, lá pelas quebradas, cantando alto e rindo, às gargalhadas. colher amoras e beber, nas fontes, vamos correr, assim, vales e montes; Anda daí, Amor, e, de mãos dadas,

Bucólica Bucólica Bucólica Bucólica

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 35

eu sou a terra humilde – tu és o Sol!... na tépida, clara e pura madrugada, Minha Musa, minha Deusa e Fada, minha Estrela Polar, meu lindo arrebol! meu farol, a iluminar o caminho, Meu Amor, minha Paixão e meu Carinho, corre, no teu sangue, um rio de Candura. Minha Princesa de real mer’cimento, meu arrimo, minha luz, no firmamento. Meu Amor, minha Paixão, Ventura, minha fonte inesgotável de Ternura. Meu Dourado Sonho e meu deslumbramento, meu enlevo, minha dor e tormento. Meu Amor, minha Paixão, loucura,

Arrebatamento Arrebatamento Arrebatamento Arrebatamento Arrebatamento

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do nosso Mundo... um mundo pequenino. em busca dum refúgio, onde fazer Iríamos, campos fora, sem destino, fosse morrer, num longo... longo beijo... que temos de nos dar todo o prazer Quem dera, ó Doce Amada, que o desejo, nos podemos amar, sem qualquer medo. que, quando a Primavera for surgir, enquanto o meu Amor ‘stava a dormir, Sonhei, durante a noite, inda bem cedo, e canta o rouxinol, no arvoredo. – Já começam os prados a florir baixinho, p’ra ninguém poder ouvir: Quero dizer-te, Amor, muito em segredo,

Segredo Segredo Segredo Segredo

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 37

Pô-lo no Prado, ao lado de Guernica. o teu retrato, em fundo azul, Mulher! Quisera ser pintor, p’ra conceber – mas esse azul, Amor, que bem te fica!!! de cor, branco, qualquer maneira És tão bela, distinta e altaneira: aos beijos do Sol, quente e entontecido. no tempo em que, na praia, te of’receste decerto, que arrumado o retiveste, Há muito, to não via, já esquecido, do meu olhar, tão terno e embevecido! Julgo que nem sequer te apercebeste simples, de cor azul, azul celeste. Que linda vinhas tu, no teu vestido

Quisera ser Pintor... Quisera ser Pintor... Quisera ser Pintor... Quisera ser Pintor... Quisera ser Pintor...

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 38

– Saibamos ser, de tal Ventura, dignos!... que as puras relações sejam mantidas! Pois, se os astros comandam nossas vidas, – Lá estão os elementos dos dois signos! ... melhor nos conhecemos e falámos? Não foi à beira-mar, que nos olhámos, os braços, num lençol de espuma extenso. E, se uma rocha avança, o mar descerra se beijam, na baía, cabo ou serra. É sabido que a terra e o mar imenso que algo de belo o nosso encontro encerra. Por isso, cada vez mais me convenço ao passo que eu, à água, é pertenço. Tu és, Amor, do elemento terra,

Signos Signos Signos Signos

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 39

me queira socorrer, m’estenda o braço! à espera de que a tua ajuda amiga Sem ti, sou como um náufrago, à deriva, buscando o seu refúgio, em teu regaço... em luta permanente pela Sorte, Sem ti, sou um piloto, sem ter norte, o Mundo se consegue suportar. Só quando, Amor, de mim, estás bem perto, negro e medonho, como um fundo algar. Sem ti, a vida é como um poço aberto, tão triste e vazio o meu olhar. Sem ti, o meu destino é mais que incerto, sem um oásis, sequer, se vislumbrar. Sem ti, Amor, a vida é um deserto,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Sem ti... Sem ti... Sem ti... Sem ti... - 40

São todos, para ti, meus tristes ais!... É todo, para ti, o Amor que sinto. Só a ti amo e quero – eu nunca minto. pois todo ele é teu – de ninguém mais... que, no meu coração, não há entraves, Meu doce enlevo, eu creio bem que sabes ‘sperando o amparo teu, sempre bendito. Nos momentos de angústia, a ti recorro, este Amor que, do peito, sai em jorro. Podes crer, Anjo meu, não é um mito órfão de amor, com sede Infinito. Vem depressa valer-me, se não, morro, meus rogos, meu pedido de socorro. Alma gémea da minha, ouve o meu grito,

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS S.O.S. S.O.S. S.O.S. S.O.S. S.O.S. - 41

5LR0RQGHJRHP&DWLYHORV

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 42

porque tu, meu Amor, vieste ao mundo. ... E tudo...tudo isto aconteceu, O Tempo a sua marcha interrompeu. e ouviu-se, lá no alto, um oh! profundo... mostrou, da Lua, o rosto iluminado À noite, o firmamento constelado ao chegar o momento do sol-pôr. E, à tarde, o horizonte enrubesceu, A floresta calou o seu rumor. A nuvem, caprichosa, se escondeu. O vento, de soprar, 'té se esqueceu. O azul vivo do céu tomou mais cor. O rio, pressuroso, mais correu. O rubro Sol, feliz, deu mais calor.

Naquele Dia... Naquele Dia... Naquele Dia... Naquele Dia... Naquele Dia...

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 43

a Dúvida pairar, dentro de mim. tormento, por sofrer, a vida inteira, Tormento, por te amar desta maneira, irão continuar, tempo sem fim... É triste confessar que os meus tormentos Mas não! Nada logrei dos meus intentos. e dizer: "Nunca mais irei amar!" Julgava ter já morto o Coração que fez nascer, em mim, tanta ilusão. da tua doce imagem, desse olhar, pensando que me fosse libertar Andava f’liz, por tal consecução, este Amor ao domínio da Razão. Julguei ter conseguido sujeitar

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Dúvida Dúvida Dúvida Dúvida - 44

se me disseres: “Amor, quero ser tua!” Acabarão as dores, que me consomem, – Quatro palavras só... serei um Homem. este Amor que, na Dúvida, flutua? recusando aceitar este Ideal, Teu ego não te diz que fazes mal, num clima angustiante e doloroso? os dias, que me restam p’ra viver, ao ponto de obrigar-me a padecer Teu sadismo será tão acintoso, no meu peito, o sentir mais deleitoso. Só ele fará, talvez, revivescer, por que teimas negar-me esse prazer? Se tu podes tornar-me tão ditoso,

Quatro Palavras Quatro Palavras Quatro Palavras Quatro Palavras

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 45

e dele nada quiseste revelar. fechaste, avaramente, o coração, Em vez disso, Margot, (por que razão?) se os quisesses, acaso, em mim poisar... que os teus olhos podiam esclarecer, Tantas perguntas houve por fazer, que eu quis eternizar e se esfumou. Aquele saudoso adeus – hora bendita, Tanto anseio que, em nosso peito, habita. Tanto instante, que não se aproveitou. Tanta rima a escrever, que não foi escrita. Tanto Sonho, do qual se não falou. Tanto caso a contar, que se calou. Tanta coisa a dizer, que não foi dita.

Na Hora do Adeus Na Hora do Adeus Na Hora do Adeus Na Hora do Adeus

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 46

toda a minh’alma, o meu coração todo... ‘starão sempre contigo, em pensamento, E, nesse oásis d’água, sol e vento, p’ra torrar ao sol, apanhar iodo... p'ra ver a areia, p’ra sentir o mar, Não vás ainda, tens tempo de chegar, mas choram da partida a Dor infinda. as flores, que enchem de cor o teu jardim, p’ra que possas olhar, serena, enfim, Não partas já, que o Sol retarda a vinda, que inunda o ar, nesta manhã tão linda. Aspira o doce aroma do jasmim, espera um pouco mais, aí, por mim. Não me deixes, Amor, não vás ainda,

Não vás ainda! Não vás ainda! Não vás ainda! Não vás ainda!

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 47

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 48

por te adorar, assim, com tal fervor! pedindo, ao mesmo tempo, a Deus, perdão, De joelhos, sim, eu beijo a tua mão, aqui estou, implorando o teu Amor... ante a imagem da Virgem c’o Menino, De joelhos, sim, como um peregrino, que sempre te acompanhe a Boa Estrela. eu rogo, a toda hora Deus clemente, prostrado, no lajedo, em Compostela, De joelhos, sim, como reza um crente, à dor, ao sofrimento e procela. rezando as suas preces, indif’rente em romagem, à volta da capela, De joelhos, sim, como um penitente,

De Joelhos De Joelhos De Joelhos De Joelhos

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 49

mas, por tal roubo, eu dou graças aos Céus. Também já me roubaste o coração, Às Musas, tu roubaste a inspiração. fazendo, dos teus sonhos, sonhos meus... ao vento, tu furtaste os meus anelos, Roubaste, à Lua, a cor dos teus cabelos, as três primeiras letras do teu nome. Foste mesmo roubar ao próprio Mar do qual tenho Saudade, sede e fome. À Grécia, foste o teu perfil roubar, e, à linda flor, as letras do teu nome. A Vénus, tu roubaste o dom de amar e a Prometeu chama, que consome. Roubaste, ao Sol, a luz do teu olhar

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Roubo Roubo Roubo Roubo - 50

p’ra não ver quão injusto houvera sido. Estava louco, decerto, no momento, Perdoa, Amor, o meu comportamento. Não tenho, p’ra viver, qualquer sentido... passar sem ti. Sem ti, não sou ninguém. Não posso, Amor, não posso – sabes bem E nem um gesto fiz. Como eu agi! que estavas a sofrer. Oh! quanto, quanto! do teu rosto. Mas não compreendi Quis ser cruel, diante do encanto das palavras que disse e não medi. Dói-me tanto o remorso, tanto, dos teus pisados olhos, que eu feri. Eu sei que, neste instante, corre o pranto

Remorso Remorso Remorso Remorso Remorso

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 51

– oásis, para mim, sempre bem-vindo. que me dês, no teu peito, acolhimento, Por isso, ouso pedir-te, ó Musa qu’rida, d’Alguém que foi, p’ra nós, um Sonho lindo... tão triste e doloroso o afastamento É tão pungente a hora da partida, caídos, como bênção, lá dos Céus. que será um alívio, uma guarida, ao correr uma lágrima sentida, Lá longe, hás-de lembrar os sonhos meus, por mais longa que seja a curta vida. Meus olhos lembrarão, p’ra sempre, os teus, Eis o instante de dizer-te adeus. Chegou a hora, Amor, da despedida.

Despedida Despedida Despedida Despedida

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 52

perdendo-se, no ar, volatizada… Sou talvez a espiral de negro fumo, Longe de ti, Amor, eu não sou nada. cujo destino incerto eu não mereço... piloto, no mar alto, sem ter rumo, Longe de ti, já nem me reconheço: e a distância parece inda maior. Longe de ti, dói mais o isolamento e a Vida – triste coisa, sem valor. Longe de ti, é mais agreste o vento e o Mundo – uma paisagem, sem ter cor. Longe de ti, é nulo o pensamento e o Sol – humilde estrela sem calor. Longe de ti, o céu é tão cinzento

Separação Separação Separação Separação

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 53

mas não mereço as lágrimas que choras! devo-te, Amor, os mais belos momentos, Companheira fiel de tantas horas, origem de tão puros sentimentos... um Éden de vivências promissoras, Foste a voz dos meus próprios pensamentos, – sempre foste e serás raio de Sol. Foste o Sonho, a Loucura, Fantasia, no rubro alvorecer, foste arrebol. Enchendo a Terra inteira de alegria, – sempre foste e serás raio de Sol. Dos meus passos, tu foste único guia, e, nas trevas da Vida, o meu farol. Tu foste, para mim, a luz do dia

Raio de Sol Raio de Sol Raio de Sol Raio de Sol

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 54

e um fúlgido poema te ofertar. Quisera ser Camões, Dante ou Neruda Quão grata e preciosa a tua ajuda! sem o qual, é fatal desanimar... mais que um prazer, é válido incentivo, Saber que, em pensamento, estás comigo, que o vulgar dos leitores jamais lhe achou. vendo neles palavras de magia, com a emoção de quem viveu e amou, Eu sei que lês meus versos sem valia, a Musa que o Poeta ambicionou. tu és, p’lo grande amor à Poesia, correndo atrás de mitos que inventou, Bela e gentil, tão cheia de alegria,

Dulcineia Dulcineia Dulcineia Dulcineia

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uma exótica flor, que desabrocha! E, na tarde que expira, és, ao crepúsculo, Um barco, na distância, é um ser minúsculo. nem o bater das vagas, contra a rocha... nem o voo das gaivotas, vento, E nada perturbou teu pensamento: na água, que murmura e cai das fontes. nas searas, em Junho, a ondular, no vergel, cujas plantas vais regar; no berço, onde nasceste, atrás dos montes, em algo que eu desejo me contes: o rosto, em tuas mãos, a meditar, sentada, sobre as dunas, frente ao mar, Vejo-te, ó Musa, olhando os horizontes,

À Beira À Beira- À Beira À Beira

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 56 - -Mar - Mar Mar Mar

e, nos braços teus, ébrio de Amor, morrer... quero sentir a volúpia dos teus beijos Embriagado, sim, mas louco de desejos, que o meu coração não mais pode esquecer... ante a visão do teu corpo esbelto e cheio, Embebedo-me c’o aroma do teu seio, que quisesses atender aos meus apelos. P’ra ser sóbrio, nada mais era preciso Embriago-me co’a cor dos teus cabelos. Embebedo-me da alvura do teu riso. Estremeço c’o prazer de estarmos sós. Fico doido co’a atracção do teu andar. Embriago-me c’o som da tua voz. Embebedo-me da luz do teu olhar.

Embriaguez Embriaguez Embriaguez Embriaguez

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 57

junto do qual, quisera o meu deitar!... onde estendes o corpo, alvo e perfeito, Invejo, sobretudo, o casto leito, onde sei, tanta vez, vais repousar... as paisagens, no cimo das montanhas, Invejo o mar e rio, em que te banhas, que invejo até o espelho, em te miras. Invejo a água que bebes. E aposto todas as coisas que te dão desgosto. Invejo o chão, que pisas, e onde atiras Invejo a flor, cujo perfume aspiras. Invejo o sal, que a tudo dá gosto. Invejo o Sol, por te beijar rosto. Invejo, Amor, o ar que tu respiras.

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Jalousie Jalousie Jalousie Jalousie - 58

dum Amor que, em meu peito, se mantém. dar Amizade, como sucedâneo, Conceito errado, sim, e extemporâneo que não cabe na mente de ninguém... é conceito sem base, enganador, Pretender a Amizade, em vez de Amor, mas nunca mais o Sonho se esqueceu. Pode a Vida durar Eternidade, dum precioso Bem que se perdeu. Depois do Amor ter fim, fica a Saudade pois, quando o Amor findou, tudo morreu. É fácil entender esta verdade, que fica dum Amor emudeceu. É sempre muito frouxa uma Amizade,

Sucedâneo Sucedâneo Sucedâneo Sucedâneo

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 59

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 60

3. 3. 3. 3.

AUTÓS

AUTÓS AUTÓS – AUTÓS Tereis o entendimento dos meus versos. A errar entre o sonho e engano da vida! Ó meu capitão da barca perdida ...... Errei no caminho para a paz prometida. Eu Venho do sonho e fujo da vida. – – BÍOS –

BÍOS – BÍOS BÍOS

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 61 – – GRAPHICÓS –

GRAPHICÓS GRAPHICÓS GRAPHICÓS

Natália Correia

Musas e flores são, hoje, o meu lazer. Ingressei na Normal, fui pedagogo. Lutei, corri, suei, vivi num fogo... sem descanso, nem horas p’ra comer... ‘studei à noite, o dia a labutar, Fui marçano, caixeiro, militar, e, até ser homem, Céus, o que eu passei! Comi o pão p’lo demo preparado fui trabalho infantil, sem regra ou lei. Da Vida, cedo fiz o aprendizado, nem paparicos tive de ninguém. Não aprendi com mestre contratado, nem tive luxos de menino bem. Não vim ao Mundo, em berço rendilhado,

Microbiografia Microbiografia Microbiografia Microbiografia

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I

e nunca ter chegado a ser adulto. quisera, a vida inteira, ser menino Sempre em busca dum riso do Destino, já vejo, lá no fundo, o vale inculto... sem o bordão da Fé que ampara crente, A meio da ladeira descendente, no manto dos agrores que se viveram. Alguns momentos bons são qual remendo, As Certezas d’outrora estremeceram. O desabar dos Mitos foi horrendo. Só a Saudade é culto que me prendo. Só as Recordações permaneceram. Os Sonhos, um a um, foram morrendo. As Musas, uma a emudeceram.

Microbiografia Microbiografia Microbiografia Microbiografia

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II

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renúncia, sofrimento e dor sem par. é, no seu todo, amor e nostalgia, E, sem que o queira, a minha poesia gritos d’alma transida, a soluçar... São lágrimas amargas e sentidas, Meus poemas são chagas doloridas. devido à insistência criadora. que eu temo vir ainda a ter doenças, nas meninges da fronte sofredora, Quantas vezes, as dores são tão intensas, e algo de ti, ó Musa inspiradora. São fruto de vigílias imensas obra fácil e pronta, a toda hora. Meus poemas não são o que tu pensas:

Lágrimas Amargas Lágrimas Amargas Lágrimas Amargas Lágrimas Amargas

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 66

na sacrossanta paz da Eternidade. a não ser repousar – alma esquecida ... Eu já não espero nada, nesta idade, em paga do ruir de sonhos vãos... e um pouco de Amizade bem merecida, Cansado de aguardar fraternas mãos que visse, no escrevo, algum engenho. E nunca, em meu caminho, achei Alguém, compreender a luta, em que me empenho. Atravessei a Vida, sem ninguém – pastor, sem ter aprisco, nem rebanho. não passo de mais outro "Pedro Sem" cansado de aspirar ao que não tenho, Cansado de esperar o que não vem,

Pedro Sem Pedro Sem Pedro Sem Pedro Sem

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rir-se das leis, no Código, prescritas..." um pouco de Ventura... E que não soube "Aqui dorme um poeta, a quem não coube somente estas palavras, nela, inscritas: mas, ao contrário disso, bem me apraz Na lápide, não quero o "Aqui jaz", o pó das ilusões, que tive em vida. Prefiro, no caixão, "ouvir" tombar as pétalas da c’roa emurchecida. Não quero, sobre mim, "ver" desfolhar as lágrimas formais da Despedida. não quero que ninguém me vá chorar na terra inerte, fria, enegrecida, Quando, um dia, me forem sepultar,

Epitáfio Epitáfio Epitáfio Epitáfio Epitáfio

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4. 4. 4. 4. 4. O SONHO E A VIDA A E O SONHO

O SONHO E A VIDA VIDA A E O SONHO VIDA A E O SONHO O SONHO E A VIDA A E O SONHO

E nunca as minhas mãos ficam vazias. Que de tudo renasce a exaltação. A força dos meus sonhos é tão forte, Onde sempre acabou cada ilusão, Apesar das ruínas e da morte,

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 71

Sophia de Mello Breyner de Mello Sophia

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– Não queiras mais sonhar. Anda viver!... foi, p’ra ti, qual Boceta de Pandora... O Sonho, amo e senhor de toda a hora, a vertigem te fez entontecer... mil voos desvairados, nas alturas, Sonhando devaneios, aventuras, migalhas de Ventura, sem valor. – Promessas vãs, inúteis fantasias, o que fruiste, diz-me, ó Sonhador?: Dos Sonhos que sonhaste, em demasia, Eldorado, sem vida e amor. – Desenganos, quimeras, utopias, o que te resta, diz-me, ó Sonhador?: De tanto Sonho que sonhaste, um dia

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS Ícaro Ícaro Ícaro Ícaro - 73

que o teu meigo sorrir desperta em mim. p’lo reino matizado da Ilusão, O meu Sonho é um voo, sem ter fim, da forma mais sensível e discreta... que busca, em cada verso, uma Afeição, O Sonho é bem a alma do Poeta, da Barca que, no mar, anda perdida. É um guia, na noite mais cerrada, tão ardorosamente apetecida. O Sonho aponta a meta da jornada, fica de toda a Essência desprovida. Sem o Sonho, a ninguém vida agrada, O Sonho é o substrato duma vida. O Mundo, sem o Sonho, não é nada.

O Sonho é Vida O Sonho é Vida O Sonho é Vida O Sonho é Vida

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 74

mesmo ao saber que o não encontra mais. e vai p’lo Mundo, em busca do Graal, que canta o Bem, Amor, Puro Ideal, (ao jeito dos poetas provençais) Sou, de raiz, um trovador antanho, Eu ponho, nos meus versos, todo o empenho. Lhes pode atenuar a solidão. E que a mensagem aos demais eu levo, Os meus pobres poemas causarão. É bom saber, porém, que algum enlevo Se lhe desperta um pouco de atenção. Se gosta, com efeito, do que escrevo, A pôr-lhe, com franqueza esta questão: Quando a vejo, Menina, eu não me atrevo

Trovador d’ Antanho Trovador d’ Antanho Trovador d’ Antanho Trovador d’ Antanho Trovador d’ Antanho

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 75

(Para a Regininha)

com medo de a perder, também eu ando. por tanto qu´rer achar a bela Astreia, Tal como Orfeu, Eurídice buscando, a Musa, pela qual minh’alma anseia... na mira de encontrar (mas, onde e quando?) E o meu estro s’expande e devaneia, rival da mitológica Cit’reia. E nunca me cansei de imaginar-te no monte, na campina e sobre a areia. Busquei-te, pressuroso, em toda a parte, ó terna e sempre esquiva Galateia! E nunca consegui localizar-te, na cidade, ou mais remota aldeia. Passei a vida inteira procurar-te,

Eterna Busca Eterna Busca Eterna Busca Eterna Busca

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 76

e a quanto há de mais belo renegar. é destruir, sem dó, uma Ilusão, Tratar, desta maneira, uma Afeição que bem mostra o prazer de ver’s chorar... p’rò teu desprendimento e deserção, em busca de qualquer explicação. meu Pensamento voa, sem destino, vencendo, da Lonjura, a grande margem, dos seus livros, colhendo as personagens, Aqui, por onde andou Mestre Aquilino, como um Sonho distante e peregrino. recordo, com Saudade, a tua imagem, onde as rochas dominam a paisagem, Cá longe, no planalto beiraltino,

Desprendimento Desprendimento Desprendimento Desprendimento Desprendimento

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 77

p’ra saberes, finalmente, o que é VIVER... que, deixando Paris, chegaste a Tormes, ... onde podes sonhar, enquanto dormes, cheia de sol, ar puro, paz, lazer... de trocar, p’la cidade, a linda aldeia, Era bom que perdesses a ideia deixar-me aqui, tão só, nesta ansiedade. Não queiras, meu Amor, dar-me o desgosto: cheia de bruma espessa e mau gosto. Não vás embora, não! Deixa , dos olhos a expressar serenidade. do belo sinalzinho, no teu rosto, do teu sorriso, sempre bem disposto, Não vás embora, Amor! Vou ter saudades

A Cidade e as Serras A Cidade e as Serras A Cidade e as Serras A Cidade e as Serras

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 78

e saiba amar e... por amor, viver! fazer que toda a gente cante e ria Não! Também cabe à nobre Poesia e nos faz soçobrar até descrer... de tudo o que nos dói, fere e tortura Falar só de tristeza e amargura, – são coisas que ontem quis e hoje não quero. pôr, em verso, desditas e tormentos e, do Mundo, mostrar o destempero; Dizer à Lua penas e lamentos – são coisas que ontem quis e hoje não quero. chorar a Dor dos nossos sofrimentos gritar ao Vento o nosso desespero; Contar à Noite os nossos desalentos,

Amar a Vida Amar a Vida Amar a Vida Amar a Vida

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 79

mas que nunca me sai do pensamento. aquela que de mim tanto se esquece, P’las dez últimas letras, se conhece motivo de amargura e sofrimento... daquela que, p’ra mim, sempre tem sido Com seis letras se escreve o apelido e leva ao rubro esta invulgar Paixão. cuja recusa a vida me consome daquela que é meu Sonho de Ilusão, Tem sete letras o segundo nome – fome de Amor, Ternura... não Pão. deixando-o à mercê, cheio de fome daquela que enjeitou meu Coração, Tem cinco letras o primeiro nome

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Enigma Enigma Enigma Enigma - 80

de ter, sempre a seu lado, alguém na Vida. pois ninguém, como tu, tem a certeza Vê se expulsas, de vez, essa tristeza, por te saber tão triste e abatida... Do mais fundo de mim, regressa o medo, Um vento brando agita o arvoredo. é bóia salvadora, a que me agarro. E a tua imagem, ténue e fugidia, lembra o dorso dum monstro algo bizarro. A Estrela, à minha frente, altiva e fria, que me acena, de longe, e nela esbarro. eu penso, sinto em mim a nostalgia, Sob um pinheiro, dentro do meu carro, Sábado quente. É V’rão. Terceiro dia.

Nostalgia Nostalgia Nostalgia Nostalgia

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de qu´rer e não poder o Amor libar!... também eu vou sofrendo o meu calvário Tal como o pobre Tântalo lendário, e a boca não poder dessedentar... ter água para beber – morto de sede Ver todo este primor – olhai e vede! – ao vê-lo, à minha frente, a ondular. a graça, harmonia e doçura, bebendo, do seu corpo, a formosura, seu porte de rainha admirar, fitar seus olhos, cheios de ternura; poder ouvir-lhe a voz peculiar, tê-lo sempre ao alcance do olhar; Viver um sonho alado de Ventura,

Suplício de Tântalo Suplício de Tântalo Suplício de Tântalo Suplício de Tântalo

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pensando em ti – ti, sempre a pensar. noites longas... enormes... sem ter sono, ... Sozinho, sem ninguém, ao abandono, se sabem como dói sozinho andar... os pinguinhos d’orvalho preciosos, Interpelo os pinheiros sequiosos, em que língua os seus trinos se redigem. E pergunto ao canário trovador tem a cor atraente, com que o tingem. Indago ao fresco vento se o Amor dissipará as dores, que me afligem. Nenhum deles – mudo interlocutor Olho as nuvens, pergunto a sua origem. Fito o céu e interrogo a sua cor.

Interrogando Interrogando Interrogando Interrogando

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 85

e tão pouca...tão pouca tem achado. que corre o Mundo, em busca de Ventura, Vê como sofre um ser desesperado, que teimas sepultar, na noite escura... a imagem bem presente do Passado, se acaso, em teu olhar, inda perdura causada pelo teu desprendimento; que possam mitigar a Solidão, um Sonho, uma Quimera, Pensamento, se acaso inda te resta uma Ilusão, e sabes quanto dói o Sofrimento; se acaso inda és capaz duma Afeição, e, nele, palpita ainda um Sentimento; Se acaso tens, no peito, um Coração,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Se... Se... Se... Se... - 86

A lira dum heróico menestrel. No chão, entre os despojos, só ficou Finda a peleja, nada se salvou. quebrou-se a lança, foge-me o corcel... fiquei sem elmo, rompe-se o gibão, Mas tudo foi inútil, em vão: dos mais altos moinhos derrubar. Em lances quixotescos, tive anseios não me furtei a justas e torneios. P’rà bela Dulcineia conquistar, por longes ermos, d’imprevistos cheios. Flâmula ao vento, em louco galopar, e quis, da Fama, os louros alcançar. Outrora, tive sonhos, devaneios

Medievo Medievo Medievo Medievo

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 87

no fundo dos teus olhos mentirosos. que acabam, geralmente, por sumir, Promessas – tantos sonhos enganosos, os erros cometidos, no trajecto... o Inferno, onde as almas vão carpir De promessas, em vão, está repleto e a resposta – ou não vem, fica em meio. Eu interrogo, volto a interrogar, ‘stá sempre a prometer, logo faltar. Naquilo, que ele me diz, em nada creio. em busca de resposta a tanto anseio. Só leio, extasiado, o teu olhar – Livro algum retorqui, sem vacilar. Perguntaste-me, há pouco, o que ora leio.

Promessas... Promessas... Promessas... Promessas...

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Mostra, em teu rosto, um riso triunfal! – Trabalha e sonha. Luta sê contente! És jovem. Tens a vida, à tua frente! pois não vejo motivos para tal... não lhe dês, sobre ti, qualquer direito, Vais banir toda a mágoa do teu peito, – Olha o Sol, que já brilha, na clareira! Abre a janela, sem hesitação: veste de Luz a sombra, à tua beira. Em vez de tanta Dor, no coração, não queiras dela ser prisioneira! Não lhe dês, meu Amor, aceitação, pois creio não ser boa companheira. Não deves dar abrigo à solidão,

Solidão Solidão Solidão Solidão

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 89

nos mais puros anseios de Mulher. Talvez possas, então, desabrochar – Abre o teu Coração, de par em par! que dormem, no mais fundo do teu ser... os teus mitos, paixões e devaneios, D’alma liberta, diz-me, sem receios, que bem, dentro de si, se refugia. abriga-se a Donzela apaixonada, dum certo niilismo e apatia, Debaixo da indif’rença mal velada, ante um Mundo de cor e fantasia. dos Sonhos de Menina deslumbrada, das coisas que preenchem o teu dia, De ti, da tua Vida, não sei nada:

Abre o Coração! Abre o Coração! Abre o Coração! Abre o Coração!

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vendo alvejar de cãs nossas cabeças. que esbanjaste da Vida o dom maior, Mas, um dia, talvez tu reconheças que sempre desdenhaste e repeliste... no fundo do meu ser, o puro Amor, E nunca foste minha, viste, são coisas esquecidas, que não esqueço. e o eco dos teus risos de criança eflúvios do teu corpo que estremeço; Deixaste, atrás de ti, doce fragrância, das coisas esquecidas, que não esqueço. Ficaste, para sempre, na lembrança lá longe, onde a Saudade impõe regresso. Foste o Sonho perdido na distância,

Perdulária Perdulária Perdulária Perdulária

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 91

poder, mui ternamente, partilhar. velar pelo teu sono... e, do sonho, E, quando fores dormir, eu me proponho não deixes de sorrir e cantar... das coisas que nos ferem, tanta vez, Quando pensas nos comos e porquês que, a correr, vai regar o verde prado. A tua voz é água cristalina o rouxinol se cala, envergonhado. Quando cantas, em jeitos de menina, de ver o Sol, por ti, apaixonado. A Lua, de ciúmes, se amofina, e o Sol sorri também, maravilhado. Quando sorris, a Terra se ilumina

Quando... Quando... Quando... Quando...

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que há-de ser bem melhor do era dantes. dum Mundo, em que acredito e eu aposto Trazes, na Alma, os votos empolgantes pelas fadas dum Reino de Quimera... e um manto de luar, bordado, a gosto, Trazes, no corpo, o cheiro a Primavera e, no teu seio, a Arca da Aliança. Trazes, nas mãos, a lança das Cruzadas e, no cabelo, o vento, em louca dança. Trazes, no peito, a Fé d’almas lavadas e, em tua voz, um Cântico d’Esp’rança. nos lábios, o frescor duma alvorada, nos olhos, a pureza da criança; Trazes, no rosto, a luz da madrugada,

Cântico d’Esperança Cântico d’Esperança Cântico d’Esperança Cântico d’Esperança

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 94

nenúfares, buganvílias, açucenas, gardénias, margaridas e narcisos. Faria nele crescer lírios, verbenas, tratá-lo, com desvelos e sorrisos!... preparar-te um edénico canteiro, Quisera ser um hábil jardineiro: – branca flor, que o teu ser perpetuará. o rumo dos teus passos de Mulher o Sonho feito Amor, que apontará No teu pulcro jardim, há-de irromper e o mais raro perfume exalará. Sua beleza irá resplandecer a mais vistosa flor, que terra dá. No teu belo jardim, há-de nascer

Musa Musa- Musa Musa

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 95 - -Jardim -

Jardim Jardim Jardim

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 96

no Sonho, de que, há muito, ando faminto. que, um dia, nos havemos de irmanar, Em ti, dentro de mim, eu já pressinto o perdido Teseu irá salvar... o fio que, do caos, labirinto, Em ti, doce Ariane, espero achar a fonte da paixão inspiradora. Em ti, dentro de há-de irromper quando, amanhã, fulgir a luz da aurora. Em ti, eu a renascer, Em ti, procuro a força redentora. Em ti, busco a razão do meu viver. Em ti, procuro a seiva criadora. Em ti, busco as raízes do meu ser.

Ariane Ariane Ariane Ariane

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 97

como um astro distante, a refulgir. que, nos meus pobres versos, só tu cabes, Lá longe, Doce Musa, eu sei que sabes os sonhos impossíveis de atingir... um Sonho que, aos poetas, faz viver Porém, a Lua não deixou de ser foi-se o mito... morreu a sedução. Mas, quando o homem lá chegou, um dia, a Lua, como sol de inspiração. Os bardos invocavam, à porfia, fugindo do bulício e confusão. Nela morar, decerto, poderias, como preito da mais pura Afeição. Se a Lua fosse minha, dar-ta-ia,

Luna Mea Luna Mea Luna Mea Luna Mea

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 98

que venha algo de ti, p’ra eu sorrir!... nem teus olhos fitar, tão divinais, E, já que a tua voz não posso ouvir, numa estéril rotina, deprimente... nos dias arrastados, sempre iguais, E o tempo vai escoando, lentamente, o Sonho, com que sonho, a todo instante? Não vês que é impossível esquecer o peso duma ausência suplicante? Até quando estarei a padecer notícias de quem ‘stá, mim, distante? Até quando estarei, sem receber privado do teu riso cativante? Até quando, meu Bem, irei viver

Até Quando? Até Quando? Até Quando? Até Quando? Até Quando?

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 99

de olhar, candidamente, para ti. só não ficaram, nunca, saciados Meus olhos, nesses dias já passados, – corpos de âmbar, crioulas do Tahiti... trazem, das belas, as pupilas cheias, Meus olhos deslumbrados de Sereias deixando o Oceano a cintilar. que o Sol perseverante alarga e esfuma, os longes horizontes, entre a bruma, Meus olhos ‘stão cansados de fitar, sobre a areia da praia, vão bordar. que as ondas, desfazendo-se, uma a uma, do sonho rendilhado d’alva espuma, Meus olhos andam fartos de azul-mar,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Na Praia Na Praia Trovador d’Antanho Na Praia Na Praia - 100

de quando fui menino e adolescente. faz penetrar, em mim, a mocidade, E, por osmose, a tua alacridade como rio de volta p’rà nascente... e eu inverto o sentido da Viagem, o Tempo pára, some, na voragem, dum Sonho, que me põe a divagar: deixando, em seu lugar, a fantasia foi obrigada a ter de se afastar, Vieste, Amor, e breve a nostalgia entrou contigo e se espalhou no ar. Chegaste e logo um raio de alegria envolta numa luz crepuscular. Surgiste à porta, quase ao fim do dia,

Osmose Osmose Osmose Osmose

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 101

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 102

sentir que o Mundo inteiro ia ser nosso. perder noção de tudo e, num instante, Um êxtase, um delírio palpitante, um beijo, uma volúpia, alvoroço... um vislumbre do Céu, uma delícia, Um desejo, um afago, uma carícia, não é prazer humano, mas divino. Ver tamanha beleza e perfeição dois pomos de fazer perder o tino. Um corpo a transbordar de sedução, dois corações, pulsando em desatino. Um olhar, um tremor, uma emoção, um rosto lindo, colo alabastrino. Um sonho, uma loucura, visão,

Visão Edénica Visão Edénica Visão Edénica Visão Edénica

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 103

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 104

nos sonhos que, no sono, eu irei ter. és tu que eu vejo e sinto, no meu peito, E, à noite, meu Amor, quando me deito, como origem do mais vivo prazer... como fonte de toda a energia, Vejo-te sempre, Amor, durante o dia, e nas águas do rio, que além passa. no vento, que me traz o teu recado, soltando, alegremente, o seu trinado; Vejo-te, Amor, na ave que esvoaça, enche minh’ alma de infinito agrado. no verde da paisagem, cuja graça no azul do céu, na nuvem que perpassa, Vejo-te, Amor, presente, em todo o lado:

Presença Constante Presença Constante Presença Constante Presença Constante

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 105

um Sonho feito Amor, em nós, latente. A alma a gargalhar, tal como dantes: Uma visão fugaz. Doces instantes. e, tanta vez, beijei, sofregamente... beijar, de novo, os lábios que adorei Tão sedutora vinhas, que ansiei e que o ver-te me deu grande prazer. confessar que, afinal, te não esqueci dizer-te o que tem sido meu viver; Ambicionei correr atrás de ti, vendo o Tempo distante renascer. Não podes calcular o que senti, que quase nem te soube responder. Tão surpreso fiquei, quando te vi,

Encontro Encontro Encontro Encontro Encontro

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 106

e ser a mariposa p´ra ver a luz do Sol, o azul celeste, ... que é preciso romper a dura teia, – crisálida que vive, mas não pensa... e, num casulo de oiro, te envolveste Subiste ao teu refúgio de indif’rença e, no meu coração, desabrochou. a morte duma flor, que rescendia o teu desprendimento, que causou Há muito, Doce Musa, eu já temia que me dava o Carinho, findou. Perdi, p’ra sempre, o pouco de alegria, em que o lindo castelo desabou. Envelheci dez anos, desde o dia,

Crisálida Crisálida Crisálida Crisálida

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 107

Sonho – Ideia.

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 108

António Nobre

É só crepúsculos…Crepúsculos são tristezas! Ah! Nos teus dias, não há Julhos nem aurora, Às minhas, eu comparo as tuas estranhezas. Outono, meu Outono, ah! Não te vás embora! 5. 5. 5. 5. D

D DESILUSÕES D

ESILUSÕES ESILUSÕES ESILUSÕES

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 109

e, da Razão, banir o Sentimento. silenciar o Amor que existe em nós Acho melhor calar a minha voz, a quem lhes dá tão magro acolhimento... os meus pobres sonetos dedicar, Não vale a pena, pois, continuar os versos que, p´ra ti, ouso escrever. já que esqueces até de referir aquilo que o meu estro quer dizer, Não mais, Musa, não mais irás sentir se o comum dos mortais os não vai ler? Poemas para quê, p´ra que insistir, de me julgar poeta, sem o ser. "Não mais, Musa, não mais". Vou desistir

Desalento Desalento Desalento Desalento Desalento

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 110

e ter-te, junto a mim, todos os dias!... banir, p´ra todo o sempre, as amarguras Quisera ter certezas bem seguras, ficar d’alma a sangrar, as mãos vazias... é nunca ter sossego e, num momento, Amar, desta maneira, é um tormento, pois, cada vez, mais longe ela me fica. Jamais a F’licidade eu vou achar, sem um ombro, sequer, p´ra repousar. A Sorte fez de mim vida proscrita, no mar alto da Dor – infinita! Entre o ser e não ser, ando a vogar, e, na alma, a tortura de te amar. Trago, no peito, o peso da desdita

De Mãos Vazias De Mãos Vazias De Mãos Vazias De Mãos Vazias

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 111

usando o teu fascínio de Mulher. o que de bom a Vida tem p’ra dar, Mas não! Quiseste apenas disfrutar celeste alvor da luz que vai nascer... arco-íris dum Bem que se deseja, Podias ser a brisa benfazeja, que tanto dano fez, onde incidiu. Tu foste o temporal devastador, mal abateu o pó, logo sumiu. Foste chuva de V’rão, cujo frescor chã lavrada que nada produziu. Foi vinha que deu uvas, sem sabor, noite escura, em que a Lua não sorriu. Foi sol de pouca dura o teu amor,

Desencanto Desencanto Desencanto Desencanto Desencanto

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 112

... E nunca, nunca mais, bateu feliz. Meu pobre coração desfaleceu. A Musa, que adorei, me abandonou. O Amor, que havia em mim, ninguém o quis... A rosa, que colhi, emurcheceu. A árvore, que plantei, logo secou. Os livros, que escrevi, quem os comprou? Dos grãos, que semeei, nenhum nasceu. Os versos, que inventei, ninguém os leu. Dos projectos, que fiz, nada ficou. Dos rumos, que tracei, nenhum vingou. Dos sonhos, que sonhei, tudo morreu. Dos mitos, que criei, nenhum viveu. Do ser, que outrora fui, já nada sou.

Já Nada Sou Já Nada Sou Já Nada Sou Já Nada Sou

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 113

deixou morrer, no pó dos lamaçais. e a tudo o que jurou seria eterno Depois... veio o Outono, frio Inverno, e me deu tantos beijos sensuais... de quem me abriu, solícitos, os braços Nunca mais seguirei atrás dos passos, das loucas utopias, que criei. Nunca mais vou ficar, de novo, à espera nem na voz da Sereia que escutei. Nunca mais hei-de crer noutra quimera, c'os olhos, com que outrora a vislumbrei. Nunca mais vou olhar a Primavera, nem jamais outro Amor aceitarei. Nunca mais voltarei a ser quem era,

Nunca Mais Nunca Mais Nunca Mais Nunca Mais

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 114

ter, no peito, uma pedra calcinada. em vez de Coração, é mais que certo Não sei, eu não entendo o desconcerto: sentir um Grande Amor voltar ao nada... ver tudo diluir-se, na distância, Depois de tanta prova constância, nos abandona à Dor da despedida. E, um dia, sem ninguém compreender, a Musa que nos fez sonhar, viver... É triste, muito ver perdida a esse Amor, sem conta nem medida. sem ela procurar corresponder que amar, profundamente, uma mulher, Não há nada mais triste, nesta vida,

Desconcerto Desconcerto Desconcerto Desconcerto Desconcerto

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 115

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 116

já não é Dor, mas, sim, Libertação... Não chores, porque, assim, a Despedida Dorme em paz! Diz adeus à triste vida. nem sempre quer dizer condenação... ninguém perturbará teu sono. E a Morte Dorme em paz, Coração! Tu vais ter sorte: e, por direito, houveras merecido. em troca do Amor, que te negou, que o Mundo desumano te ofertou, Dorme em paz, no sepulcro ao alto erguido, neste duro trajecto percorrido. o muito que sofreste e te matou, não queiras bater mais... que já bastou, Dorme em paz, Coração desiludido,

De Profundis De Profundis De Profundis De Profundis

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 117

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 118

que, há muito, já não sabe o que é sorrir. de encher paz um pobre coração Morreu o cisne... Foi-se a ilusão e nem um ai, sequer, vai proferir. Para sempre, o Poeta a voz calou Morreu o cisne... E tudo se acabou. os sonhos que sonhámos, noutras eras. E só ficam, na alma – nem sei bem anseios... devaneios... e quimeras. E, quando morre o cisne, vão também testemunham a Dor do mundo inteiro. cujos sons, tão plangentes, quase em sangue, soltou, no ar, seu canto derradeiro, Morreu o cisne... Trémulo e exangue,

Morreu o Cisne... Morreu o Cisne... Morreu o Cisne... Morreu o Cisne... Morreu o Cisne...

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 119

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 120

e a lembrança dum Sonho, sem ter fim. só terei, por consolo, a Natureza Perante tanta Dor, Tristeza, cansado deste mundo – e até de mim!... que só me largará, quando eu morrer, Má sina me fadou, logo ao nascer, p’ra quem tanto, na Vida, já penou. arrastando uma cruz, Cruz desmedida, esta alma, que ninguém reconfortou, Aos baldões do Destino, anda perdida e a Ventura jamais me bafejou. Nunca tive um amor, uma guarida, nada de bom a Vida me ofertou. De bom, nada me coube, nesta Vida,

Cansaço Cansaço Cansaço Cansaço Cansaço

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 121

– Eu era f’liz, tão feliz! Oh! Que Saudade! e a tua linda voz os recitava. E a tua mente logo os decorava, enchendo o coração de F’licidade. com alvoroço, sempre recebidos, Eram, outrora, bem apetecidos, pois todos, em tristeza, andam imersos. É tempo de os rasgar, esquecer, lidos alguns, até, com desprazer. Há muitos que p’r’aí, jazem dispersos, com eles, os teus dotes mais excelsos. Gostava de poder enaltecer, mas já nada, p’ra ti, querem dizer. Tão banais, tão singelos os meus versos,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Outrora Outrora Outrora Outrora - 122

– Não há, dentro de ti, Sinceridade. Afinal, és igual a toda gente. Não me venhas dizer: " Eu sou dif’rente!" – é tudo hipocrisia e falsidade... Não há uma Afeição, um Puro Ideal, Eu penso e digo: o mundo nada vale. o fim desta tortura deprimente. passo os dias, meses, sem saber aquilo que o teu peito ainda sente, Neste desejo enorme de entender pois só tenho razões para descrer. Vejo que me enganei, redondamente, alguém que me soubesse compreender. Julguei ter encontrado, finalmente,

Hipocrisia Hipocrisia Hipocrisia Hipocrisia

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 123

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 124

e só às leis do instinto obedecer! viver como qualquer irracional, Mais valera ser verme, rã, chacal, que tanto a mente humana faz sofrer... é ter raiva ao próprio pensamento, Pensar, pensar, pensar... mais que um tormento, a não crer que, pensando, se constrói. é tudo quanto resta e nos induz – um longo e escuro túnel, sem ter luz O tédio, esta rotina que nos mói, que nos pesa, magoa, fere e dói. a Vida, p´ra quem pensa, é uma Cruz, neste Mundo, em que nada nos seduz, Neste exílio de Dor, que nos destrói,

Tormento de Pensar Tormento de Pensar Tormento de Pensar Tormento de Pensar Tormento de Pensar

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 125 contemplar o nada? Para quê a consciência, se é para

Martin du Gard

coquetismo e um vulgar falso pudor. acervo de vaidade, hipocrisia, O que és hoje, p’ra mim? ( Triste ironia! ): sob a capa fingida do Amor? o veneno fatal da sedução, Por que alberga a Mulher, no Coração, Uma ausência total de sentimentos, meticulosamente mil promessas, jamais concretizadas. disfarçada. Quantas mentiras, torpes juramentos, há muito, mergulhou no Esquecimento. De quanto nos uniu não resta nada, tudo passa, até mesmo o próprio Tempo. Na Vida, tudo morre, acaba,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Ludíbrio Ludíbrio Ludíbrio Trovador d’Antanho Ludíbrio Ludíbrio - 126

mas nunca te amará como eu amei. Talvez te dê as jóias que quiseres, A ele of'rece o Amor, com que eu sonhei. – Serás sempre a eleita, entre as mulheres... E, se o achares, rancor não guardarei. Busca outro amor, se o meu tu já não queres! mas dele nada ficou, além da Dor. Vivi-O – podes crer! – intensamente, pois lembra romantismo, com bolor. Eu sei que um Puro Amor já ninguém sente, mais terno, leal, promissor! Oxalá o descubras mais fremente, procura, por aí, outro melhor! Visto seres, em Amor, tão exigente,

Busca Outro Amor! Busca Outro Amor! Busca Outro Amor! Busca Outro Amor! Busca Outro Amor!

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 127

de quem a meiga Vénus se esqueceu. aquele a quem só Eros causou Dor, Sou o filho bastardo do Amor, nada de bom jamais me aconteceu... pois, que me lembre, desde pequenino, Sou o filho bastardo do Destino, o louco sonhador, que não tem cura. o órfão, proscrito, deserdado, o poeta do verso inacabado; Sou o filho bastardo da Ternura, jurou de me fazer a Vida dura. pois, desde que nasci, Zeus irritado, P'los deuses do Olimpo desprezado, Sou o filho bastardo da Ventura,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Espúrio Espúrio Espúrio Espúrio Espúrio - 128

não pode haver Natal, nem se vislumbra. onde se luta e morre, a cada esquina, Enquanto houver nações, sob a penumbra, guerra acesa, entre hebreus e muçulmanos... a tragédia, na Bósnia-Herzegovina, A fome, nos países africanos, um egoísmo feroz, quase animal. um bem-estar, luxo desmedido, um racismo primevo, irracional; Em vez de Amor, um ódio empedernido, o meu estro quedou, entorpecido. Porém, ao ver, no Mundo, tanto mal, um soneto dif’rente, nunca lido. Quis fazer um poema de Natal,

Natal do Desencanto Natal do Desencanto Natal do Desencanto Natal do Desencanto Natal do Desencanto

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 129

Natal de 1992

Do resto… dos demais, pouco te importas? Adoras despertar paixões intensas. Gozar, ser adulada, eis no que pensas. à deriva, no mar das coisas mortas... É triste ver um Amor, tal como o nosso, Gostava de esquecer-te, mas não posso. quem nos atraia e logo afaste. Há sempre quem nos minta e iluda, por tanta ofensa, com que me brindaste. Ficou, dentro do peito, a Dor aguda, P'ra não fugir à lei, também mudaste. Na Vida, tudo passa, muda. Foi falso e vão aquilo que juraste. De nada me valeu a tua ajuda.

Mar Morto Mar Morto Mar Morto Mar Morto Mar Morto

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 130

ao peso do remorso mais cruel. Viverá entre as sombras da traição, Quem nos mente e trai não tem perdão. p'ra poder resistir a tanto fel... É nele que vai buscar algum alento, Só lhe resta viver no isolamento. – a Vida é um fardo, o Mundo aborrece. Já nada lhe interessa, nem ninguém, o Coração que tanto frio tem. Morto o Amor, nenhum calor aquece é sinal que esse alguém nos não esquece. pois ter ódio, por ti ou alguém, a não ser indif'rença e o desdém; Já nada és, p'ra mim, mereces,

Desdém Desdém Desdém Desdém Desdém

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 131

és mais uma mulher mistificada! entre falsos conceitos e mentiras, No espelho da vaidade, em que te miras, do nada que te espera, ao fim da estrada... sem, ao menos, pensar e dares-te conta E assim gastas os anos, diva tonta, p'ra, depois, a banires do pensamento. Adoras despertar uma paixão, levas a vida num divertimento. Arvorando altivez, como pendão, e nega, a um grande Amor, acolhimento. a quem não dá valor uma Afeição a quem não é capaz dum Sentimento; Não se pode entregar o Coração,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Frívola Frívola Frívola Frívola - 132

no pranto que, em meus olhos, vês correr. não queiras construir a F’licidade, Se te crês detentora da Verdade, que nisso se resume o mor prazer... – disseste, bem alegre e convencida, "Gozar... é o que se leva desta vida!" à espera que se cumpra o negro fado. Sou apenas um ser que em Dor flutua, p’lo teu cruel desdém, que não recua. O meu profundo Amor foi desprezado, que, tanta vez, sem dó, hajas pisado. Trataste-os, como as pedras duma rua, minh’alma feneceu, por culpa tua. Meu coração morreu abandonado,

Hedonismo Hedonismo Hedonismo Hedonismo Hedonismo

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 133

Apenas o prazer dos teus sentidos. De tão grandes paixões não resta nada: Depois... o esquecimento, a derrocada. nos pobres corações desprevenidos... são armas com que tu vibras o golpe, Mentira, calculismo e jogo torpe na teia que lhe teces, sem pudor. que, ingenuamente, logo vai cair, a todo o que gravita, em teu redor, E não te cansas nunca de mentir mercê do teu sorriso enganador. E, assim, todos consegues iludir, quem crê na Lealdade e no Amor, Só pensas adular e seduzir

Epicurista Epicurista Epicurista Epicurista

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 134

e deixámos p’lo Mundo... aos tropeções. que sempre a nossa Alma acalentou Dos planos que só foram intenções, de tudo o que sonhámos, tanta vez... do que se quis fazer e falhou; Pena do que passou e não se fez; – só nos causa amargor e dura pena. Porque a idade não pensa em recuar: quando o rol já perfaz meia centena. Mas ninguém os deseja recordar, vão desfiando os anos, em caudal. E os dias se juntando, hora a hora, impassível às dores de cada qual. Vai o tempo correndo, vida fora,

Vai o Tempo Correndo Vai o Tempo Correndo Vai o Tempo Correndo Vai o Tempo Correndo Vai o Tempo Correndo

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 135

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 136

talvez venham, um dia, a renascer... Da cinza que, no chão, deles ficou, Fiz uma pira. O fogo os devorou. na memória de quem lhes deu o ser... Perderam o valor e só persistem, Os versos, que te fiz, já não existem. desistiram da luta, então, travada. Mas, nada disto havendo conseguido, quiseram ver o Amor enobrecido. Tiveram pretensões de gente grada, tua fronte de Deusa Coroada. Tiveram o condão de haver ungido são, agora, palavras sem sentido. Meus versos, que já foram uma Alvorada,

Fénix Renascida Fénix Renascida Fénix Renascida Fénix Renascida

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 137

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 138

6. 6. 6. 6. TOPONÍMIA

TOPONÍMIA TOPONÍMIA TOPONÍMIA TOPONÍMIA

Finos que se fazem lá. E Covilhan muitos pannos Leite para quatorze annos, E Manteigas lhe dará Onde tal cousa s’apanha. Que se maravilhará Tão grossa, tão san, tamanha, Dous mil sacos de castanha, E Gouvea mandará ...... Quinhentos queijos recentes Mandará a villa de Cea

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 139

Gil Vicente

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 140

do Padroeiro São Sebastião. Santo António, a Matriz, templo e guarida ... A Senhora dos Verdes – branca ermida, da Dobreira, aos Moinhos, ao Chorão... prados, veigas, jardins, hortas, vinhedos, Os teus pinhais, searas, olivedos, que o Regótio lhe traga inspiração. na Ribeira, a Catraia fica à espera e, mais perto, o perfil do Monte Aljão, Vendo, ao longe, a moldura azul da Serra desafiando o Tempo e a erosão. perpetuar o amor à nossa terra, gravar a alma duma povoação; Em bronze, no granito, oh quem pudera!

Cativelos Cativelos Cativelos Cativelos

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 141

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 142

 

    

  

da Arte e Cultura santuários.* visitar dois dos mais ricos tesouros: … Subir ao Paixotão ou Calvário, fontes, solares, que os teus maiores ergueram… os teus jardins, igrejas, miradouros, Tantos poetas já enalteceram a Cidade-Princesa multicor. Das alturas és hoje águia real, velhos pastores, de vida comunal. Gaudela te chamaram, com amor, salpicado de aldeias, em redor. miras, ufana, o tão fecundo vale anichada em seu colo maternal, Sob o sereno olhar da Serra-Mor, Princesa da Serra Princesa da Serra Princesa da Serra Princesa da Serra

Gouveia Gouveia Gouveia Gouveia

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* O Museu Abel Vergílio Ferreira Manta e a Biblioteca

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 144

da Terra Santa vem teu nome antigo. letrados, infanções e cavaleiros, Berço de menestréis, zagais, obreiros, a Câmara, Matriz são lei e abrigo... o Pelourinho é símb'lo de concórdia, Do Calvário, ao Paço, à Misericórdia, teus ancestrais vestidos d'estamenha. ruínas que nos trazem à memória do vetusto Passado são resenha; As tuas pedras – impressão notória, e a bruma doutras eras te acompanha. sobre ti, pairam séculos de glória incrustada nas faldas da Montanha, A transbordar de lendas e História,

Mello Medieval Mello Medieval Mello Medieval Mello Medieval Mello Medieval

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 146

   

  

Agora és de seres chamada Vila, sem o ser. Quebrou-se, Vila Nova, aquele enguiço novos rumos a tantas gerações. de quem, rasgando as trevas, fez abrir Aceita os Parabéns, as Saudações, com calma, coragem, ardor... Seguirás, confiante, no Porvir, Eis, pois, reconhecido o teu valor. razão por que não páras de crescer. O progresso foi posto ao teu serviço, Altos destinos tens a percorrer. Os teus filhos leais se orgulham disso. deslumbra quem te venha a conhecer. Parabéns, Parabéns, Vila Nova! Parabéns, Parabéns, Vila

, sim, e o teu feitiço

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 147 em 18/12//87) (Quando V. N. de Tazem foi elevada a Vila,

Vila Nova! Vila Nova! Vila Nova! Vila Nova!

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho 0RLQKR &DVFDWD - 148

não redigiu as Dentro de ti, quem sabe se Daudet Moinho que, do alto, ao longe vê. – jóias serranas, gemas preciosas... Freixo, Melo, Nabais e Nabainhos À distância, Gouveia, Folgosinho, que, do Vento e Sol, guarda os segredos. miras o vale, Aljão, triste, queimado, surgido, por magia entre os penedos, Moinho, lá no topo alcandorado, a Serra, onde o pastor-guerreiro é nado. olhas, altivo, audaz, sem qualquer medo, paredes brancas, tecto alaranjado, Moinho lindo, em cima de rochedos,

Moinho Cascata Moinho Cascata Moinho Cascata Moinho Cascata

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 149 Cartas

tão famosas.

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 150

e à Santa vai rezar, na bela igreja. o Povo, na capela, ora a S. Marcos Com seus modos gentis, francos e parcos, em Maio e Junho, a festa é da cereja... n'acolhedora Póvoa da Rainha, Por isso, entre olivais, pomares e vinha, frutos-brincos, p’rós olhos, um enlevo. E fez, daquela drupa verde e amara, benzeu a terra, quase que em segredo. Mas, antes de seguir p´ra Santa Clara, aqui, Santa Isabel teve aconchego. Provinda de Trancoso, onde casara, garbosa, vai mirar-se, no Mondego. A Póvoa, linda aldeia, jóia rara,

Póvoa da Rainha Póvoa da Rainha Póvoa da Rainha Póvoa da Rainha

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 151

%RUGDGR GH 7LEDOGLQKR

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 152

Depois, também bordaste a e, com De teus sonhos fizeste um puro nas mais belas expressos, sem qualquer ar de receio, brotam prodígios de arte e perfeição, Das tuas hábeis mãos, em devaneio, na mais antiga e nobre Tradição. e reza a Santa Bárbara Bendita. O Povo, enquanto lida, entoa um salmo O Dão corre a teus pés, sereno e calmo. torrão, raiz e seiva que palpita... tu és, p’ra mim, longevo Tibaldinho, Sem um foral, brasão ou pergaminho, ilhós

, ornaste um Coração. Tibaldinho Tibaldinho Tibaldinho Tibaldinho

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 153 alfombras (O artesanato é o teu ex-libris)

ponto cheio

de padrão.

enleio

,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 154

e cá me radiquei a Vida inteira. pois bebi do Regótio, sem saber, E creio que esta lenda é verdadeira, terá que, nesta aldeia, haver seu lar... se linfa desta fonte alguém lhe der, Diz-se que forasteiro chegar, veio até nós, dos tempos ancestrais. Uma lenda, galgando os horizontes, lembra, da Grécia, os seus mananciais. Em Cativelos, uma dessas fontes e, de faunos, seus bosques e pinhais. De ninfas, povoaram rios, montes onde bebiam deuses e mortais. Cantaram os Helenos suas fontes,

A Fonte do Regótio A Fonte do Regótio A Fonte do Regótio A Fonte do Regótio A Fonte do Regótio

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 155

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 156

7. 7. 7. 7. CICLO DA MÃE MÃE CICLO DA

CICLO DA MÃE – MÃE CICLO DA MÃE CICLO DA CICLO DA MÃE MÃE CICLO DA

E nascerão saudades de meu bem.. Regar-vos-ei com lágrimas saudosas, ...... Já não podeis fazer meus olhos ledos. Sabei que, sem licença de meu mal, Compostos de concerto desigual; Silvestres montes, ásperos penedos, Discorrendo da altura dos rochedos; Que em vós os debuxais ao natural, Claras e frescas águas de cristal Alegres, verdes arvoredos,

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 157

– NATURA– – – NATURA NATURA NATURA

Camões

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 158

num manto de calor, sonho e ternura!” que quis o velho tronco agasalhar, E eu pensei: "Como é cauta a Mãe-Natura, sugerem Primavera, flores e vida... cobertos de asas vivas, a adejar, E os ramos nus da árvore entorpecida, tornando a cerejeira uma alvorada. Vendo bem, eram dúzias de pardais, nela veio pousar, em revoada. Um bando de avezitas (nem sei quais) ramos, em prece, ao vento da nortada. face aos rigores dos frios hibernais, no descampado, a árvore abandonada, Braços erguidos, nus, espectrais,

Instan Instant Instan Instan

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 159 (A D. Maria Emília Patrício)

t tâneo t âneo âneo âneo âneo

O que traz este Meu ego sente, em si, todo o vazio, neste dia chuvoso, escuro e frio. Tudo é bruma diluído no Cinzentas neste Inverno que a todos incomoda. que, gelado, nos causa um arrepio, Esta cor imprecisa é como um rio, O horizonte é um muro circundante que, Como dói esta névoa – solidão! em que, na hora em que escrevo, tanto insiste... cinza são as nuvens. Tudo é triste, cinza nos domina a alma toda. cinzento

cinzento Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Cinzento Cinzento Cinzento Trovador d’Antanho Cinzento Cinzento cinzenta acabrunhante - 160 , envolveu meu coração. que incomoda. , à minha roda,

e a clara luz, nos olhos teus, brilhou. no dia em que o temor se fez coragem, E tudo... tudo isto se passou, ao ver as andorinhas, em romagem... O vento, de soprar, se envergonhou, O verde foi mais verde, na paisagem. ‘scondeu-se, à noite, atrás do horizonte. E a Lua, despeitada p’lo ciúme, O céu foi mais azul, pura a fonte. A flor desabrochou e foi perfume. deixando o Sol beijar a atmosfera. O frio desistiu do seu intento, O Inverno deu lugar à Primavera. Janeiro foi Abril, antes do tempo.

Antecipação Antecipação Antecipação Antecipação

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 162

p’ra compensar a nossa longa espera... A Natureza não poupou na cor, – Vinde ver este Sonho, Esplendor! entre o cinzento Inverno e a Primavera... Mas a Mimosa é traço de união, Vem longe ainda a tépida estação. à festa deslumbrante da Mimosa. O Aljão, qual Paraíso, é um apelo e surgiu esta flor bela vistosa. N’aguarela, o Pintor pôs todo zelo pintar tela tão linda e majestosa. Quando chega Fev’reiro, adoro vê-lo veludo duma cor maravilhosa. Mimosa – sinfonia de amarelo,

Mimosas do Aljão Mimosas do Aljão Mimosas do Aljão Mimosas do Aljão Mimosas do Aljão

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Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 164

ao fitar, deslumbrado, a Natureza... que a mesma exaltação comunga e sente, ... E lembrar, com Saudade, o ser ausente, encher o olhar de toda esta beleza!... rir e cantar, correr p’los campos fora, Como apetece ver raiar a aurora, na terra adormecida, à tua espera. na rútila aguarela do sol-pôr, no azul do céu, tépido calor, Tua presença amiga, em tudo impera: a cor das mil florinhas, que tu geras. a luz do astro-rei, voz Amor, trazes contigo a luz, o som, cor: Vens linda, como sempre, ó Primavera,

Primavera Primavera Primavera Primavera

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como mostra a carranca enfarruscada. tanto alardeia o seu lindo perfil, É, assim, o "Abril das águas mil": enquanto, ao longe, soam badaladas... Um trovão ribombou, medonhamente, E a bátega vem. Chove intensamente. trazendo tempestade, com certeza. E sopra, forte e rijo, agora, o vento, vendo a nuvem toldar-lhe o firmamento. O Sol, a medo, espreita, com estranheza, que os meus ouvidos escutam, com tristeza. Só os pinheiros gemem seu lamento, Tudo é silêncio, paz, isolamento! Só. Como estou só, entre a Natureza!

Temporal d’Abril Temporal d’Abril Temporal d’Abril Temporal d’Abril

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 166

querendo ir perfumar o teu regaço. vestem de roxo as margens do caminho, E a silva, alfazema, o rosmaninho, da g’esta, do tremoço, sargaço... Tanta cor! – Predomina o amarelo E tudo está florido, é belo! – nisso nos dão exemplos tantos, tantos!... Mostram, assim, a Deus, o seu louvor: soltando o seu trinado embalador. Ouvem-se as avezinhas, pelos campos, e of’rece-nos Beleza, em seus recantos. A Natureza fala-nos de Amor Tudo é novo, dif’rente, sedutor. Maio, mês lindo, a transbordar de encantos.

Maio Florido Maio Florido Maio Florido Maio Florido

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 167

gritando ao Vento a tua mocidade. irás, campos além, tal uma flor, E, mergulhada em Luz, Sol, Cor, o teu ser, que só pede claridade... p´ra que um raio de luz venha beijar Mas, amanhã, o Sol há-de brilhar, Mal se anuncia, logo empalidece. A Primavera continua ausente. E nada nos conforta e aquece. Chove, lá fora, insidiosamente. E tudo nos sufoca e entristece. O frio gela o corpo, tolhe a mente. O cinza é cor que dói e permanece. Chove lá fora, copiosamente.

Primavera Ausente Primavera Ausente Primavera Ausente Primavera Ausente

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 168

da sua franca e amável companhia. E, em todos nós, a sã recordação Ficou este sossego, esta acalmia. erguendo Mundos, Sonhos, Ideais... que, noutras plagas, vão ganhar o pão, Foram p´ra longe, acompanhando os Pais nem vozes infantis, a chilrear. Já se não ouvem gritos de euforia, grande parte das casas do lugar. Chegou Setembro. Logo se esvazia um bulício constante, sem parar. risos, folguedos, jogos, correrias, crianças que não cansam de brincar, Em Agosto, o meu bairro é uma alegria:

Fim de Férias Fim de Férias Fim de Férias Fim de Férias

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 169

que as ondas, no seu seio, vão guardar. Ficam, no ar, paixões e devaneios, O Mar diz-nos adeus. Sem mais rodeios. gaivota, que procura onde hibernar... Cansada, adormeceu, morta de sono, A praia está deserta. Ao abandono. Os frutos, nos pomares, que tentação! Nas eiras, milho loiro endureceu. O mosto, nos lagares, ferve em cachão. O vinhateiro as uvas recolheu. Ao longe, ribombou, forte, o trovão. O Sol já não dardeja. Esmoreceu. O calor amainou. Findou o Verão. Choveu. Ávida, a terra agradeceu.

Fim de Verão Fim de Verão Fim de Verão Fim de Verão Fim de Verão

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 170

se permite incubar três meses de agonia. por ver que a Natureza, em gestos de brandura, E, no meu coração, caiu a nostalgia, E tudo adormeceu, num sono hibernal... A neve polvilhou os montes de brancura. A chuva desprendeu-se, em ares de temporal. e o Sol, virado ao Sul, perdeu brilho altura. A noite fez-se negra, fria e prolongada em busca de alimento e morna temp’ratura. A ave migradora abalou apressada, A terra arrepiou-se, em rugas de amargura. A árvore estremeceu, em medos de nortada. O vento enfureceu-se, em rasgos de loucura. O Outono desfolhou-se, em ecos de Saudade.

Outonal Outonal Outonal Outonal Outonal

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 171

é de crer que a ninguém o inverno agrade. gripes, constipações, tosses intensas, Com seu cortejo infindo de doenças: mas quase nos parece a Eternidade... São três meses tão-só de letargia, Custa imenso a passar tal invernia! e haja sol, quando em vez, no teu jardim! Que tenhas sempre um lar, onde te acoites, sair à rua, com o tempo assim. Ao frio, à chuva, neve, não te afoites e a tristeza tomar conta de mim. ventos agrestes, gélidos açoites, as horas arrastadas, sem ter fim, Não tarda aí o Inverno: as longas noites,

Hibernofobia Hibernofobia Hibernofobia Hibernofobia

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 172

seja um grito de Amor, Fé e Esp’rança. E que a mensagem, o Natal encerra, Vem dar, ao Mundo, o íris da Bonança. quero, sim, que haja Paz, em toda a Terra... (que tanto dói minh’alma de criança) Não quero mais ouvir falar em guerra, pistolas ou espingardas de metal. dá-os aos outros – que eu não quero bolas, um mundo de brinquedos, sem igual, – Bom velhinho que trazes, na sacola, lhe fazia um pedido original: E, na minha inocência de bambino, e escrevia uma carta ao Pai-Natal. Sonhei voltar aos tempos de menino

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS Natal Natal Natal Natal - 173

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 174

tornando o que é vulgar quase irreal. ...E as flores, suavemente, vão caindo, Os campos, as colinas – tudo é lindo! As árvores? – Postalinhos de Natal... Não há contornos. Tudo alveja e brilha! Fui à janela. Céus! Que maravilha! manda à Terra, a remir os seus pecados. mensagens que o bom Deus Omnipotente São flores d'algum noivado permanente, Os flocos são, agora, bem mais grados. ante o belo cenário alvinitente. Meus olhos se extasiam, deslumbrados, Vejo-a tombar, branquinha, nos telhados. Cai a neve, lá fora, brandamente.

Cai a Neve Cai a Neve Cai a Neve Cai a Neve

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 175

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 176

8. 8. 8. 8. HUMORISMO

HUMORISMOHUMORISMO HUMORISMO

Questo sonetto ha molte parti.

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 177

Dante, Alighieri Alighieri Dante,

Não pintes os teus Olhos Não pintes os teus Olhos Não pintes os teus Olhos Não pintes os teus Olhos A Mulher não precisa, quando é bela, de usar Não uses, por ser moda, coisas tais! Cosmética, p´ra quê? Precisas dela? – Deixa-os ser, como são bem naturais! Não pintes os teus olhos, Manuela! – Não pintes mais teus olhos, Manuela! ao ponto de insistir no meu pedido: ... ante os quais, fico tão embevecido, teus olhos impolutos de Donzela... profundos, sonhadores e volitivos, São lindos, podes crer, tão expressivos, Deixa-os ser, como são – bem naturais! Não ponhas, em teus olhos, tal mistela.

sombras, crayons

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 178

– drogas banais.

olhar, com mais Certeza, a incerta Vida! com esses ornamentos, vais poder A sério, muito a ó meigo ser, e levarás o Mundo de vencida... verás o Amanhã em cor-de-rosa Com uns óculos assim, diva formosa, faria, se tivesse arte e paletas. há um rosto perfeito, cujo esboço até nos corações doutros planetas!) Mas, atrás delas, (vai haver destroço, – Essas belas e exóticas lunetas. E o motivo – esquecê-lo é que eu não posso: nem te reconheci – crê, não são tretas! Quando te vi, meu Bem, hoje, ao almoço,

Óculos de Sol Óculos de Sol Óculos de Sol Óculos de Sol Óculos de Sol

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 179

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 180

crioulo, guarani ou Vamos falar, 'screver, futuramente, E depois? ( Que pesar minh'alma sente!) dar ao jugo a cerviz, mais uma vez? vamos ceder a tais imposições, Lá porque somos só nove milhões, – Ide expurgar a como faz quem comete erro grosseiro: trazeis do Acordo a pena inda molhada, Ó doutos luminares que, do tinteiro, vais, agora, ficar decapitada. Tu que, do Lácio, vieste em corpo inteiro, querem fazer de Ti uma salsada. Ó Língua de Camões e Junqueiro,

Língua Língua- Língua Língua

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 181

língua abastardada - -Mãe pretoguês - Mãe Mãe Mãe Julho de 1986

? !

já nem humana era... era a mezinha, que o físico lhe deu, E, quando, um certo dia adoeceu, – este o azar, seu fadário e rude sina... em vez de sangue quente, quase hiberna Como o o que a Natura punha à discrição. dormindo, procriando, mal comendo não sendo boa, ia-se vivendo: De símio ou antropóide, a situação, o nível da humana degradação. e, nos últimos tempos, foi tremendo do tal De degrau em degrau, a cotação homo sapiens Cino Cino- Cino Cino

pithecanthropus,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - -Antropóide - Antropóide Antropóide Antropóide - 182 vai decrescendo na caverna,

canina

!...

– Vais pagar, pela tua ingenuidade!... Disputares ao mais forte o teu sustento... Oh! columbina! Como te lamento! mostrando uma brutal voracidade... o crocitar de bichos tão ruidosos, E, por sobre os arrulhos amorosos, entre bicos de fome insaciada. de ter a imunidade garantida, por ver a columbídea convencida Fica a mente do homem intrigada, comer os seus grãozinhos, descansada. crendo poder, em paz e harmonia, poisou, entre dois corvos, certo dia, Uma pomba inocente e descuidada

Quase Fábula Quase Fábula Quase Fábula Quase Fábula

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 183

mais que sadismo, é vil perversidade. Pôr o faminto Adão a arder em fogo, Mostrar, negando o fruto, eis teu jogo. na eterna punição da Humanidade... do fruto proibido, sem pensar Eva, ao tentar Adão, deu-lhe a provar faz-nos lembrar a bíblica serpente! aquela que, em Amor, astúcia emprega, aquela que, lasciva, a nós se achega; Aquela que nos jura e sempre mente, não é Mulher – mas algo bem dif’rente! aquela que provoca e não se entrega, aquela que seduz e se nega; Aquela que se of’rece e não consente, Bíblica Serpente

Bíblica Serpente Bíblica Serpente Bíblica Serpente

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 184

d'oscular o teu corpo idolatrado... são p'ra beijar. Há muito, eu morro, à míngua Guardá-los ? Para quê? Lábios e língua nos olhos, no pescoço – em todo o lado... São para dar, nos lábios e na cara, Não guardes mais teus beijos, grande avara! – E logo, no meu peito, o ardor desponta. que fazem levedar meus sentimentos... que os beijos recusados são fermentos, Recusas sempre. E nem sequer dás conta suplícios e torturas de alta monta. que, à procura dos teus, sofrem tormentos, a uns lábios ansiosos e sedentos Furtaste a tua boca, ó minha tonta!

Avareza Avareza Avareza Avareza

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 185

– És uma inútil mais, entre as inúteis!... Tu nem sabes pensar, cabeça oca! Malbaratas a Vida, em ânsia louca. vives só de aparências e coisas fúteis... atavios reais, finos bordados, Toda rendas de punhos e brocados, és a imagem da Vénus – Perdição. linda e loira, talvez da camomila, (a que traiu o crédulo Sansão) Teus olhos insondáveis de Dalila, como uma inevitável tentação. o teu letal fascínio em nós se instila, a ressumar mistério e sedução, Com teu sorriso amorfo de Sibila,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Inútil Inútil Inútil Inútil Inútil - 186

1 Entenda-se: ... raiz da e o remédio é tomar raiz d’atura já começo a ficar esquizofrénico devido ao vírus duma estirpe pura, Tossindo a toda hora, quase anémico, que, há mais de um mês, o corpo meu tortura. tento vencer o vil surto epidémico decúbito, no leito, enxerga dura, Acorrentado à Dor, febril, asténico, p´ra afastar esta gripe enraivecida. Quem me dera este Inverno ver no fim, Mas o vírus não sai. Gostou de mim. p’la garganta irritada e dolorida... panadóis, aspirinas – tudo passa Cafés quentes, tisanas, mel, cachaça, datura = planta solanácea, fonte do alcalóide daturina.

Maldita Maldita Gripe Maldita Maldita

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 187

Gripe Gripe Gripe

1 .

além da mais narcísica vaidade... por tanto seduzires e nada teres, – Talvez o amargor da saciedade, fruídos, em momentos deleitosos? que foi te ficou, dos mil prazeres De tantos episódios amorosos, vais destroçando ingénuos corações. tal um sultão, vizir, ou grão-paxá, desprezando a moral e as convenções, Uma aventura aqui, outra acolá, que não se farta nunca de paixões. como se fosses outro D. Juan, sempre em busca de novas emoções, Uma aventura hoje, outra amanhã,

O Eterno Sedutor O Eterno Sedutor O Eterno Sedutor O Eterno Sedutor O Eterno Sedutor

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 188

que possua qualquer significado. Amar não é, p´ra ti, conjugação, Juras, sonhos, promessas – onde estão? pois só loucas paixões hás despertado... o teu falso pudor ninguém ilude, Sob a capa do bem e da virtude, co’a feira das vaidades sociais. Preocupada apenas, seriamente, contendo podridão e nada mais. És sepulcro caiado, alvinitente, de ver todos rendidos a teus pés. alimentando sempre o vil desejo fingindo ser aquilo que não és, Tenho pena de ti, quando te vejo,

Sepulcro Caiado Sepulcro Caiado Sepulcro Caiado Sepulcro Caiado Sepulcro Caiado

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 189



Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 190

Como fez Sheherazade ao rei-sultão. Conta aos pupilos as … Dar o Programa, a sério, não te afoites! Satisfaça do mestre a petição… Lá ficou a aguardar que outra brigada E a Escola, frouxamente iluminada, Uma lâmpada só tinha Aladino! – Não vou lâmpada nova colocar. pois se fundiu, há pouco, poucochinho. – Outra lâmpada peço p’ra instalar, Uma lâmpada só tinha Aladino! Luz a mais, professor, pode cegar. – Pouca luz alguém disse, em Folgosinho. – «Mais luz!» – clamava Goethe, ao se finar.

A Lâmpada de Aladino A Lâmpada de Aladino A Lâmpada de Aladino A Lâmpada de Aladino A Lâmpada de Aladino

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 191

Mil e Uma Noites

,

ser livre e amar... amar, sem restrição. Um gesto de clemência, há muito, espera: Deixa-o voar. Não sejas tão severa! mantendo prisioneiro o Coração... um acidente cardiovascular, Abre a redoma e faz por evitar e sair da letal inanição. p’ra, de novo, ficar enamorado, vibrar, sentir, amar, ter emoção, Precisava de ser reanimado, por falta de qualquer ventilação. Vai ficar macilento, definhado, numa redoma, tens o Coração. Fechado a sete chaves, bem guardado,

Prisioneiro Prisioneiro Prisioneiro Prisioneiro Prisioneiro

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 192

decifrar, contornando as todo o leitor, atento e concentrado, Quisera ver, de lápis empunhado, que gosta de engrossar nossas fileiras… mais um Amigo, Cruzadista Fico contente, quando algures se avista se não gostam de achar a solução. Podem crer que me dão grande desgosto, que alguns leitores lhes dão pouca atenção. Os crucigramas faço, mas aposto se, um dia, os que não gostam gostarão. Também gosto dos outros… e mais gosto, e dá gosto manter tal relação. Eu gosto de quem gosta do que

Cruzadofilia Cruzadofilia Cruzadofilia Cruzadofilia

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 193

ratoeiras

.

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 194

9. 9. 9. 9. 9. SINFONIA

SINFONIA SINFONIA SINFONIA SINFONIA

-Oh, dor! Oh, dor! – D’alba à noitinha, em serra agreste… Cavou, cavou, na serra agreste, ...... -Oh, dor! Oh, dor! – Cavou, cavou… Bateu meio-dia… Cavou, cavou, desde que é dia… Fantasma negro o cavador! Rasga as montanhas com a enxada, Torvo, inclinado sobre a enxada, ......

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 195

Guerra Junqueiro Junqueiro Guerra

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 196

Que fez, de pedras, terra produtiva. Lembra-me, ao ver-te, o meu saudoso Pai, O teu perfil da mente não me sai. – haja alguém, que me negue ou contradiga... és um Herói – sem Cruz de Guerra Tu que amanhas o vale, monte, a serra, que tanta boca vai alimentar. em frutos, na seara abençoada, que rasga o solo e faz desentranhar ninguém repara em ti – alma esforçada, ou suportando o sol canicular, desafiando o frio da nortada, no campo, o dia inteiro, a mourejar, Vergado sobre o cabo duma enxada,

Cavador Cavador- Cavador Cavador

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 197 e a fazem produzir) ( A quantos amam a terra

- -Herói - Herói Herói Herói Herói

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 198

o fresco tu foste, ó E, neste vaguear de rumo incerto, sem vislumbrar a Terra Prometida... E eu prossigo na longa caminhada, E os Sonhos que sonhei são pó, nada. que, muita vez, sonhei, com ânsia tanta. E lembro os Sonhos puros de menino por ver, à solta, o ódio vil, mesquinho. Morre-me um grito surdo, na garganta, em busca da longínqua Terra Santa. não sou mais que um cansado peregrino, nesta etapa, sem norte e destino, Neste Mundo, em que nada nos encanta, oásis

Mãe

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS Mãe Mãe Mãe Mãe - 199 , que encontrei na Vida. , no cálido deserto,

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 200

(À minha neta) – Deus lhe dê muitas Bênçãos e Venturas! E o avô, com tal neta, louco fica. Algumas letras mesmo identifica. abstraindo, objectos e gravuras... p’los dedinhos, e até relacionar, Já sabe os algarismos e contar, à traquina Diana Rafaela. Por isso, pais e amigos querem tanto ouvi-la dissertar, ao jeito dela. Este amor de petiza é um encanto receber, como prenda, algum poema. Faz três anos apenas e já espera A dezoito, floriu esta açucena. Mais três dias e chega a Primavera.

Açucena Açucena Açucena Açucena

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 201

lembar-te, como Irmão, por ambos, a Polímnia, darmos voz, Perdoas, certamente, se eu ousar, Poeta, Pedagogo e Pensador. um exemplo a seguir, por todos nós: Foste um Homem de fibra, lutador, à Família, Escola, Vocação. levando-te, quando inda eras preciso cumpriu sua nefanda obrigação, Átropos veio e, sem qualquer aviso, ceifando uma carreira auspiciosa. O mesmo já fizera a um filho teu, cortar-te o fio à Vida preciosa. Chegou a negra Parca e resolveu

Alegre Alegre- Alegre Alegre

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 202 (A João Alegre Marques) - -Mar - Mar Mar Mar Mar Alegre-Mar

.

na música divina de Gounod! os sons da Natureza, ao despertar, – Abre a janela à brisa e vem escutar e o Azul que, no céu, Deus entornou... olhar, de frente, o Sol, a Claridade É preciso sorrir, rir com vontade, que impede a Luz de entrar no Coração. É urgente transpor toda a barreira não permite do Mundo outra visão. Arrastar tanta mágoa, a vida inteira, é viver na maior desolação. Ter a Dor, por assídua companheira, em nada modifica a situação. Não chorar, mas sofrer de igual maneira,

Sursum Corda! Sursum Corda! Sursum Corda! Sursum Corda!

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 203 (Para a Fanny)

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 204

( de qu’rer, num verso, o Sonho eternizar. os loucos paladinos da Loucura, ao sentir esvair-se-lhe a saúde... a Saudade da Pátria, na lonjura, Do Nobre, a merencória solitude, e, do Cesário, um mundo insuspeitado. Da Florbela, deténs a vibração do nosso Antero, a amarga decepção. De Bocage, possuis o estro ousado, e, de Junqueiro, o Verso bem talhado. De Miranda, tu tens a inspiração tu és, Fanny, um sopro de ilusão. Num mundo de matéria impregnado, Poetas – geração preste a findar,

Paladinos Paladinos Paladinos Paladinos

von LAURUS von von LAURUS von von LAURUS von LAURUS - 205

À Fanny

)

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 206

Por isso, ó Luso Herói, eu te saúdo! Honras, lá fora, a Pátria que não morre. Não temes o revés. Superas tudo. a epopeia dos Homens de Quinhentos... Mas pulsa em ti, tuas veias corre Melhor vida – eu sei bem! – São teus intentos. à branca aldeia que te viu crescer. Sempre que podes, voltas, em romagem, por quem fica a rezar, p´ra não sofrer. Vai contigo a Saudade, na bagagem, e uma vontade firme de vencer. Levas, no peito, rios de coragem da terra-berço, que te viu nascer. Levas, nos olhos, sonhos de paisagem

Longe da Pátria Longe da Pátria Longe da Pátria Longe da Pátria

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do riso das crianças que geraste. longos meses, anseia p’la chegada E a tua linda casa aconchegada, sempre a lembrar terra em que brincaste... a Saudade minar o teu sentir, Dia após dia, os olhos no Porvir, entre os demais, o mais qualificado. tu és o forte e honesto lutador, onde o teu braço é tão apreciado, Lá fora, no país acolhedor, decénios de trabalho e suor. pedras de luta, um Sonho idolatrado, tijolos cimentados com Amor, Ergueste a tua casa, de bom grado:

Lares d’Emigrados Lares d’Emigrados Lares d’Emigrados Lares d’Emigrados

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juntando-se às de meus olhos caídas. que se vão desprendendo dos beirais, Cai a chuva. São lágrimas sentidas, que anseiam por caia mais e mais... matando a sede às terras ressequidas, Tomba, agora, mais forte, nos quintais, que fere e dói, por ser tão insistente. – Ping! Ping! Ping! – débil onomatopeia, Chorando a sua mágoa, que alanceia: Cai a chuva, lá fora, mansamente. minh’alma que, com ela, sofre e sente. E, da sua tristeza, fica cheia cantando a sua triste melopeia. Ouço a chuva, caindo lentamente,

Triste Melopeia Triste Melopeia Triste Melopeia Triste Melopeia

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que o mesmo pôr-do-sol irão contemplar. nuns olhos lindos, cândidos, prazenteiros, E, ao cair da tarde, eu fico a meditar a Terra é um microcosmo, fugida ao tempo... entre fragas, giestas, urze e pinheiros, No mais fundo do vale, neste isolamento, convidando o crente a Deus prece erguer. ouço um longínquo toque de Avé-Marias, que enche minh’alma do mais vivo prazer, no sossego da tarde, nesta harmonia, quando o Sol está mesmo prestes a morrer; nesta Paz que se respira, ao fim do dia, no silêncio que envolve todo o meu ser; Na quietude da tarde, nesta acalmia,

Ao Pôr Ao Pôr- Ao Pôr Ao Pôr

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 210 - -do - do do- do - -Sol - Sol Sol Sol

e soube teus desgostos mitigar? pra quem te encontrou tão desditosa E, por que não, Mulher, ser carinhosa, um pouco do tão lindo verbo AMAR! p' ra poderes albergar, no Coração, Por isso, deves ter compreensão, a erosão, que corrói tantos casais. E que a tua Razão nunca mais tema Qu' outrora sufocou teus tristes ais! Que, no teu peito, exista o mesmo lema, e que o Amor tenha som de madrigais. Quero que a vida te cheire alfazema dif’rente, bem dif’rente dos demais. É tempo de também teres um poema 49.º Aniversário 49. 49.º 49. 49.

º Aniversário º Aniversário º Aniversário º Aniversário

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(ao Rev. Padre Roque, falecido a 26.09.91)

a eterna gratidão de Cativelos. Na presença de Deus, na Paz Bendita, Imerso em Pura Luz, Luz Infinita, O múnus de Prior, com mil desvelos!... O bom Padre José sempre exerceu E com que sacrifício, Senhor meu, deixou linda a Matriz, reconstruída. num misto de bom gosto e fervor, de servir a Paróquia estremecida, Nem sempre compreendido, no labor das ovelhas em busca de guarida... sem outra ocupação, sempre ao dispor, numa of’renda total de sua vida, Quarenta e cinco anos de Pastor,

Lembrando Lembrando Lembrando Lembrando Lembrando

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a perfumar antigas ilusões. de rosas do mais belo colorido, Eu quero esse caminho atapetado entre sonhos, venturas, decepções... Já parte do caminho é percorrido, Já corre, no zénite, o carro alado... A Vida – uma certeza inabalável. Tudo era luz, sorrisos, alegria. no céu azul, o sol, imperturbável. Inda ontem era manhã. Resplendia, ao riso amargo, pranto interminável. indif’rente à tristeza, Dor sombria, num ritmo sempre igual, inexorável, Vai o Tempo rolando, dia a dia,

Anseio Anseio Anseio Anseio Anseio

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e seja a voz que lavra semeia. festeje, dentro em breve, o centenário Que o nosso prestimoso Semanário do vetusto “Notícias de Gouveia”. lembremos, com saudade, o Fundador Entre tantas palavras de louvor, De Diamante as Bodas consagradas. mas, hoje, tens a festa de homenagem: entre ventos, procelas, derrocadas. Foi difícil, por vezes, a viagem, sentinela, na Estrela alcandorada. És vigia da torre de menagem, para vencer a longa caminhada. Setenta e cinco anos de coragem,

Longevidade Longevidade Longevidade Longevidade

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Os Deuses te Fadaram Os Deuses te Fadaram Os Deuses te Fadaram e Apolo coroou-te só de louros... Asclépio fez-te imune de quebrantos Afrodite acorreu, com seus encantos, Atena veio encher-te de tesouros, de graças e virtudes te adornaram: Os deuses do Olimpo te fadaram, saudaram outra irmã recém-nascida. E as estrelas da cúpula celeste fez com que a aurora fosse antecedida. O Sol – tu nem sequer te apercebeste e a Lua te sorriu enternecida. Mercúrio brilhou mais, quando nasceste, gritando luz, vagindo amor e vida. Da bruma placentária tu vieste, Os Deuses te Fadaram Os Deuses te Fadaram

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(À Nelly) (À

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p’ra quem corre a salvar vidas e bens. nesta data de suma relevância Aos Soldados da Paz, os Parabéns, o vigésimo quinto aniversário!... comemorar com pompa e circunstância, Que orgulho ser Bombeiro Voluntário, ergueram esta Nobre Associação. Mil vontades, num esforço permanente, lhe prestou a melhor aceitação. E a ideia cresceu e toda gente ter Bombeiros, aqui, na povoação». «Vila Nova precisa – é bem urgente alastrou, tomou vulto, fez-se acção: Uma ideia nasceu, timidamente,

Há 25 Anos Há 25 Anos Há 25 Anos Há 25 Anos

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nas suas Bodas de Prata.) (Homenagem aos B.V. de V.N. Tazem, Março de 1990 Vila Nova de Tazem,

– Bendito Deus, p’los dons que recebeste! e o perfume da flor, que tu aspiras. Abençoado o ar, que tu respiras, e a primeira palavra, que disseste. a mão que, ao baptistério, te levou Bendita a água, que te saciou, Abençoado quem te adormeceu. Bendita a brisa, que te refrescou. Abençoado o Sol que te aqueceu. Bendito o seio que te amamentou. Abençoado o fruto que nasceu. Bendito seja o Amor, que os dois ligou. Abençoado o Pai, que sémen deu. "Bendita seja a Mãe, que te gerou".

Benedictus Benedictus Benedictus Benedictus

Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho Trovador d’Antanho - 218 (À Guida e seus Pais)

com brilho e distinção realizado. efectuaste o teu Doutoramento, E, por fim, o apogeu, grande evento: prossegue na Pesquisa e no Mestrado... vai do Ensino, à Banca, Formatura, O teu percurso, tal uma aventura, levando, à frente, o Mundo de vencida. foste subindo a íngreme ladeira, mas, graças à coragem desmedida, Não foi fácil transpor tanta barreira, a meta heroicamente perseguida. eis-te chegado ao topo da carreira, concretizando o Sonho de uma Vida, Após anos e de canseira, Perseverança Perseverança Perseverança Perseverança

(Ao Doutor José Manuel Azevedo e Silva)

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e, assim, possa afrontar a Eternidade! que espero, mais e mais, venha a crescer Que tal nunca aconteça à Amizade imersas na poeira do olvido... cujas folhas o Tempo vai escur’cer Um livro é um penhor enobrecido, nesta Afeição, tão rica de nobreza. – Ninguém nos poderá levar a palma, que, nas horas difíceis, sempre acalma: Um livro, uma lembrança – Certeza decerto irás fruir toda a Beleza. Quando fores consultá-lo, em noites calmas, que fará deslumbrar as nossas almas. Um livro, uma lembrança – surpresa,

Um Livro Um Livro Um Livro Um Livro Um Livro

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domínio de preferência: a Língua de Camões. a Língua de Camões. domínio de preferência: de saber acerca o com do quantos na sua partilha questionaram seu quer didáctico, magistério do seu através quer de várias e do saber gerações, da cultura prol em constante labor e o seu poética a sua obra admiram de quantos homenagem uma como livro constitui-se Este formal. no seu rigor especialmente, da obra e, temática na profundidade mais algo acrescentaram porventura que sonetos alguns de mais acrescida publicada, se vê finalmente que anos passados, agora, É dia. do luz a não ver vicissitude acabou por várias, por mas, 1996, em esteve no prelo publicada, ora obra, A vezes, por exacerbado. e do seu romantismo, sensibilidade do autor na obra e predomina nos das paixões que dá e desalentos desamores, conta da intensa dos Mas toponímica. temática nos de índolee amores é a eterna eminentemente ênfase com especial nos seus poemas, patente o acolheu está que de residência à região ligação A sua mais filosófico. de carácter a temas vezes, pano de fundo como muitas servindo, poética, na sua obra perpassa é a vida que e sua calma do campo bucólico, e reservado carácter De transcendente. espécie de relação uma ele estabelecia quem com refúgio sublime aliada constante, uma na sua vida, desde sempre, marcante algo aliás, Músicafoi, A conhecedor. notório foi a Música de que particularizar Clássica, justiça, com há que, última, desta relacionadastemáticas sapiência, com Linguística,sobre Literatura, História, Arte... e, dentro com ao tanta discorrer, os seus interlocutores, fascinava que tempo ao mesmo deleitava-se, de Humanidades, vertente às letras, ligado mais sempre sólida cultura, de uma Senhor Clube de Arganil. da Rádio Renascença e do lidos aos microfones foram poemas seus dos Alguns 1997). (Gouveia, do Concelho de Gouveia” de Poetas Antologia “I na e 1987) (Lisboa, Contemporânea na Está de Mangualderepresentado e “Notícias4.ª de de Gouveia”. Antologia Poesia “Notícias da Beira” de Montijo, do Sul” “Gazeta nos semanários poesia de secção na Colaborou e Bocaccio. de Petrarca cedo teve início pelo templo Desde muito a sua incursão a sua inspiração poética. temporã constata-se Rebuscando nas suas sebentas-memórias, a Pena”. e “Valeu “Apostolado” sonetos nos seus inspirados relembrava – como da sua vida de professor-apóstolo parte a maior leccionou que Tazem, de Nova

durante alguns anos, à 5.ª e 6.ª classes. Foi, no entanto, em Vila no entanto, Foi, classes. e 6.ª à 5.ª anos, alguns durante onde deu do Fonte aulas, Regótio”), “A ele alude em (como Cativelos em radicou-se Posteriormente, Nelas. em e Mangualde em natal, sua freguesia Alcafache, em profissão sua a Exerceu obrigatório.”. de serviço militar 20 meses cumprido entretanto, tendo, Primário, Professor já era Passados 5 anos, Ensino Primário. era apenas a formação a minha 4.ª classe do inspecção militar, à fui Quando estudante-relâmpago. um “Fui cavaqueira: vez, amena uma em ele mencionou Como autodidacta. um quase foi concelho de Mangualde, Tibaldinho, em de 1931, nascido a 4 (von Laurus), de de Loureiro TacílioMarço Cardoso

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