UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES

A importância do lobby no espaço contemporâneo do

Proposta de um novo lobby para o Pestana Cascais

Sofia Ramos Bazenga Fernandes

Trabalho de Projeto Mestrado em Design de Equipamento Especialização em Design Urbano e de Interiores

Trabalho de Projeto orientado pelo Prof. Doutor Raul Cunca

2020 DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu Sofia Ramos Bazenga Fernandes, declaro que o presente trabalho de projeto de mestrado intitulado “A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel: Proposta de um novo lobby para o Pestana Cascais”, é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes documentais, tal como todas as citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo do trabalho segundo as normas académicas.

O Candidato

Lisboa, 13/8/2020

2 RESUMO

A palavra lobby provém do latim LOBIUM e expressa, não só a associação a um espaço, vestíbulo ou antecâmara, como também a prática de lobbying, que foi efetuada desde épocas passadas, em diferentes espaços onde o diálogo procurava, persuadir os interlocutores para promoção de ideias ou propagação de determinadas ações. Lugar, portanto, de encontro e de diálogo. O espaço do lobby, hoje, integrado nas unidades hoteleiras surge como a continuidade e como uma memória dos encontros entre os primeiros viajantes, que instituem o conceito da deslocação de um lugar para outro, assim como a necessidade de criar os primórdios da hospedagem, acolhimento, alimentação, etc. Com o aumento das viagens, do comércio e as necessidades dos hóspedes, a hotelaria evoluiu, o que contribuiu para o aparecimento de novas e variadas tipologias de hospedagem, tais como a boutique hotel, o resort, o hotel, as pousadas, etc.

O lobby de um hotel é, possivelmente, a zona com maior importância em todo o estabelecimento, por ser o espaço não só mais exposto, como o primeiro com que se confronta o viajante. É neste universo que se cria o maior e mais decisivo impacto para as pessoas que o visitam ou que o atravessam. Deste modo, o lugar concedido ao lobby pode ser utilizado, muitas vezes, como instrumento de persuasão e propagação da imagem que o hotel pretende transmitir. É a partir desta ideia que se pretende refletir e intervir no ambiente reservado ao lobby. Por esse motivo, neste projeto de design, optou-se por selecionar um estabelecimento hoteleiro – Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel (Pestana Hotel Group), expondo novas propostas para a disposição da área, assim como recomendar novo equipamento, com o intuito de atualizar e revitalizar o espaço adequando-o melhor ao tempo atual, ao local onde se insere e à atmosfera que pretende difundir. Como material de apoio para este trabalho de projeto, realizou-se uma pesquisa com incidência no lobby, de modo geral e nos lobbies da empresa Pestana Hotel Group, em particular, contextualizando-os no plano histórico, e sublinhando a importâncias de cada um deles, de modo a que se desenvolva melhor entendimento para futuras projeções de lobbies em estabelecimentos hoteleiros.

Palavras-Chave: Design; Lobbies; Hotelaria; Pestana Hotel Group: Hotel Pestana Cascais.

3 ABSTRACT

The word lobby comes from LOBIUM in Latin and it conveys not only to a space, vestibule or antechamber, but also to the practice of lobbying. This practice has been carried out for decades in different spaces where dialogue searched to persuade communicators in the promotion of ideas or propagation of given actions. Currently, the lobby area integrated in hospitality emerges as a continuity and a memory of the meetings between the first travelers, that established the notion of moving from one place to the next, as well as the necessity of creating the early stages of hospitality, lodging, etc. As travels, commerce and guest needs have significantly increased, hotel management has evolved which has helped creating new types of hospitality such as boutique , resorts, casino hotels, , etc. The hotel lobby is quite possibly, the most important area in the facility as it is not only the most exposed space as well as the first impression for a newly-arrived traveller. The major impact for visitors and passers-by is created in this universe. This way, a lobby can be used as a form of persuasion and an image propagation tool for the hotel. Starting from this idea, this project aims to reflect and seek intervention in the environment that is reserved for lobbies. For this reason and for this design project it was chosen a hotel – Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel (Pestana Hotel Group) bringing to light new space dispositions, recommend new equipment with the intention of updating and revitalizing the space as well as bringing it up to date and modernizing it to the place it is located in. A research focusing on lobbies, in general as well as at the Pestana Hotel Group, was conducted as supporting material in order to contextualize it in a historic plan, highlighting the importance of each of them so they can develop a better understanding for future hotel lobby projections and designs.

Keywords: Design; Lobbies; Hospitality; Pestana Hotel Group: Hotel Pestana Cascais.

4 Agradecimentos

Para a realização deste trabalho de projeto, tive o privilégio de contar com o apoio e com ajuda de diversas pessoas para as quais não posso deixar de exprimir o meu mais profundo agradecimento. Assim, gostaria de deixar aqui expressas algumas palavras de reconhecimento pelo tempo que me concederam.

Em primeiro lugar, queria agradecer ao Professor, meu orientador, Prof. Doutor Raul Cunca, por ter aceitado acompanhar-me na realização deste trabalho. Estou-lhe profundamente reconhecida pela disponibilidade e pela paciência que sempre manifestou ao longo de todo este processo.

Em segundo lugar, estou também agradecida à arquiteta Catarina Sequeira Silva que, não só me sugeriu temáticas utilíssimas para este projeto, como me acompanhou na parte inicial da pesquisa. Ao Pestana Hotel Group estou igualmente grata pelo apoio sempre obtido, quer pelos arquitetos e engenheiros, quer pelos serviços administrativos.

Não posso deixar de agradecer à minha família pela tolerância expressa às minhas ansiedades, pela ajuda e pelo apoio em todos os momentos.

Por fim, aos meus amigos que me muito me suportaram durante a elaboração deste trabalho. Deles gostaria de mencionar particularmente as contribuições essenciais da Matilde e da Filipa. Elas sabem como lhes estou reconhecida.

5 Índice

Parte I 12 1. Introdução 12 1.1. Definição do tema 12 1.2. Objetivos 13 1.3. Estrutura da dissertação 14 1.4. Metodologia 15 2. O Lobby 16 2.1. O conceito e sua origem 16 2.2. Evolução do Lobby no espaço hoteleiro 18 2.3. A importância e o respetivo impacto do Lobby de hotel 28 2.3.1. Fatores caraterísticos e marcantes no lobby 28 2.4. Elementos constitutivos do Lobby 33 2.4.1. A receção 33 2.4.2. O bar 35 2.4.3. O lounge 37 2.5. Lobbies Internacionais Emblemáticos 38 2.5.1. Raffles Hotel Singapore (Singapura) 39 2.5.2. Mandarin Oriental (Barcelona, Espanha) 41 2.5.3. Four Seasons (Paris, França) 43 2.5.4. Four Seasons (Guangzhou, China) 44 2.5.5. Fairmont San Francisco (Califórnia) 45 2.6. Síntese 47 3. Pestana Hotel Group 48 3.1. Caracterização do Grupo Hoteleiro 48 3.2. História e percurso 48 3.3. Fundadores 64 3.3.1. Manuel Pestana 64 3.3.2. Dionísio Pestana 65 3.4. Características da Empresa 67 3.5. As marcas 71 3.5.1. Pestana Hotels & Resorts - Cosmopolitan Hotels & Paradise Resorts 71 3.5.2. Pestana Pousadas de Monument & Historic Hotels 72 3.5.3. Pestana Collection Hotels 74 3.5.4. Pestana CR7 Lifestyle Hotels 75 3.6. Valores da Marca 76

6 3.7. Breve análise de lobbies das diversas marcas hoteleiras 80 3.7.1. Lobby da marca Pestana Hotels & Resorts 80 3.7.2. Lobby da marca Pestana 82 3.7.3. Lobby da marca Pestana Collection Hotels 83 3.7.4. Lobby da marca Pestana CR7 Lifestyle Hotels 85 3.8. Síntese 87 Parte II 88 1. Projeto para o Lobby do Hotel Pestana Cascais - Ocean Conference Aparthotel 88 1.1. Apresentação programática 88 2. Contextualização do projeto 88 2.1. O espaço 88 2.1.1. Enquadramento Histórico 88 2.1.2. Análise do espaço 91 2.2. Equipamento 108 2.2.1. Equipamento - Zona de receção 108 2.2.2. Equipamento - Zona do bar 111 2.2.3. Equipamento – Zona do lounge 113 Desenhos técnicos 119 3. Síntese 120 Considerações finais 121 Bibliografia 124 Webgrafia 124 Anexos 130

7 Índice de Figuras

Figura 1 - Hotel Willard durante a Guerra Cívil. Fonte: Brownstein. 2012 17 Figura 2 - Fachada do Hotel Ritz no ano 1898. Fonte: 21 Figura 3 -Lounge do Hotel Morgans, Manhattan. Fonte: Jetsetter, 2020. 26 Figura 4 - Fachada do hotel Stevens Chicago em 1922. Fonte: Chicagology, 2020. 23 Figura 5 - Fachada do Hotel Puerta América, em Madrid. Fonte: Hernandéz, 2020. 26 Figura 6 - Mapa dos principais fatores da importância do lobby. 29 Figura 7 – Fachada do Raffles Hotel Singapore. Fonte: CNN Travel, 2020. 40 Figura 8 - Lobby do Raffles Hotel Singapore. Fonte: Reid, 2019. 41 Figura 9 - Rampa da entrada do hotel Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019. 42 Figura 10 - Lobby do Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019. 43 Figura 11 - Lobby do Four Seasons Hotel George V em Paris. Fonte: Mattos, 2014. 43 Figura 12 - Lobby do Four Seasons em Guangzhou, na China. Fonte: ArchDaily, 2020. 44 Figura 13 - Lobby do Fairmont San Francisco. Fonte: Fairmont, 2020 46 Figura 14 - Tabela representativa da evolução história das cadeias hoteleiras Portuguesas de 2008 a 2017. Fonte: Deloitte, 2018. 48 Figura 15 - Manuel Pestana e Mário Soares na inauguração do primeiro hotel do Grupo Hoteleiro, em 1972. Fonte: , 2020. 49 Figura 16 - Dionísio Pestana a cumprimentar Mário Soares na cerimónia de abertura do primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. Fonte: Pestana Group, 2020. 50 Figura 17 -O primeiro traço feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer do Pestana Casino Park. Fonte: Wink, 2012. 52 Figura 18 - Prédio , Lourenço Marques. Fonte: The Delagoa Bay World, 2020. 53 Figura 19 - Pestana Rovuma Hotel, Moçambique. Fonte: House Of Maputo, 2020. 54 Figura 20 - Palácio Valle Flor em construção, publicado na Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020. 56 Figura 21 – Edifício das Cocheiras do Palácio Valle Flor, publicado pela Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020. 57 Figura 22 - Logotipos das três submarcas no início de 2015, ano do Rebranding da marca Pestana. Fonte: Meios e Publicidade, 2020. 62

8 Figura 23 - Gráfico representativo da posição do Pestana Hotel Group no Mundo. Fonte: Pestana Group, 2020. 66 Figura 24 - Esquema das principais caraterísticas do Pestana Hotel Group, esquema proposto pela autora. 68 Figura 25 - Gráfico do número de quartos pelo mundo e por segmento do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020. 69 Figura 26 - Gráfico representativo do número de incidência em várias tipologias de propriedade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020. 70 Figura 27 - Logotipo da submarca, Pestana Hotels & Resorts. Fonte: Jornal I, 2020. 71 Figura 28 - Logotipo da submarca, Pestana Pousadas de Portugal. Fonte: Pestana Group, 2020. 72 Figura 29 - Logotipo da submarca, Pestana Collection Hotels. Fonte: Banco Best, 2020. 74 Figura 30 - Logotipo da submarca, Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Fonte: Pestana Group, 2020. 75 Figura 31 - Logotipo do Programa Planet Guest do Pestana Group Hotel. Fonte: Pestana Group, 2020. 77 Figura 32 - Áreas de atuação estratégica do Programa Sustentabilidade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Hotel Group, 2018. 78 Figura 33 - Lobby do Hotel Pestana Carlton . Fonte: Sofia Fernandes, 2019. 80 Figura 34 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 81 Figura 35 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Lounge, bar e receção, respetivamente. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 82 Figura 36 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 83 Figura 37 - Lobby do Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018. 84 Figura 38 - Lobby do hotel Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018 85 Figura 39 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 85 Figura 40 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 86 Figura 41 - Registo antigo do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens. Fonte: Tripadvisor, 2020. 89

9 Figura 42 - Registo da versão visual do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens em 2012. Fonte: Tripadvisor, 2020. 90 Figura 43 - Esboços realizados em 2002, altura que forem efetuadas alternações devido a problemas de infiltrações. 91 Figura 44 - Render da zona da receção, sob o ponto de vista da porta de entrada do hotel. 101 Figura 45 - Renders da zona de receção, sob o ponto de vista do corredor de circulação. 102 Figura 46 - Render a partir da zona da receção. 102 Figura 47 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista da passagem entre o lobby e o restaurante. 103 Figura 48 - Render da zona de circulação entre o bar e lounge. 104 Figura 49 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista do corredor de circulação. 104 Figura 50 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de descontração. 105 Figura 51 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista do corredor de circulação. 106 Figura 52 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de trabalho. 106 Figura 53 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona do bar. 107 Figura 54 - Render do lobby visto da porta de entrada. 107 Figura 55 – Render do balcão da receção, vista de frente. 108 Figura 56 - Render do balcão da receção, vista de trás. 109 Figura 57 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos. 109 Figura 58 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos, vista aproximada. 110 Figura 59 - Render da peça do sistema de arrumação 110 Figura 60 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos. 110 Figura 61 - Render do balcão do bar, vista de frente. 111 Figura 62 - Render do balcão do bar, vista de trás. 112 Figura 63 - Render da cadeira do bar. 113 Figura 64 - Renders da mesa da zona de apoio ao serviço de bar 114 Figura 65 - Render do sofá/banco da zona de descontração do lounge. 114 Figura 66 - Renders do segundo sofá mais pequeno da zona de descontração do lounge. 115

10 Figura 67 - Render do sofá mais comprido, com fixação do sofá alto através do velcro. 115 Figura 68 - Render do sofá comprido, que serve de encosto e é fixado ao sofá comprimido baixo, através do velcro. 116 Figura 69 - Render do balcão situado na zona de trabalho do lounge. 117 Figura 70 - Render do balcão da zona de trabalho do lounge. 117 Figura 71 - Renders do banco da zona de trabalho do lounge. 118

11 Parte I 1. Introdução

1.1. Definição do tema

A evolução da hotelaria foi, naturalmente, exigindo ao longo do tempo, a forte intervenção do Design como um aliado incontornável na sua conceção. O design de interiores de um hotel reflete, muitas vezes, as tradições culturais dos locais, o ambiente em que se envolve, e o mercado-alvo que pretende atingir.

Assim, se pode entender afirmações como esta: «Hotel design is influenced by many factors: the functions of the hotel and the local cultural and physical environment.» 1(Yu, 1999)

No âmbito do conhecimento da área de Design de Interiores, este trabalho pretende entender a relevância de um dos espaços de maior importância em um estabelecimento hoteleiro – lobby –. É compreendido como o lugar de maior impacto em todo o estabelecimento, sendo aquele onde se criam as primeiras impressões, onde se retêm memórias, onde se revivem imagens. Na maioria das vezes é composto por elementos indispensáveis como a receção, o bar ou até o lounge.

O lobby é ainda reconhecido como um ambiente que pode favorecer a escolha de um hotel, podendo assim avaliarmos a importância que os lobbies mais emblemáticos podem adquirir quer através da sua visibilidade, quer através da sua opulência ou simplicidade. Assim se entende o reconhecimento dado a vários casos com a atribuição de prémios a empresas de hotelaria, que, não poucas vezes, pode estender-se a toda a unidade hoteleira. Uma recompensa ao lobby pode ser compreendida como uma distinção a toda a unidade hoteleira. No seguimento da abordagem ao tema, foi efetuada uma investigação sobre a empresa Pestana Hotel Group, explicando o início e crescimento do Grupo, as principais

1 «O design de hotel é influenciado por muitos fatores: as funções do hotel, a cultura do local e o ambiente físico.» (Tradução livre pela autora)

12 caraterísticas e de que forma os lobbies dos seus hotéis podem ou não ser relevantes para hóspedes.

Com o desenvolvimento deste projeto, pretende-se demonstrar a importância do lobby em um estabelecimento hoteleiro, tendo em conta os principais fatores deste espaço e da sua atmosfera envolvente, apresentando uma proposta de renovação para um lobby específico, tendo sido interpretado como pouco adequado para as necessidades dos seus hóspedes e visitantes, pertencente à marca hoteleira, aqui selecionada.

1.2. Objetivos

A presente investigação visa salientar e esclarecer a importância que adquire o primeiro impacto, aplicado ao espaço dedicado ao ingresso e ao acolhimento em um hotel. Esta proposta de projeto pretende renovar o espaço do lobby do Hotel Pestana Cascais, com base em fatores de maior impacto e relevância, enquadrando-os e definindo-os no âmbito da cultura de uma empresa com vários anos de experiência na prática hoteleira. Este trabalho propõe também determinar e esclarecer as necessidades e exigências adequadas ao lobby em cada espaço hoteleiro, pondo em evidência as condicionantes da marca e do espaço onde se localiza o estabelecimento. Um hotel posicionado à beira mar não terá o mesmo tipo de configuração que um hotel integrado em um edifício histórico.

Deste modo é possível estabelecer os seguintes objetivos gerais: - (1) Requalificar o espaço com nova abordagem

- (2) Caraterizar o lobby e os seus fatores;

- (3) Caraterizar a empresa Pestana Hotel Group e definir a sua cultura e os seus valores;

- (4) Verificar o crescimento e evolução histórica do lobby, no caso concreto de uma cadeia hoteleira -- da empresa Pestana Hotel Group;

Objetivos específicos:

- (1) Compreender a origem do lobby e sua importância na empresa Pestana Hotel Group;

- (2) Determinar e definir os elementos constitutivos do lobby;

- (3) Analisar o local e o espaço de intervenção e a atmosfera envolvente;

13 - (4) Analisar os problemas e propor soluções na área de intervenção;

- (5) Definir os principais fatores de impacto do lobby;

- (6) Refletir sobre o reconhecimento dos lobbies mais emblemáticos a nível internacional;

1.3. Estrutura da dissertação

A estrutura do trabalho é composta fundamentalmente por uma componente teórica e por uma componente prática, organizando-se da seguinte forma: A componente teórica abrange a primeira parte que, por sua vez, inclui também dois capítulos que complementam e fundamentam o desenvolvimento do projeto. No capítulo 2 desta primeira parte, focaliza-se no conceito de lobby, apresentando conceitos gerais sobre a origem da palavra, sobre a evolução histórica da hotelaria e o sobre o surgimento da nova perceção do lobby. É exposta uma definição e caraterização dos principais fatores de impacto do lobby, assim como são definidos os elementos constitutivos. Por último, são ainda analisados os casos de lobbies mais emblemáticos a nível internacional que podem servir como referência para diversos projetos futuros, e também como fatores atrativos para hóspedes ou visitantes.

No capítulo 3 deste setor, é analisada e aprofundada a cultura da empresa Pestana Hotel Group, a instituição do grupo, a evolução histórica, o crescimento e a expansão hoteleira. Neste capítulo, é feita uma contextualização das caraterísticas principais da empresa, os valores éticos que pretende divulgar e ainda são definidas as submarcas hoteleiras, distinguindo-as e realizando uma breve análise de um lobby de cada uma das submarcas.

A componente prática pretende, depois, fundamentar o resultado da reflexão, retirada a partir da pesquisa temática realizada, através de uma proposta de trabalho de projeto para o lobby do Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel. Nesta terceira parte, são analisados vários dados, como a localização onde se insere o estabelecimento hoteleiro, o próprio espaço do lobby e as diferentes intervenções já realizadas ao longo dos anos precedentes. Neste âmbito, são definidas também as problemáticas do espaço, através da apresentação do levantamento fotográfico e são apresentadas sugestões e advertências para a resolução de alterações.

14 Por fim, serão expostos modelos de equipamento e nova estrutura organizacional do espaço, estabelecendo nova proposta renovada do lobby. Estes elementos finais, imprescindíveis ao trabalho de projeto, também incluem desenhos técnicos, plantas, cortes, esquemas percebidos pela autora e ficheiros complementares em anexo.

1.4. Metodologia

A metodologia utilizada para a concretização da presente investigação teve por base a recolha de informação bibliográfica, maioritariamente no capítulo 2, sobre a evolução da hotelaria e o surgimento e origem do lobby. Essa pesquisa bibliográfica procurou entender e enquadrar a importância e o impacto do lobby como o primeiro espaço que mais condiciona – positiva ou negativamente quem entra ou quem observa uma unidade hoteleira. Na pesquisa sobre os elementos constitutivos do lobby são definidos os conceitos e principais caraterísticas, através de fundamentos teóricos, e como complemento a este tema de investigação, são ainda analisados de forma breve os lobbies mais reconhecidos internacionalmente.

Relativamente ao capítulo 3, é efetuado um processo de recolha de informação através de artigos, publicações de revistas e notícias, e esta fase tem como propósito definir os marcos históricos da empresa hoteleira em análise, registar a sua evolução e percurso, e caraterizar o registo apresentado pela empresa, com apresentação de um levantamento fotográfico da autoria da autora para uma melhor compreensão dos lobbies.

Esta metodologia contribui para um enquadramento completo e construtivo do tema obtendo, desta forma, uma orientação para o desenvolvimento do trabalho de projeto.

Nesse último processo, são realizadas análises de dados recolhidos por levantamentos fotográficos e de medidas do espaço, sugerindo outras formas de organização espacial e estrutural, e apresentando novos modelos de equipamento e mobiliário, contribuindo assim para a apresentação e renovação de um conceito mais adequado às necessidades dos utilizadores do espaço, e do ambiente, do local e do tempo em que se insere. Em conclusão, as soluções apresentadas poderão apresentar uma boa alternativa, apesar da consciência de que tendências e necessidades estão em constante mutação.

15 2. O Lobby

2.1. O conceito e sua origem

Lobby2 é uma palavra de origem inglesa de proveniência latina (LOBIA ou LOBIUM) que tem mais do que um significado. Em primeiro lugar, lobby exprime por um lado, o acesso a um espaço (um vestíbulo, uma antecâmara, uma sala de espera, quer num hotel, teatro, casa, ou apartamento...). Por outro lado, lobby pode também referir-se à ação exercida por alguém sobre outro para obter um resultado favorável.

Hoje em dia, o termo Lobby é atribuído ao que antes era unicamente intitulado como receção, como hall de entrada ou átrio em um espaço público. É entendido como primeiro espaço para acolher utilizadores, e é, muitas vezes, o lugar comum que dá acesso a outras salas, como, por exemplo, bar, quartos, elevador, etc., podendo chegar mesmo a ser considerado como o espaço com maior fluxo de circulação.

O Lobby, em um determinado hotel, pode abrigar por vezes os visitantes para certos eventos, nomeadamente encontros, reuniões, congressos, workshops, celebrações, ou apenas encontros de lazer e descontração. Além disso, é uma zona que, pelas suas caraterísticas em open space implica diversas responsabilidades, por se distinguir como um espaço multifuncional.

No entanto, a palavra Lobby pode ser interpretada também com o sentido do verbo que justifica a sua interpretação inicial. Em latim medieval, o termo Lobia significava claustro de mosteiro, o que quer dizer que a palavra naquele momento estava associada ao recolhimento, ao silêncio, ao falar em voz baixa, ao recolher-se com Deus, à serenidade do murmúrio em diálogo divino com monges, freiras, frades. Os claustros em mosteiros, conventos, igrejas, catedrais, abadias, etc. eram não apenas espaço de meditação, mas espaço aberto, o que permitia contato com o ar livre e contemplação silenciosa do céu e dos outros. Dava-se, por isso, a designação de clausura, à vivência nos claustros, à atividade de sustentar entre os religiosos, ambiente de reflexão, de oração, e,

2 Segundo Mata (2000), a palavra lobby, é usada com o sentido de ilustrar um grupo ou uma pessoa que consegue favores dos políticos, nasceu no Hotel Willard da Cidade de Washington D.C., nos USA, pois nos finais do século passado as pessoas posicionavam-se estrategicamente no Lobby do hotel para comunicarem os congressistas que nele se hospedavam.

16 principalmente, de união entre as mesmas crenças religiosas. Porém, e apesar da desvinculação física com o mundo exterior fora do mosteiro, os monges pretendiam manter a ligação com a Humanidade e com as suas respetivas dificuldades através da oração. O recolhimento – o diálogo – com Deus poderia efetuar-se em qualquer lugar, mas a igreja, as celas, os claustros favoreciam o isolamento, a reflexão e a observação do outro que também se concentra na súplica.

Em Inglaterra, no entanto, as primeiras utilizações do termo remontam ao séc. XIX em âmbito político Desde 1830, a expressão «the lobby of the House» designava os ‘corredores’ da Câmara dos Comuns, a ‘sala dos passos perdidos’, onde os membros dos diferentes grupos de pressão podiam vir ‘fazer os corredores’, quer dizer, discutir com os Members of Parliament (parlamentares).

Do mesmo modo, nos Estados Unidos, durante a Guerra da Secessão, o general Ulysses S. Grant3, depois do incêndio da Casa Branca, instalou-se no Hotel Willard4, onde o rés- do-chão (Lobby) foi invadido por grupos de interesse muito diferenciado. Historicamente, várias decisões importantes foram resultantes de discussões no lobby, originando a prática a expressão, que conhecemos, hoje como lobbying.

Figura 1 - Hotel Willard durante a Guerra Cívil. Fonte: Brownstein. 2012

3 Ulysses S. Grant (1822-1885), militar e político americano, foi também o 18º Presidente dos Estados Unidos, entre 1869 e 1877. 4 O Hotel Willard é considerado o primeiro hotel a conhecer e receber a prática dos lobistas por volta de 1864-69, época que em Ulysses S. Grant governou o país e foi abordado no lobby deste hotel por uma série de pessoas que pediam ajuda com casos que envolviam o governo.

17 Significa esta evolução de sentido que a própria língua portuguesa, tendo utilizado as formas hall, entrada ou receção5, se vai apropriar, mais recentemente, também da denominação lobby para o ingresso hoteleiro, devido à proporção, à dimensão e à simbologia que estes espaços adquiriram na hotelaria moderna.

2.2. Evolução do Lobby no espaço hoteleiro

Não podemos refletir sobre a evolução do Lobby sem mencionar, em primeiro lugar, o próprio desenvolvimento do hotel, da hotelaria e do aparecimento destes espaços para o público. Segundo Quintas (1971), as origens da hotelaria, mais precisamente, a prática e a sensibilidade da hospitalidade surgem nos primórdios da civilização.

«Hotel é o meio de hospedagem mais convencional e comummente encontrado em centros urbanos. É o estabelecimento onde os turistas encontram acolhimento e alimentação em troca de pagamento por esses serviços. Hotel é uma empresa pública que visa obter lucro oferecendo ao hóspede alojamento, alimentação e entretenimento» (Cândido e Viera, 2003, p. 24).

O primeiro contacto estabelece-se na primeira sala, ou no primeiro espaço que o utilizador observa, independentemente do termo que lhe foi atribuído (hall, entrada, receção, lobby). O conceito idealizado para receber o visitante ou hóspede surge nas primeiras viagens que foram realizadas. Estas, como se sabe, tiveram origem na Grécia Antiga, com os primeiros jogos Olímpicos, marcando o início da hospedagem e, por sua vez, o da hotelaria. Na Olímpia, os espetadores dos jogos pernoitavam durante vários dias numa hospedaria com mais de 10 mil metros quadrados, sendo considerado por muitos estes tipos de alojamento o primeiro hotel do mundo.

«As primeiras hospedagens devem ter ocorrido nos tempos de Olympia e Epidauro quando os povos da época tinham necessidade de viajar muito, porque qualquer tipo de comércio só podia ser praticado com o deslocamento de pessoas para vender e comprar

5 Mata (2000), considera que a receção é o local do hotel onde são recebidas e controladas todas as mercadorias que entram para o hotel, para uso ou consumo.

18 produtos. Para isso deveriam existir locais para essas pessoas hospedarem-se» (Cândido e Viera, 2003, p. 27).

Na época do Império Romano perdurava o designado hostellum, uma espécie de palacete, que hospedava apenas pessoas de classe nobre, e que era conhecido pelo luxo e pelos serviços oferecidos a seus clientes, infraestruturas, que variavam de hospedaria para hospedaria.

Durante a Idade Média, surgiram os primeiros espaços da atividade hoteleira com fins comerciais, e a religião e a hospitalidade aliaram-se, chegando a acolher peregrinos, padres, missionários em mosteiros ou conventos que funcionavam como pousadas. Algumas tabernas6, localizadas ao longo das estradas, ofereciam alimentação, serviços, manutenção e mesmo alojamento e limpeza para as charretes7 ou outro tipo de veículos.

É assim que podemos recordar que «aos modestos refúgios, estabelecidos sob os pórticos dos templos, onde os viajantes a pé ou a cavalo faziam breves altas, sucederam os albergues e os cabarets, onde os peregrinos e os negociantes podiam pernoitar, mediante pagamento» (Quintas, 1971, p. 8).

A estabilidade e preparação dos meios de hospedagem possibilitaram a existência de cocheiras e estábulos para os cavalos, que puxavam as carruagens durante longos percursos. Por volta do século XII, o desenvolvimento e frequência das viagens aumentou, assim como a segurança, tendo obrigado vários países europeus a implementar leis e regulamentações sobre a prática de hospedagem, como é o caso de França já no século XIII e Inglaterra mais tarde no século XV:

Por volta de 1420, a lei francesa exige o cadastramento oficial dos estabelecimentos destinados à hospedagem e reforça o cumprimento das leis em vigor. Na Inglaterra, a lei estabelece os regulamentos internos para hospedarias, e

6 Conforme Cândido & Viera (2003), as tabernas e pousadas dispunham de empregados, que serviam os viajantes para qualquer necessidade, chegando a cuidar também dos animais, principalmente os cavalos, após viagens de longas distâncias. 7 As charretes eram veículos de tração animal, que se distinguiam da carroça por serem de uso quase exclusivo para passeio e viagens curtas, ao contrário das carroças que eram usadas para transportes diversos e habitualmente para trabalhos.

19 o governo passa a exercer rigoroso controle no seu cumprimento (Cândido e Viera, 2003, p. 31).

Em Londres, um século mais tarde, os termos também evoluíram, e a palavra hostelers, que significava ‘hospedeiros’ influenciou então paralelamente a criação de innholders – hoteleiros (Medlik & Ingram, 2002). Os primeiros servos, ‘criados’ que prestaram serviço nestes espaços de pousada, foram naturalmente os sujeitos dependentes:

Nas grandes cidades do Império Romano surgiram, então, os primeiros hotéis de vários andares, tendo como pessoal escravos rudemente dirigidos. (Quintas, 1971, p.8).

Conforme afirma Penner (2001), os hotéis, como os conhecemos, com salas privativas, instalações recreativas e componentes de retaguarda, não eram comuns até ao aparecimento da sumptuosa Tremond House em Boston. A partir dela, a América do Norte e a Europa marcaram o primeiro grande desenvolvimento de hotéis:

O que realmente caracterizou o ponto de partida da hotelaria de luxo que persiste até os dias atuais foi a construção, em Boston, em 1829, do Hotel Tremont House, hotel de luxo com oito banheiros dentro do prédio, UHs privativas com fechaduras, serviço de recepção, mensageiros para carregar a bagagem (o hotel tinha cinco andares e não possuía elevador) e menu à la carte em seu requintado restaurante. Pela beleza, requinte e conforto, pessoas importantes da época aderiram a nova proposta de hospedagem representada pelos hotéis e passaram a freqüentá-los: eram artistas, autoridades, políticos, religiosos e isso deu fama e prestígio a essa nova opção comercial. (Cândido & Viera, 2003, p. 34).

A Revolução Industrial8foi o acontecimento mais importante na evolução dos meios de transporte e simultaneamente na hotelaria, pois a grande parte da população começou a ter acesso às viagens, através das carruagens a vapor, que surgem por volta de 1840, e que circulavam nas novas ferrovias, implementadas por esta transformação social,

8 A Revolução Industrial corresponde à transição para novos processos de manufatura no período compreendido entre 1760 e 1840. A mudança incluiu a alteração de métodos de produção artesanais para a mecanização da produção. A revolução ocorreu inicialmente na Inglaterra e rapidamente se exportou para a Europa e para os Estados Unidos.

20 ocorrendo também, neste período, as viagens marítimas com os novos navios a vapor. Foi em Inglaterra, em França e nos EUA que se notaram os avanços mais significativos. Os albergues britânicos tornaram-se, assim, populares, pois foram os primeiros a obter reconhecimento pelo seu acolhimento e pelos resultados alcançados.

Conforme Cândido e Viera (2003, p.34.) afirmam, a concorrência entre estes estabelecimentos começou a aumentar e, poucos anos depois, o American Hotel de Nova Iorque inseriu o sistema de iluminação a gás em todo o estabelecimento. O Holt’s Hotel, também na América do Norte, implantou os elevadores exclusivos a bagagens e o New York Hotel trouxe a novidade do sistema de banho privativo.

Figura 2 - Fachada do Hotel Ritz no ano 1898. Fonte: Historic Hotel Of The World, 2020.

Um dos acontecimentos mais marcantes da história da hotelaria foi a construção do primeiro Hotel Ritz9, em Paris em 1898. Foi César Ritz10, filho de camponeses franceses, quem conduziu a hotelaria em França.

9 O primeiro Hotel Ritz, localizado na Place Vendôme, foi construído pelo arquiteto Hardouin-Mansart, e inaugurado em 1 de Junho de 1898. 10 César Ritz nasceu a 23 de Fevereiro de 1850, e era natural da cidade de Niederwald, localizada na Suíça- Alemã. Foi o terceiro filho de Anton Ritz, e o menos interessado na vida rural. Aos 15 anos de idade, iniciou os seus trabalhos no ramo hoteleiro, num hotel na cidade de Brig, na Suíça, com o cargo de auxiliar, encarregado de cuidar do depósito de vinhos.

21 «Esse hotel foi um marco na hotelaria pois foi o primeiro estabelecimento hoteleiro a ter iluminação elétrica e a equipar todos os seus aposentos com banheiro privativo e telefone.» (Cândido & Viera, 2003, p.41).

Segundo Cândido e Viera (2003), trata-se de um edifício que transmite uma sensação de bem-estar, de luxo, de sofisticação e elegância, de higiene, modernismo e estética, constituído por cerca de 135 apartamentos e de 40 suítes, com vista para a famosa Place Vendôme11.

Caraterizado pela sua decoração própria, e com a subtileza do classicismo francês tradicional, hospedou diversas personalidades e famosos de renomes como Coco Chanel, Maria Callas, Chopin, etc., como se pode verificar pelo histórico disponível no próprio website do Hotel.12

O século XX é marcado pelos grandes progressos a nível económico, social e político trazendo, mais tarde, consequências positivas a nível do design e do lobby. A evolução tecnológica influenciou também a evolução turística, a introdução do elevador, de sistemas eletrónicos, de iluminação elétrica, o nascimento do computador, do telefone, o aquecimento central, e a canalização da água, no entanto, apesar de todas estas invenções serem do século XIX, foi no século XX que se tornaram mais populares:

Hotels in the late 1800s were marked by technological innovation: central heating; indoor plumbing; gas, then electric, lighting; elevators; telephones; and so on. Also, during this period, the hotel became the center of much of the social life in cities, and grand hotel dining rooms and ballrooms were developed. Resorts began to prosper as the industrial revolution created wealthy families who moved from the cities to luxurious rural resorts for the summer. Hotel segmentation had begun. The twentieth century, especially since World War II, has seen immense growth in the hotel industry. Roadside motor inns were

11A praça Vendôme encontra-se localizada no 1º ‘arrondissement’ de Paris, entre o Jardim das Tulherias e a igreja da Madeleine. Deve-se a sua conceção arquitetónica Jules Hardousin-Mansart, em 1699. 12 Informação disponível em http://www.historichotelsthenandnow.com/ritzparis.html

22 developed in the 1970s, and economy hotels, all-suite hotels, and “fantasy” resorts in the 1980s.13 (Stipanuk & Roffman, 1996, p. 361).

Contudo, é difícil delinear uma evolução concisa especificamente do Lobby, porque temos de a integrar na ideia de alojamento e do primeiro espaço que acolhe clientes, tendo vindo a ser explorada e desenvolvida até chegarmos á planificação e estrutura que conhecemos hoje. Começando por ser o primeiro lugar, que acolhe o visitante ou o hóspede, é efetivamente uma zona de receção, sem necessitar obrigatoriamente de um anfitrião que deva rececionar as pessoas.

Alguns exemplos das fases importantes para a hotelaria ao longo deste século, situa-se após a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918), tendo sido considerado como o segundo período de ouro para os investimentos e construções hoteleiras. Alguns dos hotéis com maior importância deste período foram o Stevens Hotel, atual The Hilton Chicago, o Hotel Pennsylvania, atual Statler Hotel, em Nova York, entre alguns outros.

O Stevens Hotel abriu em 1927 em Chicago, com cerca de 28 andares e 3.000 quartos foi projetado para se adequar ao maior e ao mais exuberante hotel do mundo.

Figura 3 - Fachada do hotel Stevens Chicago em 1922. Fonte: Chicagology, 2020.

13 «Os hotéis no final do século XIX foram marcados por inovação tecnológica: aquecimento central; canalização interna; gás, depois elétrico, iluminação; elevadores; telefones; e assim por diante. Além disso, durante esse período, o hotel tornou-se no centro da grande parte da vida social nas cidades, e foram desenvolvidas salas de jantar e salões de grandes hotéis. Os resorts começaram a prosperar quando a revolução industrial gerou famílias ricas que se mudaram das cidades para luxuosos resorts rurais durante o verão. A segmentação de hotéis tinha começado. O século XX, especialmente desde a Segunda Guerra Mundial, registou um grande crescimento na indústria hoteleira. As pousadas ao longo da estrada foram desenvolvidas na década de 1970, assim como os hotéis económicos, e hotéis de suites e resorts de ‘fantasia’ na década de 1980.» (Tradução livre da autora)

23 Este hotel foi desenvolvido por James Stevens, pelo filho Ernest Stevens e pela família que já administrava a companhia de seguros Illinois Life Insurance Company e o La Salle Hotel. Esta unidade hoteleira era conhecida como uma ‘cidade dentro de uma cidade’, por, para além de incluir lojas, salões para congressos, proporcionava um campo de minigolfe no telhado, uma sala de cinema, uma barbearia, uma geladaria e até uma farmácia. Teve a reputação de hospedar os Presidentes dos Estados Unidos da América desde esta época, tendo sido Charles G. Dawes14, o primeiro convidado (30º Presidente dos Estados Unidos entre 1925-1929).

Porém, a Grande Depressão trouxe falência a família Stevens, tendo sido acusada de corrupção e desvios financeiros por parte do Estado de Illinois. Por volta de 1942, o Exército dos EUA, durante a Segunda Guerra Mundial, comprou o Stevens Hotel, por mais de metade do seu valor, com o intuito de abrigar os soldados, usando o estabelecimento como quartéis e salas de aulas da Força Aérea. Poucos anos mais tarde, a propriedade foi adquirida pelo empresário Conrad Hilton, tendo dado nome ao novo hotel, que se mantém até aos dias de hoje. Desde a mudança de proprietários, este hotel sofreu alguns danos, tanto por ir envelhecendo com o passar dos anos, como com a Convenção Nacional Democrata de 1968 (Democratic National Convention), em que dezenas de manifestantes se abrigaram neste mesmo edifício, deteriorando-o ainda mais. Em outubro de 1985 e, após o encerramento e a requalificação das instalações, o hotel abriu novamente ao público com uma redução significativa no número de quartos, que, entretanto, se tornaram maiores e mais elegantes. A última reabilitação deste hotel data de 2012 com a implementação de novos restaurantes, sobretudo com o objetivo de atrair maior número de clientes.

Outros acontecimentos do século XX podem compreender-se, após as duas Guerras Mundiais, pois a hotelaria passou períodos bastante irregulares, tendo momentos de desenvolvimento e algumas fases de suspensão de atividade. Assim, com o surgimento da grande depressão ocorrida na década de 1930, o desenvolvimento da hotelaria

14 Charles Gates Dawes foi o 30º vice-presidente dos Estados Unidos da América, entre 1925 e 1929. Charles foi premiado com o Nobel da Paz a 1925, pelo seu esforço e luta com o Plano Dawes, que pretendia viabilizar as indenizações da Guerra com a Alemanha.

24 americana sofreu, dificuldades graves, conduzindo diversos estabelecimentos hoteleiros ao encerramento. É apenas em 1950 que pode notar-se uma recuperação expressiva.

Até aos finais do século XX, surgiram novos e variados estilos artísticos, resultantes de outras conceções e diretrizes, que se refletiram também na hotelaria e, neste caso, no design de interiores. O design do lobby expandiu o conceito da sua configuração, sofrendo alterações espaciais, relativas à evolução que ocorria na época. Os lobbies foram durante os anos 50 e 60 projetados com base numa escala relativamente pequena, condicionados principalmente por princípios económicos. No entanto, por volta de 1970, nos hotéis sobretudo americanos a escala aumentou consideravelmente e a exuberância passou a ser notável.

O Hotel Regency no centro de Atlanta, na Geórgia, marcou o design do lobby, em 1967, com a implementação de um novo átrio. O arquiteto John Portman desenvolveu um projeto totalmente inovador para a época, um edifício com 22 andares e com uma cúpula de vidro que permitisse ver o céu.

The prestige of Atlanta, Georgia soared afters its first atrium hotel, the Hyatt Regency Atlanta, triggered a wave of a new development and catapulted the city into the city into the future, further defining its role as capital of “the new South.15 (Penner, Adams & Robson, 2013).

Mais tarde, surgiram novas tipologias para o ingresso no hotel, sendo um exemplo a Boutique Hotel. Em 1980, o empreendedor Ian Schrager, e o seu colaborador Steve Rubell, criaram esta nova configuração com o objetivo de transformar o Morgans Hotel de Manhattan numa boutique hotel.

15 «O prestígio de Atlanta, na Geórgia, disparou após seu primeiro hotel no átrio, o Hyatt Regency Atlanta, provocou uma onda de um novo empreendimento e catapultou a cidade para a cidade no futuro, definindo ainda mais seu papel como capital do “novo sul”» (Tradução livre pela autora).

25 Em conjunto com estes dois, trabalhou Andrée Putman, a arquiteta e designer de interiores parisiense, acabando por marcar também a história do design de interiores.

Figura 4 -Lounge do Hotel Morgans, Manhattan. Fonte: Jetsetter, 2020. Boutique hotels originated in marginal neighborhoods where inexpensive and obsolete buildings were transformed into high-fashion lodgings. With their explosive popularity and heavy investment from major chains, boutiques have expanded to more central upscale locations in the city. Other markets that drive location in the city are for the hotels located near major medical centers, government centers, convention centers, financial markets, courts, universities, and city halls.16 (Penner, Adams & Robson, 2013, p. 15).

No início do século XXI, surgiu um hotel que se destaca pela diferença e vigor, o Hotel Puerta América, em Madrid, cujo estabelecimento é ainda hoje considerado como um dos símbolos de modernidade. Qualificado com a categoria de luxo, este hotel representa um espaço de união entre diferentes culturas e formas de interpretar o design e a arquitetura.

Figura 5 - Fachada do Hotel Puerta América, em Madrid. Fonte: Hernandéz, 2020.

16 «As boutiques de hotel são originárias dos bairros marginais onde os edifícios baratos e obsoletos foram transformados em acomodações de alta costura. Com sua popularidade explosiva e um forte investimento de grandes redes, as boutiques expandiram-se para locais mais sofisticados da cidade. Outros mercados que conduzem a localização na cidade são para os hotéis localizados próximos aos principais centros médicos, centros governamentais, centros de convenções, mercados financeiros, tribunais, universidades e prefeituras» (Tradução livre pela autora).

26 Na sua construção, estiveram presentes cerca de dezanove dos melhores arquitetos e designers do mundo, de treze nacionalidades, que possibilitaram uma aliança com vários materiais, texturas, cores e formas, acabando por criar espaços diversificados, propondo uma liberdade criativa e flexibilidade de escolha para melhor consenso por parte dos hóspedes e consumidores.

A estrutura do edifício consiste num esqueleto de betão armado com duas grandes alas laterais em um núcleo central constituído por um lobby em frente a um amplo elevador. Cada ala lateral está ligada a um corredor com acessos aos quartos e suites de cada um dos lados. Este hotel com 14 andares tem uma forma diedra, que constitui um ângulo de 150º e as cores da sua fachada alteram com a luz à medida que incide nos toldos coloridos, criando deste modo certo movimento e dinamismo ao edifício.

O hotel Puerta América foi inaugurado em 2006, e a obra contou com a participação de personalidades como Jean Nouvel17, arquiteto e designer responsável pelo último piso e pelas 12 suites do 12º andar, mas também por Javier Mariscal, Ricard Gluckman, Fernando Salas, Victorio & Lucchino, Norman Foster, entre outras, que deram também o seu contributo ao desenvolvimento deste espaço. O objetivo primordial deste projeto era refletir luxo, inovação, autonomia, singularidade, e liberdade formal num estabelecimento hoteleiro, evidentemente eclético, possibilitando aos hóspedes o poder de descoberta para um universo sempre diferente em cada uma das visitas.

Relativamente ao século XXI, era da tecnológica e da inovação, a evolução constante da tecnologia, torna difícil uma caraterização deste início de século com um único registo, pelo facto de nos depararmos com inúmeras variedades de estilos, de linguagens, e de elementos capazes de formar um ambiente e delinear uma tipologia de design. Documentam-se práticas de risco com novos materiais, texturas, cores, formas com a filosofia de não existirem limites.

O design do século XXI carateriza-se fundamentalmente pelo rigor e pela atenção a cada pormenor. Há maior cuidado com a consistência e com o equilíbrio de cada um dos

17 Jean Nouvel é um arquiteto francês de renome. Estudou na Escola de Belas-Artes de Paris e já foi distinguido com diversos prémios nas suas áreas, tais como o prémio Aga Khan, o Wolf Prize in Arts e o Pritzker.

27 registos propostos. As formas geométricas voltam novamente a ter grande relevância de modo mais sóbrio, e traduz-se, no geral, no design pensado na estética, mas também no conforto, na ergonomia e principalmente nas exigências e necessidades do utilizador. O lobby é a zona com maior importância e evidência em um hotel ou edifício, devido à relevância que adquire a nível social, funcional, inclusivo, comunicativo e dinâmico. É no lobby que se assume a linguagem respeitada em todas as outras salas e serviços, é no lobby que se apresenta o conceito, do próprio hotel, pois a referência de acesso é dada por arquitetos e designers de renome.

Algumas caraterísticas no design do século XXI passam também pelo uso de determinados materiais e tecnologias, tais como: o PVC e a espuma; o uso comum de plásticos e seus derivados; as cores vivas; alguma ousadia na idealização do projeto, mas também certa liberdade; aplicação de couro ecológico; materiais recicláveis, e matérias- primas ecológicas, em virtude da sustentabilidade; desenhos orgânicos; a valorização da reflexão. No entanto, um fator importante era a consideração de um produto para constituir um referencial em eficiência, passando a ser inovador, ter distinção estética, funcionalidade e, cada vez mais, uma responsabilidade ética e preocupação ambiental.

2.3. A importância e o respetivo impacto do Lobby de hotel

2.3.1. Fatores caraterísticos e marcantes no lobby

O lobby é o primeiro espaço a acolher os hóspedes e/ou os visitantes, é o espaço que introduz o tipo e a identidade do próprio hotel. É a partir do lobby que se transmite e se traduz as primeiras intenções que possam atrair os clientes, ou apenas passar determinadas mensagens a quem o visita, ou a quem vai permanecer durante algum tempo.

O lobby é o rosto do hotel, considerando-se um espaço apelativo que recebe quem chega e que, ao mesmo tempo, transmite uma imagem de atendimento conforto, elegância ou irreverência, entre tantos outros atributos materiais, que devem ser cuidadosamente selecionados, de acordo com a imagem que o hotel ou grupo hoteleiro, procura pretender transmitir aos seus utilizadores/clientes.

28 As expetativas ligadas a um hotel são sempre elevadas, independentemente de o utilizador ser apenas um hóspede ou visitante. Qualquer um deles tem consciência que o primeiro impacto já introduz informação essencial para se poder especular a identidade, o conceito e o grau de classificação das restantes divisões do hotel, podendo, por isso, ser influenciado pela acomodação, pelo conforto, pelo serviço, e em geral, pela experiência que pode vir a usufruir. Deste modo, não é surpreendente que haja sempre muita curiosidade ao entrar primeiramente no lobby, pois é o espaço que apresenta o que se poderá vir a suceder durante a estadia ou a visita.

Figura 6 - Mapa dos principais fatores da importância do lobby.

A importância do lobby pode ser avaliada pela qualidade dos materiais, do mobiliário e da decoração que é, normalmente, superior aos demais ambientes, incluindo os apartamentos. O lobby é um ambiente que está em plena movimentação em relação à sua atmosfera. O ambiente do lobby de hotel dependerá também do momento do dia em que ele acolhe o visitante ou o futuro hóspede. Neste momento, há pessoas a serem acolhidas e processos a ser executados, o que pode perfeitamente modificar toda a intenção original de ‘fala’ por parte do ambiente. (Castro, Butuhy & Paim, 2008).

29

Considerado o espaço com maior impacto sobre os seus utilizadores, tanto a nível físico, como a níveis de fatores sensoriais, através da ideia de receção que, na maioria das vezes, pretende transmitir conforto, bem-estar, serenidade e tranquilidade e, principalmente, a sensação de que se chega a um destino desejado. É necessário conseguir conceder ao utilizador um espaço, um universo idealizado e surpreendente que faculte desejo não apenas para permanecer, mas também para voltar. Deste modo, o lobby deve ser um espaço único, individual, extravagante, acolhedor, excecional e inesquecível para que consiga tornar a primeira impressão a mais importante e a mais perdurável.

Estes fatores, que influenciam um espaço, como o lobby, para a possibilidade de vir a marcar a memória dos seus visitantes, passam também por cumprir as expetativas lançadas e projetadas, pois, cada vez mais, a imagem que a entidade apresenta através da internet ou de outros canais de informação, tem importância no ato de escolha e decisão. Na maioria dos casos, as informações visuais e descritivas que o estabelecimento disponibiliza sobre o estabelecimento, serviços, experiências, afeta a escolha do mesmo, dado que o contacto com o espaço real pode potenciar ou desiludir a imagem proposta, acabando por se tratar com o ambiente do lobby um compromisso por parte da unidade hoteleira.

As sensações devem ser positivas, mas estas também estão pensadas em conjunto com o conceito que integra o hotel. O projetista é o responsável por conceber o que se pretende transmitir através do espaço. De acordo com isso, todos os fatores importam. Entre o estilo mais informativo, mais extravagante ou exuberante para um hotel de categoria de luxo, ou, por outro lado, mais sóbrio, com menos informação e menos rigidez, sendo que, por entre estas oposições se possam encontrar variadíssimos registos e inúmeras formas de apresentar e transmitir o que se quer exibir a quem o visita.

Todos os agentes relacionados com a dimensão e organização do espaço, com o estilo decorativo, e com objetivos e função, têm uma grande influência sobre os consumidores e, por sua vez, na avaliação e classificação. Por isso todos os pormenores são importantes.

30 Ian Schrager18 defendia a convicção de que era necessário proporcionar uma experiência hoteleira, que se compare à de uma peça de teatro, um espaço em exibição. Tal forma de pensar acabou também por influenciar o design do lobby de hotel.

«Also similar design concepts are expressed differently in each hotel type. For example, the social pastime of people-watching in the downtown or suburban hotel is accommodated by its lobby or atrium space. » 19 (Penner, et al., 2003, p. 7).

Os critérios são os processos que mais influenciam a avaliação dos utilizadores, porque são estes que qualificarão a qualidade dos serviços, da organização, da localização, da dimensão dos espaços, mas, principalmente, pelo ambiente, estilo e design em que se inserem. Os projetos de design hoteleiros mais eficazes são aqueles que são organizados com vários pontos-chave: o marketing com apelo ao mercado-alvo, projetando a imagem desejada e comprovando o preço e a qualidade exigida; um ambiente interno e condições que apoiam uma atmosfera social adequada e o tipo de serviço; as operações que atendem as necessidades práticas para servir os clientes de forma eficiente e com o padrão exigido. O aspeto passa também pela qualidade da manutenção. É uma das aparências que mais pode condicionar a opinião do hóspede ou do visitante. De acordo com o padrão adequado, as substituições exigidas, como por exemplo, uma carpete, azulejos raros, vasos decorativos, etc. Deste modo, o design deve corresponder ao equilíbrio entre as necessidades dos clientes e a conceção idealizada pelos proprietários e operadores.

Podemos classificar o lobby como uma zona ‘bi- funcional’, agrupando dois ambientes em um único, aquele que se entende como um espaço aberto e convidativo à atividade social, como, ao mesmo tempo, se equilibra como um espaço mais reservado e neutro. Porém, são com os lobbies de maiores dimensões que, na maioria das vezes, é requerida uma zona de estar que se adeque a estes dois ambientes para que possa encontrar respostas para as diferentes necessidades das variadas faixas etárias, e interesses dos seus hóspedes. Ao contrário dos estabelecimentos hoteleiros com lobbies de menor dimensão, em que os

18 Ian Schrager é um empresário americano, hoteleiro promotor imobiliário, conhecido também pela criação da categoria hoteleira de Boutique Hotel. 19 Alguns conceitos semelhantes de design também são expressos de formas diferentes em cada tipo de hotel. Por exemplo, o passatempo social de observar pessoas no hotel, no centro ou nos subúrbios é adequado ao lobby ou espaço no átrio (Tradução livre pela autora).

31 hóspedes acabam por ficar alojados com uma duração mais curta e usufruir menos do espaço do lobby. Numa ideia de lobby mais completo, o lounge incluiria uma zona dedicada ao relaxamento, à leitura, ao uso de aparelhos eletrónicos, entre outras possibilidades, mas também uma área de maior descontração, de socialização, e até ao acesso ao próprio consumo de um aperitivo, de uma simples bebida. Podemos, neste contexto, recordar a afirmação:

«Lobbies are where public and private worlds meet. »20 (Berens, 1996).

Segundo Berens (1996), é efetivamente no lobby onde se reúnem dois mundos, dois registos para diferentes interesses. As taxas de sucesso dos projetos de design conciliam as duas principais caraterísticas: o impacto visual e o funcional. O impacto é a impressão que mais subsiste como marco na memória, pois, mais facilmente, um cliente recorda uma má experiência a nível funcional, do que uma boa sensação. É, por isso que, o serviço e a resposta aos interesses de quem chega, é fundamental para que as expetativas correspondam ao que anteriormente se idealizava quando se procedeu à reserva. Os dois fatores não resultam tão bem quando não estão associados. Na verdade, é sempre necessário antecipar e analisar o perfil e o tipo de utilizador mais frequente para quem concebeu consiga adequar o espaço, direcionando-o o melhor possível para os requisitos pretendidos. Por exemplo, no caso de um casal mais idoso, que se encontre de férias, a oferta concedida deveria ir ao encontro de um espaço calmo que transmita tranquilidade, conforto e possa permitir naturalmente momentos de serenidade como ler um livro, conversar, prevendo espaços de intimidade e de algum silêncio, mas que, ao mesmo tempo, seja envolvente e social. Relembrando a opinião de Berens (1996):

«The lobby is a total design environment, engendering a sense of arrival socially and physically. » 21 (Berens, 1996, apud Thapa, 2007).

Por outro lado, um lobby direcionado para um público mais jovem, mais descontraído, já poderia propor espaços mais conviviais, mais ruidosos, com outro tipo de cores, etc. Entre as inúmeras formas e caraterísticas para reconhecermos um lobby como espaço de

20 «Os lobbies são onde o mundo público e o privado se encontram.» (Tradução livre pela autora) 21 «O lobby é um espaço que, num todo cria uma sensação de chegada social e física.» (Tradução livre pela autora)

32 fronteira e de acolhimento é aquela que propõe uma melhor separação entre o espaço exterior do edifício e a sua relação com o acesso ao interior, e, por outro lado, a ligação convidativa para as restantes divisões e serviços do hotel.

O lobby tem também a importante caraterística de ser o espaço com maior fluxo de circulação, maior relevância e importância num hotel, podendo concentrar, na maioria das vezes, outras funções hoteleiras, tais como a receção, zonas de check-in, check-out, zona de espera ou lounge, espaço de encontro para reuniões formais ou informais, área para recolha de informações, bar, por vezes, restaurante e é sempre, como sabemos, uma área de acesso a outros espaços e serviços.

2.4. Elementos constitutivos do Lobby

2.4.1. A receção

A receção é o principal elemento constitutivo do lobby, por conseguir integrar uma maior quantidade de soluções para as necessidades imediatas de cada um dos utilizadores.

A receção é, como o próprio nome indica, a secção do estabelecimento que tem por principal objetivo o acolhimento dos hóspedes

Pode, naturalmente, variar em aspetos como a área ocupada em termos de dimensão, que pode depender, por sua vez, do número de funcionários e colaboradores que nela prestam serviços, da extensão de trabalhos visíveis a desempenhar, assim como o equipamento e mobiliário previstos para o efeito. Assume-se como pouco linear o número preciso de funções que o lobby pode exibir, dado que podem ser flexíveis as opções propostas. Podemos pensar em lobbies que oferecem boutiques de luxo e lobbies unicamente circunscritos aos serviços de apoio ao cliente (check-in, check-out, etc.)

Podemos assim considerar que são bastante variadas as funções exercidas pela receção e, em geral, a diferenciação baseia-se ou está condicionada pela categoria hoteleira ou pela capacidade económica do estabelecimento.

É na receção que se efetua, como se sabe, na maioria dos estabelecimentos hoteleiros, o check-in e check-out dos hóspedes que disfrutam das suas estadias no hotel. Até que, com

33 a evolução tecnológica, surgem novos serviços, como é o exemplo do Self-Check-In, um serviço que oferece a possibilidade de efetuar o registo e entrada dos hóspedes sem se dirigir fisicamente a uma receção, ou precisar necessariamente que o façam por nós. Podemos comparar com os check-in para as viagens aéreas. O check-in tinha de ser efetuado presencialmente nos aeroportos e há algum tempo, como sabemos, a maior parte dos passageiros realiza o seu check-in antes de se dirigir ao aeroporto. A receção é também a zona onde se procuram e onde se encontram informações indispensáveis sobre visitas externas, excursões, estadias, serviços, etc. Em resumo, a função mais específica da receção, consiste no acolhimento dos visitantes, na distribuição dos quartos e no acompanhamento, em alguns casos, aos respetivos aposentos. Deve também prestar todas as informações sobre disponibilidade de alojamento, preços, etc.

Conforme Quintas (1988), a categoria e classificação do estabelecimento hoteleiro também sofrem influência através das funções integrantes da própria receção, sendo alguns trabalhos atribuídos ao próprio espaço conhecidos como: (1) realização de reservas; (2) portaria; (3) cobrança de serviços prestados; (4) esclarecimento de dúvidas; (5) centro de informações, atendimento de desejos e reclamações; (6) elaboração de mapas e quadros estatísticos, entre outros.

A recepção de um hotel deve ter uma apresentação exemplar no aspecto organização, decoração, iluminação e principalmente a condição de produzir, no cliente, uma sensação de bem-estar e de aconchego, sendo que o ponto mais forte e importante é que nunca ela deve ser supervalorizada e deixar de reflectir a verdade sobre o conjunto de hotel, isto é, condicionar o hóspede a julgar o hotel como um todo pelo impacto causado pela recepção. (Cândido & Viera, 2003).

É, muitas vezes, entendida e confundida a ideia de que a primeira impressão surge na receção, quando na realidade é no lobby e no seu conjunto que se consolidam as primeiras impressões e as imagens que perduram na memória dos clientes e que ajudam a pressupor o que poderá surgir, tanto no registo presente nos restantes espaços e estabelecimentos do edifício, como ao nível do atendimento e dos serviços prestados. É possível afirmar então, que é na receção e com os funcionários, que a representam, que fica delineado o tipo de experiência oferecido.

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Deste modo, diversos fatores contribuem para a perceção e avaliação do cliente, desde o modo como a equipa de serviço se introduz, quais são os limites e liberdades que poderá ter o cliente, que serviços oferecem e que imagem passam ou desejam passar, o cuidado com que é feita a primeira abordagem, e se é ou não efetuado com simpatia, disponibilidade e autenticidade.

«Se pretendêssemos comparar um hotel a uma máquina, diríamos que a recepção é o motor e o recepcionista quem manobra essa máquina.» (Marques, 2006, p. 135).

Todavia, não são só os aspetos emocionais que importam, também os físicos auxiliam uma boa perceção e para um primeiro impacto positivo, tais como, por exemplo, a dimensão – tanto em termos de largura como de altura– do balcão de receção, a forma como estão dispersos ‘os serviços’ (desde a campainha para chamar um funcionário se for esse o caso, ao lugar propriamente dito, onde este se encontra, aos folhetos informativos de livre aquisição, à entrega de chaves ou cartões dos quartos), das cores escolhidas para o equipamento do próprio balcão, das paredes ou backgrounds, dos materiais selecionados. Por exemplo, um balcão com uma pedra muito fria pode ser desconfortável ao toque e, na colocação de objetos e documentos de ambos os lados. O serviço e atendimento importam certamente, mas a conceção do design também é fundamental.

A zona de receção é o cartão de visitas de um estabelecimento, impresso no momento do primeiro contato. O pessoal responsável por esses serviços tem a missão de criar um elo entre a marca, os princípios de gerência e os hóspedes do hotel. E a receção tem papel fundamental nesse processo de interação. (Soares, 2008).

2.4.2. O bar

O bar é um dos espaços e serviços onde se produzem recursos económicos consideráveis de um hotel. É no bar que se encontram margens de lucro extremamente altas. A sua localização é bastante relevante para alcançar e atrair o maior número de clientes possível,

35 devendo-se, em princípio, localizá-lo perto da entrada para que possa ser imediatamente visível da receção, e posicionar-se para um acesso facilitado em diversos sentidos.

The lobby bar developed in the 1970s as a way to create activity and excitement in the open atrium spaces in large hotels. After it proved itself as a popular meeting place and revenue generator, the lobby bar become standard in most types of hotels and locations. 22 (Penner, Adams & Robson, 2013).

A principal função do bar é a de propor grande variedade de bebidas, das mais simples às mais complexas, mas também poder oferecer eventualmente refeições ligeiras ou aperitivos de acompanhamento. No entanto, a competência do funcionário, ou funcionários, do barman e colaboradores, que podem servir às mesas, deverá ser modelar, detentores de postura cativante, refletindo no serviço e no atendimento aos seus clientes a melhor imagem do espaço hoteleiro.

O espaço dedicado ao bar requer uma organização pensada de forma a incitar os hóspedes e visitantes a usufruir ao máximo dos serviços de acolhimento. Neste sentido, existem diversos fatores que contribuem para um bom resultado, como por exemplo, a dimensão, o balcão onde são servidas as bebidas, a disposição das mesas, cadeiras, bancos, banquetas maples, os suportes materiais atrativos para os menus, a iluminação, o equipamento, a escolha dos materiais e das cores atrativas etc. Tudo isto deve incitar o cliente ao consumo e à permanência neste espaço.

«As instalações do Bar deverão ser acolhedoras e confortáveis, tanto pela importância dos espaços utilizados e carácter funcional do mobiliário adotado, como pelos cuidados postos na sua iluminação e ventilação.» (Quintas, 1971).

Existem muitas vantagens em incluir o bar no lobby e, por sua vez, próximo do lounge, pois, de certa forma, torna o ambiente mais descontraído e convidativo, onde os clientes

22 O bar integrado no lobby foi desenvolvido na década de 70 como uma maneira de criar atividade e emoção nos espaços abertos do átrio em grandes hotéis. Depois de se comprovar como um local popular de reunião e gerador de receita, o bar do lobby tornou-se padrão na maioria dos tipos de hotéis e localizações. (Tradução livre pela autora).

36 podem relaxar, descansar, ou até viajar através das cores, das luzes, decoração e disposição dos objetos em si, até por que a companhia de um cocktail favorecer um novo universo de sabores e experiências. Atualmente, é possível encontrar situações em que o lounge oferece uma separação física em relação ao bar, mas, na maioria das vezes, está incluído no mesmo espaço, acabando oferecer permutas, auxílio mútuo entre os diversos serviços.

É importante que o bar seja um espaço atrativo tanto na sua localização, como no ambiente que oferece de modo a satisfazer o cliente. O bar precisa de ser um espaço flexível, que se adapte, que possa acompanhar as tendências e que responda às necessidades e procura dos clientes, para que, deste modo, os mantenha interessados e atraídos pelo ambiente sugerido.

Segundo Marques (2007), a palavra bar tem origem no termo barra e era destinado não só ao espaço onde eram servidas as bebidas, mas ao próprio balcão do estabelecimento, pois era costume ter uma barra em todo o comprimento, onde os clientes se encostavam, ou apoiavam. Assim, o termo era de tal forma conhecido que o cliente ao desejar consumir bebidas dizia que se dirigia ‘à barra’23. O trabalho do designer no bar de um lobby, passa por facultar uma área disponível, para que seja facilmente visível e acessível tanto para os hóspedes como para os visitantes do hotel.

2.4.3. O lounge

Este espaço tem de ser concebido de acordo com a intenção pretendida e a mensagem a ser passada de forma clara, no que diz respeito à aliança entre o bar e o lounge num espaço único. Pode também ser previsto como zona distinta e o lounge constituir uma área mais distante, privada e silenciosa.

A iluminação dos espaços comuns tem de ser particularmente cuidada e tecnicamente correta. O revestimento do pavimento deverá merecer igualmente

23 Nos dias de hoje ainda se utiliza este termo, em Espanha.

37 grandes cuidados, sendo que a solução adotada, terá de ir de encontro as condições de conforto e conceito estabelecidos para o espaço. (Quintas, 1971).

Sobre o lounge é necessário pensar como área mais especifica, simulando quase uma sala com divisórias para reduzir os altos níveis de barulho, uma zona para a possível colocação de um palco ou de um piano para as atividades com música ao vivo e entretenimento. Este espaço deve apresentar mais baixos níveis de luz durante o período de atuações, mas também, para o próprio relaxamento dos clientes. Os assentos devem ser poltronas ou sofás e estar mais espaçados uns dos outros.

This facility is completely enclosed, and features lower light levels and more tightly spaced seating. Depending on the theme, this lounge might have a distinct section, including a sit-down bar, an entertainment area with a stage and dance floor, a games area with billiards or backgammon, and quieter seating alcoves. 24 (Stipanuk & Roffman, 1996, p. 380).

As diferentes salas e zonas de estar variam bastante consoante os tipos de hotéis.

Variation among these active bars and lounges is usually based on the opportunities of the local market and on the expected hotel clientele. Therefore, it is especially important that the designer be given a clear set of a design objective for each outlet.25 (Penner, Adams & Robson, 2013).

2.5. Lobbies Internacionais Emblemáticos

No contexto do desenvolvimento da pesquisa sobre o lobby, é significativo mencionar alguns casos de construção de lobbies emblemáticos no âmbito da indústria hoteleira.

24 Esta instalação é completamente fechada e apresenta baixos níveis de luz e assentos mais espaçados. Independentemente do tema, o lounge pode ter seções distintas, incluindo um bar sentado, uma área de entretenimento com palco e pista de dança, uma área de jogos com bilhar ou gamão e alcovas mais silenciosas. (Tradução livre pela autora) 25 A variação entre esses bares e lounges ativos geralmente é baseada nas oportunidades do mercado local e na clientela esperada do hotel. Portanto, é especialmente importante que o designer receba um conjunto claro de objetivos de design para cada ponto de venda. (Tradução livre pela autora).

38 Os lobbies mais reconhecidos internacionalmente têm uma importância acrescida, pois, na maioria das vezes, servem como referência e inspiração para projetos futuros, sugerindo por consequência a evolução do design de interiores, do espaço e de diversas áreas envolvidas neste tipo de projetos.

Since each hotel type has a different goal as to the kind of guest it seeks, its planning requirements will vary by the location selected, size, image, space, standards, circulation, and other similar characteristics. For example, convention hotels and conference centers require proximity to airports, while vacation villages, and ski lodges do not. Airport hotels and roadside motels need high visibility and signage, while conference centers, country inns, vacation villages and ecotourist retreats seek seclusion. And while super-luxury hotels must be small to create an intimate atmosphere, luxury and upscale hotels must be large enough to justify the great number of restaurants, lounges, and banquet rooms required by first-class or five-star international standards.26 (Rutes & Penner, 2001, p. 7).

A escolha dos lobbies dos seguintes hotéis foi feita com base em pesquisa eletrónica e em concordância com opiniões convergentes, que sempre elegeram estes lobbies como os mais significativos.

2.5.1. Raffles Hotel Singapore (Singapura)

O Raffles Singapore encerrou em fevereiro de 2017 para um projeto de renovação dos quartos e dos espaços públicos comuns e reabriu dois anos mais tarde, a 1 de Agosto de 2019. Este hotel, que tinha sido inaugurado em 1887, um século mais tarde foi distinguido pelo governo como monumento nacional pelo elevado êxito a nível mundial ao longo do século

26 Como cada tipologia de hotel tem uma meta diferente quanto ao tipo de hóspede que procura, os seus requisitos de planeamento variam de acordo com o local selecionado, tamanho, imagem, espaço, padrões, circulação e outras características semelhantes. Por exemplo, hotéis de convenções e centros de conferências requerem proximidade aos aeroportos, enquanto que as aldeias de férias e lojas de sky não o fazem. Hotéis de aeroporto e motéis na estrada precisam de alta visibilidade e sinalização, enquanto que os centros de conferências, pousadas de luxo, vilas de férias e retiros de ecoturismo procuram reclusão. E embora os hotéis de grande luxo devam ser pequenos para criar uma atmosfera íntima, os hotéis de luxo e devem ser grandes o suficiente para justificar o grande número de restaurantes, lounges e salas de banquetes exigidos pelos padrões internacionais de primeira classe ou cinco estrelas. (tradução livre pela autora)

39 XX, tornando-se cada vez mais conhecido, passando a constituir um destino apenas pelas suas características. Os mais recentes projetos de requalificações foram da responsabilidade da designer de interiores Alexandra Champalimaud, pela empresa de arquitetura e design Aedas.

Figura 7 – Fachada do Raffles Hotel Singapore. Fonte: CNN Travel, 2020.

Composto atualmente por 115 quartos, é caraterizado pela junção de luxo, história e ambiente colonial, chegando a ser intitulado como um dos melhores e mais conhecidos lobbies do mundo. Considerado o principal e primeiro hotel do luxuoso do grupo de hotéis Raffles promete oferecer a estadia e o conforto ideal para explorar Singapura.

As grandes caraterísticas deste estabelecimento hoteleiro e do seu lobby são o estilo, articulado com a cultura, a combinação da grandeza, da história e do charme, elegância e notável magnificência. Por esta razão, é considerado um dos lobbies de luxo mais esplendorosos do mundo.

No novo projeto de renovação não há balcões na receção para realizar o check-in, possibilitando desta forma aos hóspedes, que realizem processo de check-in, já no conforto de suas suítes.

40 Figura 8 - Lobby do Raffles Hotel Singapore. Fonte: Reid, 2019.

Uma das principais particularidades deste lobby é a forma positiva como a sua grandiosidade contribui para a melhor qualidade de estabelecimento hoteleiro – o acolhimento. A nova imagem concilia sobriedade e boa iluminação, com o requinte e luxo, conseguindo unir duas caraterísticas quase opostas num excelente resultado, através da simplicidade na escolha de cores, com tons neutros, não muito garridos, nem agressivos e a elegância e romantismo do sempre reconhecido Raffles Singapore.

2.5.2. Mandarin Oriental (Barcelona, Espanha)

O Mandarin Oriental de Barcelona situa-se na avenida mais elegante da cidade, no Passeig de Gràcia, perto da Casa Batlló de Gaudí, com a sua exuberante fachada. Foi considerado exemplar na arquitetura e design de interiores com a transformação e remodelação da antiga sede do Banco Hispano Americano espanhol do pós-guerra, do séc. XIX, num estabelecimento hoteleiro reconhecido internacionalmente.

O acesso ao lobby é efetuado através de uma passagem inclinada, como um género de rampa ou passarela flutuante, proporcionando assim, desde o ingresso, uma vista panorâmica pela própria entrada. Este declive é formado por uma estrutura metálica que

41 integra as grades, substituindo a entrada original que era construída com o acesso por uma escada.

Figura 9 - Rampa da entrada do hotel Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019.

A designer responsável pelo hotel foi a espanhola Patricia Urquiola27, que procurou fundir o design contemporâneo em um ambiente intemporal, criando um hotel totalmente exclusivo. O conceito projetado na organização espacial e decoração do hotel baseou-se num reflexo das caraterísticas urbanas da cidade de Barcelona que consistiu em interpretar o edifício como uma extensão da própria avenida em que se insere, como um espaço público à semelhança de uma galeria coberta, mas mantendo a sua elegância em fusão com a informalidade e simplicidade. Urquiola proporcionou jogos de luz nas portas deslizantes com entradas para as divisórias entre o lounge e o balcão de receção.

As cores dominantes são o dourado e o castanho-claro, e carateriza-se este lobby através de um estilo ligeiramente minimalista, simples e descontraído, que muito se articula com o ambiente urbano.

27 Patricia Urquiola nasceu em 1961 em Espanha e licenciou-se em arquitetura no Politécnico de Madrid. A sua tese de mestrado foi orientada e supervisionada pelo designer Achille Castiglioni, mas participou também em projetos de design industrial com alguns designers como Vico Magistretti, Piero Lissoni, Patrizia Moroso, entre outros.

42 O lobby oferece visibilidade para o restaurante do hotel, também projetado e inspirado no estilo escandinavo, simples, com cores neutras e sóbrias e planos verdes provenientes da natureza.

Figura 10 - Lobby do Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019. Este hotel não deve ser considerado de luxo, mas sim de alta qualidade, que oferece ao cliente uma sensação de grande conforto ambiental, ao pretender reproduzir e incorporar tradição e atualidade, com materiais, jogos de texturas e procedimentos inovadores.

2.5.3. Four Seasons (Paris, França)

O hotel parisiente, Four Seasons Hotel George V situa-se a poucos metros da avenida com o mesmo nome, na capital de França, e ocupa um edifício histórico construído por André Terrail e Georges Wybo em 1928. Este hotel é constituído por oito andares e revestido por uma coleção de arte requintada e tapeçarias datadas do século XVIII. Porém, a grande caraterística deste famoso lobby de Paris são os seus arranjos florais que se destacam por se enquadrarem em um ambiente que pode envolver os próprios hóspedes e visitantes, pela sua distribuição e disposição em diversos níveis, cores e tamanhos.

Figura 11 - Lobby do Four Seasons Hotel George V em Paris. Fonte: Mattos, 2014.

43 Jeff Leatham, de Los Angeles, foi o designer responsável, e é considerado um dos melhores e mais aclamados designers de flores da atualidade. Leatham foi também quem criou os ambientes e decorações de quartos, jardins e salões com cerca de 10.000 flores que chegam todas as semanas da Holanda.

Este hotel é considerado um dos mais prestigiados e luxuosos de Paris e do mundo, tendo ganho vários prémios, tanto a nível nacional, como internacional. O estilo romântico com as esculturas de bronze e pormenores franceses ornamentados prevalecem neste estabelecimento hoteleiro. Sugerem a sensação de um ambiente aristocrático e, ao mesmo tempo, de relaxamento, levando o hóspede e o visitante para o um universo de natureza.

2.5.4. Four Seasons (Guangzhou, China)

O Four Seasons Guangzhou, localizado na China, acima do Pearl River, e ocupando o primeiro lugar do International Finance Center de Guangzhou, é um dos arranha-céus mais altos do mundo. É um hotel de luxo de cinco estrelas, projetado elegantemente com obras de arte de artistas locais e internacionais. O seu amplo e luxuoso lobby inclui duas escadarias em espiral, entrelaçadas entre si, à esquerda da entrada e uma penetração de luz natural pelo topo do edifício, provocando a sensação de aproximação ao céu. As representações mais marcantes são os painéis vibrantes de tela cortada a laser e as esculturas de bronze, da autoria Jennifer Marchant e de David Morris, respetivamente.

Figura 12 - Lobby do Four Seasons em Guangzhou, na China. Fonte: ArchDaily, 2020.

44 A empresa responsável pela construção do edifício foi a WilkinsonEyre28, que trabalhou também em parceria com a empresa internacional a Hirsch Bedner Associates (HBA)29 e esta obra teve início em dezembro de 2005 e foi concluída cinco anos depois. A maioria dos pisos deste hotel tem a finalidade de dar lugar a numerosas conferências, com alguns escritórios para reuniões e só nos restantes pisos superiores se encontra instalado efetivamente o hotel. Os pisos destinados ao Four Seasons são do 69º ao 98º e o lobby situa-se no 70º.

A sua estrutura diagrid tubular e triangular, ou com a forma de um diamante, é construída em tubos de aço preenchidos com betão que proporcionam uma boa rigidez e proteção contra incêndios. Esta forma dá ao edifício um caráter único para o Pearl River e desempenha também um papel de responsabilidade ambiental, pois o edifício foi projetado de forma sustentável pelo uso baixo da taxa de carbono. Além das medidas passivas fundamentais, como a orientação, sistemas de construção sustentáveis foram incorporados ao projeto, que tiveram em linha de consideração questões como o conforto, manutenção e custo, respeitando a sustentabilidade ambiental e a preservação de energia. O Four Seasons Hotel Guangzhou, foi o vencedor do Prémio Lubetkin Riba em 2013 e vencedor da classificação Cinco Estrelas da Forbes Travel Guide pelo quarto ano consecutivo30.

2.5.5. Fairmont San Francisco (Califórnia)

A reconstrução do The Fairmont Hotel em 1902, surgiu das cinzas de um incêndio. Benjamin Swig, um homem de negócios da Costa Leste, era o proprietário deste edifício e o seu filho Richard Swig, o presidente do grupo hoteleiro, The Fairmont Hotel Company. Após a tragédia, Swig considerou que o interior do hotel requeria uma remodelação e reestruturação do espaço interior e, por isso, contratou Dorothy Draper31,

28 WilkinsonEyre é uma empresa de arquitetura fundada por Chris Wilkinson desde 1983. No entanto só obteve este nome após uma parceria com Jim Eyre em 1987, pois anteriormente intitulava-se de Wilkinson Architects. 29 A Hirsch Bedner Associates (HBA) é a maior empresa de design de hotelaria internacional do mundo com sede em Santa Mónica, na Califórnia. 30 O Prémio Lubetkin Riba é concedido anualmente a arquitetos com o melhor edifício fora da União Europeia, e o Forbes Travel Guide é um serviço de classificação por estrelas e um guia de viagens on-line para hotéis, restaurantes e spas. 31 Dorothy Draper é uma designer de interiores reconhecida pelo registo em usar cores fortes e atrativas, padrões arrojados e exuberantes, tendo quase uma atitude anti-minimalista. Dorothy Draper & Company é a primeira e mais aclamada empresa de design dos Estados Unidos da América.

45 a emblemática designer da época, que acabou por dar uma nova imagem ao lobby e aos espaços públicos do edifício.

Figura 13 - Lobby do Fairmont San Francisco. Fonte: Fairmont, 2020

Draper, introduziu novas ideias na conceção do design, como, por exemplo, os tapetes pretos e vermelhos, transferindo atmosferas selvagens e tropicais, em simultâneo com as profundidades sedutoras com ouro lacagem preta. O registo de Draper foi essencial para a época, tanto pelo cuidado em formas e fases novas após a guerra, como pela inspiração e aprendizagem que distinguiram o hotel.

O Fairmont San Francisco representa um reflexo da história da cidade de São Francisco. Considerado como um dos melhores hotéis da categoria de luxo no topo da Nob Hill32, é conhecido pela sua grandeza, e reputação de um bom serviço, tendo sido palco de algumas das reuniões e eventos mais influentes. O lobby salienta-se pelos seus diversos pormenores marcantes, desde as grandes colunas de mármores, aos veludos azuis, às paredes douradas e às cadeiras de couro. No entanto, todo o design de interiores dado a este espaço pode ser considerado ligeiramente pesado, se não fosse o equilíbrio concedido com pormenores verdes das grandes plantas, proporcionando um clima tropical e californiano.

32 Nob Hill é um pequeno distrito da cidade de São Francisco, no estado da Califórnia.

46 2.6. Síntese

Este capítulo permitiu definir e entender a localização e circunstâncias posicionais em que o lobby tem vindo a ser inserido no desenvolvimento de um projeto de construção de um hotel. À medida que as diversas áreas (arquitetura, engenharia, design, etc.), se foram aperfeiçoando, a importância e impacto que este espaço pode vir a ter no ato de decisão de uma unidade hoteleira acabando por influenciar positiva ou negativamente os utilizadores na criação das suas perceções do restante hotel, ou até na difusão para experiências futuras.

É possível enumerar os principais fatores que caraterizam este espaço, e que contribuem para uma boa impressão, determinando o que fica na memória de quem visita ou de quem passa por um lobby. Deste modo, é concluído que, na maioria das vezes, é mais difícil esquecer uma experiência menos positiva do que uma muito boa impossibilitando consequentemente o hóspede a voltar e repetir essa visita.

Compreende-se, por estes motivos, relevância dos elementos constitutivos do lobby, que colaboram para melhor resultado e complementam, por vezes, em conjunto, na composição do espaço de acordo com as necessidades envolventes do espaço, quer no plano das dimensões como no dos conceitos. A recolha e análise dos aspetos mais marcantes e significativos nos lobbies internacionais emblemáticos, servem de referência para projetos futuros, focalizando-os na importância dos pormenores da estrutura e do design.

47 3. Pestana Hotel Group

3.1. Caracterização do Grupo Hoteleiro

O Pestana Hotel Group, é a cadeia hoteleira portuguesa com a maior taxa de sucesso. As cadeias hoteleiras são grupos de empresas do setor do alojamento, que trabalham de acordo com regras e procedimentos comuns, estabelecidos previamente por uma entidade titular de marca comercial. Estes grupos podem ser implantados a nível nacional ou internacional, assumindo a dimensão de mega-cadeias. O grupo Pestana é originário da Ilha da Madeira, Portugal, e iniciou a sua primeira atividade no ramo hoteleiro num período em que no país se iniciava uma expansão com diversos negócios turísticos, graças à maior produtividade agrícola e pecuária. A partir dessa altura, o grupo esteve sempre em crescimento em diversas áreas, tendo alargado e diversificado todos os anos os seus negócios.

Figura 14 - Tabela representativa da evolução história das cadeias hoteleiras Portuguesas de 2008 a 2017. Fonte: Deloitte, 2018.

3.2. História e percurso

O Pestana Hotel Group nasceu na Ilha da Madeira, região autónoma de Portugal, onde deu início às suas primeiras atividades empreendedoras. Em 1966, Manuel Pestana o primeiro fundador do grupo, considerou ter encontrado, no topo de uma falésia, na parte oeste do Funchal, a localização adequada para o primeiro projeto da M. & J. Pestana –

48 Sociedade de Turismo da Madeira, S.A., empresa cujos sócios com partes iguais foram Manuel e José Pestana, seu irmão, que, mais tarde, vendeu a sua parte ao primeiro. Surgiu então o investimento na ilha com a ajuda financeira do Fundo de Turismo português, uma instituição estatal que emprestava metade do capital necessário para a construção de hotéis de cinco estrelas, e assim foi adquirido o terreno de um pequeno hotel de 20 quartos, o Hotel Atlântico.

Figura 15 - Manuel Pestana e Mário Soares no primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. s.d. Fonte: Pestana Group, 2020.

A construção começou em 1968 e em 1972 inaugurou-se o primeiro hotel, o icónico e atual Pestana Carlton Madeira, antigo Madeira Sheraton Hotel. Alguns conselheiros de Manuel Pestana, alertaram-no para as dificuldades que poderia encontrar se entrasse sozinho e sem experiência no ramo hoteleiro e foi por esse motivo que procuraram apoio, enviando cartas a diversas empresas da área, ao qual só a cadeia Sheraton se posicionou33.

A empresa Sheraton ficou então responsável na altura pela exploração do hotel, sob o qual também o filho de Manuel Pestana, Dionísio, também trabalhou e dirigiu durante uma década, chegando a considerar mais tarde esta experiência “ter tido uma boa escola” (Ornelas, 2008). A prática ao fazer parte da direção do Madeira Sheraton, permitiu a Dionísio Pestana, assimilar alguns métodos de gestão hoteleira ao longo dos primeiros anos, beneficiando assim da possibilidade de viajar e frequentar diversas conferências do grupo.

33 Informação retirada da pág. 68 da Revista Wink, pertencente ao Pestana Hotel Group. Publicada a 7 de dezembro de 2012. https://issuu.com/laca-wink/docs/wink_4

49 Este primeiro estabelecimento hoteleiro foi objeto de uma remodelação iniciada em 2005 e só terminada em 2008, que envolveu investimentos globais de 15,5 milhões de euros. As requalificações ocorreram em todas as áreas do hotel, incluindo a fachada, as áreas de serviço, assim como a receção.

Figura 16 - Dionísio Pestana a cumprimentar Mário Soares na cerimónia de abertura do primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. Fonte: Pestana Group, 2020.

A nova imagem do hotel carateriza-se como um estilo moderno e leve, mantendo, porém, o seu encanto e elegância, mundialmente famosos.

Algumas alterações levaram também à reconstrução de uma nova piscina, suites-spa, oferecendo vários tratamentos de corpo, ginásio de pequena dimensão, serviços de jacuzzi, banho turco, duche escocês, massagens, sauna, área de restauração, e o número de quartos foi reduzido de 338 para 250. Esta intervenção visava reposicionar o hotel para atrair um segmento de público mais elevado e elevar em 25% os preços médios por quarto.

Atualmente, o hotel tem 541 quartos e cerca 1.100 camas e é considerado luxuoso e sofisticado, na categoria de cinco estrelas com vistas privilegiadas para o mar. O Pestana Carlton oferece o melhor de dois mundos, o ambiente sobre a montanha madeirenses, transportando o hóspede para um espaço com um espírito desportista e aventureiro, mas, ao mesmo tempo, possibilita constantemente a vista sobre o mar conduzindo-o para um universo mais descontraído e repousante.

50 Deste modo, a grande modernização do Pestana Carlton obteve um valor representativo, por ter sido esta, a primeira obra do Grupo Pestana.

No ano de 1976, o grupo enfrentava a hipótese de perder tudo. Uma ilha, que atravessava também o período do PREC34, após a Revolução de 74, encontrava-se em momentos instáveis e pouco favoráveis ao investimento. Manuel Pestana decide então pedir ajuda e colaboração ao filho Dionísio Pestana, que acabara de regressar de África do Sul, com apenas 24 anos. As boas-vindas a Dionísio Pestana eram compostas por dificuldades, juros, dívidas e sindicatos que o receberam com indiferença. A recuperação do hotel e do negócio revelou-se muito demorada. No entanto, serviu não só para ganhar confiança e interesse pela atividade e pelo setor hoteleiro, como também para acalmar as tensões entre empregados e patrões e, desse modo, reerguer o hotel. Os lucros voltaram a aumentar. Poucos anos depois, e com o apoio do seu amigo de Joanesburgo, Peter Booth, apostaram numa nova estratégia de venda, o time-share, ou venda de unidades de habitação temporária, este negócio permitiu promover, evoluir e fazer crescer ainda mais a marca Pestana.

Em 1985, o Grupo foi pioneiro e deu início ao conceito Pestana Vacation Club com a abertura do Madeira Beach Club, sendo atualmente o terceiro maior do setor no mercado europeu. Helder Valente é o atual gerente que mostra a sua lealdade à família há mais de trinta anos. Este serviço é reconhecido como o de um aparthotel, oferecendo aos clientes as cozinhas instaladas dentro dos apartamentos e a estadia a custo acessível. O Vacation Club cresceu significativamente e obteve tal sucesso que de quatro em quatro anos, era inaugurado novo hotel pertencente ao clube de férias, como é exemplo o Madeira Village, Miramar Grand, e depois o Promenade Hotel e Resort.

Também na ilha da Madeira, surge, em 1986, o hotel Pestana Casino Park, que faz parte do complexo que inclui o famoso Casino da Madeira e um centro com auditório para conferências. Porém, este edifício foi, em 1976, encomendado pela Sociedade de Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira, propriedade da família de António Xavier

34 A sigla PREC representa Processo Revolucionário em Curso ou Período Revolucionário em Curso, e refere-se ao período de atividades e movimentos criados numa época revolucionária e marcante na História de Portugal. Este período ocorreu durante a Revolução dos Cravos iniciada com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 e concluída dois anos mais tarde, na aprovação da Constituição Portuguesa.

51 Barreto e presidida por José Jesus Barreto, com o objetivo de atribuir a responsabilidade da construção e projeto ao arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer35. Contudo, o compromisso que surgiu em 1966, só teve início com as obras do edifício seis anos depois, tendo sido inaugurado a 3 de outubro de 1972.

A projeção inicial dos edifícios do hotel e do casino, são da autoria do conceituado arquiteto Oscar Niemeyer, porém, quem deu seguimento ao projeto, alterando alguns pormenores foi o veterano natural de Esposende, o arquiteto Alfredo Viana de Lima.

Figura 17 -O primeiro traço feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer do Pestana Casino Park. Fonte: Wink, 2012.

Os proprietários do espaço não puderam assumir meios para o concluir, o que levou à intervenção do Governo Regional, que entrou no capital e financiou a conclusão. Mas o complexo acabou por ser posto à venda, e o Grupo Pestana aproveitou, intitulando-o de Pestana Carlton Park e, posteriormente como Pestana Casino Park. A compra do Casino Park foi, além de um bom investimento, o motivo para a separação amigável com a cadeia Sheraton. A ideia de contratar o arquiteto brasileiro surgiu através da sugestão de uma amiga, tornando-se mais tarde a mulher de Dionísio Pestana. Margarida falou de

35 Oscar Niemeyer (1907-2012) era um arquiteto, natural do Rio de Janeiro, no Brasil. Reconhecido por ter tido um papel de elevada importância no desenvolvimento da arquitetura moderna principalmente no desenvolvimento da cidade e capital, Brasília.

52 Nieyemer e do humanismo do seu trabalho ao ponto de convencer o presidente do grupo a tomar a decisão final36.

De forma gradual, o grupo foi projetando uma estratégia de crescimento, sustentado com base na diversificação para os serviços complementares. Como tal, pode exemplificar-se com o investimento nas áreas de imobiliário turístico e no golfe.

No ano de 1992, estes novos serviços permitiram ao Grupo que não se apresentasse apenas como Grupo empreendedor, mas também como Marca Pestana iniciando-se assim a compra de nove hotéis no Algarve, território chave do turismo nacional, mas também com a aquisição emblemática do Palácio Valle Flor, colocando o grupo em primeiro lugar no domínio da área hoteleira em Portugal.

Dois anos depois, expande-se então o Pestana Vacation Club, no sul do país, usando a mesma estratégia de integração de alojamento, já iniciado na ilha da Madeira, um clube de férias num estabelecimento hoteleiro. Atualmente, o Algarve detém seis resorts como parte de seu clube de férias.

O início da internacionalização do grupo, dá-se em 1998, com a abertura de estabelecimentos em Moçambique e, no ano seguinte, com no Brasil com a compra do Pestana Rio Atlântica no Rio de Janeiro, a que se juntaram gradualmente outras oito unidades.

Figura 18 - Prédio Funchal, Lourenço Marques. Fonte: The Delagoa Bay World, 2020.

36 Informação retirada da pág. 71, da Revista Wink, pertencente ao Pestana Hotel Group. Publicada a 7 de dezembro de 2012. https://issuu.com/laca-wink/docs/wink_4

53 O estabelecimento em Lourenço Marques, atual Maputo, em Moçambique, é também uma recuperação de um anterior investimento do fundador Manuel Pestana. Em 1961, os negócios na bolsa e os investimentos imobiliários na África do Sul e Moçambique, culminaram na construção do Prédio Funchal, edifício situado no centro da cidade com 90 apartamentos para alugar.

Manuel Pestana, após algumas dificuldades, perdeu o Prédio Funchal, mas, anos mais tarde, o grupo consegue reaver o edifício, que depois foi recuperado, adquirindo novo nome ficou como Pestana Rovuma Hotel, uma unidade de quatro estrelas com 119 quartos.

Figura 19 - Pestana Rovuma Hotel, Moçambique. Fonte: House Of Maputo, 2020. O Pestana Rio Atlântica, em Copacabana no Rio de Janeiro, situado nas proximidades de colinas e montanhas, foi fundado em 1999 e renovado em 2011, concluindo um processo de modernização num projeto que priorizou elementos de competência energética e arquitetura sustentável, evidenciando principalmente a leveza e o espírito casual carioca.

O arquiteto responsável pela obra foi Jaime Morais que optou pelo uso predominante de tons neutros e claros, por retirar as alcatifas, e dispor o ambiente com alguns espelhos e , dando também grande importância ao uso de materiais antialérgicos nos quartos. O hotel ampliou o número de quartos de 216 para 247 com a transformação de algumas suites em dois apartamentos.

Jaime Morais quis implementar algumas medidas ecológicas para um novo e melhor funcionamento do layout. O sistema de reutilização de águas em circuito fechado, por exemplo, que permite reaver um equivalente a 30% do consumo de água. O sistema elétrico também foi igualmente modernizado, com o uso de lâmpadas LED, que

54 despendem 20% a menos em energia e têm uma duração muito mais longa. As zonas dedicadas a reuniões e congressos também foram reestruturadas e organizadas para acolher diversos tipos de eventos. Em 2000, ainda no Brasil foram abertos mais dois hotéis em Angra dos Reis e em Salvador. Todavia, o grupo já tinha estado presente em outras três cidades no Brasil, Curitiba Natal e São Paulo.

Em 2001, é inaugurado em Portugal, após dez anos de dificuldades burocráticas, o luxuoso Pestana Palace, um antigo palácio lisboeta de finais do século XIX. Este grande marco do grupo, resultante da restauração do Palácio de Valle Flor e dos seus jardins, tendo sido considerados um e outro Monumentos Nacionais. Note-se como se assinalou a inauguração com o seu flagship hotel em Lisboa, o Pestana Palace Hotel & National Monument, primeiro hotel de luxo a se tornar membro privilegiado do grupo The Leading Hotels of the World37. As principais razões derivam da qualidade, da localização, dos padrões e do serviço prestado pela equipa responsável, tornando deste modo o Hotel Pestana Palace no mais premiado pelo seu prestígio.

Este palácio, está localizado numa área residencial no Alto de Santo Amaro e revela caraterísticas próprias na sua arquitetura relativamente ao que era habitual para a época, demonstrando influências de França, Itália e mesmo de África. Na área envolvente deste palácio, está situado um exuberante parque privado, com variadas plantas e árvores subtropicais, que se podem encontrar em climas como os e África, Brasil e América, em uma espécie de memória colonial, apresentando uma vista panorâmica sobre a capital.

José Luís Constantino foi o responsável pela ordem de construção do palácio, um emigrante transmontano que viveu em S. Tomé e Príncipe e que enriqueceu na exploração agrícola. J. L. Constantino foi defensor desta colónia, tendo ocupado diversos cargos ao serviço do Reino e a sua ação ter-lhe-á valido o título de Marquês de Valle Flor, concedido pelo rei D. Carlos em 1906.

37 A The Leading Hotels of the World, Ltda. é uma organização de hospitalidade que patenteia mais de 380 dos melhores hotéis, resorts e spas do mundo, localizados em mais de 80 países.

55 Marquês de Valle Flor era, portanto, um homem com posses financeiras acumuladas em África, e assim se compreende a construção do palácio para o tornar na sua residência.

Figura 20 - Palácio Valle Flor em construção, publicado na Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020.

Diversos arquitetos contribuíram para o projeto, como por exemplo, entre 1905 e 1906 o italiano Nicola Bigaglia38 responsável por uma grande parte delas. No entanto, quatros anos mais tarde, o acompanhamento final ficou sob a responsabilidade do arquiteto José Ferreira da Costa39, encarregue pelas as novas alas, e para as Cocheiras. Alguns pormenores menos significativos do palácio são da autoria do arquiteto Miguel Ventura Terra40. Por fim, o Palácio Valle Flor acabou por sofrer influências nas opções no design dos seus interiores, como o mobiliário e o estilo pomposo inspirado em modelos europeus, devido ao facto de os marqueses terem relações próximas sobretudo com França.

38 Nicola Bigaglia (1841-1908), era arquiteto, modelador italiano que se radicou em Portugal em 1888. 39 José Ferreira da Costa (1879-1919), arquiteto português, que se distinguia no registo estilístico eclético, estudou em Paris, era também dotado para pintura. 40 Miguel Ventura Terra (1866-1919), arquiteto de formação portuguesa e francesa, e autor de diversos projetos como teatros, liceus, hospitais, etc.

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Em 1932, após a morte do Marquês, o edifício perdeu algum do seu prestígio, tendo-se danificado bastante. Foi, por isso, necessário solicitar outros especialistas, alguns deles com trabalho efetuado anteriormente no Vaticano. Assim, se observam os frescos, as esculturas e alguns vitrais que, embora originários de oficinas portuguesas do século XIX,

Figura 21 – Edifício das Cocheiras do Palácio Valle Flor, publicado pela Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020. precisaram de ser transportados para Florença e Milão para um melhor acabamento e recuperação.

Desde que o Pestana Hotel Group se apossou do Palácio, em 1992 e, após as obras de restauro e adaptação, de acordo com o projeto de Manuel Tainha, o edifício adquiriu nova imagem, novo conceito e nova grandeza, podendo ser requalificado como um todo e como novo estabelecimento hoteleiro. Em 1997, o Palácio Valle Flor recebeu a classificação de Monumento Nacional, confirmando o seu valor patrimonial e histórico.

57 No ano de 2002, o Pestana Hotel Group obtém o número emblemático de 5.000 quartos no seu percurso, incluindo todos os subgrupos.

Em agosto de 2003, por decisão do Governo Português, o Pestana Hotel Group obtém a cedência da exploração das Pousadas de Portugal, após concurso internacional. O Pestana Hotel Group aproveitou a oportunidade para gerir mais um importante negócio, tornando-se responsável pela exploração e expansão do prestígio das Pousadas de Portugal. No decorrer da primeira década do século XXI, o Pestana Hotel Group expandiu-se ainda por diversos países com diferentes culturas, começando pela África do Sul com o Pestana Kruger Lodge Safari Resort, junto ao Kruger Park. Este hotel fora aberto ao público em 1997, mas foi, entretanto, remodelado e voltou a reabrir em 2004.

No seguimento da internacionalização, ergueu-se na América do Sul, o Pestana Buenos Aires que está presente na Argentina desde 2004, e que se mantém até aos dias de hoje.

Em São Tomé e Príncipe, estão presentes três hotéis pertencentes ao Pestana Hotel Group. O primeiro foi o Pestana Equador que foi inaugurado em 2004 no Ilhéu das Rolas, ocupando uma área de 250 hectares e com 70 quartos e alguns bungalows pequenos de madeira. No entanto, este Resort suspendeu o seu contrato de gestão em novembro de 2008 devido a um prejuízo causado por informações “falsas” por parte da comunicação social41. Em 2012, a direção foi passada a Francesco Raneri 42.

O Pestana São Tomé foi aberto em maio de 2008 e foi o primeiro hotel de 5 estrelas na cidade. No verão desse mesmo ano, o Pestana Hotel Group investiu ainda em S. Tomé e Príncipe, onde já geria dois hotéis, com o Hotel Miramar e o Resort Pestana Equador, e para garantir maior taxa de sucesso, criou as operações de voos charter (com a companhia aérea Air Madeira, a EuroAtlantic Airways, a Intervisa Travel Solutions, e a Atlantic Holidays) com 190 lugares para posicionar São Tomé e Príncipe nas principais rotas mundiais de turismo.

41 Segundo o jornal Público, o Pestana Hotel Group suspende o contrato de gestão em 2009. Disponível em: https://www.publico.pt/2009/07/17/economia/noticia/grupo-pestana-suspende-contrato-de-gestao-de- resort-em-sao-tome-e-principe-1392126 42 Notícia publicada no jornal Sábado em 2017. Disponível em: https://www.sabado.pt/dinheiro/detalhe/o- hotel-pestana-onde-a-horta-foi-plantada-pelo-director

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Essa operação foi anunciada na bolsa de turismo de Lisboa, no final de janeiro de 2007 e decorreu em parceria com diversas empresas (TerraAfrica, Abreu, Mundo Vip, Soltropico e Entremares). Esses voos iriam estender-se entre junho e setembro com o objetivo de transportar cerca de dois mil turistas por ano para São Tomé. No entanto, as expectativas foram ultrapassadas nesse mesmo ano. O Pestana São Tomé oferece 115 quartos (todos com varanda privativa), um restaurante, um bar, salas para conferências, um ginásio, salas para tratamentos com massagens, sauna, banho turco e ainda no mesmo anexo ao hotel, ergueram-se um casino e uma discoteca.

A Venezuela, também em 2008, passou a fazer parte do portfólio, com um hotel em Caracas, que abrange cerca de 195 quartos. O investimento custou cerca de 13 milhões de euros para a construção do Pestana Caracas Hotel, o primeiro hotel do grupo na Venezuela. A inauguração, que ocorreu em 14 de maio, contou com a presença do ex- primeiro-ministro português, José Sócrates.

O Pestana Caracas é um hotel com a classificação de 5 estrelas, localizado no bairro Sucre, junto ao Parque de Leste. A assinatura do projeto foi de Jaime Morais, arquiteto já conhecido na empresa, tendo realizado anteriormente outros projetos também bem- sucedidos43. O registo deste arquiteto é identificado pelos seus ambientes contemporâneos que valorizam a luminosidade natural e artificial, tornando o ambiente envolvente, através de um recurso mais sustentável, como é exemplo a utilização das luzes LED. Nesta unidade hoteleira da América do Sul, prevaleceram também alguns móveis de designers conceituados do séc. XX nas zonas públicas, o uso abundante do branco e de cores primárias e críticas.

O Pestana Hotel Group consegue em sete anos atingir um número significativo de quartos de hotel, relativamente ao seu desenvolvimento, e em 2009 passou a gerir diretamente 10.000 quartos.

A abertura do Pestana Chelsea Bridge, em Londres em 2010, dá início a uma nova linha de crescimento do Grupo, para as capitais europeias e, de seguida, em 2011, é na capital alemã, que se inaugura o Pestana Berlim Tiergarten. O Chelsea Brigde foi primeiro hotel

43 Exemplo disso é o Pestana Rio Atlantica, em Copacabana no Brasil.

59 português a abrir em Inglaterra, é um hotel de quatro estrelas e está localizado na margem sul do Rio Tamisa, entre o Battersea Park e Battersea Power Station. Inaugurado a 1 de março, contém duzentos e dezasseis quartos, e seis salas de reuniões com capacidade para quinhentas pessoas.

Em Berlim, Dionísio Pestana investiu 23 milhões de euros e o Pestana Berlim Tiergarten iniciou a sua atividade em 2011. Este hotel de quatro estrelas localizado próximo da Praça Ku’Dam e do Parque Tiergaen, oferece cento e trinta e sete quartos, cinco suites, um SPA, um restaurante e seis salas de conferências. O ambiente do hotel destaca-se pelo seu design moderno que representa o conceito do mar, de poetas e escritores que constituíram motivo de inspiração.

O Pestana Trópico Hotel, na Ilha de Santiago, cidade da Praia, foi adquirido em 2003 pelo Pestana Hotel Group. No entanto o seu impacto turístico foi apenas reconhecido dois anos mais tarde. Já em 2013, este hotel beneficiou de uma importante ampliação, acompanhada por várias reestruturações, passando de cinquenta e um quartos para noventa e dois.

A 20 de novembro de 2012 o Pestana Hotel Group comemorou quatro décadas de existência, gerindo mais de 90 estabelecimentos hoteleiros em Portugal e no estrangeiro, seis campos de golfe, dois , três empreendimentos de imobiliário turístico, doze empreendimentos de Timeshare, um operador turístico e uma companhia de aviação charter, constituindo cerca de nove áreas de atividade. Para além destes negócios, o grupo contribui também para a empresa de cervejas e para a Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, gestora do Centro Internacional de Negócios da Madeira.

Ser um grupo nascido em Portugal influenciou a nossa identidade e a forma como estamos no Mundo, onde nos 3 continentes em que nos encontramos, com mais de 90 unidades Pestana Hotels & Resorts, deixamos sempre marcas de respeito pelo próximo e de gentileza, capazes de nos aproximar de qualquer cultura. Foram quatro décadas que não se esquecem, feitas de bons encontros com pessoas únicas que trouxeram para o Grupo Pestana o seu carácter, a sua inteligência, profissionalismo e criatividade. Sem todas elas, muitas das quais me orgulho de

60 ser amigo, esta viagem teria sido muito mais difícil, senão mesmo impossível. (Pestana, 2012)

No ano da celebração dos 40 anos, as apostas incidiram no território nacional e no internacional novamente, com a inauguração da Pousada de Cascais, Cidadela Historic Hotel, os novos Pestana Tróia Eco-Resort & Residences, no mercado sul-americano, e a presença estende-se até à Colômbia, com o Pestana Bogotá. Poucos meses mais tarde, a abertura do Pestana South Beach Art Deco, em Miami, o Pestana Casablanca em Marrocos, e ainda o Pestana Cayo Coco Beach Resort em Cuba, seguindo-se ainda apostas em Espanha, com o Pestana Arena Barcelona.

No dia 1 de agosto de 2013, o Pestana Hotel Group chega a Cuba, onde foi construído o Pestana Cayo Coco Beach Resort, o primeiro hotel nas Caraíbas. Este hotel surge no meio de um contrato entre o Pestana Hotel Group e a empresa cubana de turismo Gaviota. Esta unidade hoteleira oferece cerca de quinhentos e oito quartos repartidos por onze apartamentos posicionados para valorizar a paisagem natural da cidade.

Este Resort está localizado numa das mais conhecidas praias de Cuba voltado para o mar, com uma avaliação de quatro estrelas. Uma das principais caraterísticas do Pestana Cayo Coco Beach Resort são os seus restaurantes, que se apresentam com um design moderno e colorido, inspirado nas cores típicas de Cuba, remetendo-as aos sabores e essências específicas dos cubanos. Um dos responsáveis pela partilha de sabores diferentes é o Chefe Pedro Relvas, já reconhecido pelo seu trabalho nas Pousadas de Portugal, tendo levado alguns pratos portugueses para a atmosfera cubanos.

Ainda em 2013, o grupo inaugurou o Pestana South Beach Art Deco Hotel em Miami, situado na zona histórica da cidade, unidade hoteleira classificada com quatro estrelas, que esteve planeada para ser inaugurada dois anos antes. Porém, o incêndio acidental de 2011 em um dos edifícios atrasou o processo de iniciação do projeto. No entanto, a compra do terreno tinha sido efetuada já em 2009. As expectativas com o primeiro negócio na América do Norte eram altas, devido à sua capacidade de atração de novos clientes viajantes, tanto em lazer como em negócios.

61 Em 2015, o grupo atinge 25 milhões de roomnights desde o início da sua atividade. A 19 de maio do mesmo ano, o Grupo desenvolveu nova identidade gráfica, o Rebranding e a nova segmentação das marcas do Pestana Hotel Group – Pestana Hotels & Resorts, Pestana Pousadas de Portugal e Pestana Collection Hotels. A autoria da nova imagem do grupo é de Ogilyy, uma agência criativa, de publicidade e marketing originária do Reino Unido e, segundo Theotónio (2015) esta mudança resulta de uma necessidade do Pestana Hotel Group se apresentar ao mercado de uma forma mais clara para que quem não conhecia tão bem a marca Pestana. Deste modo seriam mais facilmente reconhecidos.

A nova assinatura The Time Of Your Life pretende transmitir a ideia da importância do tempo que os clientes despendem numa experiência, que deve ser insubstituível. O novo “P”, além de fazer referência à palavra e ao nome da família – Pestana -, simboliza também com os dois traços, a pausa no tempo que os hóspedes devem fazer durante a sua estadia em uma das unidades do Pestana Hotel Group. De acordo com Nuno Ferreira Pires, responsável pela área de Global Marketing & Sales do grupo, a mensagem que se deseja passar é a da possibilidade da maximização de um tempo que se quer repetir.

A marca gere 45 hotéis, incluindo 10 na ilha da Madeira, 9 no Algarve, 3 em Lisboa/Cascais/Sintra, 1 no , 1 em Inglaterra, 1 na Alemanha, 9 no Brasil, 3 em Moçambique, 1 na África do Sul, 1 em Cabo Verde, 1 na Argentina, 1 na Venezuela, 1 na Colômbia e 3 em S. Tomé e Príncipe e 37 Pousadas de Portugal em todo o país. No total mais de nove mil quartos disponíveis pela Europa, em África e na América Latina, em 2011.

Figura 22 - Logotipos das três submarcas no início de 2015, ano do Rebranding da marca Pestana. Fonte: Meios e Publicidade, 2020.

No ano seguinte, em 2016 o Grupo realizou uma parceria com o jogador de futebol , uma Joint Venture de 75 milhões de euros que deu corpo ao lançamento da quarta marca do grupo, intitulada de Pestana CR7 Lifestyle Hotels e iniciando as suas atividades com a abertura dos dois primeiros hotéis da marca no Funchal e em Lisboa, projetando também um para Madrid e um para Nova Iorque.

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Ainda nesse ano, o Pestana Hotel Group passou por uma fase menos positiva, devido a dificuldades económicas no Brasil, dois hotéis foram encerrados por tempo indeterminado, o Pestana Bahia em Salvador e o Pestana Angra Beach Bungalows, em Angra dos Reis no Rio de Janeiro. No mesmo ano, a GJP Hotels & Resorts Hotels, cadeia de hotéis brasileira, anunciou a compra do Pestana Natal All Inclusive Beach & Resort, mudando de nome para Prodigy Beach Resort Natal.

Tal como José Roquette afirmou numa conferência de imprensa a 24 de janeiro de 2018, o ano de 2017 foi o melhor ano de sempre de acordo com os dados estatísticos. A estimativa supera o resultado de 2015 em 24 milhões de euros. O sucesso da marca confirma-se com um total de 20 hotéis inaugurados nos últimos seis anos a nível nacional e internacional, ainda assim o Pestana Hotel Group previa abrir 20 novos hotéis nos próximos 3 anos. Foi neste ano que o Pestana Hotel Group fez 45 anos de história e sucesso gerindo cerca de 90 hotéis em 15 países, mais de 11 000 quartos com um total de 7 000 colaboradores.

Conforme afirmou o administrador responsável pelo desenvolvimento do Pestana Hotel Group, estava previsto em 2018 o grupo investir 44 milhões de euros na abertura de cinco novos hotéis em Lisboa e no Porto. Uma das projeções deste ano foi a abertura de uma unidade com a classificação de quatro estrelas para a Rua Braamcamp, em Lisboa, e tal como Dionísio Pestana afirmou à Revista EXAME44 a 1 de outubro de 2018, este negócio foi resultante de um investimento com um grupo chinês que alugou um imóvel e pretende que o grupo realize a sua gestão hoteleira. A abertura está prevista para 2020, junto ao Arco da Rua Augusta, também na capital, com 89 quartos e com a mesma classificação e nasce de uma parceria com o investidor Manuel Rebelo, que adquiriu o edifício, a antiga sede do Banco Popular. Adquiriu também a principal indústria de bebidas da Madeira, diversas agências de viagem, além de ser proprietário de 49% da Enatur45. Diante de um alargado número de

44 A Revista brasileira EXAME é especializada em economia, negócios, tecnologia, e faz publicações quinzenalmente pela Editora Abril. Esta revista inclui, além da revista, plataformas online e aplicações para smartphones e tablets. 45 A Enatur é a única entidade que, por lei, dispõe do uso da marca Pousada como estabelecimento hoteleiro. Esta empresa tem atualmente, a concessão à iniciativa privada e a supervisão da exploração dos estabelecimentos hoteleiros da Rede de Pousadas de Portugal, tal como definidas na legislação aplicável.

63 negócios, o grupo está organizado basicamente em dois grandes blocos de atividades autónomas, mas que respondem aos interesses do grupo: Pestana Turismo e Pestana Investimentos.

Toda a evolução desta cadeia hoteleira tem sido espelhada para cada um dos novos projetos. À medida que a empresa se expandiu para novos continentes, países e até com o surgimento de novas marcas e submarcas, o Pestana Hotel Group tornou-se naturalmente mais experiente quanto ao cuidado e à atenção concedida às necessidades básicas e complementares dos seus utilizadores. Pode considerar-se que essa experiência é refletida na conceção dos projetos dos lobbies, assim como em todo o estabelecimento, passando cada vez mais a adotar tendências às necessidades e preocupações atuais, procurando ir ao encontro do local onde se integra e das exigências de quem o escolhe.

Ainda assim, nota-se que alguns lobbies do Pestana Hotel Group podem ter sido remodelados, muitas vezes, pelo surgimento de problemas técnicos, mas também por exigências de maior visibilidade, concedendo maior volume ao espaço em geral como, o aumento do número quartos. No entanto, e apesar de diversas unidades não terem a possibilidade de serem alteradas, por se tratar de património nacional, podemos considerar que a exigência da expansão, menoriza a exigência da manutenção e desenvolvimento nas unidades já existentes.

3.3. Fundadores

3.3.1. Manuel Pestana

Manuel Pestana, natural da Ribeira Brava, um concelho rural no Oeste da ilha da Madeira, iniciou a sua carreira profissional por volta de 1941, numa mercearia própria no mesmo lugar onde nasceu. No início da Segunda-Guerra, Manuel sente dificuldades e falta de condições para o desenvolvimento e evolução do seu negócio e como os seus projetos e ideias eram bastante ambiciosos, em 1946 dá o primeiro passo ao sair da ilha em direção à África do Sul. Assim que chega ao extremo sul de África, consegue trabalho e torna-se sócio de uma cooperativa agrícola, a Ranavalt Farm, explorada por 10 pessoas, também madeirenses, e onde eram produzidos e distribuídos legumes, frutos, entre outros produtos.

64 Ao fim de seis anos, Manuel Pestana conseguiu poupar algum capital para investir no seu primeiro negócio, uma loja de bebidas em Joanesburgo, aberta em 1951 e chamada Bottle Store. Já nos anos 60, poupado e com capacidade para o investimento, Manuel adquire em Moçambique, na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, um imóvel de apartamentos, intitulado o Prédio Funchal.

Tudo o que ganhara com o negócio de venda de bebidas, investia em ações referentes às minas de ouro, que só comprava quando se encontravam em preços muito baixos. O emigrante português soube assim tirar proveito da crise bolsista da década de sessenta. Com valores irrisórios, adquiriu milhares de ações das minas de ouro. Aguardou que a economia recuperasse e Manuel Pestana, ao perceber que tinha feito uma pequena fortuna, decide investi-la. Foi com parte desse dinheiro que mandou construir, por volta de 1968, o Hotel Sheraton, no Funchal, num terreno que tinha adquirido pouco tempo antes. (Camacho, 2011).

Deste modo, Manuel Pestana pode ser considerado como o primeiro visionário e fundador do Pestana Hotel Group, que, a 20 de novembro de 1972, abriu o primeiro hotel na Ilha da Madeira. Praticamente, desde essa altura, e em conjunto com o seu filho, Dionísio, atual acionista e presidente, expandiu a marca ano após ano. O seu hobby era maioritariamente o trabalho, dedicando o resto tempo ao convívio familiar. As viagens ocorriam, em geral, em contexto de trabalho.

3.3.2. Dionísio Pestana

Dionísio Pestana nasceu em 1952, em Joanesburgo, na África do Sul e estudou nos maristas, um colégio católico convicto, nessa mesma cidade, onde surgiu a alcunha “Dennis” criada pelos amigos e colegas de escola. Mais tarde formou-se em Gestão e Administração de Empresas, Business Economics, na Universidade de KwaZulu em Pieter Maritzburg, na província de Natal.

Filho de Manuel Pestana e de Caridade Fernandes, Dionísio Pestana era bom aluno, aplicado e focalizado nos estudos, tendo sempre valorizado o trabalho desde a adolescência, alternando a escolaridade com trabalho aos fins-de-semana, na loja de

65 bebidas, recrutado por seu pai. Esta foi uma das experiências que permitiram ao presidente do grupo atual a consciência da humilde e o valor do dinheiro.

Assim que acaba o curso, sente a necessidade de viajar e aos 24 anos aterra na Madeira para estagiar e pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do seu percurso de estudante. A sua primeira experiência decorre num investimento de seu pai, o Sheraton Madeira, onde trabalhou com uma equipa, que lhe concedeu diversas lições e que, naturalmente, o preparou para uma futura forma de gerir a indústria hoteleira, de modo a conseguir recuperar das fases menos positivas, afetadas por crises económicas, sociais e políticas da época. Ainda em tempos difíceis, Dionísio Pestana criou um gosto especial pela ilha que viu nascer o seu pai, e deixou de parte a ideia de regressar a Joanesburgo, possuindo hoje dupla nacionalidade, a portuguesa e a sul-africana. Ao longo do desenvolvimento de seus negócios, desafia e convida um amigo da África do Sul para o acompanhar na aventura, e é então que Peter Booth46, se tornou o principal responsável pela área do timesharing.

Dionísio Pestana teve uma educação baseada no regime anglo-saxónico, com muita disciplina, organização, métodos de estudo e de trabalho. Para além da importância da escola, o desporto teve também muito impacto na vida do presidente do grupo, tendo praticado râguebi durante vários anos.

Figura 23 - Gráfico representativo da posição do Pestana Hotel Group no Mundo. Fonte: Pestana Group, 2020.

46 Peter Booth é amigo da família e o Vice-Presidente de Negócios do Pestana Hotel Group.

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Considerou sempre como imprescindíveis os valores que essa experiência lhe trouxe, adaptando-os sempre à sua vida profissional e pessoal. Um dos desafios deste desporto é como é conhecido, o controlo de frustrações e de emoções, assim como a obrigação de trabalhar em equipa, sendo nesta última aquela em que mais se evidencia tentando aplica- la regularmente e tornando-o num lema. Dionísio Pestana reconhece que em uma empresa de sucesso, o trabalho de equipa, o espírito de entreajuda, a ambição, e a persistência são valores principais, têm de ser mantidos. A habilidade e a paixão pelos negócios e gestão hoteleira foi certamente herdada pela família, em particular, pelos investimentos na bolsa. Uma das medidas ainda presentes do presidente do grupo é a necessidade de investir em projetos de hotelaria a longo prazo, pois considera importante fazer um cálculo de sete a dez anos para um sucesso efetivo.

Dionísio Pestana é um gestor conhecido por ser discreto e cujo low profile marca a sua personalidade. O empresário há vários anos que tem a seu lado uma equipa eficaz, à medida que o grupo vai crescendo. José Theotónio é o gestor das finanças e José Roquette, o administrador para a expansão e desenvolvimento. Luigi Valle foi o ex-vice- presidente do grupo e Castelão Costa o rosto das Pousadas de Portugal, tendo ambos saído da equipa em 2015. A nossa jornada de 45 anos tem sido extraordinária. Tudo começou com uma visão e um sentido profundo de trabalho árduo e responsabilidade iniciados pelo meu pai que criaram as bases do PHG. Tive a sorte de ter nos meus pais os meus mentores que, durante a minha juventude, me orientaram na procura de uma vida melhor. Ao longo dos anos houve muitas mudanças, mas a fórmula tem sido sempre a mesma: valores familiares, empreendedorismo, resiliência, trabalho árduo, inovação e sustentabilidade. Com a ajuda das nossas maravilhosas equipas multinacionais, procurei honrar o legado do meu pai e preparar a próxima geração para os desafios e oportunidades do futuro. (Pestana, 2012).

3.4. Características da Empresa

Uma das principais caraterísticas do grupo associa-se à mensagem que pretendem passar com a palavra change -- a mudança -- que representa para eles a adaptação e flexibilidade.

67 Ao longo de quase 50 anos de história, de conquistas e de sucesso, a mudança tem feito inevitavelmente parte do seu percurso.

Figura 24 - Esquema das principais caraterísticas do Pestana Hotel Group, esquema proposto pela autora.

Se assim não fosse, não teriam superado e transformado as crises em oportunidades. Seguir as tendências é imprescindível para qualquer negócio e o Pestana Hotel Group tem também seguido o mesmo raciocínio.

Alguns exemplos da sua flexibilidade e adaptação são os diversos negócios da marca Pestana. A mudança constante em cada um deles, principalmente no ramo hoteleiro, é um bom exemplo, com a constante procura e vontade para a conquista de novos destinos, ao procurar atingir novos mercados, ao surpreender sem nunca perder a essência e a humildade.

Ambição é outra das caraterísticas subjacentes à marca Pestana, ao apresentar-se como nunca regozijados com as aquisições ou vitórias. Por isso, têm demonstrado a incessante vontade de crescer. O Pestana Hotel Group continua a estudar novas formas de desenvolvimento, dentro e fora do país. Nos próximos anos, as principais apostas são, a nível do setor urbano, as grandes cidades europeias, como é o exemplo a Cidade-Luz e capital francesa, Paris. No entanto, a sua presença em destinos paradisíacos em forma de Resorts é igualmente significativa, centrando maior incidência na América do Sul, ainda que atualmente o número superior de quartos se encontre situado em Portugal.

68 Relativamente aos vários modelos de negócio geridos pelo Pestana Hotel Group, Dionísio Pestana, na entrevista à EXAME, afirma que se não tivessem conquistado diversas áreas não tinham progredido como progrediram. Inicialmente, o grupo era apenas proprietário, projetava, construía e geria as suas próprias unidades.

Figura 25 - Gráfico do número de quartos pelo mundo e por segmento do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020.

No entanto, com o tempo, o contexto foi-se transformando e foi necessário aceitar a mudança e aí se justifica o termo e o conceito change do Pestana Hotel Group. A expansão e crescimento no decorrer do seu percurso são o reflexo da postura e flexibilidade de Dionísio Pestana que demonstra a sua compreensão e perceção relativamente às alterações que os negócios em qualquer âmbito sofrem e, deste modo, foram-se apresentando através da forma de parcerias, joint ventures, alugueres, etc.

69 Esta necessidade originou então a segmentação em diversas áreas do negócio e o Rebranding da marca, em 2015.

Figura 26 - Gráfico representativo do número de incidência em várias tipologias de propriedade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020.

Atualmente, no segmento hoteleiro, o Pestana Hotel Group é constituído por quatro submarcas sob sua gestão: a Pestana Hotel & Resorts, compostos por unidades de 4 e 5 estrelas a nível nacional, Europeu, em África e na América; da submarca Pestana Collection Hotels, as sete unidades de luxo integradas em icónicos edifícios classificando- se no produto mais premium do grupo; os Pestana CR7 Lifestyle Hotels, com um conceito muito próprio e destinados a um público mais jovem e urbano e por último as Pousadas de Portugal, que inclui 34 unidades.

Crescer e investir de forma sustentada fez sempre parte da cultura desta empresa. Desde 2003, o Pestana Hotel Group gere a rede Pousadas de Portugal, sob o qual pratica a atividade sustentável de dar novas imagens a edifícios e monumentos históricos com o intuito de promover, não apenas a história, como a sua marca e o seu serviço.

Localizadas em locais exclusivos, esta rede possui caraterísticas únicas e distintivas uma vez que muitas das suas unidades estão localizadas em Castelos, Conventos e Palácios recuperados especificamente para este fim.

Segundo o presidente do grupo, a opção é sempre a de reutilizar, relacionando-se não só com várias associações de âmbito social e ambiental, como no que diz respeito ao equipamento, material e espaço utilizados para as práticas dos seus serviços e negócios.

70 Outra grande caraterística do grupo é mensagem que a sua assinatura pretende pôr a circular: a da importância do tempo, como é precioso, e como deve ser despendido da melhor forma possível. A filosofia e método empregues tem sido consistente ao longo da evolução do grupo, começando pela escolha das melhores localizações para os seus hotéis, procurando maximizar a experiência humana, e proporcionando a cada hóspede os melhores momentos das suas vidas.

Entre 4 e 5 estrelas, todos os hotéis Pestana partilham os mesmos elevados padrões de qualidade, serviços de excelência, formando o seu Staff e muito insistindo na formação dos seus colaboradores. O reconhecimento do público e os resultados apresentados, revelam que estes argumentos são a melhor prova da excelência do Pestana Hotel Group.

«Não tinha qualquer consciência desta necessidade de confiar nas pessoas no início da minha carreira. Ganhar a confiança, e ter confiança nela, era uma necessidade para conseguir fazer as coisas.» (Pestana, 2018).

Para além da contínua aposta na segurança, na inovação e na qualidade dos serviços, que envolve todos os colaboradores, clientes e comunidades, o Pestana Hotel Group tem alcançado excelentes resultados no que se relaciona com as taxas de ocupação e, inclusivamente, aumentar o número de clientes e o de room-nights comercializadas todos os anos.

3.5. As marcas

3.5.1. Pestana Hotels & Resorts - Cosmopolitan Hotels & Paradise Resorts

Nesta submarca, insere-se o registo mais diversificado do grupo no que se relaciona com os destinos. Apresentam um portfólio com mais de trinta e cinco hotéis e Resorts em quatro continentes: Europa, África, América do Norte e América do Sul, desde cidades

Figura 27 - Logotipo da submarca, Pestana Hotels & Resorts. Fonte: Jornal I, 2020.

71 emblemáticas a destinos de férias para viajantes globais, negócios ou lazer, para estadias individuais ou familiares.

Esta submarca ainda inclui o setor Pestana Hotels & Resorts Premium que oferece uma seleção de 12 hotéis de luxo em Portugal e no estrangeiro, situados em locais privilegiados e cosmopolitas. Estes hotéis exclusivos distinguem-se pelas suas caraterísticas únicas e fornecem serviços prestados por equipas dedicadas e lideradas por supervisores seniores. No entanto, esta foi a primeira submarca a ser criada pelo grupo pois insere os primeiros hotéis construídos e adquiridos desde 1972 até aos dias de hoje.

3.5.2. Pestana Pousadas de Portugal Monument & Historic Hotels

As Pousadas de Portugal, nasceram em maio de 1941, por decisão de António Ferro um escritor, jornalista e político português deste período salazarista. O surgimento do primeiro estabelecimento hoteleiro da rede ocorreu em , no , e é datado em abril de 1942.

Figura 28 - Logotipo da submarca, Pestana Pousadas de Portugal. Fonte: Pestana Group, 2020.

Esta zona de Portugal é ainda atualmente a que concentra maior número de pousadas, devido à sua história, às paisagens e a todo o enquadramento que favorece este tipo de unidade hoteleira. Este conceito foi de tal forma um sucesso que, uma década mais tarde, o nome transforma- se em Pousadas Históricas, sempre situadas em edifícios e monumentos históricos, mosteiros, castelos, conventos e alguns abandonados ou em estado de deterioração, sendo então ideais para as recuperações e reestruturações que se realizaram.

72 No início do mês de agosto de 2003, devido a uma circunstância de acumulação de resultados líquidos negativos durante mais de dez anos, e com um elevado prejuízo só do ano anterior, o Governo Português resolveu privatizar em 49% o capital da ENATUR, bem como ceder a exploração das Pousadas de Portugal ao grupo que ganhasse esse acesso à privatização. Após concurso internacional, o Pestana Hotel Group destaca-se como vencedor com cerca de 59,8%, o Grupo CGD com um resultado de 25%, e a Fundação Oriente com 15% e as duas restantes empresas, Portimar e Abreu com 0,2%. (ENATUR, 2020).

Desta forma, em 1 de setembro desse mesmo ano, o Pestana Hotel Group tornou-se responsável pela exploração das Pousadas de Portugal por um período de vinte anos, assim como ficou responsável pela sua eventual expansão. No entanto, em 2015, o Grupo Pestana conseguiu ainda aumentar mais a sua participação nas Pousadas e comprou a parte correspondente ao Grupo CGD, cerca de 25%, passando assim a deter 85% do capital, pertencendo os restantes 15% à Fundação Oriente. (ENATUR, 2020).

Anos mais tarde, depois da inauguração da primeira Pousada de Portugal, a Madeira também acolheu ainda este ano um hotel, já pertencente à marca Pousadas de Portugal da submarca Pestana Hotel Group. Situado na baía de Câmara de Lobos, o hotel Pestana Churchill Bay, ao homenagear a estadia do antigo primeiro-ministro britânico, inclui através do próprio design de interiores, pinturas nos cinquenta e sete quartos, inspiradas na altura em que Winston Churchill esteva de férias na ilha. Câmara de Lobos é uma vila agrícola e piscatória situada a 8 km do Funchal e desde a abertura deste primeiro hotel do grupo, que se carateriza como uma zona cada vez mais atrativa e de interesse turístico.

Este hotel custou cerca de 4 milhões de euros ao Pestana Hotel Group e gerou cerca de quarenta novos postos de trabalho. Este foi um dos últimos projetos da submarca Pousadas de Portugal, embora o grupo ambicione expandi-la internacionalmente com a abertura de cinco estabelecimentos hoteleiros até 2023 (Coelho, 2019), aliados sempre à promoção e apoio ao património cultural português, procurando manter sempre as caraterísticas como o apelo aos sentidos de cada época, mas com os padrões de exigência, conforto e qualidade.

73 3.5.3. Pestana Collection Hotels

O Pestana Hotels Collection é a submarca de hotéis exclusivos de luxo do Pestana Hotel Group, cinco dos quais são membros ilustres da organização hoteleira, The Leading Hotels of the World, que é representada por mais de 380 dos melhores hotéis, Resorts e Spas do mundo, situados em mais de oitenta países no mundo e da empresa Preferred Hotels & Resorts que é também representada por mais de seiscentos e cinquenta hotéis, Resorts, grupos e residências em oitenta e cinco países.

Figura 29 - Logotipo da submarca, Pestana Collection Hotels. Fonte: Banco Best, 2020.

Estas unidades icónicas estão situadas em locais Premium com padrões de serviço e qualidade de destaque, personalizado e de alto nível. São referências em destinos turísticos, ou em cidades onde se situam, tanto em termos de sofisticação como de competitividade. Atualmente, já se encontram em Lisboa, Cascais, Porto e até Amesterdão e Madrid, e todas estas propriedades estão inseridas em luxuosos edifícios ou monumentos. Na totalidade, esta submarca agrupa sete unidades hoteleiras, localizando-se no Porto três, datando a última inauguração de 2018. As restantes, pertencentes às empresas The Leadings Hotels of The World e a Preferred Hotels & Resorts, têm os nomes, Pestana Palácio do Freixo Pousada & National Monument e o Pestana Vintage Porto Hotel & World Heritage Site, respetivamente. Em Lisboa, encontra-se o grande e mais reconhecido Pestana Palace Lisboa Hotel & National Monument, ratificado pela The Leading Hotels of The World e a cerca de 30km, o Pestana Cidadela Cascais Pousada & Art District, pela Preferred Hotels & Resorts.

Internacionalmente, a primeira aquisição foi na Holanda, em Amesterdão, e a transformação de dois edifícios do século XIX, do estilo neorrenascentista, resultou no hotel de luxo Pestana Amsterdam Riverside Hotel & National Monument. Inaugurado em

74 janeiro de 2018, e derivado de um investimento de 40 milhões de euros, este hotel, classificado com cinco estrelas, é membro da prestigiada empresa Preferred Hotels & Resorts Luxury Collection e conta com cento e cinquenta e quatro quartos, hotel que fora adquirido pelo grupo em 2014. Em 2019, foi comprada a segunda unidade hoteleira internacional pertencente a esta submarca de categoria de magnificência, o Pestana Plaza Mayor Madrid. Trata-se do segundo projeto do Pestana Hotel Group em Espanha e conta com 89 quartos e suites com um design contemporâneo e elegante, e com peças decorativas, inspiradas em pintores expressionistas e nas cores e padrões da Plaza Mayor. A sua localização traduz uma reinterpretação da história e da cultura, através da arquitetura dos edifícios, que enquadram o hotel, assim como o seu estilo marcado pela sensibilidade para com as tradições, criatividade e vida urbana presente na capital espanhola.

3.5.4. Pestana CR7 Lifestyle Hotels

Este marca resulta da união entre a experiência hoteleira, que o grupo oferece, e a imagem do estilo de vida do futebolista Cristiano Ronaldo (CR7), procurando direcionar-se para quem gosta de futebol, mesmo não aprecie o jogador, mas também para quem tem em consideração o desporto em geral ou simplesmente se identifica com um conceito moderno de vida que transmite energia, foco e determinação. Esta dinâmica é percetível ao longo de todo o espaço de cada uma das unidades hoteleiras desta marca. Esta convenção foi assinalada em dezembro de 2015, porém foi apenas em julho de 2016 que se inaugurou a primeira unidade desta submarca, no Funchal, na ilha da Madeira, local de origem do emblemático jogador e, logo de seguida, após um mês depois inaugura-se o CR7 na capital, em Lisboa. Esta Joint Venture possibilitou novamente ao grupo expandir os seus horizontes para outros territórios, nomeadamente os do desporto e os do próprio aproveitamento da simbologia associada a um jogador de sucesso, que certamente atrai grandes massas de faixas etárias muito diferenciadas, englobando neste conceito um marketing entre a

Figura 30 - Logotipo da submarca, Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Fonte: Pestana Group, 2020.

75 hotelaria e a sigla com o nome do jogador. Essas duas partes são beneficiadas de igual forma, mas é a entidade hoteleira que assume a responsabilidade pela totalidade da gestão operacional do negócio. O objetivo foi posicionar a área hoteleira do Pestana Hotel Group como trendsetters em cada cidade, concentrando-se sempre em conceitos temáticos situados em zonas urbanas que promovem preferências por um design conceptual e consegue traduzir a vontade de vencer, a paixão pela vitória, a obsessão pela competitividade, o trabalho em equipa e o fair play, de maneira a introduzir na hotelaria e à realidade empresarial, social e pessoal aquilo que se passa no mundo do desporto. Estiveram também previstas aberturas de hotéis pertencentes à marca em Madrid e em Nova Iorque para o ano seguinte. No entanto, por enquanto, só se mantêm ativas estas duas primeiras unidades abertas – Funchal e Lisboa -- até aos dias de hoje.

3.6. Valores da Marca

Alguns dos valores acima enunciados da marca Pestana, podem também mencionar-se preocupações pelo desenvolvimento sustentável, o respeito pelo ambiente é um dos princípios e uma das prioridades estratégicas do Pestana Hotel Group, que se materializa no programa Planet Guest. O grupo assume-se como agente responsável pela melhoria das comunidades, onde atua, com a assinatura: Somos apenas hóspedes do Planeta.

Nesta área ambiental, os seus compromissos passam pela preservação e valorização dos recursos naturais, através da redução de consumos, mas tem também passando pela inovação, com o desenvolvimento de produtos mais adaptados ao ambiente e ao mercado, como é o caso do Pestana Tróia Eco-Resort & Residences. O Pestana Hotel Group apresenta anualmente um Relatório de Sustentabilidade onde são apresentados os dados relativos ao programa de sustentabilidade.

76 Este programa Planet Guest, Pestana Sustainability Program, é um conceito agregador, que procura transmitir a posição do Pestana Hotel Group como uma organização e como um coletivo de pessoas que respeita e valoriza o ambiente, a sociedade, a ética corporativa e, para além da consciência que este programa pretende, proporcionar uma imagem positiva da marca.

Figura 31 - Logotipo do Programa Planet Guest do Pestana Group Hotel. Fonte: Pestana Group, 2020. O turismo tem vindo a alcançar importância significativa nos mercados onde o Pestana Hotel Group está presente e, no que diz respeito ao impacto ambiental, isso acaba por transformar este programa de sustentabilidade num protótipo, que orienta para aquilo que deve ser expectável de um grupo hoteleiro responsável e comprometido com o ambiente, procurando demonstrar como os seus consumos são de forma sustentável. Além desta responsabilidade e tomada de consciência, o Pestana Hotel Group tem procurado aliar- se à responsabilidade económica, com a criação de empregos e promovendo a economia local.

O Planet Guest, para além de colaborar com medidas ambientais, ainda inclui atividades de apoio a comunidades locais, promoção de educação e cultura, responsabilidade social interna, apoio ao empreendedorismo e recuperação e preservação do património.

77 Esta realização anual ocorre desde 2009, mas é só do ano 2018, que o Pestana Hotel Group realizou o seu 6º relatório de sustentabilidade, reformulando as áreas de atuação e adicionando os dois novos eixos de intervenção, a responsabilidade social interna e o apoio a projetos de empreendedorismo.

Figura 32 - Áreas de atuação estratégica do Programa Sustentabilidade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Hotel Group, 2018.

Segundo este gráfico, na primeira área de intervenção, o Pestana Hotel Group responsabiliza-se pelo bem-estar e pela qualidade de vida das comunidades locais onde estão situados alguns dos seus hotéis com o objetivo também de promover progresso e igualdade social. O programa inserido neste parâmetro é denominado de Obrigado Por Ajudar e é coparticipado pelos hóspedes em que o Pestana Hotel Group duplica todas as doações de 1€ e o apoio anual a várias instituições locais de solidariedade social tais como: Acreditar em Lisboa, Crescer Ser no Porto, Lar Bom Samaritano no Algarve, Criamar na ilha da Madeira (Associação de Solidariedade Social para o Desenvolvimento e Apoio a Crianças e Jovens) e ainda desde 2018 foi alargado para mais duas instituições, a Afacidase em Manteigas e Santa Casa da Misericórdia em Vila Franca do Campo, Açores. (Pestana Hotel Group, 2018)

Para além do auxílio a estas instituições, o Pestana Hotel Group também se agrega a programas de voluntariado como é exemplo o da Comunidade Vida e Paz, realizado em 2018, a recuperação da sede da Associação Os Francisquinhos em 2019, o Natal Solidário por parte dos hotéis da Madeira e da Serra da Estrela, a doação de brinquedos no dia da criança, doação de produtos inutilizados, corridas solidárias na celebração dos seiscentos anos da Madeira, entre muitos outros. (Pestana Hotel Group, 2018).

No campo da educação e cultura, a contribuição passa pela valorização da identidade cultural das regiões e na educação académica como um direito de todos os cidadãos. Neste sentido, surgem parcerias e eventos com entidades e oficiais portuguesas como, por

78 exemplo, Artforyou e Artmach. As contribuições nesta matéria também ocorrem com o Projeto Comunitário Tilizinwe Bazaruto, com a APPT21 (Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21) na integração de jovens proporcionando-lhes estágios profissionais. (Pestana Hotel Group, 2018)

Na questão da responsabilidade social interna, o Pestana Hotel Group apresenta um plano de apoio à família, recolhendo material escolar que visa também o reaproveitamento de livros para filhos dos seus colaboradores. A iniciativa do “Empregado do Mês/Trimestre”, pretende classificar e recompensar o trabalho dos seus colaboradores.

Quanto à recuperação e preservação do património, o grupo tem intenções de continuar a desempenhar o papel de reabilitação de edifícios históricos, favorecendo e contribuindo para a manutenção do património e da história das regiões. Alguns exemplos destas atividades são o hotel Pestana Plaza Mayor Madrid, construído após uma recuperação de dois edifícios históricos com mais de 400 anos, o hotel Pestana Amsterdam Riverside, edifício que pertenceu ao município de Nieuwer Amstel, a Pousada de Óbidos, o hotel Pestana Churchill Bay, entre outros.

Relativamente ao apreço que o Pestana Hotel Group demonstra pelo meio-ambiente, algumas medidas foram implementadas para uma redução da utilização de produtos com forte impacto ambiental, como por exemplo o uso de objetos de plástico, substituindo por objetos em papel reciclável, substituindo as esferográficas, que eram disponibilizadas aos hóspedes, por lápis, e também com oferta de uma caneca em inox personalizada a cada colaborador. Alguns movimentos adotados foram, o Dia da Árvore, plantando uma árvore com auxílio de alguns clientes, a Limpeza de Calhau, a Brigada Verde, a Dê Uma Tampa à Indiferença e também a medida Menos Água Mais Ambiente, que visa a redução do consumo de água na reposição dos lençóis de cama, toalhas entre muitos outros atos ligados a esta causa.

Por último, em 2018 o Pestana Hotel Group juntou-se a outras ações, não menos importantes, valorizando o empreendedorismo, que, por sua vez, se associa a outras movimentos, tais como o apoio a refugiados, revertendo cerca de 50.000€ para o BlueCrow Dynamic Fund, e também contribuiu para a realização de protocolos de estágios com a Casa dos Rapazes, e ainda estabeleceu parceria com a REFUJOBS, que

79 tem como principal propósito valorizar as habilitações profissionais de refugiados, considerando as oportunidades de emprego Pestana Hotel Group tem manifestado bastante preocupação nesta sua implicação social.

3.7. Breve análise de lobbies das diversas marcas hoteleiras

3.7.1. Lobby da marca Pestana Hotels & Resorts

O hotel Pestana Carlton Madeira, situado no topo de uma falésia, como já descrito anteriormente, foi o primeiro estabelecimento hoteleiro do Pestana Hotel Group. Como tal, as suas instalações, assim como o estilo decorativo e equipamento nele inserido necessitavam de forte remodelação, quando o Pestana Hotel Group adquiriu o estabelecimento. Em 2005, deu-se início a uma requalificação total do hotel, incluindo todas as áreas, desde o lobby, aos quartos, às áreas de serviço e à própria fachada.

Figura 33 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fonte: Sofia Fernandes, 2019.

Após estas obras, que duraram cerca de três anos, encontra-se o hotel praticamente com a mesma configuração, com o mesmo estilo e registo decorativo e espacial.

80 Figura 34 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

Deste modo, e tratando-se de um hotel dos anos 70, o seu lobby é caraterizado como um espaço amplo, com um estilo clássico e sofisticado, com base em tons neutros e quentes, desde a sua iluminação amarelada, às cores escolhidas para o equipamento, nos remates e revestimentos nas paredes e no pavimento. Por outro lado, o lobby deste hotel com o seu estilo requintado e aprimorado, mas, ao mesmo tempo, simples e cuidado, transporta, a quem lá entra uma sensação de conforto e bem-estar e vontade em usufruir de uma experiência compensadora para, por exemplo, oferecer um plano de um dia de passeio pela ilha com as vistas para o oceano pelas arribas e falésias diversas.

No entanto, este lobby já não corresponde totalmente ao que cada vez é mais procurado. Os pormenores sofisticados e de estilo clássico remontam a um espaço mais conservador, servindo de exemplo o grande candeeiro de cristal no centro do lobby, o balcão de receção de madeira escura e pedra, o jogo de espelhos entre as colunas, as poltronas de grande volume aveludadas, etc. Assim sendo, seu estilo não reflete na integridade, uma ilha com clima tropical e ambiente de praia, deveria deste modo, focalizar-se num estilo mais moderno com paletas de cores mais claras e sóbrias e remeter para um universo mais leve

81 e mais primaveril e fresco. A sensação que este lobby transmite é, todavia, de acolhimento e boa receção para uma estação mais fria e para uma época de outono, pois transmite segurança e conforto térmico pelo conjunto de cores e texturas escolhidas. Porém existe falta de coerência na linguagem usada e uma mistura de registos diferentes, acabando por causa um certo desconforto e confusão visual.

3.7.2. Lobby da marca Pestana Pousadas de Portugal

O primeiro estabelecimento hoteleiro pertencente à marca Pestana Pousadas de Portugal, aberto na ilha da Madeira, foi o Pestana Churchill Bay, e este trouxe à ilha o conceito já conhecido da marca, destinada a homenagear e a proporcionar experiências diferentes, criando uma união entre a história da ilha e o conforto que se pretende para uma estadia em um hotel.

A localização desta Pousada, também acaba por se alinhar com o conceito, situado em Câmara de Lobos, a vila madeirense com menos população estrangeira e, até há pouco tempo, das menos desenvolvidas da ilha, mantendo-se leal aos costumes e tradições antigas da região. Contudo o conceito deste estabelecimento deve-se à visita que o político britânico fez à ilha em 1950 em que deixou marcas importantes para o turismo da região, desde a realização de umas das suas pinturas à vista da baía como o próprio momento imortalizado pelo fotógrafo Raul Perestrelo, tornando-se esse local mais num miradouro com o seu nome.

Figura 35 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Lounge, bar e receção, respetivamente. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

82 O lobby do Pestana Churchill Bay, carateriza-se como um ambiente que relembra a personalidade e trata de forma inspiradora a marca que Winston Churchill47 deixou, desde pormenores como citações textuais conhecidas do político, à sua silhueta caraterística pelos corredores, como pelo estilo decorativo, que invoca à sua postura e caráter, pois Churchill era um homem conservador, mas visionário e esse aspeto é percetível na escolha de equipamento, na paleta de cores, nos padrões geométricos e nas texturas que ajudam a recuar no tempo.

Figura 36 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

Apesar de este lobby seguir o conceito do hotel e se encontrar com um registo mais conservador, e tradicional indo de encontro ao que caraterizava Winston Churchill, a sensação que dá é que se entra num espaço antigo e desatualizado, podendo estar associado à falta de manutenção e cuidado entregues a este mesmo lobby.

3.7.3. Lobby da marca Pestana Collection Hotels

O primeiro lobby da marca de luxo Pestana Collection Hotels é o do Pestana Palace em Lisboa, no Alto de Santo Amaro. Este edifício adquirido pelo grupo em 1992 e aberto quase cinco anos mais tarde foi classificado como Monumento Nacional desde 1997. É um hotel que se manifesta como categoria de luxo por diversas razões, quer seja pelos

47 Winston Churchill (1874-1965), foi político conservador e primeiro-ministro britânico. Churchill foi também artista, historiador, escritor e oficial do Exército Britânico, em 1953 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.

83 seus serviços o, como pelo seu enquadramento histórico, associado, como pelas suas instalações de requinte e extravagância.

O lobby deste hotel insere apenas a receção, pois quanto aos outros possíveis elementos constituintes, encontram-se no piso superior com o bar e o lounge. As caraterísticas mais relevantes são também muito próprias e devem-se à arquitetura do palácio. O elemento mais atrativo é provavelmente a escadaria em pedra lioz, ao criar um jogo de padrões com diversas cores, possíveis de se encontrar no pavimento e no revestimento de parede.

Figura 37 - Lobby do Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018.

Porém, a entrada deste hotel é atrativa pelas suas importantes particularidades tais como: os vitrais coloridos nos grandes janelões; os candeeiros clássicos e arrojados, refletindo iluminação amarelada e um ambiente quente e acolhedor; o bouquet de flores em cada extremidade do corrimão também em pedra, com a sua simetria e equilíbrio; o balcão da receção esculpido em madeira com o tampo em pedra; o banco em madeira escura também talhada e com uma forma única; o expositor tipo mupi, que projeta imagens que promovem e dão a conhecer o hotel, pois também este equipamento tem a sua definição referente a uma determinada época e ao estilo clássico. Todos estes pormenores demonstram influências maioritariamente francesas e italianas, uma vez que o responsável pela construção deste palácio, Marquês de Valle Flor, tinha tido acesso a influências internacionais.

84 O lobby deste hotel, acaba por não realçar as caraterísticas indispensáveis para um primeiro espaço de acolhimento, ainda que seja indispensável respeitar a época e os materiais nobres, é necessário transmitir a sensação de conforto e bem-estar.

Figura 38 - Lobby do hotel Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018

3.7.4. Lobby da marca Pestana CR7 Lifestyle Hotels

Este hotel foi o primeiro a pertencer à marca mais recente do grupo hoteleiro, inaugurado em 2016 na ilha da Madeira, com o nome de Pestana CR7 Funchal. Dedicado também a homenagear uma personalidade inspiradora para muitos adeptos do desporto, Cristiano Ronaldo, a quem se destina esta consagração, figura emblemática no mundo desportivo

Figura 39 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

85 – futebol--, é natural esperar sucesso nesta associação, sobretudo na ilha da Madeira, local de origem do jogador.

As palavras de ordem, e mensagens que se pretendem passar são as mesmas que o jogador emprega no seu quotidiano, como a determinação, a resistência, a persistência, a coragem, a disciplina, a ambição e agora, e cada vez mais, a capacidade empreendedora.

Figura 40 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.

O lobby deste hotel é, como a marca em si, uma novidade para o Pestana Hotel Group pelo seu registo visual e espacial utilizado. O design escolhido é moderno, desportivo e simples tal como o espírito do jogador, direcionado para um público-alvo mais jovem e com predisposição para cores e formas novas. O seu design é caraterístico de um estilo inspirado na Art Déco com formas geométricas e orgânicas, cores atrativas e jogo de texturas de materiais. Trata-se de um estilo muito heterogéneo, requintado, exótico e eclético e que, por fim, mistura as principais caraterísticas, entre tradição e inovação.

Ainda que o conceito destes lobbies se relacione e se distinga muito com uma linguagem excêntrica e exuberante, acaba por se torna num exagero de informação, dificultando o reconhecimento de um registo próprio, podendo criar algum cansaço visual e exaustivo.

Deste modo, em alguns casos, os lobbies das unidades hoteleiras do Pestana Hotel Group, não se adequam ao registo, conceito, localização e necessidades que deveriam constar acabando por não valorizar significativamente as suas qualidades. No entanto, prevalecem os projetos bem concebidos e enquadrados às necessidades e exigências, pois, na maioria das vezes, a importância procurada encontra-se num espaço como os lobbies desta cadeira hoteleira. As caraterísticas mais comuns são as sensações transmitidas por entrar num espaço acolhedor e convidativo, apropriado e envolvente, procurando criar expetativas através de sugestões feitas por plataformas online, ou por outras pessoas.

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3.8. Síntese

De um modo geral, o Pestana Hotel Group consegue, muitas vezes, adaptar-se às tendências, priorizando o bem-estar dos seus clientes, e mantendo consciência e empenho na gestão da empresa. Tem, por isso, obtido a realização dos seus lobbies, de acordo com as necessidades dos seus utilizadores e com as caraterísticas de cada um dos tipos de hotel, sustentando e aumentando as taxas de sucesso, ano após ano.

No entanto, e apesar do empenho, do Pestana Hotel Group, na sustentabilidade, nos serviços, no bem-estar dos hóspedes, e no desenvolvimento da economia local com a contratação de pessoas naturais do espaço onde se instalam, pode notar-se que a vontade e entusiamo expansionista é tal forma significativo que efetivamente menoriza o cuidado que poderíamos esperar quer na manutenção, quer na atualização dos estabelecimentos hoteleiros já existentes. Lobbies de unidades mais antigas não sofreram modificações e não se adaptaram, por conseguinte, a exigências mais contemporâneas.

Desta maneira, analisando esta recolha, permito-me selecionar um caso bastante significativo de um hotel em Cascais, o Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel, cuja disposição e caraterísticas do lobby não se adequam às exigências atuais de um hóspede que procura instalar-se perto da cidade de Lisboa ou da cosmopolita Cascais. A intenção do novo projeto é evidentemente manter o bem-estar dos hóspedes, mas propor-lhes uma nova dinâmica apelativa que os leve, não apenas a optar por esta unidade hoteleira, mas que se sintam atraídos a aí permanecer, quer para um repouso pontual, quer para um aperitivo ou digestivo, quer ainda para um diálogo que se poderá estabelecer entre amigos, familiares ou outros hóspedes que compartilham deste novo espaço mais acolhedor.

87 Parte II 1. Projeto para o Lobby do Hotel Pestana Cascais - Ocean Conference Aparthotel

1.1. Apresentação programática

O trabalho de projeto pretende a reabilitação e será aplicado ao Hotel Pestana Cascais. Esta proposta visa a criação de um novo espaço, dedicado ao bem-estar dos hóspedes. Uma vez compreendido no enquadramento teórico, anteriormente realizado, acabando por fundamentar e apoiar o projeto, este lobby inclui também uma zona de receção, que acolhe, em primeiro plano, os hóspedes e visitantes, uma zona de lazer, e uma de descontração e convívio no lounge, associadas também ao próprio bar, que oferece serviço de venda de bebidas e refeições ligeiras.

A análise crítica inicia-se com o detetar das principais problemáticas do espaço e com o que o circunda, apresentando, de seguida soluções alternativas e práticas para melhor funcionamento e visibilidade deste lobby. Tendo em consideração os fatores implicados num projeto de design, o desafio passa por responder às necessidades requeridas, respeitando naturalmente o registo e a linguagem visual, de acordo com o conceito predefinido pelo hotel em geral. Assim se apresentam novas intenções dando resposta aos problemas identificados.

Esta proposta deve expressar a identidade da marca Pestana e deve ainda contemplar, além dos revestimentos de pavimentos e paredes, soluções para o equipamento, iluminação, climatização e as especificidades regulamentares em termos de caraterísticas de resistência ao fogo e instalações especiais para o combate e prevenção de incêndio.

2. Contextualização do projeto

2.1. O espaço

2.1.1. Enquadramento Histórico

Ao longo das últimas duas décadas, o Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel sofreu diversas alterações em áreas como a arquitetura, engenharia e design, tendo apresentado ao longo deste tempo diferentes conceitos e imagens. O edifício

88 Atlantic Gardens foi construído entre 1989 e 1992, tendo sido da responsabilidade do grupo de construção civil a engenharia Soares da Costa48.

Segundo David John Sinclair, um dos arquitetos que já efetuou diferentes trabalhos de projeto para o Pestana Hotel Group, a obra passou depois para a responsabilidade da empresa Soconstroi, tendo sido o único trabalho realizado para o grupo hoteleiro49. O requerente do projeto foi a Guiatur50, e os arquitetos responsáveis, Castelo Branco e Peixoto, pertenciam à antiga empresa Compave - Projectos De Arquitectura E Engenharia, S.A. e que, na altura, geria todo o património do BPA - Banco Português do Atlântico, especialmente alguns ativos com desenvolvimento mais lento. O design de interiores de todo o projeto do Hotel foi da responsabilidade da empresa Hans Maden, atual Geplan Design.

A inauguração do hotel Pestana Atlantic Gardens Ocean & Conference Aparthotel, ocorreu em 1994. No entanto, ao fim de seis anos, surgiu a necessidade de intervir

Figura 41 - Registo antigo do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens. Fonte: Tripadvisor, 2020.

48 Informação proporcionada por mensagem eletrónica de 04.12.2019 pelo Arquiteto David John Sinclair, um dos colaboradores do Pestana Hotel Group. 49 A obra foi efetuada por Soconstroi - Sociedade de Construções SA. Esta empresa foi fundada a partir de A Santo em 1980/1981 (https://www.asantomediacao.pt/engb/) pela equipa técnica chefiada pelo Engº Godinho Lopes. A Soconstroi foi vendida a uma empresa francesa, Bouygues (https://www.bouygues.com/en/), e revendida depois à Somague SA ( https://www.sacyrinfraestructuras.com/en/somague) que, atualmente, faz parte de Sacyr (https://www.sacyrinfraestructuras.com/pt). Portanto, trata-se de uma empresa que ainda existe de certa maneira.

50 A Guiatur é uma empresa de empreendimentos turísticos, cujo capital maioritário pertence ao Pestana Hotel Group.

89 novamente nesta unidade hoteleira, devido a problemas de infiltrações, tendo assim sido reorganizada a estrutura arquitetónica, e a renovação do design do espaço.

Figura 42 - Registo da versão visual do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens em 2012. Fonte: Tripadvisor, 2020.

Assim, realizaram-se algumas alterações dando tendo sido concluídas as obras em 2003. As mudanças realizadas no lobby e na zona do buffet implicavam o aumento do espaço, para, pelo menos, cinquenta e oito novos lugares sentados na zona de refeições.

As últimas alterações, realizadas no hotel datam de 2017, e são da autoria do Atelier da Cristina Matos e do Dr. Miguel Metello, diretor geral do Pestana Hotel Group, e contou com o apoio de uma antiga arquiteta do grupo hoteleiro, Arquiteta Catarina Sequeira Silva. Estas alterações tiveram maior incidência nos quartos, já que no lobby se limitaram à modificação de algumas pinturas, ao forro de cadeiras e sofás com tecidos diferentes. O mobiliário não se alterou51.

51 Informação fornecida pelo um dos membros da equipa do Pestana Hotel Group, Engenheiro Diogo Tamen.

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Figura 43 - Esboços realizados em 2002, altura que forem efetuadas alternações devido a problemas de infiltrações.

2.1.2. Análise do espaço

O edifício está localizado a 35 km do Aeroporto de Lisboa, a 10 km do Estoril e a 19 km de Sintra, na Avenida Manuel Júlio Carvalho e Costa, em Cascais. A envolvente espaço circundante do edifício é reconhecido por ser uma zona serena, composta por edifícios e apartamentos de habitação e hotelaria: frente, encontra-se a pastelaria de renome Sacolinha52.

Cascais é, como se sabe, uma localidade com forte impacto turístico, situada a pouca distância de Lisboa, de Sintra, à beira do Atlântico, com um clima e enquadramento favoráveis ao lazer e à tranquilidade. O turismo de elite (casas reais, estadias aristocratas, por exemplo) sempre privilegiou esta região. Assim se entende que o próprio Pestana

52 A pastelaria Sacolinha, completou o seu 30º aniversário de existência em 2016. Sacolinha (2020). Consultado a 15.01.2020. Disponível em http://www.sacolinha.pt/

91 Hotel Group ofereça na mesma localidade o Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art District53.

O Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel, pelo contrário, procura alvejar um público menos exigente, mais jovem, mais dinâmico e, sobretudo, um público com estadias breves, como congressistas, empresários, que, normalmente, nunca exigem permanências prolongadas. Desta forma, um hotel desta natureza, deve proporcionar um espaço, por certo, acolhedor, mas não obrigatoriamente previsto para permanências demoradas, que se adequam mais a faixas etárias mais altas e mais abastadas.

É um hotel com a classificação de quatro estrelas, integrado na submarca Pestana Hotels & Resorts, dispõe de 142 quartos compostos por kitchenette, sete suítes, uma piscina exterior e um interior com banheira de hidromassagem, sauna e banho turco, além de um restaurante.

53 Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art District faz parte da submarca Pestana Collection Hotels ratificado pela The Leading Hotels of The World, que ocupam edifícios classificados como património nacional.

92 Levantamento fotográfico54

Zona da receção

54 As fotografias foram efetuadas pela autora; E todas as plantas aqui integradas foram facultadas gentilmente pela arquiteta Catarina Silva Sequeira. A inserção numérica é da responsabilidade da autora.

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Zona do bar

94 Zona do lounge

95 Análise SWOT

Forças e oportunidades:

- Localização junto à praia; - Hotel de tipologia aparthotel, o que possibilita autonomia e disponibilidade por parte dos hóspedes; - Vãos de grande dimensão junto à piscina interior, que oferece a cómoda ligação ao restaurante, permitindo entradas de luz natural.

Fraquezas e riscos:

- Layout pouco organizado na zona do lounge; - Espaço desatualizado e com falta de coerência na sua linguagem; - Hotel de tipologia aparthotel, implica que o hóspede é normalmente menos acompanhado, o que naturalmente em alguns casos pode surtir efeitos negativos; - A luz natural não incide suficientemente sobre o lobby e a zona do lounge. Mesmo durante o dia, é uma zona pouco iluminada.

Proposta de intenções

Após a análise do espaço e detetada a problemática, foi reunido um conjunto de soluções que pretendem dar resposta à necessidade de mudança. Foi importante perceber o impacto que o lobby pode vir a ter para quem o visita e compreender as prioridades que o Pestana Hotel Group concede a este tipo de projetos, conseguindo, deste modo, recolher e propor alguns propósitos favoráveis, tais como:

- Respeitar o conceito espacial – mar, praia e natureza circundante; - Remeter para temáticas da natureza (uso de materiais naturais e padrões alusivos); - Conceber uma ligação entre as obras efetuadas recentemente, respeitando o registo e o estilo atuais; - Criar uma ligação com o local envolvente e com a conotação dada a aparthotel; - Reorganizar e criar uma ligação entre as três diferentes zonas, incluídas no lobby (receção, bar e lounge)

96 - Criar equipamento e estruturas multifuncionais para a exposição de artigos para venda; - Criar mobiliário modular para o lounge; - Potenciar a iluminação zenital; - Corrigir elementos de incoerência no conjunto dos registos estilísticos presentes; - Prever divisórias entre a zona de buffet/restaurante e o lobby, de modo a diferenciar funcionalidades e privacidade, não impedindo a penetração da luz natural;

Moodboard

97 Proposta para o espaço

Esta proposta visa apresentar uma solução que crie uma nova dinâmica no espaço, de acordo com um conjunto de orientações necessário, que deverá corresponder aos requisitos necessários para um lobby de hotel desta tipologia. Pretende-se implementar um conceito que se caraterize como minimalista, simples e organizado, que transmita conforto e bem-estar, convidando os hóspedes a desejar usufruir do espaço e recordá-lo como uma boa experiência, de modo a que se torne, também por isso, um lobby intemporal. Mas, ao mesmo tempo, poder propor uma aliança entre as tendências e as necessidades. Assim, este espaço deve procurar ser interpretado como funcional e concetual.

Esta solução, tendo em conta, a informação estudada no Capítulo 2, insere no espaço dedicado ao lobby as três zonas constitutivas, a receção, o bar e o lounge. Todas estas áreas foram projetadas em concordância com os sentidos funcional, coerente e formal, pois, ao longo de todo o desenvolvimento do projeto, a preocupação foi a de renovar a imagem e adaptá-la às tendências, atualizando a função de acordo com a contemporaneidade, mas também não perdendo de vista o mercado-alvo deste estabelecimento hoteleiro. Desta forma o resultado que se expõe, proporciona uma experiência memorável, que pode ser marcada pelo impacto positivo, de modo a que o hóspede seja incentivado à repetição da estadia, ou à revisita, podendo até – ambição de qualquer grupo hoteleiro – também recomendar a outros visitantes.

São vários os fatores contributivos para a organização espacial de um lobby de hotel, a dimensão, a categoria, a duração das estadias no estabelecimento, a classificação do hotel, etc. Uma das maiores e mais frequentes dificuldades no momento de entrada num espaço, como o lobby, é o reconhecimento da zona de receção. Por isso é tão importante a organização espacial focalizar-se em diversos aspetos constitutivos deste espaço primordial. Portanto, e relembrando que o lobby é a zona de maior fluxo de um hotel, é indispensável dedicar determinado espaço para minimizar a aglomeração de pessoas e bagagens, assim como instituir zonas de circulação com extensão suficiente para o fluxo distinto entre funcionário(s), hóspede(s) e visitante(s).

A iluminação de um espaço multifuncional como o lobby, deverá ser projetada para os diferentes ambientes nele inseridos. As diversidades luminosas, hoje, devem assegurar

98 comodidade e segurança, aproveitando áreas com maior incidência de luz natural, pois o melhor uso de diversos tipos de iluminação deve cooperar no resultado de um lobby mais dinâmico, mas sobretudo, muito mais funcional. Os principais tipos de iluminação optados para esta proposição distinguem-se do espaço atual, no sentido de idealizar um ambiente mais convidativo, tirando proveito da incidência de luz natural, presente através das grandes janelas junto ao buffet, com a instalação de painéis de madeira maciça, faia, com 4x9cm de espessura, e dando uso à única janela inserida no lobby, junto do lounge, colocando também um espelho ao lado para melhor reflexo e repercussão da luz natural. Quanto à luz artificial, as tipologias podem variar entre iluminação direcionada e iluminação difusa. Para a iluminação direcionada é colocada uma luminária de teto de alumínio, com 7 centímetros de diâmetro.

Devido ao grande fluxo de circulação, existente no espaço como o lobby, o pavimento deve estar preparado para este tráfego intenso, assim como considerar outros aspetos como a durabilidade dos materiais, a segurança, o conforto térmico e acústico, a facilidade na limpeza e na manutenção. A proposta, aqui recomendada para o pavimento, apesar de manter a alcatifa, como solução existente atualmente, inscreve, no entanto, caraterísticas melhoradas como homogeneidade cromática, para combater a falta de coerência e continuidade da linguagem visual, entre o equipamento instalado e o solo.

Este pavimento deverá ajudar a refletir no conceito pretendido, através da opção pelo uso em toda a área abrangente do lobby, incluindo a receção, o bar e o lounge, pois a intenção é também a de interpretar a integralidade do espaço como um todo, não invalidando a subdivisão destas áreas, que podem ser diferenciadas de acordo com as suas diversas funcionalidades. A opção em manter o pavimento coberto por alcatifa, deve-se principalmente pelos atributos que permitem isolamento acústico e térmico, e também eficácia que evita a suspensão de partículas de poeira. Assim, a colocação da alcatifa deverá será executada em módulos pelas vantagens que antecipam uma possível substituição. Além disso, este sistema modular facilita a alteração entre várias cores, sendo possível criar padrões policromáticos com alcatifas modulares. A escolha da cor beige reflete o caráter minimalista, projetado para todo o espaço.

Para o revestimento das paredes e tetos, será utilizada a aplicação de tinta de água branca, que ao conter vinil lhe dá durabilidade, com um acabamento mate, proporcionando um

99 aspeto suave e aveludado às paredes. Excecionalmente, na zona do lounge, junto à janela, serão colocadas, do chão ao teto, umas calhas/placas de gesso, como perfis comuns com espessura de 48 milímetros, e revestidas pela mesma tinta.

Desta forma, conseguir-se-á entender este novo espaço, tal como foi concebido na componente teórica, com a distinção das três zonas principais com ambientes e objetivos distintos:

100 No seguimento da estrutura tripartida, representada pelas três áreas diferenciadas, é bem conhecido que o primeiro contacto do visitante neste espaço é com a receção. Esta zona irá manter a sua organização espacial, à exceção do teto falso, atualmente existente, que será retirado, e das substituições dos dando lugar a equipamentos funcionais, o balcão e o móvel dedicado aos cartões magnéticos. A nova proposta para a receção será então constituída pelo balcão da receção e por um sistema fixo que possa permitir a arrumação dos cartões de cada um dos quartos do hotel, sustentando deste modo a privacidade dos hóspedes. A iluminação eleita é direcionada e as luminárias escolhidas têm 1 metro de comprimento do cabo e 20 centímetros de diâmetro.

Para um hotel residencial ou que atenda na maioria das vezes a executivos, com permanência média de três dias, e que não receba excursões de massa, a configuração da recepção será outra. O hotel não necessita de uma recepção tão grande, porém tem de ser prática e eficiente. (Cândido & Viera, 2003, p. 81).

Figura 44 - Render da zona da receção, sob o ponto de vista da porta de entrada do hotel.

101

Figura 46 - Render a partir da zona da receção.

Figura 45 - Renders da zona de receção, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

102 Ao lado direito da receção, de quem entra, encontra-se o bar e este, assim como as restantes zonas, são visíveis desde a porta de entrada do lobby. O bar disponibiliza o consumo de bebidas, entre aperitivos, cocktails, vinhos, etc., sabendo que o convívio partilhado de um bar pode ser um dos trunfos do hotel. Relativamente ao espaço atual, contrariamente à receção, manter-se-á o teto rebaixado, por desempenhar um papel importante para a criação de uma sensação de maior privacidade e acolhimento, permitindo, por isso, que o espaço se caraterize como mais intimista e confortável.

Figura 47 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista da passagem entre o lobby e o restaurante.

As substituições correspondem ao balcão do bar, às cadeiras e à estrutura de apoio e exposição de garrafas, copos e outros objetos requeridos para a caraterização deste espaço convivial, sendo por isso, retiradas as atuais estantes. Como alternativa, será construída uma parede falsa de gesso cartonado, estruturada por guias (perfis de aço em forma de U), fixadas no teto e no chão, nas quais serão encaixados montantes de metal, formando a estrutura da parede. Esta mesma parede, também será recolhida de 17 em 17 centímetros entre si, e a 80 cm do chão, para que se obtenha a criação de uma ilusão de prateleiras embutidas, com o objetivo de colocar e expor objetos de apoio ao serviço do bar. A iluminação será suave e uniforme. No entanto, junto ao teto rebaixado, a iluminação será

103 direcionada, com luminárias encastradas com 7 centímetros de diâmetro, possibilitando uma boa perceção das formas, das estruturas e das texturas materiais.

Figura 49 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

Figura 48 - Render da zona de circulação entre o bar e lounge.

104 A zona do lounge, é considerada como a de maior multifuncionalidade, comparativamente às que descrevemos anteriormente, receção e bar. conseguindo agrupar todos os ambientes em um único. Começando por inserir uma área de apoio, que acompanha o serviço de bar disponibiliza, ao mesmo tempo, a colocação de mesas e cadeiras para o consumo de bebidas e/ou aperitivos, possibilitando maior privacidade do que aquela que se pode encontrar apenas num balcão do bar. Esta zona é também composta por outros dois ambientes distintos e com funcionalidades dissemelhantes. Uma zona de descontração, de tranquilidade com a disposição de sofás modulares, com volumes diferentes, admitindo diversas disposições e interpretações. E, por se tratar de uma zona, dedicada ao uso de aparelhos eletrónicos (como por exemplo, computadores, tablets, telefones, etc), e sabendo que grande parte dos hóspedes deste hotel são congressistas e jovens que estudam e/ou trabalham, este espaço deverá permitir não apenas tomadas, simples e duplas, como entradas USB e oferecer um bom acesso à internet

Figura 50 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de descontração.

105

Figura 51 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista do corredor de circulação.

Figura 52 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de trabalho.

106 Figura 53 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona do bar.

Figura 54 - Render do lobby visto da porta de entrada.

107 2.2. Equipamento

O equipamento no espaço necessita prestar utilidade de cumprir os princípios da ergonomia com o objetivo de oferecer conforto, descontração e bem-estar aos seus utilizadores, por isso têm tanta importância as dimensões do equipamento, a disposição e os materiais que o envolvem. 2.2.1. Equipamento - Zona de receção

Para a zona de receção foi projetado um balcão com duas alturas desiguais evidenciando funcionalidades distintas. A altura com maior dimensão é apresentada com uma estrutura de contraplacado de faia com 30 milímetros de espessura, em forma “L”, que viabiliza um melhor contato e troca de objetos entre o hóspede e o funcionário, não só no lado frontal, para quem entra no lobby, como no lateral para a entrega dos cartões para cada quarto do hotel. A zona, onde o funcionário poderá trabalhar, e guardar documentação e/ou objetos, terá uma altura de 85 centímetros a partir do solo, e a 25 centímetros abaixo da estrutura do contraplacado de madeira. É produzida com placas de mármore com 30 milímetros de espessura e apoiada na estrutura do contraplacado de madeira, e em um móvel também produzido em contraplacado, com gavetas e prateleiras nas mesmas espessuras. Este móvel terá 1,30 metros de comprimento e 75 centímetros de profundidade, e está fixado ao chão. No entanto, tanto as gavetas, como as prateleiras, apenas medem 45 centímetros de profundidade.

Figura 55 – Render do balcão da receção, vista de frente.

108 Figura 56 - Render do balcão da receção, vista de trás.

Ainda na zona de receção, é instalado um sistema que permite maior segurança e privacidade para os hóspedes do estabelecimento, por impossibilitar a visibilidade do cartão magnético na receção, indicando a presença do hóspede no quarto. Este sistema consiste em uma estrutura de madeira maciça, faia, fixada na parede por um suporte de apoio e um eixo de aço com acabamento mate, com a funcionalidade de inserir, a partir de uma ranhura, os cartões magnéticos que dão acesso à entrada para os quartos do hotel.

Figura 57 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos.

109

O procedimento é intuitivo e manual, pois existe uma margem de 2 centímetros que permitirá puxar a placa de madeira, recortada para a introdução do cartão. A travagem da rotação sobre o eixo de aço é feita na coligação desta placa contra uma ripa de madeira, também fixada à parede, sobre suportes metálicos. Este último – o eixo de aço -- está colocado com distância suficiente da parede determinando que a sua forma fechada fique inclinada, impedindo a rotação.

Figura 58 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos, vista aproximada.

Figura 60 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos.

Figura 59 - Render da peça do sistema de arrumação

110 2.2.2. Equipamento - Zona do bar

O bar insere no seu espaço dois equipamentos indispensáveis, o balcão e as cadeiras que o acompanham. O balcão do bar utiliza os mesmos materiais de produção que o balcão da receção. Este é constituído por cinco placas de mármore com 30 milímetros de espessura; os tampos do balcão e as laterais, unidas por ângulos de 45 graus, que se apoiam na estrutura de contraplacado de madeira de faia com 30 milímetros de espessura, que será, por sua vez, fixada ao solo. Esta estrutura de contraplacado de faia, dá forma e lugar à colocação de gavetas, prateleiras e compartimentos para a colocação de garrafas, copos, etc, assim como toda a arrumação da estrutura terá a finalidade de dispensar apoio ao serviço de bar.

Figura 61 - Render do balcão do bar, vista de frente.

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Figura 62 - Render do balcão do bar, vista de trás.

A cadeira do bar é constituída por quatro pés de barra de aço, quinada, contendo um eixo com maior diâmetro na parte superior, onde é suportada a estrutura do assento e do encosto. Essa estrutura é composta por duas placas de MDF hidrófobo de 16mm de espessura e é fixada aos pés através de um suporte soldado e perfurado para a introdução de parafusos. A união entre as duas placas é feita através de um esquadro de aço com um ângulo de 90 graus com dimensões de 80x80 milímetros e com dois milímetros de espessura. Para o revestimento, serão usadas duas placas de espuma de poliuretano com duas densidades e duas espessuras diferentes respetivamente. A placa de espuma interior tem 10 milímetros de espessura e densidade 30, e a placa exterior tem 20 milímetros de espessura e densidade 23. Por fim, estas placas são revestidas com um tecido retardante de fogo de algodão para estofo, resistente a chamas e líquidos, com a cor beige, mantendo o mesmo registo e linguagem formal, tornando o espaço mais uniforme.

112 Figura 63 - Render da cadeira do bar.

2.2.3. Equipamento – Zona do lounge

O equipamento projetado para o lounge foi planificado, consoante as funcionalidades e necessidades adjacentes que cada zona, deste mesmo espaço, dispõe. O lounge pode ser interpretado em três área distintas, (1) uma zona de apoio ao serviço de bar; (2) uma zona de descontração e (3) uma zona de trabalho.

A zona de apoio ao serviço de bar, localiza-se do lado oposto a este, atravessando a zona de circulação que estabelece a ligação entre o lobby e o restaurante/buffet, e apresenta mesas e cadeiras idênticas às do bar. Esta área pretende oferecer maior privacidade e intimidade aos hóspedes ou visitantes, para o consumo de bebidas, ou aperitivos. As mesas são formadas pelo tampo, com cerca de 70 centímetros de cada lado, e o material utilizado é Corian55, e a sua cor tem o nome de Antarctica, e tem uma mistura entre o tom beige, com pequenas pedras brancas. Esta placa tem 30 milímetros de espessura, que é cortada nas arestas da face inferior. A fixação desta placa com a perna é feita através de um suporte soldado em aço quinado, com acabamento mate.

55 DuPont™ é a única empresa americana que fabrica Corian®. Este é um material sólido, homogéneo e não poroso que consiste na junção de resina acrílica e trihidrato de alumínio.

113 Também no lado inferior da perna é colocado um suporte soldado em aço, com cerca de 10 milímetros de espessura, para uma melhor estabilidade da mesa.

Figura 64 - Renders da mesa da zona de apoio ao serviço de bar

A zona de descontração é constituída por seis sofás modulares diferentes, porém são todos construídos com o mesmos método e estrutura, alternando apenas as medidas. O sofá de menor dimensão tem também a função de apoio para a colocação de objetos (exemplo: objetos pessoais, bolsas, carteiras, pastas, etc.) e é estruturado por uma placa de MDF hidrófobo com 16 milímetros de espessura e assente em adesivos de feltro com 2 milímetros de espessura. O seu revestimento é feito com duas placas de espuma de poliuretano com 40 milímetros de espessura, sendo que a placa interior é de densidade 30 e a exterior de densidade 23.

Figura 65 - Render do sofá/banco da zona de descontração do lounge.

114 Por fim, é cosido um tecido retardante de fogo de algodão para estofo, com a cor beige. A altura deste sofá é de 51 centímetros e a largura de 60 centímetros é equivalente para todos os seus lados. Todos os restantes sofás modulares têm a mesma conceção, distinguindo-se apenas nas suas dimensões. O segundo sofá, com menor dimensão, tem capacidade para duas a três pessoas, ou apenas uma se pretender maior descanso, para entender as pernas por exemplo. Este sofá tem 70 centímetros de largura, e 1,04 metros de comprimento. A sua altura é de 43 centímetros, contando com os pés de faia maciça com acabamento nitrocelulósico, que por sua vez são aparafusados à placa de MDF hidrófobo, com 18 milímetros de espessura, através de um suporte perfurado.

Figura 66 - Renders do segundo sofá mais pequeno da zona de descontração do lounge.

No sofá mais comprido, são usados os mesmos métodos de fabrico que o anterior, e as suas dimensões são de 2 metros de comprimento e 70 centímetros de largura e a altura é igualmente de 43 centímetros. Num dos seus lados é colocado velcro até pouco mais de metade do comprimento, com 1,10 metros. Este velcro fica em contacto com o sofá alto

Figura 67 - Render do sofá mais comprido, com fixação do sofá alto através do velcro.

115 que serve encosto para todos os que desempenham o papel de assento, desta forma, é possível fixar e manter a ligação entre cada unidade. No entanto é colocado só em 6 unidades de 7 sofás deste tipo. O sofá alto que serve de encosto é fabricado com o mesmo método, à exceção da variação da espessura da placa de espume de poliuretano, que neste caso, tem apenas 20 milímetros.

Figura 68 - Render do sofá comprido, que serve de encosto e é fixado ao sofá comprimido baixo, através do velcro. A zona do lounge é ainda constituída por uma área dedicada ao trabalho e a utilização de computadores, tablets, ou qualquer outro aparelho eletrónico, ou para qualquer tipo de leitura. Esta localiza-se no extremo oposto da receção, junto à única janela do lobby, o que oferece particular visibilidade, não só para quem ali trabalha, mas também para a área circundante. Esta zona consiste num balcão corrido, com cerca de 6,82 metros de comprimento e o tampo terá 56 centímetros de largura. Este balcão é fixo ao chão e na face junto à parede, e tem 90 centímetros de altura. Por consequência, o lado oposto, com cerca de 20 centímetros, não assenta no solo para proporcionar a aproximação das pernas. A constituição deste balcão é de contraplacado de faia, com 40 milímetros de espessura, encontrados no corte com ângulo de 45º graus e é através de uns perfis, também em contraplacado, espaçados por cada 94 centímetros. O tampo deste balcão insere ainda uns espaçamentos, cortados em máquina de corte a laser (CNC), com o fim de dar passagem a cabos de carregamentos dos aparelhos eletrônicos.

116 Figura 69 - Render do balcão situado na zona de trabalho do lounge.

Figura 70 - Render do balcão da zona de trabalho do lounge.

Por último, esta zona de trabalho insere no seu ambiente os bancos para os utilizadores deste espaço se sentarem para uso dos aparelhos eletrônicos. Estes bancos usam modos de construção semelhantes aos das cadeiras e dos sofás modulares, sendo constituídos pelo seu tampo em placa de MDF hidrófobo com 16 milímetros de espessura e para a revestir, e duas placas de espuma de poliuretano, em que a interior tem 10 milímetros de espessura e 30 de densidade, e exterior também com 10 milímetros de espessura, tem 23 de densidade, que permite disfrutar de maior conforto. O revestimento do assento é feito com o mesmo material usado nos outros equipamentos, o tecido retardante de fogo de algodão para estofo, com a cor beige. As pernas do banco

117 são de aço quinado com acabamento mate, a sua forma é em cone, pois o diâmetro em contato com o solo é de 20 milímetros e o diâmetro na extremidade superior, cujas arestas são soldadas ao suporte perfurado, tem cerca de 36 milímetros. Este suporte de aço é, por sua vez, encastrado na placa de MDF hidrófobo.

Figura 71 - Renders do banco da zona de trabalho do lounge.

118

Desenhos técnicos

119 A C

B D

3. Síntese

Ao longo da elaboração deste projeto é possível reter, nas suas linhas gerais, que os conceitos de design de lobbies de hotel, se encontram em constante mudança. Os diversos fatores de influência partem de conceções globais para mais particularizadas, podendo ser eleita como base a cultura do país, ou da região, ou da própria área geográfica onde se localiza o estabelecimento hoteleiro. Os hábitos e as rotinas das pessoas destes lugares, assim como as tendências e necessidades existentes nesses espaços podem inspirar a configuração de um lobby.

É de realçar a importância que um conjunto de elementos tem na conceção de um projeto de design de interiores e, particularmente, no espaço do lobby, pela primeira impressão que faculta a quem o observa. Alguns desses elementos podem corresponder à organização e à disposição do layout por zonas (neste caso concreto, receção, bar e lounge), que, por consequência, poderem alterar as funcionalidades do espaço.

As opções propostas, no que diz respeito à iluminação, têm similarmente forte efeito, pois irão propiciar um ambiente mais acolhedor, mais íntimo, e, por consequência, mais confortável, atraindo e convidando o visitante a maior atividade e uso do espaço.

A coerência da linguagem formal, principalmente através da paleta cromática selecionada, do equipamento projetado, e das correspondências estabelecidas, desempenha um papel fundamental para o cumprimento do objetivo exigidos por todos os espaços desta tipologia. Em uma palavra, atrair e surpreender ao máximo hóspedes e visitantes.

Desta forma, este projeto procurou expor soluções que pudessem corresponder a todos os parâmetros, acima assinalados, sublinhando a importância da manutenção, atualizando- se e adaptando-se às necessidades e organização espacial.

120 Considerações finais

A vocação da autora nesta área do design tem vindo a desenvolver, cada vez mais, um particular interesse pelo design de interiores, sobretudo no âmbito da hotelaria. Como consequência a este interesse, elaborou-se uma proposta, que teve como objetivo propor um novo plano em parceria entre a Faculdade de Belas-Artes e o Pestana Hotel Group, para as “Cocheiras” do Hotel Pestana Palace, realizada em 2018. Este trabalho, apresentado e discutido no âmbito da disciplina de Design Urbano e Interiores II, aumentou a curiosidade da autora e o interesse por uma exploração, bem como por uma pesquisa mais aprofundada sobre este tema – as implicações do design em ambientes hoteleiros –.

Após um primeiro contato com a arquiteta Catarina Sequeira Silva, que na altura tinha responsabilidades no Pestana Group Hotel, este trabalho de projeto, surgiu em contexto de diálogo inicial sobre a possibilidade de renovar um espaço, que necessitaria de uma intervenção, quer mais atualizada, quer mais adaptada às mínimas exigências que um lobby de hotel daquela tipologia requer.

Para tal desenvolvimento, foi assim necessário definir e pesquisar algumas bases para a investigação, aprofundando os conhecimentos sobre a área do lobby. Sobre a sua importância no contexto do hotel, em concordância com o seu enquadramento histórico, desde a origem do conceito até à contemporaneidade.

O crescimento da hotelaria foi, por certo, o principal fio condutor para a expansão do lobby, principalmente no século XVIII, com o aumento e frequência das viagens. Porém, o auge do design do lobby, ocorre, naturalmente no século XX, com o surgimento do bar e de espaços de lazer nesta área, de acordo com as diversificadas tipologias hoteleiras.

Deste modo, foi efetuada uma análise dos fatores mais preponderantes pela valorização do lobby, e a importância do impacto transmitido aos hóspedes e visitantes, tendo em consideração as suas configurações, tais como: a dimensão do hotel, a sua tipologia, o seu mercado-alvo, a sua localização, etc.

121 Assumiu-se o lobby como um espaço claramente determinante e influenciador na estrutura hoteleira, através da expetativa criada com as restantes instalações do hotel. Podemos assim afirmar que quem vê o lobby, verá todo o hotel. É a imagem e o “rosto do hotel”, podendo, portanto, ser considerado mais do que uma fronteira, um vínculo de ligação para as áreas envolventes, confirmando-se deste modo que o lobby é a zona de maior fluxo de circulação e visibilidade de um estabelecimento hoteleiro

Para além deste aspeto, é fácil concluir que os lobbies são interpretados como um espaço próprio e até autónomo – visitar apenas o lobby sem qualquer permanência no hotel – O bom lobby pela sua linguagem formal, pela sua inovação, pela sua audácia, conquistará visitantes. Indiscutivelmente, esta experiência da visita efémera ao hotel -- apenas ao lobby – implicará, por certo uma tal curiosidade que o visitante poderá no futuro se tornar hóspede. O bom lobby terá de ter a importância de colocar ao visitante uma pergunta: Se este espaço tem estas magníficas caraterísticas, como não serão os quartos deste hotel?

Para uma investigação mais completa e consistente, de modo a compor o suporte para a proposta de um novo espaço, foram estudados e inquiridos os principais parâmetros do grupo hoteleiro em análise – Pestana Hotel Group –. Após a realização do enquadramento evolutivo desta empresa, fundada na ilha da Madeira, e ao examinar as variadas fases de estabilidade e instabilidade, foi entendido que, ao longo dos anos, o seu principal objetivo tem sido quase sempre o da expansão. Esta expansão tem sido efetuada através de diferentes tipologias de negócio, de comércio, de rentabilidade, não apenas no âmbito da hotelaria, como em outros domínios que, de algum modo, podem a ela estar associadas, como o timesharing, o imobiliário turístico, o golfe, os casinos, a aviação, indústria do lazer, etc. Talvez seja por estes motivos que não tem havido – ou não tem sido constatado – o cuidado, o investimento na manutenção, na atualização e na adaptação de alguns dos seus estabelecimentos mais antigos. Assim se compreende que a (re)atualização de algumas unidades hoteleiras que, há muito tempo, fazem parte do grupo, não têm sido restauradas, nem renovadas.

A caraterização feita a empresa, esclareceu que os seus valores e preocupações com a sustentabilidade e desigualdades sociais, tem, de algum modo, estado presente nos ideais do Grupo. No entanto, como a principal ambição tem sido o crescimento, nota-se que, embora essas preocupações sejam percetíveis, a qualidade das instalações e dos serviços

122 oferecidos, pode nem sempre corresponder ao que se esperaria das unidades hoteleiras com estes perfis.

Foram observados e analisados presencialmente quatro lobbies de cada uma das submarcas desta cadeia hoteleira e, ainda que não assumam um registo e uma linguagem formal própria e identificadora da marca, confirmam-se que os conceitos de cada estabelecimento se distinguem de acordo com o público e com o ideal que pretendem transmitir. Contudo, a ideia de que a imagem apresentada através do lobby poderia identificar a marca não se verifica, nem para hóspedes, nem para visitantes de cada um dos estabelecimentos. Tem havido mais a preocupação de adaptar o lobby ao espaço e ao perfil do hotel do que procurar identificá-lo com as diferentes tipologias da marca.

Decorrentes desta constatação, surgiu a possibilidade de projetar um novo espaço para um dos lobbies do Pestana Hotel Group, localizado em Cascais (Portugal). Após o estudo dos espaços circundantes, reuniu-se o material necessário para a concretização e fundamentação, propondo a remodelação de um espaço adaptado ao local, ao mercado- alvo, e às necessidades, caraterizando-se, sobretudo como um lugar de convívio, funcional e convidativo.

Por fim, a articulação entre as componentes teóricas e práticas, pretendeu conceber um conjunto de materiais, de eventual referência, para a conceção de projetos futuros, dedicados particularmente ao lobby, em âmbito hoteleiro em geral, colocando a questão: – que força tem um lobby para um hotel? – E como é que um grande grupo – Pestana Hotel Group – entende o(s) seu(s) lobbies. Um projeto particularizado para cada um dos seus hotéis e tipologia? Ou um ingresso, de tal modo, identificador que um visitante ou um hóspede, ao entrar em um dos hotéis do grupo, reconheceria de imediato a marca Pestana.

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129

Anexos

130

18

F

16 17

D 15 C

B

1 2 3 4 5 6 7 8 13 14 A

12

F 18

E

D

C

B

12 13 14 15 16 17 A

11

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

REQUERENTE: GUIATUR ATLANTIC GARDENS

LOCAL: GUIA - CASCAIS HOTEL PESTANA CASCAIS - BLOCO C estudos e projectos, lda. R. Dr. Manuel da Cruz Junior, nº 28 A PROJECTO DE REDE DE ÁGUAS DESENHO Nº. 2870-121 Montijo Telefone: 210840824 Movel: 913599165 PLANTA DO PISO 1 Fax: 210846482 Email: [email protected] TELAS FINAIS

TÉCNICO C/ CÉDULA PROC.: DATA: ESCALA: PROFISSIONAL O.E. Nº 25669 12/xx JUL. 2012 1:100

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