CRISTIAN SEGURA E a POÉTICA DO COEFICIENTE ROSÂNGELA CHEREM SANDRA MAKOWIECKY Organizadoras
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CRISTIAN SEGURA E A POÉTICA DO COEFICIENTE ROSÂNGELA CHEREM SANDRA MAKOWIECKY organizadoras CRISTIAN SEGURA E A POÉTICA DO COEFICIENTE Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UDESC C933 Cristian Segura e a poética do coeficiente / organizadoras Rosângela Cherem, Sandra Makowiecky – Florianópolis : Udesc, 2012. 228 p. : il. ; 21 cm Inclui bibliografias ISBN: 978-85-61136-82-6 1. Segura, Cristian. 1.Arte contemporânea. 3.Obra e espaço. 4.Objetos de arte. I. Cherem, Rosângela. II. Makowiecky, Sandra. II. Título CDD:709.04 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Florianópolis, 2012 ROSÂNGELA CHEREM UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC SANDRA MAKOWIECKY Reitor Prof. Dr. Antonio Heronaldo de Sousa organizadoras CENTRO DE ARTES – CEART PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS – PPGAV Coordenadora: Profa. Dra. Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva Este trabalho recebeu apoio financeiro da UDESC (recursos PAP), Capes e Cnpq. Organizadoras Profa. Dra. Rosângela Cherem Profa. Dra. Sandra Makowiecky Edição das imagens: Cristian Segura © das fotografías: Adriana Groisman, Alan Jasso, Angelo Luz, Claiton Biaggi, Cristian Segura, CRISTIAN SEGURA E A POÉTICA DO COEFICIENTE Daniel Trama, Gery Reguant, Guillermo Cisneros, Jorge Miño, Leo Eloy, Lucia Bartolini, Martín Bonadeo, Pedro Pegenaute e Rafael Vargas. (Todos os esforços foram feitos para se identificar e reconhecer os autores das fotografias reproduzidas. Qualquer erro ou omissão será corrigido nas próximas edições.) © dos textos: seus autores. Os textos dos artigos refletem a opinião dos seus autores e não são necessariamente compartilhadas pelas organizadoras e/ou pelo artista. A reprodução de imagens de obras nesta publicação tem o caráter pedagógico e científico amparado pelos limites do direito de autor no art. 46 da Lei no. 9610/1998, entre elas as previstas no inciso III (a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra), sendo toda reprodução realizada com amparo legal do regime geral de direito de autor no Brasil. Editoração: Marli Henicka Impresso na DIOESC Capa: Cristian Segura. Sununu, Soro, Itaverá, 2011. Vista noturna do Jardim Botânico, Curitiba.. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Florianópolis, 2012 SumáRIO APRESENTAÇÃO IV – O artista E O blOCO mulTISENSORIAl Ex-orbitar o espaço. Notações para pensar a obra de Cristian Segura 8 – Dispositivos sonoros e percepção do espaço ROSÂNGELA CHEREM 13 Joana Aparecida da SILVeira DO Amarante 101 9 – Dimensões acústicas e implicações visuais I – O ARTISTA E O ESPAÇO DA CIDADE Samira Machado DE OLIVeira 109 1 – Problematizar o lugar e propor o espaço LUZIA Renata da SILVa 33 10 – Tocando a matéria e interagindo com o espaço Antonia Wallig 117 2 – Sobre três maneiras de interrogar a cidade como lugar JUDIVÂNIA MARIA NUNES RODRIGUES 43 11 – Poética do sensível e circuito narrativo Ana LÚCIA OLIVeira FernandeZ Gil 125 3 – Sobrevoar e pousar: concomitâncias JULIA AMARAL 53 V – O artista E AS CuRADORIAS 12 – Deslocamentos entre o artista e o curador II – O artista E O lugAR DOS muSEuS Daiana SCHVartZ 137 4 – Museus: templos da arte ou lugar de ruínas? Patricia PeruZZO Lopes 63 13 – A curadoria como procedimento artístico Francisco Pablo Medeiros Paniagua 143 5 – Destruição simétrica Priscilla MENEZes DE Faria 73 VI – DEPOIS DO SEmINáRIO 14 – Cristian Segura, um viajante na trilha da arte contemporânea III – O artista E O ElEmENTO mODIfICADOR SANDRA MAKOWIECKY 157 6 – Considerações sobre o caráter indiciário FABIANA MACHADO DIDONÉ 81 15 – E ainda as experimentações CRISTIAN SEGURA 175 7 – Ponderações sobre o elemento modificador ANA CARLA DE BRITO 89 SObRE OS AuTORES 181 ObRAS DO ARTISTA 187 Apresentação Ex-orbitar o espaço. Notações para pensar a obra de Cristian Segura ROSÂNGELA MIRANDA CHEREM O século XX viu emergir uma linhagem de artistas inquietos e proliferantes que não podem ser reconhecidos por uma unidade temática nem estilística. A esta linhagem pertencem nomes que vão, por exemplo, de Duchamp, Joseph Beuys, Bruce Nauman, Anselm Kiefer e Francis Alÿs, até artistas brasileiros como Flávio de Carvalho, Lygia Pape e Hélio Oiticica. Em comum, têm o fato de utilizar diversos materiais e procedimentos, através de gestos onde as implicações sobre a linguagem e sua materialidade se encontram em inces- sante experimentação, embora cada um a sua maneira, apresente diferentes processos, cujas sutilezas remetem ao problema da produção e articulação de sentidos. Assim, é um modus operandi que os aproxima, como é também um fio invisível que permite lê-los, reconhecendo uma espécie de poder da obra enquanto portadora do movimento de protensão e retenção, espaça- mento e desejo de presença, clausura e exterioridade do tempo-espaço. Cristian Segura (Tandil, Argentina, 1976) é um destes artistas. Graduado em desenho em meados dos anos 90 pelo Centro Polivalente de Arte da cidade onde nasceu e mora, recorre aos mais diferentes suportes e meios, e vem apresentando seus objetos, instalações e vídeos em exposições individuais e coletivas, tanto em seu país como em outros, incluindo Brasil, Chile, Estados Unidos e Espanha, além de México e Cuba no ano de 2012. Dono de um percurso inquieto e em permanente movência, os limites de sua investigação redefinem o seu próprio horizonte, permitindo reconhecer suas noções ope- ratórias e seu processo de fatura em permanente deslocamento. Tomando a questão do espaço como um problema a ser pensado do ponto de vista 13 conceitual e plástico, seus trabalhos percorrem as cidades, problematizando a receber o grande prêmio da XIV Bienal Internacional de São Paulo em seus ambientes expositivos e implicando desde os museus até o ateliê do 1977. Estudioso de desenho e química na Universidade de La Plata, as dife- artista, passando pelas galerias, meios impressos e virtuais. rentes versões de seu trabalho Analogía, que circularam por diversos países europeus, não pretendiam ser operações nem meramente científicas e nem Ganhador de várias premiações, envolvido também com curadorias e resi- conceituais. Ao escolher a batata como material, buscou estabelecer um pa- dências, suas obras podem ser encontradas em diversos museus argentinos, ralelo entre a objetividade lógica e a subjetividade analógica, o pensamento tais como o Museu Juan B. Castagnino e o Museu de Arte Contemporânea analítico e o sintético, a imaginação criadora e o conhecimento científico. A MACRO, ambos em Rosario, além de Bahía Blanca e de Buenos Aires. Nes- habilidade manual e o rigor conceitual comparecem para pensar o tubérculo ta capital, também fazem parte do acervo da Fundação OSDE. Igualmen- de origem ameríndia e as pedras, o alimento e a energia elétrica, o natural e te compõem os acervos do Museu Del Barro em Assunção, no Paraguai, o artificial. Tais questões se desdobram na fabricação de pães a partir de um do Arquivo Audio-visual do Centro de Documentação de Artes do Centro forno artesanal concebido como objeto in situ. Poetizando a ação humana e Cultural Palácio de La Moneda, em Santiago, no Chile, e do Museu de Arte os vínculos com a natureza, suas investigações o levaram ainda ao trabalho Carrillo Gil, na cidade do México. Cabe destacar que o envolvimento mais intitulado Os Ofícios, fazendo com que o homo faber e o homo simbólicus inter- direto de Cristian Segura com a arte começou com trabalhos voluntários em rogassem o homo sapiens. museus a partir dos 14 anos. Aos 19 anos, era Coordenador de Exposições e aos 23 anos, Diretor do Museu Municipal de Tandil1. Numa entrevista em Amigo comum a Víctor Grippo e Cristian Segura, o escritor e periodista que explica suas principais referências poéticas e conceituais, está o escritor Jorge Di Paola define o primeiro como um artista que se concentraem núcleos argentino Jorge Luis Borges, cujo modo de construir cenários subjaz de significativos do variado mundo das coisas dadas e das coisas fabricadas, como quem modo renitente, embora silencioso e quase secreto em seu pensamento poé- urde uma rede construindo vínculos e associações, unindo organismos e tico. Em seguida, vem Víctor Grippo (1936-2002), de quem pode conhecer culturas, arquetipos e pequenos objetos, biología, conhecimento e imagina- o trabalho com mais profundidade a partir de um livro feito em 20022. ção3. Mas é o próprio Cristian Segura quem aponta os trabalhos que estão em maior interlocução com Víctor Grippo: De fato, ambos os artistas plásticos guardam relação com o Museu de Tandil, sendo que Víctor Grippo apresenta ali, em 1957, aos 20 anos, desenhos com La primera, es una obra que realicé al finalizar mi gestión al fren- tinta litográfica sobre papel no Salão de Arte de Tandil, obtendo o segundo te de la dirección del Museo de Bellas Artes de Tandil. En ella prêmio, voltando ao mesmo local para outros eventos em 1969 e 70. Foi reproduzco a escala el museo, al modo de un maletín de funcio- nesta década que as experimentações daquele que seria mais tarde conheci- nario público, de cartón, cubierto por una pintura de apariencia do como o pai da arte conceitual na Argentina sairam do suporte biplanar, metálica y con una manija sin quién la sostenga (…) La segunda, passando por aproximações entre arte e ciência. Durante este período acres- es una mesa de madera con la forma de mi perfil derecho. La centa a suas obras mecanismos dotados de movimento real e luzes próprias. mesa: objeto genérico, mi lugar de trabajo. La cabeza: el espacio O legendário Grupo dos Treze, formado em 1971 e com a denominação de mental, el de las ideas, el de la conciencia. Una interacción entre el Grupo CAYC a partir de 1975, com quem trabalhou nestes anos, chegou hacer sobre una mesa y el pensamiento, donde se modifica la ma- terial y el espíritu en un mismo acto. Su título, en singular, alude a una de las obras más significativas de Grippo: Mesas de trabajo 1 RUIZ, Alma.